Temas de relações internacionais, de política externa e de diplomacia brasileira, com ênfase em políticas econômicas, em viagens, livros e cultura em geral. Um quilombo de resistência intelectual em defesa da racionalidade, da inteligência e das liberdades democráticas.
O que é este blog?
Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida;
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quinta-feira, 12 de março de 2015
Minhas cinco diretivas para o 15 de marco - Paulo Roberto de Almeida
quarta-feira, 11 de março de 2015
Politica brasileira: vcs conhecem o "proxy gov"? Nao tem nada a ver com a modernidade...
Ele, segundo um amigo da onça, envelheceu rápido demais, e virou -- acho que já era -- um governo por procuração, onde quem manda não é quem assina, e onde quem assina não manda...
Acho que não tem mais conserto daqui para a frente.
Acho melhor trocar de vez...
Olhem aí abaixo quem mexe os pauzinhos para o boneco dançar...
Paulo Roberto de Almeida
Presidência nega que Lula tenha sugerido saída de Mercadante da Casa Civil
Insatisfeito com desempenho de ministro à frente da pasta, ex-presidente teria recomendado troca em reunião com Dilma
Brasil politica: protestos aumentam, em previsao do dia 15/03
Dilma é vaiada em SP e diz que crise no país é passageira
Daniela Lima e Natuza Nery – Folha de S. Paulo, quarta-feira, 11 de março de 2015
• Presidente foi recebida aos gritos de 'fora PT' em feira da construção civil
• Em discurso restrito a convidados do setor, ela voltou a pedir paciência e disse que problemas não são tão graves
SÃO PAULO, BRASÍLIA - A presidente Dilma Rousseff foi recebida com vaias e gritos de "fora Dilma" e "fora PT" na abertura do Salão Internacional da Construção Civil, nesta terça-feira (10), em São Paulo. Como chegou ao local antes da abertura da feira, a petista não foi hostilizada por visitantes, mas por expositores e pessoas que trabalhavam na montagem e na limpeza dos estandes.
Na segunda parte de sua agenda, em discurso só para convidados dos organizadores da feira, a presidente voltou a pedir paciência. "Não deixem que as incertezas conjunturais determinem sua visão de futuro do Brasil", disse. Mais da metade das cadeiras da plateia estava vazia.
Foi a segunda vez em menos de três dias que a petista foi hostilizada. No domingo (8), houve panelaço e gritaria em 12 capitais durante pronunciamento de Dilma na TV, em que ela pediu paciência e defendeu o ajuste fiscal que tenta implementar.
A combinação dos dois eventos deu ao Palácio do Planalto a certeza de que os protestos previstos para o próximo dia 15 terão força. Se há um mês integrantes do governo chamavam de "piada" a manifestação pelo impeachment, agora temem uma reunião massiva em alguns locais do país.
Um levantamento feito a pedido do PT mostra que 1,4 milhão de internautas espalhados por 24 cidades já confirmaram presença no ato do dia 15. Outros 64 municípios ainda podem ampliar a lista.
Nesta terça, numa tentativa de minimizar os riscos de um constrangimento em São Paulo, a equipe presidencial mudou duas vezes o posicionamento de cinegrafistas e fotógrafos que acompanhavam a agenda de Dilma para afastar a presidente dos pontos onde as pessoas se aglomeravam.
Mas as tentativas falharam. Recepcionada pelos organizadores do evento, Dilma tentou passear por alguns estandes. Quando as pessoas a viram, as vaias se intensificaram. "Eu vou voltar", disse, dando as costas para o ato.
Os trabalhadores, então, cercaram a área onde o carro de Dilma estava estacionado. "Ladra" e "vagabunda" foram alguns dos termos que ela pôde ouvir no caminho até o automóvel. Sem reagir, Dilma fechou a porta e partiu para a solenidade de abertura do salão, fechada apenas para convidados.
Houve nervosismo entre os assessores da presidente. Segundo pessoas que acompanharam o curto périplo da presidente, o ministro Thomas Traumann, chefe da Secretaria de Comunicação Social da Presidência, disse, irritado, que eles haviam caído em uma "armadilha".
Após as vaias, interlocutores da presidente afirmaram que ela "sentiu o golpe". A petista já havia se mostrado abatida com a dimensão do panelaço do último domingo. Dilma, então, se dirigiu para o auditório onde houve a solenidade de abertura do Salão, restrita a convidados.
Sem citar diretamente a Operação Lava Jato, que investiga corrupção na Petrobras, o presidente da Associação Brasileira da Indústria dos Materiais de Construção, Wilson Cover, disse, em seu discurso, que é preciso punir quem merece ser punido, mas também buscar uma solução "institucional" para não paralisar pequenas e médias empresas.
Cover afirmou ainda que o empresariado do setor apoia o ajuste de contas, mas também considera "absolutamente necessário" adotar medidas que aumentem a competitividade do Brasil.
A resposta de Dilma veio em um discurso de mais de 30 minutos, na qual a presidente disse ver a crise como temporária e destacou que tem "trabalhado permanentemente" para que a economia se recupere até o fim do ano.
A petista voltou a dizer que a crise não é tão grande quando pregam "alguns". "É verdade que o Brasil passa por um momento difícil, mas nem de longe vivemos uma crise das dimensões que alguns estão dizendo", avaliou, acrescentando que a economia tem "fundamentos fortes".
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Após panelaço, Dilma é vaiada e ouve gritos de 'fora' em SP
Tatiana Farah – O Globo, 11/03/2015
• Atos de sexta-feira deverão defender Petrobras, mas criticarão ajuste fiscal
SÃO PAULO e BRASÍLIA - Apenas dois dias após ser alvo de um panelaço e um buzinaço em diversas capitais, durante seu pronunciamento na TV, a presidente Dilma Rousseff foi recebida ontem com vaias e gritos de "fora!" ao visitar o Salão Internacional da Construção (Feicon), em São Paulo. As vaias começaram antes que ela chegasse ao evento e partiram de pessoas que trabalhavam no local. Os manifestantes disseram que começaram a vaiar porque, quando viram a movimentação da imprensa, pensaram que a presidente já estava no pavilhão. Quando Dilma chegou, as vaias se multiplicaram.
A reação constrangeu a presidente, a ponto de levá-la a desistir de visitar os estandes e de usar o carro para chegar ao auditório da abertura oficial da Feicon. No auditório, Dilma encontrou uma plateia formada por poucas dezenas de empresários e ainda teve de ouvir críticas do setor sobre a crise econômica.
Dirigentes do PT atribuíram o panelaço de domingo à mobilização de partidos de oposição e às classes mais abastadas. Porém, boa parte do protesto de ontem partiu de trabalhadores.
"Dilma perdeu a classe média", diz analista
Para o cientista político Antônio Azevedo, da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), é natural que o desgaste do governo se amplie para segmentos do eleitorado que também votaram em Dilma por haver três crises simultâneas em curso: econômica, política e ética.
- Dilma perdeu a classe média já no processo eleitoral. Neste momento, com o ajuste fiscal, também se afasta de sua base. O governo está totalmente isolado, porque perdeu ainda o controle do Congresso Nacional - lembrou.
Dilma não escondeu o incômodo com as vaias e a baixa presença de empresários no evento. Após ouvir pedidos de medidas protetivas para o setor de construção, Dilma pediu otimismo à plateia, mas admitiu que a situação é delicada:
- O Brasil passa por um momento difícil, mais difícil do que tivemos em anos recentes, mas, nem de longe, estamos vivendo uma crise das dimensões que alguns dizem que estamos vivendo - disse. -Não deixem que as incertezas conjunturais determinem sua visão de futuro do Brasil.
Dilma justificou os cortes previstos pelo ajuste fiscal: disse que o Orçamento da União absorveu "parte importante da crise", mas garantiu recursos para o Minha Casa Minha Vida e o Bolsa Família.
Dirigentes petistas ficaram irritados com a escolha de São Paulo como palco do primeiro compromisso de rua da presidente após o panelaço, por se tratar de cidade onde Dilma acumula alta rejeição e perdeu para o candidato tucano Aécio Neves, nas eleições do ano passado.
Na próxima sexta-feira, outros atos estão previstas no país, organizados por centrais sindicais e movimentos sociais que reivindicam direitos, defendem a Petrobras, a democracia e a realização de uma reforma política.
Esses atos foram pensados inicialmente como forma de se contrapor aos protestos do próximo domingo, que estão sendo organizados por movimentos contrários ao governo, alguns dos quais defendem o impeachment de Dilma. Porém, os atos de sexta-feira deverão criticar o ajuste econômico proposto pelo governo.
- Essa mobilização não é em defesa nem contra o governo - disse o presidente da Central Única dos Trabalhadores de São Paulo (CUT-SP), Adi Santos Lima.
Governo preocupado também com ato da CUT
O governo pediu à CUT para que cancele as manifestações, segundo revelou um ministro próximo a Dilma. Segundo essa fonte, o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Miguel Rossetto, a pedido de Dilma, se reuniu com dirigentes da CUT e conversou por telefone pedindo a suspensão. A preocupação é evitar que os atos motivem mais manifestantes contra o governo no domingo Em nota, porém, Rosseto negou o pedido e disse que "a CUT é quem marca ou desmarca suas manifestações".
Teme-se o acirramento dos ânimos, que levem à violência e quebra-quebra, como nos protestos de 2013. Integrantes do governo monitoram redes sociais desde que os convites para as manifestações começaram a surgir na internet.
Dilma determinou uma força-tarefa de ministros para acompanhar os atos de sexta e de domingo. O Planalto orientou os ministros a não participar dos atos das centrais sindicais para evitar provocações. (Colaboraram Thiago Herdy, Julianna Grajeia, Fernanda Krakovics, Simone Iglesias e Luiza Damé) .
terça-feira, 10 de março de 2015
Brasil, opiniao: seriam golpistas os brasileiros? 70pc repudiam o governo
segunda-feira, 9 de março de 2015
Brasil: O Antagonista analisa o discurso da presidente
As mentiras e tapeações do discurso de Dilma
sábado, 7 de março de 2015
Impeachment: a palavra que nao quer calar; ao contrario, insiste em berrar - Sergio Ferraz
Sergio Ferraz
Folha de S. Paulo, sexta-feira, 6 de março de 2015
Partindo apenas das declarações à imprensa da presidente, teríamos que ela atentou contra a probidade administrativa por omissão
Antes do enfrentamento do tema, duas desmitificações:
1) impeachment não é golpe, e jurista que pede sua aplicação não é plantonista de soluções antidemocráticas. O impeachment é instrumento expressamente previsto na Constituição (art. 52, I e II), cabível quando certas autoridades --entre elas o Presidente da República-- cometem crime de responsabilidade;
2) mídia não é sinônimo de oposição; quem as iguala não faz mais do que expressar a convicção de que se deva adotar o controle da imprensa (e o amordaçamento da liberdade).
Há, sim, condições jurídicas amplas para deflagrar o impeachment da presidente Dilma Rousseff.
A denúncia de um presidente por crime de responsabilidade é iniciativa do cidadão (lei nº 1.079/50). Deve a denúncia ser acompanhada de documentos que constituam início de prova ou indício de prática criminosa. A denúncia não tem de carrear prova definitiva; há, no processo, fase probatória para esse fim.
No plano material, a configuração dos crimes de responsabilidade repousa no artigo 85 da Constituição. Mas se complementa com a tipificação consagrada na lei nº 8.492/92 --a qual diz claramente que se comete ato de improbidade administrativa não só por ação mas também por omissão (art. 10, dentre outros)-- e na Lei Anticorrupção.
Se tomássemos como elemento de prova apenas as declarações à imprensa da presidente, teríamos que, ao menos por omissão --grave e repetitiva--, atentou ela contra a probidade administrativa e a integridade do patrimônio público.
A presidente já ocupou cargo na administração superior da Petrobras (votou, por exemplo, em favor da ruinosa aquisição da refinaria de Pasadena), foi ministra de Estado em áreas afetadas pela petrolífera (e por seu sistema empresarial), designou executivos hoje comprovadamente larápios da grande empresa; nomeou uma presidente para a empresa que não coibiu o desastre.
E, enquanto o erário sangrava e a Petrobras perdia valor, nada se fez, até que, afinal, tudo explodiu nos noticiários e no Congresso.
Em suma, conquanto tenha talvez faltado ao Ministério Público vontade política para apontar o dedo à presidente, saem seu partido e ela seriamente atingidos do mero relato das falcatruas apuradas.
O que temos em mãos não são artifícios oposicionistas: as denúncias apresentadas confirmam que dinheiro público foi sistematicamente utilizado para subornos milionários. A isso não se pode responder com o silêncio ou com a evasiva.
Não temos dúvida em afirmar que jamais houve na história do presidencialismo brasileiro, nem mesmo na época do mensalão, tanta imoralidade e deterioração. E de nada adianta a presidente dizer que a corrupção da Petrobras começou ao tempo do presidente Fernando Henrique Cardoso --assim fosse, era dever ainda maior dos posteriores presidentes, ela incluída, bloquear desmandos, corrigir, punir e mostrar decisão. Nada disso se fez até aqui.
Note-se: o que se condena é a omissão repetida por anos a fio, permitindo o advento da catástrofe.
Vive o Brasil um momento crítico, em que a credibilidade nas instituições públicas baixou a patamares jamais entrevistos. A falta de decoro desgasta instituições e alimenta sementes do autoritarismo. A isso soma-se o fantasma da impunidade. Perdeu o país a compostura?
A recuperação da compostura é o que nos deve animar. Daí a rejeição da inviabilidade da iniciativa de impeachment. A nosso ver, o Brasil merece essa oportunidade de resgate.
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Sergio Ferraz, 78, advogado, é membro da Academia Brasileira de Letras Jurídicas
quarta-feira, 4 de março de 2015
A nau sem rumo da economia brasileira: ou como fritar ministros em seis meses - Octavio Costa
Octávio Costa
O Dia (Rio), 3/03/2015
Ao formar seu governo em 1979, o general João Figueiredo, último presidente da ditadura militar, ficou sem saber exatamente o que fazer com a economia e deu uma no cravo e outra na ferradura. Manteve Mário Henrique Simonsen à frente da política econômica, como ministro do Planejamento, mas nomeou Antonio Delfim Netto para o Ministério da Agricultura. Simonsen, que havia chefiado a Fazenda no governo Geisel, foi encarregado de contornar os efeitos da segunda crise do petróleo. Optou por um tratamento de choque, com corte dos gastos públicos e superávit primário de 1% do PIB, ao preço de desaquecimento da indústria e do risco de recessão.
Nos bastidores, Delfim atirava no colega e criticava as medidas de austeridade. Garantia que, apesar de tudo, era possível adotar uma política que garantisse o crescimento. As pressões aumentaram até que Simonsen pediu o boné com apenas cinco meses no cargo. E Delfim assumiu o Planejamento sob aplausos dos empresários.
Para conhecer melhor esta história, vale a pena ler estudo do professor José Pedro Macarini, da Unicamp, sobre o período Figueiredo. O que mais impressiona é, sem dúvida, a semelhança entre o isolamento de Mário Simonsen e o rápido desgaste que enfrenta hoje o ministro da Fazenda, Joaquim Levy.
PEIXE FORA D’ÁGUA
A exemplo de Simonsen, Levy parece um peixe fora d’água no governo Dilma. Se ele representa a ultra-conservadora Universidade de Chicago, os demais membros da equipe econômica aproximam-se, sem dúvida, do pensamento desenvolvimentista (ao qual a presidenta Dilma também se filia).
A ortodoxia de Levy nada tem a ver com com a visão heterodoxa do ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, do presidente do BNDES, Luciano Coutinho, e da presidente da Caixa Econômica, Miriam Belchior. Mais importante: não se afina com a formação keynesiana da economista Dilma Rousseff, avessa ao liberalismo de Milton Friedman, Prêmio Nobel e guru do Chicago.
Substituto de Guido Mantega, Levy foi incumbido de pôr a casa em ordem, pois, como diz a presidenta, “quando a realidade muda, a gente muda”. Agiu rápido e baixou um pacote de ajuste fiscal, que minou as expectativas e faz de 2015 um ano perdido. Mas não encontrou sustentação sequer entre os parlamentares do PT, partido do governo. As medidas que mudam as regras da pensão de viúvas e do seguro-desemprego dificilmente passarão no Congresso.
ERROS DA PRÓPRIA DILMA
Ao defender a freada de arrumação na economia, Levy ataca sem piedade erros da política econômica do primeiro mandato de Dilma. Após afirmar que houve uma “escorregadinha” no controle das contas públicas, foi ainda mais longe e disse que a desoneração da folha de pagamento de empresas foi “um negócio muito grosseiro”. Segundo ele, “essa brincadeira nos custa R$ 25 bilhões por ano” e não protege, nem cria empregos.
Desta vez, Dilma reagiu: “A desoneração foi importantíssima e continua sendo. Se não fosse importante, tínhamos eliminado. Acho que o ministro foi infeliz no uso do adjetivo”. Levy levou o pito e ficou calado. Comentou com assessores que exagerou no “coloquialismo”. Ele já se corrigiu de outras vezes, mas começa a dar a impressão de que se prepara para pular do barco em poucos meses. Ao deixar o governo de João Figueiredo, Simonsen não deu grande importância: “O cargo de ministro é apenas mais uma linha no meu curriculum”. Joaquim Levy já tem esta linha no seu curriculum.
sábado, 28 de fevereiro de 2015
Brasil: governo incompetente, mandataria fraca, ministro liberal, tudo no atoleiro
Se formos destapar a bagunça, o retrato é ainda mais horrível, talvez até escandaloso, pelos crimes econômicos cometidos contra o país e a sua população.
E não estou falando de crimes comuns, que já deveriam ter sido objeto de processos criminais contra os responsáveis por eles.
Até nisso o Brasil é falho: criminosos continuam circulando, alguns até mandando...
Paulo Roberto de Almeida
‘Brasil atolado’ é a capa da ‘The Economist’
Fernando Nakagawa - CORRESPONDENTE / LONDRES
O Estado de S. Paulo, 27/02/2015
Blog do ‘Financial Times’ e a revista ‘Time’ também destacam problemas econômicos do País
Do foguete que levava a um futuro brilhante ao atoleiro de um pântano. Para parte da mídia internacional, esse foi o caminho do Brasil nos últimos anos. Nesta semana, a revista The Economist diz na capa que o Brasil está atolado em problemas e vive a maior bagunça desde os anos 90. Enquanto isso, um blog do jornal Financial Times listou dez motivos que podem levar a presidente Dilma Rousseff a não terminar o segundo mandato e a revista Time enumerou cinco fatos que podem levar o Brasil ao precipício. O Brasil parece a bola da vez.
Acada dia a imprensa estrangeira parece mais frustrada com os rumos recentes do Brasil. O melhor exemplo dessa frustração é visto na revista britânica The Economist. Na edição latino-americana que chega às bancas, a capa é ilustrada por uma passista de escola de samba em um pântano coberta de gosma verde com o título “O atoleiro do Brasil”. As edições vendidas no resto do mundo têm outra capa, sobre o avanço da telefonia celular.
Em editorial, a Economist diz que o País pode ter “problemas muito maiores do que o governo admite ou investidores parecem perceber”. Além da ameaça de recessão e da inflação, o texto cita o fraco investimento, a corrupção na Petrobrás e a desvalorização cambial que eleva dívida externa em real das empresas brasileiras.
“Escapar desse atoleiro seria difícil mesmo para uma grande liderança política. Dilma, no entanto, é fraca. Ela ganhou a eleição por pequena margem e sua base política está se desintegrando”, diz a revista conhecida por ser politicamente liberal. Esse tom não lembra em nada o clima de festa e comemoração visto no fim da década passada, quando o País era o queridinho da vez e recebia elogios rasgados nos espaços mais nobres da imprensa estrangeira.
A fraqueza política do governo também é destacada no blog sobremercados emergentes do jornal Financial Times. O Beyondbrics afirma que a onda de problemas parece tomar direção “catastrófica”. “Tanto assim que há boas razões para acreditar que a presidente Dilma Rousseff, que iniciou o segundo mandato de quatro anos em 1.º de janeiro, pode não durar muito tempo.”
O blog diz que uma cassação de presidente exige “algo flagrantemente errado”. “Mas muitos fazem isso e sobrevivem. O que realmente conta é perder apoio no Congresso. A maioria de Dilma no Congresso diminuiu nas eleições com uma coalizão mais fragmentada e difícil de controlar”, cita ao lembrar que a insatisfação é vista até dentro do PT. Além disso, o texto diz que, se o Congresso cogitar um processo de impeachment, a Petrobrás poderia fornecer um argumento. “Dilma foi a presidente do conselho de administração quando a maior parte da suposta corrupção aconteceu”, diz o texto.
Nos Estados Unidos, a revista Time publicou na internet uma lista de “cinco motivos que poderiam levar o Brasil ao precipício”. Ao afirmar que o País parece viver uma “tempestade perfeita”, a publicação cita que não há sinais de que a corrupção esteja diminuindo e as notícias econômicas podem demorar a melhorar, já que o País não deve crescer em 2015 e aumentos de preços devem continuar a ocorrer diante da seca e do aumento de tarifas públicas.
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Para 'The Economist', Brasil está em um atoleiro
Por Suzi Katzumata e Ligia Guimarães
Valor Econômico, 27/02/2015
SÃO PAULO - O Brasil está em um atoleiro, preso a uma estagnação que começou em 2013 e que pode se tornar uma prolongada recessão; a um ambiente de inflação elevada que consome salários e eleva os pagamentos da dívida dos consumidores; e a um cenário de queda no investimento, que soma 8% no ano e pode cair ainda mais, segundo avalia a revista britânica "The Economist". A revista dedicou a capa da edição desta semana aos problemas que atingem o país, que sofre ainda com o escândalo de corrupção na Petrobras, que atinge as maiores construtoras nacionais e que paralisou os gastos de capital em vários segmentos da economia. Para completar, o real acumula uma queda de 30% frente ao dólar desde maio de 2013, uma mudança necessária, segundo a revista, mas que aumenta o impacto cambial da dívida de US$ 40 bilhões em moeda estrangeira que as empresas brasileiras têm de pagar este ano.
Segundo texto do editorial da "Economist", sair de um atoleiro desse já seria difícil até mesmo para uma forte liderança política, portanto, a fraqueza atual da presidente Dilma Rousseff é um complicador a mais para o Brasil. A revista observa que, após uma vitória apertada na eleição de 2014, a presidente viu sua taxa de aprovação cair de 42% em dezembro para 23% este mês, menos de dois meses depois de tomar posse de seu segundo mandato, abatida pela deterioração da economia e o escândalo da Petrobras. Ademais, há denúncias de que o Partido dos Trabalhadores (PT) e parceiros da coligação do governo teriam recebido pelo menos US$ 1 bilhão em propina. Para piorar, durante o período relevante das investigações da Polícia Federal e do Ministério Público Federal, a presidência do conselho da estatal era ocupada por Dilma.
Se a presidente quiser usar seu segundo mandato para salvar o Brasil, Dilma terá de conduzir o país em uma direção totalmente nova, diz "The Economist". O problema é que ela passou toda a campanha eleitoral exaltando um cenário econômico róseo e demonizando os planos neoliberais de seus oponentes. O lado positivo, segundo a revista, é que Dilma pelo menos reconhece que o Brasil precisa de "políticas mais amigáveis aos negócios, se quiser manter seu rating de grau de investimento e voltar a crescer". E esse reconhecimento é personificado pelo novo ministro da Fazenda, Joaquim Levy - "um economista treinado em Chicago, banqueiro e um dos raros liberais econômicos do país". O lado negativo, segundo a revista, é que o fracasso passado do Brasil em enfrentar as distorções econômicas deixaram Levy diante da armadilha da recessão.
Apesar de tudo, "The Economist" diz que o Brasil não é o único membro dos BRICs com problemas. "A economia da Rússia, em particular, tem sido castigada pela guerra, sanções e dependência do petróleo. Apesar de seus problemas, o Brasil não está em uma grande confusão como a Rússia", segundo a revista, acrescentando que o País tem um setor privado grande e diversificado e instituições democráticas robustas. "Mas as desgraças são mais profundas do que muitos reconhecem. A hora de dar um jeito é agora", sentencia a revista.
‘Indispensável’
A edição destaca ainda que a economia brasileira, guiada pelo ministro Joaquim Levy, definido como “um dos raros liberais econômicos do Brasil”, enfrenta seu maior teste desde os anos 1990. E descreve Levy como “indispensável” no momento atual da economia, diante da fraqueza política da presidente. “Os riscos são claros. Recessão e redução das receitas fiscais podem comprometer o ajuste de Levy”, afirma a publicação.
A revista lembra que o ministro prometeu um enorme aperto fiscal para este ano, de quase dois pontos percentuais, que em parte será alcançado pela remoção de subsídios e restituição da Cide sobre os combustíveis, bem como pela redução de subsídios dos bancos públicos.
Uma dificuldade ao ajuste destacada pela revista é que Levy não poderá compensar o aperto fiscal com uma política monetária mais frouxa, porque “o Banco Central se curvou à vontade da presidente, ignorou sua meta de inflação”, deixando a margem de atuação limitada para o ministro.
O texto destaca ainda o perigo da fragilidade política de Dilma, e a rejeição do PT às medidas fiscais de Levy, que não foram negociadas durante a campanha. Cita também a derrota de Dilma com a vitória de Eduardo Cunha no Congresso.
Tal cenário de fraqueza política torna Levy “indispensável”, de acordo com a revista. “Ele deve construir pontes com Cunha, enquanto deixam claro que se o Congresso tenta extrair um preço orçamental para o seu apoio, levará a cortes em outros lugares”.
terça-feira, 3 de fevereiro de 2015
Petrolao, Lava Jato, Mensalao, incompetencia, etc: 10 motivos para pedir impeachment - Felipe Moura Brasil
Paulo Roberto de Almeida