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Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

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segunda-feira, 19 de agosto de 2024

O Naufrágio das Civilizações - Amin Maalouf, entrevista

 O Naufrágio das Civilizações 

Amin Maalouf

Dois livros de Amin Maalouf, O naufrágio das civilizações e O labirinto dos desgarrados, ambos lançados pela editora Vestígio, compõem um fascinante painel histórico dos dramas e dilemas do mundo contemporâneo e das relações entre Ocidente e Oriente, entre tradição e modernidade.

Eis uma entrevista com o autor publicada pela Lire la Société.

Vocês podem encomendar os dois livros no site da Trabalhar Cansa ou pelo WhatsApp (11) 97860-6565

P - Qual é o propósito do seu trabalho?

Amin Maalouf - O naufrágio das civilizações começa como memórias íntimas. Depois, aos poucos, evolui para algo diferente. É como se eu olhasse para o mundo da minha infância e depois me mudasse, e, ao me afastar, tivesse uma visão um pouco mais ampla. E aí, principalmente a partir dos meus vinte anos, comecei a observar o mundo de uma forma um pouco mais ampla e a tentar entender o que aconteceu, como chegamos lá.

P - Qual é a sua definição de civilização e como ela “cimenta” as sociedades humanas?

AM - A noção de civilização tal como a utilizo neste livro é bastante simples. É uma referência à ideia que desenvolvemos, especialmente no final do século XX, de um choque entre civilizações. O título do livro desenvolve esta mensagem que diz que, em última análise, são todas as civilizações que naufragam.

Não é uma civilização que está simplesmente lutando contra a outra, todas estão em dificuldades, estão todas desmoronando e, se naufragarem, naufragarão juntas. Tomo a noção de civilização num sentido empírico, não estou tentando voltar à antiga e mais clássica distinção entre civilização, cultura... Diria que é um uso mais comum do termo civilização.

P - Como a herança que você adquiriu ao crescer no Líbano determinou o rumo da sua história?

AM - Acredito que quando você cresce em uma região onde há divergências e conflitos constantes... Você adquire o hábito de observar o mundo de uma determinada maneira. Nascer em uma sociedade já dividida em comunidades, cada uma com sua trajetória, sua história, confere certos hábitos de pensamento, e o fato de vivenciar acontecimentos, também violentos, afeta a forma como vemos as coisas. Não sei dizer exatamente como ter nascido no Líbano afetou a minha visão, mas tenho certeza de que sim.


domingo, 23 de junho de 2024

Géopolitique : comment sortir du labyrinthe ? Avec Amin Maalouf - Pascal Boniface (Podcast Comprendre le Monde)

Géopolitique : comment sortir du labyrinthe ? Avec Amin Maalouf | Entretiens géopolitiques

 Pascal Boniface, reçoit le Secrétaire Perpétuel de l'Académie Française

https://www.youtube.com/watch?v=Ryjn1DbioPw

33.796 visualizações  29 de mai. de 2024  Podcast "Comprendre le monde" - Entretiens géopo

Trechos: 

00:00 : Pourquoi avoir commencé votre livre par la bataille de Tsushima ? 

2:33 : Sun Yat-sen au Caire : l'exemple d'une non-domination des puissances occidentales ? 

4:48 : Une clause d'égalité raciale après la Première Guerre mondiale ?

7:08 : Que se serait-il passé entre l'Allemagne et les États-Unis si le Japon n'avait pas précipité l'entrée en guerre des États-uniens ? 

8:33 : L'URSS et le flambeau de la lutte anti-occidentale 

10:16 : 1956 : déjà « the West vs the Rest » 

12:13: L'ascension de la Chine avec Deng Xiaoping 

19:47 : La Chine toujours marquée par l'humiliation ? 

21:33 : Quelles erreurs américaines après la Seconde Guerre mondiale ? 

25:53 : Les pays occidentaux sont-ils à la hauteur des défis posés par le reste du monde ? 

RETROUVEZ PASCAL BONIFACE SUR : 

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domingo, 6 de dezembro de 2020

Existe a possibilidade de se ter uma "bússola moral" para a Humanidade? - Amin Maalouf e Paulo Roberto de Almeida

Existe a possibilidade de se ter uma "bússola moral" para a Humanidade?

Amin Maalouf e Paulo Roberto de Almeida

6/12/2020

 O escritor libanês Amin Maalouf diz que o mundo está sem uma “bússola moral”.

A afirmação é, no mínimo, arriscada.
A julgar pelas tragédias que se acumulam, que se repetem, nas mais diversas sociedades, caberia indagar se essa coisa não homogênea e culturalmente diversificada a que se dá o nome de “mundo” alguma vez teve qualquer tipo de bússola moral.
Provavelmente não.
Ocasionalmente, líderes políticos ou religiosos conseguem colocar um freio temporário aos instintos mais primitivos das pessoas, dos líderes políticos e dos chefes militares, alguns profetas desvairados, no sentido de conter parcialmente e temporariamente o mal que emerge de certas personalidades psicóticas.
Algumas sociedades estáveis e culturalmente homogêneas podem, eventualmente, criar uma situação de bem estar coletivo, mas mesmo essas não conseguem evitar que personalidades psicóticas produzam tragédias sociais, como ainda se viu cinco anos atrás no caso da Noruega, ou nos anos 30 na Alemanha.
Da guerra de Troia à proliferação nuclear, passando pelas grandes hecatombes guerreiras da contemporaneidade, nenhuma bússola moral consegue se impor de forma permanente em face de certos instintos primitivos, de simples paixões momentâneas dos seres humanos, ou do simples descaso da maioria pelo bem comum.
Como explicar, de outra forma, a persistência da corrupção política e da indiferença em face da pobreza e da injustiça em sociedades tão avançadas?
Como explicar a escolha de populistas mentirosos, até psicopatas negacionistas e anti-ciência?
Como admitir a prevalência de tantos medíocres e patifes em cargos de grande responsabilidade e altura política?
Não, não creio nessa tal de “bússola moral, uniforme e geral, que teria de ser igualmente compartilhada numa humanidade ainda tão pouco desenvolvida educacionalmente, e tão desigual socialmente. E isso por uma razão muito simples: as pessoas nascem "zero quilometro", ou seja, páginas em branco, que são paulatinamente preenchidas pela educação familiar, pelo ensino formal, pelo ambiente cultura, pelos estímulos societais.
Algumas sociedades e povos, algumas culturas e religiões podem fazer melhor do que outras formações sociais, mas deve ser por lento acúmulo de experiências, mais do que pela descoberta de alguma “milagrosa” e incerta “bússola moral”.
Brasília, 6/12/2020
PS.: Se existe algum "compasso moral" na humanidade, ele é mais suscetível de se expressar no plano individual do que na dimensão da coletividade.