O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

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domingo, 11 de setembro de 2016

Sobre a idiotice em geral, e sobre Paulo Freire em particular (uma coisa nao exclui a outra) - Paulo Roberto de Almeida, Olavo de Carvalho

De vez em quanto, alguém ainda comenta uma postagem minha de eras geológicas passadas, soterradas abaixo de anos e anos de outras milhares de postagens, como as que faço aqui duas ou três vezes por dia.
Em primeiro lugar, um esclarecimento sobre este blog Diplomatizzando.
Enganam-se aqueles que acham que eu levo muito a sério o que estou postando. Errado! Este blog tem duas funções básicas: por um lado é uma espécie de arquivo, ou biblioteca de caráter geral, onde eu coloco coisas que encontrei por aí, nesse vasto mundo da blogsfera e dos demais veículos de comunicação social, e que me permite guardar, para eventual recuperação e uso posterior (o que quase nunca chega, inclusive porque a função de "pesquisa" parece estar desativada atualmente, e não me perguntem por que), materiais diversos, que me chamaram a atenção, que eu li, e comentei, ou que eu mal tive tempo de ler, mas que posto para voltar a ler na jornada ou um ou dois dias depois, quando verifico a lista de postagens e o que entrou como comentários (agora desativados, sem que eu tampouco saiba porque, mas eles sobrevivem no Google+).
Por outro lado, é um mero lazer, ou passa tempo, aquilo que os franceses chamariam de divertissement. Ou seja, eu me divirto lendo certas coisas, que podem até ser inteligentes e servir para ampliar meu conhecimento -- o que é sempre um prazer intelectual -- ou que podem ser simplesmente idiotas, e que por isso merecem um comentário de rejeição (pois tem muita gente ingênua ou mal informada no mundo, e eu me divirto, ou disso tiro prazer, ensinando outros, com base na minha experiência de vida e nos conhecimentos acumulados), ou ainda, é um simples registro factual, ainda entrando na primeira categoria, mas aqui também com essa função de divertimento no aprendizado: saber como tem certas coisas no mundo que merecem um registro pois podem acabar entrando para a história (a maior parte não fica, mas a gente sempre acha que vivemos tempos históricos).
Em geral, eu tento corresponder ao espírito e aos objetivos do blog: postar coisas inteligentes para pessoas inteligentes, mas por vezes ocorre de eu postar coisas sumamente idiotas, e desde já me desculpo pelo termo, que uso com certa liberalidade, a ponto de chocar certas almas sensíveis.
Idiota, do grego, significa, segundo os dicionários, é um adjetivo e substantivo de dois gêneros cujo signficado é duplo: 1. diz-se de ou pessoa que carece de inteligência, de discernimento; tolo, ignorante, estúpido 2. diz-se de ou pessoa pretensiosa, vaidosa, tola.
Ou seja, nada que não exista em enorme quantidade neste nosso planetinha redondo, como diria alguém que não é idiota, mas que é um profundo ignorante, dotado -- como diria Millor Fernandes -- de uma ignorância enciclopédica, ou seja, abrangendo vastas áreas do (des)conhecimento humano. Mas se trata de alguém que possui uma inteligência instintiva, e que por isso mesmo enganou muita gente neste país durante muito tempo, tanto idiotas, como ignorantes no sentido amplo do termo, mas até pessoas aparentemente bem informadas (PhDs, muitos), que escolheram ser idiotas de um esperto mafioso.

Pois bem, ainda hoje recolhi mais um comentário de alguém que não gostou de uma postagem que eu fiz em 2012, a partir de um artigo de Olavo de Carvalho -- não que eu seja um admirador dele, mas se trata de alguém que também pode dizer coisas inteligentes, no meio de muita paranoia e confusão mental -- sobre aquele que eu classifico, e desculpem pela caixa alta,
O MAIOR IDIOTA DO BRASIL, PAULO FREIRE, o homem que foi entronizado como "patrono da educação brasileira", ou seja, vai continuar idiotizando milhares de pessoas, mesmo falecido há muitos anos.
Um desses leitores ficou indignado com a minha classificação desse nefasto personagem da educação brasileira como IDIOTA, e escreveu dizendo que o citado idiota tinha sido homenageado em vários países, inclusive com doutorados honoris causae (mas nisso ele ele perdeu do mafioso espertinho, que ganhou muitos mais HC de idiotas espalhados pelo mundo, especialmente nas universidades, um dos lugares que tem uma concentração especialmente elevada de idiotas por centimetro quadrado; estou brincando, claro...).
Respondi ao indignado, que me perguntava se todos esses que homenageram Paulo Freire estavam errados, nestes termos:

Sim, todos esses prêmios estão profundamente ERRADOS. Na Europa, os partidos socialistas e comunistas, e todas as variantes do esquerdismo vulgar, estão presentes em todos os países, e em diferentes variações, com ênfase acrescida nas academias e nos parlamentos. São esses que, inclusive ajudados pelo remorso dos conservadores de terem sido imperialistas e colonialistas no passado, que pretendem se redimir honrando esses pretensos heróis terceiro-mundistas, como aliás fazem os daqui. Paulo Freire se enquadra perfeitamente na categoria dos grandes idiotas homenageados por outros idiotas e semi-idiotas.

Para esclarecer devidamente todos os que continuam a achar errado que eu chame Paulo Freire (e vários outros mais) de idiota, reproduzo aqui a íntegra da minha postagem de 2012, onde eu aliás me explico porque uso o termo tão frequentemente (é porque não tenho muita paciência para ficar perdendo o meu tempo com coisas idiotas).
Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 11 de setembro de 2016

http://diplomatizzando.blogspot.com.br/2012/05/o-supremo-idiota-da-educacao-brasileira.html

quinta-feira, 24 de maio de 2012


O supremo idiota da educacao brasileira: Paulo Freire

Muitos leitores deste blog, embora eu não possa precisar quantos exatamente, devem ficar chocados quando eu me refiro a certas pessoas como idiotas. Seria um insulto, um exagero meu, um despeito contra quem supostamente ficou famoso, e contra quem eu teria sérias restrições, representando, portanto, alguma inveja minha ou crítica indevida.
Várias vezes referi-me a Paulo Freire, como o supremo idiota da educação brasileira (pior, acho que falei em calamidade educacional que exportamos para o resto do mundo), e tive comentários discordantes, alguns até raivosos. Enfim, todo mundo tem o direito de discordar dos meus posts e, desde que as críticas sejam fundamentadas, não tenho nenhuma objeção a publicar aqui.
E eu tenho o direito de chamar idiotas de idiotas, mas reconheço que também preciso fundamentar minhas "acusações" de idiotice. O problema, eterno, terrível, é que leio muito, mas nem sempre tenho tempo de resumir, sintetizar, explicar tudo o que leio, justificando, portanto, meus julgamentos, geralmente sérios, mas embasados em leituras não reveladas. Concordo, também, em que chamar alguém de idiota, simplesmente, não é muito eficiente, em termos práticos, pois muita gente acha o idiota em questão um grande intelectual, e o interlocutor pode ficar chocado pela minha expressão de desprezo pelo "intelequitual".
Enfim, existem muitos idiotas, no Brasil e no mundo, que mereceriam ser desmascarados, mas eles são muitos, efetivamente, e como o mundo também tem muitos idiotas, sempre tem público para certas idiotices.
O Brasil, como sempre digo, não é tão atrasado materialmente -- já que o progresso é uma fatalidade, como já disse alguém -- como ele é atrasado mentalmente, e nos últimos tempos, os responsáveis políticos e econômicos -- e sobretudo os "educacionais" e pedagógicos -- têm se esforçado para atrasá-lo ainda mais, retrocedendo o Brasil meio século para trás. Talvez até mais, mas isso veremos mais adiante...
Por isso que a atribuição a Paulo Freire do título de patrono da educação brasileira combina com esse atraso. Só atrasados mentais seriam capazes desse crime contra a educação brasileira. Mas existem várias outras idiotices sendo cometidas em outros setores.
Paulo Freire permanece, no entanto, um caso exemplar, e para mim dramático. Ele já influenciou 5o anos de formação de professores e pedagogos, e vai continuar influenciando pelo menos uma geração mais (estou sendo otimista, claro) nos anos à frente. Por isso mesmo sou, como já disse, absolutamente e relativamente pessimista quanto ao futuro da educação brasileira: acho que vamos continuar recuando, mentalmente, do pré-primário à pós-graduação, sem possibilidade de recuperação.
Agradeço à Juliana por esta matéria que retiro de seu blog sobre Paulo Freire, de um "filósofo" que classificam como conservador, e que eu chamaria apenas de polêmico.
Ele tem razão na maior parte do que afirma, só errando quanto à produção científica brasileira que vem sendo citada: ela tem aumentado, não sei se em qualidade, mas pelo menos em quantidade. E conviria também distinguir entre a boa qualidade dos papers que são publicados nas áreas de biológicas, e hard sciences em geral, do lixo que caracteriza, provavelmente, mais da metade do que sai nas chamadas humanidades.
Com essa ressalva, fica o texto de Olavo de Carvalho, que remete a outros autores que poderiam ser pesquisados pelos interessados.
Paulo Roberto de Almeida 

De Olavo de Carvalho:

Viva Paulo Freire!

Vocês conhecem alguém que tenha sido alfabetizado pelo método Paulo Freire? Alguma dessas raras criaturas, se é que existem, chegou a demonstrar competência em qualquer área de atividade técnica, científica, artística ou humanística? Nem precisam responder. Todo mundo já sabe que, pelo critério de “pelos frutos os conhecereis”, o célebre Paulo Freire é um ilustre desconhecido. As técnicas que ele inventou foram aplicadas no Brasil, no Chile, na Guiné-Bissau, em Porto Rico e outros lugares. Não produziram nenhuma redução das taxas de analfabetismo em parte alguma. Produziram, no entanto, um florescimento espetacular de louvores em todos os partidos e movimentos comunistas do mundo. O homem foi celebrado como gênio, santo e profeta. Isso foi no começo. A passagem das décadas trouxe, a despeito de todos os amortecedores publicitários, corporativos e partidários, o choque de realidade. 

Eis algumas das conclusões a que chegaram, por experiência, os colaboradores e admiradores do sr. Freire: “Não há originalidade no que ele diz, é a mesma conversa de sempre. Sua alternativa à perspectiva global é retórica bolorenta. Ele é um teórico político e ideológico, não um educador.” (John Egerton, “Searching for Freire”, Saturday Review of Education, Abril de 1973.) “Ele deixa questões básicas sem resposta. Não poderia a ‘conscientização’ ser um outro modo de anestesiar e manipular as massas? Que novos controles sociais, fora os simples verbalismos, serão usados para implementar sua política social? Como Freire concilia a sua ideologia humanista e libertadora com a conclusão lógica da sua pedagogia, a violência da mudança revolucionária?” (David M. Fetterman, “Review of The Politics of Education”, American Anthropologist, Março 1986.) 

“[No livro de Freire] não chegamos nem perto dos tais oprimidos. Quem são eles? A definição de Freire parece ser ‘qualquer um que não seja um opressor’. Vagueza, redundâncias, tautologias, repetições sem fim provocam o tédio, não a ação.” (Rozanne Knudson, Resenha da Pedagogy of the Oppressed; Library Journal, Abril, 1971.) “A ‘conscientização’ é um projeto de indivíduos de classe alta dirigido à população de classe baixa. Somada a essa arrogância vem a irritação recorrente com ‘aquelas pessoas’ que teimosamente recusam a salvação tão benevolentemente oferecida: ‘Como podem ser tão cegas?’” (Peter L. Berger, Pyramids of Sacrifice, Basic Books, 1974.) “Alguns vêem a ‘conscientização’ quase como uma nova religião e Paulo Freire como o seu sumo sacerdote. Outros a vêem como puro vazio e Paulo Freire como o principal saco de vento.” (David Millwood, “Conscientization and What It's All About”, New Internationalist, Junho de 1974.) “A Pedagogia do Oprimido não ajuda a entender nem as revoluções nem a educação em geral.” (Wayne J. Urban, “Comments on Paulo Freire”, comunicação apresentada à American Educational Studies Associationem Chicago, 23 de Fevereiro de 1972.) “Sua aparente inabilidade de dar um passo atrás e deixar o estudante vivenciar a intuição crítica nos seus próprios termos reduziu Freire ao papel de um guru ideológico flutuando acima da prática.” (Rolland G. Paulston, “Ways of Seeing Education and Social Change in Latin America”, Latin American Research Review. Vol. 27, No. 3, 1992.) 

“Algumas pessoas que trabalharam com Freire estão começando a compreender que os métodos dele tornam possível ser crítico a respeito de tudo, menos desses métodos mesmos.” (Bruce O. Boston, “Paulo Freire”, em Stanley Grabowski, ed., Paulo Freire, Syracuse University Publications in Continuing Education, 1972.) Outros julgamentos do mesmo teor encontram-se na página de John Ohliger, um dos muitos devotos desiludidos (http://www.bmartin.cc/dissent/documents/Facundo/Ohliger1.html#I). Não há ali uma única crítica assinada por direitista ou por pessoa alheia às práticas de Freire. Só julgamentos de quem concedeu anos de vida a seguir os ensinamentos da criatura, e viu com seus própios olhos que a pedagogia do oprimido não passava, no fim das contas, de uma opressão da pedagogia. Não digo isso para criticar a nomeação póstuma desse personagem como “Patrono da Educação Nacional”. 

Ao contrário: aprovo e aplaudo calorosamente a medida. Ninguém melhor que Paulo Freire pode representar o espírito da educação petista, que deu aos nossos estudantes os últimos lugares nos testes internacionais, tirou nossas universidades da lista das melhores do mundo e reduziu para um tiquinho de nada o número de citações de trabalhos acadêmicos brasileiros em revistas científicas internacionais. Quem poderia ser contra uma decisão tão coerente com as tradições pedagógicas do partido que nos governa? Sugiro até que a cerimônia de homenagem seja presidida pelo ex-ministro da Educação, Fernando Haddad, aquele que escrevia “cabeçário” em vez de “cabeçalho”, e tenha como mestre de cerimônias o principal teórico do Partido dos Trabalhadores, dr. Emir Sader, que escreve “Getúlio” com LH. A não ser que prefiram chamar logo, para alguma dessas funções, a própria presidenta Dilma Roussef, aquela que não conseguia lembrar o título do livro que tanto a havia impressionado na semana anterior, ou o ex-presidente Lula, que não lia livros porque lhe davam dor de cabeça.

sábado, 10 de janeiro de 2015

No comeco, era a fatwa... contra Rushdie - um texto de Janer Cristaldo, de 2006

Sempre é bom reler Janer Cristaldo, não só para relembrar coisas antigas, mas também pelo prazer da ironia, que na verdade é sinceridade, sem a hipocrisia do politicamente correto.
Pois é mesmo de hipocrisia que ele fala neste artigo republicado no ebook O Supremo Apedeuta (quase um profeta), que vocês podem ler neste link: http://www.ebooksbrasil.org/eLibris/supremo.html
Destaco de sua crônica uma decisão da Corte Europeia de Direitos Humanos, de 1976:
 “A liberdade de expressão vale não apenas para as informações ou idéias acolhidas com favor, mas também para aquelas que ferem, chocam ou inquietam o Estado ou uma fração qualquer da população. Assim o querem o pluralismo, a tolerância e o espírito de abertura, sem o qual não existe sociedade democrática”.
Paulo Roberto de Almeida

Hipocrisia muçulmana

Janer Cristaldo, 07/02/2006

Tudo começou em 1989, quando o indiano Salman Rushdie publicou Versículos Satânicos. Neste livro, Rushdie reproduziu os versículos Gharanigh, não aceitos pelos canonistas do Corão. Trocando os queijos de bolso – ou mutatis mutandis, como preferem os juristas – é como se no Ocidente fossem publicados os evangelhos apócrifos ou gnósticos, não aceitos pela Igreja Católica, que aliás são publicados em várias línguas do Ocidente. Embora fosse indiano com nacionalidade britânica, Rushdie foi alvo de uma fatwa do aiatolá Khomeini, então todo-poderoso da “revolução” no Irã:

Eu informo o orgulhoso povo muçulmano do mundo inteiro que o autor do livro Os Versículos Satânicos, que é contrário ao Islã, ao Profeta e ao Corão, assim como todos os implicados em sua publicação e que conhecem seu conteúdo são condenados à morte. (...) Apelo a todo muçulmano zeloso a executá-los rapidamente, onde quer que eles estejam. (...) Todo aquele que for morto nessa empreitada será considerado mártir”.

A Europa aceitou tranquilamente a sentença do aiatolá. Em vez de isolar o Irã, o Reino Unido passou a dar proteção a Rushdie. Os demais países da comunidade se mantiveram em silêncio obsequioso. Sem atinar que não se tratava apenas de proteger um escritor perseguido. Mas de repudiar a pretensão megalômana de um padre persa, que pretendeu legislar inclusive no estrangeiro. A apostasia, ou crime, segundo os muçulmanos, havia ocorrido em Londres, com a publicação do livro. Do alto dos minaretes de Teerã, Khomeiny ordenou não só a condenação à morte – como também a execução da sentença – de Rushdie, assim como todos os implicados na publicação do livro… em território europeu ou onde quer que estes “criminosos” estivessem. Em 1991, o tradutor do livro para o japonês foi assassinado e em 1993 o editor de Rushdie na Noruega foi atacado quando saía de casa.
Só a apatia dos países europeus, na época, pode explicar a reação desmesurada dos árabes às caricaturas anódinas de um obscuro jornal do sudoeste da Dinamarca. Se as democracias ocidentais cortassem relações com o regime do aiatolá naqueles dias, provavelmente não estaríamos vendo hoje as fogueiras histéricas em toda a Europa e países muçulmanos, onde se queimam bandeiras da Dinamarca e Noruega.
Reação tardia, diga-se de passagem. As doze caricaturas de Maomé foram publicadas dia 30 de setembro do ano passado, no Jyllands-Posten, e reeditadas no 10 de janeiro passado pelo jornal norueguês Magazinet. Jornais que não circulam no mundo árabe e muito menos na Europa, mas apenas na Dinamarca e Noruega, dois países de minorias lingüísticas. A reação muçulmana revelou-se uma estratégia de jerico. As charges publicadas no jornal da Jutlândia estão hoje reproduzidas na Internet e nos principais jornais do Ocidente.
Embora uma das charges mostre a cabeça de Maomé formada por uma bomba, não é isto o que preocupa os muçulmanos. Seria absurdo protestar contra caricaturas, um recurso rotineiro do jornalismo desde priscas eras. Alegam então que a religião islâmica proíbe imagens do profeta ou de Alá. O que não passa de um esfarrapado pretexto para agredir a Europa. Iconografia sobre Maomé é o que não falta no Ocidente e inclusive no mundo árabe. Enciclopédias, livros e jornais publicaram desde sempre imagens de Maomé e só hoje, em 2006, os muçulmanos houveram por bem manifestar indignação. Hipocrisia deslavada.
Sem ir muito longe, dou dois passos até minhas estantes e apanho o Diccionario Literario Bompiani, editado em Barcelona, 1963. No segundo volume de Autores, no verbete Mahoma, há nove gravuras do profeta, na maioria da Universidade de Edimburgo, desde seu nascimento até a colocação da pedra negra na Caaba e o encontro com o arcanjo Gabriel. Estas duas últimas gravuras estão em miniaturas de manuscritos árabes. Há também uma miniatura persa do século XV, na qual Maomé monta um camelo ante sua mulher Khadigia. Ou seja, mesmo em universo muçulmano a imagem do profeta já era reproduzida. Este soberbo dicionário (15 volumes) está publicado nas principais línguas da Europa e nunca vi muçulmano algum condená-lo por blasfêmia. A julgar-se pela escalada da violência, vão acabar pedindo a proibição da Divina Comédia, onde Dante joga o profeta no oitavo círculo do Inferno, destinado aos semeadores de discórdia.
Em vez de protestar contra os jornais, os muçulmanos queimam bandeiras e embaixadas dos países envolvidos na affaire. Dirigem-se não aos jornalistas, mas aos Estados.
Para um muçulmano, é óbvio que todo Estado tem controle da imprensa. Esta é a norma nas teocracias árabes, onde não há liberdade alguma de expressão. Estes senhores precisarão de mais alguns séculos para entender que, em países democráticos, a imprensa é uma instituição que limita inclusive os desmandos do Estado.
Se criticar religiões ou deuses fosse proibido no Ocidente, a Europa ainda chafurdaria nas trevas da Idade Média. O Ocidente sempre foi crítico em relação a seus deuses, e mesmo Jeová, o único, teve de ouvir poucas e boas de pensadores e poetas como Voltaire, Diderot, Guerra Junqueiro ou Nietzsche. Ainda há pouco, eu escrevia: na Europa de hoje você pode dizer o que quiser até mesmo da mãe do Cristo. Só não pode criticar Maomé.
Y a las pruebas me remito, como dizem os espanhóis. Ano passado, terminei a leitura de La Virgen María – Biografia no autorizada, do jornalista britânico Michael Jordan. Neste gordo ensaio de 400 páginas, com base nos evangelhos apócrifos, o autor sustenta a tese de que Maria teria sido uma das prostitutas sagradas. A tradução que tenho em mãos foi publicada em Barcelona e o texto original em Londres. Escândalo algum no Ocidente. Ora, na escatologia cristã Maria tem quase o status de uma deusa. Nem por isso alguém saiu a queimar embaixadas ou livros em protesto contra o autor. Imagine o leitor se alguém afirmar que Maomé seduziu e violou Zainab, a mulher de um pupilo. Ou que casou-se com Aisha, quando esta tinha nove anos.
Que a religião islâmica proíba imagens de Maomé, nada temos contra. Mas não venham estes cortadores de clitóris pretender que países não islâmicos proíbam a seus jornais, enciclopédias, bibliotecas publicar as ditas imagens. Os alaridos do mundo árabe não passam de mera farsa. Que acesso têm à imprensa habitantes de um universo majoritariamente analfabeto? Que acesso tem o mundo árabe a dois jornais da Escandinávia?
A onda de protestos não passa de uma agressão planejada à Europa, fruto do ressentimento de habitantes e imigrantes do Terceiro Mundo muçulmano.
Chefes de Estado europeus estão se desmanchando em salamaleques aos árabes, pedindo desculpas pelas ofensas ao Islã. No fundo, negam – ou propositadamente esquecem – o acórdão de Handyside, reconhecido pela Corte Européia de Direitos do Homem, em 1976. Que reza: “A liberdade de expressão vale não apenas para as informações ou idéias acolhidas com favor, mas também para aquelas que ferem, chocam ou inquietam o Estado ou uma fração qualquer da população. Assim o querem o pluralismo, a tolerância e o espírito de abertura, sem o qual não existe sociedade democrática”.
Mas de nada adianta falar de democracia para brutos.

terça-feira, 26 de agosto de 2014

Socialismo bolivariano: Venezuela vai em frente, ja chegou na fase cubana (racionamento)

Por vezes a gente fica se perguntando se os socialistas bolivarianos do vizinho país aliado dos companheiros são idiotas completos, ou apenas não sabem o que fazer.
Conclusão (pessoal, claro, e provisória, a ser confirmada mais tarde): as duas coisas...
Nem na finada União Soviética, ou na China de Mao se tinha chegado a tal aperfeiçoamento do racionamento: controle biométrico, ou seja, por impressões digitais, para combater aqueles que compram mais de 2kgs de açúcar...
De certa forma, eles já ultrapassaram Cuba, que ainda usa as tablitas de racionamento.
O modelo venezuelano é muito melhor: é o Big Brother organizando o mercado, essa coisa que ainda sobrou do capitalismo...
Paulo Roberto de Almeida

Registro biométrico de vendas começa dia 30 de novembro
O Estado de S. Paulo, 25/08/2014

Consumidores passarão a comprar usando impressões digitais; ideia é controlar comércio e evitar especulação

Em entrevista ao canal Televen, o superintendente de Preços Justos da Venezuela, Andrés Eloy Méndez, declarou ontem que o sistema biométrico que pretende registrar as impressões digitais dos consumidores venezuelanos - medida para combater o contrabando e a revenda interna de alimentos, itens básicos e medicamentos - começará a funcionar em 30 de novembro.
Méndez disse que se reuniu com "todos" os donos de supermercados e farmácias do país para explicar como será a aplicação do novo sistema de monitoramento. "O setor privado está muito de acordo", garantiu. Segundo ele, a fiscalização tem o objetivo de "evitar que uma pessoa compre até 20 vezes mais do que precisa para seu consumo cotidiano".
Ao justificar a atual escassez no setor de alimentos e de saúde, o governo venezuelano afirma que 40% da produção e dos produtos importados são contrabandeados para a Colômbia ou desviados para serem revendidos no mercado interno a preços muito superiores.
'Racionamento'. Na quarta-feira, o presidente Nicolás Maduro afirmou que pretende instalar o sistema de fiscalização biométrica em todo o comércio do país. Entidades de representação do setor comercial e políticos de oposição compararam o sistema à caderneta de racionamento que funciona em Cuba, com a qual o governo cubano fornece alimentos e itens básicos à população.

quinta-feira, 7 de agosto de 2014

Maquiagem das contas publicas pelo Tesouro custa caro ao Brasil (bando de idiotas)

Pois é, os companheiros acreditavam que podiam fazer maquiagem à vontade que ninguém iria perceber, parace que perceberam, e como...
Os trogloditas que cuidam das contas públicas atualmente -- devem ser poucos, mas com poder de decisão, pois a maior parte do pessoal, concursado, deve saber fazer contas -- são os únicos responsáveis pela lambança, mas a autorização deve vir do alto, pois ninguém atua assim de forma claramente irregular, e irresponsável para o país, sem autorização, e talvez ordens superiores.
Paulo Roberto de Almeida 

Brasil paga taxas de risco maiores que as de vizinhos
Por Aline Oyamada | De São Paulo
Valor Econômico, 7/08/2014

Reticentes com o cenário econômico, investidores têm cobrado mais caro do Brasil do que de vizinhos na América Latina para aplicar no país. Até 2012, o Brasil pagava prêmios de risco similares aos de alguns mercados da região. Desde então, as taxas descolaram.
Analistas argumentam que, enquanto alguns países latino-americanos reforçaram os fundamentos econômicos por meio de reformas estruturais nos últimos anos, o Brasil percorreu caminho oposto, apresentando, por exemplo, piora nas contas públicas e externas e no comprometimento com a meta de inflação. Ainda que o custo de algumas captações externas tenha diminuído recentemente, o país continua tendo que oferecer taxas mais atrativas aos investidores.
A diferença de percepção do mercado pode ser vista nos spreads dos contratos de seguro contra calotes - "credit default swap" (CDS), na expressão em inglês. No caso do Brasil, eles estão sendo negociados em patamares bem mais elevados que os da média das principais economias da América Latina. Esse tipo de contrato é uma medida de risco. Cada 100 pontos-base significa que o credor vai pagar o equivalente a 1% da sua carteira de investimento pela proteção oferecida pelo vendedor do CDS.
O CDS do Brasil com vencimento em cinco anos era negociado ontem com spread de 166 pontos-base, bem acima dos prêmios pagos pelo Chile (77), Colômbia (93), México (86) e Peru (94), de acordo com dados da consultoria Markit. Além disso, a diferença entre o prêmio do Brasil e a média desses quatro países saltou de sete pontos-base em 2010 para 72 pontos agora. No fim do ano passado, chegou a 99 pontos.
"Essa diferença aumentou quando começaram a ficar evidentes as manobras contábeis do governo para ocultar o descumprimento das metas fiscais", explica Rodolfo Oliveira, da consultoria Tendências. Os títulos da dívida externa brasileira também estão pagando spreads mais altos. Na última emissão, o país contratou taxa mais alta que as do México, Colômbia e Peru.

terça-feira, 10 de junho de 2014

CPI do Senado ofende a inteligencia dos brasileiros: Petrobras impoluta segundo ex-diretor

O cidadão merecia já estar na cadeia, e com todos os seus bens embargados. No entanto, por obra e graça de um juiz companheiro (que não é exatamente supremo, mas extremo, de extremoso, com os companheiros) está solto e ofendendo a inteligência dos brasileiros.
Os senhores senadores não se dão ao respeito, ao participarem de uma chacota.
Paulo Roberto de Almeida

CPI



Eis, segundo um boletim do PT, a "verdade" sobre a Petrobras: os companheiros estão defendendo um ladrão indiciado pela Polícia Federal. Como já o fuzeram, aliás, com os seus quadrilheiros corruptos. A vocação do partido totalitário é a de chafurdar na lama dos crimes contra o patrimônio público.


Ex-diretor refuta ilações sobre Petrobras e revela contrato com Organizações Globo

CPI-PETROBRAS-10-06O ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto da Costa, refutou, na CPI do Senado que investiga supostas irregularidades na compra da refinaria de Pasadena, no Texas, ilações que tentam comprometer a Petrobras. Ele revelou também que sua empresa mantém negócios com as Organizações Globo. Paulo Roberto lembrou que passou mais de 50 dias preso e massacrado por setores da mídia, como a Globo, com quem mantém contrato.

A revelação pelo foi um dos pontos marcantes da CPI, ontem. Em seu relato, o ex-diretor confirmou que é o dono da empresa de consultoria Costa Global e que entre os seus contratados estão as Organizações Globo. “Para conhecimento de vocês, eu tenho um contrato assinado para vender uma ilha das Organizações Globo”, revelou.

De acordo com o ex-diretor, a ilha situa-se na rodovia Niterói-Manilha. Ele frisou que o contrato firmado com as organizações da família Marinho era para que a Costa Global procurasse um leasing imobiliário para vender a área. Segundo ele, o objetivo do negócio era dar apoio para a operação offshore que atuaria para empresas que trabalhavam com a Petrobras, com a Shell, e com outras empresas que têm atividades de produção na Bacia de Campos. “Até para as Organizações Globo estamos prestando serviço”, reafirmou Paulo Roberto.

O ex-dirigente disse ainda que constituiu a Costa Global em 2012, após sua saída da estatal. Ele contou que a sua filha, Arianna Azevedo Costa Bachmann é sua sócia e que a empresa possui 81 contratos firmados.

No decorrer de sua exposição, Paulo Roberto da Costa repudiou com veemência as “inveracidades” das acusações do Ministério Público contra a Petrobras e criticou o foco dado pela imprensa brasileira à questão.

“A Petrobras é uma empresa totalmente séria. Pode-se fazer auditoria por 50 anos dentro da Petrobras que não vão achar nada ilegal porque não há nada ilegal na Petrobras. Estão colocando a Petrobras na condição de uma empresa frágil”, afirmou. Ele observou que os controles dentro da estatal são enormes.

Abreu e Lima - Ele refutou as denúncias de suposto superfaturamento nos contratos da refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco. “Não é real. É uma ilação. Portanto, repudio veementemente essa suposição. Não existe organização criminosa. Não sei por que inventaram essa história. É uma história fora da realidade”, lamentou.

Operação Lava Jato – Paulo Roberto da Costa foi preso em março na Operação Lava Jato, desencadeada pela Polícia Federal.  A Operação da PF investigou esquema de lavagem de dinheiro e evasão de divisas. Em seu depoimento ele foi enfático em afirmar que não existe lavagem de dinheiro da Petrobras com o doleiro Alberto Youssef, também preso pela PF.

“Não sei de onde tiraram essa história. A Polícia Federal, o MP deveriam aprofundar essa análise da Petrobras, que vão chegar à conclusão de que a Petrobras não o que estão falando. A Petrobras é uma empresa que orgulha o povo brasileiro”, afirmou.

Pasadena – Sobre a aquisição da refinaria de Pasadena, Paulo Roberto voltou a dizer o que os seus antecessores afirmaram em depoimentos na CPI.  “Naquele momento era um bom negócio. Ninguém coloca petróleo cru na indústria, no carro ou no avião. Ter refinaria é algo importante e estratégico”, reafirmou. 

domingo, 13 de abril de 2014

Eduardo Galeano: um dos grandes idiotas latino-americanos, se redime (apenas parcialmente)

Seu livro deve ter lhe garantido milhares e milhares de pesos, de dólares, de euros, o de quaisquer outras moedas, pois vendeu muito bem.
Durante 30 anos serviu de imbecilização de estudantes por mestres idiotas.
Parece que o autor tem certa vergonha de confessar que errou, mas não pretende mais falar disso...
Paulo Roberto de Almeida 

COM LICENÇA, EU ACERTEI
          Percival Puggina
12/04/2014

Nos últimos 25 anos, escrevi mais de uma dúzia de artigos combatendo e, em muitos casos, mostrando que o livro "Veias abertas na América Latina", do escritor uruguaio Eduardo Galeano, é um amontoado de tolices estruturadas sobre raciocínios errados, prosa infantil, repleta de baboseiras. No entanto, desde sua primeira edição, em 1971, foi tomada como bíblia pela esquerda continental e catapultou o autor para os pontos mais nobres dos seus altares e reverências. Quantos professores de história, mestres de araque, envenenaram as mentes de seus alunos com base nesse livro!

            Pois eis que agora é o próprio Galeano que me dá razão. Homenageado em Brasília pela 2ª Bienal do Livro (e a homenagem, certamente, tem muito a ver com esse mesmo livro), o escritor declarou que "a obra foi o resultado da tentativa de um jovem de 18 anos de escrever sobre economia política sem conhecer devidamente o tema. Eu não tinha a formação necessária. Não estou arrependido de tê-lo escrito, mas foi uma etapa que, para mim, está superada".

           E eu  não preciso dizer mais nada, certo?

* A matéria jornalística sobre essa declaração de Galeano está publicada na edição do dia 11 de abril do jornal Correio do Povo.

quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

Sucesso extraordinario do fracasso total do FSM de Porto Alegre: alternativos desapareceram

Gentes: os altermundialistas estão precisando de ajuda.
Vcs poderiam pelo menos ir dormir naquelas cadeiras confortáveis...
Paulo Roberto de Almeida 

Fórum Social Temático engordado com fartas verbas públicas abre com total fracasso de público

Tinha mais gente na mesa do que na platéia. E foi para isto que o prefeito José Fortunati entregou R$ 1 milhão, sem exigir sequer prestação de contas do dinheiro doado. Tarso e Dilma também encheram os cofres do FST, que só saiu porque se alimenta com os impostos dos contribuintes gaúchos.


Apesar de todo o dinheiro despejado pelos governos municipais de Porto Alegre e Canoas, mais governo estadual e governo federal, o primeiro dia do chamado Fórum Social Temático foi um fracasso completo, como se vê na foto de bruno Alencastro, Agência RBS, aí ao lado, conforme publicado pelo site www.zerohora.com.br Integrantes de movimentos sociais de quatro países estiveram reunidos nesta quarta-feira, em Porto Alegre, para debater a crise capitalista e a agenda pós-2015. A conferência de largada do Fórum Social Temático na Capital contou com a participação de representantes do Chile, França e Egito, além do Brasil, e um público reduzido.

. O prefeito José Fortunati mandou dar R$ 1 milhão para o evento, mas nem esperou para participasr do convescote da esquerda global.



. As manifestações no país em 2013 também foram abordadas no primeiro dia de atividades do Fórum Social Temático em Porto Alegre.

domingo, 10 de novembro de 2013

Um teoria para o pior tipo de idiota - Aaron James (um livro para nao recomendar...)

Voltando de uma pequena cidade do Massachusetts, Andover (when you enter it, it's almost over...), onde fomos, Carmen Lícia e eu, visitar bonitas exposições na Addison Gallery of American Art, que fica na Phillips Academy (e que recomendo vivamente, tanto a cidade, quanto o museu), paramos na volta num mall da estrada 84, a caminho de Hartford.
Enquanto Carmen Lícia percorria lojas para ver se encontrava alguma bota de inverno interessante, eu fiquei, como é meu péssimo hábito, sempre, numa Barnes, com dois livros no café Starrbucks da loja.
Um acabei comprando, e recomendo, a todos:

William Manchester (já falecido) e Paul Reid (que terminou o livro que seu mestre escrevia desde muitos anos):
The Last Lion: Winston Spencer Churchill, Defender of the Realm, 1940-1965
(New York: Bantam Books, 2013, 1184 p.; $ 20, apenas...)

O livro é a segunda parte de Last Lion, cujo primeiro volume havia sido escrito unicamente por Manchester. Em 2003, ele pediu a Paul Reid que terminasse o segundo volume, que ele havia começado muitos anos antes. Impressionante qualidade da biografia, não apenas de um homem, provavelmente o maior líder político do século XX, mas de toda uma época, e de todo um mundo convulsionado pela guerra, e depois marcado pela lenta decadência inglesa, até a morte de Churchill, em 1965.
Em minha travessia dos EUA, em setembro e outubro últimos, tive a oportunidade de visitar o museu dedicado a Churchill, no local em que ele pronunciou seu famoso discurso da cortina de ferra que dividia a Europa, em Fulton, Missouri, na companhia do presidente Truman, um marco histórica do início da Guerra Fria, antes mesmo que ela fosse conhecida por esse nome. No ano passado, em Londres, havia visitado as "catacumbas" de Churchill, ou seja, os "war cabinets", que ele usou durante toda a guerra.

Mas, não era desse livro que eu pretendia falar, e sim deste aqui (desculpem a má qualidade das imagens, mas fui eu mesmo quem fotografei, na mesa do Starrbucks):

Aaron James: 
Assholes: A Theory
(New York: Doubleday, 2012, 224 p.; $ 24)

Enfim, existem muitas traduções para asshole, mas fiquemos com uma mais educada, do dicionário Webster:
"a usually vulgar : a stupid, incompetent, or detestable person. b usually vulgar : the worst place..."

O interessante no livro é a teoria, não o personagem em si, um idiota vulgar, grosseiro.
Vou colocar abaixo mais fotos da quarta capa, e das orelhas, para dar uma ideia a vocês da seriedade com que este filósofo de Harvard encara seu assunto principal.
O editor se refere a um outro livro, que também li, e já tenho, mas não sei se na versão americana ou  brasileira, pois o livro ficou na minha biblioteca de Brasília.
Este aqui:

Harry G. Frankfurt:
On Bullshit
(Princeton, NJ: Princeton University Press, 2005)

Também posso dizer que, ao falar dos idiotas fundamentais, o livro me lembrou um outro, que li em edições italiana, francesa e americana, e que considero fundamental nesse tipo de literatura:

Carlos Maria Cipolla
As Leis Fundamentais da Estupidez Humana
(já resenhei algumas vezes e escrevi artigos a respeito; busquem neste mesmo blog).

Abaixo, reproduções fotográficas das informações do livro sobre a teoria dos assholes...



PS
Aos interessados, os posts que dediquei ao livro citado acima do historiador italiano Carlo Maria Cipolla (sim, cebola, o que já é uma qualidade interessante, para quem se ocupa de história econômica): 

15 Mai 2012
Com esse título, o famoso historiador econômico e medievista italiano Carlo Maria Cipolla compôs, em algum momento dos anos 1980, um pequeno ensaio, humorístico-irônico, que foi transformado em peça de teatro ...
19 Mai 2012
Finalmente, consigo colocar as mãos, ou os olhos mais exatamente, numa tradução mais conforme da famosa obra do historiador econômico Carlo Maria Cipolla. O texto tinha sido publicado em inglês, em edição de autor, ...
28 Mai 2012
In praise of stupidity... (ainda bem...) Já postei aqui um pequeno resumo das teses principais do historiador econômico Carlo Maria Cipolla, retiradas de seu livro sobre as leis fundamentais da estupidez humana:
04 Jan 2013
... historiador italiano, Carlo Maria Cipolla (procurem no meu blog), que dizia que os idiotas sao os individuos mais perigosos que existem, ja' que existem, soltinhos por ai, juizes perfeitamente malucos, que causam prejuizos ...
21 Abr 2010
... ou seja, que são capazes de provocar danos a si mesmas ao agirem da forma como o fazem -- e isso recebeu um notável livreto sobre as leis universais da estupidez humana, do historiador italiano Carlo Maria Cipolla.

terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Stalinistas true believers: estao acabando...

Não tenho nenhuma razão para admirar Niemeyer, nem mesmo suas obras de concreto, embora conceda que algumas possam ser bonitas por fora, mas só algumas. Sempre foram antifuncionais e totalmente antiecológicas, a nova religião dos idiotas depois que o stalinismo fenesceu.
Compareci à primeira exposição sobre o arquiteto stalinista, que inaugurou um de seus últimos monstros de concreto: o Museu Nacional de Brasília, um horror absoluto, que precisaria ser completamente arrasado quando passar a idiotice nacional que o reverencia. Nem vou reproduzir sua foto aqui para não reproduzir coisas feias.
Quem conhece o Museu só pode concordar comigo. Aquilo é um horror, que "mata" completamente a vista da Catedral ao lado, uma das poucas de suas obras que julgo razoáveis (mas só por fora, como soe acontecer com todas as suas obras: bonitas por fora, totalmente disfuncionais por dentro).
Pois bem: nessa exposição do Museu Horroroso Nacional havia alguns cadernos do idiota stalinista, e várias frases dele que tive a pachorra de anotar; todas demonstrando imensa admiração por Stalin, justamente, mas também por Mao e por Fidel. Frases completamente idiotas, que vou retranscrever aqui quando reencontrar nos Moleskines de bolso (aliás, já o fiz em post antigo).
A pequena tribo dos stalinistas empedernidos foi diminuída, mas ainda sobram alguns, inclusive um Stalin sem Gulag que vai pegar umas semanas de cadeia, por ser subchefe de quadrilha. O chefe ainda vai demorar mais um pouco...
Paulo Roberto de Almeida 

O humanista que amava Stálin
Rodrigo Constantino
O Globo, 11/12/2012

Oscar Niemeyer era quase uma unanimidade. A reação à sua morte comprova isso. Mas será que tanta reverência se deve somente às suas qualidades artísticas? Muitos consideram que Niemeyer foi um gênio. Não sou da área, não me cabe julgar. Ainda assim, não creio que tanta idolatria seja fruto apenas de suas curvas.
Tenho dificuldade de entender por que o responsável pelo caríssimo projeto da construção de Brasília, o oásis dos políticos corruptos afastados do escrutínio popular, mereceria um prêmio em vez de um castigo. Por acaso as pirâmides do Faraó eram boas para o povo? Mas divago.
Eis a questão: por que Niemeyer foi praticamente canonizado? Minha tese é que ele representava o ícone perfeito da CHEC (Comunistas Hipócritas da Esquerda Caviar). No Brasil, você pode ser podre de rico, viver no maior conforto de frente para o mar, mamar nas tetas do governo, desde que adote a retórica socialista.
Falar em “justiça social” enquanto enche o bolso de dinheiro público, isso merece aplausos por aqui. Já o empresário que defende o capitalismo, produz bens demandados pelo povo e não depende do governo é visto como o vilão. Os discursos sensacionalistas valem mais do que as ações concretas. Imagem é tudo!
As curvas traçadas pelo “poeta do concreto”, que considerava o dinheiro algo “sórdido”, custavam caro. Quase sempre eram pagas pelos nossos impostos. Foram dezenas de milhões de reais só do governo federal. Muito adequado o velório ter sido no Palácio do Planalto, o maior cliente do arquiteto. Licitação e concorrência? Isso é coisa de liberal chato.
Niemeyer virou um ícone contra o excesso de razão nas construções, mas acabou com extrema escassez de razão em suas ideias políticas. Sempre esteve do lado errado, alimentado por um antiamericanismo patológico. Defendeu os terroristas das Farc, os invasores do MST e o execrável regime comunista, mesmo depois de cem milhões de vidas inocentes sacrificadas no altar dessa ideologia.
Ele admirava os tiranos assassinos Fidel Castro e Stalin, e chegou a justificar seus fuzilamentos. Até o fim de sua longa vida, usou sua fama para disseminar essa utopia perversa, envenenando a cabeça de jovens enquanto desfrutava do conforto capitalista.
No meu Aurélio, há uma palavra boa para definir pessoas assim, que curiosamente vem antes de “craque” e depois de “crânio”. Talvez Niemeyer fosse as três coisas ao mesmo tempo.
Roberto Campos certa vez disse: “No meu dicionário, ‘socialista’ é o cara que alardeia intenções e dispensa resultados, adora ser generoso com o dinheiro alheio, e prega igualdade social, mas se considera mais igual que os outros.” Bingo!
Para quem ainda não está convencido de que toda essa comoção tem ligação com sua pregação política, pergunto: seria a mesma coisa se ele defendesse com tanta paixão Pinochet em vez de Fidel Castro? A tolerância seria a mesma se, em vez de Stalin, fosse Hitler o seu guru?
E não me venham dizer que são coisas diferentes! Tanto Stalin como Hitler eram monstros, da mesma forma que o comunismo e o nacional-socialismo são igualmente nefastos. Que grande humanista foi esse homem que defendeu até seu último suspiro algo tão desumano assim?
Acho compreensível o respeito pela obra de Niemeyer, ainda que gosto seja algo subjetivo e que a simbiose com o governo mereça críticas. Entendo o complexo de vira-lata que faz o povo babar com os poucos brasileiros famosos mundialmente. Mas acho inaceitável misturarem as coisas e o colocarem como um ícone do humanismo. Não faz o menor sentido.
Seu brilhantismo como artista não lhe dá um salvo-conduto para a defesa de atrocidades. É preciso saber separar as coisas, o gênio artístico do homem e suas ideias. E tenho certeza de que não é apenas sua arquitetura que gera essa idolatria toda. Basta ver a reação quando questionamos a pessoa, não o arquiteto.
Sua neta Ana Lúcia deixou clara a confusão: “As ideias que ele tentou passar de humanismo, justiça social, isso é tão importante quanto as obras dele. Acho que a gente tem que preservar e difundir o pensamento dele.” Como assim?
Aproveito para avisar que sou sensível ao sofrimento das vítimas do comunismo, mas sou imune à patrulha ideológica da CHEC. A afetação seletiva da turma “humanista” não me sensibiliza. É até cômico ser rotulado de radical por stalinistas.
Por fim, espero que Niemeyer chame logo seu camarada Fidel Castro para um bate-papo onde ele estiver, e que lá seja tão “paradisíaco” como Cuba é para os cubanos comuns. Talvez isso o faça finalmente mudar de ideologia…

segunda-feira, 16 de julho de 2012

3 para o Blog, 0 para os mercenarios a soldo e os serviçais de causas espúrias

Fica valendo a advertência para todos os soldados do totalitarismo, os mercenários pagos por caudilhos ou todos aqueles que metem a mão em dinheiro público a serviço da perpetuação de um poder que se pretende neobolchevique e que é apenas ridiculamente anacrônico.
De vem em quando "pousam" neste inocente blog -- mas comprometido com certas causas que certamente não são as deles -- comentários de esbirros eletrônicos e outros ignorantes assalariados, que pretendem contestar alguma nota pessoal, ou matéria de terceiros, sobre fatos, eventos, processos de natureza política, como estes que tristemente dividem este nosso continente, mais atrasado mentalmente do que materialmente.
Neste caso, como não poderia deixar de ser, se trata do mais recente espetáculo de bizarrices que o continente não cessa de oferecer ao público at large.
Como esses soldados do totalitarismo não possuem sequer a capacidade para postar algo coerente com seu pensamento reacionário, eles costumam simplesmente postar matérias que saem diretamente de alguma cloaca paga com verbas públicas para disseminar mentiras, má-fé e desonestidades "subinteliquituais".
Desta vez era um 3 x 0 sobre uma recente decisão patética, que deveria envergonhar conselheiros jurídicos que estudaram um pouco de fundamentos do Direito (mas talvez não adiantasse muito, pois tem gente que é paga para aconselhar justamente no sentido da aprovação das patifarias pré-tramadas).
Pois bem, fica o 3 x 0 a favor deste blog, que não aceita mercenários de plantão...
Paulo Roberto de Almeida 

quinta-feira, 24 de maio de 2012

O supremo idiota da educacao brasileira: Paulo Freire

Muitos leitores deste blog, embora eu não possa precisar quantos exatamente, devem ficar chocados quando eu me refiro a certas pessoas como idiotas. Seria um insulto, um exagero meu, um despeito contra quem supostamente ficou famoso, e contra quem eu teria sérias restrições, representando, portanto, alguma inveja minha ou crítica indevida.
Várias vezes referi-me a Paulo Freire, como o supremo idiota da educação brasileira (pior, acho que falei em calamidade educacional que exportamos para o resto do mundo), e tive comentários discordantes, alguns até raivosos. Enfim, todo mundo tem o direito de discordar dos meus posts e, desde que as críticas sejam fundamentadas, não tenho nenhuma objeção a publicar aqui.
E eu tenho o direito de chamar idiotas de idiotas, mas reconheço que também preciso fundamentar minhas "acusações" de idiotice. O problema, eterno, terrível, é que leio muito, mas nem sempre tenho tempo de resumir, sintetizar, explicar tudo o que leio, justificando, portanto, meus julgamentos, geralmente sérios, mas embasados em leituras não reveladas. Concordo, também, em que chamar alguém de idiota, simplesmente, não é muito eficiente, em termos práticos, pois muita gente acha o idiota em questão um grande intelectual, e o interlocutor pode ficar chocado pela minha expressão de desprezo pelo "intelequitual".
Enfim, existem muitos idiotas, no Brasil e no mundo, que mereceriam ser desmascarados, mas eles são muitos, efetivamente, e como o mundo também tem muitos idiotas, sempre tem público para certas idiotices.
O Brasil, como sempre digo, não é tão atrasado materialmente -- já que o progresso é uma fatalidade, como já disse alguém -- como ele é atrasado mentalmente, e nos últimos tempos, os responsáveis políticos e econômicos -- e sobretudo os "educacionais" e pedagógicos -- têm se esforçado para atrasá-lo ainda mais, retrocedendo o Brasil meio século para trás. Talvez até mais, mas isso veremos mais adiante...
Por isso que a atribuição a Paulo Freire do título de patrono da educação brasileira combina com esse atraso. Só atrasados mentais seriam capazes desse crime contra a educação brasileira. Mas existem várias outras idiotices sendo cometidas em outros setores.
Paulo Freire permanece, no entanto, um caso exemplar, e para mim dramático. Ele já influenciou 5o anos de formação de professores e pedagogos, e vai continuar influenciando pelo menos uma geração mais (estou sendo otimista, claro) nos anos à frente. Por isso mesmo sou, como já disse, absolutamente e relativamente pessimista quanto ao futuro da educação brasileira: acho que vamos continuar recuando, mentalmente, do pré-primário à pós-graduação, sem possibilidade de recuperação.
Agradeço à Juliana por esta matéria que retiro de seu blog sobre Paulo Freire, de um "filósofo" que classificam como conservador, e que eu chamaria apenas de polêmico.
Ele tem razão na maior parte do que afirma, só errando quanto à produção científica brasileira que vem sendo citada: ela tem aumentado, não sei se em qualidade, mas pelo menos em quantidade. E conviria também distinguir entre a boa qualidade dos papers que são publicados nas áreas de biológicas, e hard sciences em geral, do lixo que caracteriza, provavelmente, mais da metade do que sai nas chamadas humanidades.
Com essa ressalva, fica o texto de Olavo de Carvalho, que remete a outros autores que poderiam ser pesquisados pelos interessados.
Paulo Roberto de Almeida 
De Olavo de Carvalho:

Viva Paulo Freire!

Vocês conhecem alguém que tenha sido alfabetizado pelo método Paulo Freire? Alguma dessas raras criaturas, se é que existem, chegou a demonstrar competência em qualquer área de atividade técnica, científica, artística ou humanística? Nem precisam responder. Todo mundo já sabe que, pelo critério de “pelos frutos os conhecereis”, o célebre Paulo Freire é um ilustre desconhecido. As técnicas que ele inventou foram aplicadas no Brasil, no Chile, na Guiné-Bissau, em Porto Rico e outros lugares. Não produziram nenhuma redução das taxas de analfabetismo em parte alguma. Produziram, no entanto, um florescimento espetacular de louvores em todos os partidos e movimentos comunistas do mundo. O homem foi celebrado como gênio, santo e profeta. Isso foi no começo. A passagem das décadas trouxe, a despeito de todos os amortecedores publicitários, corporativos e partidários, o choque de realidade. 

Eis algumas das conclusões a que chegaram, por experiência, os colaboradores e admiradores do sr. Freire: “Não há originalidade no que ele diz, é a mesma conversa de sempre. Sua alternativa à perspectiva global é retórica bolorenta. Ele é um teórico político e ideológico, não um educador.” (John Egerton, “Searching for Freire”, Saturday Review of Education, Abril de 1973.) “Ele deixa questões básicas sem resposta. Não poderia a ‘conscientização’ ser um outro modo de anestesiar e manipular as massas? Que novos controles sociais, fora os simples verbalismos, serão usados para implementar sua política social? Como Freire concilia a sua ideologia humanista e libertadora com a conclusão lógica da sua pedagogia, a violência da mudança revolucionária?” (David M. Fetterman, “Review of The Politics of Education”, American Anthropologist, Março 1986.) 

“[No livro de Freire] não chegamos nem perto dos tais oprimidos. Quem são eles? A definição de Freire parece ser ‘qualquer um que não seja um opressor’. Vagueza, redundâncias, tautologias, repetições sem fim provocam o tédio, não a ação.” (Rozanne Knudson, Resenha da Pedagogy of the Oppressed; Library Journal, Abril, 1971.) “A ‘conscientização’ é um projeto de indivíduos de classe alta dirigido à população de classe baixa. Somada a essa arrogância vem a irritação recorrente com ‘aquelas pessoas’ que teimosamente recusam a salvação tão benevolentemente oferecida: ‘Como podem ser tão cegas?’” (Peter L. Berger, Pyramids of Sacrifice, Basic Books, 1974.) “Alguns vêem a ‘conscientização’ quase como uma nova religião e Paulo Freire como o seu sumo sacerdote. Outros a vêem como puro vazio e Paulo Freire como o principal saco de vento.” (David Millwood, “Conscientization and What It's All About”, New Internationalist, Junho de 1974.) “A Pedagogia do Oprimido não ajuda a entender nem as revoluções nem a educação em geral.” (Wayne J. Urban, “Comments on Paulo Freire”, comunicação apresentada à American Educational Studies Associationem Chicago, 23 de Fevereiro de 1972.) “Sua aparente inabilidade de dar um passo atrás e deixar o estudante vivenciar a intuição crítica nos seus próprios termos reduziu Freire ao papel de um guru ideológico flutuando acima da prática.” (Rolland G. Paulston, “Ways of Seeing Education and Social Change in Latin America”, Latin American Research Review. Vol. 27, No. 3, 1992.) 

“Algumas pessoas que trabalharam com Freire estão começando a compreender que os métodos dele tornam possível ser crítico a respeito de tudo, menos desses métodos mesmos.” (Bruce O. Boston, “Paulo Freire”, em Stanley Grabowski, ed., Paulo Freire, Syracuse University Publications in Continuing Education, 1972.) Outros julgamentos do mesmo teor encontram-se na página de John Ohliger, um dos muitos devotos desiludidos (http://www.bmartin.cc/dissent/documents/Facundo/Ohliger1.html#I). Não há ali uma única crítica assinada por direitista ou por pessoa alheia às práticas de Freire. Só julgamentos de quem concedeu anos de vida a seguir os ensinamentos da criatura, e viu com seus própios olhos que a pedagogia do oprimido não passava, no fim das contas, de uma opressão da pedagogia. Não digo isso para criticar a nomeação póstuma desse personagem como “Patrono da Educação Nacional”. 

Ao contrário: aprovo e aplaudo calorosamente a medida. Ninguém melhor que Paulo Freire pode representar o espírito da educação petista, que deu aos nossos estudantes os últimos lugares nos testes internacionais, tirou nossas universidades da lista das melhores do mundo e reduziu para um tiquinho de nada o número de citações de trabalhos acadêmicos brasileiros em revistas científicas internacionais. Quem poderia ser contra uma decisão tão coerente com as tradições pedagógicas do partido que nos governa? Sugiro até que a cerimônia de homenagem seja presidida pelo ex-ministro da Educação, Fernando Haddad, aquele que escrevia “cabeçário” em vez de “cabeçalho”, e tenha como mestre de cerimônias o principal teórico do Partido dos Trabalhadores, dr. Emir Sader, que escreve “Getúlio” com LH. A não ser que prefiram chamar logo, para alguma dessas funções, a própria presidenta Dilma Roussef, aquela que não conseguia lembrar o título do livro que tanto a havia impressionado na semana anterior, ou o ex-presidente Lula, que não lia livros porque lhe davam dor de cabeça.

domingo, 13 de maio de 2012

Queremos gastanca, mais inflacao, mais divida, menos futuro....

Enfim, é isso que poderiam dizer estes manifestantes contra a austeridade.
Certamente as fotos devem indicar bandeiras e slogans como estes: 
"Mais gastos!"
"Mais inflação!"
"Mais emissões de dinheiro!"
"Menos horas de trabalho!"
"Mais lazer!"
"Mais subsidios estatais!"
"Mais luxo para os pobres!"
"Mais pipoca no cinema!"
ou coisas parecidas...


Pelas sugestões:
Paulo Roberto de Almeida 
(não precisa agradecer, não cobro nada de indignados idiotas...)

Posted: 12 May 2012 07:53 PM PDT
BBC – 12/05/12.. Dezenas de milhares de manifestantes foram às ruas de vários países do mundo para protestar contra medidas de austeridade e a crise ecônomica. Os protestos ocorreram em várias cidades da Espanha, em Nova York, Moscou, na Rússia, Atenas, na Grécia, Frankfurt, na Alemanha, e Londres. Na Espanha, dezenas de milhares de pessoas [...]

domingo, 22 de abril de 2012

Um fascista ameaça este blogueiro: bem conforme a sua natureza totalitária e policialesca...

Um espírito totalitário e policialesco, que não tem nenhuma vergonha de fazer ameaças fascistas, mas tem vergonha de revelar o seu nome, faz ameaças claras e diretas a este modesto blogueiro, que certamente não tem o poder que ele tem de mobilizar a Receita e outros órgãos de investigação para ameaçar quem escreve, vejam vocês, sobre uma exposição de arte no norte da Itália.
Comentários desse tipo seriam apenas delirantes, se eles não fossem, ao mesmo tempo, reveladores da construção do fascismo no Brasil, do Estado policial que indivíduos de espírito totalitário como esse prometem implantar, se para isso dispusessem de condições.
Só não vivemos, ainda, num Estado fascista porque a sociedade brasileira, em sua vasta maioria recusa esse tipo de fascismo de esquerda, que indivíduos como esse poderiam criar, mas a semente está presente, disso podemos ter certeza.
Nem deveria publicar, ou comentar, não exatamente responder, ameaças totalitárias desse tipo, se não fosse pela oportunidade que me oferecem seres desprezíveis como esse de alertar os leitores que aqui comparecem para os perigos que corremos, caso seus projetos encontrem acolhida na sociedade (o que não está excluído: já vimos esse filme na Europa do entre-guerras e estamos vendo aqui perto de nós).

Vou primeiro transcrever as palavras abjetas feitas em comentários recebidos anonimamente em 22/04/2012 (a mesma mensagem chegou-me duas vezes, aliás), para depois retomar meu alerta sobre a ameaça do fascismo em construção, talvez destacando trechos da mensagem para deixar bem claro o que penso de animais dessa espécie.
Esclareço, por oportuno, que o comentário veio acoplado a meu post sobre a exposição das obras da dinastia Brueghel, em Como, na Itália, daí os questionamentos iniciais do animal fascista. O post original, agora complementado com informação sobre outra exposição, é este aqui:

SÁBADO, 21 DE ABRIL DE 2012

A dinastia Brueghel, em mostra excepcional (em Como, Italia)



Transcrevo agora o que me escreveu o totalitário ainda se preparando para seu Estado policial:

Anônimo disse...
Com dinheiro de quem ?
Como um simples diplomata tem dinheiro assim, se vocês reclamam tanto que ganham mal ? 
Acho que suas reclamações do PT devem ser para desviar o que entra em suas contas, certamente.
O PT e outros partidos de base aliada, bem como, amigos do Itamaraty estão acompanhando seu blog, da mesma forma que nos acompanha, diariamente. 
A Receita Federal irá ver quanto você declara e quanto entra em suas contas bancárias. 
Vamos ver se sua vida é condizente com seus recebíveis...
É dando que se recebe, meu caro Paulo Roberto de Almeida.
Está dado o recado homem "probo".

Um anônimo governamental
(E novamente:)
Anônimo disse...
Com dinheiro de quem ?
Como um simples diplomata tem dinheiro assim, se vocês reclamam tanto que ganham mal ? 
Acho que suas reclamações do PT devem ser para desviar o que entra em suas contas, certamente.
O PT e outros partidos de base aliada, bem como, amigos do Itamaraty estão acompanhando seu blog, da mesma forma que nos acompanha, diariamente. 
A Receita Federal irá ver quanto você declara e quanto entra em suas contas bancárias. 
Vamos ver se sua vida é condizente com seus recebíveis...
É dando que se recebe, meu caro Paulo Roberto de Almeida.
Está dado o recado homem "probo".

Um anônimo governamental
Retomo (PRA):
Não tenho, como disse, obrigação nenhuma de responder a um totalitário declarado, como o fascista acima transcrito, mas, repito, suas ameaças são uma excelente oportunidade para reforçar o sentido deste blog, que é o de expor ideias, debater políticas, defender democracia e a mais total liberdade, tudo o que não tem, não quer ter, e quer impedir-nos de ter indivíduos desse quilate.
Nada melhor do que aproveitar o comentário ameaçador do fascista para alertar meus leitores sobre o perigo que nos ronda, caso o projeto que ele encarna seja implantado no país.

Vamos lá, ponto por ponto:

1) Com dinheiro de quem ?
PRA: Isso ele não terá dificuldade em saber, já que, como indicado acima, tem amigos na Receita, e provavelmente em outros órgãos policialescos e de inteligência (mas acho que este termo não se aplica…).

2) Como um simples diplomata tem dinheiro assim, se vocês reclamam tanto que ganham mal ?
PRA: Grato pelo simples diplomata: é exatamente o que sou. Mas eu me permitiria acrescentar que sou também professor, não porque necessite ser, mas porque gosto de dar aulas, o que faço por prazer e em total compatibilidade com o Serviço Exterior. Talvez ele tenha inveja, por não ter condições de ser professor, sendo apenas um totalitário a serviço de uma causa deplorável. Mas mesmo indivíduos desprezíveis como ele podem ser professores, já que no Brasil há dezenas, talvez milhares, que se pautam pelas mesmas causas derrotadas, mas sempre ameaçadoras, como um fascismo pretensamente de esquerda, totalitário, como é de sua natureza.

3) Acho que suas reclamações do PT devem ser para desviar o que entra em suas contas, certamente.
PRA: “Reclamações”? Eu?! Apenas transcrevo aqui o que leio na imprensa, geralmente de cunho econômico, que é área que me interessa. Quanto ao fascista em questão, ele tem vocação para policial de Estado totalitário, um pequeno Big Brother desprezível que gosta de fazer ameaças e insinuações, mas não tem coragem de fazê-lo abertamente.  Mas sinceramente eu não entendi o que ele quis dizer: seu Português é muito estropiado, como ocorre frequentemente nesses meios.

4) O PT e outros partidos de base aliada, bem como, amigos do Itamaraty estão acompanhando seu blog, da mesma forma que nos acompanha, diariamente.
PRA: Deve ser uma ameaça. “Amigos do Itamaraty”? O único que sei que assinou o cartão de membro do partido a que pertence nosso fascista comentarista é um antigo ministro. Deve ser esse, mas atenção: ele antes era um militante de outras causas e de outros partidos. Convém reexaminar a lista de amigos, para não ter surpresas mais adiante. Que tal exigir autocrítica e vigilância permanente?
Aproveito para agradecer o prestígio que me dá, saber que tantos amigos (e alguns inimigos, também, estou certo disso) estão acompanhando meu blog, o que aumenta a minha responsabilidade na defesa das boas causas, uma das quais é, justamente, alertar sobre o fascismo em construção no Brasil; a outra é sempre lutar pelas liberdades mais amplas, algo que deve causar desconforto em seres desprezíveis como esse fascista ameaçador.
Sinto confessar, porém, que não pretendo reciprocar, ou seja acompanhar o tipo de blog a que ele se refere. Me dá um fastio muito grande ler toda essa linguagem stalinista, mentirosa, totalitária, mistificadora, que aliás eu conheço muito bem. Desde o século passado, se ouso dizer.
Não, esse tipo de lixo eu não acompanho, ou apenas indiretamente, pelo que sai publicado na imprensa livre (que ainda existe no Brasil e causa muito desconforto em espíritos totalitários como ele e seus “amigos”).

5) A Receita Federal irá ver quanto você declara e quanto entra em suas contas bancárias.
PRA: Uau! Nosso fascista é amigo da Receita. Ou talvez não; apenas deve ter militantes da causa totalitária trabalhando no órgão, que de vez em quando podem fazer um trabalho extra, a soldo ou por pura convicção ideológica, a mesma do nosso fascista comentarista, sempre em defesa das causas mais desprezíveis como essa, a de ameaçar cidadãos com devassa e garrote vil. Ele deve ter pensado nesse procedimento inquisitorial no dia 21 de Abril, dia de Tiradentes, o homem que morreu como resultado de uma devassa desse tipo, bem mais séria no caso do herói mítico da Inconfidência.
Bem, pelo menos a única coisa que a Receita pode fazer comigo é me fiscalizar, colocar alguma multa por quaisquer royalties não declarados de meus livros publicados – vocês sabem, as editoras depositam e não me avisam e eu deixo de informar, como já aconteceu, mas a Receita, que tudo vigia, sempre sabe de tudo – e fica acertado assim.
Ou será que o nosso fascista pretende também que eu seja enforcado e esquartejado? Aposto como ele gostaria de me ver supliciado. Combina com o seu espírito totalitário.

6) Vamos ver se sua vida é condizente com seus recebíveis...
PRA: Uau 2! Nova ameaça? Deixa eu ver se posso ajudar nosso fascista. Diferentemente dos companheiros que, sem precisar provar mérito ou fazer concurso – algo que eu já fiz para ser um “não-Anônimo governamental” – ganham salários de marajás, DAS (o que eu não tenho), honorários por participar de conselhos de estatais (deve ser por isso que eles criaram algumas dezenas de novas estatais), e que passam o tempo em restaurantes chiques de Brasília, complotando contra modestos blogueiros como este que aqui escreve, eu gasto meu dinheiro com, pela ordem:
(a) livros; (b) livros; (c) livros; (d) restaurantes, quando possível, desde que não sejam caros, como devem ser os do nosso fascista; (e) viagens (elas ilustram, mas não sei se o fascista gosta de se ilustrar; indivíduos como ele aparentemente preferem emburrecer); (f) livros, viagens... etc., etc., etc.
         Vou até informar onde vou, para dar um gostinho na boca do nosso fascista.
Depois de ter saído de Paris, passado em Genova (exposição Van Gogh); Roma (exposição sobre o arquivo secreto do Vaticano); Macerata (terra do padre Mateo Ricci, mas esse aí o fascista vai ter de buscar no Google); Bolonha (muitas exposições em museus, palácios, restaurantes, livrarias, etc); Lugano (museu Herman Hesse); Como (exposição Brughel); Berna (pinturas do Herman Hesse), e agora em Basel, ou Basiléia, para os puristas (terra do Erasmo, o homem que lutava pela liberdade, simplesmente, e contra a intolerância e o fanatismo, características de que deve ser adepto nosso fascista), eu vou para a terra do Marx, sim o velho barbudo, mas na época ele era apenas um bebê. Ele nasceu em Trier, ou Treves, na Renânia alemã, caso o nosso fascista não saiba e nunca teve a oportunidade de visitar. Se ele me escrever gentilmente, quem sabe eu possa comprar para ele um simpático broche marxista, com a cara do profeta alemão, que aliás ficaria escandalizado com a burrice de seus supostos seguidores. Tudo isso comendo lautamente, claro, e hoteis razoáveis...
Depois da cidade natal de Marx, vou à cidade do Guilherme de Rubrouck, um monge peregrino na China dos mongóis, mas isso eu deixo para o nosso fascista fazer um pouco de googlelização, pois não vou lhe dar o serviço completo. Depois volto a Paris, onde tenho uma conferência a dar, sobre a grande marcha atrás da América Latina (com a ajuda dos companheiros fascistas, claro).

7) É dando que se recebe, meu caro Paulo Roberto de Almeida.
PRA: Aposto como o nosso fascista repete isso de orelha, e nem sabe qual a frase original de quem primeiro falou algo próximo disso, e certamente não com o espírito dos aproveitadores totalitários. Mas não vou contar essa tampouco. Vou deixar ele fazer uma pesquisa primeiro, para não ficar repetindo bobagens desse tipo.

8) Está dado o recado homem "probo".
PRA: Mais uma ameaça policialesca? Esse pessoal deve ser reencarnação do Torquemada, de todos aqueles fanáticos que queimavam primeiro e perguntavam depois (ops, não, essa é contra os ianques, ou estadounidenses, como eles gostam de dizer, o certo é, interrogue torturando, até obter a resposta certa). Nosso fascista estaria bem trabalhando com os camisas negras, com os inquisidores profissionais, com os administradores do Gulag (ainda tem muitos na Coreia do Norte), com seus colegas de tristes ditaduras, que começam primeiro ameaçando, depois eles passam aos atos.
Que futuro exemplar nos aguarda no Brasil, caso esse pessoal realize seus mais ambicionados projetos, que beleza de ditadura...

9) Um anônimo governamental
PRA: Eu deveria dizer “Muito prazer!”?
Acho que não: um imenso desprazer, na verdade. 
Mas, de fato, tenho a agradecer o comentário totalitário, absolutamente desprezível do nosso fascista que se declara um “anônimo governamental”. Suas palavras, que imagino sinceras e verdadeiras, me permitem conhecer um pouco melhor o que vai pela cabeça dessa gente desprezível e, com isso, alertar meus poucos leitores.
Como devo me despedir?
 Um não anônimo governamental ?

Mas não sou governamental, sou apenas do Estado, algo mais permanente do que os totalitários que por ali passam momentaneamente, temporariamente.
No que depender de mim, mesmo que eles ali fiquem muitos anos, como é o seu projeto, as mentiras não passam facilmente, não pelo menos com a minha omissão.
Outras ditaduras do tipo preferido pelo nosso fascista duraram 70 anos, outras menos; um dia tudo isso passa, e a liberdade de pensamento, e de ação, volta a não ter ameaças totalitárias como a desse ser desprezível. 
Estou certo disso. Ele é que deve temer, pois fanatismos e intolerâncias não combinam bem com o Brasil. Ele deveria buscar outras paragens...

Paulo Roberto de Almeida
Basileia, 22 de abril de 2012, 23h53