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Temas de relações internacionais, de política externa e de diplomacia brasileira, com ênfase em políticas econômicas, em viagens, livros e cultura em geral. Um quilombo de resistência intelectual em defesa da racionalidade, da inteligência e das liberdades democráticas.
O que é este blog?
Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.
sábado, 20 de julho de 2013
Ciencia Politica I e II, na Unesp-Marilia = Marxismo I e II: um concurso pre-fraudado para os companheiros
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sábado, 29 de junho de 2013
Humor marquissista para encerrar noite com alguns sorrisos
Já está com 71 anos. Fez parte da geração uspiana que achou que os petistas iriam fazer a revolução — sem sangue se possível; com ele, se necessário, porque vocês sabem como esses brasucas são teimosos e insistem em não reconhecer o valor daqueles que querem libertá-los. Arantes passou 20 anos na USP pregando a chegada do PT ao poder e, desde 2003, é um crítico do partido porque acha que ele não teve coragem de ir à esquerda o bastante.
A gente pensa num senhor de 71 anos e o imagina se comovendo com o sorriso de uma criança, de um netinho, mesmo sem perder o rigor intelectual. Nada disso! Com Arantes, nem rigor nem sorriso. Ele agora resolveu imitar Jean-Paul Sartre nas jornadas de Maio de 1968, na França, quando havia se convertido a uma seita maoista e distribuía o jornal “La Cause du Peuple” (“A Causa do Povo”). O povo não tinha a menor ideia do que eles falavam. Tanto é assim que, ao fim das jornadas, quem se elege presidente da França, em 1969, é o conservador George Pompidou. Vejam estas imagens. Volto em seguida.
Aos 63 anos, um pouco mais jovem do que Arantes, Sartre se junta aos maoistas e passa a pregar a revolução. De Gaulle, um direitista decente, deu ordens para que não o metessem em cana: “Não se pode prender Voltaire”, exagerou. A direita sempre tão generosa com essa gente… Se pudessem, eles teriam prendido De Gaulle
Duas páginas do jornaleco maoista que faz a exaltação da luta violenta, mais ou menos como temos visto Brasil afora. Acima, lê-se: “Alain Geismar nos mostra o caminho da honra”. O caminho, como se vê, é o confronto. Geismar se tornou depois uma figura influente do Partido Socialista Francês e chegou ao Ministério da Educação
Um grupo de umas 300 pessoas acompanharam a cascata do Sartre caipira, em frente à Prefeitura. Também falou Lúcio Gregori, que foi secretário de Luíza Erundina quando prefeita e defendia a tarifa zero. Ele só não explicou por que ele próprio não a implementou, mas acredita que outros podem fazê-lo. Arantes, que tem uma formação intelectual respeitável, não quer mais saber de filosofia faz tempo. Quer ação. Já há alguns anos, seus textos, pra lá da linha do compreensível — não porque falte inteligência ao leitor, mas porque falta objeto ao autor —, insinuam que a reflexão é só uma modo de procrastinação. Esse portento revolucionário que vocês veem lá no alto quer é luta, ação.
O evento teve o apoio do Passe Livre, que trabalha, não custa lembrar, em parceira com o PSOL e outras legendas de extrema esquerda. Assim como Sartre admirava Daniel Cohen-Bendit (o Ruivo), um dos líderes da revolta estudantil de Maio de 68, Arantes tenta, digamos assim, se alimentar da juventude dos coxinhas radicais do Passe Livre.
A história, claro, não se repete, mas as comédias costumam ter semelhanças estruturais. Em 1968, Cohen-Bendit — que a imprensa chamava de “Dany, Le Rouge” (“Dani, o Vermelho, porque de extrema esquerda e porque ruivo) — subiu num grande leão de Bronze na praça Denfert-Rochereau (imagem abaixo), para liderar uma grande passeata. E convocou todas as correntes que estavam na rua: trotskistas, maoistas, socialistas moderados… E emendou: “A canalha stalinista vai para o fim do cortejo”, deixando clara a hostilidade à esquerda tradicional. O Partido Comunista da França retirou o apoio aos protestos depois de algum tempo porque eles se voltaram também contra a esquerda tradicional.
Assim, não me peçam para rir de uma comédia a que já assisti. Não me peçam para rir de uma farsa que estruturalmente se repete. O fato de o Passe Livre criticar também os petistas não me comove — porque se trata de uma crítica feita pela esquerda. Hoje, usam a catraca como símbolo porque isso é parte de uma estratégia de luta. Eles mesmos confessam que o transporte é apenas o instrumento de “superação do capitalismo”.
Eu não acho que o capitalismo corra risco por causa desses bananas. Mas acho um absurdo que se sintam no direito de infernizar a vida de milhões de pessoas com sua “utopia” aloprada, que, de resto, vai acabar punindo os mais pobres.
Paulo Arantes e outros babões de sua estirpe fracassaram no exercício do ódio como instrumento de pensamento. E agora tentam reunir o que lhes resta de seiva supostamente revolucionária para fazer da catraca um instrumento de mudança do mundo. Espero que não comece a aparecer em público com o elástico da cueca à mostra. Nunca sei qual é o limite dessa gente.
É patético! Chegou ao Brasil, reitero, o pensamento de alguns neomarxistas que asseguram que o grande inimigo da “liberdade” não é o mais o capitalismo, mas a democracia representativa. E parte da imprensa, pondo uma corda no próprio pescoço, comprou essa causa!
sexta-feira, 28 de junho de 2013
Marx contra os marquissistas e os keynesianos de botequim (e os de clube de ricos também)
A burguesia, pelo rápido melhoramento de todos os instrumentos de produção, pelas comunicações infinitamente facilitadas, arrasta todas as nações, mesmo as mais bárbaras, para a civilização. Os preços baratos das suas mercadorias são a artilharia pesada com que deita por terra todas as muralhas da China, com que força à capitulação o mais obstinado ódio dos bárbaros ao estrangeiro. Compele todas as nações a apropriarem o modo de produção da burguesia, se não quiserem arruinar-se; compele-as a introduzirem no seu seio a chamada civilização, i. é, a tornarem-se burguesas. Numa palavra, ela cria para si um mundo à sua própria imagem.
A única parte da chamada riqueza nacional que realmente está na posse coletiva dos povos modernos é a sua dívida pública. Daí ... a doutrina moderna de que um povo se torna tanto mais rico quanto mais profundamente se endividar. A dívida pública torna-se o credo do capital. E, com o surgir do endividamento do Estado, vai para o lugar dos pecados contra o Espírito Santo — para os quais não há qualquer perdão — o perjúrio contra a dívida do Estado.
Como com o toque da varinha mágica, [a dívida pública] reveste o dinheiro improdutivo de poder procriador e transforma-o assim em capital. ... [Mas] a moderna política fiscal... traz em si própria o germe da progressão automática. A sobretaxação não é um acidente, mas sim um princípio.
terça-feira, 7 de agosto de 2012
Teoria "Marquissista" I e II - concurso para "profeçor" da Unesp
Em princípio, deveria exigir conhecimentos amplos sobre essa área, desde os primeiros pensadores da política (isto é, os gregos), passando por Santo Agostinho, Maquiavel, Hobbes, Locke, Montesquieu, e chegando até os clássicos contemporâneos, ou seja Tocqueville, Marx, Weber, e todos os pensadores da teoria política no século XX, entre liberais, conservadores, socialistas, a exemplo de Raymond Aron e vários outros.
Esta a chamada:
Período de Inscrição: de 02/08/2012 até 31/08/2012
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Acham-se abertas, nos termos do Despacho nº 627/2012-RUNESP, de 28/06/2012, publicado no Diário Oficial do Estado – DOE – Poder Executivo – Seção I de 29/06/2012, com base no Estatuto e Regimento Geral da Universidade Estadual Paulista “Julio de Mesquita Filho” – UNESP, bem como na legislação em vigor, as inscrições para o concurso público de provas e títulos para provimento de 01 (um) cargo de PROFESSOR ASSISTENTE, com titulação mínima de Doutor, em Regime de Dedicação Integral à Docência e à Pesquisa – RDIDP, junto ao Departamento de Ciências Políticas e Econômicas, da Faculdade de Filosofia e Ciências, do Campus de Marília, nas disciplinas “Teoria Política I e II”.
Mas vejam o programa:
Programa:
1- Marx e a crítica da política
2- Marx e as revoluções de 1848
3- Marx e a Internacional
4- Marx e o movimento operário alemão
5- Engels e a social democracia
6- As vertentes teóricas da social democracia
7- A teoria do partido revolucionário
8 - A teoria da revolução democrática
9 - A teoria da transição socialista
10 - A teoria dos conselhos
11 - Estado e sociedade civil
12 - Luta de classes e hegemonia
Ou seja, a "teoria política" da Unesp se resume, em tudo e por tudo (e não é pouco, reconheçamos), a uma suposta teoria da revolução segundo os cânones do marxismo-leninismo. Edificante, não é mesmo?
Inclusive uma tal de "transição socialista" que, como todos sabemos, está na ordem do dia.
E eis a Bibliografia recomendada (aliás obrigatória, do contrário, o pobre do candidato não conseguiria passar em tão complicada prova de conhecimentos revolucionários aplicados à realidade do mundo atual).
Bibliografia
BARATTA, G. I quaderni e le rose. Roma: Gamberetti, 1999.
BARATTA, G.; CATONE, A. Tempi moderni: Gramsci e la critica dell´americanismo. Roma: Edizione Associate, 1989.
BERTELLI, A. R. Capitalismo de estado e socialismo. São Paulo: IAP: IPSO, 1999.
BUKHARIN, N. Le vie della rivoluzione. Roma: Riuniti, 1980.
BURGIO, A.; SANTUCCI, A. Gramsci e la rivoluzione in occidente. Roma: Riuniti, 1999.
DEL ROIO, M. O império universal e seus antípodas: a ocidentalização do mundo. São Paulo: Ícone, 1998.
______. Os prismas de Gramsci: a fórmula política da frente única. São Paulo: Xamã: IAP, 2005.
______. Marxismo e oriente: quando as periferias se tornam o centro. São Paulo: Ícone; Marília: Oficina Universitária Unesp, 2008.
ENGELS, F. Anti-Duhring. São Paulo: Paz e Terra, 1977.
______. Revolução e contra-revolução na Alemanha. Lisboa: Avante, 1981.
FEUERBACH, L. A essência do cristianismo. Campinas: Papirus, 1997.
FREDERICO, C. O jovem Marx: as origens da ontologia do ser social. São Paulo: Cortez, 1995.
FREDERICO, C.; SAMPAIO, B. A. Dialética e materialismo: Marx entre Hegel e Feurebach. Rio de Janeiro: Ed. UFRJ, 2006.
GRAMSCI, A. Cadernos do cárcere. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2004. 6 v.
GRUPPI, L. Il pensiero de Lenin. Roma: Riuniti, 1970.
______. O conceito de hegemonia em Gramsci. Rio de Janeiro: Graal, 1980.
HEGEL, G. W. F. Princípios da filosofia do direito. São Paulo: Ícone, 1997.
HOBSBAWN, E. (Org.). Storia del marxismo. Torino: Einaudi, 1978-1982. 4 t.
LENIN, V. Duas táticas da social democracia na revolução democrática. Rio de Janeiro: Vitória, 1945.
______. Que fazer? Lisboa: Estampa, 1973.
______ . Obras escogidas. Moscú: Progreso, 1975. 12 t.
______. O estado e a revolução. São Paulo: Hucitec, 1979.
______. O desenvolvimento do capitalismo na Rússia: o processo de formação do mercado
interno para a grande indústria. São Paulo: Abril Cultural, 1982.
LOSURDO, D. Antonio Gramsci dall liberalismo al comunismo crítico. Roma: Gamberetti, 1997.
LOWY, M. A teoria da revolução no jovem Marx. Petrópolis: Vozes, 2002.
LUKACS, G. Ontologia do ser social: a falsa e a verdadeira ontologia de Hegel. São Paulo: Ciências Humanas, 1979.
_____. Ontologia do ser social: os princípios ontológicos fundamentais de Marx. São Paulo: Ciências Humanas, 1979.
_____. História e consciência de classe. Lisboa: Martins Fontes, 2003.
LUXEMBURG, R. Scritti politici. Roma: Riuniti, 1976.
MARTORANO, L. C. A burocracia e os desafios da transição socialista. São Paulo: Xamã, 2002.
______. Conselhos e democracia. São Paulo: Expressão Popular, 2011.
MARX, K. Luta de classes na França. Introdução e organização de Friedrich Engels. Rio de Janeiro: Vitória, 1956.
______. El capital. México: FCE, 1976. 3 v.
______. A questão judaica. São Paulo: Centauro, 2000.
______. Introdução a crítica da filosofia do direito de Hegel. São Paulo: Boitempo, 2002.
______. Manuscritos econômico-filosóficos. São Paulo: Boitempo, 2004.
MARX, K.; ENGELS, F. Obras escolhidas. Rio de Janeiro: Vitória, 1956. 3v.
______. Manifesto comunista. São Paulo: Boitempo, 1998.
______. A sagrada família. São Paulo: Boitempo, 2002.
______. A ideologia alemã. São Paulo: Boitempo, 2007.
______. Luta de classes na Alemanha. São Paulo: Boitempo, 2010.
MCLELLAN, D. Karl Marx: vida e pensamento. Petrópolis: Vozes, 1990.
MESZAROS, I. Para além do capital. São Paulo: Boitempo, 2003.
______. A teoria da alienação em Marx. São Paulo: Boitempo, 2007.
NETTO, J. P. Capitalismo e reificação. São Paulo: LECH, 1981.
SANTOS, A. Marx, Engels e a luta de partido na Primeira Internacional (1864-1874). Londrina: Ed. UEL, 2002.
TEXIER, J. Revolução e democracia em Marx e Engels. Rio de Janeiro: Ed. UFRJ, 2005.
TROTSKY, L. A revolução permanente. São Paulo: LECH, 1979
O redator do edital e responsável pelo programa é, indiscutivelmente, um adepto da bibliografia italiana, sendo, sem sombra de dúvida, um remanescente do exílio italiano, do qual ele ainda não conseguiu se liberar. Tanto é assim, que cita a obra dirigida pelo Hobsbawm na sua edição italiana -- Storia del marxismo -- quando existe uma edição em Português desde muitos anos. O autor do edital espera, entretanto, que os candidatos não apenas leiam a edição italiana, mas que eles leiam, como "teoria política", exclusivamente essa bibliografia sectária.
É ou não é um concurso destinado apenas a um companheiro desempregado?
Edificante como se notam progressos fantásticos no que se converteu em lixo das humanidades nas universidades públicas brasileiras.
Eu poderia passar no concurso, pois conheço toda essa bibliografia marxista, mas suponho que na prova didática os companheiros só vão selecionar aqueles plenamente identificados com o seu "marquissismo" altamente idiota.
Paulo Roberto de Almeida
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Addendum em 9/08/2012:
Um comentário que merece promoção de nota de rodapé a corpo de texto:
quinta-feira, 7 de julho de 2011
Falacias Academicas: o retorno!: desta vez, sobre o marxismo vulgar... (ou marquissismo)
No mês passado, um desses "marquissistas de opereta", que vivem repetindo como papagaios alguns slogans surrados do marxismo oficial, e com isso deteriorando ainda mais o marxismo vulgar que já percorre e contamina nossas faculdades de humanidades sem nenhum pudor dialético, protestou contra o fato de eu ter postado neste blog um "projeto" (o conceito não se aplica) de pesquisa, financiado generosamente pela agência paulista de fomento, para provar algo que eu mesmo posso provar sem projeto e sem cobrar nada: que o governo Lula praticava (e sua sucessora ainda pratica) uma política econômica neoliberal.
Furibundo pelo fato de eu ter simplesmente tecido comentários irônicos sobre o seu "projeto", o tal de "marquissista de fancaria" pretendeu liderar uma caça às bruxas (no caso apenas uma, eu mesmo), contra o que ele considerava ser um ataque reacionário ao seu justo direito de gastar dinheiro público descobrindo o óbvio. Teve um outro colega delirante chegou a afirmar que eu estava levando -- vejam vocês, com um simples e obscuro post -- uma "campanha macartista". Ele provavelmente não deve saber o que isto significa e fala coisas sem saber.
O fato é que os nossos "marquissistas" estão deteriorando o edifício mais que secular do marxismo, com seu "modo repetitivo de produção", que consiste simplesmente em juntar alguns slogans mais conhecidos e ir colando, aqui e ali, em textos absolutamente incompreensíveis, como um recente, sobre "o moinho satânico" do capitalismo", uma assemblagem insossa e sem sentido de chavões e clichês que pretende ser marxista, quando é somente ridículo.
Em todo caso, aqui segue o meu artigo:
Falácias acadêmicas, 15: o modo repetitivo de produção do marxismo vulgar no Brasil
Brasília, 26 junho 2011, 15 p. Discussão das mistificações cometidas contra o marxismo pelos repetidores de slogans superficiais.
Espaço Acadêmico (ano 11, n. 122, julho 2011, p. 111-122)
Relação de Originais n. 2283; Publicados n. 1040.
link: http://www.periodicos.uem.br/ojs/index.php/EspacoAcademico/article/view/13823/7221