O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

Mostrando postagens com marcador moedas digitais. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador moedas digitais. Mostrar todas as postagens

segunda-feira, 13 de março de 2023

Uma moeda digital para o Brics? Não custa sonhar... - André Liohn (Medium)

 Você confiaria numa moeda emitida por este quinteto? E se fosse com o Lula no meio deles? Mesmo sendo digital?

O dinheiro é a mensagem

Em 1964, três anos depois que o mundo foi dividido pelo Muro de Berlim, o filósofo canadense Marshall McLuhan afirmou que “o meio é a mensagem”.

Isso significa que o meio pelo qual recebemos informações ou nos comunicamos é tão importante quanto o conteúdo dessa comunicação. McLuhan argumentou que as mudanças na mídia têm impactos profundos na sociedade e na cultura.

A teoria de McLuhan é particularmente relevante no contexto do CBDC (Moeda Digital do Banco Central).

CBDC tem sido uma palavra da moda no mundo financeiro nos últimos anos. Quem nunca ouviu falar, até o considera uma teoria conspiratória. Apesar de sua crescente popularidade entre políticos e chefes de bancos centrais, muitos ainda precisam aprender o que é e como funciona o CBDC.

O CBDC não é uma teoria conspiratória, e não é apenas uma palavra da moda. A tecnologia por trás do CBDC está em desenvolvimento há vários anos, e bancos centrais de todo o mundo continuam explorando seu potencial. De fato, mais de 80% dos bancos centrais do mundo estão explorando os possíveis usos de CBDCs, e cerca de 14% deles lançaram projetos-piloto. Muitos países estão explorando essa tecnologia como uma opção potencial para seus sistemas financeiros. O número exato de países que trabalham ativamente em CBDCs ainda está sendo determinado, já que está em constante evolução. Ainda assim, é seguro dizer que vários países já começaram a pesquisar e implementar CBDCs, incluindo China, Brasil, Canadá, Reino Unido, Noruega, Suécia, Rússia, União Europeia e Estados Unidos.

A tecnologia revolucionária muitas vezes é apresentada como uma maneira nova e simples de transferir dinheiro ou fazer pagamentos. Mas é muito mais do que isso.

É um meio fundamentalmente diferente de troca de valor.

As moedas tradicionais existem como objetos físicos, como moedas e notas de papel, ou como entradas digitais em contas bancárias. O CBDC, por outro lado, é totalmente digital e pode ser transferido diretamente entre indivíduos sem precisar de um intermediário.

Uma moeda digital do banco central (CBDC) criptográfica é uma moeda digital baseada em tecnologia de registro distribuído (DLT), como blockchain. Em contraste com as moedas fiat tradicionais, que são emitidas e garantidas pelos bancos centrais e gerenciadas pelos bancos comerciais, um CBDC criptográfico é emitido e gerenciado diretamente pelo banco central usando DLT.

CBDCs e criptomoedas, como o Bitcoin, são dois tipos de moedas digitais que muitas vezes são confundidos um com o outro. Embora ambos se baseiem na tecnologia digital blockchain, eles têm finalidades diferentes. Uma das principais diferenças entre CBDCs e criptomoedas é o uso pretendido. CBDCs são destinados a serem usados em transações diárias, como comprar mantimentos ou pagar contas, enquanto as criptomoedas são usadas principalmente para investimentos ou como reserva de valor.

Antes da decisão de abandonar o padrão-ouro, muitas moedas em todo o mundo estavam vinculadas ao ouro. Isso significava que cada unidade monetária era apoiada por uma quantidade fixa de ouro e poderia ser trocada por essa quantidade a qualquer momento. O valor da moeda estava, portanto, diretamente relacionado ao valor do ouro.

Após a Segunda Guerra Mundial, os países começaram a se afastar do chamado “padrão-ouro” e adotaram um sistema de moeda fiduciária.

Sob esse sistema, o valor da moeda não está ligado a nenhum ativo tangível, mas é baseado na total confiança e crédito do governo que a emite.

As moedas de hoje, incluindo o dólar americano e o euro, são exemplos de moedas fiduciárias. Elas não estão diretamente ligadas a nenhum ativo tangível ou intangível, mas dependem da promessa do governo de honrá-las como meio de troca e aceitá-las como pagamento de impostos.

No caso dos CBDCs, eles podem ser projetados para ter seu valor diretamente ligado a ativos tangíveis e intangíveis. Isso significa que o valor do CBDC seria baseado em um ou vários ativos subjacentes, em vez da promessa do governo de honrá-lo.

Por exemplo, o valor de um CBDC pode estar ligado ao valor de outra moeda, ouro ou outros metais preciosos, proporcionando estabilidade e valor à moeda. Da mesma forma, um CBDC poderia estar ligado a outros ativos tangíveis, como imóveis, commodities ou outras formas de propriedade.

Os ativos intangíveis, como propriedade intelectual, identidades digitais e reputação, tradicionalmente foram difíceis de avaliar e negociar. No entanto, com o surgimento da tecnologia blockchain e contratos inteligentes, agora é possível criar um sistema no qual o valor do CBDC está ligado a ativos intangíveis específicos.

Contratos inteligentes são contratos autoexecutáveis em que os termos do acordo entre comprador e vendedor são diretamente escritos em código. Essa tecnologia inovadora abre novas possibilidades para a indústria financeira, incluindo o uso de contratos inteligentes para vincular o valor de CBDC a ativos intangíveis como propriedade intelectual, dados ou outros ativos digitais, incluindo fatores ambientais como a “saúde” da floresta amazônica. Isso é conhecido como “CBDC verde” ou “CBDC baseado na natureza”.

Créditos de carbono representam uma redução nas emissões de gases de efeito estufa e são frequentemente usados como uma forma de incentivar empresas e países a reduzir sua “pegada” de carbono. Por exemplo, o Brasil e outros países tropicais que tentam financiar a preservação de suas florestas poderiam criar uma reserva de créditos de carbono vinculada à proteção de suas florestas tropicais. Ao vincular sua CBDC a uma reserva de créditos de carbono, o Brasil poderia criar um incentivo financeiro para preservar a floresta.

O Padrão ouro

A decisão de abandonar o padrão-ouro mudou significativamente a maneira como as moedas eram vinculadas a ativos. Embora tenha permitido uma maior flexibilidade e independência na política monetária, também introduziu o risco de inflação e desvalorização da moeda. CBDCs vinculados a ativos tangíveis e intangíveis podem fornecer um nível de estabilidade e valor à moeda, ao mesmo tempo que permitem flexibilidade na política monetária.

Essa mudança para um novo meio de troca tem o potencial de transformar fundamentalmente a maneira como pensamos sobre dinheiro e economia.

McLuhan argumentou que as novas mídias perturbam as estruturas de poder estabelecidas e criam padrões sociais e culturais. O mesmo princípio pode ser verdadeiro para CBDC. À medida que a CBDC se torna mais amplamente adotada, pode desafiar o poder de bancos tradicionais e instituições financeiras, que atualmente têm um controle significativo sobre o sistema financeiro global.

Além disso, a natureza da CBDC pode mudar a maneira como pensamos e usamos o dinheiro. A CBDC poderia potencialmente permitir transações mais diretas e imediatas, contornando a necessidade de intermediários como bancos e processadores de pagamento. Isso poderia levar a um sistema financeiro descentralizado e democrático, com indivíduos e comunidades tendo mais controle sobre suas próprias finanças.

No entanto, a CBDC também levanta preocupações significativas em torno da privacidade e da vigilância. Com a CBDC, as autoridades centrais podem rastrear e monitorar cada transação. Isso pode ter importantes implicações para a privacidade individual e potencialmente levar à erosão das liberdades civis.

O papel da China

A China tem sido um dos países mais ativos no desenvolvimento de uma CBDC, conhecida como Yuan Digital. O governo chinês tem enquadrado o Yuan Digital como uma forma de aumentar a inclusão financeira e promover a estabilidade econômica. No entanto, alguns observadores levantaram preocupações de que o Yuan Digital possa ser usado para expandir as capacidades de vigilância da China e reforçar o Sistema de Crédito Social do governo. Uma maneira pela qual a China usa a CBDC para financiar seu SCS é aproveitando sua capacidade de monitorar e rastrear transações financeiras. Com a CBDC, o Banco Popular da China (PBOC) teria visibilidade em tempo real de todas as transações de moeda digital. Isso permite ao PBOC identificar indivíduos e organizações que não estão cumprindo o SCS e reter ou congelar suas contas de CBDC. O PBOC também incentiva indivíduos e organizações a melhorar suas pontuações de SCS, fornecendo juros ou recompensas por manter uma pontuação alta.

O Bank Policy Institute (BPI), que faz lobby em nome dos maiores bancos dos EUA, argumentou que nem o Federal Reserve nem o Tesouro dos EUA têm a autoridade constitucional para emitir uma moeda digital.

O BPI argumentou que a Constituição dos EUA não concede explicitamente ao governo federal a autoridade para emitir uma moeda digital. Embora a Constituição conceda ao Congresso o poder de “cunhar dinheiro” e regular seu valor, o BPI argumentou que esse poder pode não se estender a moedas digitais, pois elas não existiam quando a Constituição foi escrita.

O Banco de Compensações Internacionais (BIS), fundado com os Acordos de Haia, assinados pelos bancos centrais da Alemanha, Bélgica, França, Itália, Japão, Reino Unido e Estados Unidos após a Primeira Guerra Mundial para servir como um banco para os bancos centrais e facilitar a cooperação monetária e financeira internacional, tem monitorado de perto o desenvolvimento de sistemas de CBDC transfronteiriços e oferecido insights sobre os benefícios e desafios potenciais de tal sistema.

De acordo com o BIS, um sistema de CBDC transfronteiriço pode oferecer benefícios significativos, como a redução do custo e do tempo das transações transfronteiriças, a melhoria da inclusão financeira e o aprimoramento da eficiência e resiliência do sistema financeiro global. As CBDCs também podem ajudar a mitigar os riscos associados ao uso de sistemas de pagamento tradicionais, como riscos de liquidação e de contraparte.

No entanto, o BIS também destaca vários desafios que devem ser abordados no desenvolvimento de um sistema de CBDC transfronteiriço. O BIS observa que um sistema de CBDC transfronteiriço pode ter implicações significativas para a política monetária, a estabilidade financeira e o sistema monetário internacional.

Um sistema de CBDC transfronteiriço pode potencialmente ameaçar a dominância do dólar americano na economia global. Desde o fim da Segunda Guerra Mundial, o dólar tem sido a principal moeda de reserva do mundo, com outros países mantendo grandes quantidades de dólares para facilitar o comércio e o investimento internacional. No entanto, um sistema de CBDC pode oferecer uma alternativa ao dólar, enfraquecendo potencialmente sua posição. Uma das maneiras pelas quais um sistema de CBDC pode ameaçar o dólar é reduzindo a necessidade de dólares em transações transfronteiriças. Atualmente, a maioria das transações comerciais e financeiras internacionais é liquidada em dólares, exigindo que os participantes mantenham quantidades significativas de dólares para facilitar as transações. No entanto, um sistema de CBDC poderia permitir transações transfronteiriças mais eficientes e seguras, reduzindo a necessidade de dólares como meio de troca.

Um sistema de CBDC poderia oferecer uma nova reserva de valor e um “ativo porto seguro”, desafiando o papel do dólar como a principal moeda de reserva do mundo. À medida que mais países adotam CBDCs, eles podem deslocar suas reservas do dólar para CBDCs, levando a uma queda na demanda por dólares.

O papel do BRICS

Os países BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) há muito tempo procuram diminuir sua dependência do dólar americano no comércio e finanças internacionais. Uma possível maneira de fazê-lo é por meio do uso de CBDCs. Ao desenvolver e utilizar um sistema de CBDC transfronteiriço, os países BRICS poderiam reduzir a dependência do dólar americano como moeda dominante para transações internacionais.

THE NEW INTERNATIONAL PAYMENT SYSTEM IN «BRICS PLUS» FORMAT & ITS «BRICS PAY» RETAIL SEGMENT

Desde 2020, os cinco países discutem a possibilidade de criar um sistema de pagamento transfronteiriço usando uma moeda digital. A ideia é que um CBDC dos BRICS facilite o comércio e o investimento entre os países, reduzindo a necessidade de transações serem conduzidas em dólares americanos.

O governo brasileiro agora mais uma vez liderado Luís Inácio Lula da Silva, um dos idealizadores do BRICS, expressou seu desejo de garantir que a presidência do Banco BRICS na China seja comandada por alguém muito próximo a ele e está fazendo lobby para que a ex-presidente Dilma Rousseff, assuma a posição. O movimento é visto como uma grande tentativa do Brasil de afirmar sua influência no grupo BRICS e além. Se Dilma assumir o cargo, o Brasil estará bem-posicionado para assumir um papel de liderança no sistema CBDC do BRICS.

A Russia

Em 17 de fevereiro de 2023, o Banco Central da Rússia anunciou planos para lançar uma versão digital de sua moeda nacional, o rublo, atrelada ao ouro em abril de 2023. Esse novo CBDC deverá ser chamado de “Ruble Digital” e funcionará ao lado do rublo físico existente.

O programa de CBDC russo tem atraído atenção de todo o mundo, com alguns analistas especulando que ele poderia fazer parte de uma estratégia maior da Rússia de desvincular sua economia permanentemente do Ocidente. Semanas depois que a Rússia invadiu a Ucrânia em fevereiro de 2022, o ex-primeiro-ministro britânico Gordon Brown mencionou em uma entrevista à CNN que via o futuro como um mundo e dois sistemas. Se ele estiver certo, a Rússia poderia estar abrindo o caminho para outras economias se desvincularem do sistema financeiro do Ocidente.

A ligação ao ouro é também uma característica notável do programa russo de CBDC. Embora a maioria das CBDCs não seja respaldada por nenhum ativo físico, o rublo digital russo estará vinculado às reservas de ouro, o que poderia torná-lo um meio de troca mais estável e confiável. Isso pode ser particularmente atraente para investidores e países em busca de um ativo de refúgio seguro.

O lançamento do rublo digital russo também pode ter implicações significativas para o sistema financeiro global. Se a CBDC russa for bem-sucedida e ganhar ampla adoção, poderá desafiar a dominância do dólar americano como a moeda de reserva mundial. Isso pode levar a uma mudança no poder econômico global e aumentar ainda mais as tensões entre o Ocidente e a Rússia.

Simples como o interruptor que acende e apaga luzes

Bem, vivemos em um mundo onde pagar um café usando um telefone celular como meio de transferência de fundos em CBDC já é uma realidade, onde pagar por um café ou qualquer outra transação é tão fácil quanto ligar um interruptor! O PIX foi recebido como uma bênção! Acabaram-se os dias de se preocupar em levar dinheiro ou esquecer sua carteira. Com o Pix, tudo o que você precisa é do seu telefone celular e do aplicativo, e está pronto para ir! A simplicidade do processo é semelhante a acender as luzes em nossas casas — é fácil e intuitivo.

O Muro de Berlim é um lembrete sombrio de um mundo dividido, onde um sistema prevaleceu sobre o outro. Foi um pedágio erguido para evitar a guerra, mas tornou-se o símbolo do aprofundamento do fosso entre o Oriente e o Ocidente. Hoje, ao nos aproximarmos de um futuro mais digital, devemos considerar o impacto potencial de novas mídias como as CBDCs. A teoria da mídia de Marshall McLuhan nos alerta que o meio molda e controla a escala e a forma de associação e ação humana. As CBDCs têm o potencial de transformar a maneira como pensamos sobre dinheiro, perturbar estruturas de poder estabelecidas e levantar preocupações significativas sobre privacidade e vigilância. É essencial que projetemos e implementemos as CBDCs de uma maneira justa e equitativa para evitar uma maior divisão e garantir que nos movamos em direção a um mundo, em vez de dois sistemas.


quinta-feira, 29 de julho de 2021

O globalismo dos tecnocratas que não é o globalismo dos imbecis: reflexões sobre matéria do FMI - Paulo Roberto de Almeida

Tecnocratas internacionais são acusados pelos malucos paranóicos das teorias conspiratórias do antiglobalismo de serem os principais agentes – "burocratas internacionais não eleitos pelo povo", dizia o Robespirralho, o aspone diminuído do inepto presidente que temos –, junto com milionários de esquerda como o George Soros, mais a "esquerdalha mundial", de um suposto projeto mundial para retirar soberania aos Estados nacionais. Esse é o globalismo dos imbecis, aqueles que pretendem matar as instituições multilaterais e deixar o poder com os Estados nacionais, ou seja, com as super potências. 

Reproduzo abaixo um artigo no blog do FMI sobre moedas digitais, que vai justamente no sentido contrário ao pretendido pelos antiglobalistas, mas também ajuda a entender a distinção que eu sempre faço entre globalização micro (a verdadeira) e a globalização macro (que é, na verdade, uma antiglobalização).

A globalização micro é essa feita por indivíduos e empresas que trabalham de forma livre e quase desimpedida, criando produtos e serviços, e depois os lançam nos mercados mundiais, para uso e usufruto de quem queira se servir de inovações, entre elas as moedas digitais, por exemplo, que ESCAPAM do controle dos governos. Temendo a perda de senhoriagem, os Estados nacionais – EUA, China, etc. – querem criar os seus próprios bitcoins e continuar com o monopólio das moedas oficiais, as únicas com poder liberatório e de circulação.

A globalização macro é essa feita pelos Estados e organismos internacionais, que sempre tentam CONTROLAR a livre expressão de indivíduos e empresas que fazem concorrência ao monopólio estatal com produtos e serviços que não DEVEM NADA aos governos, e isso é insuportável aos olhos de burocratas nacionais e internacionais. A globalização macro tenta REGULAR as transações, de qualquer tipos, e cobrar impostos em cima desses fluxos livres que se estabelecem entre indivíduos e empresas, POR CIMA das fronteiras. 

Os imbecis do antiglobalismo não percebem que os burocratas internacionais atuam justamente com o mesmo objetivo dos Estados nacionais: controlar atividades, fluxos, pagamentos, inovação, o que me parece impossível, mas eles atrapalham um pouco o que é feito na globalização micro, que é o mesmo que LIBERDADE!

Sou pela liberdade, e portanto sou pelo globalização, pelo globalismo, pela TOTAL ausência de controles estatais, que não sejam aqueles que se destinam a garantir, a segurança, a saúde, a vida, a propriedade e a LIBERDADE dos indivíduos, que para mim sempre passam ANTES dos Estados. Por isso, não sou patriota, não sou nacionalista, não sou estatizante; apenas reconheço que Estados existem e vão continuar existindo enquanto o mundo for desigual, assimétrico e violento. Vai demorar para que a realidade mude no mundo, afinal de contas só temos pouco mais de 10 mil anos de civilização, ou seja, vida organizada em comunidades pacíficas. Mas existem ainda violência dispersa no mundo, não apenas derivada das assimetrias econômicas, mas também de instintos primitivos e até nobres: poder, ódio, amor, desejos, interesses e paixões. 

Sendo o mundo como é, os Estados estão aí para garantir um pouco de segurança entre os indivíduos e no interior das jurisdições estatais, que é a forma que temos, nos últimos 4 ou 5 mil anos, para a constituição e manutenção de comunidades estáveis, com todas as diferenças que ainda existem entre "tribos" humanas. Em alguns milhares de anos, quando toda a humanidade estiver totalmente mesclada, misturada e supostamente unida, tudo isso pode mudar, mas por enquanto é isso.

Por isso, sou globalófilo e universal: desejo a mistura mais ampla possível entre povos e nações, e isso só pode ser alcançado pela globalização micro, aquela que se desenvolve naturalmente, e mais rapidamente, saída do espírito empreendedor de indivíduos e empresas, não a macro, regulada por burocratas estatais e internacionais, que só atrasa a primeira.

Paulo Roberto de Almeida 

Brasília, 29/07/2021


Making The Digital Money Revolution Work for All

By Tobias Adrian and Tommaso Mancini-Griffoli

IMF blog: July 29, 2021

History moves in uneven steps. Just as the telegraph erased time and distance in the 19th century, today’s innovations in digital money may bring significant changes in the way we lead our lives. The shift to electronic payments and social interactions brought on by the pandemic may cause similarly rapid and widespread transformations.

But we must look beyond the dazzle of technology and the alluring image of futuristic payment services. At the IMF, we must identify and help countries solve the deeper policy tradeoffs and challenges that are arising.

The rapid pace of change is a call to action—for countries to guide, and not be guided by, today’s transformations. It is also important for the IMF to engage early with countries, and usher in reforms that will contribute to the stability of the international monetary system, and foster solutions that work for all countries. There is a window of opportunity to maintain control over monetary and financial conditions, and to enhance market integration, financial inclusion, economic efficiency, productivity, and financial integrity. But there are also risks of stepping back on each of these fronts. We must enact the right policies today to reap the gains tomorrow.

We emphasize this in two papers published today, one on the new policy challenges, and one on an operational strategy for the Fund to engage with countries on the digital money revolution.

Digital money developing rapidly

Digital forms of money are diverse and evolving swiftly. They include publicly issued central bank digital currencies (CBDC)—think of these as digital cash, though not necessarily offering the same anonymity to avoid illicit transfers. Private initiatives are also proliferating, such as eMoney (like Kenya’s mobile money transfer service MPesa) and stablecoins (digital tokens backed by external assets, like USD-coin and the proposed Diem). These are digital representations of value that can be transferred at the click of a button, in some cases across national borders, as simply as sending an email. The stability of these means of payment, when measured in national currencies, varies significantly. The least stable of the lot, which hardly qualify as money, are cryptoassets (such as Bitcoin) that are unbacked and subject to the whims of market forces.

These innovations are already a reality, and growing rapidly. According to IMF data, CBDCs are being closely analyzed, piloted, or likely to be issued in at least 110 countries. Examples range from the Bahamas’ Sand Dollar already in use, to the People’s Bank of China’s eCNY pilot project, to countries like the United States where the benefits and drawbacks of a digital dollar are still being studied. Stablecoins, still esoteric two years ago, tripled in value in the last six months (from $25 billion to $75 billion), while cryptoassets doubled (from $740 billion to $1.4 trillion). And adoption is global. eMoney accounts are not only growing much more rapidly in low- and middle-income countries than in the rich ones, but are now also more numerous. Africa, in particular, is leading the way.

Opportunities are immense. A local artisan can receive payments more cheaply, potentially from foreign customers, in an instant. A large financial conglomerate can settle asset purchases much more efficiently. Friends can split bills without carrying cash. People without bank accounts can save securely and build transaction histories to obtain micro-loans. Money can be programmed to serve only certain purposes, and be accessed seamlessly from financial and social media applications. Governments can tax and redistribute revenues more efficiently and transparently.

Policy implications—opportunities and challenges ahead

We may well reap these benefits, but we must be aware of risks, and—importantly—of the bigger policy implications and tradeoffs. The challenges to policymakers are stark, complex, and widespread.

The most far-reaching implications are to the stability of the international monetary system. Digital money must be designed, regulated, and provided so that governments maintain control over monetary policy to stabilize prices, and over capital flows to stabilize exchange rates. These policies require expert judgment and discretion and must be taken in the interest of the public. Payment systems must grow increasingly integrated among countries, not fragmented in regional blocs. And it is essential to avoid a digital divide between those who gain from digital money services and those left behind. Moreover, the stability and availability of cross-border payments can support international trade and investment.

There are also implications for domestic economic and financial stability. The public and private sectors should continue to work together to provide money to end-users, while ensuring stability and security without stifling innovation. Banks could come under pressure as specialized payment companies vie for customers and their deposits, but credit provision must be sustained even during the transition. And fair competition must be upheld—not an easy task given the large technology companies entering the world of payments. Moreover, governments should leverage digital money to facilitate the transfer of welfare benefits or the payment of taxes. Scope even exists to bolster financial inclusion by decreasing costs to access payment and savings services.

Finally, new forms of money must remain trustworthy. They must protect consumers’ wealth, be safe and anchored in sound legal frameworks, and avoid illicit transactions.

The challenges are significant, and so is the potential reward. But policy action must begin immediately. This is the time to establish a common vision for the future of the international monetary system, to strengthen international collaboration, and to enact policies and establish legal and regulatory frameworks that will drive innovation for the benefit of all countries while mitigating risks.

Choosing the right path now is critical. Regulation, market structure, product features, and the role of the public sector can quickly ossify around less desirable outcomes. Backtracking later can be very costly.

The IMF has a mandate to help ensure that widespread adoption of digital money fosters domestic economic and financial stability, and the stability of the international monetary system. We plan to engage regularly with country authorities to evaluate country-specific policies, provide capacity development to avoid a digital divide, and develop analytical foundations to identify policy options and tradeoffs.

To do so, the IMF must deepen its expertise, widen its skillset, ramp up resources, and leverage its near universal membership. Still, we cannot do this alone. The challenges are so complex and multifaceted, that collaborating closely with other stakeholders is necessary. The World Bank, the Bank for International Settlements along with its Innovation Hub, international working groups and standard-setting bodies, as well as national authorities, are all complementary partners, each with its specific mandate and skillset. By joining hands, we will help households and firms leverage the benefits and avoid the pitfalls of the digital money revolution.

Tobias Adrian is the Financial Counsellor and Director of the IMF’s Monetary and Capital Markets Department.

Tommaso Mancini-Griffoli is a Division Chief in the IMF's Monetary and Capital Markets Department.



quarta-feira, 23 de junho de 2021

Bancos Centrais querem continuar com o monopólio na emissão de moedas, desta vez as digitais - Relatório do BIS

 Trecho antecipado do relatório do BIS sobre as moedas digitais e a promessa de monopolização desse novo formato. O BC da China já se antecipou, com a proverbial truculência do país...

Paulo Roberto de Almeida

https://www.bis.org/publ/arpdf/ar2021e3.pdf


The BIS is releasing a chapter of its Annual Economic Report in advance:

III. CBDCs: an opportunity for the monetary system

Key takeaways
  • Central bank digital currencies (CBDCs) offer in digital form the unique advantages of central bank money: settlement finality, liquidity and integrity. They are an advanced representation of money for the digital economy.
  • Digital money should be designed with the public interest in mind. Like the latest generation of instant retail payment systems, retail CBDCs could ensure open payment platforms and a competitive level playing field that is conducive to innovation.
  • The ultimate benefits of adopting a new payment technology will depend on the competitive structure of the underlying payment system and data governance arrangements. The same technology that can encourage a virtuous circle of greater access, lower costs and better services might equally induce a vicious circle of data silos, market power and anti-competitive practices. CBDCs and open platforms are the most conducive to a virtuous circle.
  • CBDCs built on digital identification could improve cross-border payments, and limit the risks of currency substitution. Multi-CBDC arrangements could surmount the hurdles of sharing digital IDs across borders, but will require international cooperation.
    Read more...  

Press release

The full Annual Economic Report and the Annual Report will be released on 29 June.
 

domingo, 14 de março de 2021

Você apostaria o seu futuro numa criptomoeda? O inventor do BRIC não tomaria esse risco: Jim O'Neill (The Telegraph)

Eu não apostaria minha pouquíssima fortuna numa moeda digital, tão voláteis são esses ativos financeiros.

The Bitcoin Lottery

The sudden rise of "special purpose acquisitions companies" and cryptocurrencies speaks less to the virtues of these vehicles than to the excesses of the current bull market. In the long term, these assets will mostly fall into the same category as speculative "growth stocks" today.

Jim O’Neill

The Telegraph, Londres – 10.3.2021

 

 I was recently approached about setting up my own “special purpose acquisition company” (SPAC), which would allow me to secure financial commitments from investors on the expectation that I will eventually acquire some promising business that would prefer to avoid an initial public offering. In picturing myself in this new role, I mused that I could be doubly fashionable by also jumping into the burgeoning field of cryptocurrencies. There have been plenty of headlines about striking it big, quickly, so why not get in on the action?

Being a wizened participant in financial markets, I declined the invitation. The rising popularity of SPACs and cryptocurrencies seems to reflect not their own strengths but rather the excesses of the current moment, with its raging bull market in equities, ultra-low interest rates, and policy-driven rallies after a year of COVID-19 lockdowns.

To be sure, in some cases, pursuing the SPAC route to a healthy return probably makes a lot of sense. But the fact that so many of these entities are being created should raise concerns about looming risks in the surrounding markets.

As for the cryptocurrency phenomenon, I have tried to remain open-minded, but the economist in me struggles to make sense of it. I certainly understand the conventional complaints about the major fiat currencies. Throughout my career as a foreign-exchange analyst, I often found that it was much easier to dislike a given currency than it was to find one with obvious appeal.

I can still remember my thinking during the run-up to the introduction of the euro. Aggregating individual European economies under a shared currency would eliminate a key source of monetary-policy restraint – the much-feared German Bundesbank – and would introduce a new set of risks to the global currency market. This worry led me (briefly) to bet on gold. But by the time the euro was introduced in 1999, I had persuaded myself of its attractions and changed my view (which turned out to be a mistake for the first couple of years, but not in the long term).

Similarly, I have lost count of all the papers I have written and read on the supposed unsustainability of the US balance of payments and the impending decline of the dollar. True, these warnings (and similar portents about Japan’s long-running experiment in monetary-policy largesse) have yet to be borne out. But, given all this inductive evidence, I can see why there is so much excitement behind Bitcoin, the modern version of gold, and its many competitors. Particularly in developing and “emerging” economies, where one often cannot trust the central bank or invest in foreign currencies, the opportunity to stow one’s savings in a digital currency is obviously an inviting one.

By the same token, there has long been a case to be made for creating a new world currency – or upgrading the International Monetary Fund’s reserve asset, special drawing rights – to mitigate some of the excesses associated with the dollar, euro, yen, pound, or any other national currency. For its part, China has already introduced a central bank digital currency, in the hopes of laying the foundation for a new, more stable global monetary system.

But these innovations are fundamentally different from a cryptocurrency like Bitcoin. The standard economic textbook view is that for a currency to be credible, it must serve as a means of exchange, a store of value, and a unit of account. It is hard to see how a cryptocurrency could meet all three of these conditions all of the time. True, some cryptocurrencies have demonstrated an ability to perform some of these functions some of the time. But the price of Bitcoin, the canonical cryptocurrency, is so volatile that it is almost impossible to imagine it becoming a reliable store of value or means of exchange.

Moreover, underlying these three functions is the rather important role of monetary policy. Currency management is a key macroeconomic policymaking tool. Why should we surrender this function to some anonymous or amorphous force such as a decentralized ledger, especially one that caps the overall supply of currency, thus guaranteeing perpetual volatility?

At any rate, it will be interesting to see what happens to cryptocurrencies when central banks finally start raising interest rates after years of maintaining ultra-loose monetary policies. We have already seen that the price of Bitcoin tends to fall sharply during “risk-off” episodes, when markets suddenly move into safe assets. In this respect, it exhibits the same behavior as many “growth stocks” and other highly speculative bets.

In the interest of transparency, I did consider buying some Bitcoin a few years ago, when its price had collapsed from $18,000 to below $8,000 in the space of around two months. Friends of mine predicted that it would climb above $50,000 within two years – and so it has.

Ultimately, I decided against it, because I had already taken a lot of risk investing in early-stage companies that at least served some obvious purpose. But even if I had bet on Bitcoin, I would have understood that it was just a speculative punt, not a bet on the future of the monetary system.

Speculative bets do of course sometimes pay off, and I congratulate those who loaded up on Bitcoin early on. But I would offer them the same advice I would offer to a lottery winner: Don’t let your windfall go to your head. (Project Syndicate)

 

Jim O’Neill, a former chairman of Goldman Sachs Asset Management and a former UK treasury minister, is Chair of Chatham House.