O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

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quarta-feira, 19 de fevereiro de 2020

Universidades federais reclamam de Weintraub e de Guedes

Concordo em que o Weintraub é um desqualificado para o cargo que ocupa, e que o Guedes poderia ficar calado, quando não está tramando novas artimanhas para garantir o equilíbrio das contas públicas – que precisa ocorrer, independentemente do que pensem os universitários –, e também concordo em que as universidades estão asfixiadas, ou seja, cada vez com menos recursos para garantir o seu funcionamento adequado (sem falar de investimentos em novos projetos).
Mas, também acho que os universitários são todos alfabetizados, grandiosos, inclusive com matemáticos, administradores, físicos, economistas, engenheiros, enfim, gente absolutamente preparada para administrar de maneira racional o orçamento universitário e programas de captação de novas fontes de recursos. Sou pela autonomia TOTAL das universidades, inclusive para resolver sobre salários, cargos, disciplinas, programas e todos os demais aspectos, em benefício de seus ALUNOS e da SOCIEDADE. O Estado deveria assegurar o B ÁSICO, para o funcionamento das universidades – mas também acho que os alunos dos dois primeiros graus merecem ganhar mais do Estado – e todos os demais aspectos deveriam ser resolvidos por administradores competentes.
Paulo Roberto de Almeida

UFRJ se manifesta contra os últimos atos do Governo Federal

Na última quinta-feira, 13/2, o Conselho Universitário (Consuni), órgão máximo da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), manifestou-se publicamente contra os últimos atos do Governo Federal.
O Conselho Universitário da Universidade Federal do Rio de Janeiro, reunido em sessão de 13 de fevereiro de 2020, manifesta seu repúdio aos últimos atos do governo que tentam controlar e cercear a produção do conhecimento e a autonomia universitária. Desde dezembro, os ataques dos ministros Weintraub e Paulo Guedes se intensificaram, com a edição de medidas que, por um lado, asfixiam o orçamento da universidade, e por outro, atacam a liberdade da produção de conhecimento. No conjunto, são medidas que sacrificam o princípio constitucional, previsto no artigo 207, da autonomia universitária, tema tão caro para a comunidade acadêmica da UFRJ.  
A Medida Provisória 914, por exemplo, editada na véspera do Natal, altera as regras da eleição para reitor e evidencia o caráter intervencionista do Ministério da Educação. Outra medida draconiana veio com a Portaria 2.227 que tentava aumentar o controle sobre as missões técnicocientíficas de pesquisadores e técnicos vinculados ao MEC. Após intensa mobilização da comunidade científica de todo o país, conquistamos algum recuo, mas ainda insuficiente. Em todo o Brasil, nossas condições de trabalho estão ameaçadas pelo corte orçamentário, com efeitos imediatos sobre técnicos e professores concursados e substitutos.
 
A proposta orçamentária do Governo Federal, aprovada pelo Congresso Nacional esse ano, não assegura o funcionamento das universidades. Ao contrário, deixa sob risco o pagamento de despesas obrigatórias, como o salário de docentes e técnico-administrativos, reduz o orçamento da assistência estudantil, compromete os serviços realizados pelos trabalhadores terceirizados, impede a reposição das vagas de servidores aposentados, exonerados ou falecidos, paralisa obras inadiáveis de infraestrutura para o ensino, a pesquisa e a extensão. Como está colocada contradiz até mesmo a Lei de Responsabilidade Fiscal, que preserva a educação, a saúde e a segurança dessas limitações. O Governo Federal, através de um orçamento reduzido, asfixia a universidade pública e impede a continuidade da excelência acadêmica e relevância social dos serviços prestados.
 
 Na UFRJ, há centenas de servidores efetivos e temporários que ainda não tomaram posse, quase 30 professores substitutos da Educação Básica do Colégio de Aplicação aguardando assinatura de contrato, ocasionando um grande número de estudantes da educação infantil, do Ensino Fundamental e do Ensino Médio sem aulas de diferentes disciplinas, inclusive as crianças portadoras de deficiência.
 
Nesse primeiro Conselho Universitário de 2020, conclamamos toda a comunidade acadêmica a somar esforços para garantir a universidade que sonhamos e construímos com muita luta, a partir da redemocratização do país. A autonomia, a gratuidade, a liberdade de cátedra, as carreiras, a democracia interna, a avaliação por pares, o grande sistema de apoio e fomento à pesquisa, a democratização do acesso, com o sistema de cotas e o SISU foram fruto do trabalho de muitas gerações. Não podemos perder todo esse patrimônio para a truculência de governantes que sistematicamente nos atacam, nos desrespeitam e tentam impor uma era de regressão e ignorância. Não somos parasitas, somos servidores públicos concursados que dedicam a vida à construção de uma nação mais justa, mais republicana, mais igualitária e mais fraterna.

quarta-feira, 20 de junho de 2018

Miseria da universidade brasileira: tem remedio? - Artigo de Dennys Garcia Xavier (Gazeta do Povo)

Golpe? É hora do “contragolpe” nas universidades brasileiras


Querem falar sobre impeachment, sobre liberdade ou ciência? Ótimo, é mesmo preciso. Que não seja, entretanto, sob a égide da foice e do martelo balançando sobre nossas cabeças

Dennys Garcia Xavier 
Gazeta do Povo, 20/06/2018

Há vida inteligente dentro da Universidade brasileira e ela está farta de se submeter. Nossa história acadêmica não é muito diversa daquela verificada em outras instâncias dependentes da “arquitetônica do jeitinho”, própria da Zumbilândia chamada Brasil. 
Nos esportes, por exemplo, acontece de modo quase idêntico: não produzimos boa qualidade em série ou de forma sistemática – sequer em quantidade risível – e, então, na maioria das vezes, dependemos de talentos individuais/abnegados que surgem, aqui e ali, também como exceções que confirmam a regra da nossa reconhecida incompetência. 
No mundo das Instituições de Ensino Superior, o tal “curso sobre o golpe”, multiplicado pelas Universidades tupiniquins na velocidade que só a sua mediocridade permitiria, não poderia ficar sem resposta. Resolvemos agir (e não apenas neste caso). 
“Oras, mas não se pode oferecer livremente um curso sobre o tal ‘golpe’, mesmo com clara intenção ideológico-partidária, dentro de uma Universidade?”, alguém poderia justamente perguntar. Claro que pode, responderia eu, mas talvez não deva, especialmente diante de um quadro geral que coloca nosso sistema de ensino entre os piores do mundo, acompanhado de países miseráveis, alguns dos quais em guerra civil declarada. 
É preciso superar a fase do medo de reputações manchadas pelo submundo universitário, das ameaças patrocinadas por colegas, da perseguição sorrateira no interior dos Departamentos e Faculdades. É preciso avançar, mesmo com o inevitável sacrifício pessoal naturalmente derivado do combate a práticas políticas que nos arrastam progressivamente para a periferia da produção científica no mundo. Somos uma pátria de analfabetos/analfabetos funcionais. E a Universidade tem enorme parcela de culpa nesta história. É preciso mudar com máximo senso de urgência. 
A UniLivres, organização de alunos e professores que tem como principal objetivo exatamente a luta pela liberdade dentro das Instituições de Ensino Superior do país, oferece alternativa. Querem falar sobre impeachment, sobre liberdade ou ciência? Ótimo, é mesmo preciso. Que não seja, entretanto, sob a égide da foice e do martelo balançando sobre nossas cabeças. 
Eis aqui proposta concreta: curso de extensão “Democracia e Liberdade em tempos de crise - impeachment e ciência na Universidade brasileira”. Conteúdo ministrado gratuitamente, via WEB, por cinco professores universitários distantes do universo das utopias coletivistas, obtusas e castradoras que nos levaram a fracasso inequívoco. 
Estamos falando de atividade suprapartidária, de abordagem técnica, com bibliografia que não inclui, por exemplo, blogs patrocinados por vassalos de correntes políticas comprometidos com valores dificilmente confessáveis, mas sobremaneira explícitos nas trincheiras sindicais ideologicamente aparelhadas. São cinco módulos de formação, com, em média, uma hora cada, sobre Educação (Profa. Anamaria Camargo), Literatura (Profa. Fernanda Sylvestre), Filosofia (com o autor deste texto), Economia (Prof. Ubiratan Jorge Iorio) e Direito (Profa. Janaína Paschoal). 
Inscrita ou não, qualquer pessoa pode assistir às aulas pela página da UniLivres no Facebook ou pelo  YouTube
A importância de tais iniciativas? Bem, os fatos falam por si com eloquência. 
Há tempos a Universidade brasileira virou as costas para a sociedade que a mantém. Há uma série de fatores que explicam o fenômeno, sem, entretanto, justificá-lo minimamente. 
Em primeiro lugar, a estrutura pensada para as Instituições Públicas de Ensino Superior é o que poderíamos denominar “entrópica”. Com isso quero dizer que passam mais tempo a consumir energia para se manter em operação do que a fornecer, como contrapartida pensada para a sua existência, efetivo aperfeiçoamento na vida das pessoas comuns, coagidas a bancá-las por força de imposição estatal. 
Insisto para evitar mal-entendidos: não desconsidero as contribuições pontuais e louváveis que a custo conseguimos divisar no interior das IPES. No entanto, não é esse o seu arcabouço procedimental de sustentação. Os exemplos de desprezo pelo espírito republicano e pelo real interesse da nação se multiplicam quase que ao infinito: Universidades e cursos abertos sem critério objetivo de retorno, bolsas e benefícios distribuídos segundo regras pouco claras – muitas vezes contaminadas por jogos internos de poder político –, concursos e processos seletivos pensados “ad hoc” para contemplar interesses subjetivos e pouco nobres entre outros. Em texto que contou com grande repercussão nacional, o Prof. Paulo Roberto de Almeida esclarece o que aqui alego: 
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Não é segredo para ninguém que as IPES funcionam em bases razoavelmente “privadas” – isto é, são reservadas essencialmente para uma clientela relativamente rica (classes A, B+, BB, e um pouco B-, com alguns merecedores representantes da classe C), que se apropria dos impostos daqueles que nunca terão seus filhos nesses templos da benemerência pública. Na verdade, essa clientela é a parte menos importante do grande show da universidade pública, que vive basicamente para si mesma, numa confirmação plena do velho adágio da “torre de marfim”. Não se trata exatamente de marfim, e sim de uma redoma auto e retroalimentada pela sua própria transpiração, com alguma inspiração (mas não exatamente nas humanidades e ciências sociais). A Capes e o CNPq, ademais do próprio MEC, asseguram uma confortável manutenção dos aparelhos que mantém esse corpo quase inerme em respiração assistida, ainda que com falhas de assistência técnica, por carência eventual de soro financeiro. 
Nessa estrutura relativamente autista, a definição das matérias, disciplinas e linhas de pesquisa a serem oferecidas a essa distinta clientela não depende do que essa clientela pensa ou deseja, e sim da vontade unilateral dos próprios guardiães do templo, ou seja, os professores, inamovíveis desde o concurso inicial, independentemente da produção subsequente. A UNE, os diretórios estudantis, os avaliadores do Estado, os financiadores intermediários (planejamento, Congresso, órgãos de controle) e últimos de toda essa arquitetura educacional (isto é, toda a sociedade) e, sobretudo os alunos, não possuem nenhum poder na definição da grade curricular, no estabelecimento dos horários, na determinação dos conteúdos, na escolha da bibliografia, no seguimento do curso, enfim, no desenvolvimento do aprendizado, na empregabilidade futura da “clientela”, que fica entregue à sua própria sorte. Sucessos e fracasso são mero detalhe nesse itinerário autocentrado, que não cabe aos professores, às IPES, ao MEC responder pelos resultados obtidos (ou não), que de resto são, também, uma parte relativamente desimportante de todo o processo . 
Jamais questione, portanto, pelos motivos expostos, os tantos “gênios” produzidos e alimentados pela academia brasileira. No geral, pensam ser nada mais do que uma obviedade ter alguém para sustentar suas aventuras autoproclamadas científicas, os seus exercícios retóricos de subsistência e seu esforço em fazer parecer importante aquilo que, de fato, especialmente em um país pobre e desvalido, não tem qualquer importância (e me refiro com ênfase distintiva aos profissionais das áreas de Humanidades). Tem razão, portanto, Raymond Aron quando diz: 
Quando se trata de seus interesses profissionais, os sindicatos de médicos, professores ou escritores não reivindicam em estilo muito diferente do dos sindicatos operários. Os quadros defendem a hierarquia, os diretores executivos da indústria frequentemente se opõem aos capitalistas e aos banqueiros. Os intelectuais que trabalham no setor público consideram excessivos os recursos dados a outras categorias sociais. Empregados do Estado, com salários prefixados, eles tendem a condenar a ambição do lucro . 
Estamos evidentemente diante do renascimento do acadêmico egghead ou “cabeça de ovo”, segundo roupagem brasileira, naturalmente. Indivíduo com equivocadas pretensões intelectuais, frequentemente professor ou protegido de um professor, marcado por indisfarçável superficialidade. Arrogante e afetado, cheio de vaidade e de desprezo pela experiência daqueles mais sensatos e mais capazes, essencialmente confuso na sua maneira de pensar, mergulhado em uma mistura de sentimentalismo e evangelismo violento. O quadro, realmente, não é dos mais animadores. 
Depois, vale ressaltar outro elemento que configura o desprezo do mundo das IPES pela sociedade. A promiscuidade das relações de poder que se formam dentro dela, sem critério de competência, eficiência ou inteligência, o que a tornam problema a ser resolvido, em vez de elemento de resolução de problemas. Talvez esse seja um dos mais graves entraves a ser enfrentado no âmbito da educação brasileira de nível superior: seu compromisso ideológico com o erro, com o que evidentemente não funciona, com uma cegueira volitiva autoimposta que a impede de enxergar o fundamento de tudo o que é: a realidade, concreta, dura, muitas vezes injusta, mas...a realidade. Trata-se de uma máquina que se retroalimenta com sua própria falência e que, por isso mesmo, atingiu estágio no qual pensar a si mesma, se reinventar, é quase um exercício criativo de ficção. 
Certo, não podemos abrir mão de ciência de alto nível, de vanguarda, de um olhar ousado para o futuro. Isso seria reduzir a Universidade a uma existência “utilitária” no pior sentido do termo: e não é disso que estou falando nesta sede. 
Digo mais simplesmente que é passado o momento de darmos resposta a anseios legítimos da população, à necessidade de instruirmos com ferramentas sérias e comprometidas uma massa humana completamente alijada de conteúdos muitas vezes basilares, elementares, que permeiam a sua existência. 
O momento, não obstante complexo, é propício. Parte da Universidade brasileira parece querer acordar do “sono dogmático” que a deixou inerte diante do diferente nas últimas décadas. Seria mesmo inevitável.

Contexto atual

Vivemos período histórico particularmente afetado pelo bullshit. E, na condição de estudiosos, nos cabe mínima compreensão articulada do fenômeno de proporções evidentemente brutais. É a época da “pós-verdade” (post-truth). O termo foi escolhido em 2016 pelo Departamento Oxford Dictionaries daquela Universidade como a palavra do ano, em referência a substantivo que relaciona ou denota circunstâncias nas quais fatos objetivos têm menos influência em moldar a opinião geral do que apelos à emoção e a crenças pessoais. 
Segundo a Oxford Dictionaries, o termo “post-truth” foi usado com aquela inflexão semântica pela primeira vez em 1992, pelo dramaturgo sérvio-americano Steve Tesich. Apesar de uso razoavelmente corrente desde sua criação, a palavra registrou um pico de uso em tempos recentes, algo em torno dos 2.000% de aumento em 2016. 
A informação dá bem a medida do drama que enfrentamos atualmente. Para aquele Departamento, pós-verdade deixou de ser termo periférico para se tornar central no comentário político, agora frequentemente usado por grandes publicações sem ulterior necessidade de esclarecimento ou definição: um fenômeno que por certo não se verifica apenas em âmbito de macroesfera, mas também em microesfera, vale dizer, em relações pessoais e profissionais subjetivas e de menor visibilidade, igualmente importantes na composição geral do fenômeno bullshit no mundo de hoje. 
Eis que as consequências dessa nova forma de ideologismo se mostram nefastas enquanto transformam praticamente todas as expressões do espírito humano em formas diversas de ideologias, quase sempre contaminadas pelo desprezo da busca pela verdade, ao menos enquanto pode ser alcançada/desejada pelo homem, e, então, pelas causas que subjazem as coisas e os fenômenos. A esse propósito, diz Edgar Morin: 
As ideologias têm uma expectativa de vida superior à dos homens. Elas são mais biodegradáveis do que os deuses, mas algumas podem viver até por vários séculos. As que se definem “científicas” e garantem que sabem realizar na Terra sua promessa de Salvação (...) mostram-se em toda a sua fragilidade após a vitória, que assinala, ao mesmo tempo, sua falência . 
Se os fatos são obstinados, as ideias os esmagam com mais frequência do que o contrário. Estamos diante de uma forma de fé latente, abraçada por alguns como reflexo inequívoco da verdade e apresentada por outros (pelos ideólogos) como aquilo que se deve aceitar como verdadeiro, acreditem eles ou não no que convidam a conhecer. 
Essa é uma lição da qual simplesmente não devemos nos esquecer. A realidade não é um bloco monolítico, cujos problemas podem ser resolvidos com receita ingênua e engessada. A velha estrutura argumentativa “aut... aut...” (”ou isso... ou aquilo...”) – cuja gênese remonta à lógica aristotélica, mas que foi erroneamente aplicada a quase tudo no mundo da ciência pós-cartesiano – deve ser substituída por aquela “et... et...” (“e isso... e aquilo...”), mais rica, não redutiva e nada ingênua se bem aplicada. 
Não nos enganemos: aquela estrutura é sedutora também porque detentora de forte tom messiânico. Mesmo homens inteligentes foram seduzidos por ela e a abraçaram sem qualquer restrição. 
O adversário – e mesmo alguns dos nossos colegas associados à causa, seduzidos por inebriante convicção – se considera portador de verdade absoluta e há poucas coisas mais complexas do que tentar diálogo com portadores de dogmas inquestionáveis. 
Deixemos o sebastianismo a quem com ele se sente confortável e dele depende: na Universidade, até o fim, falaremos de realidade e de ciência, tudo calibrado por ceticismo e pragmatismo. 
Dennys Garcia Xavier é professor Associado de Filosofia Antiga, Política e Ética da Universidade Federal de Uberlândia (UFU). Doutor em Storia della Filosofia pela Università degli Studi di Macerata. Tem Pós-doutorado pela Universidade de Brasília (UnB) e Pós-doutorado pela Universidade de Coimbra.

terça-feira, 8 de outubro de 2013

Brasil: universidades padrao companheiros? A queda da USP era esperada- Editorial Estadao

A USP sai da elite mundial

Editorial/OESP/08out13
Dois anos depois de ter ficado entre as 200 melhores universidades do mundo, no levantamento comparativo que a Times Higher Education vem realizando desde 2004, a USP despencou no ranking. Em 2012, a instituição foi classificada no 158.º lugar. Na pesquisa de 2013, ela figura entre as 226 e 250 melhores (o estudo não revela a posição de cada universidade depois do 200.º lugar).
A segunda melhor instituição brasileira no ranking - a Unicamp - nem sequer aparece entre as 300 primeiras. A classificação leva em conta o orçamento de cada universidade, o nível de ensino, a reputação do corpo docente, o número de títulos de doutor concedidos, a quantidade de pesquisas e o volume de receitas delas decorrente, citações de artigos em periódicos de prestígio mundial, a influência das pesquisas na inovação industrial e o grau de internacionalização. Para o ranking de 2013, a Times Higher Education entrevistou mais de 10 mil acadêmicos e analisou cerca de 50 milhões de menções em revistas científicas.
Dos países que tinham ao menos uma universidade entre as 200 melhores nas edições anteriores da Times Higher Education, o Brasil é o único que não está mais na lista. No levantamento de 2013, há 26 nações com universidades bem avaliadas - e nenhuma delas é da América Latina. Os Estados Unidos, com 77 instituições, lideram o ranking, seguidos do Reino Unido, com 31. Apesar das dificuldades financeiras e políticas por que passam, Espanha e Turquia entraram para o grupo de elite.
Para os especialistas em educação, a saída do Brasil da elite universitária mundial afetará negativamente a imagem externa do País. "Com seu tamanho e poder econômico, o Brasil precisa de universidades competitivas internacionalmente. É um golpe perder a única entre as 200 no topo do ranking", diz o editor da Times Higher Education, Phil Baty. "Um país do porte do Brasil precisa ter mais universidades de nível global para o crescimento com base em inovação científica", afirma a especialista que analisou o sistema educacional brasileiro, Elizabeth Gibney.
A queda da USP no ranking da Times Higher Education se deve a vários fatores. A instituição apresenta problemas na proporção entre doutores e alunos da graduação. Tem um número baixo de doutorados premiados por mérito acadêmico. E o desempenho nos indicadores de reputação internacional caiu, apesar dos programas de internacionalização adotados pela instituição. A reputação é medida por questionários enviados a milhares de acadêmicos em todo o mundo.
Segundo os especialistas, se os professores e pesquisadores da USP e das demais universidades brasileiras publicassem mais artigos em revistas internacionais com conselho de arbitragem, a imagem melhoraria. Nos últimos anos, nossas universidades aumentaram a produção de artigos, em termos absolutos, mas a qualidade - medida pelo total de citações nos periódicos mais respeitados - deixa a desejar. Além disso, as atividades de intercâmbio internacional de nossas instituições de ensino superior são muito baixas - só nos últimos dois anos é que o País ampliou seus investimentos na área, com a criação do Ciência sem Fronteiras. E, mesmo assim, muitos bolsistas desse programa não têm o domínio de outros idiomas, o que compromete seu aprendizado numa instituição estrangeira. O inglês é apontado como um dos principais obstáculos para pesquisadores brasileiros em trabalhos e publicações científicas no exterior.
Uma parte dos problemas que afligem nossas universidades resulta de dificuldades burocráticas e falta de foco na definição de prioridades. Outra parte resulta do viés ideológico das autoridades educacionais - desde a ascensão do PT ao poder, elas desqualificam os órgãos responsáveis pelos levantamentos comparativos e insistem em aumentar a quantidade de universidades federais, abrindo campi onde não há demanda, admitindo alunos antes de existirem instalações adequadas, criando cursos noturnos sem preocupação com a qualidade e aumentando os custos do ensino superior sem modificar seus objetivos e formas de atuação.

sábado, 24 de agosto de 2013

Universidades, caras e fora da realidade - entrevista com Richard Vedder (Wall Street Journal)

Richard Vedder: The Real Reason College Costs So Much

The expert on the economics of higher education explains how subsidies fuel rising prices and why there's a 'bubble' in student loans and college

The Wall Street Journal, August, 23, 2013
Another school year beckons, which means it's time for President Obama to go on another college retreat. "He loves college tours," says Ohio University's Richard Vedder, who directs the Center for College Affordability and Productivity. "Colleges are an escape from reality. Believe me, I've lived in one for half a century. It's like living in Disneyland. They're these little isolated enclaves of nonreality."
Mr. Vedder, age 72, has taught college economics since 1965 and published papers on the likes of Scandinavian migration, racial disparities in unemployment and tax reform. Over the last decade he's made himself America's foremost expert on the economics of higher education, which he distilled in his 2004 book "Going Broke by Degree: Why College Costs Too Much." His analysis isn't the same as President Obama's.
This week on his back-to-school tour of New York and Pennsylvania colleges, Mr. Obama presented a new plan to make college more affordable. "If the federal government keeps on putting more and more money in the system," he noted at the State University of New York at Buffalo on Thursday, and "if the cost is going up by 250%" and "tax revenues aren't going up 250%," at "some point, the government will run out of money."
Note that for the record: Mr. Obama has admitted some theoretical limit to how much the federal government can spend.

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His solution consists of tieing financial aid to college performance, using government funds as a "catalyst to innovation," and making it easier for borrowers to discharge their debts. "In fairness to the president, some of his ideas make some decent, even good sense," Mr. Vedder says, such as providing students with more information about college costs and graduation rates. But his plan addresses just "the tip of the iceberg. He's not dealing with the fundamental problems."
College costs have continued to explode despite 50 years of ostensibly benevolent government interventions, according to Mr. Vedder, and the president's new plan could exacerbate the trend. By Mr. Vedder's lights, the cost conundrum started with the Higher Education Act of 1965, a Great Society program that created federal scholarships and low-interest loans aimed at making college more accessible.
In 1964, federal student aid was a mere $231 million. By 1981, the feds were spending $7 billion on loans alone, an amount that doubled during the 1980s and nearly tripled in each of the following two decades, and is about $105 billion today. Taxpayers now stand behind nearly $1 trillion in student loans.
Meanwhile, grants have increased to $49 billion from $6.4 billion in 1981. By expanding eligibility and boosting the maximum Pell Grant by $500 to $5,350, the 2009 stimulus bill accelerated higher ed's evolution into a middle-class entitlement. Fewer than 2% of Pell Grant recipients came from families making between $60,000 and $80,000 a year in 2007. Now roughly 18% do.
This growth in subsidies, Mr. Vedder argues, has fueled rising prices: "It gives every incentive and every opportunity for colleges to raise their fees."
Many colleges, he notes, are using federal largess to finance Hilton-like dorms and Club Med amenities. Stanford offers more classes in yoga than Shakespeare. A warning to parents whose kids sign up for "Core Training": The course isn't a rigorous study of the classics, but rather involves rigorous exercise to strengthen the gluts and abs.
Fred Harper
Or consider Princeton, which recently built a resplendent $136 million student residence with leaded glass windows and a cavernous oak dining hall (paid for in part with a $30 million tax-deductible donation by Hewlett-Packard CEO Meg Whitman). The dorm's cost approached $300,000 per bed.
Universities, Mr. Vedder says, "are in the housing business, the entertainment business; they're in the lodging business; they're in the food business. Hell, my university runs a travel agency which ordinary people off the street can use."
Meanwhile, university endowments don't pay taxes on their income. Harvard's $31 billion endowment, which has been financed by tax-deductible donations, may be America's largest tax shelter.
Some college officials are also compensated more handsomely than CEOs. Since 2000, New York University has provided $90 million in loans, many of them zero-interest and forgivable, to administrators and faculty to buy houses and summer homes on Fire Island and the Hamptons.
Former Ohio State President Gordon Gee (who resigned in June after making defamatory remarks about Catholics) earned nearly $2 million in compensation last year while living in a 9,630 square-foot Tudor mansion on a 1.3-acre estate. The Columbus Camelot includes $673,000 in art decor and a $532 shower curtain in a guest bathroom. Ohio State also paid roughly $23,000 per month for Mr. Gee's soirees and half a million for him to travel the country on a private jet. Such taxpayer-funded extravagance has not made its way into Mr. Obama's speeches.
Colleges have also used the gusher of taxpayer dollars to hire more administrators to manage their bloated bureaucracies and proliferating multicultural programs. The University of California system employs 2,358 administrative staff in just its president's office.
"Every college today practically has a secretary of state, a vice provost for international studies, a zillion public relations specialists," Mr. Vedder says. "My university has a sustainability coordinator whose main message, as far as I can tell, is to go out and tell people to buy food grown locally. . . . Why? What's bad about tomatoes from Pennsylvania as opposed to Ohio?"
Mr. Vedder notes that, by contrast, "you don't have to worry about this at the University of Phoenix. One thing about the for-profits is that they are laser-like devoted to instruction." Although for-profits like the University of Phoenix and DeVry spend more money on marketing, they don't contain as much administrative overhead.
'The Obama administration has been beating up on [for-profits] pretty hard for the past two to three years," Mr. Vedder says. "It's true that drop-out rates are disproportionately higher at the for-profits, but it's also true that the for-profits are reaching the exact audience that Obama wants to reach"—low-income minorities, many of whom are the first in their family to attend college.
Today, only about 7% of recent college grads come from the bottom-income quartile compared with 12% in 1970 when federal aid was scarce. All the government subsidies intended to make college more accessible haven't done much for this population, says Mr. Vedder. They also haven't much improved student outcomes or graduation rates, which are around 55% at most universities (over six years).
Mr. Vedder is skeptical about the president's proposal to tie federal aid to graduation rates, among other performance metrics. "I can tell you right now, having taught at universities forever, that universities will do everything they can to get students to graduate," he chuckles. "If you think we have grade inflation now, you ought to think what will happen. If you breathe into a mirror and it fogs up, you'll get an A."
A better idea, Mr. Vedder suggests, would be to implement a national exam like the GRE (Graduate Record Examination) to measure how much students learn in college. This is not on Mr. Obama's list.
Nor is the president addressing what Mr. Vedder believes is a fundamental problem: too many kids going to college. "Thirty-percent of the adult population has college degrees," he notes. "The Department of Labor tells us that only 20% or so of jobs require college degrees. We have 115,520 janitors in the United States with bachelor's degrees or more. Why are we encouraging more kids to go to college?"
Mr. Vedder sees similarities between the government's higher education and housing policies, which created a bubble and precipitated the last financial crisis. "In housing, we had artificially low interest rates. The government encouraged people with low qualifications to buy a house. Today, we have low interest rates on student loans. The government is encouraging kids to go to school who are unqualified just as it encouraged people to buy a home who are unqualified."
The higher-ed bubble, he says, is "already in the process of bursting," which is reflected by all of the "unemployed or underemployed college graduates with big debts." The average student loan debt is $26,000, but many graduates, especially those with professional degrees, have six-figure balances.
Mr. Obama wants to help more students discharge their debts by capping their monthly payments at 10% of their discretionary income and forgiving their outstanding balances after 20 years. Grads who take jobs in government or at nonprofits already can discharge their debt after a decade.
"Somehow working for the private sector is bad and working for the public sector is good? I don't see on what basis one would make that conclusion," Mr. Veder says. "If I had to make some judgment, I would do just the opposite."
He adds that the president's approach "creates a moral hazard problem. What it signals to current and future loan borrowers is that I don't have to take these repayment of loans very seriously. . . . I don't have to worry too much about getting a high-paying job." It encourages "sociology and anthropology majors compared with math and engineering majors."
Can online education, which is being pioneered in some science disciplines, substantially reduce costs? Mr. Vedder says it can, but government won't do the innovating. "First of all, the Department of Education, to use K-12 as an example, has been littered with demonstration projects, innovation projects, proposals for new ways to do things for decades. And what has come out? Are American students learning any more today than a generation ago? Are they doing so at lower cost than a generation ago? No."
Innovation, he says, is being driven by entrepreneurs like Stanford computer science Prof. Sebastian Thrun, who founded the for-profit company Udacity that offers "massive open online courses" (MOOCs). Mr. Thrun began teaching artificial intelligence, first at Stanford and then at Udacity. Mr. Vedder notes that he quickly got "200,000 people to sign up for it. And it's a great course and people are learning like crazy."
Where the government can help, Mr. Vedder says, is to get out of the way of progress and encourage slow-moving accreditors to allow innovations to move forward more rapidly. But ultimately, the way to improve college affordability is for the government to disinvest in higher ed and wean students from subsidies.
Mr. Obama is dead set against that. "He wants to maintain that world" of nonreality in which demand is impervious to cost, Mr. Vedder sighs. "That world has to change."
Ms. Finley is an editorial writer for the Journal.
A version of this article appeared August 23, 2013, on page A9 in the U.S. edition of The Wall Street Journal, with the headline: The Real Reason College Costs So Much.

terça-feira, 30 de julho de 2013

Educacao nos EUA: as melhores universidades (estou no bom lugar)

Dia 12 de Setembro já tenho uma palestra em Yale. Depois Harvard e Brown. Acho que vou me divertir por aqui.
Paulo Roberto de Almeida
Hartford, CT, New England

Stanford é a melhor universidade americana em ranking da 'Forbes'. Confira top 10

Princeton fica em 3º; Harvard, em 8º. Foram avaliadas 650 instituições

Veja.com, 29/07/2013
Corredores da Universidade Stanford
Corredores da Universidade Stanford, eleita a melhor universidade dos Estados Unidos pela 'Forbes' (Divulgação)
A revista americana Forbes publicou no fim da semana passada uma lista com as cem melhores universidades dos Estados Unidos de 2013, feita em parceira com o Center for College Affordability and Productivity (CCAP), núcleo independente de pesquisas voltado ao ensino superior. Pela primeira vez em seis edições do America’s Top Colleges, como é conhecido o levantamento, as duas primeiras posições foram ocupadas por instituições da Califórnia: Stanford e Pomona, respectivamente. A Universidade Princeton aparece em terceiro, enquanto Harvard, que figurou no 6º lugar em 2012, caiu para 8º. Foram avaliadas 650 universidades (confira a lista com as dez primeiras colocadas).
Além de ter duas escolas no top 3 do ranking, a Costa Oeste americana também se saiu melhor no quesito educação pública. A Universidade da Califórnia, em Berkeley, foi considerada a melhor instituição estadual de ensino superior, ocupando a 22ª posição da lista.
Os organizadores do prêmio destacaram ainda o bom desempenho da chamada Ivy League – grupo que reúne as universidades privadas Harvard, Pensilvânia, Princeton, Columbia, Yale, Brown, Cornell e Darthmouth, todas localizadas no Nordeste dos Estados Unidos. Apesar de não liderar o ranking, o grupo ficou dentro do top 20, com Princeton, Yale e Columbia em 3º, 4º e 5º lugares, respectivamente. Cornell foi a que apresentou o melhor salto: da 51ª posição, em 2012, para a 19ª, em 2013.
Para construir o ranking, Forbes e CCAP analisam fatores como taxa de satisfação dos estudantes com as aulas, inserção no mercado de trabalho após a graduação, dívida adquirida para pagar mensalidades, prêmios conquistados pelos estudantes das faculdades e porcentagem de alunos no prazo estipulado pelo curso.

As dez melhores universidades dos Estados Unidos

1 de 10

1º lugar - Universidade Stanford, Stanford, Califórnia


Instalada em pleno Vale do Silício, a Universidade Stanford, fundada em 1891, é conhecida pelo desenvolvimento de tecnologia de ponta e pela formação dos mais poderosos CEOs da indústria tecnológica – caso de Larry Page, atual presidente do Google. A instituição acumula o mais famoso curso de ciência da computação dos Estados Unidos e um dos principais centros de pesquisa do mundo.
Stanford é também sinônimo de excelência em ciências humanas, sociais e naturais, com renomados cursos de direito e medicina, além do maior laboratório de pesquisa de células-tronco já construído. São sete faculdades, 16.000 estudantes e 19 prêmios Nobel laureados a alunos, ex-alunos e docentes.
Stanford foi considerada a segunda melhor universidade do mundo pelo ranking 2012-2013 da revista Times Higher Education (THE), atrás apenas do Instituto de Tecnologia da Califórnia e empatada com a Universidade Oxford, na Grã-Bretanha.

segunda-feira, 15 de abril de 2013

Universidades dos EUA: numero de estudantes brasileiros ainda pequeno (Fapesp)

Brasileiros buscam mais pós-gradução nos EUA

Agência FAPESP, 11/04/2013
A procura por cursos de pós-graduação nos Estados Unidos por estudantes de outros países aumentou apenas 1% em 2013. Nos anos anteriores, o crescimento foi muito superior: 9% em 2012 e 11% em 2011.
De acordo com o Council of Graduate Schools (CGS), o principal motivo da queda foi o menor número de submissões de propostas por parte de estudantes chineses. Apesar disso, o relatório destaca o aumento na procura por parte de estudantes de dois países: Brasil e Índia.
Os dados estão no relatório Findings from the 2013 CGS International Graduate Admissions Survey – Phase I: Applications, que acaba de ser divulgado.
O CGS é uma organização de mais de 500 instituições de ensino superior nos Estados Unidos e no Canadá que oferecem cursos de pós-graduação, pesquisa e preparação de candidatos para níveis mais avançados de estudo. As instituições que compõem o levantamento são responsáveis por 92% dos doutorados e 81% dos mestrados oferecidos nos Estados Unidos.
O aumento de apenas 1% em 2013 na procura pela pós-graduação em instituições norte-americanas – o mais baixo desde que o CGS começou a fazer o levantamento, em 2004 – só não foi menor por causa da maior procura especialmente por estudantes da Índia, demanda que aumentou 20% em relação a 2012.
De acordo com o CGS, estudantes chineses constituem cerca de um terço de todos os alunos de graduação estrangeiros nos Estados Unidos e seu elevado número “ajudou a mitigar declínios recentes nas matrículas de estudantes de pós-graduação em instituições” baseadas no país. Mas o relatório apontou uma queda de 5% nas submissões por parte de chineses.
O levantamento inclui dados de todas as submissões de propostas de pós-graduação nas instituições participantes e informações detalhadas de sete países – China, Índia, Coreia do Sul, Taiwan, Canadá, México e Brasil – e de três regiões: Europa, Oriente Médio e África. Os sete países e as três regiões representam 86% de todos os estudantes estrangeiros que buscam cursos de pós-graduação nos Estados Unidos.
O relatório destaca o aumento na procura dos cursos de pós-graduação por brasileiros. Em 2012, já havia sido registrada uma elevação de 9% nas submissões de propostas por parte de estudantes do Brasil em relação ao ano anterior. Em 2013, o aumento foi de 24%, de longe o maior entre os sete países analisados. Canadá, México, Coreia do Sul, Taiwan e Europa apresentaram queda.
“A diminuição geral no aumento das submissões internacionais exige atenção especial dos responsáveis pelas políticas em educação, bem como das universidades. Enquanto os crescimentos da Índia e do Brasil são encorajadores, a queda nas submissões da China precisa ser observada com cuidado. Não podemos manter obstáculos na pós-graduação para estudantes estrangeiros, especialmente quando outros países estão derrubando suas barreiras e atraindo estudantes altamente qualificados”, disse Debra W. Stewart, presidente do CGS.
Apesar de mais estudantes brasileiros tentarem fazer a pós-graduação em instituições nos Estados Unidos, o total ainda é pequeno. Segundo o relatório, no ano acadêmico 2011-2012, 29% dos estudantes estrangeiros matriculados na pós-graduação em instituções no país eram chineses e 20%, indianos. O Brasil respondeu por 1% do total.
O relatório está disponível em: www.cgsnet.org/ckfinder/userfiles/files/Intl_I_2013_report_final.pdf.

domingo, 3 de março de 2013

As mentiras sobre as universidades - Moises Naim

Existem também universitários mentirosos, que enganam políticos e a sociedade, com a conversa mole que as universidades são imprescindíveis ao país, que sem elas o país estaria entregue ao fracasso. Pode ser, mas não como dizem, e certamente não no Brasil, onde talvez a relação custo-benefício ainda é negativa, pela baixa produtividade geral das universidades públicas.
Em todo caso, eu poderia acrescentar várias outras mentiras sobre as universidades, especialmente as brasileiras, mas comecemos por estas.
Paulo Roberto de Almeida

Las universidades: cuatro mentiras

A veces un diploma no es el camino a la prosperidad, sino una pérdida de tiempo

 
Cuando Karl Elsener andaba diseñando una navaja para el Ejército suizo, a finales del siglo XIX, no podía imaginar que, más de cien años después, su invento se habría convertido en una herramienta multiusos universal.
La navaja suiza nos saca de cualquier apuro. Sirve como destornillador, cortauñas, tijeras o abrelatas. ¿Olvidó el dentífrico? Aquí está el palillo de dientes. ¿Celebración imprevista? Oportuno sacacorchos.
Al igual que Elsener, los padres fundadores de las universidades en la Edad Media tampoco imaginaron que esos centros de sabiduría acabarían convirtiéndose en una herramienta universal para resolver los problemas del mundo. La educación, sobre todo la superior, es erróneamente tratada como la navaja suiza del cambio social, el progreso económico y la paz internacional. El remedio polivalente para los problemas más acuciantes, presentes y futuros. Del desempleo a la violencia. De la pobreza a la decadencia industrial y de la falta de probidad de políticos al conflicto armado.
Por supuesto que las universidades son fundamentales para un país. Pero al igual que sucede con la panacea universal, de la enseñanza superior se esperan resultados que no puede dar. Y además, las conversaciones sobre las universidades suelen incluir afirmaciones presentadas como verdades indiscutibles, pero que o ya no son ciertas o nunca lo han sido. Estas son cuatro de ellas:
• La educación es prioritaria. Es difícil encontrar un candidato presidencial o un Gobierno en el mundo que no consagre la educación como una de sus prioridades. Pero a menudo la retórica se diluye a la hora de asignar recursos, dedicar esfuerzos o arriesgar capital político en las universidadades, que chocan con los intereses de quienes se benefician del statu quo. En muchos países, la consideración por las universidades se refleja más en los discursos que en las decisiones de quienes pueden hacerlas mejores.
• La educación superior es la ruta hacia mayores ingresos. En muchos países sucede lo contrario. En EE UU o Chile, por ejemplo, los estudiantes y sus familias se endeudan para pagar estudios universitarios que les dan un diploma no muy valorado por el mercado laboral. Fontaneros y electricistas obtienen una tasa de retorno a su inversión en educación muy superior a la de sociólogos y psicólogos. El caso de España es muy revelador: es uno de los países europeos con más población universitaria y más graduados que el promedio de Europa. Pero el 40% de estos profesionales están subempleados. Y el 12% está sin trabajo (en Europa la media es 5,2%). Esto no quiere decir que un diploma universitario no sea deseable. Lo que quiere decir es que depende del diploma, de la universidad que lo otorga y del país. Y que en ciertos casos un diploma no es el camino a la prosperidad, sino una costosa pérdida de tiempo.
Las universidades tienen mucho que ofrecerle a la empresa privada. Para que las empresas privadas recurran a las universidades, deben tener incentivos para invertir en investigación y desarrollo. Las empresas no pueden pensar en I+D si están contra la pared, luchando por sobrevivir. También hay problemas del lado de la oferta: no todo profesor universitario hace cosas que interesen a la industria privada o tiene incentivos para hacerlo. Si lo que hace es muy interesante para la empresa, es probable que la empresa lo contrate y lo saque de la universidad. A nivel mundial, los casos en los que hay una provechosa colaboración entre academia y empresa son más la excepción que la regla.
Los estudiantes y los profesores universitarios son agentes de cambio social. A veces, sí. Pero lo normal es que sean poderosos obstáculos al cambio. Los académicos suelen ser muy revolucionarios con respecto a la sociedad en la que viven y muy conservadores con respecto a la organización que los emplea. Abogan por el cambio afuera y luchan aguerridamente por impedir que, por ejemplo, haya más competencia entre ellos o sus instituciones. En muchos países, los profesores que alcanzan cierto estatus obtienen garantías laborales que los adormecen —y que no se dejan quitar. Y basta acudir a muchas facultades públicas en América Latina o Europa para descubrir que, salvo excepciones, no son centros donde se premia la excelencia, sino lugares donde los profesores aburren a los estudiantes con el mismo curso a lo largo de los años. O que algunos departamentos son solo nostálgicos cementerios de ideologías fracasadas.
Todo esto va a cambiar. En la próxima década las universidades van a experimentar más transformaciones de las que han vivido desde el siglo XI. Internet y otras fuerzas sociales y económicas se encargarán de ello.
Sígame en Twitter @moisesnaim