O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida;

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domingo, 28 de janeiro de 2018

Balancos paralelos do lulopetismo economico e diplomatico, para o Brasil Paralelo - Paulo Roberto de Almeida

Esta entrevista foi feita em outubro de 2016, sem que eu soubesse exatamente a destinação ou uso que dela fariam os entrevistadores, de uma entidade até então desconhecida para mim, chamada Brasil Paralelo, mas eu estava atendendo um pedido e a recomendação de um amigo:
A política externa paralela do lulopetismo diplomático

Entrevista gravada em Brasília, em 14 de outubro de 2016, como depoimento ao Brasil Paralelo (https://www.facebook.com/brasilparalelo/), exibido online em novembro de 2016Os dados básicos sobre a entrevista foram consignados por mim no blog Diplomatizzando (15/10//2016: http://diplomatizzando.blogspot.com.br/2016/10/congresso-brasil-paralelo-como-refundar.html).

Inserido no canal pessoal no YouTube:  
https://www.youtube.com/watch?v=fWZXaIz8MUc 

Um comentário recente, levou-me a verificar os comentários anteriores:

19 comentários

Ae Paulinho um dos poucos economistas brasileiros que sabe economia kkkkk
Grato Nai Sei 123; na verdade não sou economista e não posso me apresentar como tal, embora tenha mestrado em planejamento econômico e tenha feito uma tese sobre o comércio exterior brasileiro, sendo ainda professor de economia política num curso de pós-grado em Direito; minha vertente é economia politica, como as aulas, e minha especialização está em políticas públicas e em relações econômicas internacionais.
Minha melhor entrevista ever...
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Paulo Roberto de Almeida - Por favor Professor, escreva um livro sobre os temas dessa entrevista.
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Pois é, eu já pensei nisso, mas o problema é a falta de tempo para fazer tudo. Eu precisaria parar com várias outras atividades, inclusive escrever no FB, para poder me dedicar à feitura de livros. Vamos ver se consigo me organizar...
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Sugestão de título: "a.C e d.C, antes e depois dos companheiros". Torço para que sobre tempo na sua agenda. Aguardo esperançoso.
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Esse conceito de AC e DC está em meus planos; vou ver se consigo fazer um texto em torno disso.
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Obrigado Professor. Se tornou uma grande inspiração no meio acadêmico para mim.
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Melhor analise do Brasil em uma entrevista que eu ja vi. Parabens.
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Obrigado por disponibilizar essa aula para nós Professor. O senhor é uma grande inspiração para mim e para muitos. Deus abençoe!!!
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Excelente entrevista, professor. Os anos Lula na diplomacia são muito comemorados, mas sem o devido equilíbrio. Sua exposição oferece um contraponto que certamente enriquece o entendimento histórico.
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Apoio a feitura de um livro sobre esse tema!
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cara - esse tipo de informação com essa qualidade tinha que ser divulgada pra todo mundo - em todas as escolas - em todos os meios!
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Excelente. Muito obrigado!

Politica externa e eleicoes: acesso a texto de Paulo Roberto de Almeida

Hi Paulo Roberto, 
Congratulations! You uploaded your paper 2 days ago and it is already gaining traction. 
Total views since upload: 
You got 88 views from Brazil, the United States, France, the United Kingdom, Germany, Chile, Mexico, Ireland, and Japan on "Eleicoes presidenciais no Brasil: relacoes internacionais, politica externa e diplomacia brasileira, 1985-2018". 
Thanks,
The Academia.edu Team

sexta-feira, 26 de janeiro de 2018

Joao Almino sobre Guimaraes Rosa: Itamaraty, 7/02, 15hs


Palestra-debate “O Itamaraty na cultura brasileira: Guimarães Rosa”, com o embaixador João Almino, em 7 de fevereiro, às 15h, no auditório Paulo Nogueira Batista, anexo II do Itamaraty, Brasília. Inscreva-se:




RBPI call for papers: Global and Transnational History, Alexandre Moreli, editor

26-Jan-2018

Dear Dr. Paulo Roberto de Almeida

The new phase of globalization opened in the 1970s, even if not inaugurating interdependence or interconnectedness, have at least created a new consciousness of how historical process is shared around the globe. In such context, historians have reinforced the call to embrace “global” or “transnational” approaches in order to identify and analyze dynamics or changing features in the development of state, economy, culture, and society formerly ignored or disdained by scholarship.

These perspectives have engulfed the long-term challenge of old national histories and area studies. They are not truly new, neither a turning point for the discipline, as much as Global History should not necessarily be reduced to the history of globalization. One can identify challenges to parochialism and essentialism within the discipline even few decades after Positivism and after Ranke’s German School had re-founded History in mid-Nineteenth Century. Actually, since the early Twentieth-Century, historians of international relations have moved beyond unilateral comparisons and reframed the centrality of diplomatic documents. They have also played down the study of the decision-making process, even when taking into account the weight of structural forces upon decision-makers. State-centrism and the primacy of power have then being challenged. However, strength, control, influence, balance, composition, and agency in political life have not disappeared from the explanatory range of History.

It is in this background and without belittling other perspectives or themes, that Revista Brasileira de Política Internacional – RBPI calls the academic community to submit contributions to its special issue on the analysis of power in a variety of domains, such as diplomacy, economy, gender, ethnicity, culture, science, governance, etc, taking into account the new narratives of Global and Transnational History.

This issue also intends to acknowledge the fact that, in spite of being part of the vocabularies of current historical debate, “Global History” and “Transnational History” do not correspond to a homogeneous body of problems, questions, and methodologies. It is rather a debate in which any author wishing to claim such an approach must be able to somehow stand. Our goal is to stimulate submissions of works shifting parts of the historical discipline to the same direction, but also including discussions over what ‘global’ approaches to history mean and how it can change the discipline.

Finally, we consider that different historical traditions might experience different moments in the evolution of the discipline, especially when taking into account how politics can be influent, even if not determinant, on the work of historians. For instance, historical traditions in Latin America, or even in Asia, are still constrained by national approaches and narratives, sometimes even sustaining exceptionalism for populations accidentally living within the same political borders. The challenging of this reality will also be appreciated in this volume.

The volume will be edited by Alexandre Moreli (Professor of International and Global History at Fundação Getulio Vargas, Rio de Janeiro, Brazil).

RBPI is published exclusively online at Scielo (http://www.scielo.br/rbpi), following the continuous publication model. This model gives faster publication for authors and also faster access for readers because the articles are published on line at the very moment their editorial production is finished.

All submissions should be original and unpublished, must be written in English, including an abstract of 70-80 words (and three keywords in English), and follow the Chicago System. They must be in the range of 8.000 words. The deadline for submissions is April 30th 2018. Submissions must be done at http://www.scielo.br/rbpi (Online Submissions).

Politica Externa e Eleicoes Presidenciais: livro de ensaios - Paulo Roberto de Almeida

Como estamos em um ano eleitoral, e como tenho produzido, desde meados dos anos 1980, estudos e análises sobre a interação entre a política externa, o sistema político, as atividades dos partidos, as campanhas eleitorais presidenciais e o funcionamento do Congresso em matérias diplomáticas, resolvi reunir meus escritos (seletivamente) num único volume para consulta dos interessados.
Eis o volume:  https://www.academia.edu/s/01644a871c/eleicoes-presidenciais-no-brasil-relacoes-internacionais-politica-externa-e-diplomacia-brasileira-1985-2018


Eleições Presidenciais no Brasil
Relações internacionais, política externa e diplomacia brasileira
1985-2018

Paulo Roberto de Almeida 
 
Índice 

Preparando o acompanhamento da campanha presidencial de 2018 , 17

1. Partidos políticos e política externa (1985)  , 47
2. A política externa nas eleições presidenciais: 1989 e 1994 (1994) , 85
3. Política externa e sistema político: as eleições de 1989, 1994 e 1998 (1998)105
4. O projeto externo como projeto nacional (2002) , 137
5. As relações internacionais nas eleições presidenciais de 1994 a 2002 (2003) , 141
6. Blog Eleições Presidenciais 2006 171
7. A política externa na campanha de 2006: antecipando o debate (2006) , 175
8. Desconstruindo o Brasil: como iludir com números - a brochura do PT (2006) , 179
9. Programas da campanha presidencial de 2006: alguns comentários (2006) , 185
10. Os programas econômicos dos candidatos: comentários (2006) , 189
11. Blog Eleições Presidenciais 2010209
12. A política externa nas eleições presidenciais de 2010 (2010)  ,  225
13. Uma declaração de princípios, preventiva, sobre as eleições (2010)229
14. A política externa e as eleições presidenciais no Brasil em 2010 (2010)233
15. Declaração de voto: um manifesto quase marxista (2010) , 239
16. Contra o Voto Nulo: meus critérios de escolha (2010)253
17. O programa do candidato do PSDB: uma crítica central (2010)259
18. As promessas da candidata eleita: breve avaliação (2010) , 263
19. O que está em jogo nestas eleições (2014) ,   267
20. O que os liberais podem esperar das eleições de 2014? (2014)271
21. O Brasil quebrou três vezes sob FHC? Mentira da candidata! (2014)  , 275
22. Toda a Gália está ocupada? Não! Uma pequena aldeia resiste ainda... (2014)279
23. Blog Eleições Presidenciais 2018283

Relação de trabalhos sobre eleições presidenciais, 1985-2018 , 285
Livros de Paulo Roberto de Almeida  ,  293
Nota sobre o autor ,  297

Apresentação
A política externa nas campanhas presidenciais


Esta compilação de textos foi montada com base nos muitos trabalhos – ensaios, artigos para a imprensa, materiais inéditos, notas conjunturais, comentários em blogs – que fui produzindo ao longo dos anos eleitorais, em número relativamente elevado, como se pode verificar pela lista final de trabalhos, que serviu de fonte a esta seleção de trabalhos mais relevantes quanto aos temas de relações internacionais e de política externa do Brasil desde meados dos anos 1980, quando, com a democratização, comecei a acompanhar mais detidamente os processos políticos naquela conjuntura.
Eu havia recém regressado de um doutoramento no exterior – na Universidade Livre de Bruxelas, em 1984 – com tese situada conceitualmente no âmbito da sociologia histórica, cujo tema era a relação entre a democracia e o capitalismo no itinerário das revoluções burguesas clássicas, e sua aplicação ao caso brasileiro, mediante um exame metodológico e empírico das teses do sociólogo paulista Florestan Fernandes. Mas o foco estava obviamente voltado para a situação conjuntural do Brasil, que naquele momento se preparava para superar as duas décadas de regime autoritário, sob a égide dos militares. Ao reintegrar-me ao ambiente brasileiro no momento exato da transição democrática, comecei a dar aulas de Sociologia Política, justamente, tanto no curso de preparação à carreira diplomática, do Instituto Rio Branco, quanto no mestrado em sociologia da Universidade de Brasileira, e, a despeito de um exame tipicamente acadêmico das teorias e doutrinas clássicas nessa área (Maquiavel, Marx, Weber, Aron, etc.), eu também passei a acompanhar detidamente os preparativos para o processo de elaboração constitucional que começava a ser desenhado.
Já estabelecendo uma ponte entre as atividades profissionais na carreira e as lides acadêmicas, a decisão pelo exame das relações entre o sistema político e a política externa foi natural, daí a dedicação ao exame dos programas e atividades partidárias, bem como à interação entre o Parlamento e a diplomacia, objeto dos primeiros ensaios e palestras nessa área. Não fiquei no Brasil para acompanhar toda a trajetória do processo de elaboração de uma nova Carta, mas tão pronto a Constituição de 1988 foi finalizada e promulgada, passei a um exame do seu texto, bem como dos anais da comissão constitucional da área em exame, redigindo trabalhos de análise dos dispositivos afetando a orientação da política externa e a atividade diplomática do Brasil, inclusive em perspectiva comparada. A etapa seguinte foi o acompanhamento dos processos eleitorais, em especial as campanhas presidenciais, com um exame tanto quanto possível exaustivo dos programas partidários e das plataformas eleitorais (na verdade com impacto muito relativo nos debates correntes e nos políticas efetivas posteriores).
Creio ter sido relativamente pioneiro nesse tipo de análise no Brasil, e meus textos começaram a ser citados em trabalhos universitários, ainda que eu não adotasse a metodologia e o ferramental de ciência política, mas mais simplesmente o foco linear e textual dos dispositivos constitucionais ou dos argumentos políticos e sua correlação com dados econômicos nacionais ou internacionais. A partir de 2006 dediquei blogs especializados no acompanhamento conjuntural e analítico das campanhas políticas de nível presidencial, com dezenas, ou centenas de postagens que permanecem registradas e portanto disponíveis para consulta. Eventualmente, eu fazia uma declaração de voto, não partidária ou vinculada a um candidato específico, mas com base em certos valores e princípio políticos, como por exemplo a oposição ao voto nulo ou em branco.
No momento em que finalizo uma primeira versão desta compilação, algumas constatações são praticamente inevitáveis. O quadro geral do Brasil, na sociedade, nas instituições de Estado, no debate público, é de uma grave crise de legitimidade do sistema político, de erosão na confiança que a cidadania ativa e consciente deveria ter em relação ao funcionamento “normal” dos poderes constituídos, e uma sensação de quase desalento ou de desespero ante a mediocridade das supostas elites que deveriam conduzir o país nos momentos difíceis de sua trajetória. Tomou-se consciência, com as revelações efetuadas no quadro da Operação Lava Jato, de que o Brasil e os brasileiros tinham sido assaltados por uma organização criminosa, que não poupou nenhum esforço para saquear o Estado, as empresas privadas, os particulares, em toda a extensão possível da riqueza criada pela sociedade, num ambiente de negócios particularmente atroz, do ponto de vista de uma verdadeira economia de mercado.
A transição política se exerceu, em 2016, em condições muito longe do ideal, com a preservação de imensos bolsões de corrupção que ainda estão sendo combatidos por uma fração corajosa do Ministério Público, da Polícia Federal, de poucos setores da justiça de primeira instância, em face de uma resistência, quando não sabotagem, do sistema político “carcomido” – como se dizia da velha República – e de áreas influentes da própria Justiça, em seus escalões superiores. A crise econômica, à qual eu chamei de A Grande Destruição lulopetista, produziu os seus piores efeitos entre 2015 e 2017, e começa a ser superada gradualmente, embora com perspectivas ainda pessimistas quanto à realização das reformas estruturais indispensáveis para recolocar o Brasil numa trajetória de crescimento sustentado.
Apesar de termos caminhado, lentamente, penosamente, quase nos arrastando, para algumas reformas econômicas absolutamente necessárias, nossos dirigentes ainda teimam em praticar aquele velho nacionalismo estatizante esclerosado, aquele dirigismo anacrônico dispensável e aquele patrimonialismo secular que nos mantêm, todas essas deficiências, num estado de letargia indesejado, e mais do que atrasados materialmente, numa situação de retardamento mental insuportável. No plano político, nossos “representantes” insistem em continuar abusando de sua capacidade de zombar de todos os cidadãos, não apenas insistindo em praticar extorsão contra a economia nacional à luz do dia, mas também em legalizar “malfeitos” passados passando uma borracha oficial nos desvios já cometidos, além de pretender financiar sua continuidade em mandatos arrancados por meio dessas falcatruas por meio de novas extorsões pornográficas, que levam o nome de Fundo Partidário e Financiamento Público de Campanhas (ou “fundo eleitoral”).
No plano do Judiciário, contemplamos alguns pequenos avanços nos processos e condenações de meliantes de colarinho branco, embora os verdadeiros e grandes bandidos — os que dispõem do ultrajante foro privilegiado — continuem leves, livres e soltos, graças à conivência insultante de mandarins da “Justiça” e de alguns tiranetes togados, que também insistem em manter privilégios inaceitáveis em face da cidadania desprotegida e tosquiada por um Estado produtor de desigualdades legalmente instituídas. No setor da educação, continuo a observar o mesmo desastre pedagógico tradicional, agravado durante os muitos anos de vulgar gramscismo acadêmico estimulado pelo lulopetismo ignaro e delirante, a despeito de alguns poucos sinais de reforma nos métodos e procedimentos, estes até provocados pela tremenda crise fiscal deixada pela herança maldita do lulopetismo econômico, ainda assim insuficientes para superar os imensos retrocessos mentais acumulados ao longo de anos e anos de militantismo sindical próximo do corporativismo fascista.
No plano cultural, finalmente, continuamos a ser intimidados pelos progressos imbecilizantes do politicamente correto, ao mesmo tempo em que os militantes das causas afrodescendentes continuam a construir um infeliz e deletério Apartheid racial, que vai conseguir criar no Brasil algo que nunca existiu na cultura nacional (a despeito de sinais reais de preconceitos e desigualdades sociais possuindo clivagens raciais), que é a divisão fundamental da cidadania em duas categorias de indivíduos: os “negros”, e assimilados a tais, de um lado, e todos os demais cidadãos, de outro.
O ano eleitoral de 2018 se apresenta, portanto, sob auspícios os mais complicados e incertos, quanto a um desfecho provavelmente esperado pela maioria da população: a de termos um candidato não messiânico, não populista, não demagógico, simplesmente realista e sincero quanto às dificuldades que ainda nos aguardam. A massa de candidatos oportunistas que novamente nos aguarda em outubro de 2018 assusta, pela absoluta contradição entre o que é necessário e o que se nos apresenta. Existe no entanto uma maneira fácil – para um debate entre pessoas normais, razoáveis, entenda-se – de dirimir qual o melhor candidato dentre os que estão se apresentando fora do espectro tradicional dos grandes partidos: solicitar que se poste uma declaração, um manifesto, um artigo, um ensaio, um discurso, uma nota, uma carta, um escrito qualquer, mais ou menos bem estruturado, num Português aceitável, que exponha claramente os propósitos do dito candidato, suas intenções, seu programa para uma eventual presidência que venha a ganhar, no qual esse candidato diga, em suas palavras – portanto sem esses recursos a marqueteiros políticos que embelezam o discurso – e de modo sincero o que, exatamente, ele pretende fazer se chegar à presidência da República.
Por exemplo, existem questões já postas, às quais os candidatos não podem fugir: a atual crise fiscal, a reforma da Previdência, o papel do Estado na economia, novos investimentos em infraestrutura, em segurança, um novo perfil para as relações exteriores, isto é, abertura econômica, liberalização comercial, ao contrário do velho protecionismo, o que fazer com as estatais deficitárias ou falimentares, com a corrupção, todas questões que são absolutamente objetivas, e não dependem dos candidatos gostarem delas ou não, pois terão de enfrentá-las, uma vez algum deles sentado na cadeira presidencial. Para tudo isso, não bastam declarações gerais, demonstrações de “vou fazer, vou acontecer”, “eu sou o único”, etc. Vamos aguardar o início da campanha, para ver o que se apresenta.
Enquanto aguardamos o deslanchar de um novo processo, que vou acompanhar detidamente como sempre faço, coloco à disposição dos leitores interessados esta compilação de velhos e novos trabalhos sobre a interação entre a política externa e o sistema político, um dos meus focos principais de estudos e pesquisas, ao lado da história diplomática e das relações econômicas internacionais do Brasil. De minha parte pretendo seguir atentamente o processo político em curso, mas sem muitas ilusões de que possamos superar rapidamente as dificuldades da atual conjuntura. O grau de destruição causado pelos anos tenebrosos do lulopetismo, nas instituições e na economia, foi de tal ordem que vamos necessitar de um período prolongado de ajustes e reparações nas estruturas de governança e no sistema produtivo. Oxalá possa ser breve.

Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 25 de janeiro de 2018

Disponível na plataforma Academia.edu, link: 
https://www.academia.edu/s/01644a871c/eleicoes-presidenciais-no-brasil-relacoes-internacionais-politica-externa-e-diplomacia-brasileira-1985-2018


quinta-feira, 25 de janeiro de 2018

Estatísticas de seguidores (paranóicos se abster)

Descobri hoje — mas a informação estava disponível ali ao lado — que tenho 784 seguidores diretos neste blog Diplomatizzando, mais 1.000 (exatamente) no Google +.
O que fazer com isso?
Não tenho a menor ideia, mas acho que preciso começar tratando bem a cada um deles.
Como?
Bem, evitando besteirol, e só publicando coisas interessantes e inteligentes.
Está bem assim?
Saudações a todos.
Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 25/01/2018

Editorial da Gazeta do Povo, 24/01/2018

a. Editorial da Gazeta do Povo:


A 8.ª Turma do Tribunal Regional Federal da 4.ª Região lavou a alma do brasileiro sedento de justiça na quarta-feira: os desembargadores João Pedro Gebran Neto, Leandro Paulsen e Victor Laus foram unânimes em confirmar a condenação do ex-presidente Lula por corrupção e lavagem de dinheiro. Mas o trio foi além, aumentando a pena determinada pelo juiz Sergio Moro, que passou de nove anos e seis meses para 12 anos e um mês, e ainda sugeriu que a execução da pena comece assim que acabar o julgamento de eventuais embargos de declaração a que a defesa ainda tem direito na segunda instância.

Ao longo das várias horas de leitura dos votos, os desembargadores deixaram muito claro que não se baseavam apenas nos depoimentos para confirmar a sentença de Moro: havia provas documentais suficientes para reforçar a acusação, segundo a qual o tríplex do Guarujá, reformado sob medida, foi a “retribuição” da empreiteira OAS por contratos obtidos com a Petrobras. As evidências são tantas que derrubam qualquer narrativa sobre juízes parciais e militantes, ou sobre ausência de provas, os principais motes dos defensores do ex-presidente.

Ainda que longa demais para quem preferisse um desfecho rápido para o julgamento, a leitura do voto do relator, Gebran Neto, foi uma recapitulação abrangente e precisa. Depois de tratar das questões referentes ao processo que haviam sido levantadas pela defesa de Lula – como a competência de Sergio Moro para julgar o caso na primeira instância, a condução coercitiva de Lula em março de 2016 e a divulgação dos grampos do ex-presidente –, Gebran descreveu todo o histórico do petrolão, mostrando como a maior empresa brasileira foi pilhada pelo PT e por outras legendas com o objetivo de abastecer campanhas eleitorais, por meio da nomeação estratégica de diretores encarregados de arrecadar as propinas para seus respectivos partidos. Por fim, fez outra longa descrição de todos os aspectos que envolvem o tríplex do Guarujá, fazendo uma cronologia que afasta qualquer dúvida a respeito das ligações de Lula com o apartamento.


O trio de desembargadores ainda se mostrou convicto de que Lula não apenas se beneficiou do esquema em que a Petrobras foi saqueada: ele era um de seus líderes: “Há prova acima do razoável de que o ex-presidente foi um dos principais articuladores, se não o principal, do esquema na Petrobras”, afirmou Gebran Neto. E retomou um ponto crucial, que havia sido ressaltado pelos ministros do Supremo Tribunal Federal quando julgaram o mensalão: os esquemas de corrupção organizados pelo petismo não foram simples roubalheiras, e sim uma fraude contra a própria democracia – ao distorcer o sistema representativo pela compra de apoio parlamentar, no caso do mensalão, e de proporcionar uma vantagem competitiva indevida a um partido político, no caso do petrolão. Quando o “sistema eleitoral” fica “severamente comprometido”, segundo o relator, “a própria estabilidade democrática” fica ameaçada.


Carlos Ramalhete: O lugar do Lula é na cadeia

Mensalão e petrolão são esquemas intimamente conectados, destinados à perpetuação do projeto de poder petista. Victor Laus acertou na mosca quando disse que Lula confundiu as atribuições de presidente da República com as de presidente de partido político. Mas não, Lula não “perdeu o rumo”, para ainda usar as palavras de Laus: o fato é que a submissão das instituições de Estado à vontade do partido é elemento essencial do petismo. Lula seguiu o roteiro à risca.

Ainda que o resultado do julgamento tenha sido o pior possível para o ex-presidente – unanimidade no veredito e na pena, impedindo embargos infringentes, e sugestão de execução imediata da pena –, Lula e o PT continuarão apostando na confusão. O partido não desistirá de inscrevê-lo como candidato à Presidência e contará com uma eventual lentidão da Justiça Eleitoral. E, para a população, o petismo seguirá insistindo na narrativa do presidente condenado sem provas em uma “conspiração da elite” que odeia suas realizações. Para o primeiro caso, contamos com a presteza das instituições para que não se jogue no lixo a Lei da Ficha Limpa. Para o segundo, é preciso, mais do que nunca, insistir na realidade: a de um presidente cujas políticas populistas semearam a pior crise da história do país e que, ainda por cima, esteve afundado em esquemas de corrupção. A hagiografia a respeito de Lula já durou tempo demais.