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Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

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sábado, 1 de abril de 2023

A trajetória parlamentar de Gregório Bezerra e Roberto Morena - Mestrado de Soraia Vieira Nogueira (CEDEM-Unesp)

A trajetória parlamentar de Gregório Bezerra e Roberto Morena

Documentação disponível no CEDEM foi importante para realização do estudo

20/03/2023, 07:00 por: Assessoria de Comunicação do CEDEM, da Unesp

 https://www.cedem.unesp.br/#!/noticia/604/a-trajetoria-parlamentar-de-gregorio-bezerra-e-roberto-morena/

Gregório Lourenço Bezerra (1900 – 1983) foi um destacado dirigente comunista. Roberto Morena (1902 – 1978) foi operário e também militou no Partido. Ambos cumpriram mandatos de deputado federal no período da Guerra Fria. Bezerra foi eleito pelo PCB para o mandato de 1946 a 1950, mas só cumpriu dois anos, visto que a agremiação foi posta na ilegalidade no então governo de Eurico Gaspar Dutra. Morena foi eleito em 1951, no segundo governo de Getúlio Vargas, pelo Partido Republicano Trabalhista (PRT), uma vez que o PCB estava cassado. Os mandatos desses dois políticos foi objeto de estudo de mestrado de Soraia Vieira Nogueira, apresentado na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), sob orientação da docente Anita Leocadia Prestes.

A pesquisa intitulada História comparada da atuação parlamentar de dois comunistas brasileiros: o camponês Gregório Bezerra (1946-1948) e o operário Roberto Morena (1951-1955) busca, segundo sua autora, “fazer uma leitura da atuação dos comunistas brasileiros diferente das versões eivadas de anticomunismo da história oficial e de informações equivocadas de alguns pesquisadores. Como é sabido, as classes dominantes e a história oficial se esforçaram em apagar as memórias e, por vezes, criar versões deturpadas e caluniadoras sobre eles e boa parte da literatura produzida estava mais preocupada em apontar os erros do PCB do que em realizar uma análise mais abrangente”.

Para realizá-la, Soraia analisou e comparou os discursos proferidos por Bezerra na Assembleia Nacional Constituinte, de 1946, e na Câmara dos Deputados e por Morena na Câmara. Além disso, selecionou os documentos do Partido Comunista; as Memórias de Bezerra; o perfil parlamentar de Morena encontrado no Centro de Documentação e Memória (CEDEM); os verbetes disponíveis no Dicionário Histórico-Biográfico Brasileiro do Centro de Pesquisa e Documentação da Fundação Getúlio Vargas (CPDoc/FGV), periódicos comunistas e jornais diários.

“O CEDEM é um arquivo que possui importantes acervos documentais sobre a história política do Brasil do fim do século XIX e início do XX e boa parte está disponível aos pesquisadores que desejam investigar o acervo. O Fundo Roberto Morena oferece um conjunto de documentos produzidos no Brasil e em outros países e foi importante para compreendermos a trajetória de Bezerra e Morena para verificarmos se a origem camponesa de um, e operária de outro, interferiram em suas atuações parlamentares,” enfatiza a pesquisadora.

Durante o estudo, Soraia percebeu que os principais temas defendidos pelos dois deputados, ainda que em épocas distintas, retrataram as preocupações do PCB. Em seus discursos, eles defenderam a democracia e a soberania nacional frente à dominação imperialista; as classes de trabalhadores da cidade e do campo (camponeses e trabalhadores rurais assalariados); mulheres, crianças e jovens marginalizados e oprimidos.

Segundo a autora, em todos os documentos os comunistas afirmavam que o PCB era o partido do proletariado e do povo que sofre, luta, trabalha e produz. É certo que, tanto Gregório quanto Morena lutaram pelos trabalhadores explorados nas cidades e no campo. “Comparando os conteúdos dos discursos, percebemos que Gregório defendeu mais os camponeses explorados, em vias de expulsão de suas terras pelo latifundiário e os trabalhadores rurais assalariados do que a classe operária. Ao passo que Morena lutou pelos metalúrgicos, ferroviários, tecelões, bancários, curtumeiros, entre outros, do que a grande massa de homens explorados e oprimidos do campo,” afirma.

Outro ponto semelhante na atuação dos deputados, observado pela pesquisadora, foi a defesa intransigente das mulheres e das crianças pobres e exploradas. No dia a dia estiveram ombro a ombro com as mulheres em suas lutas nos engenhos de cana, nas fábricas, nos Comitês Democráticos Populares, nos congressos, nos sindicatos, nas favelas, nos enterros dos seus entes queridos, entre outros espaços, onde havia as reivindicações tão necessárias à melhoria de vida. Gregório brigou pelas parturientes que geravam filhos subnutridos; Morena, pelas operárias que recebiam salários em torno da metade ou um terço do que recebiam os homens. “Diante disso, podemos dizer que ambos tiveram importantes atuações parlamentar e extraparlamentar na tentativa de ouvir o clamor dos mais necessitados e tentar resolver ou minorar os problemas,” esclarece.

Soraia conclui afirmando: “Independentemente dos erros ou acertos tanto da estratégia quanto das táticas do Partido Comunista, a documentação evidencia o quanto eles lutaram pela solução dos problemas sociais no Brasil. Contudo, dentro de um parlamento conservador a luta travada pelos comunistas foi uma luta de classes. Por isso, os seus projetos, os apartes, os requerimentos e as emendas apresentados, em sua maioria, foram rejeitados ou indeferidos, pois não interessava aos representantes das classes dominantes resolver os sérios entraves que atingiam a maioria da população subjugada”.

Onde pesquisar: 

CEDEM 

On-linewww.cedem.unesp.br
Presencial: Sede do Centro de Documentação e Memória (CEDEM), da Unesp
Praça da Sé, 108, 1º andar – São Paulo (SP)
E-mail: pesquisa.cedem@unesp.br
Tel.: 11-3116-1701


quinta-feira, 23 de junho de 2022

Clássico do pensamento chinês ganha tradução inédita em idioma ocidental - tradução de Giorgio Sinedino

Giorgio Sinedino foi meu aluno no programa de Mestrado em Diplomacia do Instituto Rio Branco.

Clássico do pensamento chinês ganha tradução inédita
 em idioma ocidental

UNESP, Ano 7 | Nº 312 | 23/06/2022

Um dos principais textos do pensamento e da literatura chineses – e que não só continua a intrigar e inspirar leitores sinófonos em nossos tempos, mas também é uma das principais “pontes” para que leitores de outros idiomas possam se aproximar do que nos foi legado pela China Antiga – vem a lume, pela primeira vez em um idioma ocidental, o livro O imortal do Sul da China: uma leitura cultural do Zhuangzi, lançamento da Editora Unesp com apoio do Instituto Confúcio na Unesp. A tradução e os comentários ficam a cargo do pesquisador Giorgio Sinedino, que também assina as traduções de Os Analectos e de Dao De Jing.


 






sábado, 11 de maio de 2019

Unesp divulga seus livros digitais: política externa e diplomacia


Veja Também

  • A dimensão subnacional e as relações internacionais
    A dimensão subnacional e as relações internacionais
    Maria Inês Barreto, Marcelo Passini Mariano, Tullo Vigevani, Luiz Eduardo W. Wanderley

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    Trata de como as estruturas estatais não nacionais, chamadas de governos subnacionais, participam de um processo no qual a capacidade de compreender, se relacionar e cooperar com o mundo exterior é cada vez mais decisiva. São discutidas diferentes formações sociais e políticas, verificando como os governos subnacionais reagem ante as mudanças ocorridas nos campos político e econômico, regional e internacional.
  • A política externa brasileira - 2ª edição
    A política externa brasileira - 2ª edição
    Gabriel Cepaluni,Tullo Vigevani

    Confira o desconto em nossa livraria
    Quando, em 1985, José Sarney tomou posse como o primeiro governo civil após longos anos de regime militar, o país enfrentava uma grave crise econômica, e o modelo econômico de substituição de importações então vigente – que perdurava desde a década de 1930 –, além de criticado pelo FMI e pelo Banco Mundial, apresentava problemas. Esse contexto, aliado a outros fatores, como a ineficácia das medidas adotadas para controlar a inflação e manter o crescimento do PIB, provocava instabilidade e evidenciava a necessidade de mudanças na política econômica externa brasileira. Essas mudanças aconteceram gradualmente, traçando um novo desenho que buscava o fortalecimento da soberania do país.
  • Política externa e democracia no Brasil
    Política externa e democracia no Brasil
    Dawisson Belém Lopes

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    Neste livro, o autor examina as relações entre democracia e política externa, tema para ele de indiscutível atualidade e importância, que, no entanto, tem escassa presença na literatura em língua portuguesa. A obra foca o Brasil após a redemocratização, em 1985, para avaliar se a política externa brasileira tornou-se mais democrática no novo contexto ou se, apesar de ter ganhado mais espaço na mídia nesse período, continuou sendo decidida exclusivamente pelo Estado.
  • Abolicionistas brasileiros e ingleses
    Abolicionistas brasileiros e ingleses
    Antonio Penalves Rocha

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    Personagem dos mais importantes na história do Brasil, Joaquim Nabuco é visto neste trabalho de maneira original. A ênfase recai sobre como ele e a British and Foreign Anti-Slavery Society promoveram-se mutuamente. O autor realiza, nesse sentido, um revelador balanço da ação abolicionista de Joaquim Nabuco e de seu trabalho com sociedade antiescravista inglesa para a edificação de sua própria imagem de líder do movimento abolicionista brasileiro.
  • A crise financeira internacional
    A crise financeira internacional
    Fernando Ferrari Filho,Luiz Fernando De Paula

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    A atual crise financeira internacional (2008-2009) pode ter desfecho menos dramático em relação ao da grande depressão de 1930, cuja solução definitiva foi o choque de demanda imprimido pela Segunda Guerra Mundial? Qual é o vínculo entre o desmonte das previdências públicas e a longa duração do colapso? O "Novo Brasil" resistiria a uma onda especulativa contra o real? Que cicatrizes este período deixará na economia e liderança dos Estados Unidos?

quinta-feira, 20 de dezembro de 2018

Colecao Memoria Atlantica - Unesp

Cultura Acadêmica lança coleção Memória Atlântica para download gratuito 






Cultura Acadêmica lança coleção Memória Atlântica para download gratuito

Notícias Unesp, segunda-feira, 17 de dezembro de 2018
A coleção de e-books Memória Atlântica é uma iniciativa do grupo de pesquisa Escritos sobre os Novos Mundos, em parceria com a Fapesp, que mantém o grupo, da Fundação Editora da Unesp (selo Cultura Acadêmica) e da Academia Portuguesa da História, e tem o propósito de oferecer gratuitamente ao público, especializado ou não, acesso a edições digitais de documentos e obras raras da cultura luso-brasileira. 
"É um pequeno contributo, e esse é o seu principal propósito, ao sempre polêmico mas necessário processo de construção da memória e da identidade nacionais, deste e do outro lado do Atlântico", explica Jean Marcel Carvalho França, coordenador do grupo de pesquisa.
As edições, que abarcam documentos inéditos, obras nunca antes publicadas em português e obras cujas impressões estão hoje inacessíveis, são precedidas por uma introdução histórica, composta por um ou mais especialistas, e seguida da versão integral do escrito, anotada e com ortografia e pontuação modernizadas. A cada cinco, seis meses, aproximadamente, serão lançados dois volumes da coleção: um mais voltado para a memória da Península Ibérica (a capa traz um ramo de oliva) e outro relacionado à memória da América Portuguesa, do Brasil (a capa traz um ramo de café).
Os dois volumes que abrem a coleção são: o Tratado sobre Medecina que fez o Doutor Zacuto para seu filho levar consigo quando se foy para o Brazil. Disposto e Copeado por hordem de Ishack de Matatia Aboab, escrito em 1540 por B. Godines, um manuscrito inédito preparado pelos historiadores Ana Carolina Viotti e Gabriel Ferreira Gurian; e Ensino Cristão, obra editada pela primeira vez por Luís Rodrigues em 1539, e preparada pelo historiador Leandro Alves Teodoro.
A coleção trará ainda, entre muitos outros títulos: o Índice dos cognomes e nomes dos autores da livraria do Mosteiro de São Bento do Rio de Janeiro (1766), elaborado por Frei Gaspar da Madre de Deus, um manuscrito inédito, preparado pelo historiador Jean Marcel Carvalho França; e o Le Canarien: Histoire de la première descouverte et conqueste des Canaries, faite dès l’an 1402 escrite du temps mesme par Jean de Béthencourt, plus un Traicté de la navigation et des voyages de descouverte et conquestes modernes et principales des François (1402-1422), obra inédita em português, preparada pelos historiadores Susani Silveira Lemos França e Rafael Afonso Gonçalves.
Os primeiros volumes estão disponíveis para download gratuito no site da Cultura Acadêmica. As impressões em papel serão sob demanda.
Assessoria de Imprensa da Fundação Editora da Unesp 

http://editoraunesp.com.br/blog/cultura-academica-lanca-colecao-memoria-atlantica-para-download-gratuito

http://www.culturaacademica.com.br

quarta-feira, 21 de maio de 2014

Professores e funcionários da USP, Unicamp e Unesp pretendem afundar de vez suas universidades

Professores e funcionários da USP, Unicamp e Unesp fazem paralisação

Sindicatos decidirão se categorias entram em greve em resposta à decisão de reitores de congelar salários neste ano

Veja.com, 21/05/2014
Universidade de São Paulo, Cidade Universitária
Universidade de São Paulo, Cidade Universitária (Marcos Santos/USP Imagens)
Professores e funcionários das universidades estaduais paulistas - Universidade de São Paulo (USP), Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e Universidade Estadual Paulista (Unesp) - decidiram suspender as atividades nesta quarta-feira em resposta à decisão dos reitores das três instituições de congelar os salários neste ano. Segundo as universidades, o comprometimento de orçamento com folha de pagamento atinge 94,47% na Unesp e 96,52% na Unicamp. Já na USP, o número atinge 105%: só nos três primeiros meses de 2014, a instituição desembolsou 250 milhões de reais de suas reservas financeiras para pagamentos a funcionários.
Na terça-feira, o reitor da USP, Marco Antonio Zago, declarou após reunião com o Conselho de Reitores das Universidades Estaduais de São Paulo (Cruesp) que a decisão de não aumentar os salários neste ano será mantida, e que só há possibilidade de revisão do congelamento de remunerações dentro de seis meses. O órgão volta a se reunir nesta quarta-feira para discutir o assunto.

Após o encontro dos reitores, os sindicatos das categorias planejam assembleia para debater a possibilidade de greve. Os sindicalistas pedem aumento de 9,78% para todos os servidores, o que corresponde à inflação e à reposição parcial de perdas salariais. Além dos funcionários, parte dos estudantes da USP também deve aderir à paralisação em protesto contra a redução de verba destinada à pesquisa.
As universidades estaduais têm autonomia financeira e recebem repasse anual de 9,57% do Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS). Assim, as transferências variam de acordo com a arrecadação estadual. Nos últimos anos, esses valores seguiram crescendo, mas em ritmo menor desde 2012.

domingo, 17 de março de 2013

Economia das relacoes internacionais em falta na Unesp: alunos reclamam

Se fosse uma simples questão de adquirir conhecimentos eu poderia recomendar meus livros, que cobrem tanto a economia das relações internacionais, como as relações econômicas internacionais e a diplomacia econômica do Brasil. O problema para os alunos do curso de RI da Unesp-Franca é que eles precisam da matéria dada por um professor, que nem sempre virá no momento mais adequado para permitir sua formação.
Aí está o protesto.
Paulo Roberto de Almeida 

Alunos da Unesp reclamam de falta de professor e temem não se formar

Estudantes de Relações Internacionais de Franca fizeram uma petição.
Coordenação do curso diz que fará concurso e nega prejuízo a alunos.

Rodolfo Tiengo Do G1 Ribeirão e Franca, 14/03/2013 15h26
Alunos da Unesp em Franca reclamam de falta de professor em curso de Relações Internacionais (Foto: Eliana Assumpção/Divulgação Unesp)Alunos da Unesp reclamam de falta de professor (Foto: Eliana Assumpção/Divulgação Unesp)
Alunos da Unesp de Franca (SP) dizem ter medo de não se formar neste ano em razão da ausência de um professor para lecionar duas disciplinas. Cem estudantes do quarto ano de Relações Internacionais alegam que a universidade se negou a contratar um docente para os módulos de economia política internacional e relações comerciais internacionais. Eles fizeram uma petição e entregaram à direção da universidade. A coordenação do curso informou que a abertura de um concurso público já foi confirmada e que os estudantes não terão problemas para se graduar. A reitoria da Unesp, em São Paulo (SP), alegou que o problema está sendo resolvido.
De acordo com os estudantes, a contratação do professor é requerida pelo campus de Franca desde que entrou em vigor, por meio da resolução nº 20, o novo projeto pedagógico do curso – que prevê a inclusão das disciplinas como obrigatórias - e que têm carga total de 120 horas. Como a solicitação não foi atendida, os alunos ingressantes na universidade em 2010 – para os quais a nova resolução já era válida - não tiveram as aulas de economia política programadas para serem dadas no terceiro ano e correm o risco de não ter as de relações comerciais, que segundo a grade curricular estão previstas para o segundo semestre deste ano.
“É frustrante. Muitos tentarão arrumar emprego e não conseguirão. Quero tentar o mestrado, mas não poderei prestar”, disse Kaique Rodrigues Dantas de Carvalho, de 21 anos, estudante do quarto ano de Relações Internacionais da Unesp, um dos autores da petição que foi elaborada no final de fevereiro e disponibilizada pela internet para recolhimento de assinaturas.
A falta do professor afetará também os estudantes do terceiro ano, disse Carvalho. “O tempo de contratação de um professor demora de um ano a um ano e meio. Se esse concurso não for aberto agora, as pessoas do terceiro ano terão o mesmo problema.”
De acordo com estudante, o documento foi entregue à direção da Unesp em Franca e à reitoria, em São Paulo, como última tentativa de resolver a questão e de ter direito às aulas . Caso isso não aconteça, os universitários pretendem entrar na Justiça.
Unesp
Em nota, a reitoria da Unesp em São Paulo comunicou que o assunto tem sido encaminhado com a Unesp de Franca desde 2012 e a expectativa é de que o problema seja solucionado neste semestre. A universidade nega que a falta do professor resulte na não conclusão do curso pelos alunos. “Não há nenhuma possibilidade de que os alunos do curso de Relações Internacionais sejam prejudicados, inclusive em relação a não concluírem a sua graduação”, informou.
O coordenador do curso de Relações Internacionais em Franca, professor Marcelo Passini Mariano, disse que recebeu ainda na quarta-feira (13) a confirmação de que a universidade abrirá concurso público para um professor efetivo e um substituto para lecionar as disciplinas e que estas serão facilmente encaixadas na grade de aulas dos alunos do quarto ano ainda em 2013. “Já está tudo correto, tem concurso aprovado. (...) O projeto pedagógico tem flexibilidade, são disciplinas que poderiam ser dadas tanto no quarto quanto no terceiro ano”, disse.
Contatada pelo G1, a assessoria de imprensa da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia do Estado, à qual a Unesp é ligada, disse que a universidade tem autonomia para esclarecer dúvidas sobre sua grade curricular. A reportagem também procurou a direção da Unesp em Franca, que não retornou nossa solicitação até a publicação desta reportagem.

terça-feira, 7 de agosto de 2012

Teoria "Marquissista" I e II - concurso para "profeçor" da Unesp

Bem, o concurso para professor da Unesp-Marília é teoricamente para a disciplina "Teoria Política I e II".
Em princípio, deveria exigir conhecimentos amplos sobre essa área,  desde os primeiros pensadores da política (isto é, os gregos), passando por Santo Agostinho, Maquiavel, Hobbes, Locke, Montesquieu, e chegando até os clássicos contemporâneos, ou seja Tocqueville, Marx, Weber, e todos os pensadores da teoria política no século XX, entre liberais, conservadores, socialistas, a exemplo de Raymond Aron e vários outros.
Esta a chamada: 

Período de Inscrição: de 02/08/2012 até 31/08/2012

Acham-se abertas, nos termos do Despacho nº 627/2012-RUNESP, de 28/06/2012, publicado no Diário Oficial do Estado – DOE – Poder Executivo – Seção I de 29/06/2012, com base no Estatuto e Regimento Geral da Universidade Estadual Paulista “Julio de Mesquita Filho” – UNESP, bem como na legislação em vigor, as inscrições para o concurso público de provas e títulos para provimento de  01 (um) cargo de PROFESSOR ASSISTENTE, com titulação mínima de Doutor, em Regime de Dedicação Integral à Docência e à Pesquisa – RDIDP, junto ao  Departamento de Ciências Políticas e Econômicas, da Faculdade de Filosofia e Ciências, do  Campus de Marília, nas disciplinas  “Teoria Política I e II”


Mas vejam o programa:
Programa
1- Marx e a crítica da política  
2- Marx e as revoluções de 1848  
3- Marx e a Internacional  
4- Marx e o movimento operário alemão  
5- Engels e a social democracia  
6- As vertentes teóricas da social democracia  
7- A teoria do partido revolucionário  
8 - A teoria da revolução democrática  
9 - A teoria da transição socialista  
10 - A teoria dos conselhos  
11 - Estado e sociedade civil  
12 - Luta de classes e hegemonia 

Ou seja, a "teoria política" da Unesp se resume, em tudo e por tudo (e não é pouco, reconheçamos), a uma suposta teoria da revolução segundo os cânones do marxismo-leninismo. Edificante, não é mesmo?
Inclusive uma tal de "transição socialista" que, como todos sabemos, está na ordem do dia.

E eis a Bibliografia recomendada (aliás obrigatória, do contrário, o pobre do candidato não conseguiria passar em tão complicada prova de conhecimentos revolucionários aplicados à realidade do mundo atual).


Bibliografia 
BARATTA, G. I quaderni e le rose. Roma: Gamberetti, 1999. 
BARATTA, G.; CATONE, A. Tempi moderni: Gramsci e la critica dell´americanismo. Roma: Edizione Associate, 1989. 
BERTELLI, A. R. Capitalismo de estado e socialismo. São Paulo: IAP: IPSO, 1999. 
BUKHARIN, N. Le vie della rivoluzione. Roma: Riuniti, 1980. 
BURGIO, A.; SANTUCCI, A. Gramsci e la rivoluzione in occidente. Roma: Riuniti, 1999. 
DEL ROIO, M. O império universal e seus antípodas: a ocidentalização do mundo. São Paulo: Ícone, 1998. 
______. Os prismas de Gramsci: a fórmula política da frente única. São Paulo: Xamã: IAP, 2005. 
______. Marxismo e oriente: quando as periferias se tornam o centro. São Paulo: Ícone; Marília: Oficina Universitária Unesp, 2008. 
ENGELS, F. Anti-Duhring. São Paulo: Paz e Terra, 1977.  
______. Revolução e contra-revolução na Alemanha. Lisboa: Avante, 1981. 
FEUERBACH, L. A essência do cristianismo. Campinas: Papirus, 1997. 
FREDERICO, C. O jovem Marx: as origens da ontologia do ser social. São Paulo: Cortez, 1995. 
FREDERICO, C.; SAMPAIO, B. A. Dialética e materialismo: Marx entre Hegel e Feurebach. Rio de Janeiro: Ed. UFRJ, 2006.   
GRAMSCI, A. Cadernos do cárcere. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2004. 6 v.  
GRUPPI, L. Il pensiero de Lenin. Roma: Riuniti, 1970. 
______. O conceito de hegemonia em Gramsci. Rio de Janeiro: Graal, 1980.  
HEGEL, G. W. F. Princípios da filosofia do direito. São Paulo: Ícone, 1997. 
HOBSBAWN, E. (Org.). Storia del marxismo. Torino: Einaudi, 1978-1982. 4 t. 
LENIN, V. Duas táticas da social democracia na revolução democrática. Rio de Janeiro: Vitória, 1945. 
______. Que fazer? Lisboa: Estampa, 1973.  
______ . Obras escogidas. Moscú: Progreso, 1975. 12 t. 
______. O estado e a revolução. São Paulo: Hucitec, 1979. 
______. O desenvolvimento do capitalismo na Rússia: o processo de formação do mercado 
interno para a grande indústria. São Paulo: Abril Cultural, 1982.  
LOSURDO, D. Antonio Gramsci dall liberalismo al comunismo crítico. Roma: Gamberetti, 1997. 
LOWY, M. A teoria da revolução no jovem Marx. Petrópolis: Vozes, 2002. 
LUKACS, G. Ontologia do ser social: a falsa e a verdadeira ontologia de Hegel. São Paulo: Ciências Humanas, 1979. 
_____. Ontologia do ser social: os princípios ontológicos fundamentais de Marx. São Paulo: Ciências Humanas, 1979. 
_____. História e consciência de classe. Lisboa: Martins Fontes, 2003. 
LUXEMBURG, R. Scritti politici. Roma: Riuniti, 1976. 
MARTORANO, L. C. A burocracia e os desafios da transição socialista. São Paulo: Xamã, 2002. 
______. Conselhos e democracia. São Paulo: Expressão Popular, 2011. 
MARX, K.  Luta de classes na França. Introdução e organização de Friedrich Engels. Rio de Janeiro: Vitória, 1956. 
______. El capital. México: FCE, 1976. 3 v.  
______. A questão judaica. São Paulo: Centauro, 2000. 
______. Introdução a crítica da filosofia do direito de Hegel. São Paulo: Boitempo, 2002.  
______. Manuscritos econômico-filosóficos. São Paulo: Boitempo, 2004. 
MARX, K.; ENGELS, F. Obras escolhidas. Rio de Janeiro: Vitória, 1956. 3v.  
______. Manifesto comunista. São Paulo: Boitempo, 1998. 
______. A sagrada família. São Paulo: Boitempo, 2002. 
______. A ideologia alemã. São Paulo: Boitempo, 2007. 
______. Luta de classes na Alemanha. São Paulo: Boitempo, 2010.  
MCLELLAN, D. Karl Marx: vida e pensamento. Petrópolis: Vozes, 1990. 
MESZAROS, I. Para além do capital. São Paulo: Boitempo, 2003. 
______. A teoria da alienação em Marx. São Paulo: Boitempo, 2007. 
NETTO, J. P. Capitalismo e reificação. São Paulo: LECH, 1981. 
SANTOS, A. Marx, Engels e a luta de partido na Primeira Internacional (1864-1874). Londrina: Ed. UEL, 2002. 
TEXIER, J. Revolução e democracia em Marx e Engels. Rio de Janeiro: Ed. UFRJ, 2005. 
TROTSKY, L. A revolução permanente. São Paulo: LECH, 1979

O redator do edital e responsável pelo programa é, indiscutivelmente, um adepto da bibliografia italiana, sendo, sem sombra de dúvida, um remanescente do exílio italiano, do qual ele ainda não conseguiu se liberar. Tanto é assim, que cita a obra dirigida pelo Hobsbawm na sua edição italiana -- Storia del marxismo -- quando existe uma edição em Português desde muitos anos. O autor do edital espera, entretanto, que os candidatos não apenas leiam a edição italiana, mas que eles leiam, como "teoria política", exclusivamente essa bibliografia sectária.

É ou não é um concurso destinado apenas a um companheiro desempregado?
Edificante como se notam progressos fantásticos no que se converteu em lixo das humanidades nas universidades públicas brasileiras.
Eu poderia passar no concurso, pois conheço toda essa bibliografia marxista, mas suponho que na prova didática os companheiros só vão selecionar aqueles plenamente identificados com o seu "marquissismo" altamente idiota.
Paulo Roberto de Almeida 
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Addendum em 9/08/2012:
Um comentário que merece promoção de nota de rodapé a corpo de texto:


paulo araújo deixou um novo comentário sobre a sua postagem "Teoria "Marquissista" I e II - concurso para "prof...": 

Paulo

Boa sua resposta ao Anônimo horrorizado.

Senti falta na bibliografia do Dialética da Natureza, do Engels. hehe

Roberto Romano contou o que certa vez aconteceu há muitos anos em uma sala de aula:

"Permitam-me contar-lhes uma anedota verdadeira. Em certo campus paulista, uma aluna perguntou-me qual o conteúdo da disciplina a ser ministrada por mim. Respondi que iria analisar os escritos de Maquiavel. "Que bom!" disse ela. "Já estava cansada de Marx". Naqueles anos os professores freqüentavam muito Marx e pouco outros autores. A situação mudou. Hoje, os docentes evitam ensinar marxismo, fora de moda para os intelectos que medem os pensadores pelo metro do mercado financeiro ou político. Outra aluna, militante, protestou: "Num curso marxista, se estuda Marx". "Errado", retruquei: "num curso marxista se imitaria Marx. Nele, seriam vistos Aristóteles, Hegel, Smith, Ricardo etc." Numa universidade pública, arrematei, todos os sistemas e pensamentos devem ser discutidos. Se a estudante imaginava ser "marxista" é porque já havia estudado os autores antes de cursar as disciplinas ensinadas no campus: ninguém opta por esta ou aquela filosofia sem acurado exame prévio. Neste caso, o curriculum não seria essencial. Se desejava aprender marxismo, ela precisaria, antes, comunicar-se com os pensadores que definiram o campo teórico a partir do qual Marx refletiu. Para isso, bastaria conferir os subtítulos dos trabalhos de Marx: "crítica da economia política". "Crítica" é exame, seleção, partilha, análise."

E sendo o assunto do post o ensino de Marx (principalmente de segunda mão gramsciana), vale lembrar o ó timo trabalho de Orlando Tambosi, que, por óbvio, não está na bibliografia:

O declínio do marxismo e a herança hegeliana (Editora da Universidade Federal de Santa Catarina,1999). O livro, praticamente deconhecido nos meios acadêmicos brasileiros, foi bem recebido na Itália e ganhou tradução: Perché il marxismo ha fallito (Milano, Mondadori, 2001). Leitura mais que bem-vinda para quem quer arriscar-se no pensamento do passado de uma ilusão. 

Tambosi (tese de doutoramento na UNICAMP em 1991 que deu origem ao livro) produziu uma análise do ideário marxista a partir dos escritos de Lucio Colleti.

Uma rápida resenha:

O livro apresenta um panorama das doutrinas marxistas na Itália e seus vínculos com o hegeliano Croce. Gramsci, sabemos, era conhecedor e admirador de Croce. Posteriormente, Della Volpe produziu uma vigorosa crítica do idealismo hegeliano e das concepções historicistas que marcavam profundamente o comunismo italiano. Colletti entra no debate pela vertente dellavolpiana nos anos 40/50. Essa turma tentou contrapor ao historicismo uma visão do marxismo como ciência. Colletti, nesse percurso, faz-se profundo conhecedor de Hegel e Marx. No início dos anos 70 ele radicaliza suas análises e conclui que Marx era um epígono de Hegel. 

Ao afirmar a existência de contradições na realidade (sobretudo via Engels, na Dialética da Natureza) o marxismo apresentou-se como uma filosofia da história: a ideia da história como portadora de uma ontologia (finalidade) que nos conduziria para uma determinada e necessária meta (o comunismo, a sociedade sem classes e sem Estado eram o corolário da história).

Colletti concluiu que a dialética de Marx, que supunha ter invertido a dialética hegeliana em termos materialistas, não superou o idealismo alemão. Colletti concluiu que o marxismo é, sim, uma metafísica herdeira de Hegel. 

Com o mesmo rigor, honestidade e independência intelectual com que analisou a “conexão Marx-Hegel”, procurando nela esmiuçar os elementos científicos do marxismo, Colletii desmonta a concepção que durante 25 anos ele ajudou a construir (marxismo como ciência) e rompe (início dos anos 70) com o marxismo, aproximando-se cada vez mais de uma perspectiva liberal.