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Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida;

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sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Teorias conspiratorias: ufa! Estava sentindo falta delas. Ainda bem que o presidente do Ipea nao me deixa carente...

Este blog, como se diz acima, é pelas ideias inteligentes. Mas de vez em quando são bem-vindas, também, algumas ideias idiotas, como forma de contraponto às primeiras, para fazer o contraste, e oferecer, como querem alguns puristas, aquilo que já foi chamado de "outro-ladismo".
Teorias conspiratorias, por exemplo, andavam fazendo falta.
Quando ainda existia o socialismo, era mais fácil: bastava culpar meia dúzia de capitalistas pelos problemas do socialismo -- que eram reais no socialismo real -- e dizer que eles se reuniam à noite, em algum hotel chic da Suíça, para conspirar com esse modo de produção sucessor do capitalismo, que acabou não sucedendo nada, fez tilt, deu dois suspiros e depois morreu, sozinho, triste e macambúzio, como se dizia nos romances de antigamente...
Vai ver que foram aqueles seis capitalistas hiper, super, megapoderosos, que complotaram de forma bem sucedida para criar todos aqueles problemas enfrentados pelos países do socialismo real.
Cuba, por exemplo: quão rica, poderosa, feliz e sobretudo livre ela não seria, se não fosse pelo embargo americano? Ianques desgraçados, vocês estão empobrecendo Cuba apenas para provar suas teorias sinistras e funestas, de que o socialismo não funciona. Só não funciona por causa de vocês, malditos capitalistas. Se vocês não existissem o mundo seria tão mais..., o quê mesmo?: feliz, rico, próspero? Enfim, menos capitalista, e portanto mais socialista. Pelo menos não haveria todos esses países neoliberais para se fazer comparação.

Pois bem, eu estava sentido falta de uma boa teoria conspiratoria, das boas, daquelas capazes de explicar tudo e um pouco mais. Explicar como, por exemplo, nosso planetinha redondo -- sim, se ele fosse quadrado não teríamos problemas de poluição capitalista, pelo menos não em direção ao Sul, que é todo subdesenvolvido e anticapitalista -- não estaria sendo poluído tanto assim, se não fosse por essas malditas companhias transnacionais, que dominam, literalmente, o planeta e a estratosfera. Basta 500 delas -- reunidas em assembleia na Batcaverna -- para decidirem sobre nossas vidas e sobretudo nossas mortes (de poeira, de fumaças tóxicas, de venenos capitalistas e defensivos multinacionais). Uma coisa horrível.
Enfim, nem sempre temos um gênio da economia como esse presidente do Ipea para restabelecer a verdade verdadeira sobre os problemas do planeta.
Estou louco para ouvi-lo na Rio+20... (para ele vão abrir uma exceção, e será Rio+1, o gênio da raça).
Paulo Roberto de Almeida


26/09/2011 10:39
Brasil Econômico (SP): Brasil enxerga a questão ambiental pelo ângulo social

Para Pochman,do Ipea,reduzir emissão de gases é insuficiente e não tem eficácia para emergentes.
A base industrial futura está em novos materiais
Um dos personagens mais ativos na articulação de propostas estruturais para a Rio+20, o economista Marcio Pochmann, presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), acredita que o poder desmedido das multinacionais tem contribuído enormemente para fragilizar os fóruns de governança global.
“Somos cada vez mais governados por 500 corporações, que respondem por 47% do PIB mundial e 4/5 dos investimentos em inovações tecnológicas.
Elas financiam campanhas, partidos, pesquisas e até Ongs e aniquilam o espaço público.
Fazem com que presidentes, governadores e prefeitos se transformem em seus caixeiros-viajantes”, afirma.
Na visão de Pochmann,essa correlação desigual de forças gera um desequilíbrio de poder, que acaba por privilegiar decisões favoráveis à manutenção do atual padrão de produção e consumo.
“As corporações decidem o quê, quando e onde tudo vai ser produzido e também o quê e quem vai ser taxado”, exemplifica.
Por outro lado, elas detêm conhecimento de ponta, materiais e recursos tecnológicos que as credenciam a liderar a transição para um novo modelo de desenvolvimento.
“Trabalham com inovação e não querem ser protagonistas do passado.
Vivem a dialética de mirar o futuro com o olhar focado no lucro, o principal objetivo desse modelo em crise”, analisa.
A questão mais relevante em jogo, no entender de Pochmann, é o esvaziamento de elementos de governabilidade que esse cenário gerou, reduzindo drasticamente o papel do Estado do ponto de vista supranacional: “O mundo atravessa a mais grave crise mundial desde 1929 e a ONU não foi capaz de fazer nenhuma conferência para discutir o assunto.
Estamos vivendo um movimento de decadência dos EUA e de ascensão chinesa, que contrapõe o esgotamento das velhas formas de regulação com a imaturidade das novas.
Não nos faltam modelos de desenvolvimento; faltam atores globais”.
Por isso, o grande desafio da diplomacia brasileira para a Rio+20, na opinião de Pochmann, é ajudar a construir uma governança transnacional, fortalecendo entidades como o G-20 e os Brics.
“Os países desenvolvidos sustentam70% da dinâmica econômica mundial e os 37 mais ricos concentram a maior parte da renda”, disse.
O economista lembra que há mais de três décadas se discutem alternativas a esse modelo responsável pela desigualdade entre as nações.
“Ele só é sustentável se quisermos incluir nele apenas um terço da população mundial”, frisa.
O presidente do Ipea diz que não existe um único caminho para a nova sociedade que buscamos e muito menos convergência em torno de uma das três vias em pauta nas agendas internacionais.
A primeira, que chama de pós-desenvolvimentista, é a mais crítica em relação ao modelo vigente.
Propõe o resgate de valores perdidos, acompanhado de um profundo respeito pela natureza, um retorno à mãe-Pátria.
“Apesar de ter muitos adeptos, esse modelo, rudimentar e agrário, não é viável nos dias de hoje", opina.
A segunda vem ancorada na implantação da economia verde, com a perspectiva de tornar sustentável economicamente um modelo ambiental insustentável.
“Essa alternativa não altera as coisas, apenas reorganiza a indústria para diminuir a emissão de gases e deter o aquecimento global”, avalia.
Bastante confortável para os países ricos, que não precisam mais crescer, a proposta é pouco atraente para a maioria da população.
A terceira via, nem pós-desenvolvimentista nem economicista, propõe uma base industrial e produtiva assentada em novos materiais.
“Essa é a melhor saída, mas sua implantação demanda pesados investimentos, o que parece pouco provável de ocorrer com as restrições impostas pela crise fiscal internacional e num cenário em que os bens financeiros são mais atrativos do que os bens produtivos”, diz, taxativo.
O lado bom é que o Brasil, ao ajudar a construir o conteúdo da Rio+20, está dando outro viés ao debate, garante Pochmann: “O país não está aceitando a visão de fora, que queria um debate sobre a economia verde.
Está defendendo a visão totalizante do desenvolvimento, que considera a questão ambiental, mas do ponto vista social”.
Ele não quis comentar o convite do PT para concorrer à Prefeitura de Campinas (São Paulo).

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Protegendo a Inteligencia Nacional: estrangeiros querem extingui-la...

Ufa! Ainda bem que o governo está sempre atento aos perigos que vêem de fora. Pode ser qualquer coisa: bens tangíveis e intangíveis.
Entre os primeiros se encontram essas porcarias de automóveis estrangeiros, que ademais de todos os seus acessórios e inovações, ainda têm a petulância, vejam só, de entrarem mais baratos que os carros nacionais. Entre os segundos, estão ideias malucas, totalmente incompatíveis com a segurança da inteligência nacional (e o nosso bem-estar, por tabela).
Perdão, quem disse essa tremenda ofensa ao orgulho nacional de que carros estrangeiros têm essa capacidade inaceitável de, mesmo vindo de longe, custarem mais barato do que os superiores (ainda que mal equipados) carros nacionais, não fui eu, mas o nosso inteligente Ministro da Indústria, Desenvolvimento e Comércio Exterior -- como é mesmo o nome dele? -- para quem essa concorrência desleal constitui um atentado à soberania nacional.
Imaginem se o governo, sempre atento ao nosso bem-estar, iria permitir esse crime contra o bem-estar dos brasileiros, sobretudo se esses brasileiros forem os donos das montadoras, e a valorosa classe de trabalhadores metalúrgicos sindicalizados.
Eu também acho que o governo precisa proteger a inteligência nacional de importações clandestinas e de ideias perigosas: imaginem vocês se algum economista imperialista começar a divulgar aqui ideias sobre o livre comércio, propostas de baixa taxação para estimular o consumo, abertura econômica, para estimular a concorrência e a inovação tecnológica, doutrinas altamente perniciosas para a tranquilidade intelectual dos brasileiros.
Imginem vocês se um desses economistas dissesse ao governo que, em lugar de aumentar o IPI dos carros em geral, ele abaixasse o IPI dos carros aqui fabricados? Que horror! Nosso consumidor ficaria tentando a comprar mais carros, aumentando as pressões inflacionárias e tudo o mais. Isso não pode, e está certo o governo que se preocupa também com a inflação. Ufa! Ainda bem que o governo anda lutando contra a inflação por todos os meios.
Por isso mesmo devemos todos apoiar o governo nas medidas que ele vem tomando para tornar mais caros os automóveis estrangeiros (e de tabela, também, os nacionais, mas isso é por puro acaso), devemos todos pedir que o governo vá além, e proíba também ideias perigosas como as acima expostas, ou que pelo menos adote um imposto de importação contra ideias fora do lugar, como essas propostas neoliberais que querem apenas impedir nosso desenvolvimento industrial.
Queremos mais Ha-Joon Chang e menos Adam Smith, mais Raul Prebisch e menos John Stuart Mill. Mais desenvolvimentismo, menos entrega do patrimônio nacional (o nosso mercado) aos estrangeiros barateiros (e sorrateiros).
Queremos mais economistas (e doutores de araque) da UniCamp, como o ministro da tal de C%T e "Inovation", que sabem como ninguém se precaver contra estrangeiros que só querem se aproveitar de nossas riquezas e vantagens (não comparativas, claro).
Por favor, ministro Mantega, ministro do MDIC (como é mesmo o nome dele?) e o tal da Unicamp, protejam a inteligência nacional, ela está em grave perigo de ser contaminada por ideias nefastas vindas do exterior, certamente de contrabando em carros importados....
Paulo Roberto de Almeida 



Governo eleva IPI e carro importado pode ficar até 28% mais caro


Montadoras terão de cumprir exigências de nacionalização e inovação para escapar do aumento de 30 pontos percentuais no Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI). Decisão afetará especialmente chineses e coreanos


Renata Veríssimo, Célia Froufe e Adriana Fernandes
Agência Estado, 15/09/2011 (19h04)

Brasília - O ministro da Fazenda, Guido Mantega, anunciou nesta quinta-feira, 15, que elevará em 30 pontos porcentuais o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) de automóveis e caminhões para as montadores que não cumprirem os requisitos que estão sendo estabelecidos hoje pelo governo. As montadores terão que utilizar no mínimo 65% de conteúdo nacional ou regional (Mercosul), investirem em pesquisa e desenvolvimento e preencherem pelo menos 6 dentre 11 requisitos de investimentos.  

Entre eles, Mantega citou montagem do veículo no Brasil, estampagem, fabricação de motores, embreagens e câmbio. O ministro disse que todas as empresas, em princípio, estão habilitadas, mas o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) terá 60 dias para certificar as montadoras que cumprirem os requisitos e, assim, manterem o IPI no patamar atual. "Para as empresas que preencherem os requisitos não muda nada", disse Mantega. "É uma medida que garante a expansão dos investimentos no Brasil, o desenvolvimento tecnológico e a expansão da capacidade produtiva no Brasil", completou. Mantega disse que a medida vale até dezembro de 2012.
Disputa
Mantega disse ainda que a crise internacional tem reduzido o número de consumidores de veículos no mundo, levando as montadoras a trabalharem com capacidade ociosa, o que tem levado à uma disputa de mercados. "O Brasil tem conseguido manter as vendas elevadas. Mas, hoje, o consumo está sendo apropriado pelas importações que estão acontecendo no País. Há um desespero. O consumidor está sofrendo assédio do produto internacional", disse Mantega para justificar a adoção das medidas anunciadas hoje para o setor automotivo. "Nós corremos o risco de exportarmos emprego para outros países", completou.

Mantega disse que o governo ficou preocupado também com as notícias de que a indústria automotiva está aumentando os estoques nos pátios e dando férias coletivas. "Essas medidas vão dar condições para que a indústria que gera emprego e inovação tecnológica continue se expandindo. O mercado brasileiro deve ser usufruído pelas empresas brasileiras e não pelos importados", afirmou Mantega.

Indústria externa de automóveis terá que investir, diz Mercadante

Segundo o ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação novo regime não impede a entrada de importações, mas gera condições para aumentar competitividade do produtor brasileiro

15 de setembro de 2011 | 19h 17

Renata Veríssimo, Célia Froufe e Adriana Fernandes, da Agência Estado
BRASÍLIA - O ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, Aloizio Mercadante, afirmou nesta quinta-feira, 15, que o novo regime automotivo não impede a entrada de importações, mas gera as condições para que o produto brasileiro seja competitivo em relação aos importados. Ainda segundo ele, as empresas internacionais terão que investir se quiserem vir para o Brasil.
Segundo o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), Fernando Pimentel, as medidas visam atrair empresas para produzirem no Brasil e não apenas para importarem.
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, completou que as montadoras que estão fora do País poderão vir investir no Brasil e se habilitarem ao novo regime. Além disso, Mantega disse que o governo espera que as empresas já instaladas no Brasil continuem investindo e expandindo a produção.
Mercadante afirmou que elevação do IPI é medida de defesa dos empregos dos brasileiros e que o governo não ficará assistindo o "comprometimento da base produtiva manufatureira" nacional. Com a medida, destacou ele, o governo está aumentando o custo de carros produzidos em outros países e preservando o emprego no Brasil. O ministro afirmou que é um direito do consumidor comprar um carro importado, mas isso não pode ser feito às custas de demissão de trabalhadores e aumento da fila do desemprego.
Mercadante afirmou que o aumento do IPI também é uma importante sinalização para o mercado de automóveis no mundo. Quem quiser se aproveitar do patrimônio do mercado consumidor brasileiro, terá que vir para o Brasil com tecnologia. "Mesmo porque, lá fora não tem muitas opções", ressaltou Mercadante. Ele disse que a medida é criativa nesse cenário atual internacional adverso. O ministro informou que a ação já contempla um "pequeno compromisso" das empresas em pesquisa e desenvolvimento.
"Vamos aprofundar. Não é o fim do caminho. Mas é um passo decisivo para nova trajetória", afirmou.
(Texto atualizado às 19h48)

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Livros que encantam os idiotas (e muitos outros mais, infelizmente...)

Este blog é também, não esqueçamos, sobre livros, de preferência sobre livros com ideias, ainda mais ideias inteligentes, que são as que naturalmente prefiro, isto é evidente.
Mas, de vez em quando devemos tratar também dos livros idiotas, e das ideias imbecis, pois eles e elas também existem, e aliás costumam ocupar um espaço desmesuradamente amplo nesta nuestra América Latina, como gostam de dizer alguns desses idiotas, armados de ideias imbecis.

Mais abaixo eu coloquei um post sobre o livro que estou lendo, atualmente:

Leandro Narloch e Duda Teixeira:
Guia Politicamente Incorreto da América Latina
(São Paulo: Leya, 2011, 336 p.)

Recomendo, claro, e estou lendo aos pedaços, escolhendo um ou outro idiota ao acaso, indo e voltando, porque nunca é demais combinar várias épocas históricas e descobrir que, ao longo de cinco séculos, conseguimos produzir uma quantidade anormalmente alta de idiotas e de ideias imbecis, intermináveis, infindáveis, irritantemente recorrentes, uns e outras...

Mas nesse post eu também falei do outro livro (de 1996) que iniciou o ciclo de desmantelamento (sem conseguir por inteiro, ou sequer parcialmente) dessas ideias e desses livros:

Plinio Apuleyo Mendoza, Carlos Alberto Montaner e Álvaro Vargas Llosa:
Manual do Perfeito Idiota Latino-Americano
(muitas edições, na América Latina, na Espanha, no próprio Brasil).
O livro teve um retorno, aliás chamado "El Retorno del Idiota", sim porque no intervalo outros idiotas surgiram, aqui ao lado, por sinal.

Mas, como este blog é sobre livros, permito-me reproduzir aqui, sem fazer propaganda,:

Los diez libros que conmovieron al idiota latinoamericano
que figuram no primeiro Manual, que eles desmantelam comme il faut...

1) La historia me absolverá (Fidel Castro)
2) Los condenados de la tierra (Frantz Fanon)
3) La guerra de guerrillas (Ernesto "Che" Guevara)
4) ¿Revolución dentro de la revolución? (Régis Débray)
5) Los conceptos elementales del materialismo histórico (Marta Harnecker)
6) El hombre unidimensional (Herbert Marcuse)
7) Para leer al Pato Donald (Dorfman y Mattelart)
8) Dependencia y desarrollo en América Latina (Cardoso y Faletto)
9) Hacia una teología de la liberación (Gutiérrez)
10) Las venas abiertas de América Latina (Galeano).

Este último é o maior de todos, claro, uma síntese de todas as idiotices produzidas por todos os demais e por todos os idiotas que pulularam na América Latina desde a chegada dos espanhóis.
Eu poderia acrescentar vários títulos a essas idiotices consumadas, mas vou me conter por enquanto.
Um dia desses ataco...
Paulo Roberto de Almeida

domingo, 14 de agosto de 2011

Esta aumentando o numero de idiotas no mundo?: a proposito do criacionismo (e suas derivacoes catolicas)

Tenho sido alertado, por diversos meios, para o crescimento do número de católicos normais -- com escusas pelo "normais", mas é que podem existir os anormais, também, como em qualquer outro agrupamento humano -- que pregam, como os evangélicos e outras tribos religiosas mais fundamentalistas, o direito de escolas religiosas, neste caso católicas, ensinarem também a versão "criacionista" da criação do mundo e da espécie humana paras as crianças matriculadas nesses estabelecimentos.

Com perdão dos mais sensíveis, já vou classificar esse tipo de iniciativa entre as idiotices que assaltam o mundo, de modo preocupantemente crescente, se ouso dizer.
Com efeito, o besteirol criacionista -- como vêem sequer atribuo a esse ajuntamento de bobagens o estatuto de "versão", sequer de "teoria", o que seria uma ofensa ao pensamento racional e científico -- vem sendo desde muito tempo propagado por seitas religiosas as mais diversas, geralmente vinculadas à vertente reformista, ou protestante, dos cultos cristãos. Começou, provavelmente, com os batistas -- que ensinam a tradição bíblica elementar, e totalmente ingênua -- da criação do mundo e dos homens, depois se espalhou por outras seitas evangélicas, algumas assumindo uma suposta "teoria" do "desenho inteligente" -- que não deixa de ser misticismo igual -- que tenta, como as outras, colocar deus como a origem de todas as coisas.
Enfim, tudo isso tem sua função nas pregações religiosas, que, como se sabe, tentam sempre congregar seus fiéis em torno de preceitos básicos que sempre colocam seu deus no centro de tudo, assegurando com isso a fidelização de pessoas que poderiam, de outro modo, buscar outras explicações para os chamados "mistérios do mundo" (que não são mistérios, obviamente, apenas fenômenos ainda não devassados pela pesquisa científica).
O que era, até pouco tempo atrás, o apanágio de seitas protestantes, unicamente, e que faziam disso um cavalo de batalha em escolas laicas, ou públicas, por querer impor suas crenças num sistema basicamente neutro e infenso às religiões, parece estar contaminando, ultimamente, grupos ou indivíduos católicos igualmente, o que é, além de idiota, preocupante.

A Igreja Católica há muito já se afastou das bobagens geocêntricas que tinham levado a processos memoráveis num passado distante, e mais recentemente ela já se reconciliou com a teoria darwinista, que permanece a base de qualquer estudo científico em matérias biológicas e naturais para qualquer pessoa que pretenda seguir carreira nessas áreas. O processo de laicização e de secularização já avançou bastante em sociedades cristãs do Ocidente, de maneira que as escolas públicas, agora separadas das Igrejas em grande medida, com padrões curriculares obrigatórios ou não, ensinam as teorias científicas sobre o mundo e as sociedades humanas. Escolas religiosas são livres para ter disciplinas ligadas a seus credos, mas se um país formaliza currículos básicos nas áreas científicas, o mais provável é que a ciência tenha precedência, até obrigatória, sobre a religião, nos currículos padronizados que serão objeto de exames e de requerimentos necessários para outras etapas de ensino. A religião é confinada, como é o certo, a seu domínio exclusivo, separado do ensino formal de ciências, de história, de filosofia, etc.
É curioso, portanto, ver católicos empenhados em que o criacionismo seja ensinado nas escolas, ao mesmo título e com a mesma ênfase que as teorias científicas.

Sinto muito, mas só posso classificar essa atitude como retorno à idiotice, que eu pensava estar recuando em função da disseminação do pensamento científico no mundo.
Creio que vou ter de revisar um trabalho anterior sobre o assunto:

Está aumentando o número de idiotas no mundo?
revista Espaço Acadêmico (ano 6, nr. 72, maio de 2007; ISSN: 1519-6186).
Via Política (29.04.2007).

domingo, 10 de julho de 2011

Epidemia de ideias malucas - Moises Naim

O adjetivo "maluca" é meu, achei mais apropriado.
Ele trata das más ideias em geral, mas se fossemos fazer um inventário daquelas exclusivamente brasileiras, ou seja, das jabuticabas, um artigo só não bastaria; precisaríamos de meio livro, pelo menos.
Paulo Roberto de Almeida

Epidemia de malas ideas
Moisés Naím
El País (España), 10/07/2011

¿Caerá Grecia? ¿Se llevará consigo al euro? ¿Qué sucede si Pakistán entra en un caos político, o si las revueltas árabes producen incontenibles oleadas de refugiados hacia Europa? ¿Qué es más amenazante para la estabilidad de la economía mundial: un eventual estancamiento de China o la explosión de la deuda pública en Estados Unidos? El mundo está lleno de fragilidades y las noticias nos lo recuerdan a diario. Pero también hay otro tipo de fragilidad que, aunque menos visible, puede ser igual de peligrosa: la fragilidad intelectual.

Me refiero a la creciente frecuencia con la que las malas ideas se transforman en decisiones que nos afectan a todos.

Los gobernantes siempre se han mostrado vulnerables a la seducción de las malas ideas, muchas veces potenciadas por intelectuales, periodistas y otros actores influyentes. Pero ahora, las nuevas tecnologías, la globalización y la creciente presión para responder con rapidez y audacia a los problemas -muchos de ellos sin precedentes- han acentuado esta fragilidad. Las malas ideas se popularizan y se esparcen rápidamente por el mundo, antes de que aparezcan sus defectos. Y lo que es peor: enfrentados a las crisis (políticas, económicas, militares), los líderes se ven cada vez más tentados a apostar en grande -vidas, dinero, capital político- basados en ideas espurias. La invasión de Irak es un buen ejemplo, como lo son también la reacción inicial a la crisis económica mundial o, más recientemente, a la de Grecia.

Esto no es nuevo. La historia está salpicada de teorías que se ponen de moda e inspiran políticas, para terminar siendo refutadas o reemplazadas por otras. Algunas, como el comunismo o el fascismo, son construcciones ambiciosas, que proponen una visión total del mundo. Otras son más modestas en su alcance. La teoría de la dependencia, la curva de Laffer popularizada por Ronald Reagan, la presunta superioridad de la cultura gerencial japonesa o la idea de que es inteligente invertir grandes sumas en compañías de Internet sin ingresos fueron conceptos populares, luego demolidos por la realidad.

Igualmente hay buenas ideas que, después de ganar cierta notoriedad, son ignoradas porque resultan políticamente onerosas. La crisis económica puso sobre la mesa la necesidad de dotar al mundo de una "nueva arquitectura financiera". Hoy la necesidad sigue en pie, pero la propuesta ha pasado de moda y ya no cuenta con el apoyo que tenía durante el clímax del pánico financiero.

Si bien el ciclo nacimiento, apogeo y descarte (algunas veces incluso resurrección) ha sido una constante histórica de las ideas que influyen sobre grandes decisiones, su duración se ha abreviado. Esta aceleración se traduce en la volatilidad de las políticas, en detrimento de la adopción de alternativas más sólidas y duraderas.

La creciente necesidad de respuestas para problemas tan nuevos como amenazantes aumenta la probabilidad de que malas ideas se transformen en decisiones. A los jefes de empresa se les exige más resultados y más rápido; los dirigentes políticos se enfrentan a electorados cada vez más impacientes, los funcionarios están obligados a improvisar respuestas a emergencias sin precedentes... Así, las "soluciones milagrosas" e instantáneas se imponen a buenas propuestas que tardan en dar frutos. Aunque tarde o temprano las malas ideas quedan en evidencia y son descartadas, algunas duran lo suficiente como para causar grandes daños. Y cabe el riesgo de que sean sustituidas por una nueva "buena" idea igualmente engañosa y efímera. Un círculo vicioso.

Esta volatilidad intelectual es amplificada por las nuevas tecnologías de la información. Si bien la rapidez y la comodidad con las que nos comunicamos facilitan el escrutinio y la crítica de ideas y propuestas, no es menos cierto que el volumen y la velocidad de la información que circula por estos canales superan nuestra capacidad de discernimiento, aprendizaje, ponderación y reacción. En medio de un flujo continuo de datos, es imposible discriminar el ruido de todo lo demás. Qué idea es válida y qué crítica es ilegítima, tendenciosa o errónea. En este caso, a menudo, más es menos: cuanto más debate, menos claridad. Tanta información aumenta los costes de averiguar a qué y a quién creer.

Como pasa con muchos problemas, la fragilidad intelectual de estos tiempos no tiene remedios simples. Es inevitable que nuestros dirigentes sigan siendo seducidos por imposturas intelectuales, con los consabidos resultados indeseables. Pero, como lo han demostrado tanto los ataques terroristas como la crisis financiera, el primer paso para ser menos vulnerables a los encantos de las malas ideas es reconocer nuestra preocupante propensión a adoptarlas. Es tan prioritario estar alerta a la creciente influencia de las malas ideas como a los terroristas suicidas o a las letales innovaciones financieras.

sexta-feira, 3 de junho de 2011

Eu explico, tu explicas, ele explica: sera que vamos entender?

Bem, não sei agora qual a categoria do verbo explicar na nova gramática política do MEC: transitivo direto, intransivo, de flexão variável?
Tudo é possível, até sermos acusados de "preconceito linguístico" depois das "explicações" do (futuro ex?) ministro Palocci no Jornal nacional desta noite.
Alguém aí acredita que teremos, de fato, explicações cabais, cabíveis, capazes de dirimir todas as nossas dúvidas sobre a curiosa matemática política do novo gênio das finanças contemporâneas?
Alguém aí acredita que os jornalistas da Globo vão colocar o dito cujo contra a parede perguntando, por exemplo, mas que raios de consultoria é essa que consegue essa fabulosa taxa de sucesso sem que ninguém antes tivesse ouvido sequer falar que ela existia ou que prestasse "ajuda" para grandes empresas necessitando urgentemente um gênio das finanças como ele?
Alguém aí acredita que mera consultoria sobre "fusão de empresas" -- quais? --, sobre política cambial -- quem aí achava que haveria uma megadesvalorização? --, alguém é realmente ingênuo de acreditar que meras consultorias de mercado -- dessas que grandes consultorias de mercados, verdadeiras quero dizer, demoram semanas para fazer, envolvendo diversos economistas e ingentes pesquisas complexas -- mereçam pagamentos fabulosos que superam 12 milhões de dólares (é o caso de se perguntar se não foram para algum paraíso fiscal), que premiem justamente um homem super-ocupado com campanha eleitoral presidencial, montagem do novo ministério, equilíbrio político na selva que é o governo brasileiro, contenção das feras do seu próprio partido, enfim, alguém acredita que tudo isso é humanamente capaz de ser feito, dentro das regas normais dos negócios?
Algué aí é idiota a este ponto?
Bem, deixo vocês com o noticiário...
Paulo Roberto de Almeida

Palocci irá ao Jornal Nacional explicar aumento do patrimônio
(OESP online, 3/06/2011, 13:30hs)

Ministro atende a pedido da presidente Dilma; até o momento, decisão do parlamentar é falar só para a TV
Rifado pelo PT, última cartada é explicação pública
Simon compara caso Palocci ao mensalão de Lula
DORA KRAMER: Origens da crise

PS: Como o ministro extraordinário para assuntos extraordinário deve estar sem tempo agora para fazer consulorias extraordinárias, seria o caso dele redistribuir para os comuns dos mortais, que somos nós, algumas dessas tarefas de consultoria que ele tinha antes de se descobrir essa verdadeira mina de negócios que era sua empresa. Claro, pode ocorrer de não estarmos à altura desse gênio das finanças...

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Situação-limite
Editorial - O Estado de S.Paulo
03 de junho de 2011

As virtudes da contenção verbal no comportamento humano são louvadas nas mais diferentes culturas. Exemplo disso é o ditado "o silêncio é de ouro", que os brasileiros compartilham com muitos outros povos. Mas, em relação ao silêncio de que se fala sem parar no País de duas semanas para cá, a evocação do nobre metal é despropositada. Se é para associar ao reino mineral a mudez do ministro Antonio Palocci sobre o seu estupendo enriquecimento entre a sua saída do Ministério da Fazenda, no governo Lula, em 2006, e até pouco antes de assumir a chefia da Casa Civil da sucessora, Dilma Rousseff, em janeiro último, a comparação certa é com a pirita, o ouro dos tolos, por sua enganadora cintilação.

De tolo, o ministro não tem nada. Por isso mesmo, a sua recusa a explicar ao País, convincentemente, como fez fortuna de forma limpa e ética levou a uma situação-limite as suas condições de continuar no Planalto. Tanto por desfigurar a positiva imagem pública que a sua chefe vinha construindo nos meses que antecederam a crise quanto por expô-la ao desmedido apetite da alcateia com que tem de se haver no Congresso. Além disso, cada vez mais inquieto com a perspectiva de novos danos ao governo, o partido já não se limita a manter profilática distância do escândalo - como, aliás, fez a presidente Dilma logo na sua irrupção.

Nos bastidores, parcela talvez substancial dos companheiros tampouco fica apenas no chamamento do ministro às falas. A demanda tem sido a sua substituição - e nomes já correm para o seu cargo. A manifestação mais comentada foi a da senadora Gleisi Hoffmann. No almoço da bancada com o ex-presidente Lula, semana passada, quando ele se abalou a Brasília para aplacar os atritos entre Dilma e a caciquia do PMDB, ela teria pedido a cabeça do ministro. Esposa do ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, que está na lista dos eventuais sucessores de Palocci, teria argumentado que uma coisa era amparar os petistas envolvidos com o mensalão - que, afinal, operavam em benefício do partido -, outra é defender quem se dedicou a engordar o próprio patrimônio. Gleisi desmente.

Quando também se reuniu com os companheiros senadores, Palocci disse que os seus serviços de consultoria consistiam em palestras, análises de alternativas de investimentos financeiros e assessoria para empresas interessadas em fusões. Decerto não esperava que um de seus ouvintes, Eduardo Suplicy, viesse a revelar candidamente que o ministro contara ter recebido R$ 1 milhão por seus conselhos a uma empresa em processo de fusão. O ministro, de todo modo, insistiu em que não praticou nenhuma ilegalidade - e acusou a oposição de fabricar pretextos para desestabilizar o governo Dilma. Para não se prestar a esse jogo, a base aliada faz bem em impedir as tentativas de convocá-lo a depor no Congresso.

Mas, anteontem, prova da desarticulação política da coalizão dilmista, a base "engoliu vergonhoso frango" - para usar a retórica de Lula - ao deixar passar uma daquelas iniciativas na Comissão de Agricultura da Câmara. Alheio à agenda de sessões na Casa e esquecido de que a oposição não desistira de aproveitar todas as brechas disponíveis para requerer a oitiva de Palocci, o Planalto marcou um encontro do Conselho Político com a presidente na mesma quarta-feira em que as comissões dos deputados se reúnem rotineiramente. Na de Agricultura, a convocação de Palocci foi aprovada a toque de caixa, em circunstâncias controversas. O presidente da Câmara, o petista Marco Maia, sustou a decisão. Não o terá feito por Palocci, mas por dever de ofício - a oposição não pode prevalecer sobre o governo, ponto.

O ministro já tinha feito saber que se pronunciaria assim que o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, desse o seu parecer, previsto para ontem, sobre as representações oposicionistas contra ele e as suas réplicas por escrito. A situação se complicou quando o procurador não se contentou com as explicações dadas até agora e pediu ao acusado esclarecimentos adicionais. Mas não é por aí que se decidirá a atual crise. Em todos os lados, as reservas de boa vontade com Palocci parecem esgotadas. Cabe à presidente Dilma lavrar a sentença final.

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Da inteligencia a estupidez, em um pequeno salto...

OK, OK, estou quase me rendendo ao ambiente nacional. Como sabem todos os que lêem este blog, ele vem encimado (palavra bonita esta) por esta expressão:

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes.

Pois bem, acho que, ao comentar a atualidade nacional e as propostas de políticos em geral, acabo invertendo a finalidade original e precípua (outra palavra bonita) deste blog e tratando sobretudo de ideias estupidas emitidas por pessoas idiotas, que ficam torrando a paciência de pessoas sensatas.
Estou quase me decidindo a trocar a expressão de abertura, por algo mais ou menos assim:

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Mas, de vez em quando, ou mais frequentemente que o desejável, ele é obrigado a tratar de ideias estúpidas emitidas por idiotas, com o que ele acaba aborrecendo as pessoas inteligentes que aqui comparecem...

Não sei se seria o caso, mas por vezes sou tentado seriamente a fazê-lo...

Paciência estratégica...

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Idiotas existem: tento não falar deles, mas eles aparecem, assim de repente...

Algumas pessoas já reclamaram deste blog, ou deste blogueiro, por se referir ocasionalmente a certas pessoas como sendo "idiotas". Compreendo, embora não admita.
Ou seja, entendo que algumas almas sensíveis, algumas pessoas cordatas, se sintam chocadas ao lerem uma acusação assim brutal, embora eu sempre tenha dito que estou atacando as ideias defendidas por essas pessoas, não elas mesmas, a quem, diga-se, eu sequer conheço.
Pode até ser que para outras coisas, para as coisas normais da vida, digamos assim, elas não sejam idiotas, do contrário dificilmente teriam conseguido ter "ideias" repercutidas em meios mais vastos, terminando por me encontrar no vasto espaço cibernético.
Como eu leio um pouco de tudo, entre imprensa escrita, falada, visualizada e transmitida em redes, sou mais suscetível de tropeçar com "ideias idiotas", transmitidas por pessoas que eventualmente, na vida normal, não o são.
Prometi, portanto, aos mais sensíveis, não mais chamar os outros de idiotas, e de apenas referir-me às suas ideias, quando eles as têm...
Mas, o que posso fazer quando os idiotas cruzam, asi no más, na "sua" frente, como quem não quer nada, surgindo, justamente, do nada para oferecer ideias idiotas ao resto da humanidade?
Difícil não chamar um indivíduo assim de outra coisa que não um idiota.
É o caso, por exemplo, desse "historiador" -- nada justifica o título -- britânico, que tenta provar que o Holocausto não existiu.
Ademais do aspecto criminoso -- em alguns países -- em veicular tais "ideias", existe também o lado da idiotice mental, evidente numa pessoa com tais "argumentos".
Devo dizer, por sinal, que sou contra a criminalização de tipo de atitude: desde que a pessoa não incite à perseguição, à violência racial, à discriminação ativa, ao ódio entre etnias, desde que suas ideias não provoquem tumultos, vítimas, violência, creio que todo cidadão tem o direito de expressar toda e qualquer ideia, mesmo as mais idiotas.
Eles se expõem, assim, a serem ridicularizados, inclusive por mim, que tenho todo um programa de detecção e denúncia de ideias idiotas.
Com vocês a matéria do Le Monde sobre um idiota consumado.
Paulo Roberto de Almeida

Une association polonaise porte plainte contre le négationniste britannique David Irving
Le Monde, avec AFP, 21.09.2010

Entrée du camp de concentration d'Auschwitz

AFP/VALERY HACHE

Une association polonaise Otwarta Rzeczpospolita (République ouverte) a porté plainte contre l'historien négationniste britannique David Irving qui a annoncé sa visite en Pologne. Selon un communiqué publié sur le site Internet de l'association, l'historien a commis le "crime" [de négationnisme] en tentant de minimiser les atrocités nazies et d'exonérer Adolf Hitler de sa responsabilité dans les camps de la mort, dans son livre paru en 1977, intitulé Hitler's War (La guerre d'Hitler), et qui a été édité en Pologne l'an dernier.

"Je me trouve à présent à Varsovie et je ne suis pas libre de discuter de mon itinéraire pour des raisons de sécurité, comme vous le comprenez sûrement, a déclaré à l'AFP par téléphone M. Irving. Je serai en Pologne pendant les neuf prochains jours", a-t-il précisé, confirmant les informations affichées sur son site Internet annonçant un tour guidé d'une semaine en Pologne sur les lieux liés à la seconde guerre mondiale et à l'Holocauste, du 21 au 29 septembre. Dans une brochure publiée sur son site Focal point publications, M. Irving qualifie cette visite de neuf jours de "voyage inoubliable" et d'opportunité de voir "la vraie histoire".

Selon l'agence polonaise PAP, M. Irving se trouvait lundi à Cracovie, dans le sud du pays. "N'attendons pas le moment où David Irving commettra un nouveau crime sur le territoire de la République de Pologne. Les preuves indiquent clairement qu'il a déjà commis ce crime", écrit l'association dans une plainte en justice adressée à l'Institut de la mémoire nationale (IPN), chargé de poursuivre les crimes nazis et communistes contre les Polonais.

En Pologne, le négationnisme ainsi que la propagation du nazisme et de l'antisémitisme sont passibles d'une peine allant jusqu'à trois ans de prison. David Irving, qui a été condamné en Autriche en 2006 à trois ans de prison, puis expulsé vers la Grande-Bretagne pour avoir nié la réalité de l'Holocauste, a accusé la semaine dernière la Pologne d'avoir transformé le camp allemand nazi d'Auschwitz en un site touristique "ressemblant à Disneyland", devenu "une machine à faire de l'argent". L'historien a émis ces critiques alors qu'il faisait la promotion d'un voyage accompagné en Pologne. Ce voyage prévoit notamment une visite du bunker de l'état-major d'Hitler à Ketrzyn, du quartier-général du chef des SS Heinrich Himmler (Pozezdrze) et du camp de la mort de Treblinka.

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

A humanidade permanece terrivelmente atrasada

Sorry, humanidade, ainda que você não me leia, eu vou confirmar o que já disse acima, com perdão dos meus leitores, a quem não incluo no conjunto: você é terrivelmente atrasada, mentalmente quero dizer, e infelizmente vai continuar assim por não sei quanto tempo mais, e isso graças ao fanatismo religioso, aos intolerantes e, também, claro, aos idiotas, pois sempre os há.

Eu tinha prometido não usar mais a expressão "idiota" para falar de alguém, mas neste caso retomo meu vício habitual: sim, o pastor da Flórida que ameaçou queimar um ou mais exemplares do Alcorão -- ou Corão, como quiserem, sem a partícula --, o livro sagrado dos muçulmanos, é um completo idiota, talvez ao quadrado. Pronto, ele já teve seus momentos de glória e até obrigou o presidente dos EUA a se pronunciar sobre o assunto.
Vamos adiante.

O que me surpreende tanto não é que a imprensa faça disso um momento de exploração da atenção popular. Sobretudo nos EUA, ela vive disso: qualquer idiota que comete um gesto insano -- e naquele país com livre disposição de armas isso é muito fácil -- recebe atenção praticamente universal, imediata, on live, com todos os clarins aplicados ao caso.

Não, o que me surpreende é que multidões fanáticas, certamente incitadas por líderes religiosos ou políticos irresponsáveis, venham imediatamente à tona do noticiário para prometer sabe-se lá que tipo de retaliação contra essa queima anunciada de um livro de papel.

Eu compreendo o papel difícil do presidente americano: ele quer preservar vidas americanas, pois sabe muito bem que, imediatamente após o gesto do pastor idiota, outras multidões idiotas e alguns militantes fanatizados, vão sair por aí queimando bandeiras, prédios e sobretudo matando americanos, quaisquer que sejam ele, onde quer que estejam. Infelizmente é isso que ocorre nesses casos.
O pastor idiota seria responsável pela morte inútil e estúpida de americanos inocentes e por perdas materiais enormes, além de todo o besteirol que isso cria em torno do caso. Mesmo que ele não venha a cometer seu gesto idiota, o mal já está feito, pois ele acaba de estimular fanáticos do outro lado a continuar atacando os americanos e a religião cristã de forma geral.

Por outro lado, eu gostaria que o mundo fosse mais avançado do que ele é: ou seja, que um idiota que quisesse ser iconoclasta, desrespeitador de religiões, ateu militante ou apóstata verbal -- isto é, sem cometer nenhum gesto violento contra pessoas ou propriedades -- pudesse sê-lo sem constrangimentos, em total liberdade, como aliás ocorre em grande medida nos Estados Unidos, certamente o país mais livre do mundo.
Infelizmente, o mundo não é tão avançado quanto eu e muitos gostaríamos: existem muitas pessoas, milhões, talvez bilhões, que tomam suas religiões por verdades absolutas, e que fazem disso uma profissão de fé tão ativa que revelam a intolerância com outras crenças e religiões.

Todo fanatismo, toda intolerância, todo exclusivismo são, no limite, irracionais, em geral idiotas, podendo até ser perigosos e fontes de conflito.

Infelizmente, isso vai demorar para terminar...

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Addendum em 11.09.2010:
Não sou o único a chamar esse pastor maluco da Florida de idiota:

Pastor idiota desiste de show idiota
Michael C. Moynihan
Ordem Livre - 10 de Setembro de 2010

Michael C. Moynihan é formado em história pela University of Massachusetts e trabalha como editor da Reason Magazine.

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Minha campanha contra a idiotice nacional - Limitacao das propriedades rurais

Este blog já foi acusado de várias coisas, sendo que duas delas são:

1) Chamar os outros, de cujas opiniões discordo, de idiotas;
2) De desrespeitar os pontos de vista alheios, dos quais também discordo.


Já me redimi pela primeira atitude, pois de fato eu estava errando o alvo: não são as pessoas que são idiotas (embora algumas também possam sê-lo, mas isso eu não posso saber, à distância), mas as ideias que elas defendem é que podem ser idiotas. Desculpo-me pela grosseria e prometo só chamar de idiota aquele que for comprovadamente idiota; os demais são apenas equivocados, embora possam defender ideias idiotas, também, que serão devidamente denunciadas aqui, um blog que se destina precipuamente à discussão de ideias, justamente.

Quanto à segunda atitude, objeto de pelo menos dois comentários, devidamente postados em um dos muitos posts em que discuto ideias idiotas, meu contra-argumento é o seguinte: meu blog, como indicado no "en-tête", se destina precisamente, e como amplamente esclarecido, a discutir ideias. Tenho, portanto, pleno direito de não respeitar "pontos de vista" que encontro equivocados ou até nefastos, no plano das políticas ou dos comportamentos.
Um outro correspondente já sugeriu o contra-argumento, e eu o retomo de modo bem mais explícito.

Não há porque "respeitar" pontos de vista que são manifestamente nocivos do ponto de vista do bem estar social.
Imaginem se os estadistas dos países aliados, em plena Segunda Guerra Mundial, dissessem ao Fuhrer:
-- Herr Hitler, nós não concordamos com a sua política de genocídio contra a população judia, mas respeitamos inteiramente o seu ponto de vista, e portanto vamos nos abster de condenar sua política, ou de denunciá-la como um crime contra a humanidade.

Sei que o meu intelocutor que mencionou essa questão do "respeito pela opinião alheia" não estava pensando nessa situação extrema, mas mesmo nas menos extremas não se pode tolerar ideias simplesmente nefastas.
Todos tem direito a seus pontos de vista, mas se eles os expressam publicamente, é porque assumem responsabilidade pelo que pensam e dizem -- exatamente o que faço aqui -- e portanto devem se submeter à crítica alheia.
Sei perfeitamente que minhas ideias são controversas e muitos devem se sentir chocados, e outros podem até me detestar pessoalmente, provavelmente em função de minhas ideias, justamente. Todos eles são livres de expressar aqui o seu desacordo, e eu vou publicar comentários contrários, desde que dirigidos ao assunto em questão, com contra-argumentos que traduzam ideias, quaisquer que sejam elas (menos aquelas manifestamente racistas ou ofensivas a determinadas crenças).

Pois bem, essa longa introdução para dizer que acabo de receber mais uma dessas propostas que reputo perfeitamente idiotas, mas que recebem ampla aceitação na sociedade. Como também já devo ter dito, não me preocupam as unanimidades: o mesmo Hitler e seu colega Mussolini dispunham de sólidas unanimidades em suas "gestões" e nem por isso podiam deixar de ser considerados o que eram de fato: crápulas criminosos, militaristas degenerados, fascistas doentios.

O que motivou este post sobre a idiotice nacional foi mais um desses plebiscitos que se destinam a impulsionar alguma "causa nacional". Lembro-me de dois precedentes: o plebiscito sobre a dívida externa, em 2001 (que recolheu mais de 97% a favor da suspensão do seu pagamento) e o de 2002 sobre a Alca, que também recolheu "maiorias norte-coreanas" de 99% contra esse projeto americano de zona de livre comércio hemisférico.
Não vou retomar aqui o que já escrevi na época a respeito de cada um deles, apenas mencionar o caráter vicioso das perguntas, induzindo automaticamente ao resultado esperado, numa das mais estupendas demonstrações de má-fé e de desonestidade intelectual de seus promotores.

Os mesmos personagens estão agora atrás deste novo plebiscito, que transcrevo abaixo.
Pelo que verifiquei no site (aqui), ele já recolheu 77% de votos a favor (uau!; estamos longe da unanimidade...), mas promete ser amplamente aceito pela sociedade.
Nem por isso vou deixar de caracterizar a proposta como especialmente idiota, embora cumpro o prometido de não chamar mais ninguém de idiota.
Vou simplesmente transcrever a nova idiotice, sem nenhum comentário, esperando talvez que algum leitor comente o que desejar a respeito.
Se for o caso, voltarei um dia para dizer por que encontro a ideia idiota e como ela pode ser nefasta do ponto de vista das políticas públicas no Brasil.
Não tenho nenhuma dúvida de que essa ideia seria implementada, caso se consiga uma maioria no parlamento a seu favor, o que não acredito que se consiga desde já. Mas do jeito que caminha o Brasil, não se pode excluir nada...
Paulo Roberto de Almeida

Plebiscito pelo limite de terra continua até o próximo dia 12
08/09/2010 11:20

Maioria dos estados brasileiros decidiu prorrogar o Plebiscito Popular pelo Limite da Propriedade de Terra até o próximo final de semana; divulgação do resultado será feita nos dias 18 e 19 de outubro

Diga sim! Coloque limites em quem não tem!
por Assessoria de Comunicação FNRA

A decisão foi tomada devido à grande procura da população para participar do Plebiscito Popular pelo Limite da Propriedade de Terra, que começou em todo Brasil na última quarta-feira, dia 1º de setembro.

Com o feriado prolongado de 7 de setembro, várias escolas e universidades que estão com comitês formados para a votação vão continuar com o plebiscito popular. Além disso, paróquias também vão realizar grandes manifestações no fim de semana para chamar suas comunidades a aderirem à Campanha Nacional pelo Limite da Propriedade de Terra.

Os estados confirmados para a prorrogação são: Minas Gerais, São Paulo, Espírito Santo, Mato Grosso, Tocantins, Amazonas, Pará, Bahia, Paraíba, Ceará, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Paraná e Rio Grande do Sul. O estado do Rio de Janeiro continua com a votação até a próxima sexta-feira, dia 10.

O abaixo-assinado, que circulou junto com a votação, continua em todo país até o final deste ano. O objetivo desta coleta de assinaturas é entrar com um Projeto de Emenda Constitucional (PEC) no Congresso Nacional para que seja inserido um novo inciso no artigo 186 da Constituição Federal que se refere ao cumprimento da função social da propriedade rural.

Já o plebiscito popular, além de consultar a população sobre a necessidade de se estabelecer um limite máximo à propriedade da terra, tem a tarefa de ser, fundamentalmente, um importante processo pedagógico de formação e conscientização do povo brasileiro sobre a realidade agrária do nosso país e de debater sobre qual projeto defendemos para o povo brasileiro. Além disso, o Plebiscito Popular pelo Limite da Propriedade de Terra veio como um instrumento para pautar a sociedade brasileira sobre a importância e a urgência de se realizar uma reforma agrária justa em nosso país.

Além das 54 entidades que compõem o Fórum Nacional pela Reforma Agrária e Justiça no Campo, também promovem o Plebiscito Popular pelo Limite da Propriedade da Terra, a Assembléia Popular (AP) e o Grito dos Excluídos. O ato ainda conta com o apoio oficial das Pastorais Sociais da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e do Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil (Conic).