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domingo, 9 de agosto de 2020

Risco Brasil: sua trajetória de 1995 a 2020 - Ricardo Bergamini

“Risco Brasil” (a diferença entre EMBI e EMBI+)
Ricardo Bergamini


O pioneirismo do EMBI e a confiança que sua forma de cálculo inspirou nos investidores fizeram com que o índice se tornasse a principal referência do mercado sobre o desempenho dos títulos dos países emergentes. Outros bancos de investimento criaram mecanismos próprios de avaliação, mas nenhum deles se tornou um indicador tão conhecido - e consagrado - como o EMBI. O EMBI manteve sua fórmula desde que foi criado, mas foi se modificando para acompanhar a evolução do mercado de dívida externa. Em 1994, o índice EMBI, que chegou a reunir papéis de 11 países, foi descontinuado e cedeu lugar para uma referência mais ampla, o EMBI+, que hoje reúne quase uma centena de títulos de 19 países. A novidade foi a inclusão de alguns emergentes da Ásia, embora os latino-americanos representem mais da metade do indicador.
Só é admitido na base de cálculo do EMBI+ um tipo de país emergente - aquele que apresenta risco pelo menos moderado de não honrar seus compromissos e, em decorrência, seus papéis oferecem retornos maiores para atrair investidores. Esse risco não é estabelecido de maneira aleatória. São usadas como referência as notas que cada país recebe das empresas de classificação de risco - instituições independentes especializadas na determinação e divulgação do risco das corporações, instituições financeiras e países. Os títulos do Brasil respondem por cerca de 23% do peso do EMBI+, mais do que os de qualquer outra nação.
Abaixo as grandes variações históricas do (EMBI+) para reflexão: 
- [1995] Eficácia do Plano Real.
Como as incertezas no país diminuíram a partir de 1995. Saímos de um patamar de risco de 1.689 pontos para 337 pontos em outubro de 1997.
- [1997] Crise Asiática.
O final de 1998 e o início de 1999 ficaram marcados por diversas crises no continente asiático, culminando inclusive na moratória da Rússia em agosto de 1998.
Estas crises afetaram diretamente o Brasil, fazendo com que o (EMBI+ Brasil) saltasse para 1.779 pontos.
- [2002] “Efeito Lula”.
O mundo vivia o auge da crise financeira de 2000-2002 ocasionada pela bolha da tecnologia e pelos ataques terroristas de 2001.
A incerteza era grande. Aqui no Brasil, as eleições presidenciais (“Efeito Lula”) geravam maior volatilidade ao mercado e, consequentemente, um maior Risco País.
Neste período, ele registrou seu maior nível em toda a série histórica, alcançando 2.443 pontos em setembro de 2002.
Vale lembrar que neste período o Dólar era cotado próximo a R$ 4,00 e a Bolsa brasileira (Bovespa) já acumulava uma perda de -30% nos últimos 3 anos.
- [2007] Mínima Histórica.
A recuperação econômica mundial aliada ao fato da maior estabilidade na economia brasileira fez com que o índice alcançasse a mínima de 139 pontos em maio de 2007. 
- [2008] Crise Financeira.
Com a crise de 2008, o índice voltou a superar o patamar dos 500 pontos, atingindo 688 pontos em outubro de 2008, valor que não era alcançado em mais de 4 anos.
Conclusão:
Definitivamente a sociedade brasileira perdeu a sua capacidade de reflexão. Estamos todos seguindo o “estouro da boiada”.

Conclusões ao analisar a série histórica acima: 
1 - Em 02/01/03 o risco Brasil+ era de 1.374 pontos. Em 31/12/10 era de 189 pontos.
2 - Em 03/01/11 o risco Brasil+ era de 181 pontos. Em 31/05/16 era de 404 pontos.
3 - Em 01/06/16 o risco Brasil+ era de 401 pontos. Em 31/12/18 era de 276 pontos.
4 – Em 02/01/19 o risco Brasil+ era de 275 pontos.  Em 06/08/20 era de 323 pontos.
Sem uma análise mais profunda o melhor presidente da república teria sido Lula, ao atingir a mínima histórica de 139 pontos, em maio de 2007, além de ter assumido o governo em 02/01/03 com 1.374 pontos, e entregue em 31/12/10 com 189 pontos. 
Quem acompanha o meu trabalho irá lembrar que nos 8 anos do governo Lula alertava constantemente para o falso milagre brasileiro, baseado na ilusão monetária provocada pelo excesso de liquidez monetária existente no mundo, gerado pelos Estados Unidos, para financiar as guerras do Iraque e do Afeganistão, e que no final seria um desastre, da mesma forma como ocorreu com os governos militares, na época, o mesmo efeito foi provocado pela guerra do Vietnam. 

Cabe lembrar que entre 2002 até 2010 as commodities do Brasil valorizaram 175% em dólares americanos. Era uma histeria coletiva no Brasil, e no mundo. Haja vista o volume de prêmios, medalhas e títulos concedidos ao ex- presidente Lula no Brasil, e no mundo. Estávamos vivendo o segundo falso milagre brasileiro, que terminou da forma como conhecemos.

O primeiro falso milagre brasileiro dos governos militares se encerrou no inicio da década de 1980, conforme gráfico abaixo.

Jamais acreditem em crescimento econômico baseado em ilusão monetária, como está prometendo o populista governo Bolsonaro, na sua campanha politica para reeleição. Pelo menos espero que o Paulo Guedes não participe dessa orgia, desmoralizando ainda mais o liberalismo no Brasil.

Ricardo Bergamini

quinta-feira, 7 de agosto de 2014

Maquiagem das contas publicas pelo Tesouro custa caro ao Brasil (bando de idiotas)

Pois é, os companheiros acreditavam que podiam fazer maquiagem à vontade que ninguém iria perceber, parace que perceberam, e como...
Os trogloditas que cuidam das contas públicas atualmente -- devem ser poucos, mas com poder de decisão, pois a maior parte do pessoal, concursado, deve saber fazer contas -- são os únicos responsáveis pela lambança, mas a autorização deve vir do alto, pois ninguém atua assim de forma claramente irregular, e irresponsável para o país, sem autorização, e talvez ordens superiores.
Paulo Roberto de Almeida 

Brasil paga taxas de risco maiores que as de vizinhos
Por Aline Oyamada | De São Paulo
Valor Econômico, 7/08/2014

Reticentes com o cenário econômico, investidores têm cobrado mais caro do Brasil do que de vizinhos na América Latina para aplicar no país. Até 2012, o Brasil pagava prêmios de risco similares aos de alguns mercados da região. Desde então, as taxas descolaram.
Analistas argumentam que, enquanto alguns países latino-americanos reforçaram os fundamentos econômicos por meio de reformas estruturais nos últimos anos, o Brasil percorreu caminho oposto, apresentando, por exemplo, piora nas contas públicas e externas e no comprometimento com a meta de inflação. Ainda que o custo de algumas captações externas tenha diminuído recentemente, o país continua tendo que oferecer taxas mais atrativas aos investidores.
A diferença de percepção do mercado pode ser vista nos spreads dos contratos de seguro contra calotes - "credit default swap" (CDS), na expressão em inglês. No caso do Brasil, eles estão sendo negociados em patamares bem mais elevados que os da média das principais economias da América Latina. Esse tipo de contrato é uma medida de risco. Cada 100 pontos-base significa que o credor vai pagar o equivalente a 1% da sua carteira de investimento pela proteção oferecida pelo vendedor do CDS.
O CDS do Brasil com vencimento em cinco anos era negociado ontem com spread de 166 pontos-base, bem acima dos prêmios pagos pelo Chile (77), Colômbia (93), México (86) e Peru (94), de acordo com dados da consultoria Markit. Além disso, a diferença entre o prêmio do Brasil e a média desses quatro países saltou de sete pontos-base em 2010 para 72 pontos agora. No fim do ano passado, chegou a 99 pontos.
"Essa diferença aumentou quando começaram a ficar evidentes as manobras contábeis do governo para ocultar o descumprimento das metas fiscais", explica Rodolfo Oliveira, da consultoria Tendências. Os títulos da dívida externa brasileira também estão pagando spreads mais altos. Na última emissão, o país contratou taxa mais alta que as do México, Colômbia e Peru.