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quarta-feira, 31 de agosto de 2016

Esquizofrenia e alienacao da esquerda - Wanderley Guilherme dos Santos, um alucinado

Posto aqui pois, por mais alucinado, alienado, paranoico e esquizofrênico que seja este sociólogo de esquerda, diferentemente dos jovens, que não leram nada e não sabem nem falar, este pelo menos teve uma educação à antiga, e sabe pelo menos se expressar, o que a Afastada sequer consegue fazer, por exemplo.
Mas as loucuras são extensas, disseminadas, amplas e irrestritas.
Paulo Roberto de Almeida

Governo Temer é profundamente antinacional. É pior que 64’. 
Entrevista com Wanderley Guilherme dos Santos
Marco Weissheimer
Sul21, 29/08/2016

“O governo de Michel Temer dá as primeiras passadas, acelerando para o grande salto para trás e a grande queima de estoques. A massa assalariada brasileira está sendo vendida a preços de saldo, com as liquidações iniciais dos programas educativos e sociais. O patrimônio de recursos materiais, como antes, será oferecido como xepa. A repressão à divergência não será tímida. Não há nada a esperar”. Esse é o resumo da obra que será exibida no Brasil nos próximos meses, talvez anos, na avaliação do cientista político Wanderley Guilherme dos Santos, professor aposentado de Teoria Política da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e pesquisador sênior do Instituto de Estudos Sociais e Políticos (IESP-UERJ).
A entrevista é de Marco Weissheimer, publicada por Sul21, 29-08-2016.

Em um artigo intitulado “O grande salto para trás de Michel Temer”, publicado em seu blog “Segunda Opinião”, o cientista político prevê dias sombrios para o país e aponta algumas características do bloco que apoia Temer e que pretende implantar uma novaagenda política e econômica no país, sem ser referendada pelo voto popular, com a confirmação da derrubada da presidenta Dilma Rousseff.
Wanderley Guilherme dos Santos fala sobre essa agenda, destacando o seu caráter profundamente antinacional. Para ele, o movimento golpista pretende recolocar o Brasil no fluxo normal das relações do capitalismo que havia sido interrompido com a eleição de Lula em 2002. “O que vai acontecer agora, e já começou a acontecer, como tem ocorrido em várias democracias sociais no mundo inteiro, uma redefinição programática drástico dos contratos de solidariedade social com uma hegemonia desabrida da lógica do interesse do capital”, assinala. Para tanto, acrescenta, a esquerda foi expulsa do jogo político legal por algum tempo. “Eles não deixarão Lula ganhar a eleição em 2018 em hipótese alguma. Não sei como vão fazer, mas não deixarão”, diz, advertindo que a tentativa de prisão do ex-presidente Lula é uma possibilidade real neste cenário.
Eis a entrevista.
Como você definiria a atual situação política do país e, mais especificamente, o que está acontecendo no Senado nos últimos dias, com o julgamento do impeachment da presidenta Dilma Rousseff?
Eu não tenho acompanhado o Senado e nem o Supremo Tribunal Federal porque, já há algum tempo, tenho a convicção de que está tudo essencialmente resolvido. É uma peça cuja primeira montagem, para a minha sensibilidade, teve alguma emoção. Agora, virou algo mecânico. Por isso não estou acompanhando o que ocorre no Senado. Não vai daí nenhuma depreciação das pessoas. Elas estão cumprindo o protocolo, mas, no fundo, todos sabem que está resolvido.
Com a confirmação do afastamento de Dilma, quais podem ser as repercussões políticas e sociais no país?
Acho que ocorrerão desdobramentos e aprofundamentos do telos, da finalidade deste movimento que pretende recolocar o Brasil no fluxo normal das relações do capitalismo que havia sido interrompido com a eleição de Lula em 2002. A inserção do Brasil nosistema capitalista evoluiu muito durante os governos de Fernando Henrique Cardoso, quando foram construídos laços explícitos com o modelo internacional. Previamente a isso, havia uma indefinição sobre o rumo que o país iria tomar. Mesmo durante o período militar, havia uma disputa permanente entre os nacionalistas e os mais, digamos cosmopolitas. Isso foi resolvido, primeiro, com a vitória de Collor e, depois, com a de Fernando Henrique, quando tivemos oito anos de ajustamento da dinâmica brasileira ao modelo capitalista internacional. Isso foi interrompido em 2002.
O que vai acontecer agora, e já começou a acontecer, como tem ocorrido em várias democracias sociais no mundo inteiro, uma redefinição programática drástico dos contratos de solidariedade social com uma hegemonia desabrida da lógica do interesse do capital. Esse processo já está em curso.
Na sua opinião, pode ocorrer uma reação na sociedade a esse processo, especialmente entre os setores que devem ser mais atingidos por essa redefinição programática? Há uma aparente calmaria na sociedade hoje, considerando a gravidade de tudo o que está acontecendo. O que essa calmaria expressa? Apatia? Indiferença?
Acredito que temos aí uma composição de percepções. Em primeiro lugar, há o reconhecimento da falta de recursos. Os assalariados, de modo geral, com a ameaça dedesemprego, estão muito pouco dispostos a participar de manifestações com pautas universais, generalizantes. Só farão isso por questões específicas. Essa postura obedece a razões materiais compreensíveis. Em segundo lugar, por uma avaliação, na minha opinião bastante sensata também, de que esse esquema de redefinição programática e de reajustamento reacionário é muito forte e pouco vulnerável a pressões externas. Ele tem algumas instabilidades, como essa briga agora entre Gilmar Mendes e o Ministério Público Federal, mas elas não transbordarão para uma associação com quem está de fora. Assim, acredito que essa aparente apatia não é, na verdade, uma apatia, mas sim uma avaliação bastante pessimista, porém racional.
Em que medida a Constituição de 1988 está sendo afetada pelo que está acontecendo agora no Brasil?
A Constituição, propriamente, não está sendo atingida. O texto da Constituição consagra uma série de votos de boa vontade. O que aconteceu, de 2002 até aqui, foi uma tradução desses votos constitucionais em políticas específicas sérias e sistemáticas. Como essas intervenções sociais não foram constitucionalizadas, como ocorreu, por exemplo, com a Consolidação das Leis do Trabalho, elas ficaram muito vulneráveis a mudanças ministeriais e de governo. Então, o que está ocorrendo agora é um desmanche das políticas sociais construídas a partir de 2002 e a instalação de uma forma diferente de ler os votos constitucionais que não são específicos, mas sim declarações de intenções. O que está sendo atingido é a gramática que traduzia essas declarações de intenções em políticas sociais específicas.
Qual é, na sua avaliação, a capacidade do PT e da esquerda brasileira de um modo geral, de resistir a esse processo e de enfrentar o período que se abre agora na história do país?
Há um trabalho que vem sendo realizado há alguns anos junto ao subconsciente da sociedade para cultivar a impressão de que tudo o que vinha sendo feito desde 2002 era algo paliativo, populista e maligno para comprar o apoio das classes mais desfavorecidas. Foram anos de condicionamento da subjetividade nacional e grande parte dela ficou bastante hesitante no que pensar diante de uma lava jato. Não obstante a execução efetiva dos procedimentos legais que até agora condenaram empresários, burocratas, marqueteiros e alguns políticos, o único grande nome do PT condenado neste processo é o Vaccari (João Vaccari Neto, ex-tesoureiro do partido).
Desde o início da Lava Jato, os vazamentos, delações, declarações são sempre em relação ao PT. Por isso não cessa a Lava Jato. Toda semana tem uma ameaça nova sobre a prisão de fulano ou de sicrano. E não acontece. Não acontece porque não tem base e as coisas não colam. Há alguns meses, o Lula seria preso por causa do sítio em Atibaia ou por um apartamento no Guarujá. Isso era martelado diariamente como se fosse verdadeiro e suficiente para tornar alguém incomunicável. A Lava Jato colheu os frutos desses 13 anos de cultivo de uma subjetividade disposta a aceitar determinadas coisas. E a devastação produzida por isso foi muito grande. A imensa maioria das forças de esquerda não tem nada a ver com o número de pessoas denunciadas e condenadas pelaLava Jato. Há uma discrepância absoluta aí e ninguém está se dando conta disso.
Há dois processos em curso. Há um processo teatral e um processo real. Os personagens reais estão lá na lista de denunciados e sentenciados pela Lava Jato, da qual não constam políticos do PT, com exceção de Vaccari e Delcídio, que era um recém-chegado ao partido. A Lava Jato continua produzindo essa devastação na esquerda.
Então, é natural que o eleitorado de esquerda esteja, não digo intimidado, mas aguardando os acontecimentos, pois foi colocado sobre seus representantes um véu generalizado de suspeição, o que faz com que ninguém se arrisque a por a mão no fogo por ninguém. A situação de meio paralisia que vemos hoje é uma situação de intimidação. Tudo contribui para um curto e médio prazo não muito róseo para aesquerda brasileira.
Você acredita que a Lava Jato, uma vez confirmado o afastamento da presidenta Dilma, tende a terminar?
Não. Pode até ser que eles tenham pensado nisso em algum momento do processo, mas acho que tomaram gosto pela coisa. É um poder que, agora, o Gilmar Mendesidentificou. É um poder excepcional esse de ter informações sigilosas sobre as pessoas, de saber quem faz o quê, em um contexto em que acusação e difamação se confundem. É um poder tirânico, aparentemente dentro da lei. Eu duvido que isso termine tão cedo.
Em que medida esse bloco que está apoiando Temer e a derrubada da Dilma é um bloco coeso e sólido, considerando especialmente as relações entre PMDB e PSDB?
Pode haver algumas rusgas internas, mas acho que o bloco reacionário é sólido. A esquerda foi expulsa do jogo político legal por algum tempo. Lamento, mas eu leio o que está escrito. Posso estar lendo errado, mas tento ler o que está escrito.
Como avalia a possibilidade do movimento sindical e dos movimentos sociais resistirem à agenda de políticas defendidas pelo bloco político e social de Temer, que inclui propostas como a flexibilização da CLT e a precarização de direitos?
Os movimentos sociais podem resistir um pouco, mas dentro do sistema político legal atual, lá entre eles, a situação não é tão fácil assim. Nem todos são reacionários de alfa a ômega. Há representantes dentro do Legislativo e da burocracia que tem interesses a defender e estão envolvidos com uma série de políticas. Então, acho que não será tão fácil para eles e não cumprirão 100 por cento do que gostariam os mais radicais deles, mas isso por conta de resistências dentro do próprio bloco deles. Esse bloco é muito sólido no seu veto à esquerda. O consenso básico deles é: esquerda fora. Esse é o denominador comum que os unifica.
“Em certo sentido, o golpe atual é pior que o de 64, pois tem um compromisso antinacional e reacionário muito mais violento”.
Tudo isso que estou dizendo não significa que nós vamos ficar olhando para tudo isso de braços cruzados, sem fazer nada. O que estou fazendo é procurar ver essa conjuntura com um olhar realista, inclusive para não criar expectativas falsas. As lideranças da esquerda não podem ficar levantando expectativas falsas que sabem que não poderão cumprir. Isso é ruim. O que não quer dizer que vamos ficar parados. Nós ficamos parados durante a ditadura? Não e tampouco ficaremos parados agora. Na ditadura, não acreditávamos que, em 48 horas, iríamos derrubar os generais. Nem por isso ficamos parados.
Em certo sentido, o golpe atual é pior que o de 64, pois tem um compromisso antinacional e reacionário muito mais violento que o dos militares daquela época. Estes tinham uma seção autoritária, mas comprometida com interesses nacionalistas. Não é o caso agora. Cerca de 90% desse bloco que apoia Temer é profundamente antinacional. Isso não está acontecendo só aqui, vem acontecendo pelo mundo inteiro depois da crise de 2008.
Você vê alguma possibilidade de Lula vencer a eleição em 2018 e retornar ao governo?
Eles não deixarão Lula ganhar essa eleição em hipótese alguma. Não sei como vão fazer, mas não deixarão. A esquerda não ganhará a eleição em 2018 de jeito nenhum. O que não quer dizer que a gente não vá mostrar a cara. Dependendo do andar da carruagem e se as eleições fossem livres, hoje eu acho que eles perderiam. O governo Temer é muito ruim e está afetando todo mundo. Se houvesse uma eleição para valer, eles perderiam. Como é que eles vão fazer eu não sei. O compromisso que eles estão assumindo, em nível nacional e internacional, é de tal envergadura que eles não podem perder a eleição em 2018.
Na sua opinião, o tema da prisão de Lula ainda é uma possibilidade?
Acho que sim. Estão preparando o ambiente e o farão quando avaliarem que isso provocará apenas alguns protestos impotentes. Há um ano, eles não fariam, pois não daria certo. Eles não estão para brincadeira e vêm trabalhando sistematicamente para “acostumar” a opinião pública com a ideia da prisão de Lula. Eles vêm realizando sucessivas ameaças, às quais reagimos, para ir criando o clima. A ideia é que, ao longo dessas sucessivas ameaças, a nossa reação vá perdendo força na sociedade.
Como definiria a atuação do STF neste processo? Há setores do Supremo que fazem parte orgânica desse bloco de Temer?
Sim, fazem. A maioria do Supremo é servil. Os que não são, se acomodam e se acovardam. Só esboçam alguma reação em coisas secundárias. Na hora de decidir sobre temas essenciais, isso desaparece.
Outra instituição que vem sendo apontada como uma protagonista do golpe é a chamada “grande mídia”. Como definiria o papel desse setor?
É claro que também faz parte desse mesmo bloco. Não há nenhuma dúvida quanto a isso. Esse encontro entre Legislativo, Judiciário, Supremo, empresariado e mídia é uma circunstância que aconteceu. Não é fácil de acontecer, mas aconteceu. Acho que nem foi o resultado de uma coisa totalmente planejada, pois é muito difícil planejar algo dessa natureza. Mas acontece e, quando acontece, eles têm consciência de que aconteceu. Eles sabem o que aconteceu e, por isso, estão à vontade para cometer as maiores barbaridades como se fossem verdades. Hoje, se alguém ligado à esquerda entra com um habeas corpus ou algo do gênero no Supremo, eles negarão o pedido. Pode parecer exagerado, mas é isso mesmo. O que está acontecendo não é brincadeira. A gente esquece como isso tudo começou. Há alguns anos, o que estamos vendo agora era algo impensável. Hoje acontece como se fosse algo normal.
Considerando o bloco político social que apoia Temer hoje é possível fazer uma comparação com aquele bloco que apoiou o golpe de 64?
Não, é uma realidade bem diferente. Em 64, não havia uma sociedade organizada e diversificada como hoje. Os militares obtiveram uma maioria conjuntural, mas depois as coisas foram ficando mais complicadas. Não tem nada a ver com 64. Como disse, acho que o que acontece agora, em certo sentido, é pior em função do caráter profundamente antinacional desse bloco.

quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

Uma esquerda formada por debiloides, alienados, alienígenas?

Depois de ler toda esta matéria, publicada em Carta Maior (3/12/2015), e procurado atentamente alguma ideia inteligente para poder pelo menos comentar e manter um diálogo (ainda que unilateral) com aqueles que propõem um "outro tipo de política", para tirar o Brasil da recessão e dos impasses políticos, e de ter procurado outras ideias sensatas nos documentos referenciados ao final, eu não consegui tirar outra conclusão senão a de que todos, eu disse TODOS, os participantes desse seminário eram perfeitos débeis mentais, alienados no mais alto grau, pessoas sem qualquer qualificação para expor alguma ideia, desinteligente que fosse, mas com algum sentido e alguma conexão, mesmo tênue, com a realidade que estamos vivendo.
Não encontrei absolutamente nada, e posso, portanto, voltar a afirmar o que está no título: eles são debiloides, alienados, talvez habitantes de algum outro planeta, mas não desta nessa terrinha redonda (ou quadrada, como gostaria o chefe dos mafiosos).
Ao postar essa churumela aqui, estou contrariando, eu sei, o propósito deste blog, que é o de expor ideias inteligentes, de quaisquer correntes políticas, sem discriminação, para suscitar um debate também inteligente, se possível, sobre políticas públicas, em especial a econômica.
Pois bem, depois de percorrer todo o texto, sou obrigado, como já disse, a chegar a esta conclusão, e me perdõem a grosseria de minhas palavras, mas não há outra constatação possível: os participantes desse seminário são todos debeis mentais.
Seria com esse tipo de gente que os lulopetistas pretendem construir um outro tipo de política econômica para o Brasil? Se entregar o país a eles, eles conseguem destruir o Brasil ainda mais rapidamente do que está fazendo a tropa atualmente no poder.
Paulo Roberto de Almeida

A luta contra o ajuste fiscal está associada à luta contra o golpe

No lançamento do documento 'Por um Brasil Justo e Democrático' no RJ, lideranças progressistas criticam política econômica do governo.


Najla Passos
Marcio de Marco
Quase 300 acadêmicos, intelectuais, militantes, representantes de movimentos sociais, deputados e senadores de partidos progressistas diversos participaram do lançamento do documento “Por um Brasil Justo e Democrático”, promovido pelo Fórum 21, no último dia 27, no teatro da Universidade Cândido Mendes, no Rio de Janeiro. E reafirmaram: a luta contra a política econômica do governo está associada a luta contra o golpe democrático!

Membro da Coordenação Executivo do Fórum 21 e diretor-presidente da Carta Maior, Joaquim Palhares agradeceu a presença de todos e explicou a dinâmica do documento, construído por quase 200 economistas, urbanistas, advogados e profissionais liberais progressistas de todo o país, com o apoio do Centro Internacional Celso Furtado de Políticas para o Desenvolvimento, Rede Desenvolvimentista, Fundação Perseu Abramo, Brasil Debate, Plataforma Política Social – Caminhos para o Desenvolvimento, Le Monde Diplomatique Brasil e o Fórum 21.

Presidente da Fundação Perseu Abramo, economista e professor da Unicamp, Márcio Pochmann afirmou que o trabalho busca se contrapor a essa ditadura do curto prazo que impera na execução das políticas públicas e que faz com que o Brasil seja administrado como se fosse uma empresa qualquer do mercado financeiro. “O Brasil perdeu a perspectiva de médio e longo prazo”, justificou.

Segundo ele, mesmo antes do início da recessão, o Brasil já registrava um crescimento médio pífio, dada as potencialidade de um país em desenvolvimento. “A preocupação fundamental nossa, desse conjunto de quase 200 intelectuais que participaram da construção desse documento, é a de oferecer diretrizes de médio e longo prazo. É impossível um país ter rumos, se não considera a questão do planejamento, se não questiona onde é que queremos chegar daqui a 10, 20 anos”, afirmou.

Conforme o economista, vivemos hoje um período de enaltecimento do mercado, em que dizem que não é possível se fazer nada para mudar o quadro, independentemente de partidos e ideologias. “O documento se levanta contra isso, porque é absolutamente necessário recuperarmos a Política com P maiúsculo, que é elemento fundamental para subordinar a economia”, conclamou.

De acordo com Pochmann, são cinco as principais diretrizes que o documento, em constante construção, apresenta para o debate. A primeira se refere à estabilização da economia, mas não por meio da austeridade e do ajuste fiscal, conforme pautado pelo mercado. A segunda é a urgente necessidade de reindustrializar o país. “Na época da redemocratização, a indústria representava cerca de um terço do PIB. Hoje, o peso da indústria não chega a 10%. E não há experiência histórica de país desenvolvido sem indústria”, argumentou.

A terceira visa uma profunda reforma do estado brasileiro. “O Estado que temos hoje não é contemporâneo das necessidades do povo brasileiro. É um estado pesado, patrimonialista, é um estado que precisa de uma reforma. E essa reforma iniciaria reconhecendo que não podemos mais ter um Estado que é muito poderoso para tributar os pobres, mas é uma mãe para os ricos”, observou.

A quarta diretriz, segundo o economista, aponta para uma mudança substancial na relação do estado com o mercado, cada vez mais submetido à ação das máfias que atuam nos orçamentos públicos de diferentes níveis. E, por fim, a quinta diz respeito à profunda transição demográfica pela qual o país está passando. “O Brasil tem hoje 3 milhões de brasileiros com 80 anos ou mais de idade. Daqui a 15 anos, teremos 20 milhões de brasileiros nesta faixa. Este é um Brasil diferente do que temos hoje e, infelizmente, não estamos preparados para esta mudança”, apontou.

Professora de Economia da USP, Laura Carvalho lembrou que o país passa por uma fase em que os conflitos distributivos estão muito acirrados. “Uma recessão é um momento em que a disputa pelas fatias do bolo fica mais acirrada. E o que a gente percebe é que tudo o que foi conquistado pela distribuição de renda está ameaçado. (...) Está evidente que há uma pressão para a redução de direitos”, avaliou.

Segundo ela, o documento lançado se propõe a encarar estes conflitos distributivos do lado certo, do lado dos trabalhadores, do lado daqueles que acreditam que o ajuste fiscal em curso não é a melhor solução para a retomada do crescimento. Para a economista, a importância da esquerda apresentar um projeto de país de longo prazo é decisiva para mudar a narrativa conservadora criada sobre o atual momento político.

“Nós temos uma narrativa a ser construída para o futuro da esquerda no país. Porque a narrativa dominante que temos hoje é a de que tudo fracassou, de que é insustentável distribuir renda e que temos que voltar ao modelo anterior. Esse discurso - que agora é poderosíssimo e, inclusive, conquistou o próprio governo - não só prejudica a economia hoje, mas também prejudica o projeto de esquerda para o país”, argumentou.

Quem são os brasileiros?

O economista e professor da UFRJ, Carlos Lessa, também participou do evento e apresentou sua contribuição ao debate. Segundo ele, duas perguntas fundamentais que precisam ser respondidas pelas forças progressistas que queiram retomar a construção de um projeto popular de país são “o que é o Brasil?” e “quem são os brasileiros?”.

Na avaliação dele, o Brasil é um país eminentemente urbano e metropolitano, enquanto o brasileiro médio é um personagem imensamente criativo que “se vira” para sobreviver e, por isso, não se aproxima do padrão tradicional da classe operária descrito pela literatura marxista, mas sim daquele do pequeno burguês. “O que é o vendedor de sacolé senão o empresário de si mesmo?”

Por isso, o economista acredita que a bandeira progressista mais capaz de aglutinar as pessoas hoje é a luta pela moradia. “Todos sonham com a casa própria”, resumiu. Lessa defendeu também que a cadeia da construção civil movimenta a economia local e nacional, o que envolve ainda mais interesses em torno da pauta. De acordo com ele, a casa própria, ao mesmo tempo que tem uma dimensão puramente capitalista, também tem uma popular, que é o mutirão. “Dar força à ideia da casa própria e à mobilização em torno da construção dessa casa nos dá um pé para construir esse Brasil nacional”, concluiu.

Apoio político

O presidente da Frente Brasil Popular, Roberto Amaral, afirmou que o documento é uma luz para a tragédia da economia, mas lembrou que, por trás dela, há outras tragédias que assolam o país. Segundo ele, os últimos fatos desvelam a miséria da política, a falência dos nossos partidos, a tragédia do setor ponderado da esquerda brasileira que renunciou à ética socialista, que tendo na base da sua ascensão as forças populares, preferiu as negociações por cima, os acordos com o grande capital. “Não há possibilidade de negociação com o grande capital, com as classes dominantes. Getúlio tentou e não deu certo. Lula tentou e não deu certo. Dilma está tentando e não vai dar certo”, alertou.

Para Amaral, o país está enfrentando uma conjuntura que só encontra similaridade na dos anos 30: o avanço de uma direita fascista, que está no Congresso reescrevendo a Constituição e conta com personagens como Eduardo Cunha e Delcídio Amaral. “O mandato da presidenta Dilma foi construído pelas forças populares, que irão continuar apoiando-a, ainda que ela governe para os derrotados. É fundamental para a democracia brasileira preservar o mandato. Nós temos que enfrentar a ameaça da direita do Brasil, que se manifesta em todos os setores da nossa sociedade”, afirmou.

O deputado Wadhi Damous (PT-RJ) acrescentou que qualquer cidadão que vive hoje no Brasil percebe que a política econômica em curso resulta em um governo fraco, um governo sem apoio popular. “Esta política afasta o povo, porque ela é excludente. E nós não podemos ter comandando nossa economia esses setores neoliberais”, afirmou.

A deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ) ressaltou que os setores populares precisam se unir e contribuir para que o governo Dilma dê um salto de qualidade. “A política econômica do governo está errada. Nós estamos enxugando gelo (...) Mas nós não podemos abstrair a política. O que nós precisamos é que a Dilma tenha a mesma coragem que nós estamos tendo aqui: ultrapassar esta fase, enfrentar uma agenda nova, que faça uma política de tributação progressiva de fato, que assuma diretrizes de políticas estruturantes”, defendeu.

O senador Lindberg Farias (PT-RJ) lembrou o cenário desolador da economia brasileira. “Nós pagamos, em 12 meses, R$ 510 bilhões em juros da dívida pública para o sistema financeiro. E sabe qual é o orçamento da saúde? R$ 100 bilhões. Nós vivemos uma situação dramática. (...) Não tem outro nome. É uma agenda neoliberal que está sendo aplicada pelo nosso governo. Então, temos que ser muito duros neste debate”, propôs.

Segundo ele, a luta contra o golpe, contra o impeachment, tem que estar associada a luta contra a política econômica. “Se nós mantivermos este rumo, nós não vamos aguentar. São dois tipos de golpe: um é o impeachment. O outro é render a presidenta. E nós não podemos deixar isso acontecer”, observou.

O senador Roberto Requião (PMDB-PR) também avaliou que os setores progressistas estão sendo tolerantes demais com fatos intoleráveis, o que aprofunda a crise de representatividade. “Não tolero mais que se levante o estandarte de companheiros que prevaricaram e desmoralizaram a política brasileira. Não posso acreditar que falemos em pressão popular quando não damos nenhum ponto de apoio para que essa pressão se realize. Eu não posso acreditar que a gente consiga conscientizar massas e avançar com o movimento popular, do jeito que a esquerda vota no congresso nacional. Sob o pretexto de que nós temos o governo que temos - e que o outro seria pior, nós estamos deixando de ser referência. Vamos esperar que a Dilma mude? Então, oremos”, provocou.

Conforme o parlamentar, o embate em curso, em que o capital tenta ocupar todos os espaços da política, não se dá só no Brasil. “Querem que o Estado se transforme na polícia do mundo e que a economia seja gerida por técnicos do capital financeiro”, afirmou. Para ele, o financiamento empresarial de campanha tornou a política promíscua e desmoralizada. “Não é o PT que está envolvido na corrupção. São os parlamentares financiados pelo capital de todos os partidos”, defendeu.


Participação ampla

Também participaram do evento representantes de entidades e movimentos sociais importantes, como o MST, MTST, CUT, Federação Nacional dos Petroleiros, Conselho Regional de Economia, Sindicato dos Jornalistas, dentre outros. O documento “Por um Brasil Justo e Democrático” já foi lançado em São Paulo, Brasília e Belo Horizonte. Nos próximos dias, será lançado em Porto Alegre, Salvador e Recife. Também está disponível na internet.
Confira:
Mudar para sair da crise – Alternativas para o Brasil voltar a crescer (Vol. I) 
O Brasil que queremos – Subsídios para um projeto de desenvolvimento nacional (Vol. II)

segunda-feira, 5 de maio de 2014

Cartografia da Esquerda no Brasil - Leandro Eliel (Revista Espaco Academico)


Cartografia da esquerda no Brasil
LEANDRO ELIEL*
Este texto tem uma pretensão modesta: apresentar de maneira sintética o conjunto das organizações de esquerda atuantes, hoje, no Brasil. Certamente haverá erros de informação e resumos polêmicos, motivo pelo qual pedimos a ajuda dos leitores para que possamos corrigir os erros e registrar as divergências na próxima edição desta revista.
Partido dos Trabalhadores
Partido dos Trabalhadores (www.pt.org.br) foi fundado em 1980. Quatro grandes setores confluíram na sua criação:
a) sindicalistas do chamado “novo sindicalismo”, especialmente os metalúrgicos, bancários e petroleiros;
b) militantes de organizações de esquerda atuantes na oposição contra a ditadura (alguns entraram em caráter individual no PT, outros entraram por decisão de suas respectivas organizações);
c) lideranças populares formadas pelas pastorais e comunidades da Igreja Católica, especialmente do setor progressista;
d) parlamentares e lideranças atuantes no Partido do Movimento Democrático Brasileiro, o PMDB (durante muitos anos, o único partido de oposição legalizado no país).
Desde a sua fundação, o PT abrigou diferentes correntes de opinião, geralmente denominadas de tendências. A primeira tentativa de disciplinar a existência de tendências no interior do Partido ocorreu no 5º Encontro Nacional do PT, em 1987. A segunda tentativa ocorreu no Primeiro Congresso do PT, em 1991.
Uma compreensão do papel jogado pelas tendências no interior do PT deve levar em conta pelo menos duas variáveis: as posições políticas defendidas por estes grupos e a atitude geral que adotavam frente ao Partido.
De 1983 a 1993, por exemplo, existia uma tendência hegemônica e majoritária em âmbito nacional: a Articulação, cujas posições se refletiam nas resoluções partidárias.
Competindo com a Articulação, havia algumas lideranças e agrupamentos informais com posições mais moderadas (exemplo disso são os parlamentares que defenderam votar em Tancredo Neves no Colégio Eleitoral). E havia, também, lideranças e agrupamentos com posições mais radicalizadas.
A maioria destes agrupamentos tivera origem anterior ou exterior ao PT. É o caso da Democracia Socialista (Organização Revolucionária Marxista/Democracia Socialista), do Partido Revolucionário Comunista (PRC), do Partido Comunista Brasileiro Revolucionário, da Organização Socialista Internacionalista (O Trabalho), da Ala Vermelha, da Convergência Socialista, entre outros.
Entre 1991 e 1995, em decorrência dos acontecimentos e debates descritos, ocorrem profundas alterações na vida interna do PT. Em primeiro lugar, todas as tendências passam a se considerar como “tendências internas” de um “partido estratégico”. Em segundo lugar, a Convergência Socialista e outros grupos saem do PT, criando o PSTU. Em terceiro lugar, a tendência majoritária passa por um processo de cisão, dando origem à Articulação Unidade na Luta e à Articulação de Esquerda. Em quarto lugar, lideranças e tendências situadas à esquerda e à direita da Articulação, invertem seus papéis (é o caso de Plínio de Arruda Sampaio, líder moderado nos anos 1980 e líder radical nos anos 1990; é o caso, também, de José Genoíno, que faz o percurso inverso).
De 1995 até o final de 2003, o quadro interno se estabiliza da seguinte forma. Um grupo majoritário denominado, talvez para que não restasse dúvida, de “Campo majoritário”, composto basicamente pela Articulação Unidade na Luta e pela Democracia Radical (esta por sua vez, oriunda da aliança do ex-PRC com outros setores). Uma esquerda, com quatro expressões mais conhecidas, a saber: a Democracia Socialista, a Articulação de Esquerda, a Força Socialista e O Trabalho. E um centro, cuja expressão principal viria a formar o chamado “Movimento PT”, agrupamento de lideranças parlamentares e grupos regionais.
No final de 2003, a expulsão de Heloísa Helena e de três deputados federais é o marco inicial de um novo processo de alteração no quadro interno. Em primeiro lugar, o Movimento de Esquerda Socialista e a Corrente Socialista dos Trabalhadores (duas tendências oriundas da antiga Convergência Socialista), acompanhadas de um número significativo de lideranças de esquerda independentes, saem do PT ainda em dezembro de 2003 e criam o PSOL. Outro grupo expressivo de petistas filia-se ao PSOL entre os meses de setembro e outubro de 2005. É o caso da Ação Popular Socialista (tendência resultante da fusão da antiga Força Socialista com outros grupos), de Plínio de Arruda Sampaio, de vários deputados federais e de certo número de militantes oriundos de várias tendências da esquerda petista ou independentes. Em segundo lugar, lideranças até então vinculadas ao “Campo majoritário” ou independentes de expressão desligam-se do PT, indo para outros partidos ou ficando sem filiação partidária (é o caso, por exemplo, de Hélio Bicudo, Cristovam Buarque e de Chico Whitaker). Em terceiro lugar, a crise de 2005 e o processo de eleição das novas direções partidárias altera a força do antigo “Campo majoritário”, que deixa de ter a maioria absoluta no Diretório Nacional do PT.
De 2005 em diante a esquerda partidária passa por um processo de divisão e redução de sua influência, que se expressa nos resultados das eleições internas. Em 2007 a correlação de forças se mantém quase inalterada, com a diferença de que dois representantes moderados disputam o segundo turno, Ricardo Berzoini (CNB) contra Jilmar Tatto (PTLM), com a vitória de Berzoini. Em 2009, a CNB compõe uma chapa com o PTLM e NR elegendo a maioria absoluta dos membros no Diretório Nacional e, no primeiro turno, conquistam também a presidência do PT com José Eduardo Dutra, que logo depois, por problemas de saúde, se afasta da presidência. O Diretório Nacional elege Rui Falcão para ocupar a presidência. Em 2013, num processo eleitoral bastante criticado, setores partidários que estavam no centro ou na esquerda petista aderem a candidatura do grupo majoritário para a presidência do PT.
As principais tendências do PT
Construindo um novo Brasil(www.contruindoumnovobrasil.com.br), também conhecida pela sigla CNB: oriunda da Articulação dos 113, passando pela Articulação Unidade na Luta e pelo Campo Majoritário. Reivindica o programa democrático e popular, concentrando esforço cada vez maior na luta institucional como caminho para as mudanças. No PED 2013 apoiou Rui Falcão, da tendência Novo Rumo, à presidência nacional do PT.
Novo Rumo (NR), originalmente uma cisão paulista da Articulação de Esquerda. Possui uma orientação política similar à da CNB, privilegiando uma estratégia institucional.
Partido de Luta e de Massas (PTLM, www.ptlmnacional.org.br): originário da Articulação Unidade da Luta. Também possui uma trajetória política similar à da CNB, privilegiando uma estratégia institucional. No PED 2013 apoiou Falcão à presidência nacional do PT.
Movimento PT (MPT, www.movimentopt.com.br): reúne oriundos de diferentes setores do Partido. Busca situar-se no centro, fazendo críticas ao campo majoritário e a esquerda petista. No PED 2013 apoiou Rui Falcão à presidência nacional do PT.
Esquerda Popular e Socialista (EPS, www.esquerdapopularsocialista.com.br): grupo originário da fusão entre a Tendência Marxista e um grupo que em 2011 saiu da AE. Define-se como marxista, defende a articulação das lutas sociais e institucionais na construção de uma sociedade socialista. No PED 2013 apoiou Rui Falcão à presidência nacional do PT e participou da chapa do Movimento PT.
Brasil Socialista (BS): tendência oriunda do antigo PCBR, compondo durante quase toda a história do PT o campo de esquerda. Foi a principal corrente a impulsionar a fundação do Movimento de Libertação dos Sem Terra (MLST). No PED 2013 apoiou Rui Falcão à presidência nacional do PT.
Mensagem ao Partido (www.mensagemaopartido.com.br): campo integrado por diversas personalidades, grupos regionais e por uma tendência nacional, a Democracia Socialista (DS). Entre 2003 e 2005, ao mesmo tempo que uma parte de seus integrantes funda o PSOL, o grupo majoritário na DS rompe seus vínculos com o Secretariado Unificado da Quarta Internacional e reorienta-se internamente no PT, passando a defender uma estratégia conhecida como “revolução democrática”. A Mensagem ao Partido lançou candidatura própria no PED 2007, 2009 e 2013. Antes disso, a DS já havia lançado candidatura própria no PED 2001 e 2005.
Militância Socialista (MS, www.militanciasocialista.org): fusão de diversas tendências regionais. Defende a articulação da luta social com a luta institucional, na defesa de reformas estruturais mais amplas. Compõe a esquerda petista. No PED 2009 apoiou a candidatura da Articulação de Esquerda. No PED 2013 lançou candidatura própria.
Articulação de Esquerda (AE, www.pagina13.org.br): cisão da Articulação dos 113, surgida em 1993 com o lançamento do manifesto “Hora da Verdade”. A AE defende uma estratégia e um programa democrático-popular e socialista. Lançou chapa e candidatura própria em todos os PED, desde 2001 até 2013. Edita o jornal Página 13.
O Trabalho (OT, www.otrabalho.org.br): oriunda da Organização Socialista Internacionalista, a tendência trotskista O Trabalho passou por uma importante cisão nos anos 1980, quando parte importante de sua militância adere a Articulação dos 113. Outra cisão ocorreu por volta de 2007, dando origem a um agrupamento denominado Esquerda Marxista. Reivindica a Quarta Internacional. Edita o jornal O Trabalho. Lançou chapa e candidatura própria em todos os PED, desde 2001.
Esquerda Marxista (EM, www.marxismo.org.br): cisão de O Trabalho. Filiada à Corrente Marxista Internacional, luta pela reconstrução da Quarta Internacional. Sua estratégia política é orientada pelo Programa de Transição de Trotski. Edita o jornal Esquerda Marxista. Desde que surgiu, participou com chapa e candidatura própria no PED nacional.
Partido Democrático Trabalhista (PDT)
O PDT, criado em 1979, é fruto da reorganização do trabalhismo histórico que atuava no PTB até extinção dos partidos políticos pela ditadura militar. Impedido pelos militares de controlar a legenda do PTB, Leonel Brizola, junto com outras lideranças, funda o PDT. Defende que a propriedade privada deve ser preservada e submetida ao bem estar social e a um Estado normativo. Em 1989, nas eleições presidenciais, Leonel Brizola quase foi para o segundo turno, momento em que apoiou a candidatura de Lula contra a de Collor. Em 1994, candidata-se novamente e obtém uma votação muito baixa. Em 1998, é candidato a vice-presidente na chapa de Lula, quando são derrotados por Fernando Henrique Cardoso. Nas eleições de 2002, o PDT apoia a candidatura de Ciro Gomes (PPS). Em 2006, lança Cristovam Buarque. Em 2010 apoia a candidatura de Dilma Rousseff (PT). O PDT edita o jornal O Trabalhador.
Partido Socialista Brasileiro (PSB)
O PSB, fundado em 1947 pela Esquerda Democrática, reorganiza-se em 1985, mantendo o mesmo programa e estatuto de origem. Defende um programa socialista gradual e legal, que preserve a propriedade privada. Nas eleições presidenciais de 1989, 1994 e 1998, o PSB apoiou a candidatura de Lula. Em 2002, lançou candidatura própria, a de Antony Garotinho, apoiando Lula no segundo turno. No primeiro turno de 2006 não apoiou formalmente nenhuma candidatura, apoiando Lula no segundo turno. Em 2010 apoiou a candidaturas Dilma Rousseff. Em 2013, sem conseguir organizar a própria legenda, Marina Silva filia-se ao PSB e soma esforços com os socialistas para viabilizar a oposição ao Governo Dilma.
Partido Socialismo e Liberdade (PSOL, www.psol50.org.br)
Em 2003, o PT expulsa a deputada federal Luciana Genro e os deputados federais Babá e João Fontes, assim como a senadora Heloisa Helena. O motivo imediato da expulsão foi a reforma da previdência. Afirmando que o PT havia abandonado seu projeto estratégico socialista, esses parlamentares e setores da esquerda petista (como o Movimento de Esquerda Socialista e a Corrente Socialista dos Trabalhadores) iniciam a construção de um novo partido, regularizado em 2005, com o nome de PSOL. Naquele mesmo ano ganham o reforço de outros setores petistas, entre eles a tendência APS e lideranças como Plínio de Arruda Sampaio, Chico Alencar e Marcelo Freixo, entre outras.
Em 2006, o PSOL lança a candidatura de Heloisa Helena para a Presidência da República, numa coligação que contava com o PSTU e o PCB. Tendo como vice César Benjamin, até então um dos teóricos da chamada Consulta Popular, Heloisa Helena obtém 6,85% dos votos, ficando em terceiro lugar na corrida presidencial. Nas eleições de 2010, Heloisa Helena não aceita a candidatura a Presidência, preferindo a candidatura ao Senado pelo estado de Alagoas. Apesar da eleição dada como certa, não obteve sucesso, ficando em terceiro lugar. Em seguida, a ex-senadora renuncia a seu mandato na presidência do PSOL. Nesse ano, Plínio de Arruda Sampaio é o candidato do PSOL à presidência da República, sem conseguir fazer aliança com PSTU e PCB, que lançam suas próprias candidaturas presidenciais. Plínio recebe apenas 0,87% dos votos, ficando em quarto lugar. Em 2014, depois de um Congresso partidário marcado por denuncias de fraudes e pela rejeição de prévias internas, o senador Randolfe Rodrigues é escolhido como candidato do PSOL à Presidência da República. Em seguida, a Insurgência, tendência da esquerda psolista, lança a candidatura de Renato Roseno e reivindicou a realização de uma Conferência Eleitoral. Edita o jornal Página 50.
Atualmente, dois campos disputam o controle do partido: um setor moderado e majoritário (Unidade Socialista), capitaneado atualmente pela APS e por diversos grupos regionais; e um setor radicalizado (Bloco de Esquerda), composto por Insurgência, MES, APS-Corrente Comunista, CST, LSR, Plínio de Arruda Sampaio, Carlos Gianazzi, entre outras organizações e lideranças. Entre eles o Coletivo Rosa Zumbi, que lançou tese própria (PSOL Necessário) no último Congresso, originando-se de um racha da APS.
Recentemente, o MES, segunda maior corrente interna, indicou Luciana Genro candidata a vice na chapa à Presidência da República, consolidando uma nova maioria na agremiação.
A relativa hegemonia do campo moderado foi consolidada após a renúncia de Heloisa Helena, que foi presidente do partido entre 2004 e 2010, e que teve sua filiação ao PSOL questionada pela colaboração com a construção da Rede Sustentabilidade de Marina Silva. Afrânio Bopré (APS), naquele momento, assumiu a presidência do PSOL, ficando até 2011, quando Ivan Valente (APS) foi eleito para o cargo num mandato de dois anos. Em 2013, o setor moderado, a Unidade Socialista, obteve 52% dos votos dos/as delegados/as, indicando Luiz Araújo (APS) como presidente do PSOL, enquanto o Bloco de Esquerda conquistou 45% e o PSOL Necessário 3% dos votos. Na atual executiva nacional o setor moderado possui dez representantes, enquanto o Bloco de Esquerda possui nove, configurando um acirrado processo de disputa interna.
As principais tendências do PSOL
Ação Popular Socialista / Corrente Comunista (APS-CC,http://pt.wikipedia.org/wiki/A%C3%A7%C3%A3o_Popular_Socialista): oriunda do Movimento Comunista Revolucionário e da Força Socialista, antigas tendências internas do PT, a APS adere ao PSOL em 2005, tornando-se a principal corrente partidária, mesmo com o racha de 2012/2013. No último congresso elegeu o presidente do Partido, compondo o campo moderado.
Movimento Terra, Trabalho e Liberdade (MTL): organização anterior à fundação do PSOL, que inicialmente reunia organizações atuantes no campo (MLST de Luta, MT e MLS) e que atraiu militantes de setores urbanos, principalmente do serviço público, tornando-se uma tendência do PSOL. Em 2012, com críticas “ao processo de moderação”, importantes lideranças do RJ e ES rompem com a tendência. Após as denuncias de retenção de verbas de assessores contra uma parlamentar do PSOL-RJ, o MTL dissolveu-se, tendo parte de seus integrantes aderido a Rede Sustentabilidade.
Movimento de Unidade Socialista-MUS / Fortalecer o PSOL (www.fortaleceropsol.com.br): oriunda da antiga Convergência Socialista, da CST e do MES, entre outros militantes que atuavam no PT. Também conhecidos como Fortalecer o PSOL, título da tese apresentada no 3º Congresso. No último congresso, junto com a APS e o MTL, compôs o campo moderado.
Somos PSOL : tendência com pouca expressão e que no último congresso compôs o campo moderado. Defende uma visão “de que estamos vivendo um momento histórico de transição do capitalismo da Era Industrial, a Era da Informação, que estaria em pleno desenvolvimento, a internet e sua arquitetura interna — em sua versão de uso 2.0 –, seria uma nova geografia, digitalizada, que permitiria aos seres humanos uma experiência sensorial intersubjetiva única e revolucionária na história da humanidade”.
Insurgência (www.insurgência.org): surge em 2013, fruto da fusão entre o Coletivo Socialismo e Liberdade (CSOL), racha do PSTU; o ENLACE e o Coletivo Luta Vermelha, filiado ao Secretariado Unificado da Quarta Internacional. Publica a revista À Esquerda, critica o processo de moderação do PSOL, a institucionalização e as alianças promovidas nas últimas eleições.
Movimento Esquerda Socialista (MES, www.lucianagenro.com.br/mes/): oriunda da antiga Convergência Socialista, o MES entra no PSOL e torna-se a segunda maior tendência interna, atuando inicialmente próximo à Senadora Heloisa Helena e ao MTL. Defendia posições mais moderadas, inclusive a aliança com o PV, que ocorreu nas eleições de 2008, em Porto Alegre. Desde o II Congresso disputa com a APS o controle do partido. Compõe o Bloco de Esquerda. Luciana Genro, do MES, foi confirmada como candidata a vice-presidência de Randolfe Rodrigues.
Corrente Socialista dos Trabalhadores (CST, www.cstpsol.org): oriunda da antiga Convergência Socialista, atuava no PT. É filiada à Unidade Internacional dos Trabalhadores – Quarta Internacional (UIT-QI). Possui o periódico mensal Combate Socialista. A CST, que compõe o Bloco de Esquerda, acusa a Unidade Socialista de igualar o PSOL aos partidos do sistema.
Coletivo Resistência Socialista (CRS, http://www.resistenciapsol.xpg.com.br/): compõe o Bloco de Esquerda, apresenta críticas a condução da maioria e, alegando fraude, não aceita os resultados do último Congresso e a candidatura de Randolfe Rodrigues à Presidência, exigindo um novo processo.
Ação Popular Socialista / Nova Era (APS/NE, http://psol50sp.org.br/files/2013/07/Tese-da-APS-Congresso-Estadual-Psol.pdf): entre 2012 e 2013 a corrente majoritária APS sofre uma cisão. Surgem daí três agrupamentos: a APS/CC, o coletivo Rosa Zumbi e a APS/Nova Era ou APS de Esquerda, que reuniu, majoritariamente, setores sindicais de juventude críticos às alianças realizadas pela APS em Macapá e Belém. No último congresso compôs o Bloco de Esquerda.
Coletivo Primeiro de Maio (http://primeirodemaio.org/): tendência oriunda do Coletivo Rosa do Povo, é crítica do setor majoritário e da ampliação de alianças promovidas pelo PSOL no último período. No último congresso compôs o Bloco de Esquerda.
Coletivo Rosa Zumbi (http://coletivorosazumbi.wordpress.com/): tendência oriunda do racha da APS, é crítica tanto do setor moderado, por sua excessiva institucionalização, quanto dos setores à esquerda, pelo seu sectarismo. Defende a validade e atualização do Programa Democrático e Popular. No último congresso lançaram chapa própria com apoio do Deputado Federal Chico Alencar.
Liberdade, Socialismo e Revolução (LSR, http://www.lsr-cit.org/): fusão das tendências Socialismo Revolucionário (SR) e Coletivo Liberdade Socialista (CSL), filiada ao Comitê por uma Internacional do Trabalhadores (CIT), trotskista, publica o jornal Ofensiva Socialista. Crítica dos rumos adotados pela maioria, assinou junto com o Grupo de Ação Socialista (GAS) e o Reage Socialista uma tese no último congresso, compondo também o Bloco de Esquerda.
Trabalhadores na Luta Socialista (TLS, http://trabalhadoresnalutasocialista.blogspot.com.br/): agrupamento com maior expressão em São Paulo, crítico do setor majoritário e compôs o Bloco de Esquerda no último congresso.
Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado (PSTU,www.pstu.org.br)
O PSTU originou-se da Convergência Socialista, tendência petista expulsa em 1991. No interior do PT, não consideravam o partido como estratégico pra a revolução socialista. Entre 1991 e 1994, a partir da junção com outros setores, fundam o PSTU. Posteriormente, romperam com a CUT e construíram a CONLUTAS, que originou a Central Sindical e Popular (CSP) – Conlutas. Trotskista, está vinculado à Liga Internacional dos Trabalhados – Quarta Internacional (LIT-QI).
O PSTU não prioriza o processo eleitoral, alegando que é um jogo de cartas marcadas, sendo apenas um momento de propaganda do programa. As eleições de parlamentares do partido servem como “ponto de apoio para as lutas sociais”. Participou das eleições de 1994, apoiando criticamente Lula. Em 1998, 2002 e 2010 lançou candidatura própria, a do metalúrgico José Maria. Em 2006, em aliança com PSOL e PCB, apoiou a candidatura de Heloisa Helena (PSOL).
Defende uma estratégia socialista, revolucionária, liderada pelo operariado industrial, aliado aos setores explorados do campo e da cidade, sem alianças com outras classes ou setores de classes, que impulsionaria a revolução internacional. Defende a construção de um partido revolucionário, coeso e sem tendências. As divergências são expressas apenas durante os processos congressuais. Publica o jornal Opinião Socialista.
Partido Comunista Brasileira (PCB, www.pcb.org.br)
Fundado em 1922, o Partido Comunista do Brasil muda de nome em 1962, passando a chamar-se Partido Comunista Brasileiro. O grupo contrário a esta mudança de nome dá origem, também em 1962, ao PCdoB. Após o Golpe Militar, o PCB passa por diversas cisões, originando agrupamentos que optaram pela luta armada contra a ditadura. No início da década de 1980, Luis Carlos Prestes, até então a principal liderança comunista do Brasil, também rompe com o PCB. Lança Roberto Freire candidato à Presidência da República em 1989. Em 1992, um congresso partidário aprova a extinção do PCB e a criação do Partido Popular Socialista (PPS). A minoria do congresso não aceita a decisão e consegue recuperar na justiça o direito a utilizar a sigla PCB. Nas eleições presidenciais de 1994 a 2002, o Partido Comunista Brasileiro apoia o candidato do PT. Nas eleições de 2006, em coligação com o PSOL e PSTU, apoia a candidata presidencial Heloisa Helena (PSOL). Em 2010, lança candidatura própria, a de Ivan Pinheiro. Para 2014, a pré-candidatura de Mauro Iasi foi lançada.
O PCB atual faz uma autocrítica da visão etapista da revolução brasileira, defendendo que as transformações necessárias seriam de caráter socialista. Essa análise inclui a crítica do programa e da estratégia democrático-popular proposta pelo PT. O PCB defende a construção do Poder Popular, que não é apenas um fórum de organizações de esquerda, mas um processo de articulação tática e estratégica de construção de espaços contra hegemônicos na luta cotidiana que evolua para a construção da dualidade de poderes, construindo assim o embrião do Estado proletário.
O PCB não permite a existência de correntes internas, defendendo um partido formado por militantes e quadros. Sua principal publicação é o jornal Imprensa Popular.
Partido Comunista do Brasil (PCdoB, www.pcdob.org.br)
O PCdoB, organizado em 1962, reivindica a tradição histórica do Partido Comunista fundado em 1922. Durante a ditadura militar, o PCdoB organizou a guerrilha do Araguaia. Desde 1962 até os anos 1990, o PCdoB defende uma estratégia etapista. Possui forte presença na UNE e na Ubes, através da União da Juventude Socialista (UJS); uma importante presença no movimento sindical, através da CTB; e uma representação institucional em todos os níveis. O PCdoB não permite tendências internas. Mantém o site Vermelho e publica o jornal A Classe Operária. Desde 1989, apoiou todas as candidaturas presidenciais do PT, participando dos governos Lula e Dilma.
Partido Pátria Livre (PPL)
Oriundo do Movimento Revolucionário 8 de Outubro, que não se legalizou como partido e atuava no interior do PMDB. Em 2008 o MR-8 decidiu sair do PMDB e criar um partido. O PPL orienta-se, segundo seu estatuto, pela teoria do socialismo científico, defendendo a constituição de uma ampla frente nacional, democrática e popular para completar a independência do Brasil.
Partido da Causa Operária (PCO)
O PCO originou-se de uma cisão da OSI, organização trotskista existente anteriormente ao PT. Ingressa no PT como tendência interna, desde 1980. Conhecida como Causa Operária, denominação do seu jornal, publicado até hoje, durante o processo eleitoral de 1989 questiona as alianças do PT com o PSB, iniciando um processo de rompimento com o partido. A partir de 1991, o PCO inicia seu processo de legalização, obtendo o registro provisório em 1995. Em 1997, consegue o registro definitivo. Nas eleições de 1994, apoia criticamente a candidatura de Lula. Em 2002, 2006 (candidatura indeferida pelo TSE) e 2010 lançou candidato à Presidência, o jornalista Rui Costa Pimenta.
Defende uma estratégia socialista revolucionária, baseada na aliança operário-camponesa, liderada pela classe operária. Defende a construção de um partido revolucionário para cumprir esse papel, sem tendências internas.
Partido Comunista Revolucionário (PCR)
O PCR foi formado inicialmente por militantes que romperam com o PCdoB em 1966. Organizado principalmente no nordeste brasileiro, quase desaparece durante a ditadura, fundindo-se com o MR-8 em 1981. Em 1995, por conta das divergências com a linha nacionalista do MR-8, o núcleo original do PCR rompe com a organização e refunda o partido. O PCR edita o jornal A Verdade e defende a reconstrução de uma Internacional Comunista, participando da Conferência Internacional de Partidos e Organizações Marxistas-Leninistas (CIPOML).
Liga Bolchevique Internacionalista (LBI,http://www.lbiqi.org)
A LBI é uma cisão à esquerda da Causa Operária, motivada pela avalição de que esta organização adaptou-se à burocracia lulista. Defende a reconstrução trotskista da Quarta Internacional. É contrária a formação de Frentes de Esquerda, sendo que em 1998 defendeu o voto nulo nas eleições presidenciais. Defende a greve geral revolucionária para a derrubada imediata do Estado. Edita o jornal Luta Operária e a revista Marxismo Revolucionário.
Liga Estratégica Revolucionária (LER-QI, http://www.ler-qi.org/)
A LER-QI foi fundada em 1999, com duras críticas ao PSTU e ao morenismo, criticadas por serem “variantes deformadoras do trotskismo”. Defende o programa de transição de Trotski e um programa revolucionário de tomada do poder, desferindo duras criticas às possibilidades institucionais. Edita o jornal Palavra Operária.
Partido Operário Revolucionário (POR,http://www.pormassas.org/site/index.htm)
O POR, fundado em 1989, trotskista, é uma cisão à esquerda da Causa Operária, motivada pela avaliação de que esta teria abandonado a perspectiva da ditadura do proletariado. Em 1990 defende o voto nulo nas eleições. Define-se como um embrião do partido revolucionário. Edita o jornal Massas.
Movimento Negação da Negação (MNN,http://www.movimentonn.org/?cat=4)
O MNN, trotskista, foi criado em 2005 com críticas ao PT por sua conciliação de classes e com o capital internacional. Critica o PT e a esquerda petista por duas questões principais: a ilusão que nutre sobre as possibilidades de administração do Estado e ao rebaixamento da luta sindical. Defende um programa transitório para o socialismo expresso no Programa Único, na construção da dualidade de poderes como preparação da construção do socialismo.
Fundada em 1997, em torno de um programa nacionalista de esquerda (o Projeto Popular para o Brasil). A Consulta Popular é crítica do que denomina de esquerda eleitoral.
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LEANDRO ELIEL é historiador, professor da Faculdade Fleming-Uniesp. Publicado originalmente na Revista Esquerda Petista, n. 1, março de 2014.

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Em defesa da esquerdaEm "ESPECIAL"

quinta-feira, 27 de março de 2014

ENGOs, TUNGOs, IPOs, BINGOs e YOUNGOs: nao sabe o que sao? A nova esquerda -

Why Can't the Left Govern?

The Left can win elections. Why can't it run a government?

By 
The Wall Streeet Journal, March 27, 2014

Surveying the fall in support for the governments of Barack Obama, New York City's progressive Mayor Bill de Blasio and France's Socialist President François Hollande, a diagnosis of the current crisis begins to emerge: The political left can win elections but it's unable to govern.
Once in office, the left stumbles from fiasco to fiasco. ObamaCare, enacted without a single vote from the opposition party, is an impossible labyrinth of endless complexity. Bill de Blasio's war on charter schools degenerated into an unseemly attack on poor New York minority children. François Hollande's first act in 2012, like a character in a medieval fable, was to order that more tax revenue be squeezed from the French turnips.
Getty Images
Mr. Obama's approval rating is about 43%, Mr. de Blasio's has sunk to 45% after just two months in office, and Mr. Hollande hit the lowest approvals ever recorded in the modern French presidency. The left inevitably says their leaders failed them. The failure looks self-inflicted.
Three European academics asked themselves recently how 19 United Nations summit meetings have been unable to produce a treaty on global warming. Why the cause of climate change has fallen apart is described in "Melting Summits," a paper and cautionary tale just published in the Academy of Management Journal by Elke Schüssler of Germany, Charles Clemens Rüling of France and Bettina Wittneben of the U.K.
No idea in our time has had deeper political support. Al Gore and John Kerry have described disbelievers in global warming as basically idiots—"shoddy scientists" in Mr. Kerry's words. But somehow, an idea with which "no serious scientist disagrees" has gone nowhere as policy. The collapse of the U.N.'s 2009 Copenhagen climate summit was a meltdown for the ages.
In an interview with the Academy of Management about her paper, Bettina Wittneben of Oxford University, who supports a climate-change treaty and has attended 13 climate meetings, summarized the wheel-spinning: "Sometimes I just find myself shaking my head after talking to participants in recent COPs [the U.N.'s climate meetings]. They'll come back from the meetings simply brimming with enthusiasm about the networking they've done, the contacts they've made, the new ideas about their research they had or the new angles to lobbying they thought of. But ask what progress was made in terms of global policy initiatives, and all you get is a shrug."
Put differently, it's not about doing something serious about global warming. It's really all about them (a virus threatening American conservatism as well). The "them" at the U.N. summits included not just the participating nations but a galaxy of well-financed nongovernmental organizations, or NGOs.
They travel under their own acronyms. The environmentalists are ENGOs, the trade unions are TUNGOs, indigenous peoples are IPOs, business and industry are BINGOs and women, gender and youth groups are YOUNGOs.
These are the left's famous change agents. The authors dryly describe what they actually do as "field maintenance." Instead of being "catalysts for change," they write that "more and more actors find COP participation useful for their purposes, but their activity is increasingly disconnected from the issue of mitigating climate change."
And little wonder. The failed efforts to get the global-warming treaty done reflect the issue's departure from anything practical. It's impossible to read this history of global warming's demise without hearing resonances of ObamaCare's problems.
The text of the climate-change treaty at Copenhagen in 2009 included "thousands of 'brackets,' or alternative wordings." A participant described the puzzle palace: "There are more and more parallel processes, and everything must be negotiated at the same time. The number of . . . negotiation issues has increased and many of these issues . . . are discussed in different places at the same time. . . . Very few people understand the whole thing." Maybe they could just pass it to find out what's in it.
One organization specialist calls this phenomenon "social deadlock." ObamaCare is social deadlock. But the American left keeps doing it. This isn't the 1930s, and smart people on the left might come to grips with the fact that the one-grand-scheme-fits-all compulsion is out of sync with the individualization that technology lets people design into their lives today.
Rather than resolve the complexities of public policy in the world we inhabit, the left's default is to simply acquire power, then cram down what they want to do with one-party votes or by fiat, figuring they can muddle through the wreckage later. Thus the ObamaCare mandates. Thus candidate de Blasio's determination, cheered on by the city's left-wing establishment, to jam all its kids through an antique public-school system. The ObamaCare mandates are a mess, and the war on charter schools is an embarrassment.
Making the unworkable work by executive decree or court-ordered obedience is one way to rule, and maybe they like it that way. But it isn't governing.