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Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

sábado, 29 de junho de 2013

Humor marquissista para encerrar noite com alguns sorrisos

Eu já resenhei um livro desse portento dos fricotes filosóficos da Fefelech: posso garantir a vocês, foi duro terminar.
Agora uma gozação desse jornalista odiado por gregos e goianos do marquissismo tupiniquim.
Paulo Roberto de Almeida 
Paulo Arantes é um professor de aposentado de filosofia socialista. O que é isso? Não sei. Como Marilena Chaui, ele se quer marxista mesmo, de verdade, do tipo que acredita no socialismo — mas com liberdade, é evidente, menos, suponho, para recalcitrantes. Por isso, migrou do PT para o PSOL. Marilena continua na nave-mãe.  É este senhor aqui, ó.

Já está com 71 anos. Fez parte da geração uspiana que achou que os petistas iriam fazer a revolução — sem sangue se possível; com ele, se necessário, porque vocês sabem como esses brasucas são teimosos e insistem em não reconhecer o valor daqueles que querem libertá-los. Arantes passou 20 anos na USP pregando a chegada do PT ao poder e, desde 2003, é um crítico do partido porque acha que ele não teve coragem de ir à esquerda o bastante.
A gente pensa num senhor de 71 anos e o imagina se comovendo com o sorriso de uma criança, de um netinho, mesmo sem perder o rigor intelectual. Nada disso! Com Arantes, nem rigor nem sorriso. Ele agora resolveu imitar Jean-Paul Sartre nas jornadas de Maio de 1968, na França, quando havia se convertido a uma seita maoista e distribuía o jornal “La Cause du Peuple” (“A Causa do Povo”). O povo não tinha a menor ideia do que eles falavam. Tanto é assim que, ao fim das jornadas, quem se elege presidente da França, em 1969, é o conservador George Pompidou. Vejam estas imagens. Volto em seguida.

Aos 63 anos, um pouco mais jovem do que Arantes, Sartre se junta aos maoistas e passa a pregar a revolução. De Gaulle, um direitista decente, deu ordens para que não o metessem em cana: “Não se pode prender Voltaire”, exagerou. A direita sempre tão generosa com essa gente… Se pudessem, eles teriam prendido De Gaulle


Duas páginas do jornaleco maoista que faz a exaltação da luta violenta, mais ou menos como temos visto Brasil afora. Acima, lê-se: “Alain Geismar nos mostra o caminho da honra”. O caminho, como se vê, é o confronto. Geismar se tornou depois uma figura influente do Partido Socialista Francês e chegou ao Ministério da Educação
A exemplo do filósofo francês — que, à época, já havia conquistado fama mundial —, Arantes, em busca ao menos da fama municipal ao menos, decidiu, nesta quinta, dar uma aula em praça pública sobre “passe livre”. É constrangedor.
Um grupo de umas 300 pessoas acompanharam a cascata do Sartre caipira, em frente à Prefeitura. Também falou Lúcio Gregori, que foi secretário de Luíza Erundina quando prefeita e defendia a tarifa zero. Ele só não explicou por que ele próprio não a implementou, mas acredita que outros podem fazê-lo. Arantes, que tem uma formação intelectual respeitável, não quer mais saber de filosofia faz tempo. Quer ação. Já há alguns anos, seus textos, pra lá da linha do compreensível — não porque falte inteligência ao leitor, mas porque falta objeto ao autor —, insinuam que a reflexão é só uma modo de procrastinação. Esse portento revolucionário que vocês veem lá no alto quer é luta, ação.
O evento teve o apoio do Passe Livre, que trabalha, não custa lembrar, em parceira com o PSOL e outras legendas de extrema esquerda. Assim como Sartre admirava Daniel Cohen-Bendit (o Ruivo), um dos líderes da revolta estudantil de Maio de 68, Arantes tenta, digamos assim, se alimentar da juventude dos coxinhas radicais do Passe Livre.

Daniel Cohen-Bendit, o ruivo maoista de Jean-Paul Sartre

Matheus Preis, o loirinho passe-livrista de Paulo Arantes
A história, claro, não se repete, mas as comédias costumam ter semelhanças estruturais. Em 1968, Cohen-Bendit — que a imprensa chamava de “Dany, Le Rouge” (“Dani, o Vermelho, porque de extrema esquerda e porque ruivo) — subiu num grande leão de Bronze na praça Denfert-Rochereau (imagem abaixo), para liderar uma grande passeata. E convocou todas as correntes que estavam na rua: trotskistas, maoistas, socialistas moderados… E emendou: “A canalha stalinista vai para o fim do cortejo”, deixando clara a hostilidade à esquerda tradicional. O Partido Comunista da França retirou o apoio aos protestos depois de algum tempo porque eles se voltaram também contra a esquerda tradicional.

Assim, não me peçam para rir de uma comédia a que já assisti. Não me peçam para rir de uma farsa que estruturalmente se repete. O fato de o Passe Livre criticar também os petistas não me comove — porque se trata de uma crítica feita pela esquerda. Hoje, usam a catraca como símbolo porque isso é parte de uma estratégia de luta. Eles mesmos confessam que o transporte é apenas o instrumento de “superação do capitalismo”.
Eu não acho que o capitalismo corra risco por causa desses bananas. Mas acho um absurdo que se sintam no direito de infernizar a vida de milhões de pessoas com sua “utopia” aloprada, que, de resto, vai acabar punindo os mais pobres.
Paulo Arantes e outros babões de sua estirpe fracassaram no exercício do ódio como instrumento de pensamento. E agora tentam reunir o que lhes resta de seiva supostamente revolucionária para fazer da catraca um instrumento de mudança do mundo. Espero que não comece a aparecer em público com o elástico da cueca à mostra. Nunca sei qual é o limite dessa gente.
É patético! Chegou ao Brasil, reitero, o pensamento de alguns neomarxistas que asseguram que o grande inimigo da “liberdade” não é o mais o capitalismo, mas a democracia representativa. E parte da imprensa, pondo uma corda no próprio pescoço, comprou essa causa!

sexta-feira, 28 de junho de 2013

Marx contra os marquissistas e os keynesianos de botequim (e os de clube de ricos também)

Quando Marx refutou Keynes e os atuais marxistas
por , Instituto Von Mises Brasil, segunda-feira, 27 de maio de 2013

 

marx1.pngMarxistas, social-democratas e demais defensores do intervencionismo estatal sempre afirmaram que determinados setores da economia — principalmente saúde, educação e segurança, mas também o setor elétrico e de telecomunicações — não podem ficar por conta do livre mercado e da livre concorrência porque a ganância e a busca pelo lucro não apenas são incompatíveis com tais setores, como também levariam a preços absurdamente caros, o que prejudicaria principalmente os mais pobres.
Já os economistas seguidores da Escola Austríaca sempre afirmaram categoricamente que é justamente a busca pelo lucro em um ambiente sem protecionismos, sem privilégios, sem agências reguladoras e sem subsídios o que gera serviços da alta qualidade e preços baixos.
E a explicação é simples: como empresários, no geral, não gostam de concorrência, eles sempre se mostram ávidos por fazer lobby e utilizar o poder estatal em seu próprio interesse com o intuito de banir a concorrência e solidificar sua posição de domínio.  Eles conseguem isso por meio de tarifas protecionistas, subsídios e agências reguladoras que cartelizam o mercado e impedem a entrada de concorrentes.
Já o livre mercado, arranjo em que não há protecionismo, subsídio e agências reguladoras, é um sistema em que são os consumidores que controlam os empresários.  No livre mercado, as empresas não têm opção: ou elas servem o consumidor de maneira eficaz ou elas fecham as portas.  E servir o consumidor de maneira eficaz significa estar sempre ofertando bens e serviços de qualidade crescente a preços cada vez menores.
É justamente o governo — com seus subsídios, privilégios especiais (como tarifas protecionistas e execução de obras públicas com empreiteiras privadas) e restrições à concorrência (por meio de agências reguladoras e exigências burocráticas) — quem promove monopólios e oligopólios, e consequentemente preços altos e serviços de baixa qualidade.  Sendo assim, se você quiser serviços de qualidade a preços cada vez menores, você tem de defender o livre mercado.
Sabe quem concorda com tudo isso?  Ninguém menos que Karl Marx.  Não deixa de ser curioso constatar que Marx entendeu perfeitamente essa realidade.  Mais ainda: ele foi explícito em demonstrar isso.  No quesito "efeitos benéficos da livre concorrência", Marx concorda com os austríacos e discorda de todos os atuais marxistas e demais intervencionistas.  Veja o que ele escreveu logo nas páginas iniciais do Manifesto Comunista:
A burguesia, pelo rápido melhoramento de todos os instrumentos de produção, pelas comunicações infinitamente facilitadas, arrasta todas as nações, mesmo as mais bárbaras, para a civilização. Os preços baratos das suas mercadorias são a artilharia pesada com que deita por terra todas as muralhas da China, com que força à capitulação o mais obstinado ódio dos bárbaros ao estrangeiro. Compele todas as nações a apropriarem o modo de produção da burguesia, se não quiserem arruinar-se; compele-as a introduzirem no seu seio a chamada civilização, i. é, a tornarem-se burguesas. Numa palavra, ela cria para si um mundo à sua própria imagem.
Em suma: além de creditar à burguesia e aos seus instrumentos de produção — isto é, ao sistema de lucros e prejuízos — a façanha de retirar nações da barbárie e levá-las à civilização, Marx afirma categoricamente que o modo de produção burguês — que nada mais é do que a busca pelo lucro — gera mercadorias a preços baratos.  E não apenas isso: ele afirma que o sistema de lucros e prejuízos compele todas as nações a adotarem este modo de produção, sob pena de se arruinarem por completo caso não o façam.
Ou seja, o real problema dos atuais marxistas e demais intervencionistas que se dizem contrários a serviços de saúde, educação, segurança, energia e telecomunicações serem ofertados em um ambiente de livre concorrência, pois seriam caros e inacessíveis para os pobres, é que eles certamente não leram Marx.  Se leram, não entenderam.  Marx entendeu perfeitamente que a busca pelo lucro sob um arranjo de livre concorrência leva ao barateamento dos produtos e serviços, e que tal barateamento é "a artilharia pesada com que [o sistema de lucros] ... compele todas as nações a apropriarem o modo de produção da burguesia [e se tornarem civilizadas], se não quiserem arruinar-se."
Ao contrário dos marxistas atuais que defendem a estatização de vários serviços sob o argumento de que isso reduziria seus preços, Marx entendeu que é a busca pelo lucro o que realmente derruba os preços, e não a estatização destes serviços.
Como se não bastasse, Marx também disparou um petardo contra keynesianos defensores de estímulos fiscais e de políticas de endividamento estatal.  Marx zombou o keynesianismo antes mesmo de este sistema ter sido criado — algo possível porque não havia absolutamente nada de original nas ideias de Keynes.
Eis o que escreveu Marx em O Capital, capítulo 24, seção 6, "A Gênese do Capitalista Industrial":
A única parte da chamada riqueza nacional que realmente está na posse coletiva dos povos modernos é a sua dívida pública.  Daí ... a doutrina moderna de que um povo se torna tanto mais rico quanto mais profundamente se endividar.  A dívida pública torna-se o credo do capital.  E, com o surgir do endividamento do Estado, vai para o lugar dos pecados contra o Espírito Santo — para os quais não há qualquer perdão — o perjúrio contra a dívida do Estado.
Como com o toque da varinha mágica, [a dívida pública] reveste o dinheiro improdutivo de poder procriador e transforma-o assim em capital.  ... [Mas] a moderna política fiscal... traz em si própria o germe da progressão automática. A sobretaxação não é um acidente, mas sim um princípio.
Conclusão
Eis, portanto, as duas crenças que um genuíno seguidor de Karl Marx deve apresentar: a busca pelo lucro em um ambiente de livre mercado gera redução de preços, e políticas fiscais keynesianas, além de serem um método de escravização, fazem com que dinheiro improdutivo seja ilusoriamente visto como capital gerador de riqueza.  Mais ainda: segundo Marx, criticar o endividamento do estado passou a ser visto pelos defensores da gastança estatal como um ato equivalente a uma blasfêmia contra o Espírito Santo.
Logo, se você é um marxista defensor dos pobres e quer que eles tenham acesso a bens e serviços de qualidade a preços baixos, você tem de defender o livre mercado.  Se você defende que o povo tenha poder sobre as empresas, você tem de defender o livre mercado.  E se você é contra a escravização do povo pelas elites financeiras, você tem de defender que os gastos do governo sejam restringidos ao máximo. 
Agora, se você defende que o governo regule o mercado e gaste demasiadamente, você estará defendendo os interesses das grandes empresas e das elites financeiras, e estará defendendo que elas tenham privilégios sobre os pobres e que elas os oprimam com a abolição da concorrência, com preços altos e com serviços precários.
Palavras de Marx.

Leandro Roque é o editor e tradutor do site do Instituto Ludwig von Mises Brasil.

O Brasil enlouqueceu e vai recuar muito, gracas a politicos demagogos e mediocres - Leandro Roque

O título acima é meu, mas acho que traduz perfeitamente o sentido deste longo artigo de Leandro Roque. Manifestações de rua se prestam a qualquer coisa, algumas sensatas, outras altamente delirantes. Por enquanto ganham estas últimas, não por que sejam mais factíveis, mas porque encontraram políticos medíocres, populistas, demagogos, incompetentes, eu diria até irresponsáveis, no limite da criminalidade econômica, que aproveitam para atender alguns dos slogans mais malucos -- como forma de garantir seu voto no ano que vem -- e vão precipitar o Brasil numa crise profunda, lenta e vergonhosa, feita de decadência econômica e surrealismo político.
Claro, no meio dessas manifestações, tem sempre aquelas pessoas de boa vontade, geralmente ingênuas economicamente, mas que estão exasperadas com a falta de segurança, com a desfaçatez dos mesmos políticos medíocres, que querem um país decente, livre da corja de bandidos que o tem assaltado continuamente, sem corrupção, com segurança, sem inflação, com honestidade, sem oportunismo e sem mentiras, com boa fé e responsabilidade, e que manifestam sua indignação com tudo o que vêem no cenário político.
Tem também os energúmenos de alguns movimentos surrealistas, que pensam que vão derrubar o capitalismo, e, como não poderia deixar de ser, tem os vândalos e criminosos profissionais, que estão ali para quebrar um pouco e roubar o que der. Inclusive jovens no geral bem comportados acabam se juntando aos vândalos no calor da hora: turbas desenfreadas agem como certas torcidas de futebol, ficam cegas e desembestadas, no limite da selvageria.
Do outro lado, tem a polícia emasculada e a imprensa abobalhada, feita de "profissionais do jornalismo", no limite do analfabetismo funcional.
Pronto, está aí a receita para nossa lenta decadência, permeada de gestos medíocres e oportunismos desonestos, como o de certo personagem, que acredita poder voltar triunfalmente graças ao caos que ele mesmo alimenta e estimula. Pelo que vejo, acho que vai ser difícil recuperar no curto e médio prazo, inclusive porque a dita oposição é absolutamente medíocre, inconsciente, inconsequente e impotente (fui claro?).
Desculpem o pessimismo, mas ao ver e ouvir tanta baboseira brotando de todas as partes, impossível não ser realista. Fiquem com um bom ensaio sobre nossa pior hora de loucuras coletivas.
Vou sublinhar apenas minhas poucas discordâncias com este excelente artigo.
Não concordo, por exemplo, em que "Já a depredação de patrimônio público recebe uma punição mais severa e o arruaceiro de fato pode ir para a cadeia.  Tal inversão de valores é digna de países de mentalidade coletivista."
Concordo inteiramente com a inversão de valores: esse é o resultado de anos, décadas, de educação à la Paulo Freire, a esse esquerdismo vulgar e mentiroso que prega contra o capitalismo, e que contamina sobretudo alguns juízes que pensam fazer justiça com suas próprias mãos (e patas). Mas vejo que grupelhos neobolcheviques como o MST podem depredar propriedade pública e privada à vontade, que nada lhes acontece: podem invadir o Congresso, os ministérios, as sedes do INCRA (dominado por outros malucos), que ficam impunes...
Também não acho que "Neste ponto, como é de praxe na América Latina, pode ocorrer um golpe de estado.  O governo é derrubado e uma junta militar assume o controle."
Não acredito que tenhamos condições, pelo menos no Brasil, para esse tipo de aventura caudilhesca ou militarista. Isso passou, e as FFAA vão sofrer, como o conjunto da classe média, a erosão da autoridade, da legitimidade, da moralidade, vão padecer do aumento da criminalidade, da roubalheira generalizada, da decadência do país, sem ter condições de atuar fora dos quadros institucionais. Eventualmente lideranças mais responsáveis assumirão o comando político da nação, mas o desgaste e o retrocesso já terão sido fatais para o futuro do país.
Vamos continuar nos arrastando duramente pelas trilhas escarpadas da História, avançando um passo e recuando dois, caindo e levantando, com imensas dificuldades.
Não sou pessimista. Apenas já vi esse mesmo filme antes, mais ou menos 50 anos atrás...
Paulo Roberto de Almeida

O brasileiro foi às ruas e gostou - mas continua sem entender nada
por , Instituto Von Mises Brasil, sexta-feira, 28 de junho de 2013



brasil.jpgApós mais de duas semanas de protestos diários nas ruas, já é possível fazer uma análise mais acurada das motivações das pessoas envolvidas nas manifestações. 
Até o momento, há dois grupos envolvidos.  Um grupo é formado por pessoas que fazem reivindicações as mais diversas e opostas possíveis: há desde libertários pedindo redução de impostos, livre concorrência e desregulamentações a grupos comunistas pedindo a estatização geral do transporte público.  Há grupos que fecham estradas pedindo a construção de viadutos, a instalação de lombadas eletrônicas e o barateamento do sistema de transportes, e há grupos que fecham avenidas exigindo maiores salários para professores e médicos, e mais recursos direcionados para a saúde e a educação.  Há estudantes universitários pedindo mais bolsas e um maior valor para as bolsas, e há professores universitários querendo que seus salários sejam equiparados aos dos professores das "universidades de ponta".  Há alienados que manifestam apenas pelo prazer de segurar um cartaz e gritar refrãos bacanas e há espertalhões que utilizam estes alienados para aumentar o coro em prol de suas reivindicações.
A esmagadora maioria clama pelo "fim da corrupção" e por mais e melhores serviços públicos, o que inclui "transporte público, gratuito e de qualidade", o que é equivalente a um círculo triangular.  E, até o momento, a vitória tem estado majoritariamente do lado estatista: os governadores do Rio Grande do Sul (Tarso Genro, do PT) e de Goiás (Marconi Perillo, do PSDB) acabam de anunciar o passe livre estudantil, o que significa que os pobres agora pagarão pelo transporte de universitários.  Já o senador Renan Calheiros, ávido por melhorar sua reputação perante a esquerda estudantil, foi ainda mais longe e aprovou em regime de urgência a votação da proposta de passe livre estudantil para simplesmente todo o país.  Basta o Senado aprovar e a estrovenga estará implementada.  O PLS 248/2013 "assegura gratuidade no sistema de transporte público coletivo local a estudantes do ensino fundamental, médio ou superior regularmente matriculados e com frequência comprovada em instituição pública ou privada."
Antes disso, a Comissão de Constituição e Justiça do Senado já havia aprovado uma PEC que classifica o transporte como um "direito social".
O outro grupo é formado por arruaceiros — que são formados por marginais oriundos de todas as partes do país — que estão ali apenas pelo prazer de vandalizar e destruir propriedade privada.  O ocorrido na quarta-feira passada em Belo Horizonte foi sintomático: várias concessionárias de veículos foram saqueadas, incendiadas e completamente depredadas, levando a uma perda total de estoques.  Uma revendedora de motos foi invadida e, não conseguindo roubar as motos, os arruaceiros optaram por incendiá-las nas ruas.  (Veja as imagens a partir do marco 2:00).  Em Porto Alegre, além de dois prédios públicos, dois prédios residenciais, nove agências bancárias e 21 lojas foram depredadas e saqueadas, e 20 contêineres de lixo foram virados e incendiados.  Atos semelhantes ocorreram nas manifestações de todas as capitais do país.
Quanto a este segundo grupo, não há nenhuma controvérsia sobre o que deve ser feito.  Dado que o governo existe e dado que ele é uma instituição que detém o monopólio da violência, então sua função precípua é utilizar esta violência para defender o indivíduo e a propriedade privada de ataques violentos.  Logo, a polícia deve ser completamente liberada para ministrar punição instantânea a estes arruaceiros.  Mas isso não irá ocorrer porque nossa Constituição socialista não considera que danos à propriedade privada sejam crimes sequer dignos de encarceramento.  No Brasil, se você vandalizar um carro ou destruir uma agência bancária ou uma concessionária de veículos o máximo que irá lhe ocorrer será a prestação de serviços comunitários ou o pagamento de algumas cestas básicas.  Já a depredação de patrimônio público recebe uma punição mais severa e o arruaceiro de fato pode ir para a cadeia.  Tal inversão de valores é digna de países de mentalidade coletivista.  A devoção à inviolabilidade da pessoa e da propriedade privada não faz parte do nosso sistema de valores.
Os motivos das manifestações
Mas a intenção deste artigo não é se concentrar nos arruaceiros, mas sim nos motivos que levaram as pessoas às ruas para fazer reivindicações.  E o fato é que quem acompanha nossos artigos sobre a economia brasileira aqui no IMB não deveria estar surpreso com as reivindicações, mesmo com aquelas que involuntariamente clamam por mais estado.  Tudo está ocorrendo exatamente como explica a teoria dos ciclos econômicos.
Há duas grandes motivações que estão levando as pessoas às ruas: uma é de cunho econômico e a outra é de cunho emocional.  Só que ambas são interligadas.
O período que vai de 2007 até meados de 2011 foi mágico para a economia brasileira.  Mesmo a recessão de 2009 — que foi curta pelos motivos explicados aqui — não abalou em nada a confiança do brasileiro de que o futuro finalmente havia chegado, que o país deixaria de ser uma eterna promessa, e que o gigante finalmente estava desperto. 
Ledo engano.  Tudo não passava de um truque possibilitado pela expansão artificial do crédito, algo com o qual o brasileiro ainda não estava acostumado.  A expansão artificial do crédito não gera prosperidade, mas sim uma enganosa aparência de pujança.
No nosso atual sistema monetário e bancário, quando uma pessoa ou empresa pega empréstimo, os bancos criam dinheiro do nada (na verdade, meros dígitos eletrônicos), emprestam este dinheiro e cobram juros sobre eles.  Ou seja, todo esse processo de expansão de crédito nada mais é do que um mecanismo que aumenta a quantidade de dinheiro na economia.   Esse aumento da quantidade de dinheiro na economia faz com que, no primeiro momento, haja uma grande sensação de prosperidade.  A renda nominal aumenta, os investimentos aumentam, o consumo aumenta e o desemprego cai.
A sensação vivenciada pelas pessoas durante essa fase de prosperidade artificial é maravilhosa: a renda nominal das pessoas cresce anualmente; investidores se animam ao ver que o valor de suas ações cresce diariamente; as indústrias de bens de consumo conseguem vender tudo que põem no mercado e a preços crescentes; os estoques das empresas são prontamente vendidos; apartamentos são vendidos ainda na planta; novos empreendimentos são continuamente iniciados; carros zero são vendidos aceleradamente; novos restaurantes e novas lojas são inaugurados diariamente; os preços e os lucros sobem mensalmente; trabalhadores encontram empregos a salários nominais cada vez maiores; restaurantes estão sempre cheios e com longas listas de espera apenas para arrumarem uma mesa; trabalhadores e seus sindicatos veem o quão desesperadoramente empresários estão demandando seus serviços em um ambiente de pleno emprego, aumentos salariais e (nos países mais ricos) imigração; líderes políticos se beneficiam daquilo que parece ser uma economia excepcionalmente boa, a qual eles venderão ao eleitorado como resultado direto de sua liderança e de suas boas políticas econômicas; burocratas responsáveis pelo orçamento do governo ficam impressionados ao descobrir que, a cada ano, a receita está aumentando em cifras de dois dígitos.
Porém, tal arranjo não pode durar.  Há um enorme descoordenação entre o comportamento dos consumidores e dos investidores.  Os consumidores seguem consumindo sem a necessidade de poupar, pois a quantidade de dinheiro na economia aumenta continuamente, o que torna desnecessária qualquer abstenção do consumo.  E os investidores seguem aumentando seus investimentos, os quais são totalmente financiados pela criação artificial de dinheiro virtual feita pelos bancos e não pela poupança genuína dos cidadãos.  Tal arranjo é completamente instável.  Trata-se apenas de uma ilusão de que todos podem obter o que quiserem sem qualquer sacrifício prévio.
No Brasil, os indivíduos intensificaram seu endividamento para poder consumir, na crença de que a expansão do crédito continuaria farta e que sua renda futura continuaria aumentando, o que facilitaria a quitação destas dívidas.  Já as empresas embarcaram em investimentos de longo prazo estimuladas tanto pela expansão monetária coordenada pelo Banco Central (o que fez com que os investimentos se tornassem mais financeiramente viáveis) quanto pela expectativa de que o aumento futuro da renda possibilitaria o consumo dos produtos criados pelos seus investimentos. 
No entanto, este aumento do endividamento também trouxe um aumento nos calotes, o que deixou os bancos mais cautelosos em continuarem expandindo o crédito.  E os bancos estarem mais cautelosos significa menor expansão da quantidade de dinheiro na economia (como mostram os gráficos deste artigo).  Consequentemente, a taxa de crescimento da quantidade de dinheiro na economia brasileira começou a desacelerar, o que levou a uma estagnação da renda nominal das pessoas.  Isso fez com que o modelo de crescimento baseado na simples expansão do crédito se esgotasse.
No entanto, os preços continuaram subindo, tanto em decorrência de toda a expansão monetária que já havia ocorrido quanto pela súbita desvalorização da taxa de câmbio ocorrida em 2012 e intensificada agora em 2013, o que tornou as importações mais caras e as exportações mais atraentes.  Uma combinação entre menos importações e mais exportações reduz a oferta de bens no mercado interno, o que gera uma pressão nos preços destes bens.
Esse arranjo que combina renda nominal estagnada, preços em contínua ascensão e endividamento (e inadimplência) em alta está gerando não apenas uma enorme sensação de aperto financeiro nos brasileiros, como também trouxe uma grande frustração a estas pessoas.  Aquela economia que outrora parecia invejável e rumo a um futuro auspicioso repentinamente estagnou-se, perdeu todo o seu brilho e, agora sem essa camuflagem, explicitou toda a sua realidade: infraestrutura caótica, serviços públicos marfinenses, inflação de preços sempre acima da meta do Banco Central (meta esta que já é alta até mesmo entre países em desenvolvimento), endividamento crescente, renda estagnada e famílias cujos salários mal chegam ao final do mês.
010210-istoe.jpgUm perfeito exemplo de como uma expansão econômica artificial mexe com o psicológico e com o senso de realidade das pessoas nos foi fornecido por esta capa da revista IstoÉ, de 6 de janeiro de 2010, na qual o hebdomadário dizia que já éramos uma potência:
Segundo a reportagem:
"O Brasil está conseguindo o raro feito de extrair opiniões quase unânimes mundo afora. São poucos, pouquíssimos, os economistas que ousam discordar de que o País entrou em um ciclo de desenvolvimento sustentado. E mais: são ainda mais raros aqueles que duvidam da capacidade de o Brasil se tornar uma das maiores potências econômicas do planeta em um par de dezena de anos."
Dentre os "poucos, pouquíssimos, economistas que ousam discordar de que o País entrou em um ciclo de desenvolvimento sustentado" certamente estão os economistas deste site, que ainda em 2010 alertavam que tudo era infundado.
É claro que, após ter sido bombardeado por inúmeras notícias como essa durante quase 3 anos, é natural que o brasileiro médio hoje se sinta deprimido, e até mesmo revoltado, ao constatar que foi enganado e que a economia pujante que lhe haviam prometido nada mais era do que um conto de fadas.  Ludwig von Mises explicou bem este componente emocional em suas obras.  As pessoas se acostumam a um padrão de vida crescente durante a fase da expansão econômica artificial e, mais tarde, quando a nova realidade se impõe avassaladoramente, elas se recusam a aceitar que tudo não havia passado de uma gostosa mentira, pois imaginavam que aquela fase próspera realmente representava um novo e definitivo padrão.  Os países da Europa mediterrânea estão vivenciando o mesmo fenômeno.
Aturar corrupção, uma infraestrutura caótica e serviços públicos moçambicanos é relativamente fácil quando se está com a renda crescendo mais que os preços e com a capacidade de consumo em alta.  Porém, tão logo esses indicadores se invertem e o endividamento teima em não cair, a depressiva realidade se impõe e resta ao cidadão ir protestar nas ruas clamando por medidas que arrefeçam sua situação.  Ninguém vai às ruas protestar contra a corrupção ou para exigir melhorias na saúde, na educação e nos demais serviços públicos quando a economia está com bons indicadores, a capacidade de consumo está em alta e o dinheiro chega até o final do mês.  No entanto, basta esses indicadores piorarem, que todo o esforço de mobilização se torna mais fácil.  Ou será que alguém acredita que Collor caiu por causa de um Fiat Elba?
A verdade é que o povo brasileiro queria crédito farto a juros baixos para comprar imóveis, carros, motos, televisores e outros eletrodomésticos.  Conseguiu.  Queria que o governo expandisse continuamente seus gastos para, dentre outras coisas, aumentar as contratações para o setor público, que é o objetivo de vida de vários integrantes da classe média.  Conseguiu.  Queria que o governo protegesse a indústria nacional e seus empregos aumentando as alíquotas de importação de praticamente todos os produtos estrangeiros (chegando ao ponto organizar operações ao estilo da Stasi nos aeroportos, abrindo malas e confiscando até mesmo as roupas que os brasileiros compravam no exterior).  Conseguiu.  Aceitou que o governo utilizasse o BNDES para conceder empréstimos subsidiados para grandes empresas, as quais iriam se transformar em "campeãs mundiais".  E defendeu quando o governo obrigou todas as grandes empresas do país a produzir utilizando uma determinada porcentagem de insumos fabricados no Brasil, o que deu a estes fabricantes a capacidade de aumentar seus preços sem sofrer concorrência.
O povo aprovou tudo isso, mas estranhamente não quer arcar com as consequências destas políticas, que são o aumento da inflação e do endividamento, a estagnação da renda, e a perpetuação da ineficiência.  E não apenas não quer arcar, como está pedindo mais ação justamente do ente que causou tudo isso.  Trata-se de um exemplo clássico de um povo que não sabe estabelecer uma relação de causa e efeito.
Conclusão
Como já explicou o economista Gary North, a maioria dos protestos de rua tem uma mesma característica: uma hora eles acabam.  É impossível manter protestos maciços como estes que estamos vivenciando por um longo período de tempo.  Ou os manifestantes se cansam e perdem a motivação, ou as autoridades se tornam mais bem organizadas e passam a reprimir com mais vigor.  Mas há também uma pequena chance de as coisas irem para o lado oposto.  Logo, quando demonstrações como essa começam a ocorrer, ou elas se enfraquecem e desaparecem ou elas se agravam e acabam derrubando o governo.
Para o governo, a melhor estratégia é continuar prometendo reformas.  Se o povo engolir as promessas, as manifestações irão acabar.  Mas essa estratégia é um tanto arriscada, pois pode ser que as manifestações ganhem novos adeptos, se espalhem por todo o país e cheguem a um ponto em que a própria legitimidade do governo é colocada em xeque.  Neste ponto, como é de praxe na América Latina, pode ocorrer um golpe de estado.  O governo é derrubado e uma junta militar assume o controle.
Uma coisa boa que poderia advir destes protestos seria se eles solapassem a confiança e a esperança que o povo brasileiro deposita no estado.  Se eles erodissem a santidade do governo, se eles explicitassem a incompetência do governo e fizessem com que as pessoas finalmente entendessem a verdadeira natureza do governo, já teriam feito algo positivo.  Qualquer coisa que enfraqueça a crença no estado, e que não recorra à violência, é positiva.  Se uma geração de jovens entender que não deve depositar no governo suas esperanças de uma vida melhor, então as manifestações terão gerado resultados positivos.  Para que isso ocorra, é essencial que grupos pró-liberdade e pró- livre mercado se aproveitem desta oportunidade para difundir a mensagem de que menos governo e menos burocracia geram mais liberdade e mais prosperidade.  Isso sim poderia gerar efeitos positivos.
Mas não tenho muitas esperanças quanto a isso.  No geral, estes manifestantes são impermeáveis à lógica e estão defendendo apenas mais espoliação e mais verbas para políticos e sindicatos, ainda que não entendam que é isso que eles estão fazendo.
O fato é que, com a renda estagnada, com a inflação de preços em teimosa alta, com o endividamento e a inadimplência em níveis inauditos, e com o real se esfacelando perante o euro e o dólar, encarecendo sobremaneira as importações de insumos básicos e diminuindo nosso padrão de vida — exatamente como queriam o Banco Central e o Ministério da Fazenda —, há um risco real de o caldo entornar e a situação ficar realmente fora do controle.

Estamos vivenciando exatamente aquilo que ocorre quando se entrega o comando da economia a pessoas que não têm a capacidade de gerenciar nem sequer uma carroça de pipoca.  A democracia e o apelo das massas — exatamente o arranjo que todo mundo venera — levaram a isso.  Não há por que reclamar e nem há o que se estranhar.

Leandro Roque é o editor e tradutor do site do Instituto Ludwig von Mises Brasil.

Povildo, o leao vegetariano do Brasil atual - Milton Simon Pires

 Povildo – leão vegetariano que tornou-se o mascote da LBB
 Milton Simon Pires
Porto Alegre, 28/06/2013

Parabéns a todos os brasileiros membros da LBB – a Legião Brasileira de Bobalhões. Mais uma conquista alcançada em 2013 agora nos orgulha perante o resto do mundo..Temos a “festa da democracia com voto obrigatório,” temos “a greve sem prejuízo da população” e finalmente conquistamos a “manifestação de protesto sem violência”. Essas linhas vão ser sobre isso, meus amigos, mas sem esquecer as homenagens tradicionais aos expoentes da “Unidiversidade” Pública Brasileira – uma instituição onde a única coisa que se ensina é “que todos tem o direito de entrar nela.” Aproveito também a oportunidade para apresentar aos leitores o mascote da LBB – Povildo, o leão vegetariano. Peço que seja tratado com todo respeito e informo que ele porta o lema da instituição – “Mais importante do que acreditar em alguma coisa é não ter preconceito contra todas as outras”.
Povildo, o nosso leãozinho foi trazido para o Brasil depois de uma visita que Paulo Freire fez à África por ocasião de uma conferência intitulada “Agressão física ao professor brasileiro como direito do estudante oprimido”. Ainda filhote, nosso mascote foi amamentado no seio com leite da própria professora Marilena Chauí e cresceu feliz lendo Luiz Fernando Veríssimo enquanto escutava Chico Buarque..Na adolescência foi trazido aqui para Porto Alegre e encantou os estudantes das Faculdades de Filosofia e História da UFRGS. Deixou na época, através de seu estilo predileto, que são os aforismas, grandes lições. Disse ele que “o importante é o principal; todo o resto é secundário” e causou alguma polêmica afirmando que “os resultados são indissociáveis do processo que a eles  conduzem”. Nem tudo foram flores na vida de Povildo – vítima de uma profunda crise religiosa ele chegou à conclusão definitiva de que o importante é ir à Igreja Católica aos domingos, frequentar a Universal na quarta, e visitar o terreiro da Mãe Joana na sexta-feira sempre,  é claro, mantendo amizade com seus amigos ateus e trocando e-mails até hoje com os satanistas. Em 1989 Povildo foi visto aqui na cidade usando algumas pedras do Muro de Berlin para fazer reparos na Prefeitura Municipal de Porto Alegre. Sumiu de vista durante algum tempo até ser fotografado uma vez com o jogador Edmundo, quando esse dizia-se preocupado com a violência no futebol, e com Axl Rose quando esse afirmou estar preocupado com as letras agressivas no rock de Los Angeles.
Povildo, para que não conhece, é um animal tranquilo...Nunca se acorda antes da 11 da manhã e independentemente da casa em que se encontre, seu dono sempre lhe entrega a Folha de São Paulo para que seja interpretada e lida em voz alta pelo nosso leão. Costuma comer alface e tomar sempre água mineral francesa nas refeições enquanto escuta Ênia como trilha sonora de fundo e passa os olhos despreocupados sobre o último livro de Paulo Coelho. Uma das poucas peculiaridades que tem é que, quando doente, não se sabe bem por que, torna-se feroz se for levado ao SUS e já se mostrou agressivo perto de escolas públicas e paradas de ônibus. O fenômeno recente mais interessante na vida do leão aconteceu em outubro de 2012 quando cerca de 190 milhões de brasileiros pararam de fazer absolutamente qualquer coisa que estivessem fazendo para ver o que aconteceria com “Carminha” no final de “Avenida Brasil”. Muitos amigos meus informaram ter visto Povildo rondando suas casas naquela noite e até hoje a questão gera lendas urbanas..depois disso o bicho desapareceuoutra vez até que agora, em junho de 2013,  escutou-se um rugido fenomenal que “acordou o país inteiro”..era Povildo indignado porque sua salada de alface estava mal temperada e a água mineral que lhe serviram não estava na temperatura correta...

Dedicado à Laura, minha filha de 4 aninhos...

Porto Alegre, 27 de junho de 2013.

Rebeliao contra as mentiras oficiais do Brasil - Antony Mueller (Mises Brasil)

Rebelião contra mentiras
por , Instituto Ludwig Von Mises Brasil, terça-feira, 25 de junho de 2013

 

191577-manifestacao-em-florianopolis.jpgO que está por trás das rebeliões que estamos testemunhando ao longo de todo o Brasil? Embora várias hipóteses já tenham sido aventadas, creio que, no fundo, estamos vivenciando uma rebelião contra mentiras.  Trata-se de uma rebelião dos jovens contra as mentiras que "aprenderam" em suas escolas, nas universidades e nos meios de comunicação de massa, principalmente na televisão. Embora a juventude provavelmente possua mais instinto do que sabedoria, é fato que ela instintivamente está consciente de que está sendo enganada por aqueles que estão no poder.  Ela não se sente enganada apenas pelo Poder Executivo, mas também pelo Poder Judiciário e pelo Legislativo.  Mais ainda: se sente enganada pelos partidos políticos e, é claro, pelos próprios políticos
Sistema parasítico
O sistema político brasileiro é uma gigantesca teia de mentiras e de roubo, e consiste em uma elaborada fraude sistêmica que foi criada para servir aos donos do poder: presidentes e ministros, juízes e vereadores, prefeitos e toda uma vasta gama de "servidores públicos".  Aquelas pessoas que conseguem entrar neste mundo de privilégios adquirem benefícios enormes — e é assim que, até agora, o sistema vem se mantendo.  
Mas todo e qualquer sistema parasítico tem um limite.  Os explorados têm de estar em número maior que o de exploradores.  É sempre necessário que haja uma maioria de pessoas a serem exploradas por uma minoria.  Mas parece que a festa está acabando. A praça de alimentação dos parasitas está se rebelando.
Para entender o que está acontecendo no Brasil agora é preciso ter em mente que este país não sofre os males particulares dos estados modernos.  O Brasil sofre é de uma doença política muita antiga: trata-se de um estado que está sob o domínio de uma classe parasitária.  O paralelo da atual presidente como uma espécie de Maria Antonieta e seu antecessor como uma espécie de Luis XIV é válido.  Como na França daqueles dias, aqueles que estavam no poder (o que inclui o judiciário e grande parte da burocracia pública) foram alimentados por um sistema de impostos horrendos com pouco retorno para o povo.  Este sistema de tributos servia majoritariamente para financiar o esplendor, os privilégios e todo o esbanjamento da corte real (hoje em dia chamada "setor público").
A ideologia brasileira
O brasileiro, desde criança, está exposto a um sistema de doutrinação sistemática, de propaganda de "direitos" e de "consciência social", e foi "educado" para ver o Brasil como um país da democracia, da solidariedade, da inclusão social e da liberdade.  No entanto, a verdade é que os governantes deste país são profundamente autoritários, gananciosos, ávidos por poder e insensíveis ao sofrimento do povo.  
O Brasil tem um sistema de liderança que se destaca em duas áreas: uma grandiosa retórica vazia e uma profunda incompetência prática.  Em parte, o próprio povo brasileiro tem culpa das condições em que se encontra o país, pois o que gerou esta situação foi a sua profunda incapacidade de diferenciar entre a retórica de seus representantes e a desastrosa realidade que eles produzem.  Até este surto de manifestações, o povo brasileiro sempre havia gostosamente adotado uma ilusão de promessas de glória, ignorando completamente o fato de que nada em que os seus governos tocam funciona.
O cinismo dos donos do poder é um perfeito retrato de como é o Brasil de hoje: um país com estradas cheias de buracos no qual o governo afirma que para promover a segurança do trânsito é necessário gastar enormes quantias de dinheiro com a construção de lombadas.  O Brasil de hoje é um país em que os governos gastam montanhas de dinheiro em propagandas contra a dengue enquanto vias públicas são construídas de forma que, depois de uma chuva, a água fica empoçada por dias e semanas.  O Brasil de hoje é um país em que a propaganda oficial do governo prega inclusão social, mas no qual há uma burocracia altamente bem paga que obriga qualquer cidadão, mesmo o mais pobre, a contratar um despachante para resolver o mais ínfimo trâmite oficial.  
O Brasil de hoje é um país em que a propaganda oficial denuncia o "capitalismo", a "globalização" e a "colonização" como sendo as raízes de todos os males.  O colonialismo seria a causa do atraso do Brasil, sendo que a verdade é que o Brasil ganhou sua independência já faz 191 anos. O governo usa o fantasma da "globalização" para doutrinar o povo e insinuar que quase todos os problemas do país são gerados lá fora, pelos "americanos" em particular, sendo que a verdade é que o Brasil faz parte dos países menos globalizados do mundo.  Os livros-textos nas escolas acusam "o capitalismo" por todas as desigualdades do país, sendo que um verdadeiro capitalismo praticamente inexiste no Brasil, uma vez que o país adotou variações perversas do capitalismo, como o capitalismo de estado e o capitalismo de compadres, em que governo e grandes empresas se aliam e se protegem mutuamente e mandam a fatura para o cidadão comum, que inocentemente clama por mais estado como solução para os problemas gerados pelo próprio estado.
O Brasil acordou
Estamos às vésperas de uma revolução no Brasil e tudo indica que estamos vivenciando aquele caso clássico de rebelião contra o estado por causa dos impostos escorchantes que não geram nenhum retorno e por causa de uma burocracia sufocante que asfixia a economia.  A inflação de preços foi apenas o gatilho dos protestos contra a elite política, que se destaca exclusivamente pela arrogância e pela incompetência. Estamos vivenciando uma rebelião do povo contra uma liderança que perdeu todo o resquício de bom senso (se é que já teve um).  Estamos vivenciando uma rebelião contra autoridades que se banham em privilégios como os reis e as rainhas do absolutismo, como a nobreza do passado — uma falsa elite que se destaca apenas por sua incompetência, ignorância e corrupção.  O povo brasileiro começou a acordar para o fato de que o grande obstáculo contra o desenvolvimento socioeconômico do Brasil advém majoritariamente do próprio governo, e não necessariamente do capitalismo e da globalização.
Os brasileiros parecem estar cada vez mais conscientes de que os homens e mulheres que estão no poder são fantasmas que possuem um poder meramente emprestado.  Os donos do poder têm espírito, coração e alma pervertidos, como é perfeitamente observável nas ações e nos pronunciamentos de tais governantes.  Quando o povo renunciar à obediência, o fantasma vai desaparecer.
Para ter sucesso no longo prazo, os rebeldes precisam se libertar da ideologia estatizante.  Eles precisam deixar de gritar por mais estado, porque é justamente esta a instituição que gerou todos os problemas.  Para ter sucesso no longo prazo, os manifestantes precisam encontrar a verdadeira raiz do mal, que é o próprio estado brasileiro — um estado grande demais com uma burocracia gigantesca e um aparelho de justiça ineficiente e insanamente caro.  O famoso "custo Brasil" são os custos destes "poderes". Assim, uma agenda para o avanço do Brasil não precisa conter nada mais do que estas palavras: "Menos estado é melhor".
Conclusão
Ainda não se sabe aonde tudo isto vai dar e nem para onde o Brasil vai.  A tentativa dos partidos políticos de usurpar a rebelião fracassou.  O governo se retirou.  A presidente ficou calada.  O governo não tem resposta. Nenhum partido dentre a multidão dos partidos políticos brasileiros tem uma resposta.  Sendo assim, será que poderíamos nos precipitar e dizer que estamos observando pela primeira vez no Brasil uma "revolução libertária", uma revolução em que o povo não grita por mais poder do estado, mas sim por menos nas mãos do governo? Ainda não.  A velha ideologia estatizante ainda não desapareceu.  Os donos do poder ainda estão no quartel-general.  Mas o que está acontecendo no Brasil de hoje é uma tendência mundial.  Os brasileiros sinalizaram querer uma outra forma de estado, um estado no qual não há mais donos do poder que exploram o povo de uma forma ainda pior do que a nobreza do passado.  Resta agora saber canalizar esta motivação para a direção correta.

Antony Mueller é doutor pela Universidade de Erlangen-Nuremberg, Alemanha (FAU) e, desde 2008, professor de economia na Universidade Federal de Sergipe (UFS), onde ele atua também no Centro de Economia Aplicada. Antony Mueller é fundador do The Continental Economics Institute (CEI) e mantém em português os blogs Economia Nova e Sociologia econômica