O mundo gira, a Lusitana roda, e o PT se desmente. Anos atrás, os companheiros pregavam o calote das dívidas (interna e externa), o rompimento com o FMI, a taxação dos movimentos de capitais (seguindo nisso os franceses da ATTAC) e outras medidas consideradas "progressistas", populares, anticapitalistas, ou seja lá o que for.
Agora, no G20, o Brasil recusa taxar banqueiro, e quem sabe até saiu em defesa dos banqueiros.
Como é que o governo dos companheiros e dos trabalhadores sai por aí defendendo os interesses de capitalistas da pior espécie, aqueles justamente mais comprometidos com a "financeirização" da economia (seja lá o que isso queira dizer)?
Como é que chegamos a esse ponto? Logo eles???!!!
O ministro brasileiro, nessa reunião do G20 de Toronto, nada disse sobre a taxação dos fluxos de capitais, mas, contrariamente a seus antigos companheiros (e o que ele mesmo dizia alguns anos atrás), ele agora deve ser contra.
" -- Taxar banqueiro? Só se passarem por cima do meu cadáver!"
Bem, não vamos exagerar, mas é algo do gênero. O governo mais "social" desde Cabral, está em ótimas relações com banqueiros e capitalistas em geral.
Mas, então, como vão fazer a tal de redistribuição de renda? Só em cima da classe média?
Vivendo e aprendendo...
Mas, se o ministro elogia as medidas tomadas pelos países desequilibrados -- Grécia, Espanha e Portugal -- ele podia adotar medidas semelhantes -- cortes de gastos, de salários, de pensões, eliminação de cargos públicos, privatizações, congelamento de salários e benefícios, aumento de impostos -- para evitar que o Brasil também fique desequilibrado (embora não seria por falta de impostos). Todos esses países estão fazendo reformas previdenciárias, já que estão com fortes déficits no setor. Parece que o Brasil só tem superávit nessa área...
Paulo Roberto de Almeida
Brasil contra taxa dos bancosCorreio Braziliense, 28/06/2010
Toronto, Canadá — Representando o Brasil nas reuniões do G-20, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse que a consolidação da economia mundial não pode custar o esforço e a penalização dos países emergentes. “Os países exportadores não podem fazer os ajustes às nossas custas”, disse ele. “Não sou contra os ajustes, mas é desejável que os países emergentes não carreguem nas costas a retomada do crescimento (econômico)”, sugeriu.
Determinado a ampliar o espaço nas discussões econômicas mundiais, o Brasil assumiu opiniões divergentes das defendidas por Estados Unidos e União Europeia. Como os norte-americanos, o governo brasileiro prega que a crise econômica seja combatida com corte de gastos, desde que não se restrinjam as medidas de estímulo à retomada do crescimento. Ao contrário de Estados Unidos e Europa, no entanto, o Brasil não quer a taxação dos bancos e espera a reformulação do Fundo Monetário Internacional (FMI).
Segundo o ministro, é possível consolidar o setor financeiro com corte de gastos públicos e a adoção de políticas de estímulo ao consumo. De acordo com Mantega, o Brasil é “bastante assertivo” nessa defesa e não aceita recuos. Mas na declaração final, o G-20 não se furtará a recomendar a taxação dos bancos, embora nenhum dos países do grupo seja obrigado a seguir. O Brasil integra a ala dos países contrários à medida.
Missão cumpridaMantega disse que o Brasil e outros países emergentes cumpriram a lição de forma correta, garantindo ações internas que impediram a contaminação pela crise. O ministro reiterou que são os países emergentes que estimulam o crescimento mundial, exercendo o papel de “puxadores” da economia. “Os países avançados é que estão retardando o crescimento econômico”, afirmou.
E aproveitou para elogiar as últimas medidas adotadas pelos governos da Grécia, da Espanha e de Portugal para combater os efeitos da crise e impedir o agravamento da situação. Segundo ele, essa reunião do G-20 ocorre em um momento melhor do que há alguns meses. “A economia mundial está se recuperando, mesmo na União Europeia há recuperação”, analisou.