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terça-feira, 2 de julho de 2013

Governo surrealista, um retrato devastador - Jose Roberto Guzzo

Se fosse surrealista, acho que estaria bem. Mas não é bem isso.
Daria para comparar com Átila e seus hunos? Ou Gengis Khan, antes de conquistar a China?
Não, acho que não: os bárbaros, os mongois, estavam construindo um império...
Esse pessoal nem sabe o que fazer...
Paulo Roberto de Almeida 

O fim do resto
J. R. Guzzo
Revista Veja, 3/07/2013

Um caderno de anotações sobre os fatos que vêm acontecendo no Brasil durante as três últimas semanas poderia conter, com bastante precisão e dentro da "margem de erro" tão útil aos institutos de pesquisa, o registro das seguintes realidades:

A presidente Dilma Rousseff simplesmente não está à altura da situação que tem o dever de enfrentar. Não sabe o que fazer, o que acha que sabe está errado, e, seja lá o que resolva, ou diga que está resolvendo. não vai ser obedecida na hora da execução. O momento exige a grandeza, a inteligência e os valores pessoais de um estadista. Dilma não tem essas qualidades. O autor deste artigo também não sabe o que deveria ser feito — para dizer a verdade, não tem a menor ideia a respeito. Em compensação, ele não é presidente da República.

A mais comentada de todas as propostas que a presidente anunciou para enfrentar a crise foi um misterioso plebiscito, do qual jamais havia falado antes, para aprovar uma nova Assembleia Constituinte destinada exclusivamente a fazer uma "profunda reforma política". Não houve, também aqui, a mínima preocupação em pensar antes de falar, para ver se existiria alguma ligação entre essa ideia e a possibilidade real de executá-la dentro das leis vigentes. Não existia, é claro. Resultado: a proposta de Dilma morreu em 24 horas, afogada num coro de gargalhadas. A hipótese otimista é que o governo esteja a viver, mais uma vez, um surto agudo de desordem mental e descontrole sobre seus próprios atos. A pessimista é que o PT, sob o comando do ex-presidente Lula. esteja querendo empurrar Dilma para uma aventura golpista.

A única "reforma política" que o PT quer fazer, como se sabe há anos, é a seguinte: tirar do eleitor brasileiro o direito de escolher os deputados nos quais quer votar, obrigando a todos a votar numa "lista fechada" e composta exclusivamente de nomes que os donos dos partidos escolherem; "financiamento público" para as campanhas, ou seja, sacar dinheiro do Tesouro Nacional e entregá-lo diretamente aos políticos nos anos eleitorais. Além dos milhões que já recebem pelo "caixa dois" das empresas privadas (e que o próprio Lula. numa "entrevista" armada durante o mensalão. considerou algo perfeitamente normal), receberiam também dinheiro que vem direto do contribuinte.

A "reforma" Lula-PT não propõe nenhuma mudança, uma única que seja. em nada daquilo que a população realmente quer que mude. e que tem sido um dos alvos principais da ira das ruas: o fim de qualquer dos privilégios grotescos dos parlamentares, como carro privado para cada um, casa de graça, verbas que podem gastar como quiserem, e que acabam sistematicamente no próprio bolso ou no de sua família. Podem faltar quanto quiserem. Vendem ou alugam seus assentos a "suplentes". A reforma petista mantém o absurdo sistema eleitoral que nega ao cidadão brasileiro o direito universal de "um homem, um voto". Recusa o voto distrital, adotado em todas as democracias verdadeiras do mundo. Nada disso: num ambiente de catástrofe, em que até uma criança de 10 anos sabe que o povo tem pelos políticos uma mistura de asco, desprezo e ódio, o PT quer dar ainda mais dinheiro a eles.

A presidente disse que "está ouvindo" os indignados que foram às ruas. Mas não está. Se estivesse, não existiria, em primeiro lugar, o inferno que é a vida diária de milhões de brasileiros, a quem o governo ignora; porque dá o Bolsa Família, anuncia vitórias imaginárias e acha que governar é fazer truques de marquetagem, convenceu-se de que o povo está muito bem atendido. Escutando os protestos? Ainda em março, Dilma recusou uma suíte de 80 metros quadrados num hotel de luxo da África do Sul, por achar que era pequena demais. A culpa, é claro, foi passada ao Itamaraty. Mas, quando o fato se tornou conhecido, a presidente não disse nenhuma palavra de desculpa, nem mandou o Itamaraty tomar alguma providência para que um fato assim não se repita. Foi adotada uma única medida: de agora em diante o governo não vai mais revelar nenhum dado das viagens presidenciais.

Ao longo de vinte dias, Dilma, seus 39 ministros e os mais de 20000 altos funcionários de "livre nomeação" do governo não vieram com uma única ideia que pudesse merecer o nome de ideia. Suas propostas demoraram até a semana passada para aparecer — e, quando enfim vieram, anunciaram coisas desconectadas com a realidade ou entre si próprias, pequenas na concepção e nos objetivos, incompreensíveis ou apenas tolas. Foram tirando ao acaso de uma sacola, e jogando em cima do público, as miudezas que passaram por seu circuito mental nestes dias de ira: mudar a distribuição de royalties do petróleo, importar 10000 médicos estrangeiros, punir a "corrupção dolosa" como "crime hediondo" (Dilma, pelo jeito, imagina que possa haver algum tipo de corrupção não dolosa), dar "mais recursos" para isso ou aquilo, melhorar a "mobilidade urbana". É puro PAC.

No jogo jogado, tudo isso quer dizer três vezes zero. Numa hora dessas eles vêm falar em royalties, assunto técnico que exigirá meses ou anos para ser reformulado? Importação de médicos? Só agora descobriram que faltam médicos no serviço público por causa da miséria que lhes pagam? Só depois que o povo foi para a rua perceberam que a corrupção é um crime abominável? Se os que mais roubam estão dentro da máquina do governo, como acreditar num mínimo de sinceridade nesse palavrório todo? A presidente e seu entorno anunciaram medidas que só o Congresso pode aprovar. Outras dependem do Judiciário, ou de estados e prefeituras. O que sobra é o fim do resto.

Os números apresentados até agora não fazem nenhum sentido. Falou-se em aplicar "50 bilhões" de reais em obras de "mobilidade urbana". Que raio quer dizer isso? Parece que se trata de melhorar o transporte em metrô, trens e ônibus — mas não existe a mais remota informação concreta sobre como fazer isso na prática, nem onde, nem quando. Não é uma providência de verdade; é apenas uma cifra chutada e um amontoado de dúvidas. O trem-bala. por exemplo — será que entra nessa conta? Há algum projeto de engenharia pronto para alguma obra a ser feita? Alguém no governo sabe dizer onde estão os tais "50 bilhões"? Não é surpresa que um grupinho de garotos do Movimento Passe Livre tenha saído de um encontro com Dilma dizendo que ela é "completamente despreparada" no assunto. Os números citados para a saúde são igualmente desconexos: 7 bilhões de reais para "20000" unidades de atendimento médico. Quais unidades? Onde? Esses "7 bilhões", se existissem, equivaleriam a 20% do que se estima que será gasto nas obras para a Copa de 2014. Dá para entender? É a fé cega na incapacidade do povo brasileiro em fazer contas.

A marca mais notável da defesa que o governo fez de si próprio, durante estes dias de revolta, é que não há uma defesa. Pedem que o povo reconheça as "transformações" que fizeram no país. Quais? Após dez anos de governo popular do PT, o Brasil está em 85° lugar no IDH — subiu apenas 5% em todo esse tempo, e teve crescimento praticamente nuio durante os anos Dilma. Isso ocorreu num período de dramáticos avanços na renda de todos os países pobres: apenas entre 2005 e 2011, 500 milhões de pessoas saíram da pobreza em todo o mundo. O governo do petismo transformou o Brasil num país com 50 000 assassinatos por ano, e onde 75% da população não é capaz de entender plenamente o que lê. A rede pública de saúde foi transformada num monstro em que o cidadão pode esperar seis meses, ou um ano, por um exame clínico, e pacientes aguardam atendimento jogados no chão de hospitais, como se vivessem num país em guerra. A transformação do sistema portuário criou um Brasil que não consegue embarcar o que produz nem desembarcar o que compra lá fora. Conseguiram, até, transformar o significado da palavra "corrupção", ao venderem a ideia de que qualquer denúncia contra a roubalheira do governo é "moralismo" — ou seja, o erro é denunciar o erro.

As ruas iradas de junho deixaram à vista de todos um fato que muita gente já sabe, mas quase nunca é mencionado: o ex-presidente Lula é um homem sem coragem. Líderes corajosos jamais se escondem nas horas de dificuldade brava. Ao contrário, vão para a frente, tomam posição nos lugares mais arriscados, e assumem a luta em defesa do que acreditam. Não ficam escondidos da população, fazendo seus pequenos cálculos para descobrir o lucro ou prejuízo que teriam ao aceitar suas responsabilidades — pensam, apenas, no seu dever moral, nos seus princípios e nos seus valores. Coragem é isso — e isso Lula não foi capaz de mostrar. Onde está ele? Na hora em que o Brasil mais precisou de uma liderança em sua história recente, o homem sumiu. Vive dizendo que não há no mundo ninguém que saiba, como ele. subir no carro de som ou no palanque e "virar" qualquer situação de massas. Na hora de agir, trancou-se na segurança do seu esconderijo. E a "negociação" — na qual também se julga um ás incomparável —, onde foi parar? Para quem tem certeza de que negociou "a paz no Oriente Médio", Lula teria de estar desde os primeiros momentos tratando de montar algum tipo de negociação. Na vida real, limitou-se a cochichar com subalternos, dar palpite e falar mal dos outros. Lula sempre fez questão de achar "inimigos". Pois achou, agora, todos os que poderia querer.

Ficou claro que o governo está errando há dez anos na avaliação que faz da imprensa livre. Confundiram tudo: acharam que a internet, com a sua audiência sem limites, estava anulando jornais e revistas, quando na verdade tem feito exatamente o contrário: reproduz o que sai na imprensa para milhões de pessoas que não leram o noticiário escrito. E agora? A internet mostrou-se um multiplicador incontrolável do conteúdo da imprensa, e a mais poderosa alavanca de notícias que jamais se viu no país. Vídeos amadores, diversos deles falados em inglês com legendas em português e dirigidos aos internautas do mundo todo, apresentaram denúncias devastadoras e bem articuladas sobre a insânia governamental que levou o povo à rua. Em apenas uma semana, de 14 a 21 de junho, um desses vídeos, entre dezenas de outros, teve mais de 1.3 milhão de visualizações. Todas as informações que estão ali foram tiradas da imprensa livre. O governo não entendeu nada. Mas desta vez não teve como mentir: não conseguiu dizer que as manifestações eram invenção da "imprensa de direita".


Os descontentes de junho mostraram mais uma vez. como a Bíblia nos diz em Provérbios 16:18, que "a soberba vem antes da queda". Nunca, possivelmente, o Brasil esteve sob o comando de gente tão soberba quanto Lula. Dilma e os barões do PT, e tão à vontade em exibir sua arrogância. Estão levando, agora, o susto de suas vidas, ao descobrirem que marquetagem, demagogia e exploração da ignorância não são mais suficientes para desviar a atenção do povo para o desastre permanente que causam ao país. Espantam-se que o povo faça contas — e se sinta roubado com uma Copa do Mundo que pode acabar custando até 35 bilhões de reais, mais do que as últimas três somadas. Espantam-se que as suas esperanças de livrar da cadeia, com velhacaria jurídica, os mensaleiros mais graúdos estejam desabando. Espantam-se ao saber que muita gente está cada vez mais cheia de gastar cinco horas diárias para ir ao trabalho e voltar para casa. Desafiaram o ensinamento básico de Abraham Lincoln: "Pode-se enganar a todos durante algum tempo; pode-se enganar alguns durante todo o tempo; mas não se pode enganar a todos durante o tempo todo". Estão colhendo o que semearam.

sexta-feira, 28 de junho de 2013

Povildo, o leao vegetariano do Brasil atual - Milton Simon Pires

 Povildo – leão vegetariano que tornou-se o mascote da LBB
 Milton Simon Pires
Porto Alegre, 28/06/2013

Parabéns a todos os brasileiros membros da LBB – a Legião Brasileira de Bobalhões. Mais uma conquista alcançada em 2013 agora nos orgulha perante o resto do mundo..Temos a “festa da democracia com voto obrigatório,” temos “a greve sem prejuízo da população” e finalmente conquistamos a “manifestação de protesto sem violência”. Essas linhas vão ser sobre isso, meus amigos, mas sem esquecer as homenagens tradicionais aos expoentes da “Unidiversidade” Pública Brasileira – uma instituição onde a única coisa que se ensina é “que todos tem o direito de entrar nela.” Aproveito também a oportunidade para apresentar aos leitores o mascote da LBB – Povildo, o leão vegetariano. Peço que seja tratado com todo respeito e informo que ele porta o lema da instituição – “Mais importante do que acreditar em alguma coisa é não ter preconceito contra todas as outras”.
Povildo, o nosso leãozinho foi trazido para o Brasil depois de uma visita que Paulo Freire fez à África por ocasião de uma conferência intitulada “Agressão física ao professor brasileiro como direito do estudante oprimido”. Ainda filhote, nosso mascote foi amamentado no seio com leite da própria professora Marilena Chauí e cresceu feliz lendo Luiz Fernando Veríssimo enquanto escutava Chico Buarque..Na adolescência foi trazido aqui para Porto Alegre e encantou os estudantes das Faculdades de Filosofia e História da UFRGS. Deixou na época, através de seu estilo predileto, que são os aforismas, grandes lições. Disse ele que “o importante é o principal; todo o resto é secundário” e causou alguma polêmica afirmando que “os resultados são indissociáveis do processo que a eles  conduzem”. Nem tudo foram flores na vida de Povildo – vítima de uma profunda crise religiosa ele chegou à conclusão definitiva de que o importante é ir à Igreja Católica aos domingos, frequentar a Universal na quarta, e visitar o terreiro da Mãe Joana na sexta-feira sempre,  é claro, mantendo amizade com seus amigos ateus e trocando e-mails até hoje com os satanistas. Em 1989 Povildo foi visto aqui na cidade usando algumas pedras do Muro de Berlin para fazer reparos na Prefeitura Municipal de Porto Alegre. Sumiu de vista durante algum tempo até ser fotografado uma vez com o jogador Edmundo, quando esse dizia-se preocupado com a violência no futebol, e com Axl Rose quando esse afirmou estar preocupado com as letras agressivas no rock de Los Angeles.
Povildo, para que não conhece, é um animal tranquilo...Nunca se acorda antes da 11 da manhã e independentemente da casa em que se encontre, seu dono sempre lhe entrega a Folha de São Paulo para que seja interpretada e lida em voz alta pelo nosso leão. Costuma comer alface e tomar sempre água mineral francesa nas refeições enquanto escuta Ênia como trilha sonora de fundo e passa os olhos despreocupados sobre o último livro de Paulo Coelho. Uma das poucas peculiaridades que tem é que, quando doente, não se sabe bem por que, torna-se feroz se for levado ao SUS e já se mostrou agressivo perto de escolas públicas e paradas de ônibus. O fenômeno recente mais interessante na vida do leão aconteceu em outubro de 2012 quando cerca de 190 milhões de brasileiros pararam de fazer absolutamente qualquer coisa que estivessem fazendo para ver o que aconteceria com “Carminha” no final de “Avenida Brasil”. Muitos amigos meus informaram ter visto Povildo rondando suas casas naquela noite e até hoje a questão gera lendas urbanas..depois disso o bicho desapareceuoutra vez até que agora, em junho de 2013,  escutou-se um rugido fenomenal que “acordou o país inteiro”..era Povildo indignado porque sua salada de alface estava mal temperada e a água mineral que lhe serviram não estava na temperatura correta...

Dedicado à Laura, minha filha de 4 aninhos...

Porto Alegre, 27 de junho de 2013.

quarta-feira, 26 de junho de 2013

O Brasil a caminho do caos: agora nao falta nenhum poder para a confusao mental e a perda de rumos

Pronto, em menos de dois dias, os três poderes da república (minúsculas, por favor) se esmeraram no besteirol. Todo mundo teve direito a seus momentos de mídia, na maior confusão mental a que já assistimos por centímetro quadrado naquela ampla praça dos três poderes (diminuídos mentalmente, certamente).
Executivo, Legislativo e Judiciário se uniram num coro comum da irracionalidade, da perda completa do bom senso, no esmero da loucura, diria um poeta.
Lamento, e profundamente, constatar, que estamos sendo governados por pessoas que fazem questão de demonstrar, publicamente, que não estão preparadas para os cargos que ocupam.
Não pretendo dar aulas de direito constitucional a ninguém.
Nem sou psicólogo de massas, sou apenas membro dessa tribo de masturbadores sociais que são os sociólogos (mas não exerço, a não ser clandestinamente).
Mas me permito dizer que o que mais caracteriza o Brasil, atualmente, em todos os níveis, em todas as direções, é a mais perfeita confusão mental a que temos assistido desde Cabral.
Nunca tantos, em tão pouco tempo, exerceram, em grau tão alto, o seu direito ao besteirol...
Paulo Roberto de Almeida

Barbosa diz que influência dos partidos no processo político deve ser “mitigada”
Gabriel Castro
VEJA.com, 25/06/2013

O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Joaquim Barbosa, fez várias críticas nesta terça-feira aos partidos e ao sistema eleitoral brasileiro e defendeu uma reforma política rápida, baseada na vontade popular. Segundo ele, a influência dos partidos no processo político precisa ser “mitigada, embora não eliminada”. O Brasil, segundo ele, vive uma crise de representação política que requer “pitadas de consulta popular” para ser superada.
Barbosa disse ser a favor da possibilidade de candidaturas avulsas a cargos públicos. Disse também ser amplamente favorável ao sistema de voto distrital, que cria uma relação mais estreita entre o eleitor e seu representante e permite a adoção de ferramentas como o “recall” – a retirada do mandato de um político que se afasta da plataforma que o levou ao cargo.
Consulta popular
O presidente do STF evitou comentar a legitimidade de uma eventual assembleia constituinte para realizar a reforma política, mas deu a entender que é a favor da realização de uma consulta popular para tratar do tema. “No momento de crise grave como o atual, a propositura de reforma via emenda constitucional seria viável? Essas propostas já não tramitam no Congresso Nacional há anos? Houve em algum momento demonstração de vontade política de levar adiante essas reformas?”, indagou o ministro. Segundo o presidente do STF – cuja função principal é resguardar a constituição e o sistema legal brasileiro – o momento não deve ser de preocupação com questões técnicas legais, “porque o Direito não se discute de forma dissociada da realidade”.
Sobre a proposta apresentada pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e recebida com simpatia pela presidente Dilma Rousseff, sugerindo a realização de uma reforma que não envolvesse mudanças na Constituição, Barbosa disse que a hipótese está descartada. “Não se faz reforma política no Brasil sem alteração na Constituição. Qualquer pessoa minimamente informada sabe que isso é essencial”, afirmou Barbosa. “Está descartada a ideia de uma reforma política eficaz, consistente, através e lei ordinária”. O ministro lembrou que temas essenciais à reforma, como a discussão sobre o voto distrital, dependem de emendas à Constituição para sair do papel.
Presidência
Barbosa disse que “não tem a menor vontade” de se candidatar à Presidência da República neste momento. Indagado sobre uma pesquisa do Datafolha que o apontou como candidato favorito entre os manifestantes que têm ocupado as ruas de São Paulo, ele disse que o fato de ter seu nome citado em pesquisas eleitorais é “excelente” do ponto de vista pessoal, e que se sente “lisonjeado”, mas que participar de eleição não está no seu horizonte.
Barbosa fez as declarações durante longa entrevista coletiva após se reunir com a presidente Dilma Rousseff, no Palácio do Planalto, nesta terça-feira. O encontro foi feito a pedido da presidente, que tem ouvido representantes da sociedade e do poder público na tentativa de construir uma agenda que dê uma resposta às recentes manifestações populares.
Mensalão
Barbosa disse ainda que os protestos nas ruas podem ter um efeito sobre o julgamento nos embargos do processo do mensalão – não sobre o mérito da decisão dos ministros, mas sobre o prazo da conclusão dos trabalhos. “Se os movimentos persistirem, eu acredito que isso vai interferir no sentido de termos uma resposta rápida. E essa resposta eu já tenho há algum tempo: eu já deixei claro que esses embargos vão ser julgados em agosto”, afirmou Barbosa.

Judiciário
O ministro defendeu uma “reforma radical” no modelo de promoção de juízes, para que a influência de interesses políticos seja reduzida e o tempo de carreira seja mais valorizado. Ele também criticou a presença de advogados atuando como ministros nos tribunais eleitorais, e disse ser a favor da proibição dessa prática.

O Brasil a caminho do caos? - Assim e', se lhe parece...


Os jornalistas do site www.uol.com.br informaram há pouco que em reunião na manhã desta terça-feira (25), as centrais sindicais definiram o dia 11 de julho como data para os protestos que farão em todo o país. Eis o que informou o site, que pertence a O Globo e Folha:

"Será um dia nacional de luta com greves e manifestações em todos os Estados", disse o presidente da Força Sindical, Paulo Pereira da Silva. "Vamos parar contra a inflação e para pedir também mudanças na política econômica do governo." Conforme a Folha antecipou na edição desta terça-feira, as cinco centrais sindicais decidiram realizar os atos para pedir a retomada das negociações da pauta dos trabalhadores, aproveitando a onda de protestos que vêm pedindo qualidade no transporte público e contrários ao aumento das tarifas.

. Na pauta das centrais sindicais estão o fim do fator previdenciário, 
a redução da jornada de trabalho para 40 horas e o projeto de lei que permite ampliar a terceirização. 

Também estão na pauta o direito de greve dos servidores e o fim das demissões imotivadas para diminuir a rotatividade de empregos. Essas duas últimas reivindicações se referem às convenções da OIT 151 e 158.

. A reunião durou cerca de duas horas e participaram dirigentes das cinco centrais reconhecidas pelo governo: Força, CUT, UGT, CTB e Nova Central, além de CSP-Conlutas e CGTB.

. As centrais querem mais recursos em educação, saúde, transporte e segurança.


- As manifestações não são vinculadas à greve geral que está sendo marcada pelas redes sociais para o dia 1º de julho.

sábado, 11 de maio de 2013

O Brasil virou uma bagunça?: uma pergunta inconveniente

Aumento de custo em obras públicas é uma constante no cenário brasileiro, em parte por "experteza", em grande parte por corrupção, e em outra medida pela incompetência gerencial de burocratas e técnicos encarregados. Tem também os perturbadores de sempre, manifestantes das causa ecológicas, humanitárias, sindicalistas oportunistas, malucos de toda ordem, enfim. Tudo isso junto, deve explicar, acho, os 150% de aumento em cada uma dessas obras, ou seja, elas sempre custam mais do que o dobro do estimado inicialmente.
Seria uma tara nacional?
Seria simples baguncismo tradicional?
E a gente aceita, passivamente?
Sem um pio de protesto?
Aceitamos pagar mais do dobro, assim, como se fosse normal?
Acho que o Brasil está longe, longíssimo de poder se classificar, já não digo como país desenvolvido, o que parece que manifestamente ele não é, do ponto de vista da administração pública, mas simplesmente como país normal.
Não somos um país normal, definitivamente.
E aceitamos essa singularidade, essa bizarrice, esse surrealismo de sermos um país anormal.
Em que pagamos mais do que o dobro do que tinha sido contratado oficialmente.
Vai continuar assim?
Parece que vai...
Paulo Roberto de Almeida

Orçado em R$ 16 bilhões, custo da Usina de Belo Monte já supera os R$ 30 bilhões

Aumento dos gastos para a construção da terceira maior hidrelétrica do mundo, no Pará, é provocado por fatores como custos ambientais maiores e as paralisações frequentes, fruto de protestos indígenas e de greves por melhores condições de trabalho

11 de maio de 2013 | 23h 00
Renée Pereira - O Estado de S. Paulo
A Hidrelétrica de Belo Monte, no Pará, foi orçada em R$ 16 bilhões, leiloada por R$ 19 bilhões e financiada por R$ 28 bilhões. Quase dois anos depois do início das obras, o valor não para de subir. Já supera R$ 30 bilhões e pode aumentar ainda mais com as dificuldades para levar a construção adiante.
Com a sequência de paralisações provocadas por índios e trabalhadores, estima-se que a obra esteja um ano atrasada. Se continuar nesse ritmo, além dos investimentos aumentarem, a concessionária poderá perder R$ 4 bilhões em receita.
O vaivém dos números da terceira maior hidrelétrica do mundo deve acertar em cheio a rentabilidade dos acionistas, que em 2010 estava calculada em 10,5%. Hoje, as planilhas dos analistas de bancos de investimentos já apontam um retorno real de 6,5% ao ano.
A Norte Energia, concessionária responsável pela construção da usina de 11.233 megawatts (MW) no Rio Xingu, evita falar de indicadores financeiros e afirma apenas que os valores (de R$ 25 bilhões) foram corrigidos para R$ 28,9 bilhões.
Leiloada em abril de 2010, a usina foi arrematada por um grupo de empresas reunidas pelo governo para que a disputa tivesse concorrência. Desde então, o projeto tem sido pressionado por uma série de fatores em áreas distintas. A montagem eletromecânica dos equipamentos, por exemplo, até hoje não foi contratada, e um dos motivos seria a elevação dos preços dos serviços, de R$ 1 bilhão para cerca de R$ 1,6 bilhão. Custos ambientais e gastos administrativos também estão bem acima das previsões iniciais.
Junta-se a essa lista as despesas indiretas com mão de obra, como cesta básica e tempo para visitar a família. Dados do Sindicato Nacional da Indústria da Construção Pesada (Sinicon) mostram que, em apenas um ano e meio, o valor da cesta básica dos trabalhadores de Belo Monte subiu 110% e o intervalo entre as visitas das famílias, pagas pela empresa, recuou de 180 dias para 90 dias.
Vale destacar que a obra tem 22 mil trabalhadores, e a maioria fica em alojamentos. Qualquer mudança nos benefícios – mesmo que pequena – tem impacto relevante no orçamento.
As interrupções dos trabalhos por causa das invasões e greves também são fatores que explicam o aumento dos custos. Até quinta-feira, cerca de 7 mil trabalhadores do sítio Belo Monte, onde está sendo construída a casa de força da usina, ficaram parados por causa da invasão de 83 índios no local. A paralisação durou uma semana. Desde o início das obras da hidrelétrica, foram 15 invasões (e 16 dias de greve) que paralisaram as atividades e ajudaram a atrasar o cronograma em cerca de um ano.
Aceleração
Recuperar o tempo perdido exigiria um programa de aceleração das obras e significaria elevar os custos de mão de obra, dobrar turnos ou contratar mais gente. Ainda assim, afirmam executivos que trabalham na obra, não é certeza de que a hidrelétrica seja entregue no prazo estabelecido. Desde a década de 70, quando os primeiros estudos começaram a ser feitos, Belo Monte é motivo de polêmica.
Pela dimensão do investimento e sua visibilidade no mundo inteiro por causa das questões ambientais, o projeto é alvo de reivindicações e protestos – e ninguém duvida que novas greves e invasões vão ocorrer até o fim da obra.
Pelo cronograma original, as operações da usina devem começar em dezembro de 2014. Hoje, porém, apenas 30% das obras civis estão concluídas.

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Venezuela: o retrato do caos - Carlos Alberto Montaner


Diez razones para votar contra Chávez

Infolatam
Madrid, 9 septiembre 2012
Por CARLOS ALBERTO MONTANER
Henrique Capriles ganó el amplio simulacro electoral del 2 de septiembre pasado. No es una encuesta precisa, pero sí una buena indicación de la tendencia. El próximo 7 de octubre debe derrotar a Hugo Chávez debido a las siguientes diez razones.
1 La inseguridad y la violencia. Para la mitad de los venezolanos éste es el principal problema del país. Según el Observatorio venezolano de violencia, en el 2011 los delincuentes mataron a 19,336 personas. Durante los 14 años de chavismo, 150,000 personas han sido asesinadas. Caracas, más que una ciudad, es un matadero. El más sangriento de Sudamérica.
2 El empobrecimiento progresivo. Según cifras oficiales recogidas en El Nacional, en los últimos 11 años el poder adquisitivo de los venezolanos cayó un 162%. El país padece la mayor inflación de América Latina. Los salarios aumentaron un 571%, pero los precios subieron un 733. (Sólo en Caracas, de acuerdo con la medición del economista José Tomás Esteves, los precios se multiplicaron por 13.56 desde la llegada de Chávez).  Objetivamente, los venezolanos, cada año que pasa, son un 15% más pobres, aun cuando la nación, debido al precio del petróleo, ha ingresado más dinero que todos los gobiernos anteriores combinados desde que se independizó en 1823. Cuando Chávez llegó al poder, la economía venezolana era un tercio mayor que la colombiana. Ahora es un 21% más pequeña. (PIB de Colombia en PPP, 478 mil millones anuales. Venezuela, 378 mil millones). Es la ruina.
3 Destrucción de las fuentes de trabajo. De acuerdo con Conindustria, en la última década ha cerrado el 40% de las empresas industriales del país. Cientos de miles de trabajadores han perdido sus puestos de trabajo. Prácticamente, un millón de venezolanos, la mayor parte urbanos y bien educados, han emigrado. Esa pérdida de capital humano era desconocida en Venezuela hasta la llegada del chavismo. Esa es una herida irrestañable.
4 El despilfarro de los recursos nacionales. Mientras un porcentaje notable de los venezolanos son pobres, Chávez regala en el extranjero miles de millones de petrodólares. Desde diciembre de 1999 a julio de 2012, Venezuela exportó petróleo F.O.B. por valor de $US 652,560 millones, pero en ese mismo periodo regaló o cedió recursos a sus aliados o subordinados políticos por valor de $US 170,000 millones: ¡más de un 25% de los ingresos petroleros nacionales! Sólo el subsidio venezolano al manicomio de los Castro asciende a más de seis mil millones de dólares anuales. Esto indigna a los venezolanos.
5 La inmensa corrupción. Según Transparencia Internacional, Venezuela es el país más corrupto de América Latina y uno de los más podridos del mundo. En una lista de 182 países, Venezuela está al final, en el 172, junto a las peores satrapías africanas y asiáticas. Agréguesele a ello el feo asunto de los generales acusados por Estados Unidos de colaborar con los narcotraficantes nacionales e internacionales. Eso parece la cueva de Ali Babá.
6 La incompetencia. El chavismo no sabe gobernar. Los puentes se caen. Las cárceles son campos de batallas mortales. Abundan los apagones de electricidad. El correo no funciona. La mayor refinería arde por negligencias. Decae la producción de petróleo. Los hospitales están desabastecidos. Los alimentos se pudren en los almacenes. Los barcos no logran descargar sus mercancías. Las ciudades se calcutizan. Caracas se ha vuelto un basurero. Es el horror.
7 La falta de seriedad y la pérdida de respeto. El presidente Chávez no es un gobernante serio. Alguien que acusa al Pentágono de haber destruido a Haití con un arma secreta que provoca terremotos no está en sus cabales o es un payaso.
8 El aventurerismo temerario. Chávez ha arrastrado a su país a un innecesario conflicto internacional, aliándolo con Irán. Su gobierno es antiamericano, antiisraelí, antisemita, antiespañol, antimercado, antidemocracia. Simultáneamente, es pro FARC, pro Gadafi, pro Assad, pro dictaduras. Si algún día Chávez escribe un libro, será Cómo ganar enemigos inútilmente.
9 La fatiga. Después de 14 años, los venezolanos están cansados de un presidente mentalmente inestable que no cesa de hablar para ocultar su pésima gestión de gobierno. Con él, sencillamente, no hay futuro.
10 La probable muerte. Chávez tiene un cáncer muy grave, con metástasis, y el pronóstico es sombrío. Si muere en su casa, como un ciudadano más, lo entierran con todos los honores y no tendrá consecuencias para el país. Si muere en la casa de gobierno, dejará en herencia un caos monumental que puede culminar en un baño de sangre. Es una irresponsabilidad aspirar a la presidencia en esas condiciones físicas, pero más irresponsable aún sería elegirlo. Eso lo saben los venezolanos.

sexta-feira, 6 de julho de 2012

Confusao: Uruguai quer juntar Mercosul e Unasul

Por vezes eu me surpreendo quanto ao grau de ingenuidade, de desorientação, ignorância, ou de simples confusão mental, dos nossos dirigentes. Que o presidente do Uruguai queira juntar Mercosul e Unasul, asi no más, é uma demonstração, surpreendente, de total inconsciência política, de ignorância econômica e, no limite, de irresponsabilidade diplomática no mais alto grau.
Esse tipo de confusão mental chega a me assustar: a quem estamos entregues?
Brrrr...
Paulo Roberto de Almeida 

Uruguai: José Mujica propõe fusão de Mercosul e Unasul em um único bloco

O presidente do Uruguai, José Mujica, em sua chegada à VI Cúpula das Américas em Cartagena (Colômbia). EFE/Paolo Aguilar
ANSA
Montevidéu, 05 de julho de 2012
Las claves
  • "Transformar o Mercosul na Unasul ou vice-versa. É uma coisa só. Não sei como se chamará, mas é preciso considerar que necessitamos caminhar em outras direções de caráter institucional, que primeiro sejam muito mais flexíveis e que sejam mais realistas", explicou Mujica, em entrevista à revista Búsqueda.
O presidente do Uruguai, José Mujica, propôs a fusão do Mercosul (Mercado Comum do Sul) e da Unasul (União das Nações Sul-Americanas) em um único bloco. A iniciativa foi apresentada por ele a seus pares da região nas cúpulas das duas organizações, que aconteceram na última sexta-feira, em Mendoza, na Argentina.
“Transformar o Mercosul na Unasul ou vice-versa. É uma coisa só. Não sei como se chamará, mas é preciso considerar que necessitamos caminhar em outras direções de caráter institucional, que primeiro sejam muito mais flexíveis e que sejam mais realistas”, explicou Mujica, em entrevista à revista Búsqueda.
O presidente, que na quarta-feira se responsabilizou pela entrada da Venezuela como sócia-plena do Mercosul, assinalou que “temos que pensar 20 anos para frente” e que “ninguém está fazendo isso”.
Mujica apresentou a proposta aos chefes de Estado da Argentina, Cristina Kirchner; do Brasil, Dilma Rousseff; do Chile, Sebastián Piñera; e do Peru, Ollanta Humala.