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segunda-feira, 11 de abril de 2016

Os Miseraveis, aqueles que permitem a sobrevivencia da mafia: meu artigo no Estadao - Paulo Roberto de Almeida


Os miseráveis

PAULO ROBERTO DE ALMEIDA*
 
Não se pretende tratar aqui da pobreza, da ignorância ou da injustiça social no século 19. Personagens e cenários são diferentes dos imortalizados por Victor Hugo no seu épico de tonalidades sombrias, mas que adquiriu luminosidade nos musicais do século 21. Os nossos miseráveis estão longe de ser pobres, não sofrem nenhuma injustiça social e, se são ignorantes – politicamente falando –, praticam mesmo a velha desonestidade nos negócios públicos, exibindo a má-fé típica dos vilões da dramaturgia universal. Eles são os que permitiram a ascensão, sustentaram a hegemonia e estão comprometidos com a sobrevivência da maior quadrilha política que assaltou o Brasil pela via legal, mas pretende se perpetuar no poder por todos os meios possíveis.
Descartando os rufiões titulares, vamos tratar dos responsáveis, em última instância, pelo sucesso circunstancial e pela sobrevida delongada da delinquência moral que tisnou a governança no Brasil e foi responsável por um dos maiores casos de corrupção já vistos neste nosso planetinha redondo, como diria a peça-chave do maior espetáculo de imoralidade da história política brasileira. Por ordem de importância eles são: 1) grandes banqueiros, 2) gramscianos da academia, 3) empresários estratégicos, a começar pelas construtoras, 4) militantes ignaros, neobolcheviques sem o saber, e 5) aliados úteis e inúteis da incultura brasileira.
Nenhum projeto de poder se faz sem recursos, moeda sonante ou qualquer outro tipo de apoio financeiro, e por isso eu coloco os grandes banqueiros em primeiro lugar da minha escala de miseráveis. Banqueiros, mais do que empresários em geral, são os que têm a visão macroeconômica, empregam os melhores consultores econômicos, trabalham com o recurso universal e fungível, capaz de se desdobrar em todas as esferas da vida pública (e privada também). Ao passo que empresários precisam estar ligados a um setor qualquer e se fazem representar por associações especializadas num ramo determinado da atividade produtiva, ficando por força do ofício na microeconomia, os grandes banqueiros circulam altaneiros por todos os setores da economia, tendo até uma osmose bem mais intensa com a esfera governamental, até nos seus antros mais sensíveis, como soem ser o Tesouro (pela emissão da dívida pública) e o Banco Central (pela supervisão do meio circulante e sua atuação nos mercados de créditos).
Desde o Renascimento, nenhum grande príncipe (ou candidato a) pode assentar o seu poder sem dispor de grandes banqueiros ao seu lado. Foi o que logo percebeu o candidato a condottiere quando ainda transacionava (secretamente, inclusive) com os chefões do seu setor produtivo e, logo, com toda a representação dos industriais. Não existe campanha eleitoral sem ajuda dos financistas; eles foram generosos ao extremo com o dito príncipe, desde o início de sua irresistível ascensão, pois descobriram que poderiam ganhar dinheiro por via da dívida pública e outros mecanismos dos mercados financeiros. São os primeiros e grandes culpados da lista de miseráveis apoiadores dos traficantes da política nacional. São os últimos a pular do barco.
Os gramscianos da academia vêm em segundo lugar porque foram eles que deram legitimidade e aparência de credibilidade aos rústicos companheiros que não tinham, como era natural, a sofisticação do verbo e a clareza da escrita. Foram esses litterati de aluguel que se encantaram com o sindicalista carismático e, frustrados pelas aventuras anteriores do guevarismo urbano, se lançaram de corpo e alma no apoio dito intelectual à nova classe que se preparava para assaltar o céu do poder burguês. Esses gramscianos que não leram Gramsci tinham uma vasta interface (inclusive de classe) com os guerrilheiros reciclados na política partidária, que ensinaram aos sindicalistas alternativos como construir uma máquina de conquista do poder, com alguns toques de clandestinidade e táticas stalinistas de administração, como sói acontecer.
Empresários no Brasil sempre foram historicamente dependentes do Estado, de medidas tarifárias, de subsídios, de regras de não concorrência, que possam melhorar suas vantagens pouco competitivas. Mas há uma categoria de superempresários que está umbilicalmente ligada ao Estado, pois são os que trabalham com as grandes encomendas do governo, na faixa dos sete dígitos ou mais. Empreiteiras, construtoras, o pessoal dos investimentos pesados são geneticamente corruptos de nascimento, em qualquer país, época ou circunstância. No Brasil a promiscuidade chega combinada ao patrimonialismo tradicional da classe política, que nos tempos mais recentes acabou virando um patrimonialismo do tipo gângster. Não surpreende, assim, que os maiores clientes da “república de Curitiba” sejam justamente esses grandes homens da pesada. 
Ninguém precisa explicar o que são os militantes ignaros, pois eles constituem a terceira componente do partido neobolchevique, característica que eles exibem sem ter lido uma linha sequer do grande deformador do marxismo no século 20, o homem que criou a engenharia social totalitária em atividade na pátria do socialismo durante 70 anos, até implodir por força de suas próprias contradições. Eles são a massa de manobra da organização criminosa e farão tudo o que seu mestre mandar, por mais contraditórios, ilógicos ou ridículos que sejam seus slogans.
Finalmente, os companheiros de viagem são esses aspirantes a uma teta qualquer do Estado e que ficam subscrevendo manifestos – redigidos pelos gramscianos – em apoio à sobrevivência dos mafiosos. Eles conseguem falar de defesa da legalidade sem sequer se referir aos casos de corrupção que saltam aos olhos de todos e levaram multidões às ruas do Brasil. Eles são ou não são miseráveis?

*PAULO ROBERTO DE ALMEIDA É DIPLOMATA E PROFESSOR UNIVERSITÁRIO. SITE: WWW.PRALMEIDA.ORG / BLOG: DIPLOMATIZZANDO.BLOGSPOT.COM

terça-feira, 8 de março de 2016

Corrupcao no Brasil: imprensa francesa fala da "derrocada de Lula" - Valeurs Actuelles

"Sombra", em francês vem do verbo "sombrer", que quer dizer afundar...
Paulo Roberto de Almeida
Monde
Valeurs Actuelles, Lundi 07 Mars 2016 à 23:35 (mis à jour le 08/03/2016 à 10:39)

Et Lula sombra…


L'ancien président brésilien Lula. Photo © SIPA
Brésil. Rattrapé par le « scandale Petrobras », l’ancien président Lula da Silva, fondateur du Parti des Travailleurs (PT) et icône de la gauche la plus radicale au Brésil, a été interpellé le 4 mars. Il est soupçonné d’être au cœur du système de corruption alors que la présidente Dilma Rousseff (PT) est déstabilisée par de nouvelles accusations.
Comme un signal de détresse, la sonnette a retentie cinq fois. Il était 6 heures du matin lorsque le 4 mars les policiers ont perquisitionné le domicile de l’ancien président Lula da Silva (en exercice de 2003 à 2010), à Sao Bernardo, dans la grande banlieue de Sao Paulo, capitale économique du pays. Ils étaient nombreux et déterminés à agir vite dans cette vaste opération judiciaire qui visait à interpeller sur place le fondateur du PT (Parti des Travailleurs), icône de la gauche radicale au Brésil, soupçonné d’être au cœur du système de corruption tentaculaire de la « Pieuvre Petrobras » dont l’un des rouages clés est le « Lava-Jato » (« lavage express »), système de pots-de-vin et de trucages d’appels d’offres, objet d’une enquête diligentée par le juge Sergio Moro, surnommé au Brésil « Zorro » ou « Eliott Ness » pour son tempérament incorruptible.
21 milliards d’euros détournés
Première entreprise brésilienne, le groupe  pétrolier semi-étatique est devenu outre le plus endetté (86,5 milliards d’euros),  le symbole du clientélisme (fraudes à grande échelle et pots-de-vin). Dans le cadre de l’enquête ouverte en 2014, le préjudice a été évalué par le groupe pétrolier lui-même, à plus de « 88 bilhoes » de réaux (réal brésilien), 88 milliards de réaux, faisant le bonheur des réseaux sociaux dénonçant la corruption au Brésil avec un hachtag #88bilhoes; soit le détournement de plus de 21 milliards d’euros.
L’ancien président Lula serait l’un des « principaux bénéficiaires » du système Petrobras, il a « reçu beaucoup de faveurs d’entreprises corrompues » a indiqué le procureur Carlos Fernando dos Santos Lima. Vendredi 4 mars alors que les hélicoptères de la police fédérale tournoyaient au-dessus des gratte-ciel de Sao Paulo, quelques 200 policiers auraient été mobilisés pour mener simultanément plusieurs perquisitions dans la mégapole : outre au domicile de Lula da Silva, à celui de « Lulinha, » surnom de l’un de ses fils, Fabio Luis Lula ainsi qu’aux sièges de l’Institut Lula, d’une ONG, et de deux entreprises  de BTP , Odebrecht et OAS  que l’on sait impliquées dans le « scandale Petrobras » depuis l’ouverture de l’enquête (2014) au point d’être surnommées avec trois autres piliers des travaux publics, les « ripoux du pétrole ». Dans trois états, 33 mandats de perquisition et 11 mandats de détentions ont été menés.
7,5 millions d’euros à Lula
A titre personnel, le fondateur du PT qui continue de nier avec véhémence tout acte répréhensible, aurait reçu des entreprises de BTP corrompues  plus de 7,5 millions d’euros (plus de 30 millions de réaux) entre 2011 et 2014. Le financement de  travaux réalisés dans un triplex dans une station balnéaire et par ailleurs dans le domaine à Atibaia dans l’Etat de sao Paulo est visé par l’enquête.
Les cinq groupes de BTP impliqués dans l’enquête Lava-Jato auraient par ailleurs financés à 47% les conférences facturées par Lula depuis qu’il n’est plus au pouvoir. Enfin, 60% des donateurs faites à l’Institut Lula auraient pour créditeurs, ces mêmes piliers du Travaux publics, pour un montant non confirmé par le procureur. Celui-ci a par ailleurs contesté l’existence d’une enquête en cours contre la Présidente Dilma Rousseff  qui a regretté  « une interpellation inutile » de Lula et s’est montée le dimanche 6 mars à ses côtés. Elle est venue le soutenir à son domicile de Sao Bernardo et s’est laissée photographiée en sa compagnie à la fenêtre de son domicile, saluant des supporters qui s’étaient rassemblés.
Dilma comme l’appellent les Brésiliens, est elle aussi, dans la tourmente. Pas seulement parce que la Présidente est reconnue comme la protégée du fondateur du PT, voire par ses détracteurs comme  « la marionnette de Lula jusqu’aux élections de 2018 où il se présentera ». L’ancienne révolutionnaire de gauche est  torpillée par de nouvelles accusations alors que le pays traverse une crise économique historique : la plus grave depuis trente ans ; -3,8% en 2015, entre -3 et – 4% attendus en 2016, préfigurant selon les l’Oxford Economics, une  « lost decade » (décennie perdue).
Enquête Petrobras : Dilma a-t-elle « fait pression » ?
Pour avoir été  Présidente du conseil d’administration de Petrobras de 2003 à 2010, le nom de la Présidente du Brésil apparait dans l’enquête Petrobras depuis 2014. En cause la raffinerie de Pasadena (Etats-Unis) qui a pris feu de manière inexplicable le jour même de  l’interpellation de Lula (4 mars). Son rachat douteux en 2006 met directement en cause la présidente Dilma. Il s’est opéré avec une gigantesque surfacturation : la raffinerie a été acquise  initialement à 50%, pour 109 millions de dollars à son partenaire belge Astra Oil Trading qui l’avait acheté, à peine un an plus tôt,  43 millions de dollars. Ce n’est pas tout. Petrobras a déboursé dans la foulée de ce contrat,  plus de 1.2 milliard de dollars pour son acquisition en raison d’une étonnante clause stipulant l’intégralité du rachat en cas de mésentente entre actionnaires, processus opéré par un comité secret, intitulé non sans ironie, « comité des propriétaires ». « Coupable ou incompétente, Dilma ne pouvait ignorer les détails de ce rachat » accusent l’opposition depuis des mois alors qu’elle tente par ailleurs une procédure d’ « impeachement » (destitution) en raison d’irrégularités budgétaires.
On sait depuis presque deux ans que le« comité occulte » de Petrobras était dirigé avec un ancien directeur, Paulo Roberto Costa, déjà condamné dans une autre affaire de blanchiment de 4,5 milliards avec un agent de change Alberto Youssef qui a témoigné pour obtenir une remise de peine. C’est grâce aux déclarations en cascade de ce repenti que l’enquête pour corruption menée par la  police fédérale s’est alors accélérée. Les enquêteurs ont commencé à éplucher les comptes d’une myriade de sociétés du  BTP et entendus 39 politiciens, députés, sénateurs, anciens ministres, principalement élus de la majorité (PT, PMBD,PP). L’enquête  aurait désormais dans le collimateur plus d’une centaine de figures du monde politico-financier. « Petrobras était un réservoir à pots-de-vin et une plate-forme à fraude qui mène au sommet du pouvoir  » insiste  un ancien cadre du pétrolier.
Comme pour l’illustrer, surnommé l’ « allié frondeur » du PT au Congrès, l’ancien président de l’assemblée Edouardo Cunha (PMDB) qui nie tout en bloc, n’a pas pu échapper à la justice, malgré toutes ses tentatives de recours et ses menaces visant la BNDES. Le 3 mars, la Cour suprême a confirmé l’accusation de corruption et de blanchiment d’argent à son encontre.
Le 3 mars, un autre coup a été porté à Dilma en raison de nouvelles révélations qui émaneraient d’un autre repenti, le sénateur Delcidio do Amaral (PT) poursuivi depuis cet automne. Le magazine d’informations Istoé lui a consacré sa Une, à l’occasion de la parution en « exclusivité » d’un florilège de documents accompagnant sa supposée déposition (que l’intéressé conteste depuis).
Multiples accusations contre Lula et Dilma
Delcidio do Amaral  s’est toutefois  abstenu de tout commentaire sur les documents reproduits. L’enquête, publiée sur plusieurs pages et consultable sur le site du magazine (www.istoe.com..br ) est nourrie de détails édifiants. Parmi les accusations, l’allégation que la Présidente Dilma Rousseff était non seulement au courant des détails du contrat de Pasadena mais qu’elle aurait fait depuis pression, et ce,  à plusieurs reprises, sur le déroulement de l’enquête Lava-Jato. Selon Istoé, Delcidio aurait par ailleurs clairement désigné Lula comme pièce centrale du puzzle de ce système de corruption. Il l’accuserait d’avoir fait pression sur des témoins notamment dans l’affaire Mensalao (des mensualités) pots-de-vin qui avait aboutie à un retentissant procès (2012) condamnant l’entourage proche de Lula. Mensalao, considéré au Brésil comme « le procès du siècle », était l’aboutissement d’une longue enquête judiciaire entreprise contre le PT dès 2005, à la suite des révélations du magazine Veja  (14 mai 2005).
Aveu de faiblesse pour  Lula ?
Le Brésil connait un moment critique, avec dans les rues, un affrontement à craindre des « pro » et « anti » Lula. A ceux qui scandent « Povo com Lula » (le Peuple avec Lula) , criant au complot, voire au « coup d’Etat militaire » ( !) lors de son interpellation, ceux qui espèrent depuis longtemps la chute de l’icône de la gauche la plus radicale, répondent sans davantage de nuance « Lula, o cancer do Brasil ». Le pays en récession est aussi sous tension, avec des divisions très marquées.
« Lula n’est pas encore totalement impopulaire mais il est à genou. Il dit qu’il n’a pas peur mais pour la première fois, comme un aveu de faiblesse, il a sommé ses supporters de manifester pour le soutenir » estime l’ancien cadre de Petrobras qui parle sans détours de « méthodes mafieuses ».
L’ancien président devrait être prochainement à nouveau entendu, vraisemblablement « convoqué le 13 mars » assure une source proche de l’enquête. « Le diable se niche dans les détails  mais au Brésil, depuis 2003, c’est la main de Lula qui se faufile partout ; pas vraiment un signe de la maturité de notre démocratie » jugeait sévèrement un universitaire dès les premières révélations de l’enquête Lava-Jato.
Gare au grondement des « panelaços »
Seule bonne nouvelle, l’affaire Petrobras a fait grimper les ventes de journaux (« historiques », pour Fohla le 5 mars), signe d’un peuple loin d’être résigné.
Depuis des mois, les discours télévisés du PT sont inaudibles. Dans les grandes villes, lors de leur diffusion, le son des bruits de casseroles (panelaços) résonnent aux abords des fenêtres d’immeubles en guise de contestation. Et comme pour preuve que le colosse vacillant appartient bien à la catégorie des « émergents » ultra connectés, à cinq mois de l’organisation des Jeux Olympiques de Rio de Janeiro, certains font alors simplement résonner l’application « panelaço » de leur portable.

quinta-feira, 3 de março de 2016

Nossa novela mexicana: delacoes nao delatadas e declaracoes desmentidas

Delcídio não confirma conteúdo de reportagem; "IstoÉ" reafirma publicação

  Para os vídeos das declarações e outras informações: 
 Leandro Prazeres
Do UOL, em Brasília
  • Pedro Ladeira - 20.out.2015/Folhapress
    O senador Delcídio do Amaral (PT-MS), ex-líder do governo no Senado
    O senador Delcídio do Amaral (PT-MS), ex-líder do governo no Senado
O senador Delcídio Amaral (PT-MS) divulgou uma nota nesta quinta-feira (3) na qual não confirma o conteúdo da reportagem da revista "IstoÉ" segundo a qual ele teria feito um acordo de delação premiada e citado a presidente Dilma Rousseff e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ambos do PT. A revista mantém as informações publicadas.
Segundo a reportagem, Delcídio teria feito um acordo de delação premiada com a Operação Lava Jato no qual ele apontava Lula como o mandante dos pagamentos feitos ao ex-diretor da área internacional da Petrobras Nestor Cerveró e no qual a presidente Dilma teria interferido ao menos três vezes nos processos contra executivos de empreiteiras presos pela Lava Jato.
A nota divulgada por Delcídio diz que nem ele e "nem sua defesa confirmam o conteúdo da matéria assinada pela jornalista Débora Bergamasco".
Não conhecemos a origem, tão pouco reconhecemos a autenticidade dos documentos que vão acostados ao texto
Delcídio Amaral e Antônio Figueiredo Basto, advogado do petista
A diretora da sucursal da revista "IstoÉ" em Brasília e autora da reportagem que cita a suposta delação de Delcídio, Débora Bergamasco, reafirmou a autenticidade das informações divulgadas pela revista e disse que a publicação iria divulgar uma nota sobre o assunto ainda nesta quinta-feira. "A gente reafirma, sim, o que publicamos. Temos a comprovação de que esse acordo tramitou pelo STF (Supremo Tribunal Federal). Está tudo registrado", afirmou.
A nota prossegue dizendo que, "em momento algum, nem antes, nem depois da matéria, fomos contatados pela referida jornalista para nos manifestarmos sobre a fidedignidade dos fatos relatados".
A nota, enviada pela assessoria de Delcídio, é assinada por Delcídio e um de advogados do senador, Antônio Augusto Figueiredo Basto.
Apesar de não confirmar o conteúdo da reportagem, a nota também não contesta o teor do que foi relatado.

Veja quais são os pontos mais explosivos da delação de Delcídio, segundo revista

Segundo a revista, além de apontar Lula como mandante dos pagamentos feitos à família de Nestor Cerveró, preso pela Operação Lava Jato e já condenado por crimes de corrupção e lavagem de dinheiro, Delcídio teria apontado em seu acordo de delação premiada que a presidente Dilma indicou o desembargador Marcelo Navarro para o STJ (Superior Tribunal de Justiça) como parte de uma estratégia para interferir no julgamento de executivos presos pela Lava Jato.
Delcídio teria contado aos procuradores que a estratégia foi discutida com Dilma no Palácio da Alvorada. Ainda segundo a reportagem, Delcídio ficaria responsável por conversar com Navarro para que ele confirmasse o compromisso de soltar o presidente da Odebrecht, Marcelo Odebrecht, e o ex-presidente da Andrade Gutierrez Otávio Marques de Azevedo.
"Por fim, o senador Delcídio Amaral reitera o seu respeito e o seu comprometimento com o Senado da República", encerra a nota oficial enviada pelo senador.
Mais cedo, um dos advogados do senador já havia demonstrado surpresa com o conteúdo da reportagem. O advogado responsável pela defesa no seu processo de cassação no Senado, Gilson Dipp, afirmou não saber da existência de uma delação e se demonstrou incomodado com a notícia. "É novidade para mim, senão eu não estaria brigando tanto na defesa. Como que eu ia perder tempo assim no Senado?", indagou.

Outro lado dos citados e das instituições responsáveis

Os políticos citados na suposta delação de Delcídio também desmentiram as informações divulgadas pela revista.
O ministro José Eduardo Cardozo (Advocacia-Geral da União) disse que Delcídio "não tem credibilidade" nem "prima por dizer a verdade" e, caso tenha feito uma delação premiada para colaborar com a Operação Lava Jato, é possível que seja uma "retaliação" ao governo Dilma por não tê-lo ajudado a sair da prisão.
O ex-presidente Lula também disse, em nota, que nunca cometeu irregularidades. "O ex-presidente Lula jamais participou, direta ou indiretamente, de qualquer ilegalidade, seja nos fatos investigados pela operação Lava Jato, ou em qualquer outro, antes, durante ou depois de seu governo", diz o texto divulgado pelo Instituto Lula na tarde desta quinta-feira (3).
Segundo a "Folha de S.Paulo", o presidente do STJ, Francisco Falcão, disse que "não existiu" articulação entre a corte e o governo para libertar réus presos na Operação Lava Jato.
De acordo com o blog do jornalista Fernando Rodrigues, do UOL, a presidente Dilma Rousseff disse que rebaterá os conteúdos "ponto a ponto".
A reportagem do UOL entrou em contato por telefone com a assessoria de imprensa da Polícia Federal, que informou que a instituição "não comenta delações". A assessoria de imprensa da PGR (Procuradoria-Geral da República) não confirmou a existência do suposto acordo feito por Delcídio e a Lava Jato e disse que o órgão também "não se manifesta sobre delações".
A assessoria de imprensa do STF disse, por telefone, que o tribunal não iria se manifestar sobre o caso. A resposta foi semelhante à dada pela assessoria do ministro Teori Zavascki, relator da Lava Jato no STF. Por telefone, a assessoria informou que o ministro não se manifestaria sobre o assunto.

Impactos da delação

As informações sobre a suposta delação de Delcídio causaram reações no Congresso Nacional. O senador Aécio Neves (PSDB-MG) disse que se os dados citados pela reportagem forem confirmados, o governo Dilma terá atingido o "fundo do poço". "Se confirmadas, (as acusações) merecerão por parte dos brasileiros indignação e repúdio. E teremos chegado ao fundo do poço", disse Aécio por meio de redes sociais.
Enquanto oposicionistas pediam a renúncia da presidente Dilma, o deputado petista Wadih Damous (RJ), por sua vez, desqualificou a reportagem que cita a delação de Delcídio e a classificou como um "panfleto" para atrair manifestantes para os protestos antigoverno convocados para o dia 13 de março. "É um panfleto para convocação de uma manifestação fascista e golpista em 13 de março", disse.

Cardozo contesta Delcídio do Amaral: "mentiras que não param em pé"

Veja também

sábado, 27 de fevereiro de 2016

Goebbels-Santana, tudo a ver? Editorial de Carlos Jose Marques, diretor IstoE

 ISTOÉ Online |  26.Fev.16 -
Editorial: As desventuras do Goebbels brasileiro
Carlos José Marques, diretor editorial

O marqueteiro João Santana atuou nos últimos anos como um ministro da propaganda dos governos petistas de Dilma e Lula. Foi ele quem na ultima eleição presidencial em 2014 conseguiu com enganosas peças de campanha ludibriar a opinião pública. Vendeu promessas de um futuro dourado. Escamoteou as falcatruas e deslizes grosseiros do Governo. Apelou para táticas de terror contra os adversários de Dilma. Construiu enfim o clima de guerra eleitoral maculando impiedosamente a reputação daqueles que se interpunham ao projeto de perpetuação no poder do Partido dos Trabalhadores. Foi uma espécie de Joseph Goebbels, o dirigente das comunicações de Hitler que ajudou a difundir a ideologia nazista e seus falsos anseios de prosperidade para a Alemanha.
Aqui no Brasil Santana fez o diabo, como pediram seus chefes! E saiu regiamente pago pela tarefa. Somente na disputa de 2014 embolsou extraordinários R$ 88,9 milhões e conseguiu recolocar sua pupila no Planalto para um segundo mandato. Desde então Santana foi tratado como o principal estrategista, o “cérebro” por trás da imagem de Dilma e conselheiro-mor do restrito círculo de confiança da presidente. Na semana passada, Santana e sua mulher, Mônica Moura, foram parar atrás das grades, acusados de receberem irregularmente cerca de US$ 7,5 milhões em contas no exterior. A polícia suspeita que o dinheiro tenha saído diretamente do caixa da Petrobras, numa triangulação que pode confirmar as graves irregularidades no financiamento da campanha presidencial de Dilma. Em sua defesa o casal admitiu o crime de caixa dois, mas tentou desvincular tal receita dos trabalhos de marketing executados aqui para o Partido. Documentos da força-tarefa da Lava-Jato mostram, no entanto, que ao menos nove depósitos do operador de propinas da Petrobrás, Zwi Skornicki, foram feitos na conta do marqueteiro. Três desses repasses – cada um da ordem de US$ 500 mil – teriam sido realizados entre julho e novembro de 2014, em plena disputa presidencial. Procuradores da justiça dizem que nunca haviam conseguido provas tão contundentes quanto às dessa fase das investigações. Anotações dos envolvidos que falam em liberar dinheiro para “Feira” (codinome do baiano João Santana, dada a sua origem na cidade de Feira de Santana) e que “a conta na Suíça pode chegar a ela” (numa referência direta a presidente), engrossam o caldo de documentos que pode levar a cassação do mandato. O juiz Sergio Moro já havia encaminhado ao Tribunal Superior Eleitoral um relatório demonstrando o uso de dinheiro desviado da Petrobras para financiar as campanhas petistas. As criminosas movimentações financeiras de Santana entram nesse contexto como mais um elo da cadeia. Com ele, a Operação Lava Jato sobe em definitivo a rampa do Planalto, apontando o uso de recursos ilícitos para a eleição de Dilma. Mais grave: coloca o TSE na incômoda situação de ter, à revelia, servido de “lavanderia” a recursos superfaturados do petrolão - cujas sobras iam diretamente para o pagamento de gastos “legais” de campanha como a do marqueteiro. Inúmeros governadores e prefeitos já perderam seus mandatos por bem menos. Ignorar as evidências de abuso de poder econômico justamente na campanha presidencial de 2014 – e deixar de punir exemplarmente os beneficiários -, pode arranhar de maneira irreparável a credibilidade do Tribunal. O marqueteiro e sua mulher, Mônica Moura, repetiram agora os mesmos métodos do antecessor Duda Mendonça, que admitiu ter recebido via caixa dois, também em conta no exterior, o pagamento pelos serviços prestados na primeira eleição do ex-presidente Lula. A crônica e sistemática propensão a práticas criminosas por parte desses senhores, ao longo dos anos de gestão petista, só pode ser explicada por uma forte sensação de impunidade que se alastra no Partido. O sorriso escrachado da senhora Mônica, ao ser presa, como a zombar de todos os brasileiros, é o retrato perfeito desse sentimento. Nem Goebbels faria melhor! A sociedade só espera que nunca mais o Brasil seja saqueado pelo Partido dos Trabalhadores, como acontece há mais de uma década, quando tesoureiros, marqueteiros, presidentes da sigla e candidatos eleitos transformaram a agremiação num bando de larápios sedentos por destruir o estado, as estatais e a dignidade da Nação.