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quinta-feira, 25 de janeiro de 2024

Segundo Round do clash Venezuela contra a Guiana: não será ainda desta vez - Nota do Itamaraty

 NOTA À IMPRENSA Nº 31

Reunião da Comissão Conjunta Guiana – Venezuela em BrasíliaCompartilhe por Facebook

O Palácio Itamaraty sediará, na manhã de 25 de janeiro, reunião da Comissão Conjunta de Chanceleres e Técnicos da República Cooperativa da Guiana e da República Bolivariana da Venezuela. A instância foi estabelecida pela Declaração de Argyle para o Diálogo e a Paz entre Guiana e Venezuela, adotada em 14 de dezembro passado, em São Vicente e Granadinas.

Em Brasília, acompanharão o diálogo os governos do Brasil, por intermédio do Chanceler Mauro Vieira, de São Vicente e Granadinas (em exercício da presidência da Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos - CELAC) e de Dominica (em exercício da presidência da Comunidade do Caribe - CARICOM), que atuam como interlocutores principais no processo.

Também assistem ao encontro representantes da Secretária-Geral da CARICOM, em apoio à presidência da CARICOM, e do Secretário-Geral das Nações Unidas, na condição de observador.

O Governo brasileiro valoriza o compromisso da Guiana e da Venezuela com o processo de diálogo ora em curso, facilitado por atores e mecanismos regionais. Ressalta ainda o espírito de integração que move os países da América Latina e do Caribe com vistas a consolidar a região como uma zona de paz, cooperação e solidariedade.

Comunicações e Transparência Pública

sexta-feira, 24 de novembro de 2023

Ministros da defesa da América do Sul se reunem em Brasília e decidem que está tudo em paz - Nota do Itamaraty

 Os ministros e ministras de Defesa têm certaza de que está tudo bem? Vejam este parágrafo:

 Em um momento em que outras partes do mundo enfrentam conflitos armados, instabilidade política e crescentes tensões geopolíticas, as Ministras e Ministros recordaram a visão comum, registrada no Consenso de Brasília, de que a América do Sul constitui uma região de paz e cooperação, onde prevalecem o diálogo e o respeito à diversidade, comprometida com a democracia e os direitos humanos, o desenvolvimento sustentável e a justiça social, o Estado de Direito e a estabilidade institucional, a defesa da soberania e da integridade territorial, a não interferência em assuntos internos e a solução pacífica de controvérsias.”

Poxa vida: pensei que certas ameaças pairam no ar…


Ministério das Relações Exteriores

Assessoria Especial de Comunicação Social

 

Nota nº 542

22 de novembro de 2023

 

Primeira Reunião Sul-Americana de Diálogo entre Ministros da Defesa e das Relações Exteriores

 

Aconvite dos Ministros das Relações Exteriores, Mauro Vieira, e da Defesa, José Múcio Monteiro Filho, teve lugar, no Palácio Itamaraty, em 22 de novembro, a Primeira Reunião Sul-Americana de Diálogo entre Ministros da Defesa e das Relações Exteriores, ao amparo do Consenso de Brasília, adotado na Reunião de Presidentes da América do Sul, celebrada no dia 30 de maio.

O evento integra o calendário de atividades realizadas no contexto de relançamento da integração sul-americana, conforme estabelecido no Mapa do Caminho para a Integração da América do Sul, aprovado no último dia 5 de outubro.

O encontro teve por objetivo propiciar reflexões a respeito da atual conjuntura de paz e segurança internacional e regional, bem como dos elementos que deverão nortear a retomada do diálogo e da cooperação sul-americana em matéria de defesa.

Na reunião, também foram exploradas possíveis linhas de ação para o estabelecimento de diálogo regular entre os doze países sul-americanos em áreas consideradas prioritárias pelos Ministros de Defesa e Relações Exteriores. Na agenda do evento, foram realizados debates sobre temas de ajuda humanitária, segurança de fronteiras, defesa cibernética e indústria de defesa.

Adotou-se, ao final do encontro, declaração com diretrizes para a retomada do diálogo e da cooperação sul-americana em matéria de defesa, além de declaração especial sobre a questão das ilhas Malvinas. Para dar seguimento às iniciativas, também se decidiu estabelecer Rede de Contato, que permitirá manter espaço de coordenação permanente sobre os temas tratados na ocasião.

 

**********

DECLARAÇÃO DA PRIMEIRA REUNIÃO SUL-AMERICANA DE DIÁLOGO ENTRE MINISTROS DA DEFESA E DAS RELAÇÕES EXTERIORES

1. As Ministras e Ministros da Defesa e das Relações Exteriores e os representantes dos países da América do Sul reuniram-se em Brasília, em 22 de novembro de 2023, com o objetivo de realizar a "Primeira Reunião Sul-Americana de Diálogo entre as Ministras e Ministros da Defesa e das Relações Exteriores", com base no mandato conferido pelos Presidentes da América do Sul no Consenso de Brasília, em 30 de maio, e no Mapa do Caminho para a Integração da América do Sul, adotado em 5 de outubro.

2. Em um momento em que outras partes do mundo enfrentam conflitos armados, instabilidade política e crescentes tensões geopolíticas, as Ministras e Ministros recordaram a visão comum, registrada no Consenso de Brasília, de que a América do Sul constitui uma região de paz e cooperação, onde prevalecem o diálogo e o respeito à diversidade, comprometida com a democracia e os direitos humanos, o desenvolvimento sustentável e a justiça social, o Estado de Direito e a estabilidade institucional, a defesa da soberania e da integridade territorial, a não interferência em assuntos internos e a solução pacífica de controvérsias.

3. Nesse contexto, reafirmaram seu compromisso de retomar o diálogo regular sobre temas de interesse estratégico para a região, com o objetivo de consolidar um espaço de concertação e diálogo que permita fortalecer a confiança mútua e aperfeiçoar a coordenação e a cooperação diante de eventuais desafios e ameaças à segurança enfrentados pela região, baseados no respeito à soberania de cada país e nos princípios de autodeterminação, integridade territorial e não intervenção.

4. Reconhecendo a importância de uma abordagem abrangente para a segurança que leve em conta a natureza multidimensional dos desafios de segurança na região, as Ministras e Ministros mencionaram, como foco inicial de atenção, as seguintes áreas prioritárias: avaliação da conjuntura de paz e segurança internacional e regional; intercâmbio de melhores práticas em defesa cibernética; intercâmbio de experiências em ajuda humanitária, bem como prevenção e resposta a desastres; cooperação em indústrias de defesa; diálogo regular entre as Ministras e Ministros da Defesa e das Relações Exteriores, entre outras.

5. Levando em conta os pontos 8 e 9 do Mapa do Caminho para a Integração da América do Sul, acordaram:

a) realizar edições das Reuniões Sul-Americanas de Diálogo entre Ministras e Ministros da Defesa e das Relações Exteriores pelo menos uma vez por ano;

b) estabelecer uma Rede de Contatos composta por representantes dos Ministérios da Defesa e das Relações Exteriores de cada país para aprofundar a cooperação em áreas de interesse prioritário. Salvo decisão em contrário, a presidência rotativa do Consenso de Brasília atuará como facilitadora da Rede;

c) a Rede de Contatos manterá um diálogo regular e se reunirá, presencial ou virtualmente, quantas vezes sejam necessárias para avançar nas decisões adotadas no contexto das Reuniões Sul-Americanas de Diálogo entre Ministras e Ministros da Defesa e das Relações Exteriores. Grupos de trabalho ad hoc poderão ser criados para tratar temas específicos.


quinta-feira, 29 de junho de 2023

Luiz Zottmann: O desenvolvimento econômico e seus segredos: a experiência brasileira - lançamento dia 13/07, Brasília

Este não é um livro convencional sobre economia; é o resultado de anos de estudo, de prática, tanto no domínio acadêmico, quanto na formulação e operação de políticas econômicas, no plano macro e no das políticas setoriais. Cabe conhecer:

Luiz Zottmanan: 
O desenvolvimento econômico e seus segredos: a experiência brasileira 
(Curitiba: CRV, 2023),
em lançamento na Travessa do Casa Park de Brasília, dia 13 de julho, 19hs (com direito a champagne).




quinta-feira, 22 de junho de 2023

Desarmamento nuclear: em busca do sonho impossível - Reunião da Coalizão da Nova Agenda em Brasília (Nota do MRE)

 Ministério das Relações Exteriores

Assessoria Especial de Comunicação Social 

Nota nº 258

21 de junho de 2023

 

Comunicado conjunto emitido por ocasião de reunião da Coalizão da Nova Agenda (New Agenda Coalition) – Brasília, 19 de junho de 2023

 

1. Por ocasião do 25º aniversário da Coalizão da Nova Agenda (“New Agenda Coalition” - NAC), as altas autoridades dos seus Estados-membros - Brasil, Egito, Irlanda, México, Nova Zelândia e África do Sul - reuniram-se no Palácio Itamaraty, em Brasília, no dia 19 de junho. A reunião serviu para ressaltar o foco dedicado pela NAC ao desarmamento nuclear e seus esforços efetivos e ambiciosos para alcançar e manter um mundo livre de armas nucleares.

2. Os representantes da NAC saúdam a organização do Seminário "A Crise dos Regimes de Desarmamento e Controle de Armas Nucleares e o Papel da NAC", promovido pela Fundação Alexandre de Gusmão (FUNAG) e a “Pugwash Conferences on Science and World Affairs”, em 20 de junho de 2023. Aguardamos, com expectativa, a participação no evento e as mensagens a serem entregues pelos Ministros e Altos Funcionários, bem como pela Alta Representante das Nações Unidas para o Desarmamento, Izumi Nakamitsu.

3. A Coalizão foi fundada em 9 de junho de 1998 com o lançamento da Declaração de Dublin sobre "Um mundo livre de armas nucleares: a necessidade de uma nova agenda". Desde então, a NAC tem desempenhado um papel central como interlocutor chave nas negociações de desarmamento nuclear, sublinhando que todos os Estados partes do TNP, em particular os Estados com armas nucleares, devem cumprir integralmente suas obrigações e compromissos de desarmamento nuclear. A NAC também enfatiza os imperativos morais e éticos do desarmamento nuclear.

4. No contexto do TNP, a NAC foi fundamental na negociação dos "Treze Passos para o Desarmamento Nuclear", adotados na Conferência de Revisão do TNP, de 2000, e na adoção do "Plano de Ação" da Conferência de Revisão do TNP, de 2010. A NAC defendeu e garantiu a adoção de acordo sobre o “compromisso inequívoco dos Estados Nuclearmente Armados de realizar a eliminação total de seus arsenais nucleares com vistas ao desarmamento nuclear, ao qual todos os Estados partes estão comprometidos sob o artigo VI do Tratado”.

5. A NAC continuará a frisar que todos os acordos e compromissos assumidos nas sucessivas Conferências de Revisão constituem um acervo de responsabilidades que permanecem válidas até sua plena implementação e apelamos ao seu cumprimento urgente, em particular pelos Estados com armas nucleares.

6. A NAC é composta por Estados Não Nuclearmente Armados, desenvolvidos e em desenvolvimento, de diferentes regiões, que compartilham compromisso comum e de longa data com a total eliminação das armas nucleares por meio de soluções concretas e robustas.

7. Nesse contexto, a NAC reitera sua profunda preocupação com as catastróficas consequências humanitárias de qualquer uso de armas nucleares e o grave impacto que qualquer uso de armas nucleares, acidental ou deliberado, teria para a humanidade e para o planeta. A NAC está determinada a neutralizar as narrativas que buscam instrumentalizar a atual situação de instabilidade para justificar a ausência de progresso no desarmamento nuclear, bem como as tentativas de aumentar a relevância do papel das armas nucleares na segurança nacional, regional ou global.

8. A NAC destaca que, no frágil contexto de segurança internacional atual, todos os países, em particular os Estados Nuclearmente Armados, devem rejeitar qualquer normalização da retórica nuclear e, em particular, a ameaça do uso de armas nucleares, que só serve para minar o regime de desarmamento e não proliferação e é contrária à Carta das Nações Unidas.

9. À luz do exposto, os membros da NAC aproveitaram a oportunidade desta reunião de alto nível para reafirmar os princípios e os objetivos que a orientam e renovar o compromisso de buscá-los com revigorada energia durante o próximo Ciclo de Revisão do TNP. 


* * *
 

(versão original em inglês)

1. On the occasion of the 25th anniversary of the New Agenda Coalition (NAC), senior officials of its member states - Brazil, Egypt, Ireland, Mexico, New Zealand and South Africa - met at the Itamaraty Palace, in Brasilia, on 19 June 2023. The meeting served to mark the NAC`s dedicated focus on nuclear disarmament and its effective and ambitious efforts to achieve and maintain a world free of nuclear weapons.

2. NAC representatives welcome the organization of the Seminar "The Crisis of the Nuclear Disarmament and Arms Control Regimes and the Role of the NAC", promoted by the Fundação Alexandre de Gusmão (FUNAG) and the Pugwash Conferences on Science and World Affairs, on 20 June 2023. We look forward to engaging at the event and to the messages to be delivered by Ministers and High Level Officials as well as the High Representative of the United Nations for Disarmament, Izumi Nakamitsu.

3. The Coalition was founded on 9 June 1998 with the launch of the Dublin Declaration on "A Nuclear Weapons-Free World: the Need for a New Agenda". Since then, the NAC has played a central role as a key interlocutor in nuclear disarmament negotiations, underlining that all States Parties to the NPT, in particular the Nuclear-Weapon States, must fully implement their nuclear disarmament obligations and commitments. The NAC also emphasizes the moral and ethical imperatives for nuclear disarmament.

4. Within the context of the NPT, the NAC was instrumental in the negotiation of the "Thirteen Steps for Nuclear Disarmament" adopted at the 2000 NPT Review Conference, and to the adoption of the "Plan of Action" of the 2010 NPT Review Conference. The NAC championed and secured agreement on the `unequivocal undertaking of the Nuclear-Weapon States to accomplish the total elimination of their nuclear arsenals leading to nuclear disarmament, to which all States parties are committed under article VI of the Treaty`.

5. The NAC will continue to stress that all agreements and undertakings made at successive Review Conferences form an acquis of commitments that remain valid until their full implementation and we call for their urgent fulfillment, in particular by the Nuclear-Weapon States.

6. The NAC is composed of both developed and developing Non-Nuclear-Weapon States from different regions that share a common and long-standing commitment to the total elimination of nuclear weapons through concrete and robust solutions.

7. In this context, the NAC reiterates its deep concern at the catastrophic humanitarian consequences of any use of nuclear weapons and the grave impact any nuclear weapons use, accidental or deliberate, would have for humanity and for the planet. The NAC is determined to counteract narratives that seek to instrumentalize the current situation of instability to justify the absence of progress on nuclear disarmament, as well as attempts to increase the salience of the role of nuclear weapons in national, regional or global security.

8. The NAC highlights that in the current fragile international security environment, all countries, in particular the Nuclear-Weapon States, should reject any normalization of nuclear rhetoric and, in particular, the threat of use of nuclear weapons, which only serves to undermine the disarmament and non-proliferation regime and is against the UN Charter.

9. In light of the above, NAC members seized the opportunity of this high-level meeting to reaffirm the principles and objectives guiding the NAC and recommit to pursue them with renewed energy during the course of the upcoming NPT Review Cycle.

 

[Nota publicada em: https://www.gov.br/mre/pt-br/canais_atendimento/imprensa/notas-a-imprensa/comunicado-conjunto-emitido-por-ocasiao-de-reuniao-da-coalizao-da-nova-agenda-new-agenda-coalition-2013-brasilia-19-de-junho-de-2023 ]

quarta-feira, 8 de junho de 2022

Itamaraty de portas abertas: Wladimir Murtinho e o Palácio do Itamaraty (Correio Braziliense)

 Itamaraty de portas abertas

Correio Braziliense, 08/06/2022 06:00

O Palácio Itamaraty: conheça mais sobre o prédio símbolo da diplomacia  brasileira | Curso Sapientia 

Quando o governo republicano deslocou-se para o Palácio do Catete em 1897, após ter-se abrigado por seus oito primeiros anos no antigo palacete do Conde de Itamaraty, legou ao Ministério das Relações Exteriores a primeira sede da Presidência. O palacete no centro do Rio de Janeiro viria a sediar a pasta por mais de 70 anos e acabaria por atribuir também a alcunha pela qual se tornou conhecida a diplomacia brasileira. Tamanha é a identidade entre o nome e a instituição que, por ocasião da mudança para a nova capital, aquele que Oscar Niemeyer havia batizado "Palácio dos Arcos" consolidou-se como "Palácio Itamaraty", por decreto presidencial, antes mesmo de sua inauguração oficial em 1970.

As novas edificações combinaram a tradição de uma instituição centenária com a modernidade da nova capital. A face conhecida desse feito, Oscar Niemeyer, contou com a colaboração de diversos profissionais e operários que merecem nossa homenagem e gratidão. O responsável por levar o espírito do Itamaraty para a prancheta do arquiteto foi o diplomata Wladimir do Amaral Murtinho, entusiasta da nova capital e presidente da Comissão de Transferência do Itamaraty para Brasília. Murtinho transmitiu ao projetista as necessidades da instituição, as funções, os valores, a história. Envolveu-se direta e ativamente nos trabalhos de ambientação, idealizando verdadeira síntese das artes modernistas a serviço do país.

O diplomata enxergou como ninguém a oportunidade de fazer da nova sede da chancelaria verdadeira vitrine da criatividade, qualidade e produção brasileiras. Materiais, artistas, designers, temas, vegetação, tudo deveria remeter ao Brasil e valorizar o elemento nacional, refletindo a missão institucional. O Ministério das Relações Exteriores representa o Estado brasileiro: os objetos, os móveis, as obras de arte são expressões do país e revestem-se de papel de representação da nacionalidade e da cultura brasileira, para além de seu uso cotidiano.

A influência de Murtinho sobre a nova sede do Itamaraty impactou a paisagem urbana no coração da Esplanada. Ao insistir com Niemeyer que os convidados estrangeiros fossem recebidos em edifício mais imponente do que o originalmente planejado, tornou a sede do Ministério, mais tarde acompanhada pelo Palácio da Justiça, espécie de prelúdio à Praça dos Três Poderes.

Murtinho, contudo, não se preocupava apenas com a apresentação do Brasil para o mundo. Entendia que o patrimônio pertencia ao povo brasileiro, que deveria ter acesso a essa riqueza do país. Em 1967, após os primeiros eventos oficiais na nova sede do Ministério, franqueou o edifício à população de Brasília. Ao fazê-lo, repetia, talvez sem saber, iniciativa de 1930, quando o palacete no Rio de Janeiro foi aberto ao público por quatro domingos, após obras de restauro e a construção de novo edifício para a biblioteca.

Essas iniciativas antecederam a tradição de celebração do patrimônio, desenvolvida nos anos 1980 e 1990, quando diversos países pelo mundo passaram a estabelecer dias de "portas abertas", para a visitação pública de edifícios governamentais representativos. Algumas de nossas embaixadas adotaram a iniciativa e a mantém até hoje, como em Buenos Aires, Madri, Montevidéu e Paris.

Em linha com a intenção de ampliar o acesso aos espaços públicos, o MRE mantém há mais de uma década serviço regular de visitação educativa. Público e convidados têm a oportunidade de conhecer um pouco da história, da arquitetura e das obras de arte do acervo do Palácio Itamaraty. O percurso pelas áreas comuns e de recepção despertam o interesse não só pelos ambientes de trabalho, mas também pelas atividades do órgão e pelo significado da diplomacia para o Estado brasileiro.

Retomando as iniciativas de 1930 e 1967, e no intuito de aproximar cidadãos do cotidiano do Ministério, o Itamaraty abrirá suas portas neste sábado, 11 de junho, data de nascimento do embaixador Murtinho, para visita cívica estendida, que incluirá, além do trajeto tradicional, cerca de oito ambientes normalmente inacessíveis ao público. 

No ano em que o Brasil celebra o bicentenário da independência e o centenário da Semana de Arte Moderna de São Paulo, completam-se também 20 anos do falecimento de Wladimir Murtinho. Parece propício que o Itamaraty lance, nesse dia e neste ano, o que se espera venha a tornar-se nova tradição de Brasília: um dia de portas abertas da sede do Itamaraty, uma ocasião para resgatar, debater e celebrar o patrimônio histórico, artístico e cultural do órgão, da cidade e do país. Esse dia só poderia chamar-se Jornada Wladimir Murtinho.

https://www.correiobraziliense.com.br/opiniao/2022/06/5013709-artigo-itamaraty-de-portas-abertas.html


quinta-feira, 31 de dezembro de 2020

Lista consolidada de trabalhos, 1993-1994 (formato abreviado), do n. 309 ao n. 470 (Brasília-Paris) - Paulo Roberto de Almeida

 Lista consolidada de trabalhos, 1993-1994 (formato abreviado)

Do n. 309 ao n. 470

 

 

Paulo Roberto de Almeida

(www.pralmeida.orghttp://diplomatizzando.blogspot.compralmeida@me.com)

 [Objetivo: lista de consolidar trabalhos; finalidade: divulgação de inéditos e publicados]; atualizado em 30/12/2020.

 

 

1993: 

309. “Revista Brasileira de Política Internacional: Análise de Situação e Propostas ao Conselho Curador”, Brasília: 15 dezembro 1992, 9 p. 

310. “Brasile: Proceso Storico a un Grande Paese”, Brasília: 5 janeiro 1993, 8 p. Resenha do livro de Angelo Trento, Il Brasile: una grande terra tra progresso e tradizione, 1808-1990 (Firenze: Giunti, 1992, 204 pp.). Revista em 15/01/1993, para incorporar informação sobre o livro traduzido de Trento, Do Outro Lado do Atlântico: um século de imigração italiana no Brasil (São Paulo: Nobel-Istituto Italiano di Cultura di San Paolo-Instituto Cultural Italo-Brasileiro, 1989). Publicada, na versão original e sob o título “Brasil: Processo Histórico de um Grande País”, na revista Quaderni (São Paulo: Instituto Italiano de Cultura, Nuova Serie, nº 4, giugno 1993, p. 71-77). Relação de Publicados n. 132.

311. “O Brasil, a Integração do Mercosul e a Integração Europeia”, Brasília: 13 janeiro 1993, 11 p. Subsídios para discurso do Chanceler Fernando Henrique Cardoso na “Chattam House”, Londres, em sua viagem à Inglaterra (27/01/1993).

312. “A Política Externa e o Comércio Exterior Brasileiro”, Brasília: 14 janeiro 1993, 10 p. Subsídios para discurso do Ministro de Estado na “British-Brazilian Chamber of Commerce” (London, 27/01/1993).

313. “The Southern Common Market Integration Process, Mercosul: The Brazilian Perspective”, Brasília: 20 janeiro 1993, 12 p. Subsídios para discurso do Ministro de Estado na Canning House Conference “Latin American Integration: its potential and significance for business” (Londres 27/01/1993).

314. “O Mercosul dos Professores e Operários”, Brasília: 22 janeiro, 14 p. Artigo sobre a dimensão social do processo de integração. Publicado no Boletim de Integração Latino-Americana (Brasília: n. 8, janeiro-março 1993, p. 8-13). Relação de Publicados n. 119.

315. “O Mercosul para Aprendizes”, Brasília: 23 janeiro 1993, 5 p. Resenha de Janine da Silva Alves: Mercosul: características estruturais de Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai: Uma análise de base exploratória de indicadores econômicos e sociais (Florianópolis: Editora da UFSC, 1992, 172 pp.). Publicado no Boletim de Integração Latino-Americana (Brasília: n. 8, janeiro-março 1993, p. 114-115). Relação de Publicados n. 120.

316. “Nota do Editor”, Brasília: 23 janeiro 1993, 3 p. Apresentação ao Boletim de Integração Latino-Americana (n. 8, janeiro-fevereiro 1993, p. i-ii). Relação de Publicados n. 118.

317. “O Mercosul na Agenda Diplomática do Brasil”, Brasília: 27 janeiro 1993, 9 p. Texto para volume organizado pelo IBGE, Mercosul: Sinopse Estatística (Rio de Janeiro: IBGE, 1993) enfocando o processo negociador nos dois primeiros anos do Tratado de Assunção.

(...)



460. “Relações econômicas internacionais do Brasil: ensaio de síntese histórica”, Paris, 14 novembro 1994, 5 p. Esquema de trabalho, segundo uma história linear das relações econômicas internacionais do Brasil, tendo como anexos uma cronologia comentada e uma lista de atos internacionais econômicos firmados pelo Brasil.

461. “Relações econômicas internacionais do Brasil: Etapa Colonial”, Paris, 15 novembro 1994, 8 p. Cronologia comentada de eventos, processos e negociações relativas às relações econômicas internacionais do Brasil, com impacto no seu desenvolvimento, nas relações exteriores do País e na sua diplomacia econômica. Versão provisória, elaborada com base em Hélio de Alcântara Avellar: História Administrativa e Econômica do Brasil (2a. ed., Rio de Janeiro: FENAME, 1976); a ser reescrita, com base em novas fontes secundárias. Divulgada no blog Diplomatizzando (30/12/2020; link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2020/12/brasil-relacoes-economicas.html).

462. “La Recherche Urbaine au Brésil dans le cadre de la coopération avec la France”, Paris, 19 novembro 1994, 6 p. Texto elaborado para servir de alocução introdutória por representante da Embaixada no colóquio “La Recherche sur la Ville au Brésil”, no quadro das “Journées Internationales du Pir Villes” (CNRS, 28-29 novembre 1994). Não utilizado. Divulgado no blog Diplomatizzando (30/12/2020 ; link : https://diplomatizzando.blogspot.com/2020/12/la-recherche-urbaine-au-bresil-dans-le.html).

463. “Le Brésil à l’Aube du XXIe siècle”, Paris, 23 novembro 1994, 6 p. Texto preparado para servir de palestra do Emb. Carlos Alberto Leite Barbosa em almoço na “Maison de l’Europe”. Divulgado no blog Diplomatizzando(30/12/2020 ; link : https://diplomatizzando.blogspot.com/2020/12/le-bresil-laube-du-xxieme-siecle-1994.html).

464. “À guisa de prefácio”, Paris, 06 dezembro 1994, 4 p. Introdução à antologia pessoal de resenhas Vivendo com Livros(Paris: Editora Maíra, 1994, 406 pp.), expondo os objetivos da coletânea e resumindo meu itinerário de leituras. Relação de Publicados n. 170.

465. “O Estado da Nação no Limiar de um Novo Governo”, Paris, 8 dezembro 1994, 4 p. Artigo jornalístico sobre a agenda de temas do próximo Governo, nas frente interna e externa. Publicado, sob o título de “No Limiar do Novo Governo”, em O Estado de São Paulo (19/12/1994, p. 2). Divulgado no blog Diplomatizzando (30/12/2020; link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2020/12/o-estado-da-nacao-no-limiar-de-um-novo.html). Relação de Publicados n. 171.

466. “Données Générales concernant le Marché Commun du Sud”, Paris, 14 dezembro 1994, 5 p. Compilação de dados sobre o Mercosul, em perspectiva comparada, para informação jornalística e geral.

467. “Cadernos de Leituras”, Paris, 16 dezembro 1994, 14 p. Relação temática de obras anotadas e compilação dos títulos das obras resumidas ou resenhadas nos nove cadernos de notas elaborados a partir de 1971 na Bélgica, tratando de antropologia, marxismo, problemas agrários, sociologia, problemas brasileiros (3 cadernos), história social e bibliografia geral. Relação incluída como apêndice no volume Vivendo com Livros (Paris: Editora Maíra, 1994, 406 p.). Relação de Publicados n. 170.

468. “Nota Biobibliográfica”, Paris, 16 dezembro 1994, 3 p. Nota curricular com seleção de trabalhos publicados, para inclusão como apêndice no volume Vivendo com Livros (Paris: Editora Maíra, 1994, 406 pp.). Relação de Publicados n° 170.

469. “A agenda internacional do Governo FHC em 1995”, Paris, 20 dezembro 1994, 4 p. Artigo sobre os temas de política externa do novo Governo. Publicado no O Estado de São Paulo (Sábado, 07.01.95, p. 2). Divulgado no blog Diplomatizzando (30/12/2020; link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2020/12/a-agenda-internacional-do-governo-fhc.html). Relação de Publicados n. 173.

470. “A agenda internacional do Governo Fernando Henrique Cardoso: temas dominantes, linhas de continuidade”, Paris, 23 dezembro 1994, 10 p. Artigo sobre os temas de política externa do novo Governo. Encaminhado à revista Política Externa. Postado no blog Diplomatizzando (26/01/2019; link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2019/01/redescobrindo-ineditos-8-politica.html).

 

Fim da lista de 1993-1994; 

Brasília, 30/12/2020

Postado na plataforma Academia.edu (link: https://www.academia.edu/44804389/3829_Lista_consolidada_de_trabalhos_1993_1994_formato_abreviado_)


Ler a íntegra da lista no link acima.

quarta-feira, 22 de abril de 2020

Brasilia, 60 anos - Ronaldo Poletti, presidente do IHG-DF

Por ocasião do 60. aniversário de Brasília, agora uma senhora sexagenária – exposta, portanto, aos perigos do Covid-19, pois já entrada no grupo de risco –, o presidente do Instituto Histórico e Geográfico, Ronaldo Poletti, escreve uma mensagem, para preencher o espaço de uma reunião agora dispensada, dadas as agruras do momento, sobre o significado da data.
Um dos membros envia seu poema em homenagem à cidade.
Paulo Roberto de Almeida

BRASÍLIA, 60 ANOS!

O Instituto Histórico e Geográfico do Distrito Federal celebra o aniversário de Brasília, e lembra seu patrono Juscelino Kubitschek, o fundador da cidade. E registra a memória dos que criaram a entidade em 1964, pensada desde 1960. Muitos membros do IHGDF foram pioneiros na epopeia da construção da cidade pelo povo vindo de todos os rincões da Pátria. 
Brasília será sempre a expressão da unidade brasileira e o centro da política decorrente de todas as regiões do nosso imenso território, na realização de nosso destino.
No dia de hoje, as circunstâncias impedem a cerimônia que havíamos programado. Porém, todos os sócios acadêmicos estão reunidos, espiritualmente, para a comemoração da efeméride, e cumprimentam todos os habitantes de Brasília, os quais têm sabido continuar a realização do sonho iniciado há 60 anos.
Parabéns a Brasília e a todos nós.
Ronaldo Poletti
Presidente

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Aos Prezados Companheiros do Instituto Histórico e Geográfico do Distrito Federal

Tenho motivos de sobra para celebrar os Sessenta 
Anos desta cidade.
Cheguei com meus pais 
em Brasília, no dia 19 de outubro de 1959. 
Nasci no Espirito Santo mas aqui vivi mais de 4/5 da minha vida e 
acompanho a sua História desde então.
Meu pai é Cidadão Honorário de  Brasília.
Todas as minhas 
filhas nasceram aqui.
É o meu mundo. É a minha cidade.

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Adonias Santiago,  21 de abril de 2020.  

 BRASÍLIA, MEU TESOURO, MEU LUGAR

Brasília. Minha maravilhosa cidade
Tem especial beleza, valor e energia.
Aqui, no coração do Brasil, é realidade
Que me enche de orgulho a cada dia.

Brasília é feita de gente que trabalha,
Que luta pela vida e se sustenta
Com honestidade e brio que se espalha
Em qualquer lugar que se apresenta

Brasília, marca e símbolo da humanidade,
É a meta de quem busca um novo tempo.
Cidade para quem quer ter oportunidade
De crescer e dar à existência novo alento.

Por isso, ao completar sessenta anos
Vamos todos, de coração alegre celebrar
Esta data especial da cidade que amamos,
Que é Brasília, Meu Tesouro, Meu Lugar.

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domingo, 28 de agosto de 2016

I Semana Pela Liberdade da UnB: programacao dos Estudantes Pela Liberdade

O mais surpreendente, nessa programação, é que se trata da PRIMEIRA semana pela liberdade. Será que a liberdade estava tão esquecida assim?
Espero que seja a primeira de muitas, e sobretudo que ela produza rebentos na vida real.
Gostaria de complementar o título dado à minha palestra, no último dia, sexta-feira 16/09: " O populismo econômico e a ‘destruição destruidora’ na América Latina”
Paulo Roberto de Almeida

Programação:
Vem aí a primeira Semana pela Liberdade na UnB!!
Será uma semana voltada para debates, workshops e palestras sobre temas raramente vistos por perspectivas diferentes, com convidados excepcionais.
Uma parceria de diversos grupos liberais e conservadores para dar voz a visões de mundo diferente do que estamos acostumado na Universidade de Brasília.
Sua presença é muito importante, principalmente se for calouro. É através da disseminação de idéias que podemos transformar o ambiente que vivemos, tudo em prol do indivíduo, pois quando agimos para o bem dele, agimos para o bem da sociedade!

Dê uma olhada no nosso cronograma:

Segunda (12/09): das 18:15 as 20:00 no Auditório do Instituto de Ciência Política. --> Palestra com o Professor Roberto Ellery, sobre a soluções para a educação superior no Brasil.
Terça (13/09): das 18:30 as 20:00 no Auditório do Instituto de Ciência Política. --> Palestra com Professor Bráulio, sobre a doutrinação nas escolas e o sobre o que é o Escola Sem Partido.
--> Palestra com o Leandro Narloch!
Quarta (14/09): das 18 as 20:00 no Auditório do Instituto de Ciência Política. --> Mesa redonda sobre a CPI da UNE, com estudantes de diversos cursos e membros do Instituto Liberal do Centro Oeste (ILCO).
Quinta (15/09): das 18:00 as 20:30 no Auditório do Instituto de Ciência Política. --> O que é conservadorismo? Com Felipe Melo, aluno da Universidade de Brasília e membro do Instituto Conservador de Brasília.

Encerraremos com nossa CONFERÊNCIA!!!
Das 14 as 18 horas, sexta (dia 16/09), no auditório de Ciência Política.
--> Presença confirmada de Adolfo Sachsida, falando sobre a crise fiscal brasileira.
--> Presença confirmada de Paulo Roberto de Almeida, falando sobre o populismo na América Latina


VAGAS LIMITADAS

"Creio que, em qualquer época, eu teria amado a liberdade; mas, na época em que vivemos, sinto-me propenso a idolatrá-la." Alexis de Tocqueville

sábado, 14 de novembro de 2015

Nao existem falhas de mercado; se falhas existem, elas sao de governo - Paulo Roberto de Almeida


Não existem falhas de mercado; se falhas existem, elas são de governo

Paulo Roberto de Almeida
Com meus agradecimentos ao Arnaldo Barbosa Brandão

Adam Smith vai ao cerrado
Estou lendo um “romance” saboroso: Encaixotando Brasília, o segundo de uma trilogia do Arnaldo Barbosa Brandão (Brasília: Verbena, 2012), e chego ao capítulo V, “Uma certa Brasília”, que descreve, em tons literários, supostamente verdadeiros, mas com alguns traços de “macondianismo”, suas primeiras andanças e vivências na capital em construção:
“Foi em Brasília que vi, pela primeira vez, alguém comprando um produto insólito. A fila começava na W3 Sul na altura da 509... e ia até a 511, esticando-se por uns quinhentos metros, e o mais singular, só tinha homens. No princípio da fila notei um ajuntamento maior de pessoas e bem no centro um camelô, vendendo uns frasquinhos miúdos com algo dentro que não conseguia divisar de longe. Aproximei-me, curioso, tentando saber que produto precioso era aquele, que obrigava as pessoas interessadas a tanta espera e quando recebia saíam exultantes, correndo, dando pulinhos. Ouvi claramente o camelô gritar: “este é garantido!” Imaginei que fosse algum remédio popular feito de ervas, tinha uma cor amarronzada, acabei por perguntar a um dos compradores, que me olhou desconfiado e não respondeu, aguçando ainda mais minha curiosidade. Finalmente, a muito custo, cheguei ao bolo de gente e indaguei do dono do negócio, que me respondeu secamente:
– É fezes, mas é garantido, não tem qualquer tipo de lombriga, com nossa merda seu exame de fezes dá sempre negativo.
Aí entendi tudo! Os empregadores exigiam abreugrafia e exame de fezes..., se os candidatos ao emprego levassem suas próprias fezes certamente daria positivo para uma infinidade de lombrigas e eles perderiam a vaga.” (p. 63-64)

O que descreve Arnaldo Barbosa Brandão, o famoso a.b.b., em tom irônico, é a própria “mão invisível” de Adam Smith, em pleno e livre funcionamento no cerrado. Os microempresários do planalto central, consoante seu tino empreendedor, não estão fazendo nenhum favor aos sôfregos candidatos a um emprego qualquer na Brasília em construção: ao vender merda em frasco, eles estão apenas atendendo às demandas dos pretendentes que se confrontam a uma regra qualquer estabelecida pelo governo. Em face dessa “restrição indevida” das condições de mercado – laboral, neste caso – empresários atentos dão um jeito de contornar as obrigações oferecendo o produto desejado, merda engarrafada, confirmando assim, em toda a sua glória, a grande, talvez única, lei da economia, o encontro da demanda com a sua oferta.
Em outros termos, você não precisa enfrentar as 2.500 páginas escritas num inglês oitocentista do genial escocês fundador da economia política para entender como funciona a “mão invisível” de que falava Adam Smith: basta ler o saboroso romance de Arnaldo Barbosa Brandão, arquiteto de formação e homem de muitas outras artes e ofícios, para ter uma ideia exata de como funciona o mercado, o que também explica o título desta pequena crônica. O mercado está sempre aberto a todo e qualquer tipo de transação, mesmo as mais insólitas, como a descrita neste trecho do romance do a.b.b. São os governos que impõem determinas regras – restrições, seria a palavra exata – o que faz com que o mercado encontre, quase imediatamente, a “solução” para a falha criada por uma autoridade qualquer.
Meu objetivo aqui não é o de sugerir novas e imaginativas formas, sobretudo insólitas, como essa, para que empresários atentos contornem certas falhas de governo. Meu objetivo é justamente o de defender o argumento de que não existem falhas de mercado, como alegam, talvez, mais de 90% dos manuais de economia, sobretudo os de corte keynesiano, pois os mercados funcionam perfeitamente bem, sempre. Se falhas existem, elas são sempre de governo, como teremos oportunidade de mostrar em próxima crônica.
Salve a.b.b.! Vamos adiante no romance...

Brasília, 14 de novembro de 2015, 2 p.