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quinta-feira, 12 de março de 2015

Minhas cinco diretivas para o 15 de marco - Paulo Roberto de Almeida


Minhas cinco diretivas para o 15 de março de 2015

Paulo Roberto de Almeida

A sociedade brasileira participa neste domingo, dia 15 de março de 2015, de uma manifestação que pode ser histórica, não no sentido em que ela pode derrubar um governo, ou alterar o equilíbrio de forças no plano político, mas simplesmente porque ela pode começar a transformar um país, o que é hoje o Brasil, e desde 1822, numa verdadeira nação, o que ainda é uma promessa.
Sei que as pessoas estão confusas, e existem vários movimentos, ou grupos de ação, que estão chamando para essa grande manifestação popular apartidária: alguns são pelo impeachment, outros pela renúncia, vários se manifestam diretamente contra os corruptos e os totalitários no poder, todos estão insatisfeitos com os problemas econômicos e as cenas de imoralidade explícitas que emergem do mundo político. Não haverá consensos, e a confusão pode continuar e até aumentar. Não pretendo dar lições a ninguém, inclusive porque eu também não sei quais são os caminhos a serem tomados para superar o atual cenário de dificuldades práticas e de dúvidas políticas. Não parece haver, ainda, uma plataforma comum aos diferentes grupos que se empenharam no chamado à manifestação. Tudo bem, a diversidade sempre foi uma marca dos regimes democráticos, assim como a tolerância com caminhos alternativos para o bem comum.
De minha parte, creio ser útil alguma unidade em torno de objetivos simples, claros, compreensíveis para a maioria da população e, se também puder ser, consensuais para o maior número. Com base no meu entendimento de quais sejam os problemas brasileiros atuais, e as grandes dificuldades do país, proponho apenas cinco temas em torno dos quais a maioria poderia se unir nessa manifestação:
1) Contra a corrupção: restaurar a moralidade nos negócios públicos;
2) Contra o Estado extorsivo: menos impostos, mais liberdades econômicas;
3) Contra todos os privilégios: políticos são cidadãos como quaisquer outros;
4) Contra a censura: todas as comunicações são livres, sem controle do Estado;
5) Contra todas as ditaduras: o Brasil defende a democracia e os direitos humanos.

Prefiro assim: poucas palavras de ordem para tentar fazer deste país uma nação.

Hartford, 2789: 12 de março de 2015.

quarta-feira, 11 de março de 2015

Politica brasileira: vcs conhecem o "proxy gov"? Nao tem nada a ver com a modernidade...

É o nosso velho governo minha gente.  Épa, nosso não; dos companheiros, ou talvez de um só...
Ele, segundo um amigo da onça, envelheceu rápido demais, e virou -- acho que já era -- um governo por procuração, onde quem manda não é quem assina, e onde quem assina não manda...
Acho que não tem mais conserto daqui para a frente.
Acho melhor trocar de vez...
Olhem aí abaixo quem mexe os pauzinhos para o boneco dançar...
Paulo Roberto de Almeida



Presidência nega que Lula tenha sugerido saída de Mercadante da Casa Civil

RAFAEL MORAES MOURA - O ESTADO DE S. PAULO
O Estado de S. Paulo, 11 Março 2015 | 12h 52

Insatisfeito com desempenho de ministro à frente da pasta, ex-presidente teria recomendado troca em reunião com Dilma


Brasília - A Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República (Secom) divulgou nesta quarta-feira, 11, uma nota em que contesta o "rumor" de que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva tenha sugerido à presidente Dilma Rousseff uma troca no comando da Casa Civil.
Lula e Dilma jantaram nessa terça, 10, no Palácio da Alvorada. Os ministros da Casa Civil, Aloizio Mercadante, da Secretaria-Geral da Presidência, Miguel Rossetto, e da Defesa, Jaques Wagner, e o presidente nacional do PT, Rui Falcão, participaram do encontro.
"Não corresponde à verdade o rumor de que a presidenta Dilma Rousseff tenha recebido do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva a sugestão de mudança na chefia da Casa Civil", diz a nota divulgada pela Secom. "O ministro Aloizio Mercadante tem total confiança da presidenta e seguirá cumprindo suas funções à frente da Casa Civil."
Críticas. Nos bastidores, o ex-presidente Lula não tem economizado nas críticas disparadas contra Mercadante. Uma fonte próxima de Lula disse à reportagem que, na avaliação do ex-presidente, Mercadante "já deu o que tinha que dar".
Segundo esse interlocutor, Lula teria dito em conversas reservadas que, se Mercadante "fosse bom mesmo, teria ocupado um cargo no meu governo".

Brasil politica: protestos aumentam, em previsao do dia 15/03

Apenas transcrevendo:

Dilma é vaiada em SP e diz que crise no país é passageira
Daniela Lima e Natuza Nery – Folha de S. Paulo, quarta-feira, 11 de março de 2015

• Presidente foi recebida aos gritos de 'fora PT' em feira da construção civil
• Em discurso restrito a convidados do setor, ela voltou a pedir paciência e disse que problemas não são tão graves

SÃO PAULO, BRASÍLIA - A presidente Dilma Rousseff foi recebida com vaias e gritos de "fora Dilma" e "fora PT" na abertura do Salão Internacional da Construção Civil, nesta terça-feira (10), em São Paulo. Como chegou ao local antes da abertura da feira, a petista não foi hostilizada por visitantes, mas por expositores e pessoas que trabalhavam na montagem e na limpeza dos estandes.

Na segunda parte de sua agenda, em discurso só para convidados dos organizadores da feira, a presidente voltou a pedir paciência. "Não deixem que as incertezas conjunturais determinem sua visão de futuro do Brasil", disse. Mais da metade das cadeiras da plateia estava vazia.

Foi a segunda vez em menos de três dias que a petista foi hostilizada. No domingo (8), houve panelaço e gritaria em 12 capitais durante pronunciamento de Dilma na TV, em que ela pediu paciência e defendeu o ajuste fiscal que tenta implementar.

A combinação dos dois eventos deu ao Palácio do Planalto a certeza de que os protestos previstos para o próximo dia 15 terão força. Se há um mês integrantes do governo chamavam de "piada" a manifestação pelo impeachment, agora temem uma reunião massiva em alguns locais do país.

Um levantamento feito a pedido do PT mostra que 1,4 milhão de internautas espalhados por 24 cidades já confirmaram presença no ato do dia 15. Outros 64 municípios ainda podem ampliar a lista.

Nesta terça, numa tentativa de minimizar os riscos de um constrangimento em São Paulo, a equipe presidencial mudou duas vezes o posicionamento de cinegrafistas e fotógrafos que acompanhavam a agenda de Dilma para afastar a presidente dos pontos onde as pessoas se aglomeravam.

Mas as tentativas falharam. Recepcionada pelos organizadores do evento, Dilma tentou passear por alguns estandes. Quando as pessoas a viram, as vaias se intensificaram. "Eu vou voltar", disse, dando as costas para o ato.

Os trabalhadores, então, cercaram a área onde o carro de Dilma estava estacionado. "Ladra" e "vagabunda" foram alguns dos termos que ela pôde ouvir no caminho até o automóvel. Sem reagir, Dilma fechou a porta e partiu para a solenidade de abertura do salão, fechada apenas para convidados.

Houve nervosismo entre os assessores da presidente. Segundo pessoas que acompanharam o curto périplo da presidente, o ministro Thomas Traumann, chefe da Secretaria de Comunicação Social da Presidência, disse, irritado, que eles haviam caído em uma "armadilha".

Após as vaias, interlocutores da presidente afirmaram que ela "sentiu o golpe". A petista já havia se mostrado abatida com a dimensão do panelaço do último domingo. Dilma, então, se dirigiu para o auditório onde houve a solenidade de abertura do Salão, restrita a convidados.

Sem citar diretamente a Operação Lava Jato, que investiga corrupção na Petrobras, o presidente da Associação Brasileira da Indústria dos Materiais de Construção, Wilson Cover, disse, em seu discurso, que é preciso punir quem merece ser punido, mas também buscar uma solução "institucional" para não paralisar pequenas e médias empresas.

Cover afirmou ainda que o empresariado do setor apoia o ajuste de contas, mas também considera "absolutamente necessário" adotar medidas que aumentem a competitividade do Brasil.

A resposta de Dilma veio em um discurso de mais de 30 minutos, na qual a presidente disse ver a crise como temporária e destacou que tem "trabalhado permanentemente" para que a economia se recupere até o fim do ano.

A petista voltou a dizer que a crise não é tão grande quando pregam "alguns". "É verdade que o Brasil passa por um momento difícil, mas nem de longe vivemos uma crise das dimensões que alguns estão dizendo", avaliou, acrescentando que a economia tem "fundamentos fortes".

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Após panelaço, Dilma é vaiada e ouve gritos de 'fora' em SP
Tatiana Farah – O Globo, 11/03/2015

• Atos de sexta-feira deverão defender Petrobras, mas criticarão ajuste fiscal

SÃO PAULO e BRASÍLIA - Apenas dois dias após ser alvo de um panelaço e um buzinaço em diversas capitais, durante seu pronunciamento na TV, a presidente Dilma Rousseff foi recebida ontem com vaias e gritos de "fora!" ao visitar o Salão Internacional da Construção (Feicon), em São Paulo. As vaias começaram antes que ela chegasse ao evento e partiram de pessoas que trabalhavam no local. Os manifestantes disseram que começaram a vaiar porque, quando viram a movimentação da imprensa, pensaram que a presidente já estava no pavilhão. Quando Dilma chegou, as vaias se multiplicaram.

A reação constrangeu a presidente, a ponto de levá-la a desistir de visitar os estandes e de usar o carro para chegar ao auditório da abertura oficial da Feicon. No auditório, Dilma encontrou uma plateia formada por poucas dezenas de empresários e ainda teve de ouvir críticas do setor sobre a crise econômica.

Dirigentes do PT atribuíram o panelaço de domingo à mobilização de partidos de oposição e às classes mais abastadas. Porém, boa parte do protesto de ontem partiu de trabalhadores.

"Dilma perdeu a classe média", diz analista
Para o cientista político Antônio Azevedo, da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), é natural que o desgaste do governo se amplie para segmentos do eleitorado que também votaram em Dilma por haver três crises simultâneas em curso: econômica, política e ética.

- Dilma perdeu a classe média já no processo eleitoral. Neste momento, com o ajuste fiscal, também se afasta de sua base. O governo está totalmente isolado, porque perdeu ainda o controle do Congresso Nacional - lembrou.

Dilma não escondeu o incômodo com as vaias e a baixa presença de empresários no evento. Após ouvir pedidos de medidas protetivas para o setor de construção, Dilma pediu otimismo à plateia, mas admitiu que a situação é delicada:

- O Brasil passa por um momento difícil, mais difícil do que tivemos em anos recentes, mas, nem de longe, estamos vivendo uma crise das dimensões que alguns dizem que estamos vivendo - disse. -Não deixem que as incertezas conjunturais determinem sua visão de futuro do Brasil.

Dilma justificou os cortes previstos pelo ajuste fiscal: disse que o Orçamento da União absorveu "parte importante da crise", mas garantiu recursos para o Minha Casa Minha Vida e o Bolsa Família.

Dirigentes petistas ficaram irritados com a escolha de São Paulo como palco do primeiro compromisso de rua da presidente após o panelaço, por se tratar de cidade onde Dilma acumula alta rejeição e perdeu para o candidato tucano Aécio Neves, nas eleições do ano passado.

Na próxima sexta-feira, outros atos estão previstas no país, organizados por centrais sindicais e movimentos sociais que reivindicam direitos, defendem a Petrobras, a democracia e a realização de uma reforma política.

Esses atos foram pensados inicialmente como forma de se contrapor aos protestos do próximo domingo, que estão sendo organizados por movimentos contrários ao governo, alguns dos quais defendem o impeachment de Dilma. Porém, os atos de sexta-feira deverão criticar o ajuste econômico proposto pelo governo.

- Essa mobilização não é em defesa nem contra o governo - disse o presidente da Central Única dos Trabalhadores de São Paulo (CUT-SP), Adi Santos Lima.

Governo preocupado também com ato da CUT
O governo pediu à CUT para que cancele as manifestações, segundo revelou um ministro próximo a Dilma. Segundo essa fonte, o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Miguel Rossetto, a pedido de Dilma, se reuniu com dirigentes da CUT e conversou por telefone pedindo a suspensão. A preocupação é evitar que os atos motivem mais manifestantes contra o governo no domingo Em nota, porém, Rosseto negou o pedido e disse que "a CUT é quem marca ou desmarca suas manifestações".

Teme-se o acirramento dos ânimos, que levem à violência e quebra-quebra, como nos protestos de 2013. Integrantes do governo monitoram redes sociais desde que os convites para as manifestações começaram a surgir na internet.

Dilma determinou uma força-tarefa de ministros para acompanhar os atos de sexta e de domingo. O Planalto orientou os ministros a não participar dos atos das centrais sindicais para evitar provocações. (Colaboraram Thiago Herdy, Julianna Grajeia, Fernanda Krakovics, Simone Iglesias e Luiza Damé) .

terça-feira, 10 de março de 2015

Brasil, opiniao: seriam golpistas os brasileiros? 70pc repudiam o governo


Segundo uma pesquisa de opinião da Datafolha do mês de fevereiro, 44% dos consultados consideram o governo atual "ruim" e "péssimo", e 33% "regular". 
Entre os menos escolarizados, só 31% aprovam o governo. 
Nos mais pobres, só 27% a favor. No Nordeste, aprovação caiu de 51 para 34%. 
Esses são os golpistas...
Paulo Roberto de Almeida

Aprovação a governo Dilma Rousseff cai, e reprovação a petista dispara
OPINIÃO PÚBLICA - 09/02/201512H17
DE SÃO PAULO

No início do segundo mandato, a presidente Dilma Rousseff (PT) atingiu seu pior índice de aprovação desde que tomou posse, em janeiro de 2011. Atualmente, 23% dos brasileiros adultos avaliam a gestão da petista como ótima ou boa, enquanto 44% a consideram ruim ou péssima. Há ainda 33% que avaliam o governo Dilma como regular, e 1% não opinou. Na comparação com dezembro de 2014, houve queda expressiva na taxa de aprovação da presidente (à época, 42% consideravam seu governo ótimo ou bom), e alta na reprovação (24% de ruim ou péssimo, 20 pontos a menos do que atualmente). Na série histórica de avaliações do governo Dilma, seu pior índice de aprovação, até então, havia sido registrado no final de julho de 2013 (30%), e o seu melhor índice, em março do mesmo ano (65%).
A aprovação a Dilma caiu em todos os segmentos da população. Mesmo em estratos em que o apoio a petista se mantém acima da média, houve queda significativa. Entre os menos escolarizados, por exemplo, 31% aprovam seu governo atualmente, índice que era de 54% em dezembro do ano passado. Na parcela dos mais pobres, com renda mensal familiar de até 2 salário, a aprovação caiu de 50% para 27% no mesmo período. No Nordeste, foi de 53% para 29%, e no Norte, de 51% para 34%.
De forma geral, os segmentos em que Dilma enfrente seus piores níveis de aprovação hoje são: jovens de 16 a 24 anos (19%); brasileiros com ensino médio (19%) e curso superior (16%); brasileiros com renda mensal familiar de 5 a 10 salários (16%) e mais de 10 salários (17%); residentes no Sudeste (19%) e em cidades com mais de 500 mil habitantes (17%).
De 0 a 10, a nota média atribuída ao desempenho da presidente Dilma Rousseff nos seus quatro anos e um mês de governo é 4,8, o que também representa sua pior nota desde a posse, em 2011.
Para a maioria dos brasileiros, a presidente Dilma Rousseff mentiu durante a campanha à reeleição. Esse grupo inclui aqueles que acreditam que ela disse mais mentiras do que verdades durante a campanha (46%), os que avaliam que disse somente mentiras (14%). A parcela dos que acreditam que a petista disse somente verdades soma 8%, há 25% para quem houve mais verdades do que mentiras, e há 8% que não opinaram sobre o assunto.
A imagem da presidente diante dos brasileiros também piorou na comparação com levantamentos anteriores. Atualmente, 50% a consideram indecisa, 46%, decidida, e 3% não têm opinião a respeito. Em abril de 2012, um ano e três meses após assumir, na última pesquisa em que esses atributos foram avaliados, 82% a apontavam como decidida, e somente 15%, como indecisa. Dois em cada três brasileiros (66%) avaliam a presidente como muito inteligente, e 31%, como pouco inteligente (4% não opinaram). Em abril de 2012, a taxa dos que a apontavam como muito inteligente alcançava 84%, e somente 10% diziam que era pouco inteligente.
No mesmo período, a taxa dos que a avaliam como sincera caiu pela metade (de 73% para 35%), enquanto subiu de 13% para 54% a dos que a consideram falsa - 11% não opinaram na pesquisa atual, e 14% na realizada em 2012. Também foi consultada pela primeira vez a imagem sobre a honestidade da petista, e 47% a avaliaram como desonesta. A fatia dos que a apontaram como honesta soma 39%, e 14% não opinaram.
O desempenho de Dilma na área econômica, atualmente, é pior do que na área social: 20% avaliam a gestão econômica da petista ótima ou boa, 43% acham que é ruim ou péssima, e para 35%, é regular. Na área social, 32% avaliam seu desempenho como ótimo ou bom, 38%, como regular, e 27%, como ruim ou péssimo. Parcelas iguais, de 2%, não opinaram sobre esses temas.
Cresce percepção de corrupção como principal problema do país
A maioria dos brasileiros (59%) considera o país um lugar ótimo, mas esse índice representa uma queda de 18 pontos na comparação com dezembro do ano passado (77%). O índice atual de satisfação com a vida no país é o mais baixo na série histórica do Datafolha sobre o tema, só comparável aos registrados em março/abril de 2003 (61%) e junho de 2001 (60%). A série histórica da questão tem início em março de 2000. Atualmente, há 13% que avaliam o Brasil como ruim ou péssimo para viver (em dezembro do ano passado, 5%), e 28% que o consideram regular (ante 18% no levantamento anterior).
A taxa dos que indicam que tem mais orgulho do que vergonha de viver no Brasil (74%) também é a mais baixa desde março de 2000. Na comparação com dezembro de 2014, houve queda de dez pontos na parcela dos que sentem mais orgulho do que vergonha (era de 84%), e alta de 14% para 24% na fatia dos que sentem mais vergonha do que orgulho de ser brasileiro. Há ainda 2% que não responderam ou indicaram outras respostas.
Os principais problemas do Brasil, citados espontaneamente pelos brasileiros, estão ligados à saúde (26%) e corrupção (21%). Em seguida aparecem problemas relacionados à violência e segurança (14%), educação (9%), desemprego (6%), falta d'água (4%), inflação (4%), economia (2%) e fome/miséria (2%), entre outros menos citados de forma espontânea. Esse quadro aponta para mudanças significativas na percepção do brasileiro sobre os problemas do país quando comparado ao verificado em dezembro de 2014. Desde então, a taxa dos que indicam saúde caiu 17 pontos (era de 43%), a dos que citam corrupção cresceu 12 pontos (era de 9%), e a dos que mencionam a violência/segurança caiu 4 pontos (era de 18%). Cada entrevistado só pode dar uma resposta à pergunta.
Expectativa de alta na inflação atinge nível mais alto desde 1994
A queda nas taxas de aprovação do Governo Federal e satisfação com o país encontram respaldo nas expectativas pessimistas dos brasileiros com os indicadores econômicos do país. Sondagens sobre as expectativas em relação à inflação, desemprego e poder de compra dos salários, além da situação econômica do país e dos entrevistados, são realizadas pelo Insitutot Datafolha desde meados da década de 1990, e há resultados que nunca foram tão pessimistas quanto os registrados em fevereiro de 2015.
Esse é o caso, por exemplo, da inflação: atualmente, 81% dos brasileiros preveem que daqui para frente inflação irá aumentar, 5%, que irá diminuir, e 11%, que irá ficar como está, além de 3% sem opinião sobre o assunto. Em dezembro do ano passado, 54% esperavam por aumento da inflação. Até agora, a taxa mais alta de expectativa de alta na inflação havia sido registrada em setembro de 2001 (72%), em pesquisa realizada uma semana após os atentados terroristas aos Estados Unidos - à época, 51% dos brasileiros acreditavam que as consequências dos atentados para a economia brasileira seriam grandes, 29%, que seriam pequenas, e 11%, que não haveria consequências. As taxas mais baixas de pessimismo foram registradas em dezembro de 1994, julho de 2003 e outubro de 2003 (30%).
O aumento no desemprego é esperado por 62%, e os demais se dividem entre aqueles que acreditam que o desemprego irá diminuir (13%) ou ficar como está (22%). Há ainda 2% que não opinaram. Em dezembro de 2014, 39% avaliavam que o desemprego iria aumentar, 27%, que iria aumentar, e 29%, que ficaria como estava. Essa é a taxa mais alta de expectativa de alta no desemprego desde dezembro 2001 (66%). Na série histórica sobre o tema, que tem início em março de 1995, a mais alta expectativa de aumento de desemprego havia sido registrada em junho de 2001 (72%), em pesquisa que refletia o pessimismo dos brasileiros com a crise energética instalada no país.
Pela primeira vez, desde 1994, a maioria (57%) da população adulta do país acredita que o poder de compra dos salários irá diminuir nos próximos meses. A parcela dos que acreditam que irá aumentar fica em 17%, outros 22% avaliam que irá ficar como está, e 3% não opinaram. Em dezembro do ano passado, o tema dividia os brasileiros: 34% avaliavam que o poder de comprar iria diminuir, 31%, que iria aumentar, e 29%, que ficaria estável. A expectativa mais alta de diminuição de poder de compra registrada, até então, havia sido registrada em fevereiro de 1999 (48%).
Para 55%, a situação econômica do país irá piorar nos próximos meses, o dobro do registrado em dezembro do ano passado (28%). Esse é o índice mais alto de pessimismo em relação à economia brasileira desde que essa questão começou a ser abordada pelo Datafolha, em dezembro de 1997. O resultado só é comparável a setembro de 2001, quando 53% esperavam por piora na economia do país. A parcela dos que esperam que a economia melhore nos próximos meses é de 16%, e para 26% ficará estável. Há ainda 3% que não responderam.
A expectativa em relação à própria situação econômica é menos pessimista, mas o cenário também é de deterioração das expectativas na comparação com o final do ano passado. Para 33%, a situação econômica pessoal irá melhorar (em dezembro, 51%), 26% acreditam que irá piorar (em dezembro, 12%), e 38% avaliam que irá ficar como está (ante 35% em dezembro).
Esse pessimismo econômico traz impactos no consumo dos brasileiros, que cortaram despesas nos últimos meses e não pretendem aumentar seu consumo nos próximos meses. A maioria (56%) cortou algum tipo de despesa pessoal nos últimos meses, e quase metade da população (46%) pretende consumir menos nos próximos meses. Pretendem consumir mais 19%, e 33% pretendem manter o nível de consumo estável.
Para 52% dos brasileiros, Dilma sabia de corrupção na Petrobras e permitiu que ocorresse
Para os brasileiros, a Petrobras tem muita importância para o Brasil, mas parte significativa da população acredita que o futuro da empresa esteja em risco por causa dos casos de corrupção envolvendo seus negócios. Consultados sobre a importância da Petrobras para o país, tendo como parâmetro uma escala de 0 a 10 onde 0 significa nada importante e 10, muito importante, 45% atribuíram máxima importância, ou seja, nota 10. A fatia dos que atribuíram nota 9 é de 9%, e 16% indicaram nota 8. Somadas, as notas 8, 9 e 10 foram apontadas por 70% dos brasileiros, e notas igual ou abaixo de 5 somaram 15%, (uma fatia de 5% atribuiu nota 0, ou nenhuma importância).
Após serem consultados sobre a importância da Petrobras, os brasileiros foram questionados sobre os casos de corrupção envolvendo os negócios da empresa, seu quadro de funcionários e agentes políticos. As questões foram feitas nessa ordem para que a atribuição de importância não fosse influenciada pelas informações trazidas pelas questões referentes à corrupção na estatal.
A maioria dos brasileiros (86%) tomou conhecimento das prisões, no final do ano passado, de executivos de empreiteiras acusados de corrupção em negócios com a Petrobras, índice similar ao registrado em dezembro de 2014 (84%). Dos que tomaram conhecimento, 30% estão bem informados, 44%, mais ou menos informados, e 12%, mal informados.
Para 82%, a corrupção descoberta na Petrobras irá prejudicar a estatal em vários níveis. Os mais pessimistas (45%) acreditam que irá prejudicar a empresa por muito tempo e coloca seu futuro em risco. Para 23%, a corrupção descoberta na empresa irá prejudica-la por muito tempo, mas não coloca seu futuro em risco. Há ainda 15% que veem prejuízo para a Petrobras, mas por pouco tempo, sem colocar seu futuro em risco, e 8% que não veem prejuízo.
Apenas 14% dos brasileiros avaliam que a presidente Dilma Rousseff não sabia da corrupção na Petrobras, e para 25% ela sabia mas não poderia fazer nada para evita-la. A maior parte (52%), porém, acredita que a petista sabia da corrupção na Petrobras e deixou que ela ocorresse, e 8% não tem opinião sobre o assunto. Entre os que aprovam o governo Dilma, 17% acreditam que ela sabia da corrupção mas deixou que ocorresse, 31%, que sabia mas não poderia evita-la, e 37%, que não sabia.
65% apoiam adotar racionamento de energia imediatamente
A maioria dos brasileiros (94%) tomou conhecimento de que a falta de chuvas em algumas regiões do país tem feito baixar o volume de reservatórios de água usados para abastecer a população e gerar energia elétrica. A fatia dos bem informados sobre o assunto atinge 57%, e os demais estão ou mais ou menos informados (31%) ou mal informados (7%)
Um em cada três brasileiros (32%) acredita que o principal responsável pelo risco de faltar energia no Brasil seja o Governo Federal, e 18% avaliam que seja a população. Também foram apontadas as grandes empresas (10%) e os governos estaduais (8%), assim como todos eles (23%). Há ainda 2% que não consideram nenhum dos citados culpado, e 8% não opinaram sobre o assunto. Entre os mais jovens, ficam abaixo da média as indicações ao Governo Federal (27%), e acima da média (25%), a todos (governos, população e grandes empresas). Na parcela dos mais escolarizados, 42% dizem que o principal culpado é o Governo Federal, índice que cai para 27% entre os menos escolarizados.
Dois em cada três brasileiros (65%) acreditam que o governo deveria adotar imediatamente o racionamento para enfrentar o problema de falta de chuvas que prejudica o abastecimento de energia elétrica em algumas regiões do país. Para 27%, o governo deveria esperar mais alguns meses para observar se as chuvas a partir de agora irão encher os reservatórios, e 8% não opinaram. No Sul, o índice dos que apoiam um racionamento imediato fica abaixo da média (58%), assim como entre os menos escolarizados (56%). Entre os mais escolarizados, 77% avaliam que o governo deveria adotar o racionamento imediatamente.
A falta de energia atingiu na residência onde moram atingiu, no último mês, 39% dos brasileiros. Destes, 15% dizem ter ficado sem energia por 1 dia, 10%, por 2 dias, 6%, por 3 dias, e 8%, por quatro dias ou mais. Em média, os atingidos ficaram sem energia em 2,9 dias, considerando os 30 dias anteriores à pesquisa. A região menos atingida por falta de energia foi o Sul (30% relataram ter ficado sem energia em pelo menos 1 dia dentre os 30 dias anteriores), e as mais atingidas foram Centro Oeste (45%), Norte (45%) e Nordeste (43%). No Sudeste, 37% disseram ter faltado energia no período.
36% sofreram com falta de água no último mês
A maioria (95%) tomou conhecimento sobre a falta de água que está atingindo algumas regiões do país devido ao baixo volume de reservatórios de água usados para abastecer a população. Destes, 58% declaram estar bem informados sobre o assunto, e os demais estão ou mais ou menos informados (30%) ou mal informados (6%)
Há uma divisão na atribuição de responsabilidade pela falta de água em algumas regiões do país: para 24%, a população é o principal responsável, índice igual (24%) ao dos que indicam todos (governos federal e estaduais, grandes empresas e população) e no mesmo patamar dos que atribuem a responsabilidade principalmente ao Governo Federal (22%). Para 14%, o principal responsável são os governos estaduais, 6% acreditam que sejam as grandes empresas, e 3%, que não seja nenhum desses. Há ainda 6% que não opinaram sobre o assunto.
Na região Sudeste, a principal ameaçada pelo problema de abastecimento de água, 26% acreditam que todos sejam responsáveis pela falta de água, 22%, que seja a população, 21%, que seja o Governo Federal, e 19%, os governos estaduais. As grandes empresas foram apontadas por 5%, e uma fatia de 3% não atribui responsabilidade a nenhum deles.
A falta de água na residência onde moram atingiu, no último mês, 36% dos brasileiros. Destes, 18% ficaram sem água em casa por 5 dias ou mais, 7%, de 3 a 4 dias, e 6%, 2 dias ou menos. No Nordeste, 50% ficaram sem água na residência por pelo menos 1 dia nos 30 dias anteriores ao levantamento. No Sudeste, o índice fica em 37%, e cai para 29% no Centro-Oeste, 24%, no Norte, e 19%, no Sul.

segunda-feira, 9 de março de 2015

Brasil: O Antagonista analisa o discurso da presidente

Teria muito mais cousas a dizer, mas creio que o essencial está aí.
Ah, sim: eu recomendaria aos aspones da PR estudar mais um pouco de história.
Em 1929 não houve Grande Depressão, como afirmado no discurso.
Houve apenas uma quebra da Bolsa de NY, ponto.
Em fevereiro de 1930, a Economist já falava em recuperação.
Só com as quebras de bancos em 1931 e a sucessão de medidas tresloucadas dos governos (sempre eles) é que se instalou a depressão.
Paulo Roberto de Almeida

As mentiras e tapeações do discurso de Dilma

O Antagonista, 8/03/2015

Agora, passados o panelaço e buzinaço, vamos nos dar ao trabalho de analisar os principais trechos do discurso de Dilma Rousseff em cadeia nacional.
Dilma: "Os noticiários são úteis, mas nem sempre são suficientes. Muitas vezes até nos confundem mais do que nos esclarecem. As conversas em casa, e no trabalho, também precisam ser completadas por dados que nem sempre estão ao alcance de todas e de todos."
O Antagonista: Ou seja, a imprensa é capciosa e você, a sua família, os seus amigos e colegas de trabalho não têm capacidade de entender a realidade da inflação, do desgoverno e da corrupção...
Dilma: "O Brasil passa por um momento diferente do que vivemos nos últimos anos. Mas nem de longe está vivendo uma crise nas dimensões que dizem alguns. Passamos por problemas conjunturais, mas nossos fundamentos continuam sólidos. Muito diferente daquelas crises do passado que quebravam e paralisavam o país."
O Antagonista: O marqueteiro João Santana trocou "momento difícil" por "momento diferente". O Brasil vive, sim, uma crise monumental: inflação em alta, credibilidade internacional zero, empresas endividadas em dólares com a corda no pescoço, nível de investimento negativo. Os fundamentos estão derretendo, como atestam as agências de risco internacionais.
Dilma: "Nosso povo está protegido naquilo que é mais importante: sua capacidade de produzir, ganhar sua renda e de proteger sua família."
O Antagonista: Mentira. As empresas cortam vagas de trabalho, a inflação corrói os salários e começa a corroer a poupança. As famílias estão endividadas acima do seu limite, iludidas que foram pelo crédito barato dos anos Lula e do primeiro mandato de Dilma.
Dilma: "Estamos na segunda etapa do combate à mais grave crise internacional desde a grande depressão de 1929."
O Antagonista: Mentira, nunca houve primeira etapa. Lula, em 2008, disse que a crise internacional havia chegado ao Brasil como uma "marolinha", e continuou com a sua política econômica inconsequente, baseada unicamente na expansão do crédito, sem investimentos em setores estruturais da economia. A falta de investimentos limita o combate à inflação, reduzindo o arsenal para combatê-la ao aumento da taxa básica de juros -- que agrava a recessão e só faz a alegria da banca. Você leu certo: estamos em recessão.
Dilma: "As circunstâncias mudaram porque além de certos problemas terem se agravado - no Brasil e em grande parte do mundo -, há ainda a coincidência de estarmos enfrentando a maior seca da nossa história, no Sudeste e no Nordeste. Entre muitos efeitos graves, esta seca tem trazido aumentos temporários no custo da energia e de alguns alimentos."
O Antagonista: As carências do país apenas foram evidenciadas pela seca. Faltam planejamento no setor de abastecimento hídrico e investimentos no setor elétrico -- a menos que se tome como investimento o superfaturamento na construção de usinas hidrelétricas que estão com as obras atrasadas.
Dilma: "Você tem todo direito de se irritar e de se preocupar."
O Antagonista: Sim, e de exigir o impeachment do governo mais incompetente e corrupto da história do país.
Dilma: "A crise afetou severamente grandes economias, como os Estados Unidos, a União Européia e o Japão. Até mesmo a China, a economia mais dinâmica do planeta, reduziu seu crescimento à metade de suas médias históricas recentes. Alguns países estão conseguindo se recuperar mais cedo. O Brasil, que foi um dos países que melhor reagiu (sic) em um primeiro momento, está agora implantando as bases para enfrentar a crise e dar um novo salto no seu desenvolvimento. Nos seis primeiros anos da crise, crescemos 19,9%, enquanto a economia dos países da zona do Euro caiu 1,7%."
O Antagonista: O Brasil não reagiu num primeiro momento. Como já foi dito e redito, o governo baseou o crescimento da economia no crédito barato, endividando as famílias. Não investiu na indústria, que hoje se encontra sucateada, e apenas adiou a tempestade, apostando que a China continuaria a importar as nossas commodities nas mesmas quantidades do início dos anos 2000, embora todas as sinalizações apontassem o contrário. A comparação com a União Europeia é marota. Crescemos menos do que a China e a Índia, os outros grandes integrantes do Brics, no mesmo período. Amesquinhamo-nos em parcerias comerciais com países africanos e sul-americanos, em detrimento do estreitamento de laços comercias com os Estados Unidos, não só por ideologia esquerdista, mas porque o governo foi incapaz de enxergar que os americanos sairiam do buraco que criaram mais cedo do que se imaginava, porque são, de longe, a economia mais forte do mundo.
Dilma: "Realizamos elevadas reduções de impostos para estimular a economia e garantir empregos."
O Antagonista: Mentira. As reduções foram pontuais. De maneira geral, a carga de impostos aumentou.
Dilma: "Ampliamos os investimentos públicos para dinamizar setores econômicos estratégicos."
O Antagonista: Mentira. Quais setores? Dilma deve estar falando dos empréstimos secretos do BNDES a empresas ligadas ao petismo, como a JBS/Friboi.
Dilma: "Começamos cortando os gastos do governo, sem afetar fortemente os investimentos prioritários e os programas sociais. Revisamos certas distorções em alguns benefícios, preservando os direitos sagrados dos trabalhadores. E estamos implantando medidas que reduzem, parcialmente, os subsídios no crédito e também as desonerações nos impostos, dentro de limites suportáveis pelo setor produtivo."
O Antagonista: É mentira que o governo esteja cortando gastos. A máquina estatal, já inchada, continua engordando. Basta dizer que Dilma se recusa a cortar um ministério que seja dos 39 que carregamos nas costas. Quanto aos "direitos sagrados" dos trabalhadores, Dilma está fazendo o exato contrário do que prometeu na sua campanha. A redução na desoneração da folha de pagamentos das empresas já está causando demissões.
Dilma: "O Brasil tem hoje mais qualificação profissional, mais infraestrutura, mais oportunidades de estudar e mais empreendedores. Somos a 7ª economia do mundo. Temos US$ 371 bilhões de reservas internacionais. 36 milhões de pessoas saíram da miséria e 44 milhões foram para a classe media. Quase 10 milhões de brasileiras e brasileiros são hoje micro e pequenos empreendedores. E continuamos com os melhores níveis de emprego e salário da nossa história."
O Antagonista: Mentira. A produtividade do trabalhador brasileiro é uma das menores entre os países em desenvolvimento. Ser a sétima economia do mundo não significa muita coisa, visto que a renda per capita é relativamente baixa e não aumentará nos próximos anos, como previu o ex-ministro da Fazenda Armínio Fraga aqui no Antagonista. Essas reservas internacionais são apenas ilusão contábil. Com o aumento do dólar, aumentaram a dívida externa pública e privada. A dívida interna pública é maior do que a divulgada, dizem os economistas sérios. Para o governo, uma família de classe média, com quatro pessoas, é aquela que ganha entre 1 500 e 2 000 reais por mês, ou menos de 700 dólares -- abaixo da linha da pobreza em qualquer nação civilizada. A qualidade dos empregos é vergonhosamente baixa. Temos mais braços do que cérebros. Dilma inclui entre os micro e pequenos empreendedores a massa de assalariados e freelancers obrigada a trabalhar como pessoa jurídica, sem nenhuma garantia trabalhista.
Dilma: "Nossas rodovias e ferrovias, nossos portos e aeroportos continuarão sendo melhorados e ampliados."
O Antagonista: Faz tempo que Dilma não viaja como cidadã comum. E qualquer produtor sabe o quanto representa o custo do transporte no Brasil, por causa da inexistência ou má qualidade das rodovias, ferrovias e portos.
Dilma: "Este esforço tem que ser visto como mais um tijolo, no grande processo de construção do novo Brasil. Esta construção não é só física, mas também espiritual. De fortalecimento moral e ético."
O Antagonista: Essa foi uma tijolada no nosso estômago.
Dilma: "Com coragem e até sofrimento, o Brasil tem aprendido a praticar a justiça social em favor dos mais pobres, como também aplicar duramente a mão da justiça contra os corruptos. É isso, por exemplo, que vem acontecendo na apuração ampla, livre e rigorosa nos episódios lamentáveis contra a Petrobras."
O Antagonista: A mão da Justiça ainda tem de colher Dilma, Lula e os seus cúmplices. E a mão da Justiça está funcionando, APESAR de Dilma, Lula e os seus cúmplices, como José Eduardo Cardozo, ministro da Justiça, e Luís Inácio Adams, advogado-geral da União, que fazem advocacia administrativa para a companheirada corrupta e as empreiteiras do petrolão.

sábado, 7 de março de 2015

Impeachment: a palavra que nao quer calar; ao contrario, insiste em berrar - Sergio Ferraz

Impeachment, oportunidade de resgate
Sergio Ferraz
Folha de S. Paulo, sexta-feira, 6 de março de 2015 

 Partindo apenas das declarações à imprensa da presidente, teríamos que ela atentou contra a probidade administrativa por omissão

Antes do enfrentamento do tema, duas desmitificações:

1) impeachment não é golpe, e jurista que pede sua aplicação não é plantonista de soluções antidemocráticas. O impeachment é instrumento expressamente previsto na Constituição (art. 52, I e II), cabível quando certas autoridades --entre elas o Presidente da República-- cometem crime de responsabilidade;

2) mídia não é sinônimo de oposição; quem as iguala não faz mais do que expressar a convicção de que se deva adotar o controle da imprensa (e o amordaçamento da liberdade).

Há, sim, condições jurídicas amplas para deflagrar o impeachment da presidente Dilma Rousseff.

A denúncia de um presidente por crime de responsabilidade é iniciativa do cidadão (lei nº 1.079/50). Deve a denúncia ser acompanhada de documentos que constituam início de prova ou indício de prática criminosa. A denúncia não tem de carrear prova definitiva; há, no processo, fase probatória para esse fim.

No plano material, a configuração dos crimes de responsabilidade repousa no artigo 85 da Constituição. Mas se complementa com a tipificação consagrada na lei nº 8.492/92 --a qual diz claramente que se comete ato de improbidade administrativa não só por ação mas também por omissão (art. 10, dentre outros)-- e na Lei Anticorrupção.

Se tomássemos como elemento de prova apenas as declarações à imprensa da presidente, teríamos que, ao menos por omissão --grave e repetitiva--, atentou ela contra a probidade administrativa e a integridade do patrimônio público.

A presidente já ocupou cargo na administração superior da Petrobras (votou, por exemplo, em favor da ruinosa aquisição da refinaria de Pasadena), foi ministra de Estado em áreas afetadas pela petrolífera (e por seu sistema empresarial), designou executivos hoje comprovadamente larápios da grande empresa; nomeou uma presidente para a empresa que não coibiu o desastre.

E, enquanto o erário sangrava e a Petrobras perdia valor, nada se fez, até que, afinal, tudo explodiu nos noticiários e no Congresso.

Em suma, conquanto tenha talvez faltado ao Ministério Público vontade política para apontar o dedo à presidente, saem seu partido e ela seriamente atingidos do mero relato das falcatruas apuradas.

O que temos em mãos não são artifícios oposicionistas: as denúncias apresentadas confirmam que dinheiro público foi sistematicamente utilizado para subornos milionários. A isso não se pode responder com o silêncio ou com a evasiva.

Não temos dúvida em afirmar que jamais houve na história do presidencialismo brasileiro, nem mesmo na época do mensalão, tanta imoralidade e deterioração. E de nada adianta a presidente dizer que a corrupção da Petrobras começou ao tempo do presidente Fernando Henrique Cardoso --assim fosse, era dever ainda maior dos posteriores presidentes, ela incluída, bloquear desmandos, corrigir, punir e mostrar decisão. Nada disso se fez até aqui.

Note-se: o que se condena é a omissão repetida por anos a fio, permitindo o advento da catástrofe.

Vive o Brasil um momento crítico, em que a credibilidade nas instituições públicas baixou a patamares jamais entrevistos. A falta de decoro desgasta instituições e alimenta sementes do autoritarismo. A isso soma-se o fantasma da impunidade. Perdeu o país a compostura?

A recuperação da compostura é o que nos deve animar. Daí a rejeição da inviabilidade da iniciativa de impeachment. A nosso ver, o Brasil merece essa oportunidade de resgate.
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Sergio Ferraz, 78, advogado, é membro da Academia Brasileira de Letras Jurídicas

quarta-feira, 4 de março de 2015

A nau sem rumo da economia brasileira: ou como fritar ministros em seis meses - Octavio Costa

Ministro da Fazenda Joaquim Levy já vai pular do barco?
Octávio Costa
O Dia (Rio), 3/03/2015

Ao formar seu governo em 1979, o general João Figueiredo, último presidente da ditadura militar, ficou sem saber exatamente o que fazer com a economia e deu uma no cravo e outra na ferradura. Manteve Mário Henrique Simonsen à frente da política econômica, como ministro do Planejamento, mas nomeou Antonio Delfim Netto para o Ministério da Agricultura. Simonsen, que havia chefiado a Fazenda no governo Geisel, foi encarregado de contornar os efeitos da segunda crise do petróleo. Optou por um tratamento de choque, com corte dos gastos públicos e superávit primário de 1% do PIB, ao preço de desaquecimento da indústria e do risco de recessão.

Nos bastidores, Delfim atirava no colega e criticava as medidas de austeridade. Garantia que, apesar de tudo, era possível adotar uma política que garantisse o crescimento. As pressões aumentaram até que Simonsen pediu o boné com apenas cinco meses no cargo. E Delfim assumiu o Planejamento sob aplausos dos empresários.

Para conhecer melhor esta história, vale a pena ler estudo do professor José Pedro Macarini, da Unicamp, sobre o período Figueiredo. O que mais impressiona é, sem dúvida, a semelhança entre o isolamento de Mário Simonsen e o rápido desgaste que enfrenta hoje o ministro da Fazenda, Joaquim Levy.

PEIXE FORA D’ÁGUA
A exemplo de Simonsen, Levy parece um peixe fora d’água no governo Dilma. Se ele representa a ultra-conservadora Universidade de Chicago, os demais membros da equipe econômica aproximam-se, sem dúvida, do pensamento desenvolvimentista (ao qual a presidenta Dilma também se filia).

A ortodoxia de Levy nada tem a ver com com a visão heterodoxa do ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, do presidente do BNDES, Luciano Coutinho, e da presidente da Caixa Econômica, Miriam Belchior. Mais importante: não se afina com a formação keynesiana da economista Dilma Rousseff, avessa ao liberalismo de Milton Friedman, Prêmio Nobel e guru do Chicago.

Substituto de Guido Mantega, Levy foi incumbido de pôr a casa em ordem, pois, como diz a presidenta, “quando a realidade muda, a gente muda”. Agiu rápido e baixou um pacote de ajuste fiscal, que minou as expectativas e faz de 2015 um ano perdido. Mas não encontrou sustentação sequer entre os parlamentares do PT, partido do governo. As medidas que mudam as regras da pensão de viúvas e do seguro-desemprego dificilmente passarão no Congresso.

ERROS DA PRÓPRIA DILMA

Ao defender a freada de arrumação na economia, Levy ataca sem piedade erros da política econômica do primeiro mandato de Dilma. Após afirmar que houve uma “escorregadinha” no controle das contas públicas, foi ainda mais longe e disse que a desoneração da folha de pagamento de empresas foi “um negócio muito grosseiro”. Segundo ele, “essa brincadeira nos custa R$ 25 bilhões por ano” e não protege, nem cria empregos.

Desta vez, Dilma reagiu: “A desoneração foi importantíssima e continua sendo. Se não fosse importante, tínhamos eliminado. Acho que o ministro foi infeliz no uso do adjetivo”. Levy levou o pito e ficou calado. Comentou com assessores que exagerou no “coloquialismo”. Ele já se corrigiu de outras vezes, mas começa a dar a impressão de que se prepara para pular do barco em poucos meses. Ao deixar o governo de João Figueiredo, Simonsen não deu grande importância: “O cargo de ministro é apenas mais uma linha no meu curriculum”. Joaquim Levy já tem esta linha no seu curriculum.

sábado, 28 de fevereiro de 2015

Brasil: governo incompetente, mandataria fraca, ministro liberal, tudo no atoleiro

Bem, eu acho que existem razões ainda mais imperiosas para ser bem mais severo em relação à atual situação do Brasil, e os jornais só refletem o que aparece como notícia objetiva.
Se formos destapar a bagunça, o retrato é ainda mais horrível, talvez até escandaloso, pelos crimes econômicos cometidos contra o país e a sua população.
E não estou falando de crimes comuns, que já deveriam ter sido objeto de processos criminais contra os responsáveis por eles.
Até nisso o Brasil é falho: criminosos continuam circulando, alguns até mandando...
Paulo Roberto de Almeida

‘Brasil atolado’ é a capa da ‘The Economist’
 Fernando Nakagawa - CORRESPONDENTE / LONDRES
O Estado de S. Paulo, 27/02/2015

Blog do ‘Financial Times’ e a revista ‘Time’ também destacam problemas econômicos do País

Do foguete que levava a um futuro brilhante ao atoleiro de um pântano. Para parte da mídia internacional, esse foi o caminho do Brasil nos últimos anos. Nesta semana, a revista The Economist diz na capa que o Brasil está atolado em problemas e vive a maior bagunça desde os anos 90. Enquanto isso, um blog do jornal Financial Times listou dez motivos que podem levar a presidente Dilma Rousseff a não terminar o segundo mandato e a revista Time enumerou cinco fatos que podem levar o Brasil ao precipício. O Brasil parece a bola da vez.
Acada dia a imprensa estrangeira parece mais frustrada com os rumos recentes do Brasil. O melhor exemplo dessa frustração é visto na revista britânica The Economist. Na edição latino-americana que chega às bancas, a capa é ilustrada por uma passista de escola de samba em um pântano coberta de gosma verde com o título “O atoleiro do Brasil”. As edições vendidas no resto do mundo têm outra capa, sobre o avanço da telefonia celular.
Em editorial, a Economist diz que o País pode ter “problemas muito maiores do que o governo admite ou investidores parecem perceber”. Além da ameaça de recessão e da inflação, o texto cita o fraco investimento, a corrupção na Petrobrás e a desvalorização cambial que eleva dívida externa em real das empresas brasileiras.
“Escapar desse atoleiro seria difícil mesmo para uma grande liderança política. Dilma, no entanto, é fraca. Ela ganhou a eleição por pequena margem e sua base política está se desintegrando”, diz a revista conhecida por ser politicamente liberal. Esse tom não lembra em nada o clima de festa e comemoração visto no fim da década passada, quando o País era o queridinho da vez e recebia elogios rasgados nos espaços mais nobres da imprensa estrangeira.
A fraqueza política do governo também é destacada no blog sobremercados emergentes do jornal Financial Times. O Beyondbrics afirma que a onda de problemas parece tomar direção “catastrófica”. “Tanto assim que há boas razões para acreditar que a presidente Dilma Rousseff, que iniciou o segundo mandato de quatro anos em 1.º de janeiro, pode não durar muito tempo.”
O blog diz que uma cassação de presidente exige “algo flagrantemente errado”. “Mas muitos fazem isso e sobrevivem. O que realmente conta é perder apoio no Congresso. A maioria de Dilma no Congresso diminuiu nas eleições com uma coalizão mais fragmentada e difícil de controlar”, cita ao lembrar que a insatisfação é vista até dentro do PT. Além disso, o texto diz que, se o Congresso cogitar um processo de impeachment, a Petrobrás poderia fornecer um argumento. “Dilma foi a presidente do conselho de administração quando a maior parte da suposta corrupção aconteceu”, diz o texto.
Nos Estados Unidos, a revista Time publicou na internet uma lista de “cinco motivos que poderiam levar o Brasil ao precipício”. Ao afirmar que o País parece viver uma “tempestade perfeita”, a publicação cita que não há sinais de que a corrupção esteja diminuindo e as notícias econômicas podem demorar a melhorar, já que o País não deve crescer em 2015 e aumentos de preços devem continuar a ocorrer diante da seca e do aumento de tarifas públicas.
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Para 'The Economist', Brasil está em um atoleiro
Por Suzi Katzumata e Ligia Guimarães

Valor Econômico, 27/02/2015

SÃO PAULO  -  O Brasil está em um atoleiro, preso a uma estagnação que começou em 2013 e que pode se tornar uma prolongada recessão; a um ambiente de inflação elevada que consome salários e eleva os pagamentos da dívida dos consumidores; e a um cenário de queda no investimento, que soma 8% no ano e pode cair ainda mais, segundo avalia a revista britânica "The Economist". A revista dedicou a capa da edição desta semana aos problemas que atingem o país, que sofre ainda com o escândalo de corrupção na Petrobras, que atinge as maiores construtoras nacionais e que paralisou os gastos de capital em vários segmentos da economia. Para completar, o real acumula uma queda de 30% frente ao dólar desde maio de 2013, uma mudança necessária, segundo a revista, mas que aumenta o impacto cambial da dívida de US$ 40 bilhões em moeda estrangeira que as empresas brasileiras têm de pagar este ano.
Segundo texto do editorial da "Economist", sair de um atoleiro desse já seria difícil até mesmo para uma forte liderança política, portanto, a fraqueza atual da presidente Dilma Rousseff é um complicador a mais para o Brasil. A revista observa que, após uma vitória apertada na eleição de 2014, a presidente viu sua taxa de aprovação cair de 42% em dezembro para 23% este mês, menos de dois meses depois de tomar posse de seu segundo mandato, abatida pela deterioração da economia e o escândalo da Petrobras. Ademais, há denúncias de que o Partido dos Trabalhadores (PT) e parceiros da coligação do governo teriam recebido pelo menos US$ 1 bilhão em propina. Para piorar, durante o período relevante das investigações da Polícia Federal e do Ministério Público Federal, a presidência do conselho da estatal era ocupada por Dilma.
Se a presidente quiser usar seu segundo mandato para salvar o Brasil, Dilma terá de conduzir o país em uma direção totalmente nova, diz "The Economist". O problema é que ela passou toda a campanha eleitoral exaltando um cenário econômico róseo e demonizando os planos neoliberais de seus oponentes. O lado positivo, segundo a revista, é que Dilma pelo menos reconhece que o Brasil precisa de "políticas mais amigáveis aos negócios, se quiser manter seu rating de grau de investimento e voltar a crescer". E esse reconhecimento é personificado pelo novo ministro da Fazenda, Joaquim Levy - "um economista treinado em Chicago, banqueiro e um dos raros liberais econômicos do país". O lado negativo, segundo a revista, é que o fracasso passado do Brasil em enfrentar as distorções econômicas deixaram Levy diante da armadilha da recessão.
Apesar de tudo, "The Economist" diz que o Brasil não é o único membro dos BRICs com problemas. "A economia da Rússia, em particular, tem sido castigada pela guerra, sanções e dependência do petróleo. Apesar de seus problemas, o Brasil não está em uma grande confusão como a Rússia", segundo a revista, acrescentando que o País tem um setor privado grande e diversificado e instituições democráticas robustas. "Mas as desgraças são mais profundas do que muitos reconhecem. A hora de dar um jeito é agora", sentencia a revista.

‘Indispensável’
A edição destaca ainda que a economia brasileira, guiada pelo ministro Joaquim Levy, definido como “um dos raros liberais econômicos do Brasil”,  enfrenta seu maior teste desde os anos 1990. E descreve Levy como “indispensável” no momento atual da economia, diante da fraqueza política da presidente. “Os riscos são claros. Recessão e redução das receitas fiscais podem comprometer o ajuste de Levy”, afirma a publicação.
A revista lembra que o ministro prometeu um enorme aperto fiscal para este ano, de quase dois pontos percentuais, que em parte será alcançado pela remoção de subsídios e restituição da Cide sobre os combustíveis, bem como pela redução de subsídios dos bancos públicos.
Uma dificuldade ao ajuste destacada pela revista é que Levy não poderá compensar o aperto fiscal com uma política monetária mais frouxa, porque “o Banco Central se curvou à vontade da presidente, ignorou sua meta de inflação”, deixando a margem de atuação limitada para o ministro.
O texto destaca ainda o perigo da fragilidade política de Dilma, e a rejeição do PT às medidas fiscais de Levy, que não foram negociadas durante a campanha. Cita também a derrota de Dilma com a vitória de Eduardo Cunha no Congresso.
Tal cenário de fraqueza política torna Levy “indispensável”, de acordo com a revista. “Ele deve construir pontes com Cunha, enquanto deixam claro que se o Congresso tenta extrair um preço orçamental para o seu apoio, levará a cortes em outros lugares”.

terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

Petrolao, Lava Jato, Mensalao, incompetencia, etc: 10 motivos para pedir impeachment - Felipe Moura Brasil

O blogueiro Felipe Moura Brasil, hospedado na Veja, esta destacadíssimo integrante da mída golpista, insiste nos motivos para que seja pedido o impeachment da governanta. Entendo que não tem a mínima chance de passar pelo Congresso, a menos de revelações tão escabrosas que fique difícil rejeitar o processo. Mas ele seria votado e descartado na Câmara, sem sequer ir ao Senado, que de toda forma o mataria de morte matada...
Paulo Roberto de Almeida

Felipe Moura Brasil, 31/01/2015
 às 21:29 \ Brasil, Cultura

Petrolão: 10 depoimentos para ‘estarrecer’ Lula e Dilma

lula-dilma-petrobras
Vamos organizar o noticiário com uma listinha promissora:
1.
“O custo alto das campanhas eleitorais levou, também, à arrecadação desenfreada de dinheiro para as tesourarias dos partidos políticos. Não por coincidência, a antes lucrativa sociedade por ações, Petrobras, foi escolhida para geração desses montantes necessários à compra da base aliada do governo e aos cofres das agremiações partidárias.”
Gerson de Mello Almada, vice-presidente da construtora Engevix, preso na sétima fase da Lava Jato, rompendo o então pacto de silêncio das empreiteiras sobre a participação dos políticos.
2.
a) “O esquema foi comandado por agentes políticos para a manutenção de grupos e partidos no poder. O esquema alterou os resultados das eleições de 2006, 2010 e possivelmente de 2014. Houve desequilíbrio no pleito.”
b) “É um projeto de poder para sustentação do PT. Não há dúvida disso. PT e a base aliada como PMDB, PP. É a corrupção sustentando um esquema de poder.”
c) “Não é preciso grandes malabarismos intelectuais para reconhecer que o domínio da organização criminosa estava nas mãos de agentes políticos que não se contentavam em obter riqueza material, ambicionavam poder ilimitado com total desprezo pela ordem legal e democrática, ao ponto do dinheiro subtraído dos cofres da Petrobras ter sido usado para financiar campanhas políticas no Legislativo e Executivo.”
Antonio Figueiredo Basto, advogado do doleiro Alberto Youssef.
3.
“Agentes políticos das mais variadas cataduras racionalizaram os delitos para permanecer no poder, pois sabiam que enquanto triunfassem podiam permitir e realizar qualquer ilicitude, na certeza que a opinião pública os absolveria nas urnas.”
Alberto Youssef, um dos principais delatores do esquema do petrolão.
* Em outubro de 2014, VEJA noticiou que, perguntado sobre o nível de comprometimento de autoridades no esquema de corrupção na Petrobras, o doleiro foi taxativo:
— O Planalto sabia de tudo!
— Mas quem no Planalto?, perguntou o delegado.
— Lula e Dilma, respondeu o doleiro.
Duas semanas depois, o editoral do Estadão “Lula e Dilma sempre souberam” ratificou a matéria de VEJA.
4.
a) “[O tesoureiro do PT] Edinho Silva está preocupadíssimo. Todas as empreiteiras acusadas de esquema criminoso na Lava Jato doaram para campanha de Dilma. Será que falarão sobre vinculações campanha X obras da Petrobras?”
b) “As empreiteiras juntas doaram para a campanha de Dilma milhões. O que dirá o nosso procurador-geral da República?”
c) “Lava Jato está prestes a mostrar que o que foi apresentado sobre a área de Abastecimento da Petrobras é muito pequeno quando se junta Pasadena, SBM, Angola, esquema argentino, Transpetro, Petroquímica. Ah, e o contrato de meio ambiente da Petrobras Internacional? Se somarmos tudo, Abastecimento é fichinha.”
Ricardo Pessoa, o chefe do cartel da Petrobras, dono da UTC Engenharia e amigo de Lula.
capa380* Pessoa ainda contou a amigos, segundo VEJA desta semana, o que exatamente estaria deixando Edinho Silva “preocupadíssimo”. A oito dias do 2º turno da eleição presidencial, o empreiteiro teve uma reunião em São Paulo com Luciano Coutinho, presidente do BNDES, quando a UTC estava atrás de dinheiro para financiar as obras do Aeroporto de Viracopos.
Coutinho disse que Pessoa seria procurado por Edinho Silva, tesoureiro da campanha de Dilma, que pouco tempo depois fez contato. Edinho estava em busca das últimas doações para saldar os gastos do comitê de campanha da presidente e recebeu mais 3,5 milhões de reais da UTC, que se somaram aos 14,5 milhões de reais dados no primeiro turno, conforme acerto com João Vaccari Neto, tesoureiro do PT.
Se Edinho Silva já estava “preocupadíssimo”, agora o presidente do BNDES também deve estar.
5.
“Era uma coisa só, o que demonstra que os pagamentos na Petrobras não se davam por exigência de funcionários corruptos e chantagistas, como o governo quer fazer crer. Era algo mais complexo, institucionalizado.”
Um dos investigadores que atuam no caso, em declaração à VEJA desta semana, deixando cada vez mais evidente que mesmo as doações legais eram feitas com dinheiro obtido dos cofres públicos, seja por apadrinhamento por parte de instituições financiadoras, seja por corrupção pura e simples.
6.
a) “…há elementos jurídicos para que seja proposto e admitido o ‘impeachment’ da atual presidente da República, Dilma Rousseff, perante a Câmara dos Deputados e Senado Federal, pelos fundamentos expostos no presente parecer.”
b) “…o assalto aos recursos da Petrobras, perpetrado durante oito anos, de bilhões de reais, sem que a Presidente do Conselho (Dilma presidiu o conselho de administração da Petrobras) e depois Presidente da República o detectasse, constitui omissão, negligência e imperícia, conformando a figura da improbidade administrativa, e enseja a abertura de um processo de impeachment”.
Ives Gandra Martins, advogado constitucionalista, em análise “estritamente jurídica, sem conotação política” presente no parecer encomendado por uma das empreiteiras envolvidas na Lava Jato.
7.
“Vocês acham que eu ia atrás desses caras (os políticos) para oferecer grana a eles?”
Léo Pinheiro, amigo ressentido de Lula e presidente da OAS, cujos quatro executivos presos por corrupção, lavagem de dinheiro e formação de organização criminosa querem levar Lula e Dilma à roda da Justiça, escalando como o primeiro delator Ricardo Breghirolli, encarregado de fazer os pagamentos de propina a partidos e políticos corruptos.
8.
“Se tiver de morrer aqui dentro, não morro sozinho.”
Agenor Medeiros, 66 anos, diretor internacional da OAS.
9.
“A Dilma está deixando as coisas correrem. Isso é um grande erro. Se nada for feito, o problema chegará a ela, porque ela era a presidente do Conselho de Administração da Petrobras.”
Lula, ex-presidente da República ressentido com a deslealdade da atual presidente ao debitar na conta do governo anterior os prejuízos bilionários provocados pelo esquema de corrupção. Para Lula, os parceiros de longa data, empresários e governistas, devem marchar juntos.
Eu concordo: todos marchando juntinhos para a prisão.
10.
“Podia passar mais rápido, por favor?”
“Bom, eu vou preferir ler, sabe?”
Dilma Rousseff, em reunião com seus 39 ministros, irritada com o operador de teleprompter justamente no trecho em que tentava defender a estatal mais roubada do mundo.
Felipe Moura Brasil ⎯ http://www.veja.com/felipemourabrasil