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quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Ministerio da Pesca em Aguas Turvas (ou: criando piranhas no cerrado central)

Está certo que um governicho, como esse que aí está, escolha os piores elementos para serem ministros de qualquer coisa, para fazerem qualquer coisa, sobretudo atuando em causa própria, partidária e pessoalmente, menos para o bem do Brasil, claro (o que é isso, mesmo?).
Está certo que os companheiros no poder se aliem com qualquer cupincha disposto a vender meia dúzia de votos no Congresso pelo mais alto preço do mercado; eles pagam e acham que fizeram um bom negócio, para si mesmos e para o partido, menos para o bem do Brasil, claro (ainda tem algum sentido perguntar?).
Está certo que a alcatéia que circula em volta dos favos de mel esteja disposta a qualquer negócio, pois a alma não é pequena, quando a recompensa compensa, se é que vocês me entendem, tudo em causa própria, menos para o bem do Brasil (esse gajo me irrita com essas perguntas, não acham?).
Mas, como se diz, perguntar não ofende? 


Precisava ofender tanto assim a nossa inteligência?
Precisava zombar da nossa paciência?
Precisava tripudiar impunemente sobre nossas agruras?
Precisávamos de bandidos da teologia da prosperidade?
Paulo Roberto de Almeida 



Reinaldo Azevedo, 29/02/2012

Hora de entender a notícia, que hora tão feliz! Esses posts sempre acabam demorando um tantinho porque requerem pesquisa no arquivo do próprio blog etc. Mas acho que vale a pena. A memória e a história são duas das coisas que nos distinguem dos bichos.
O governo anunciou que o senador Marcelo Crivella (PRB-RJ), bispo da Igreja Universal e sobrinho de Edir Macedo, que é dono da igreja e da Rede Record, é o novo ministro da Pesca. Faz sentido: é cantor gospel e já fez um curso de engenharia. É tão habilitado para cuidar da pasta quanto Ideli Salvatti e Luiz Sérgio, os dois que o antecederam.
O Ministério da Pesca poderia ser considerado um símbolo da eficiência petista. Segundo o IBGE, quando a pasta foi criada, em 2003, o superávit do setor pesqueiro era de US$ 222.804.451. No ano seguinte, esse saldo positivo já havia caído para US$ 175.330.847. Depois foi para US$ 103.576.102… Em 2006, começou o déficit, que foi crescendo, até chegar ao resultado negativo de US$ 757.169.796 em 2010. Viram? O PT não brinca em serviço. Se quiserem detalhes sobre essa involução, cliquem aqui.  Se vocês lerem o texto a que remete o link, verão que o crescimento da pesca extrativa foi ridículo e que houve QUEDA na produção de organismos marinhos cultivados. Ministério pra quê? Ora, para abrigar aliados. NOTA À MARGEM: o Ministério da Pesca é aquele onde a então ministra Dilma Rousseff empregou a mulher do terrorista Olivério Medina — e em Brasília! Agora que as Farc decidiram pôr um fim a seqüestro de civis (ao menos prometem), o jeito é seqüestrar tubarão no Lago Paranoá.


quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Pequeno conselho aos governantes... (gratuito, alem do mais)

Existe, eu sei, muita gente sabe, uma coleção de "conselhos aos governantes": a edição eu eu tenho, feita pelo Senado Federal -- um dos poderes da República, ao que parece, embora de vez em quando não parece muito não -- tem pelo menos 700 páginas, e começa lá na Grécia antiga, com alguma arenga aos atenienses, passa por Maquiavel e pelo menos dois "anti-Maquiavel", e chega até esses assessores modernos de governança e democracia.
Enfim, não estou imaginando nada, absolutamente nada, à intenção dos nossos sábios governantes, que por certo não são idiotas -- pelo menos não todos, talvez só um ou outro -- e que devem ter brilhantes assessores, dezenas de aspones, vários conselheiros de matérias diversas, além de secretárias, chefes de gabinete, assistentes de gabinete, guardiões de gabinete, contínuos, porteiros, correios, enfim, toda sorte de dedicados funcionários concentrados única e exclusivamente no objetivo maior: fazer com que o chefe não cometa bobagens, afastá-lo de armadilhas, evitar os tropeços, as situações incômodas, as denúncias da imprensa e, sobretudo, a obrigação de se desdizer, de desfazer um ato, de demitir um assessor de confiança, de ser enganado por alguém, em resumo, de ser tomado por alguma surpresa, especialmente as desagradáveis.


Eu, por exemplo, não compreendo como um chefe cercado de tanta gente competente seja capaz de cometer várias bobagens seguidamente.
Para ilustrar meu argumento, vejamos aqui uma manchete ao acaso, que acabo de "pescar" nas notícias da noite:

A dança das cadeiras nos ministérios

Então eu me pergunto: será que esses brilhantes assessores não poderia pedir aos arapongas que também existem -- e estão subutilizados, ao que parece -- que façam uma pequena enquete sobre candidatos e pretendentes, para evitar essas vergonhas que ocorrem frequentemente, a imprensa assediando o chefe, este recusando acreditar nas acusações para ter, finalmente, de se desfazer do incômodo auxiliar (sem falar de eventuais processos judiciais e uma hipotética condenação, o que também pode ocorrer, em algum país normal).
Que diabos fazem esses arapongas no desemprego parcial ou subutilizados?
Ou vamos continuar na mesma dança das cadeiras referida na matéria do jornal?
Paulo Roberto de Almeida 

 

sábado, 28 de janeiro de 2012

(In)Feliz Aniversario: sempre se deve lembrar dos mais significativos...

Mas tem gente que preferiria esquecer, esse por exemplo.
Aliás, sua ex-mulher, hoje ministra do Planejamento e Orçamento, nunca, repito NUNCA, se movimentou para elucidar um dos mais escabrosos casos da política mafiosa no Brasil.
Curioso não é mesmo?
O que têm a dizer os companheiros sobre isso?
Paulo Roberto de Almeida 



CRIME COMUM?

Celso Daniel: dez anos, oito mortos, nenhuma solução

Irmão do ex-prefeito de Santo André acusa Gilberto Carvalho de levar propina de Santo André para José Dirceu usar na campanha de Lula em 2002. Por Hugo Souza

Opinião e Notícia, 20/01/2012
Nesta sexta-feira, 20, completam-se dez anos da morte de Celso Daniel, o ex-prefeito petista da cidade de Santo André, no ABC paulista, sequestrado e assassinado em janeiro de 2002. Seu corpo foi encontrado em uma estrada de terra no município paulista de Juquitiba alvejado por oito tiros.
Uma década depois, após dois mandatos presidenciais de Lula e um ano de governo Dilma, ou seja, após nove anos de governo do PT, o assassinato brutal do homem que era cotado para coordenar a campanha que enfim levaria o partido ao poder no Brasil — e que era tido como estrela ascendente da legenda — permanece sem solução.
O caso Celso Daniel já foi reaberto duas vezes. Já esteve nas mãos da Polícia Civil e do Ministério Público. A tese da polícia, aplaudida pelo PT, é a de que Celso Daniel foi vítima de crime comum, encomendado pelo amigo e ex-segurança Sérgio Gomes da Silva, o “Sombra”, que estava com Celso na noite em que ele foi sequestrado.
O Ministério Público acusou oito pessoas pela morte de Celso Daniel. Até hoje, só um dos implicados no crime, Marcos Bispo dos Santos, foi julgado, à revelia, e condenado a 18 anos de prisão. O “Sombra”, que nega veementemente ter participado do crime, deve ir a juri popular neste ano.
A promotoria, entretanto, refuta a tese de crime comum abraçada pela polícia e avalizada pelo PT, dizendo que Celso Daniel foi assassinado porque teria descoberto um esquema de corrupção na prefeitura de Santo de André que servia para desviar dinheiro para um caixa dois do Partido dos Trabalhadores usado para financiar campanhas eleitorais.
Queimas de arquivo
No julgamento de Marcos Bispo dos Santos, o promotor Francisco Cembranelli disse aos jurados que Celso Daniel “tinha ciência da corrupção e contrataram sua morte quando ameaçou tomar providências”.
O PT, por seu turno, acusa os promotores de tentarem politizar a morte de Celso Daniel. Pessoas que eram ligadas ao ex-prefeito e que hoje ocupam cargos do alto escalão do governo federal, como o ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, assessor da prefeitura de Santo André quando da morte de Celso, e a ministra do Planejamento, Miriam Belchior, viúva do prefeito morto, tentam ignorar os sangrentos desdobramentos do assassinato do ex-prefeito de Santo André, com a morte de nada menos do que sete pessoas ligadas ao crime, entre testemunhas e acusados de participação no homicídio.
Três meses depois do assassinato de Celso Daniel, o preso Dionísio Severo, ligado a Sérgio “Sombra”, foi morto na cadeia apenas dois dias após ter dito que teria informações sobre o caso. Ele foi resgatado da prisão de helicóptero dois dias antes da morte de Celso e, depois, recapturado. O homem que deu abrigo ao foragido neste meio tempo, Sérgio “Orelha”, também foi assassinado, bem como Otávio Mercier, investigador de polícia que ligou para Severo na véspera do sequestro de Celso Daniel.
Bruno Daniel denuncia Gilberto Carvalho
Não perca a conta: o garçom que na noite do sequestro do ex-prefeito serviu a mesa de uma churrascaria em São Paulo em que estavam Celso Daniel e Sérgio “Sombra” foi assassinado em fevereiro de 2003. Quando morreu, portava documentos falsos e tinha recebido na conta bancária um depósito de R$ 60 mil. A única testemunha da morte do garçom, Paulo Henrique Brito, morreu 20 dias depois com um tiro nas costas. Com dois tiros nas costas morreu em dezembro do mesmo ano o agente funerário Ivan Moraes Rédua, a primeira pessoa a reconhecer o corpo de Celso Daniel, quando ele ainda estava jogado na estrada de chão.
A última pessoa ligada ao caso que morreu, até agora, foi o médico-legista Carlos Delmonte Printes, que examinou o cadáver de Celso Daniel. O médico vinha dizendo que o ex-prefeito de Santo André foi brutalmente torturado antes de ser morto. Em setembro de 2005 ele chegou a ir no programa do Jô Soares, da Rede Globo, onde disse que recebeu pressão de políticos para aceitar a tese de crime comum. Um mês depois foi encontrado morto em seu escritório, na Zona Sul de São Paulo. Algum outro legista atestou suicídio.
Na última quarta-feira, 18, um dos irmãos de Celso Daniel, Bruno Daniel — que viveu anos exilado na França na condição de refugiado político devido às ameças que sofreu por sua insistência em elucidar o crime — apareceu dando uma entrevista à Band na qual afirmou que Gilberto Carvalho levou “em seu corsinha preto” R$ 1,2 milhão em propina arrecadada em Santo André para entregar a José Dirceu, que teria dado encaminhamento para o dinheiro ser usado na campanha de Lula em 2002.
Crime comum?

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Mafias sindicais: melhor que trafico de drogas?

O Brasil já é uma República Sindical, e da pior espécie. Aquela feita de máfias que disputam o dinheiro fácil do imposto sindical.
Pior que a República Peronista...
Paulo Roberto de Almeida 



O volume dos impostos sindicais
O Globo.com, 3/11/2011

Repasse de recursos de imposto sindical faz número de entidades aumentar no Brasil

SÃO PAULO - Se o ritmo de arrecadação do imposto sindical registrado nos últimos anos for mantido, em 2012 os recursos recolhidos e repassados pelo governo federal para sustentar as entidades sindicais vão alcançar a marca de R$ 2 bilhões, consolidando o tributo como a mina de ouro do sindicalismo brasileiro. O volume é quase o dobro do que os sindicatos receberam há quatro anos. Somente entre janeiro e setembro deste ano, sindicatos, federações, confederações e centrais sindicais já receberam quase R$ 1,7 bilhão, dinheiro que não passa por qualquer fiscalização de órgãos governamentais.

Só o valor repassado às entidades nesses últimos nove meses é o equivalente a todo o dinheiro transferido pelo governo federal às prefeituras e ao governo do Amapá no mesmo período. É na carona dessa arrecadação bilionária que vem crescendo ano a ano o número de sindicatos no Brasil, contrariando uma tendência mundial de unificações e fusões de entidades. Para se ter uma ideia desse crescimento, de 2008 para cá 782 novos sindicatos entraram na lista da divisão do bolo do imposto sindical, uma média de uma entidade a cada dois dias. Eram 9.077 e hoje são 9.859.

A contribuição sindical é um imposto obrigatório cobrado de todos os trabalhadores com carteira assinada e do setor patronal. A cobrança ocorre uma vez por ano e, no caso dos trabalhadores, corresponde a um dia de salário, descontado diretamente em folha. No caso dos patrões, o valor é uma parcela do capital social da empresa.

Para ter direito a uma parte do imposto sindical, basta obter do Ministério do Trabalho o registro sindical e o valor repassado pelo governo leva em conta o tamanho da base de trabalhadores ou de empresas que a entidade representa e não seu número de filiados. De todo o dinheiro arrecadado, 60% fica com os sindicatos, 15% com as federações, 5% com as confederações, 10% com as centrais sindicais e 10% com o Ministério do Trabalho.

- Eu relaciono essa proliferação de sindicatos com o dinheiro da contribuição sindical, e não considero isso saudável porque se está criando uma pluralidade sindical que eu considero perversa - afirmou o professor de Direito do Trabalho da PUC-SP, Renato Rua de Almeida.

domingo, 30 de outubro de 2011

Republica em Frangalhos (na verdade, violentada pelos que a comandam...)



República destroçada

30 de outubro de 2011 | 3h 06


Marco Antonio Villa - O Estado de S.Paulo
Em 1899 um velho militante, desiludido com os rumos do regime, escreveu que a República não tinha sido proclamada naquele mesmo ano, mas somente anunciada. Dez anos depois continuava aguardando a materialização do seu sonho. Era um otimista. Mais de cem anos depois, o que temos é uma República em frangalhos, destroçada.
Constituições, códigos, leis, decretos, um emaranhado legal caótico. Mas nada consegue regular o bom funcionamento da democracia brasileira. Ética, moralidade, competência, eficiência, compromisso público simplesmente desapareceram. Temos um amontoado de políticos vorazes, saqueadores do erário. A impunidade acabou transformando alguns deles em referências morais, por mais estranho que pareça. Um conhecido político, símbolo da corrupção, do roubo de dinheiro público, do desvio de milhões e milhões de reais, chegou a comemorar recentemente, com muita pompa, o seu aniversário cercado pelas mais altas autoridades da República.
Vivemos uma época do vale-tudo. Desapareceram os homens públicos. Foram substituídos pelos políticos profissionais. Todos querem enriquecer a qualquer preço. E rapidamente. Não importam os meios. Garantidos pela impunidade, sabem que se forem apanhados têm sempre uma banca de advogados, regiamente pagos, para livrá-los de alguma condenação.
São anos marcados pela hipocrisia. Não há mais ideologia. Longe disso. A disputa política é pelo poder, que tudo pode e no qual nada é proibido. Pois os poderosos exercem o controle do Estado - controle no sentido mais amplo e autocrático possível. Feio não é violar a lei, mas perder uma eleição, estar distante do governo.
O Brasil de hoje é uma sociedade invertebrada. Amorfa, passiva, sem capacidade de reação, por mínima que seja. Não há mais distinção. O panorama político foi ficando cinzento, dificultando identificar as diferenças. Partidos, ações administrativas, programas partidários são meras fantasias, sem significados e facilmente substituíveis. O prazo de validade de uma aliança política, de um projeto de governo, é sempre muito curto. O aliado de hoje é facilmente transformado no adversário de amanhã, tudo porque o que os unia era meramente o espólio do poder.
Neste universo sombrio, somente os áulicos - e são tantos - é que podem estar satisfeitos. São os modernos bobos da corte. Devem sempre alegrar e divertir os poderosos, ser servis, educados e gentis. E não é de bom tom dizer que o rei está nu. Sobrevivem sempre elogiando e encontrando qualidades onde só há o vazio.
Mas a realidade acaba se impondo. Nenhum dos três Poderes consegue funcionar com um mínimo de eficiência. E republicanismo. Todos estão marcados pelo filhotismo, pela corrupção e incompetência. E nas três esferas: municipal, estadual e federal. O País conseguiu desmoralizar até novidades como as formas alternativas de trabalho social, as organizações não governamentais (ONGs). E mais: os Tribunais de Contas, que deveriam vigiar a aplicação do dinheiro público, são instrumentos de corrupção. E não faltam exemplos nos Estados, até mesmo nos mais importantes. A lista dos desmazelos é enorme e faltariam linhas e mais linhas para descrevê-los.
A política nacional tem a seriedade das chanchadas da Atlântida. Com a diferença de que ninguém tem o talento de um Oscarito ou de um Grande Otelo. Os nossos políticos, em sua maioria, são canastrões, representam mal, muito mal, o papel de estadistas. Seriam, no máximo, meros figurantes em Nem Sansão nem Dalila. Grande parte deles não tem ideias próprias. Porém se acham em alta conta.
Um deles anunciou, com muita antecedência, que faria um importante pronunciamento no Senado. Seria o seu primeiro discurso. Pelo apresentado, é bom que seja o último. Deu a entender que era uma espécie de Winston Churchill das montanhas. Não era, nunca foi. Estava mais para ator de comédia pastelão. Agora prometeu ficar em silêncio. Fez bem, é mais prudente. Como diziam os antigos, quem não tem nada a dizer deve ficar calado.
Resta rir. Quem acompanha pela televisão as sessões do Congresso Nacional, do Supremo Tribunal Federal (STF) e as entrevistas dos membros do Poder Executivo sabe o que estou dizendo. O quadro é desolador. Alguns mal sabem falar. É difícil - muito difícil mesmo, sem exagero - entender do que estão tratando. Em certos momentos parecem fazer parte de alguma sociedade secreta, pois nós - pobres cidadãos - temos dificuldade de compreender algumas decisões. Mas não se esquecem do ritualismo. Se não há seriedade no trato dos assuntos públicos, eles tentam manter as aparências, mesmo que nada republicanas. O STF tem funcionários somente para colocar as capas nos ministros (são chamados de "capinhas") e outros para puxar a cadeira, nas sessões públicas, quando alguma excelência tem de se sentar para trabalhar.
Vivemos numa República bufa. A constatação não é feita com satisfação, muito pelo contrário. Basta ler o Estadão todo santo dia. As notícias são desesperadoras. A falta de compostura virou grife. Com o perdão da expressão, mas parece que quanto mais canalha, melhor. Os corruptos já não ficam envergonhados. Buscam até justificativa histórica para privilégios. O leitor deve se lembrar do símbolo maior da oligarquia nacional - e que exerce o domínio absoluto do seu Estado, uma verdadeira capitania familiar - proclamando aos quatro ventos seu "direito" de se deslocar em veículos aéreos mesmo em atividade privada.
Certa vez, Gregório de Matos Guerra iniciou um poema com o conhecido "Triste Bahia". Bem, como ninguém lê mais o Boca do Inferno, posso escrever (como se fosse meu): triste Brasil. Pouco depois, o grande poeta baiano continuou: "Pobre te vejo a ti". É a melhor síntese do nosso país.  
HISTORIADOR, É PROFESSOR DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS(UFSCAR)

sábado, 22 de outubro de 2011

E por falar em mafiosos fascistas (do PCdoB)...


"Saquei R$ 150 mil para Agnelo"

Principal testemunha da Operação Shaolin e ex-funcionário das ONGs que participaram das fraudes no Ministério do Esporte, Michael Vieira acusa o governador do DF e ex-ministro de ser o principal chefe do esquema e de ter recebido propina

Claudio Dantas SequeiraIstoÉ, 22/10/2011
Nos últimos dias, o escândalo dos desvios de verbas de ONGs ligadas ao Ministério do Esporte, detonado pelo policial militar João Dias Ferreira, atingiu em cheio o ministro Orlando Silva e colocou em xeque a administração de nove anos do PCdoB à frente da pasta. Agora, uma nova e importante testemunha do caso pode dar outros contornos à história, ainda repleta de brechas e pontos obscuros. O que se sabia até o momento era que os comunistas, além de terem aparelhado o Ministério do Esporte, montaram um esquema de escoamento de verbas de organizações não governamentais para abastecer o caixa de campanha do partido e de seus principais integrantes. Em depoimentos ao longo da semana, o PM João Dias acusou Orlando Silva de ser o mentor e principal beneficiário do esquema. A nova testemunha, o auxiliar administrativo Michael Alexandre Vieira da Silva, 35 anos, apresenta uma versão diferente. Em entrevista à ISTOÉ, Michael afirma que o atual governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz, e ex-ministro do Esporte, hoje no PT, mas que passou a maior parte de sua trajetória política no PCdoB, é quem era o verdadeiro “chefe” do esquema de desvio de recursos do Esporte. Até então, Agnelo vinha sendo poupado por João Dias. 

Michael foi a principal testemunha da Operação Shaolin, deflagrada no ano passado pela Polícia Civil do DF e na qual foram presas cinco pessoas, entre elas o próprio soldado João Dias. Seu papel nesse enredo é inquestionável. Michael trabalhou nas ONGs comandadas por João Dias, conheceu as entranhas das fraudes no Ministério do Esportes e, durante um bom tempo, esteve a serviço dos pontas-de-lança do esquema. Sobre esse período, ele fez uma revelação bombástica à ISTOÉ: “Saquei R$ 150 mil para serem entregues a Agnelo (então, ministro)”, disse ele na entrevista.

Em 2008, Michael já havia denunciado todo o esquema das ONGs no Ministério do Esporte e, desde então, passou a colaborar secretamente com os investigadores. Hoje, se mudou de Brasília e vive escondido. Os depoimentos de Michael serão cruciais para o andamento inquérito 761 sobre o envolvimento de Agnelo, que corre no STJ e deverá ser remetido ao STF pelo procurador-geral da União, Roberto Gurgel. Partícipe do esquema, Michael tem uma série de elementos para afirmar categoricamente que era Agnelo “quem chefiava o esquema”. Durante o tempo em que trabalhou no Instituto Novo Horizonte, o auxiliar administrativo ficou sabendo de entregas de dinheiro e da liberação de convênios, por meio de Luiz Carlos de Medeiros, ongueiro e amigo do governador. “Medeiros falava demais... Sempre comentava que estava cansado de dar dinheiro para Agnelo”, diz. Sobre o ministro Orlando Silva, Michael afirma que ouviu seu nome uma única vez e por meio do delegado Giancarlos Zuliani Júnior, da Deco (Divisão Especial de Repressão ao Crime Organizado). “Contei a Giancarlos sobre a existência de um cofre num depósito de João Dias, em que havia armas e documentos que poderiam incriminar algumas pessoas. Aí ele me perguntou se eu sabia do envolvimento de Orlando Silva e da ONG Cata -Vento”, lembra. 

Na entrevista à ISTOÉ, Michael revela ainda que o esquema de fraudes com ONGs de fachada transcende as fronteiras do PCdoB e do Esporte. Atingiria também, segundo ele, o Ministério da Ciência e Tecnologia, então na cota do PSB. Ele conta que chegou a ser convocado pela CPI das ONGs para falar sobre o tema, mas seu nome foi retirado da lista de depoentes na última hora sem qualquer justificativa. Sobre o envolvimento do Ministério de Ciência e Tecnologia, Michael diz que o Instituto Novo Horizonte chegou a assinar convênios com a Secretaria de Inclusão Social, subordinada à pasta, para a instalação de uma biblioteca digital em Natal, no Rio Grande do Norte, no valor de R$ 2 milhões. Esses contratos, segundo Michael Vieira, teriam sido avalizados pelo então secretário, o atual deputado distrital Joe Valle (PSB), amigo de Medeiros e definido no grupo como laranja de João Dias no comando do Instituto Novo Horizonte. 

Com todo esse arsenal de informações, entende-se por que a investigação sobre as fraudes do PCdoB no Distrito Federal foi deflagrada a partir de denúncia de Michael ao Ministério Público. O que Michael contou à ISTOÉ, com riqueza de detalhes, também está registrado em outros 11 depoimentos que prestou em sigilo à Polícia, ao Ministério Público e à Justiça nos últimos três anos. Michael e o policial João Dias participavam de um mesmo esquema enquanto Agnelo Queiroz ocupou o Ministério do Esporte. Depois, tomaram rumos diferentes. Agnelo se elegeu governador do Distrito Federal e o PM circula ao seu lado até hoje, mesmo sendo réu em um processo que apura desvio de dinheiro público. No governo do DF, emplacou um afilhado político, Manoel Tavares, na BRB Seguros, a corretora do Banco Regional de Brasília, um dos cargos mais cobiçados do governo local. Até bem pouco tempo atrás, o PM mantinha silêncio absoluto sobre as fraudes das quais participou, confiante de que sua relação com autoridades influentes lhe serviria de salvo-conduto. “Ele fez isso por dinheiro e para se livrar das denúncias que fiz a seu respeito”, afirma Michael. Ele assegura que João Dias tentou silenciá-lo, primeiro com ofertas financeiras, e depois com ameaças de morte. Por causa do assédio, Vieira entrou no Programa de Proteção a Testemunhas. Mas após alguns meses abriu mão da proteção para tentar retomar sua vida. Hoje, Michael vive com mulher e filhos de pequenos bicos e da ajuda de amigos numa cidade do interior de outro Estado. Não se arrepende de ter denunciado o esquema, mas passou a desconfiar de tudo e todos, especialmente depois que foi usado pelo ex-governador Joaquim Roriz para atingir Agnelo na campanha eleitoral do ano passado.

À ISTOÉ, Michael pediu que seu rosto não fosse inteiramente revelado. A decisão de romper o pacto de silêncio deve-se, segundo ele, à indignação com a postura de João Dias no episódio. “Não posso aceitar que um cara como João Dias pose de bom-moço para a sociedade”. O desabafo, no entanto, não invalida as denúncias a respeito do esquema no Esporte nem as desqualifica, afinal não se espera que pessoas escaladas para participar de fraudes sejam selecionadas num convento. Mas é fato que João Dias tem uma ficha corrida para lá de complicada. Levantamento da ISTOÉ encontrou nada menos que 15 ocorrências policiais contra o PM, que tem fama de truculento. Há acusações de lesão corporal, roubo e ameaças de morte. Brigas no trânsito, dentro de hospitais e até tentativa de golpe na locação de imóveis e na contratação de funcionários para atuar nos convênios do Segundo Tempo. 

A trama policial tem contaminado o ambiente político em Brasília. Até o final da semana, a presidente Dilma Rousseff, temendo precipitar uma crise com um importante aliado, o PCdoB, hesitava em mudar o comando do Ministério do Esporte. Na quinta-feira 20, Dilma disse a assessores que não agiria sob pressão e reclamou publicamente do “apedrejamento moral” que o ministro do PCdoB estaria sofrendo. Chamou os comunistas de aliados históricos. “Temos de apurar os fatos, temos de investigar. Se apurada a culpa das pessoas, puni-las. Mas isso não significa demonizar quem quer que seja, muito menos partidos que lutaram no Brasil pela democracia”, afirmou. Em Brasília, Orlando Silva reuniu-se por cinco horas com a cúpula do PCdoB. 

Ao chegar de Angola na noite da quinta-feira 20, Dilma Rousseff convocou uma reunião de emergência com a coordenação política do governo. No encontro, comentou que não tinha convicção sobre as denúncias contra Orlando Silva, mas admitiu que o desgaste político sofrido era irreversível. Dilma também consultou o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, sobre o andamento das investigações na Polícia Federal e no Ministério Público. Na avaliação da presidente, as explicações que o ministro dos Esportes deu na Câmara e no Senado não foram suficientes para reverter o quadro. Pesam também contra Orlando os embates com a Fifa e a CBF para a organização da Copa de 2014. Dessa maneira, o mais provável é que a presidente aguarde os desdobramentos do caso para tomar uma decisão de cabeça fria. Nas fileiras comunistas, caso o PCdoB não perca o ministério, o nome mais cotado para substituir Orlando Silva é o da ex-prefeita de Olinda (PE) Luciana Santos, hoje deputada federal. Seu nome já havia sido sugerido por Dilma quando montou a equipe, mas Orlando acabou mantido por pressão do PCdoB – além de apoio aberto do ex-presidente Lula. Caso a presidente resolva retirar a pasta das mãos dos comunistas, já há articulações para tentar emplacar no cargo o ex-ministro Márcio Fortes, hoje presidente da Autoridade Pública Olímpica. Procurado por ISTOÉ, Agnelo estava fora do País e até o fechamento desta edição não havia se manifestado.

quarta-feira, 20 de julho de 2011

O Partido da Imprensa Golpista (PIG) governa no lugar da presidente...

Certas pessoas inventaram uma coisa que não existe, o tal de PIG, ou Partido da Imprensa Golpista, que teria tentado tirar um sapo barbudo da presidência apenas por denunciar, falcatruas, patifarias, roubos, corrupção, enfim toda sorte de bandalheira em seu governo.
Vejam que injustiça; a imprensa pretendendo pautar os governantes...
E não é que o PIG chegou ao poder?
Ele é quem governa, demite ministros, coloca outros em suspeição, enfim, faz aquilo que a presidente deveria fazer e não faz.
Acho que aquelas certas pessoas estavam certas quanto às pessoas do PIG: elas resolveram mandar no país. E não é que conseguiram?
Que azar não é?
Paulo Roberto de Almeida

Quais são mesmo os porcos nesta história?
José Nêumanne
Estado de S. Paulo, quarta-feira, 20 de julho de 2011, p. A2

Até agora Dilma demitiu todos os subordinados sobre os quais imprensa lançou alguma suspeita

Antônio Palocci não era um burocrata qualquer quando a presidente Dilma Rousseff dispôs de seu emprego na alta cúpula do governo federal. Ele tinha sido o avalista do padrinho e ex-chefe dela Luiz Inácio Lula da Silva no crédito de confiança que a classe média deu à adesão do Partido dos Trabalhadores (PT) ao rigor fiscal e à estabilidade da moeda. Isso o credenciou a se tornar o todo-poderoso ministro da Fazenda do primeiro governo do patriarca. E foi com essa missão que também costurou o apoio da burguesia nacional à candidatura de Dilma à sucessão presidencial, reunindo cacife para coordenar a equipe de transição e ocupar a chefia da Casa Civil.

Tampouco o sanitarista de Ribeirão Preto era um “ficha-limpa” quando, empossada na Presidência, Dilma recorreu ao seu talento de articulador. Pois Sua Excelência já havia caído do alto, envolvido num escândalo – a frequência habitual de uma mansão suspeita – e numa violência contra a cidadania: a violação do sigilo bancário do caseiro Francenildo Santos Costa. A revelação pela Folha de S.Paulo da posse de um apartamento de R$ 6,6 milhões e da multiplicação por 20 do patrimônio acumulado como “consultor” enquanto ocupava uma modesta e quase anônima carreira na Câmara dos Deputados indicava uma óbvia reincidência. E pela segunda vez o condestável desabou do topo.

Na chefia da Casa Civil, para a qual nomeou Palocci, Dilma havia substituído José Dirceu, acusado de chefiar uma quadrilha em processo que tramita nos escaninhos do Supremo Tribunal Federal (STF). No posto conviveu – segundo consta, às turras – com o então ministro dos Transportes, Alfredo Nascimento, senhor do castelo do Partido da República (PR), da base de apoio parlamentar do governo. Em nome da “governabilidade”, ela lhe devolveu o posto e foi levada a dele afastá-lo depois de o referido ter protagonizado caso de corrupção denunciado pela revista Veja. E nas páginas desse semanário o diretor-geral do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), José Luiz Pagot, mereceu idêntico tratamento. Antes de ser demitido, como chegou a ser anunciado, contudo, Pagot tirou férias, das quais se afastou para elogiar no Congresso o zelo da comandante e o comportamento de seu futuro chefe, na esperança de ter a boquinha de volta.

Voltará? É aí que está o busílis. Dilma jura que não. Mas Paulo Sérgio Passos garante que nada há que pese contra o retorno do antigo companheiro de cúpula no Ministério dos Transportes. O benefício da dúvida pode favorecer Dilma quanto à atuação de todos esses senhores ao longo do mandato de Lula, em que chefiou a Casa Civil com fama de “gerentona” dura e de trato pessoal pouco delicado. Dela, porém, não se noticiou nenhuma reação pública contra a conduta dos dois ministros, o que saiu e o que o substituiu. Se se furtou no Ministério dos Transportes, é de imaginar que ela confiasse que Alfredo não sabia e Paulo, muito menos. Se ela soubesse, como justificar que os nomeasse para o primeiro escalão do governo ao qual foi içada pela maioria dos eleitores?

A guilhotina continuou – e, ao que parece, continuará – funcionando no prédio que os aliados do PR ocupam na Esplanada dos Ministérios. Rolou a cabeça de José Henrique Sadok de Sá, que ostentava duas coroas: de diretor executivo e diretor-geral interino nas “férias” de Pagot. Sá foi denunciado por favorecimento a uma empresa da mulher pelos repórteres deste Estado. No rastro sangrento dessa execução, já foram previamente anunciadas as demissões do petista Hideraldo Caron, também do Dnit, e de Felipe Sanches, presidente interino da empresa estatal suspeita de figurar no lamaçal, a Valec - Engenharia, Construções e Engenharia S. A.

No ostensivo loteamento político realizado pelo governo federal, Palocci e Nascimento, os expoentes dos denunciados que caíram em desgraça sob Dilma, têm em comum a proteção do paraninfo dela, seu antecessor Lula. Este chegou a se deslocar, sem ser chamado, de seu retiro em São Bernardo do Campo para o Planalto Central para tentar resgatar o então chefe da Casa Civil. Em vão! O malogro no intento não o impediu, contudo, de deitar falação contra o que ele e os soldados dos blogs financiados de alguma forma pelo governo e pelo PT chamam de “Partido da Imprensa Golpista” (PIG, em inglês porco). Na troca de presidentes da União Nacional dos Estudantes (UNE) em congresso bancado por empresas públicas, o ex disse que os grandes jornais de São Paulo nem chegam ao ABC e que a população sabe que não precisa mais de “intermediários” para ter acesso à informação.

Por causa da enxúndia de notícias disponíveis, talvez ele tenha alguma razão. O afastamento de alguns de seus amiguinhos mais chegados da cúpula federal, contudo, demonstrou que sua sucessora tem precisado – e muito – dos meios de comunicação para saber o que alguns de seus subordinados fazem “debaixo dos panos”, lembrando aquele sucesso junino de Antônio Barros e Cecéu. A exemplo das cobaias de Pavlov que salivavam ao toque de sinetas, a presidente tem demitido regularmente todos os auxiliares cujas atividades heterodoxas têm sido reveladas por órgãos de comunicação. Até agora nenhum denunciado escapou da degola. E até agora ninguém foi degolado antes de vir a ser denunciado no noticiário.

Noves fora a mágoa de Lula por estar perdendo poder no governo da protegida, o que ele omitiu na meia-verdade aplaudida por um público cuja simpatia foi patrocinada revela uma trágica e perigosa distorção da democracia brasileira atual: o Poder Executivo não dispõe de informações para sanear a máquina pública. Ou, se dispõe, não tem como, ou não quer, fazer a faxina que tais informações preceituam. Dilma age sob pressão da opinião pública, que, à falta de uma oposição de respeito, só conta mesmo é com a liberdade de informação e opinião como aliada.

Jornalista, escritor e editorialista do Jornal da Tarde.

Republica Mafiosa do Brasil: os metodos de certo partido...

Ou Republica Federativa da Corrupção...
Vocês escolhem o nome mais apropriado para designar o sistema único de corrupção sistêmica, generalizada, extensiva, abrangente, industrial, organizada, desavergonhada e persistente.
Eu teria muitas outras expressões para caracterizar o que representa hoje o sistema de governança absolutamente deletéria que impera no Brasil, em que criminosos estão organizados para assaltar de forma permanente os recursos públicos através do controle que exercem sobre mecanismos do poder.
Não tenho tempo, nem estômago aliás, para explorar todos os meandros, formas e ferramentas da corrupção geral e amplamente disseminada que tomou conta do Brasil.
Só posso me horrorizar, mas não deixo de pensar sobre como isso se tornou possível.
Acho que o texto abaixo, que transcrevo do blog de conhecido jornalista, ajuda a compreender como chegamos a esse estado lamentável de corrupção mafiosa na política brasileira.
Paulo Roberto de Almeida

Como o PT e Lula se tornaram os principais beneficiários de um dos regimes mais corruptos do mundo. Ou: É preciso cortar a cabeça da Górgona
Reinaldo Azevedo, 19/07/2011

Estão dispostos a encarar? Longo, mas, modéstia às favas, acho que bastante bom. Avaliem.
*
A corrupção no poder não é um problema exclusivamente brasileiro; aqui, no entanto, as coisas estão saindo do, vá lá, razoável. Sim, há certa razoabilidade até no mundo da bandalheira. Quem tem uma posição de mando está permanentemente ameaçado pela tentação de contemplar os próprios interesses. Resistir é uma questão de caráter. É preciso trabalhar com pessoas decentes, pois. Mas, nas democracias organizadas mundo afora, confia-se menos nos homens do que nas instituições; são estas que controlam aqueles, não o contrário. No que diz respeito à coisa pública, é preciso diminuir o espaço do arbítrio, da escolha pessoal, em benefício de um padrão que interessa à coletividade. No Brasil, estamos fazendo o contrário: a cada dia, diminui a margem de escolha dos indivíduos privados, e aumenta o arbítrio do estado. É o modo petista de governar. É claro que isso não daria em boa coisa. Convenham: nós, os ditos “conservadores” — “reacionários” para alguns —, estamos denunciando essa inversão de valores faz tempo.

A forma como o poder está organizado no Brasil facilita a ação dos larápios. Há um elemento de raiz nessa história. O regime saído da Constituição de 1988 foi desenhado para o parlamentarismo até a 24ª hora; na 25ª, pariu-se o presidencialismo, e veio à luz um regime híbrido, de modo que o chefe do Executivo fica de mãos atadas sem a maioria no Congresso, e o Congresso não existe sem a distribuição das prebendas gerenciadas pelo Executivo. Ai do presidente que perder a maioria no Parlamento! É claro que Fernando Collor, por exemplo, caiu por bons motivos, mas os motivos para a queda de Lula em 2005 eram maiores e melhores, e, no entanto, foi socorrido pelo Legislativo. O resto é história.

Isso que se convencionou chamar de “Presidencialismo de Coalizão” se mostra, já escrevi aqui, “Presidencialismo de Colisão com a Moralidade Pública”. Aquele que vence a eleição presidencial precisa começar a construir, no dia seguinte à vitória, a sua base de sustentação no Congresso. Não o faz com base num programa de governo. Sabemos como isso está desmoralizado, não? No máximo, há algumas palavras de ordem. Uma das idéias-força de Dilma Rousseff, por exemplo, era o ataque às privatizações… Agora, ela faz o diabo para tentar acelerá-las no caso dos aeroportos, por exemplo.

Ao buscar o apoio no varejo, o que tem o eleito a oferecer? Como se viu, nem mesmo um programa de governo. Resta negociar com o bem público: “Ô Valdemar, rola o apoio dos seus 40 deputados em troca do Ministério dos Transportes, de porteira fechada?” Claro que rola! Pensem bem: por que um partido quer tanto uma pasta como essa? Vocação natural dos valentes para servir? Expertise adquirida ao longo de sua história, de sua militância? Não! Está de olho na verba da pasta, no seu orçamento. Passam, então, a usar uma estrutura do estado e o dinheiro público com três propósitos:
a - fazer política clientelista com os aliados — distribuindo pontes, asfalto, melhorias aqui e ali segundo critérios partidários;
b - fortalecimento do partido por meio da “caixinha” cobrada de empreiteiros e prestadores de serviços;
c - enriquecimento pessoal.

O interesse público, a essa altura, foi para o diabo faz tempo. O PR sabe que jamais exercerá a hegemonia do processo político; sua principal virtude — ou melhor: a principal virtude do partido para seus próceres — é ter porte médio; é ser importante na composição da maioria, mas sem ter a responsabilidade de governar. Isso ele deixa para os dois ou três grandes aos quais pode se associar, sempre cobrando o ministério de porteira fechada. Torna-se, assim, um ente destinado a fazer negócios, não a implementar políticas públicas.

Fragmentação partidária
A fragmentação partidária, outra herança perversa da Constituinte de 1988, também está na raiz desse mal estrutural, que predispõe o sistema brasileiro à corrupção. Os tais movimentos sociais capitaneados pelo PT e pela igreja, os egressos do exílio, mesmo os liberais que combateram a ditadura militar, toda essa gente se juntou para defender a ampla liberdade de organização partidária, estabelecendo critérios muito frouxos e pouco exigentes para a criação de legendas, que foram se tornando ainda mais relaxados por legislação específica.

“Pra que tanto partido, meu Deus?”, pergunta o meu coração. Para assaltar os cofres públicos! Ou alguém identifica no, sei lá, PR, PP e PRB diferenças ideológicas de fundo, que realmente os diferenciem? Ou ainda: o que eles têm de incompatível com o PMDB, por exemplo, e este com o PSB ou com o PDT? A experiência mundo afora tem demonstrado que dois partidos bastam para fazer uma sólida democracia, eventualmente três. Os demais ou servem à vaidade de líderes regionais — na hipótese benigna e mais rara — ou ao assalto organizado ao caixa. Esses partidos não DÃO apoio a ninguém, mas o VENDEM. Os que não conseguem expressão eleitoral para reivindicar cargos públicos fazem negócios antes mesmo da eleição: negociam seu tempo na televisão.

Dá para ser otimista quanto a esse particular? Não! Os encarregados de fazer uma reforma partidária, por exemplo, são os principais beneficiários da fragmentação partidária. Isso não vai mudar.

Como o PT degradou o que já era ruim
Não! Eu não vou igualar o governo FHC ao camelódromo petista só para que me julguem isento. Até porque deixo a “isenção” para os que não têm independência para se dizer comprometidos com certas idéias e teses. Eu, felizmente, tenho. O tucano também governou segundo esse sistema chamado “presidencialismo de coalizão”, sim; denúncias e casos de corrupção também apareceram em seu governo, mas o fato é que a sua gestão tinha um propósito que, a juízo deste escriba, tirou o Brasil do fim do mundo e o fez um ator importante na ordem global: a modernização da economia, que se expressou por intermédio das privatizações, da abertura ao capital estrangeiro, da reorganização do sistema bancário, da disciplina nas contas públicas, da estruturação da assistência social. E tudo debaixo do porrete petista, é bom lembrar. FHC governou essencialmente com o PSDB e com o PFL, os dois partidos que venceram a eleição.

Os leitores mais jovens não têm como saber, mas eu lembro: quando FHC, então pré-candidato do PSDB à Presidência, anunciou a disposição de fazer uma composição com o PFL, a imprensa “progressista” ficou arrepiada. “Como? O intelectual que veio da esquerda se junta aos conservadores? Que horror!” Seu governo, depois, e isso todos sabem, foi chamado de “neoliberal” pelos intelectuais e jornalistas pilantras do PT. Adiante.

O PT entrou na disputa de 2002 prometendo duas coisas antitéticas — o que gloriosamente apontei na revista Primeira Leitura, que fechou as portas em 2006: “mudar tudo o que está aí” (era o discurso de sempre do petismo) e “preservar tudo o que está aí” — essência da tal “Carta ao Povo Brasileiro”, que Antonio Palocci e outros petistas redigiram na sede de um banco de investimentos. A síntese que fiz à época foi esta, e eu a considero, modéstia à parte, muito esperta até hoje: “O PT é a continuidade sem continuísmo, e Serra (então candidato tucano) é o continuísmo sem continuidade”. Minha síntese é boa, mas algo fica faltando.

Oferecer o quê?
O PT NÃO CONTINUOU FHC num particular: faltava-lhe um projeto de governo. Além da continuidade sem imaginação, levado pelos bons ventos da economia mundial, o que o partido tinha a oferecer? Certa resistência do ex-presidente tucano à feira livre dos cargos, aos lobbies organizados de corporações sindicais e empresariais, à demagogia do “faço-e-aconteço” — e essa era uma das virtudes republicanas de FHC — foram transformadas por Lula num grande defeito, numa evidencia do governante frio e tecnocrata. Ele, Lula, era diferente: abria as portas do Palácio a quem tivesser alguma reivindicação, ouvia todo mundo, atendia a todos os pleitos. O Apedeuta transformou o governo federal, em suma, numa espécie de pátrio dos milagres de quantos queisessem arrancar um dinheirinho dos cofres públicos em troca do apoio ao governo.

O PT JÁ TINHA SE DADO CONTA, ÀQUELA ALTURA, QUE A HEGEMONIA DO PROCESSO POLÍTICO, QUE ESTAVA EM SEU HORIZONTE DESDE A SUA CRIAÇÃO, EM 1980, SE DARIA NÃO COM A MUDANÇA DA CULTURA POLÍTICA, MAS COM A SUA MANUTENÇÃO.

Por isso Lula disparou certa feita a máxima de que governar é fácil. Ele se dava conta de que a simbiose entre Legislativo e Executivo, de que a fragmentação partidária e de que a gigantesca máquina federal concorriam para a construção e consolidação daquela pretendida hegemonia. E não, ele não precisava nem ter nem anunciar projeto nenhum! Bastava manter nas mãos do PT o núcleo duro do poder e distribuir cargos à mancheia. Teria o Congresso, como teve, na palma das mãos. Se a aliança estratégica que FHC fizera no passado com o PFL soou a muitos uma traição, a de Lula com a escória da política foi tida como evidência de uma pensamento estratégico e sinal de amadurecimento do PT.

O PT, FINALMENTE, SE TORNAVA O PRINCIPAL BENEFICIÁRIO DO MODELO CONTRA O QUAL, PARA TODOS OS EFEITOS, SE CONSTRUÍRA.

Um novo sentido moral para a corrupção
Vocês já devem ter lido que Gilberto Carvalho, secretário-geral da Presidência e espião oficial de Lula na gestão Dilma, tentou livrar a cara de Luiz Antonio Pagot. O Babalorixá de Banânia, embora diga o contrário, não aprova o desmanche da canalha que incrustada no Ministério dos Transportes. Ainda que Dilma seja, obviamente, beneficiária indireta do modo como Lula construiu o governo, tem lá algumas exigências incompatíveis com aquela máquina de ineficiência e corrupção em que se transformou a pasta. Para o demiurgo tornado o ogro da democracia brasileira, isso é absolutamente irrelevante.

Há muito, desde o antiqüíssimo Caso Lubeca — pesquisem a respeito —, o petismo tenta demonstrar que a corrupção praticada pelo partido e por seus aliados tem um sentido moral diferente daquela eventualmente protagonizada por seus adversários. As lambanças petistas seriam imposições da realidade e buscariam sempre o bem comum; no máximo, admite-se que o partido faz o que todos fazem; censurá-lo, pois, seria evidência de preconceito. Esse juízo chegou ao paroxismo durante o mensalão. Muito bem! O PR não inovou seus métodos nos seis meses de governo Dilma; apenas continuou a praticar o que fez nos oito anos de governo Lula. Não por acaso, Valdemar Costa Neto foi um dos protagonistas do escândalo do mensalão. E com tal evidência que renunciou para não ser cassado. Carvalho, em nome de Lula, tenta segurar Pagot porque entende que o PR é parte da construção da hegemonia partidária. Os petistas deram dignidade à escória da política brasileira.

Como se desarma isso?
Como se desarma isso? Não tenho a pretensão de ter uma resposta definitiva. E acho que não há “a” ação eficaz. A vigilância da imprensa, como provou VEJA, é certamente um elemento poderoso. Os partidos de oposição têm de ampliar sua articulação com a sociedade, que se expressa cada vez mais nas chamadas redes sociais. A cada um de nós cabe denunciar a corja de vigaristas que, sob o pretexto de “mudar o Brasil”, transforma o país no reino da impunidade.

E, definitivamente, é preciso denunciar a ação deletéria do sr. Luiz Inácio Lula da Silva. É preciso cortar a cabeça dessa Górgona barbuda sempre disposta a justificar as piores práticas políticas e a petrificar o juízo crítico. Ele se tornou hoje o símbolo do desastre moral que é a administração pública do Brasil. Não por acaso, enquanto o governo Dilma se quedava ontem entre a paralisia e a evidência da corrupção desbragada, lá estava ele ontem confraternizando com os “governistas” da Fiesp, hoje um dos aparelhos rendidos ao lulo-petismo. Comemorando o quê?

A condição de Lula de chefe de um dos regimes políticos mais corruptos do mundo. Isso, como vimos, não será denunciando pelos “comunistas” da UNE, um cartório do PC do B, sócio do poder. Também não será denunciando pelos supostos “capitalitas” da Fiesp, um cartório dos que estão de olho, ou já os têm, nos empréstimos do BNDES a juros subsidiados ou em alguma exceção fiscal.

É assim que se faz da corrupção um método e quase uma metafísica.

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E aqui o complemento lógica da República Mafiosa do Brasil:

A Górgona barbuda quer transformar a herança maldita em maldição
Reinaldo Azevedo,19/07/2011

Notem que, aos poucos, a agenda de Lula vai sendo incorporada ao noticiário como pauta obrigatória: aonde ele vai, com quem fala, o que disse, quem foi atacado, quem o elogiou, os títulos que recebe, quem ele visita, encontros em palácios com governadores, agenda com prefeitos, reuniões com o seu partido, conversinhas com representantes da base aliada, palestras…

Não passa mais dia sem que saibamos da buliçosa vida de Lula. E olhem que 2012 ainda nem começou. Será ele o grande comandante do PT na disputa pelas Prefeituras.

Está, em suma, reencarnando sem nem ter desencarnado. Acho de uma irrelevância danada saber se ele combinou ou não os movimentos com a presidente Dilma Rousseff. Isso não tem a menor importância. Como ela não vai mesmo romper com ele e com o PT — ou não governa mais —, essa é uma questão vencida.

O fato é que Lula prepara o retorno daquele que não foi. Ninguém acredita que Dilma chegue em condições ótimas para disputar a reeleição em 2014. Segundo gente que freqüenta o ambiente palaciano, nem ela própria. Assim, ele perdeu o pudor de tomar o lugar dela como principal referência da política.

A Górgona barbuda já está em campanha. Quer transformar a herança maldita numa maldição.

terça-feira, 12 de julho de 2011

Um retrato perfeito do governo (atual e passado...)

Eu não preciso acrescentar nada. Absolutamente nada.
Talvez só uma pergunta:
Para que serve mesmo a ABIN? E o GSI?
Não seria para a salvaguarda dos princípios constitucionais e o bom funcionamento do Estado?
E quando o governo é o próprio delinquente, o que fazem esses órgãos do Estado?
Não precisam responder. Eu só estou perguntando para mim mesmo (e já sei a resposta...).
Paulo Roberto de Almeida

Reféns de Pagot
Ricardo Noblat - 11.7.2011| 8h02m

Quem tem medo de Luiz Antonio Pagot, Diretor do Departamento Nacional de Infra-Estrutura (Dnit) do Ministério dos Transportes, que a presidente Dilma Rousseff tentou afastar do cargo?

Pagot bateu o pé e não se afastou.

A Casa Civil da presidência da República achou melhor autorizá-lo a entrar de férias. O Congresso ouvirá Pagot esta semana.

O coração do governo bate acelerado. Pagot fazia parte do bando dos quatro auxiliares do ex-ministro dos Transportes, Alfredo Nascimento, desalojados dos seus postos por suspeita de envolvimento com irregularidades – licitações fraudulentas, contratos superfaturados, enriquecimento ilícito e cobrança de comissão para o PR.

Os outros três membros do bando acataram a decisão de Dilma.

Pagot, não - desafiou Dilma e venceu por ora. Voou para Cuiabá, onde tem casa. E ameaça jogar titica no ventilador.

É o que assombra Dilma, Lula, a quem Pagot deve o cargo, ministros e o PT, dono de uma das diretorias do Dnit.

Bem feito!

Quem mandou nomear um sujeito como Pagot para administrar um dos maiores orçamentos da República?

O Dnit tem para gastar R$ 17 bilhões somente este ano.

Pagot foi parar no Dnit em 2007 a pedido de Blairo Maggi, na época governador do Mato Grosso, de quem foi sócio e a quem serviu como secretário de Estado.

Na ocasião, o Ministério Público do Mato Grosso investigava um negócio suspeito feito entre Pagot quando era Secretário de Infra-Estrutura, e Moacir Pires, secretário de Meio Ambiente.

Empresa de Pires ganhou licitações na secretaria de Pagot. Dois anos antes, Pires havia sido preso pela Polícia Federal e denunciado por extração ilegal de madeira.

O negócio suspeito: Pagot admitiu à Justiça ter morado de graça durante 22 meses em um apartamento de Pires. Disse que levou quase três anos para comprar o apartamento a prestações. E que pagou por ele R$ 205 mil com dinheiro que guardava em casa. E que entregou o dinheiro em mãos de Pires. E, por fim, que não tinha recibo da transação.

Quer mais?

Entre abril de 1995 e junho de 2002, Pagot servira no Senado como secretário do senador Jonas Pinheiro (DEM-MT). No mesmo período era acionista e diretor da Hermasa Navegação da Amazônia, empresa do grupo empresarial de Blairo, com sede em Itacoatiara, a 240 quilômetros de Manaus.

Além de carecer do dom da ubiqüidade para estar ao mesmo tempo em Itacoatiara e em Brasília, separadas por 3.490 quilômetros, Pagot não poderia acumular a função de servidor do Senado com a de sócio de uma empresa privada, segundo a lei 8.112 que “dispõe sobre o regime jurídico dos servidores públicos civis da União”.

Crime de falsidade ideológica ocorre quando se omite “em documento público ou particular declaração que dele devia constar”.

Para trabalhar no Senado, Pagot omitiu que era sócio e trabalhava para Blairo. Quando precisou da aprovação do Senado para assumir o Dnit, omitiu no seu currículo que fora servidor do Senado.

Lula desconhecia o passado de Pagot quando o nomeou para o Dnit? E Dilma quando o manteve ali?

Que nada!

Antes de o Senado aprovar a nomeação, o passado de Pagot foi dissecado pelo senador Mário Couto (PSDB-PA) em inflamados discursos. Lula, primeiro, e Dilma depois, queriam, sim, agradar Blairo, que doou dinheiro para suas campanhas.

Como chefe da Casa Civil, Dilma monitorou de perto os ministérios com maior número de obras do Programa de Aceleração do Crescimento – e o dos Transportes era um deles. Lula disse que Dilma era melhor executiva do que ele.

Então pergunto: escapou a Dilma o que se passava nos Transportes?

De nada sabia? Nada mesmo?

Só acordou quando soube que a Polícia Federal colecionava provas da bandalheira e estava perto de agir? Foi quando disse que o ministério precisava de babás quando na verdade precisava de uma rigorosa faxina?

Pagot avisou aos interessados que eram colegiadas as decisões tomadas no Dnit. E que muitos contratos foram superfaturados para ajudar a pagar despesas da campanha de Dilma.

Será possível?

Por sua vez, Dilma mandou dizer ao PR que o ministério dos Transportes continuará sob o controle do... PR. E despachou emissários para acalmar Pagot.

Triste começo de governo. Mas coerente com o anterior.

sábado, 9 de julho de 2011

Voce viveria num pais desses?; o companheiro nao quer responder?

A presidente (ou presidenta, como ela prefere) mandou retirar alguns larápios do Ministério dos Transportes, mas demonstrou, por escrito, "total confiança" no chefe dos próprios, inclusive dando a ele a missão de "investigar" o ocorrido. O dito cujo acabou saindo e nos dois episódios foi a imprensa quem esteve na origem dos fatos políticos.
Em qual outro país a presidência da República, a mais alta chefia do Estado, é comandada pela imprensa?
Depois a presidenta continuou entregando o cargo ao partido dos larápios e até indicou um outro do bando para ocupar o cargo vago. Coube ao indigitado -- que talvez merecesse ser indiciado, em vista do que vai abaixo -- recusar o cargo, pois ele prefere, obviamente, ganhar mais em negócios com o Estado do que estar no Estado (uma chatice, ganha pouco e tem de ficar atendendo um monte de pedintes sequiosos de cargos e verbas públicas).
Em qual outro país, a chefa de Estado faz um convite apenas para ver declinado o convite pelo visado? Que processo decisório é esse? Que "inteligência" se move atrás de tais atos?
Confesso que não compreendo!
Ou melhor, eu compreendo que políticos sejam assim.
O que eu não compreendo é a ingenuidade de certas pessoas.
E o estômago que é preciso ter para conviver com certas coisas...
O companheiro não pretende comentar?
Paulo Roberto de Almeida

Empresa de Blairo Maggi é abastecida com dinheiro público
Jailton de Carvalho
O Globo, 9/07/2011

O Conselho Nacional do Fundo da Marinha Mercante, vinculado ao Ministério dos Transportes, aprovou em maio deste ano um financiamento de R$ 113,5 milhões para a Hermasa Navegação da Amazônia, empresa do grupo controlado pelo senador Blairo Maggi (PR-MT) - que foi sondado pela presidente Dilma Rousseff para assumir o cargo de ministro dos Transportes . O diretor do departamento que administra os recursos do fundo é Amaury Ferreira Pires Neto, indicado para o importante cargo pelo deputado Valdemar Costa Neto, secretário-geral do PR, partido do senador.

Segundo o líder do PR na Câmara, Lincoln Portela (MG), a generosa e milionária transação entre aliados do senador com o fundo teria sido um dos motivos que inviabilizaram a nomeação dele para o comando do ministério em substituição ao colega Alfredo Nascimento.

Nascimento deixou o cargo na quarta-feira, depois das denúncias de corrupção no Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit). Nesta sexta-feira, quando começaram a circular as primeiras informações sobre o generoso financiamento do Fundo da Marinha para a Hermasa, Blairo anunciou que não aceitaria o convite para comandar o Ministério dos Transportes.

Os vínculos entre aliados do senador e o negócio não se limitam a Valdemar e Amaury Ferreira. Um dos ex-diretores da Hermasa é Luiz Antonio Pagot, diretor afastado do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit). Antes de ser indicado por Maggi para comandar o Dnit, Pagot trabalhou por três anos na Hermasa.

Empresa de amigos de ex-ministro recebeu verba
O Fundo da Marinha Mercante é formado com recursos públicos e tem como finalidade o financiamento da renovação da frota naval do país. Como juros e condições de pagamentos são facilitadas, os financiamentos do fundo são um dos filões mais cobiçados por empresários do setor de transporte naval.

O Conselho do Fundo aprovou a liberação de R$ 40,9 milhões para projeto da Hermasa de comprar dois empurradores fluviais de 6.000 HP. Outros R$ 22,8 milhões para a compra de 15 barcaças grãos tipo box 2.000 e mais R$ 35,6 milhões para a aquisição de barcaças tipo racked 1.850. Também foram liberados mais R$ 4,2 milhões para a compra de um rebocador de 5.000 BHP. O conselho é presidido pelo secretário-executivo do ministério, Paulo Sérgio Passos, que hoje ocupa interinamente o cargo de ministro.

Procurados pelo GLOBO, Blairo e Amaury não retornaram as ligações. Um dos assessores de Valdemar Costa Neto disse que desconhece o caso do Fundo da Marinha Mercante. Mas diz que é um equívoco atribuir todas as indicações do PR ao deputado. Como secretário-geral do partido, ele seria signatário de todas as indicações da legenda, mesmo daquelas em que não participa diretamente.

Um dos problemas do ex-ministro Alfredo Nascimento também está relacionado ao Fundo da Marinha Mercante. O fundo liberou mais de R$ 8 milhões para a SC Transportes e Construções, empresa de um casal de amigos do ministro. No mesmo período dos pagamentos, a empresa repassou R$ 450 mil a Gustavo Morais, filho do ministro. Nascimento disse que a transação se referia a venda de um apartamento.

Voce gostaria de viver num pais assim? - reincidindo na pergunta ao companheiro...

A gente, que é honesta (pelo menos suponho que todos os que frequentam este espaço sejam pessoas honestas), sempre se surpreende com a desfaçatez de certos personagens, que não apenas se dedicam, essencial e integralmente, a assaltar o Estado, como não exibem a menor vergonha em confessá-lo.
Eu pelo menos fico estupefato como é que os políticos não têm nenhuma restrição moral, ou mental, em reconhecer que querem, sim, cargos no Estado, para organizar seu assalto tranquila e completamente.
Eu me pergunto como ter estômago para aguentar essas coisas, ditas assim naturalmente.
Eu até pergunto outra vez ao companheiro, que pretendia construir um Brasil sem corrupção, como é que ele consegue viver com tudo isso?
Não vai responder?
Paulo Roberto de Almeida

Costa Neto diz ter pedido a Dilma diretoria de banco
Agência Estado, 9.07/2011

Valdemar Costa Neto: "Precisávamos aumentar o espaço do bloco"
Deputado rompeu silêncio e deu entrevista a emissora de rádio em seu reduto eleitoral. Ele explicou que barganha era para abrir espaço no governo

O deputado federal Valdemar Costa Neto (PR-SP) revelou em entrevista a uma rádio de Mogi das Cruzes (SP), seu reduto eleitoral, ter usado o então ministro dos Transportes Alfredo Nascimento para pressionar a presidente Dilma Rousseff a entregar ao PR uma diretoria de banco estatal para obter o apoio do bloco liderado pelo partido no Congresso.

A entrevista foi concedida um dia antes de VEJA revelar a existência de um amplo esquema de corrupção no Ministério dos Transportes - que envolvia cobrança de propina por caciques do PR em troca da liberação de obras. O esquema era encabeçado pelo deputado Valdemar Costa Neto, que em 2005 foi obrigado a renunciar a uma cadeira na Câmara abatido pelo escândalo do mensalão. E também pelo ministro dos Transportes, Alfredo Nascimento, que deixou o cargo na esteira das denúncias.

Barganha - O deputado explicou que a barganha tinha como objetivo abrir espaço no governo para o bloco de partidos nanicos que compõem, com o PR, um grupo de 65 deputados no Congresso - o PR conta com 41 e PRB, PRTB, PT do B, PHS , PSL e PRP têm 24.

"O nosso ministro chegou na Dilma outro dia e falou: Olha, o Valdemar tá (sic) com um problema com o bloco. Ele fez o bloco, acertou com o (então ministro Antonio) Palocci pra aumentar o espaço do partido no governo. Nós (PR) já temos muito espaço. Mas precisávamos aumentar o espaço do bloco, porque são 24 deputados a mais", contou Costa Neto à Rádio Metropolitana AM, na sexta-feira da semana passada.

O deputado disse ter pedido uma diretoria na Caixa Econômica Federal ou no Banco do Brasil - nomeação que Dilma ainda não anunciou - para que prefeitos aliados possam liberar verbas federais mais rapidamente.

"O que eu quero? Uma diretoria na Caixa Econômica Federal, no Banco do Brasil, para quando o Bertaiolli (Marco Bertaiolli, prefeito de Mogi das Cruzes) precisar de algo coisa. Por exemplo, eu consigo empréstimo para Santa Isabel - de R$ 2 milhões - que o Helio Buscariolli (prefeito de Santa Isabel) está precisando. Ele precisa pavimentar a cidade. Mas eles não assinam com ele na Caixa. Eu tendo um diretor, sai na hora".

segunda-feira, 20 de junho de 2011

A maneira etica de fazer politica... (lavando atividades partidarias, literalmente...)

Bem, neste caso também, nunca deixarei de me surpreender com o novo partido da ética (podre) e da moral (torta). Não se pode, aliás, pedir algo a quem não tem a menor ideia do que o conceito significa, e mesmo que soubesse não se importaria o mínimo com sua adequação à realidade.
Como disse alguém, uma mentira revolucionária é muito mais valiosa (e como!) do que uma verdade reacionária...
Paulo Roberto de Almeida

Aloprado confessa: "O PT tentou forjar dossiê contra Serra. Mercadante pagou tudo"
Coluna do jornalista Políbio Braga, 20/06/2011

A oposição decidiu acionar mais uma vez a Polícia Federal e o Ministério Público Federal, desta vez para enquadrar o ministro Aloísio Mercadante como mandante da quadrilha dos Aloprados, contratada para forjar dossiê contra o ex-governador José Serra.

. A oposição quer a imediata demissão do ministro da Ciência e Tecnologia.

. A Polícia Federal já investigou o caso, confirmou tudo, mas não enquadrou Mercadante.

- Neste final de semana, a revista Veja publicou confissão de um dos membros da quadrilha do PT, o ex-diretor do Banco do Brasil, Expedito Veloso, que confirmou tudo. Ele confessou que Mercadante encarregou-o de encomendar um dossiê falso contra Serra. Ele contratou para isto os empresários Darci e Luiz Antonio Vedoin, que cobraram R$ 1,7 milhão para falsificar documentos e conceder entrevista denunciando falsamente José Serra. O presidente do PT, Ricardo Berzoini, integrou a quadrilha. O dinheiro saiu do PT e também do bolso do ex-governador Quércia.

CLIQUE AQUI para ler a reportagem de Veja.

No Mato Grosso, o PT forjou dossiê contra a candidata do próprio PT
Muita gente não prestou atenção ao fecho da reportagem deste final de semana de Veja, na qual o ex-diretor do Banco do Brasil, Expedito Veloso, conta que o PT forjou dossiê para atingir membros do próprio PT, no caso a senadora Serys Slhessarenko, do Mato Grosso.

. O próprio Expedido Veloso contou tudo à própria senadora, anos mais tarde. Serys perdeu a eleição para Blairo Maggi, que foi quem pagou os bandidos do PT. Ela confirmou o caso para a revista Veja.

sábado, 18 de junho de 2011

Um filme, dois cenarios, uma unica realidade...

Estou revendo, na TV, o primeiro filme da série The Goodfather (O Poderoso Chefão, em português), e acabo de ouvir a frase de um dos cappi da mafia, quando ele se dirige ao demais, reunidos pelo dito cujo:


"Don Corleone conseguiu controlar tantos juízes e políticos em Nova York. Ele devia compartilhar com todos nós..."

Mutatis mutandis, me parece algo aplicável em outros países também...

Alguns pretendem dizer que senadores e juízes não matam ninguém. Diferença sutil, talvez...

terça-feira, 14 de junho de 2011

Republica Mafiosa de Maua (mas vale para o Brasil tambem...)

Já postei muita coisa sobre essa tal de República Mafiosa, tudo sobre os procedimentos peculiares de certo partido...
Paulo Roberto de Almeida

O laranja-fantasma
Veja, 13/06/2011

A pequena foto no alto da página ao lado é um dos poucos registros que comprovam a existência de Gesmo Siqueira dos Santos, de 47 anos. Petista de carteirinha, ele é um híbrido de fantasma e "laranja". Não tem profissão definida, mas nada em dinheiro de origem desconhecida. Sócio ou ex-sócio de dezenas de empresas é dono de onze carros e comprador de 41 imóveis pagos à vista em uma década. Já foi alvo de 108 inquéritos policiais, a maioria por adulteração de combustível e fraude em documentos. Mais de trinta desses inquéritos viraram processos em São Paulo e produziram ordens judiciais para que ele fosse ouvido pelas autoridades. Mas os oficiais de Justiça dão um duro danado para encontrá-lo. Todos os endereços que constam em seus documentos são falsos. Investigado há uma década, prestou depoimento uma única vez - e sumiu. Na semana passada, Gesmo ganhou notoriedade nacional na esteira do caso Palocci. Ele "comprou" em 2005 o apartamento (hoje em nome de um sobrinho seu) de 640 metros quadrados e aluguel de 15000 reais em que vive a família do ex-ministro Palocci na capital paulista. Por tudo o que o seu currículo evidencia - e mais o que se pode, depreender dele -, é alarmante que o destino do petista Gesmo tenha "se cruzado com o do ex-ministro mais poderoso do governo Dilma.

Inquéritos da polícia e do Ministério Público mostram que Gesmo é um laranja profissional. Aparentemente, ganha a vida ocultando o patrimônio de clientes que não querem ter a fortuna revelada. Ele está no centro de um esquema criminoso e milionário de lavagem de dinheiro - que apenas começou a ser descascado. Uma investigação feita pela Delegacia de Investigações sobre Crimes de Lavagem de Dinheiro de São Paulo e pelo Grupo Especial de Repressão aos Delitos Econômicos, do Ministério Público paulista, revela que Gesmo tem sob seu domínio uma quadrilha de pelo menos quinze pessoas que emprestaram seu nome e CPF para o registro de 57 empresas (o tal sobrinho em cujo nome está hoje o apartamento em que vivem os Palocci seria mais uma dessas pessoas). Gesmo lava dinheiro de duas formas: simulando falsas operações imobiliárias e cometendo falcatruas que envolvem postos de combustível. Seu Modus operandi foi descoberto durante uma batida feita pela polícia em 2005 em seu escritório. Lá foram encontradas 22000 noras fiscais falsas, duplicadas ou pertencentes a empresas desativadas. Preenchidas com valores fictícios, simulavam vendas de combustível de distribuidoras para postos e de postos para consumidores. Por meio delas, Gesmo conseguia dar uma destinação contábil regular a valores de origem desconhecida. Além disso, ele adulterava o combustível dos postos de gasolina, o que lhe permitia "esquentar" dinheiro em cima de cada litro vendido. Gesmo tem um irmão, chamado Gildásio Siqueira Santos, que usa o mesmo esquema de postos para lavar dinheiro - com a diferença de que, ao contrário de Gesmo e de outras pessoas, pelo menos um entre seus clientes já foi identificado. É a facção criminosa paulista PCC. Conforme apurou o Ministério Público.

Os trambiques do fantasminha laranjão ocorreram especialmente no ABC paulista. Boa parte dos endereços falsos que ele apresenta é de Mauá, lugar que Gesmo conhece bem. Foi lá que, em 16 de abril de 1988, ele se filiou ao PT. O partido tem uma relação profunda com a cidade: além de ter sido uma das primeiras cuja prefeitura a legenda conquistou, ela foi palco de uma série de escândalos políticos e de corrupção protagonizados por petistas. No ano passado, o Ministério Público acusou a prefeitura do PT de ter participado de um esquema que desviou 615 milhões de reais dos cofres públicos. Foi também a partir de Mauá, em 2009, que o sigilo da filha do tucano e então presidenciável José Serra foi violado nas dependências da Receita Federal, por meio de procurações falsas fornecidas por um petista. O partido transformou Mauá num centro de malversações, malfeitos e maldades.

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E por falar em Brasil:

Lula promete ajuda para empresa que pagou por sua palestra
Bernardo Mello Franco
Folha de S.Paulo, 11/06/2011

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva prometeu ao presidente da Tetra Pak, Paulo Nigro, procurar autoridades do governo Dilma Rousseff para ajudar a empresa a reduzir impostos sobre embalagens de leite, informa reportagem de Bernardo Mello Franco na edição deste sábado da (íntegra disponível para assinantes do jornal e do UOL, empresa controlada pelo Grupo Folha, que edita a Folha).

Ele disse que falaria com o ministro Guido Mantega (Fazenda) para defender um pleito da multinacional: reduzir o ICMS cobrado por alguns Estados sobre as embalagens de leite longa vida.

O petista fez a promessa ao fim de uma palestra fechada para convidados da Tetra Pak, na noite de quarta-feira. Seu cachê neste tipo de evento é estimado em R$ 200 mil --ele não confirma o valor.

Desde que deixou a Presidência, no fim do ano passado, Lula tem alternado sua agenda entre palestras e reuniões políticas do seu partido, o PT, de qual voltou a ser presidente de honra.

sábado, 11 de junho de 2011

Da imoralidade fundamental na coisa publica

Do que se deduz da matéria abaixo, metade opinião, metade informação (mas esta é fundamental), o ministro extraordinário para assuntos ordinários só caiu porque a opinião pública, consultada discretamente pelo Palácio do Planalto, considerou que o tal ministro tinha extrapolado suas funções, para assumir, digamos assim, atividades extra-curriculares pelo menos obscuras e altamente lucrativas.
Se não fosse isso, a depender da presidente, do ex-presidente, do Procurador (!?) Geral (?!!!) da República (!), de todos os demais ministros, da classe política em geral e de metade do PT (apenas por razões de lutas clânicas, claro), ele continuaria exercendo seus talentos nas horas oficiais, nas horas vagas e nas horas extras, em triplo expediente de tarefas pouco republicanas.
O que mais me chocou na sua queda, e no momento da transmissão do cargo, foi vê-lo aplaudido como se fosse um herói da causa pública, e não um bandido que merecesse ser processado, como se ele tivesse sido expelido da cadeira palaciana por algum desentendimento qualquer, por intriga política, por injustiça da justiça (se houvesse), e não pelas trapaças que fez.
Inacreditável política brasileira, onde a imoralidade é a norma, onde a falta de ética é a ética fundamental desse pessoal. Roubar é preciso, pois faz parte dos comportamentos. Eis a nossa República.
Paulo Roberto de Almeida

CASA CIVIL
A linha muda numa tarde de domingo
Leandro Mazzini
Opinião e Notícia, 11/06/2011

Como uma pesquisa qualitativa derrubou o ministro, as surpresas de Temer e Lula, e o adeus ao 'Paloccinho'.

A visita de Hugo Chávez, presidente da Venezuela e financiador das FARC, ao Palácio do Planalto, há uma semana, não poderia ser pior momento para o então chefe da Casa Civil, e um acinte para o país inteiro ao ouvir o recado incentivador dele para um sorridente Antonio Palocci: “Fuerza! Fuerza!”. É o que diria Chávez a um brasileiro assalariado que não ganha R$ 6 milhões em poucas semanas para comprar um senhor apartamento?

Palocci é uma infeliz vítima dele mesmo, de sua ambição demasiada e da inescrupulosa vontade de esquecer que, apesar de o Brasil ser o que é, há avanços – principalmente contra a impunidade. E a população, junto à imprensa, está atenta. Não foi a oposição quem derrubou Palocci – Senadores e deputados adversários a cada dia mais se vendem às benesses de um bom relacionamento com o PT. Não foi a Justiça quem o defenestrou do cargo – o procurador-geral da República se fingiu de cego e não achou nada. Se a situação dependesse da presidente Dilma Rousseff, do ex-presidente Lula, dos opositores camaradas (nem todos, mas a maioria calou-se) e da Justiça, Palocci estaria agora no cargo rindo de tudo isso. Foi o povo quem o derrubou. O povo aliado à imprensa.

Não é uma tese, é um fato. Aqui uma revelação que confirma isso. Palocci soube que cairia no domingo (5) à tarde, quando recebeu o telefonema da chefe, direto do Palácio da Alvorada, com voz embargada porém decidida, “não dá mais”. A linha ficou muda por instantes. À sua frente, Dilma tinha o tracking (resultados de pesquisas qualitativas feitas com grupo de cidadãos selecionados) feito pela empresa que assessora o Palácio. Um baita resultado negativo. Os que assistiram à entrevista que se dizia “salvadora” e elucidativa do ministro na TV Globo não acreditaram em nada, ficou tudo pior para eles. Foi com base nessa pesquisa que Dilma decidiu tirar o subordinado.

Até terça-feira à noite, quando Palocci anunciava oficialmente sua saída através de uma nota oficial, muito aconteceu. O vice-presidente Michel Temer saiu bufando do gabinete da presidente ao saber por ela da troca de Palocci por Gleisi Hoffmann. Não fora consultado para nada. Do outro lado da linha numa ligação, Lula soltava seu desabafo incomodado, não gostara da indicação de Gleisi (por ele, Palocci ficava até o fim). Esses dois eventos deixaram claro o que muitos tinham em dúvida: Dilma manda ou não no seu governo. Agora, sim, manda, imprimi sua marca.

Dilma tomou uma decisão dura, para ela mesma. Palocci continuará rico, com um bom saldo na conta por suas consultorias, e em algum lugar do país. A Dilma, fica um grande vazio no Palácio do Planalto. Palocci era a sua base diária de percepção de poder e de política. Ela não fazia uma reunião sem a presença dele.

No dia da despedida oficial de Palocci, após palmas, Dilma soltou para um aliado: “Ai meu Deus, perdi meu Paloccinho”.

Mas o país ganhou. Pela moralidade. Por ora. Falta muito o que alcançar nesse quesito.