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Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

quinta-feira, 25 de julho de 2024

Lista de trabalhos sobre a Venezuela, 2006-2023 - Paulo Roberto de Almeida

Lista de trabalhos sobre a Venezuela, 2006-2023

 

Paulo Roberto de Almeida

(www.pralmeida.orghttp://diplomatizzando.blogspot.compralmeida@me.com)

 [Objetivo: consolidar trabalhos sob essa temática numa única lista]

Atualizado em 25/07/2024

 

 

4406. “Nota sobre a defesa feita por Lula da ditadura venezuelana”, Brasília, 31 maio 2023, 1 p. Nota a propósito dos dizeres de Lula antes e durante a visita do ditador Nicolas Maduro ao Brasil. Divulgada no blog Diplomatizzando (25/07/2024; link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2024/07/nota-sobre-defesa-feita-por-lula-da.html).

 

4029. “Venezuela: apogeu e tragédia da aventura chavista”, Brasília, 30 novembro 2021, 2 p. Prefácio ao livro de Paulo Afonso Velasco Júnior e Pedro Rafael Pérez Rojas Mariano de Azevedo (orgs.), Venezuela e o Chavismo em perspectiva: análises e depoimentos (Curitiba: Appris, 2022). Revisto em 3/12/2021. Divulgado no blog Diplomatizzando (25/07/2025; link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2024/07/venezuela-apogeu-e-tragedia-da-aventura.html). Relação de Publicados n. 1457. 

 

3056. “Brasil e Venezuela: o que está em jogo?”, Brasília, 6 novembro 2016, 3 p. Comentários sobre a situação dos impasses políticos e a postura do Brasil ante esses impasses. Divulgado, sem identificação, no blog Diplomatizzando (7/11/2016; link: http://diplomatizzando.blogspot.com.br/2016/11/venezuela-o-que-vai-se-passar-depois-do.html).

 

2569. “Nota sobre os trágicos eventos ocorridos na Venezuela”, Hartford, 17 fevereiro 2014, 1 p. Sobre as mortes ocorridas na Venezuela e sobre a nota emitida pelo Mercosul atribuindo a responsabilidade aos próprios manifestantes; contribuição para o Partido Novo; Texto publicado no Facebook do Partido Novo em 18/02/2014. Divulgado no blog Diplomatizzando (25/07/2024; link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2024/07/nota-sobre-os-tragicos-eventos.html).

 

2454. “A Venezuela de Chávez no pós-Chávez”, Brasília, 19 dezembro 2012, 4 p. Respostas a questões colocadas por jornalista de site de notícias. Postado em forma resumida no site Sidney Rezende (21/12/2012; link não mais disponível). Transcrito por inteiro no blog Diplomatizzando (link: http://diplomatizzando.blogspot.com.br/2012/12/venezuela-incertezas-no-pos-chavez.html).

 

2442. “Ruptura democrática no e do Mercosul: a “suspensão” do Paraguai e “adesão” da Venezuela”, Brasília, 5 novembro 2012, 34 p. Artigo elaborado sob nom de plume. Publicado na Política Externa (vol. 21, n. 3, jan./fev./mar. 2013, p. 29-55). Divulgado na plataforma Academia.edu (link: https://www.academia.edu/122347060/2442_Ruptura_democratica_no_e_do_Mercosul_a_suspensao_do_Paraguai_e_adesao_da_Venezuela_2012_); anunciado no blog Diplomatizzando (25/07/2024; link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2024/07/ruptura-democratica-no-e-do-mercosul.html). Relação de Publicados n. 1087.

 

2414. “Nota técnica sobre os contenciosos atuais do Mercosul: ‘suspensão’ do Paraguai e ‘adesão’ da Venezuela”, Brasília, 27 julho 2012, 8 p. Considerações de ordem legal sobre as ações adotadas em Mendoza quanto a conflito no Mercosul. Divulgado no blog Diplomatizzando (30/04/2020; link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2020/04/sobre-o-ingresso-da-venezuela-no.html).

 

2406. “Venezuela en el Mercosur – Cuestiones del periódico El Mundo (Caracas)”, Brasília, 2 julho 2012, 3 p. Respostas dadas a questões colocadas por redator do jornal El Mundo de Caracas, sobre o ingresso da Venezuela no Mercosul. Divulgado no blog Diplomatizzando (30/04/2020; link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2020/04/sobre-o-ingresso-equivocado-da.html).

 

2405. “A morte do Mercosul (tal como o conhecemos...)”, Brasília 2 julho 2012, 2 p. Comentários sobre as decisões adotadas por três membros, no sentido de “suspender” o Paraguai e de acolher a Venezuela como membro pleno do Mercosul. Divulgado no blog Diplomatizzando (link: http://diplomatizzando.blogspot.com.br/2012/07/morte-do-mercosul-tal-como-o-conhecemos.html).

 

2027. “Crônica de um desastre anunciado: o socialismo do século 21 na Venezuela”, Brasília, 20 de julho de 2009, 4 p. Comentários sobre uma matéria do jornal El País sobre os avanços estatizantes na Venezuela. Via Política(27.07.2009). Divulgado no blog Diplomatizzando (25/07/2024; link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2024/07/cronica-de-um-desastre-anunciado-o.html). Relação de Publicados n. 915.

 

2009. “Falácias acadêmicas, 9: o mito do socialismo do século 21”, Brasília, 24 maio 2009, 17 p. Nono artigo da série especial, desta vez sobre as loucuras econômicas de certos conselheiros do príncipe. Espaço Acadêmico (vol. 9, n. 97, junho 2009, p. 12-24; http://periodicos.uem.br/ojs/index.php/EspacoAcademico/article/view/7184/4136). Espaço da Sophia (ano 3, n. 27, junho 2009). Relação de Publicados n. 902.

 

1594. “Anotações em torno de duas notas pouco notáveis”, Brasília, 2-4 maio 2006, 4 p. Comentários aos termos da Nota do Governo Brasileiro sobre a nacionalização dos recursos de hidrocarbonetos pelo governo da Bolívia (2/05/06) e da Declaração dos presidentes da Argentina, Bolívia, Brasil e Venezuela (Puerto Iguazú, 4/05/2006). Postado no blog Diplomatizzando (22/02/2022; link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2022/02/o-episodio-da-nacionalizacao-boliviana.html).

 

 

Nota sobre a defesa feita por Lula da ditadura venezuelana (2023) - Paulo Roberto de Almeida

 Nota sobre a defesa feita por Lula da ditadura venezuelana  (2023)

Paulo Roberto de Almeida

Diplomata, professor

Nota a propósito dos dizeres de Lula antes e durante a visita do ditador Nicolas Maduro ao Brasil.

  


Os  brasileiros minimamente informados sobre a realidade regional e especificamente sobre a situação da República Bolivariana da Venezuela contemplam com indignação as palavras proferidas pelo presidente Luís Inácio Lula da Silva em defesa e em homenagem ao ditador do país vizinho, Nicolas Maduro, quando de sua visita bilateral ao Brasil, na segunda feira 29 de maio de 2023, assim como por ocasião da reunião informal feita aos dirigentes da América do Sul, a convite da diplomacia brasileira, no dia 30 de maio subsequente. 

As incongruências acumuladas por ocasião desses dois eventos diplomáticos, a visita e a reunião, começaram, aliás, pela própria recepção oferecida ao ditador venezuelano, típica de uma visita de Estado, quando este tipo de protocolo é normalmente reservado a dirigentes com os quais existe uma pauta relevante de assuntos de interesse de ambas as partes, o que não correspondeu minimamente ao que se sabe dessa visita improvisada em curto prazo. A estupefação de todos os democratas brasileiros foi em seguida exacerbada pelas palavras proferidas em defesa de um regime e de um ditador que destruiu a democracia no vizinho país irmão, que expulsou, pela miséria econômica ou pela repressão política, mais de 15% da população venezuelana, cifra talvez superior à dos refugiados no exterior por motivo da guerra civil na Síria, outra calamidade humanitária. 

O regime ditatorial venezuelano, desde Hugo Chávez e continuando sob Maduro, é responsável por uma catástrofe humanitária jamais vista na América Latina, ademais pelo fato de ter construído um regime policialesco digno dos piores tempo do totalitarismo stalinista. Nesse particular, o regime venezuelano, assistido na prática da repressão pela ditadura comunista cubana, exacerbou em todas as vertentes do controle dos meios de comunicação e da vigilância política, excedendo até as piores ditaduras militares ou de direita conhecidas na história da América Latina. As palavras de Lula em defesa dessa ditadura e do seu representante, “eleito” em nítida fraude eleitoral, são inaceitáveis para quaisquer defensores dos verdadeiros regime democráticos. Os brasileiros repudiam veementemente as falas de Lula durante a visita bilateral e também por ocasião da reunião com os demais dirigentes do continente. Lula envergonha a diplomacia brasileira e diminui sua credibilidade em face do mundo.

 

31 de maio de 2023.

Venezuela: apogeu e tragédia da aventura chavista (2022) - Prefácio ao livro de Paulo Velasco e Rafael Azevedo - Paulo Roberto de Almeida

 Venezuela: apogeu e tragédia da aventura chavista  

Paulo Roberto de Almeida

Diplomata, professor

Prefácio ao livro: 

Venezuela e o Chavismo em perspectiva: análises e depoimentos

Paulo Afonso Velasco Júnior e Pedro Rafael Pérez Rojas Mariano de Azevedo (orgs.) 

 

Com as conhecidas exceções dos sistemas judaico e islâmico, o calendário mais aceito no mundo – inclusive por uma velhíssima civilização, como a da China – é o cristão, que divide o tempo histórico entre uma época anterior ao nascimento de Cristo (AC) e a que se lhe segue imediatamente (DC). Aceitando-se que os dados de respeitáveis órgãos do sistema multilateral (FMI e Cepal) sejam fiáveis, a Venezuela – que era, até os anos 1980, um dos países mais ricos da região – tornou-se agora, depois até do Haiti, o país mais pobre da América Latina. Pode-se, a partir daí, estabelecer um novo calendário para a história do país: como o cristão, ele também pode ser dividido em um AC e um DC, apenas que se trata de um Antes e Depois de Chávez. De fato, como confirmado pelo título deste livro, a Venezuela e o chavismo são praticamente indissociáveis nas primeiras duas décadas do século XXI.

O contraste entre uma e outra situação é realmente notável, extraordinário mesmo, levando-se em conta que essa inacreditável derrocada, da maior renda per capita para uma situação próxima da miséria absoluta, não resultou de nenhuma guerra, nenhuma catástrofe natural, nenhuma invasão estrangeira ou maldição divina; ela foi, em tudo e por tudo, integralmente fabricada pelos próprios dirigentes nacionais, numa acumulação de erros econômicos e de conflitos políticos e sociais criados inteiramente pela desastrosa gestão chavista do país, desde 1999 e continuada após a sua morte, em 2013, por seus sucessores designados. Trata-se, possivelmente, de um caso único na história econômica mundial, uma vez que todos os demais casos de declínio econômico ou político costumam ser processos mais longos de perda de dinamismo de sua base produtiva ou o efeito de regimes políticos especialmente incompetentes, mas cuja ação se prolonga num tempo mais largo. No caso da Venezuela, processou-se uma deterioração da situação econômica e uma degradação de suas instituições políticas em um tempo incrivelmente curto: o principal responsável foi Chávez.

O que simboliza, mais que quaisquer outros aspectos, a derrocada do país mais rico da América Latina é o exílio forçado, por razões políticas ou mais simplesmente econômicas, de quase 1/5 da população do país, com a primeira leva coincidindo com a implantação de um regime autoritário e a segunda como consequência do desastre econômico criado pelo projeto eminentemente chavista de “socialismo do século XXI”. Em parte, essa derrocada pode ser atribuída à influência dos dirigentes castristas sobre Hugo Chávez e associados; mas isso é incrível, uma vez que a ilha caribenha já tinha acumulado ampla experiência própria sobre os desastres do socialismo de tipo soviético, e poderia ter “instruído” melhor seus aliados no país que já foi o mais importante produtor de petróleo na região. Não o fizeram porque eles mesmos estavam extenuados com seu regime inoperante, e precisavam extrair da Venezuela o máximo de recursos financeiros e energéticos; não há dados fiáveis sobre essa extração.

Houve um tempo, na primeira década do século, em que Chávez foi, ao lado de Lula, o mais importante líder político da região, com a diferença de que este soube operar uma economia de mercado visando políticas sociais de caráter redistributivo, sem alterar os mecanismos essenciais do sistema capitalista. Chávez, como Lênin e os cubanos, tentou “domar” o mercado, usando métodos rústicos de estatização. Combinado ao maná do petróleo – cujo barril chegou a 140 dólares naquela época –, sua economia esquizofrênica só produziu uma queda fenomenal da oferta interna e uma corrupção raras vezes vista num continente habituado a conviver com estamentos políticos do tipo predatório. A produção de petróleo reduziu-se cinco vezes desde o início do chavismo: a recuperação do setor vai demandar um enorme aporte de investimentos e de know-how estrangeiro, algo que não está perto de ocorrer em vista da persistência de uma direção gangsterista no comando do Estado. A inflação “bolivariana” já ultrapassou os exemplos mais dramáticos da história monetária mundial, traduzida em diversas “moedas” até se chegar à atual dolarização informal. 

O livro aborda essas diversas facetas do drama chavista na Venezuela, por autores que, inclusive por experiência própria, conhecem a fundo como foi sendo construído o maior desastre humanitário vivido no continente, só comparado, talvez, à emigração síria, mas esta provocada por dez anos de guerra civil e intervenção estrangeira. Chávez, os castristas e seus seguidores construíram uma derrocada única na história da região, uma tragédia ainda hoje sustentada pelas forças de esquerda em países vizinhos: estas parecem não perceber que Chávez é o mais próximo que se conheceu de um êmulo de Mussolini na região. A verdade, porém, é que a história não se repete e, no caso do chavismo, sequer como farsa. Trata-se de uma “aventura” a ser detidamente estudada: este livro é um excelente começo para a tarefa.

 

Paulo Roberto de Almeida

Diplomata, professor

Brasília, dezembro de 2021

 

Paulo Roberto de Almeida

Brasília, 4029: 30 novembro 2021, 2 p.

Prefácio ao livro de Paulo Afonso Velasco Júnior e Pedro Rafael Pérez Rojas Mariano de Azevedo (orgs.), Venezuela e o Chavismo em perspectiva: análises e depoimentos (Curitiba: Appris, 2022).



Info Amazon.com.br: 


A Venezuela e o Chavismo em Perspectiva: Análises e Depoimentos 

24 março 2022 


O livro Venezuela e o chavismo em perspectiva: análises e depoimentos busca abordar distintos temas da realidade venezuelana a partir da ascensão de Hugo Chávez à presidência do país em 1999. A combinação de textos acadêmicos e depoimentos pessoais enriquece o alcance e o impacto da obra, incorporando tanto argumentos assentados em cuidadosa revisão de literatura e dados empíricos quanto declarações contundentes sobre aspectos cotidianos da crise vivenciada pelo país. Os distintos capítulos revelam visões plurais sobre os impactos e o legado do chavismo para a Venezuela e outros países da região, acolhendo desde perspectivas mais críticas e ideológicas até interpretações menos extremas ou partidarizadas. A complexidade da figura de Hugo Chávez e das estratégias levadas a cabo sob seu governo exige uma abordagem que considere distintos elementos da política, economia, cultura e sociedade do país, contando com a contribuição dos olhares de pessoas diretamente afetadas, mas também com a análise atenta de pesquisadores dedicados ao país e à região. Esta é justamente a grande contribuição do livro, abrir espaço para uma perspectiva mais ampla sobre o que ocorreu na Venezuela ao longo das últimas duas décadas. Os autores oferecem não apenas uma visão sobre o plano doméstico, considerando desafios e iniciativas que caracterizaram a gestão de Chávez e o jogo de forças que se enfrentaram no período, como também lançam luz sobre as nuances de uma política externa que se afirmou como um valioso instrumento para a projeção de poder do país sobre a região e o mundo. Salvador e mártir, de um lado, caudilho e ditador, de outro, são algumas das distintas visões sobre a figura do controvertido e carismático líder venezuelano incorporadas neste livro e associadas a interpretações variadas que, no seu conjunto, ajudam a decifrar um pouco do enigma sobre um país que passou, em menos de 20 anos, por momentos de incerteza, esperança, riqueza, projeção, declínio e, finalmente, caos e crise humanitária. Por seu olhar plural e linguagem dinâmica, esta leitura constitui excelente contribuição para um melhor entendimento sobre as distintas facetas do regime chavista e seu líder.

Nota sobre os trágicos eventos ocorridos na Venezuela (2014) - no Facebook do Partido Novo

 Nota sobre os trágicos eventos ocorridos na Venezuela

Partido Novo

Fevereiro de 2014 

 

A Venezuela tornou-se, desde o início do poder chavista, uma sociedade dividida e profundamente alterada pelas políticas antidemocráticas do finado Coronel Hugo Chávez, hoje ainda mais dividida pelo agravamento da situação econômica e social, pelo aumento da delinquência, pelas arbitrariedades políticas e pelos atentados cometidos pelo próprio poder governamental contra as liberdades democráticas e os direitos humanos, ocorridos em escala crescente desde a eleição altamente irregular, e contestada, do sucessor Nicolás Maduro, em dezembro de 2013. 

O Partido Novo vem a público denunciar a violência cometida pelo aparato de segurança do regime chavista, e por milícias irregulares por ele controladas, contra manifestantes pacíficos, em sua maioria estudantes, que foram às ruas expressar sua desconformidade com a situação geral do país, com a falta de liberdades democráticas e com a deterioração da situação econômica e de segurança. 

O Partido Novo também expressa sua desconformidade com a nota emitida em 17/02/2014, pelos Estados Partes do Mercosul, entre eles o governo brasileiro, que tende a atribuir a responsabilidade pela violência registrada na Venezuela aos próprios manifestantes, numa demonstração inacreditável de má-fé política e de sectarismo ideológico. O Partido Novo denuncia essa nota, indigna de nossas melhores tradições diplomáticas, que só deve sua emissão ao fato de que o governo brasileiro atual valoriza mais suas alianças espúrias no plano regional e internacional do que o respeito aos direitos humanos e as liberdades democráticas. 

O Partido Novo declara seu apoio político aos manifestantes pacíficos da Venezuela e expressa sua solidariedade à oposição democrática, que tenta, num ambiente de extrema dificuldade, continuar seu trabalho legítimo de defesa da democracia e de todas as liberdades civis, violadas continuamente pelo poder chavista.

O Partido Novo também expressa suas condolências aos familiares das vítimas e espera que fatos deploráveis como os recentemente ocorridos não venha a repetir-se na presente conjuntura, de alta tensão no país. Finalmente, o Partido Novo chama o governo brasileiro a assumir uma atitude de defesa plena dos princípios e valores que caracterizam o Mercosul, em especial aqueles expressos em seus protocolos em defesa da democracia e dos direitos humanos.

Hartford, 17 de Fevereiro de 2014

 

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Texto publicado no Facebook do Partido Novo: 

https://www.facebook.com/partidonovo?fref=ts

 

PARTIDO NOVO (18/02/2014)

A Venezuela tornou-se, desde o início do poder chavista, uma sociedade dividida e profundamente alterada pelas políticas antidemocráticas do finado Coronel Hugo Chávez, hoje ainda mais pelo agravamento da situação econômica e social, pelo aumento da delinquência, pelas arbitrariedades políticas e pelos atentados cometidos pelo próprio poder governamental contra as liberdades democráticas e os direitos humanos, ocorridos em escala crescente desde a eleição contestada, do sucessor Nicolás Maduro, em dezembro de 2013.

Julgamos inaceitável a violência cometida pelo aparato de segurança do regime chavista, e por milícias irregulares por ele controladas, contra manifestantes pacíficos, em sua maioria estudantes, que foram às ruas expressar sua desconformidade com a situação geral do país, com a falta de liberdades democráticas e com a deterioração da situação econômica e de segurança.

Expressamos nossas condolências aos familiares das vitimas e solidariedade à oposição democrática, que tenta, num ambiente de extrema dificuldade, continuar seu trabalho legítimo de defesa da democracia e de todas as liberdades civis, violadas continuamente pelo poder cravista.

Declaramos também nossa desconformidade com a nota emitida em 17/02/2014, pelos Estados Partes do Mercosul, entre eles o governo brasileiro, que tende a atribuir a responsabilidade pela violência registrada na Venezuela aos próprios manifestantes, numa demonstração de má-fé política e de sectarismo ideológico. Fica mais uma vez evidente que o governo brasileiro atual valoriza mais suas alianças espúrias no plano regional e internacional do que o respeito aos direitos humanos e as liberdades democráticas.

 


Ruptura democrática no e do Mercosul: a “suspensão” do Paraguai e “adesão” da Venezuela (2012) - PRA (revista Política Externa)

 Ruptura democrática no e do Mercosul: a “suspensão” do Paraguai e “adesão” da Venezuela

Artigo publicado sob nom de plume

Professor universitário; especialista em relações internacionais.

Política Externa (vol. 21, n. 3, jan./fev./mar. 2013, p. 29-55).

Divulgado na plataforma Academia.edu (link: https://www.academia.edu/122347060/2442_Ruptura_democratica_no_e_do_Mercosul_a_suspensao_do_Paraguai_e_adesao_da_Venezuela_2012_);

 

Abstract: Reappraisal, and analysis, of the facts and processes that lead, at the 2012 Mercosur Mendoza’s summit, to Paraguay’s “surrendering” from this trade bloc, after the constitutional dismissal of its president, and to the simultaneous “adhesion” of the Bolivarian Republic of Venezuela into this integration scheme, at the expense of the legal commitments of member countries. Argentina and Brazil, together with other Unasur countries, acted at the margin of, and totally contrary to the main foundation treaties of Mercosur, including the Ushuaia Protocol on the democratic clause. The episode reaffirms the transformation of Mercosur from a trade bloc into a political mechanism, subjected to arbitrary maneuverings of the leftwing presidencies.

Key-words: Mercosur. Paraguay. Venezuela. Brazil. Argentina. Unasur. Democracy.

 

1. Objetivos e metodologia

O presente texto pretende oferecer um relato objetivo dos fatos e processos ocorridos a partir da reunião de cúpula do Mercosul em Mendoza (junho de 2012), quando se decidiu a “suspensão” do Paraguai das reuniões do bloco, medida de tipo político imediatamente seguida de outra, sem qualquer fundamentação política ou jurídica: a “adesão” da Venezuela. Duas seções iniciais tratarão dos antecedentes de cada um dos eventos, contextualizando-os historicamente; as seções seguintes tratarão dos episódios factualmente; ao final, uma análise explicativa. Título, propósitos e o uso de aspas nos conceitos acima requerem de imediato uma explicação introdutória. 

A peculiaridade do título – ruptura democrática “no e do” Mercosul – expressa concretamente o que ocorreu, tanto em um, quanto em outro episódio; ou seja, o que se registrou, efetivamente, foi uma quebra, de natureza política, da institucionalidade do Mercosul, bem como uma evidente falta de respeito aos instrumentos fundacionais, por iniciativa de dois de seus membros. 

(...)

BRICS: an alliance that more than twenty countries now want to be part of - Pedro Scuro

 As President Lula recently admitted, the best thing for Brazil is to play its cards as a member of BRICS (first of the countries by alphabetical order, but also by political decision) and compete not only economically, but also by developing an innovative social policy. 


BRICS: an alliance that more than twenty countries now want to be part of

We grow up hearing that in a different way from people, countries have no mutual affections, only interests. It’s maybe not the case of BRICS nations, among whom, as in great love affairs, things got serious on a beautiful summer day in Yekaterinburg thanks to their shared characteristics. So serious that from timid handshakes in the beginning at each subsequent meeting partners exchanged “engagement rings,” so from brief encounters emerged an “alliance” of which at present more than twenty other countries want to be part.

Far from a fleeting matter it became apparent that BRICS is written in the stars – like in Rihanna’s song: “From the moment of our inception/ we were destined to be together/ on a mission to last forever”. A tune not sung in the global South as much as in powerhouses of Western academia, where the disintegration of world financial markets and their weak recovery is associated with the demise of Bretton Woods institutions created after World War II to put subaltern economies on the halter.

Those straps have done terrible damage, nearly destroying entire societies, including what was left of former Soviet Union. Corsets relying on school-boy convictions on the merits of market-led strategies that, by favoring people at the top in developing countries they eventually pass on to the lower strata. Wonders such as when the rich receive tax cuts these somehow pass down creating jobs for the hoi polloi.

To wangle what typically turns out a mess – and to bestow afterlife to IMF and World Bank – the elite lot of Western democracies carved out G-7, dreamt as the world’s informal steering committee, mission soon reassigned to G-20 expressly to persuade Brazil, China, and India that at last they were recognized as ‘coordinators’ of new clusters of global players. It worked in the beginning. In 2009 Brazil and China were given the dubious privilege to contribute to ensure IMF and World Bank “as much as $1 trillion in additional resources” to support Greece, Hungary, Iceland, Ireland, Latvia, Pakistan, and Ukraine through their financing shortfalls.

By the same token, too eager to play a serious role Brazil became the largest troop contributor – and the only sponsor, according to Lula – to the disastrous “United Nations Stabilization Mission” in Haiti. The aftereffect of a coup d’état orchestrated by France and United States to topple a lawful president advocate of liberation theology, and to dissuade him from returning. Ironically, as foreign screwups became unbearable, it was not U.S. and French flags but that of Brazil which the populace burned in the streets of Port-au-Prince, chanting “Down with the occupation!

Haiti has shown China and Brazil the futility of learning from imperialism of power whose last offspring is the Jewish settler state, endowed with autonomy and countless resources to carry out fiendish lessons learned from its paragons. As Lula recently admitted, the best for Brazil, and possibly for China, is to play cards as members of BRICS and compete not only in economic and political casinos but in terms of innovative social policy. For that matter, poorly conceived U.S.-inspired schemes such as “race quotas” were supplanted by cash transfer programs and preventing vulnerable youth from falling prey to organized crime and/or to murderous police squads, yet another imperialist residue.

Financial services, hand-in-hand with fiscal irresponsibility, radical Christianity, and refusal to address the oil crisis lead Brazil to the “point of Armageddon”

As regards industrial policy also very little is to be expected from the advanced West, unless contrariwise. As the president of the Brazilian development bank, Aloisio Mercadante, points out, the country industrialized late, under the pressure of 1929 commodity crisis. The precise moment when real difference was made by – what Zygmunt Bauman called – “active utopias” (“makeable society,” social justice, socialism) uphold by founding members of the International Labor Organization (1919) and used as catalysts to balance idealism and pragmatism and put social reforms into practice through “international labor regimes.”

Bearing those utopias in mind reforms were set going in the 1940s and shaped a state-controlled social order consistent with the interests of large groups. They served as beacons for private competition but also met the basic agenda of labor movement. Identities of business and trades were redefined, citizenship stratified by splitting occupations into professional categories, giving rise to a highly vigorous, plural and primordially urban society in a capitalist, “artifacted” context resulting from technology, organization, and total (economic, symbolic, political) confrontation.

Subsequently, the state and productive basis put together in the forties and fifties, entered a period of accelerated growth and fashioned one of the world’s most modern urban societies, in which industry accounted for more than 30% of GDP, higher that China and Korea in 1980’s. All at the expense of public debt. Brazilian financial intermediary system services basically a mercantile economy, and since the public sector lacks effective fundraising instruments, imbalances already present in the economy invariably increase. Quite the opposite in China and Korea, Professor Mercadante remarks.

China and Korea make the most of “a creative relation between state and market, development-inducing state sectors, and strategic public companies in key sectors”, allowing both countries “to formulate new financing mechanisms not subordinated to the logic of financialization” – whereby financial services, broadly construed – hand in glove with fiscal irresponsibility, radical Christianity and refusal to deal with the oil crisis – take over an overriding economic, cultural, and political role, accruing no real benefit to society, in point of fact edging it to a “point of Armageddon.”

Lula can build a stronger, fairer, and more generous country, ready to become a “window of historic opportunity”

For that matter, rather than spooky “Armageddon” better to acknowledge the true nature of things in a changing world and refer – as Antonioni in “Zabriskie point” – to “the void” of the ruling elites’ culture that over and over and in ever more ferocious ways commands the collapse of everyone and everything. A crippling “void” in point is Brazil’s tax system, seen by media and academia as “a madhouse” set to preserve privileges.

In December, to a standing ovation in Congress Lula announced the most telling overhaul that, after more than 30 years in the making, will simplify such a perverse mechanism. Still, asked The Economist, can he “withstand the pressure from special-interest groups in order to implement it fully?” Some say no, since in January Lula announced a new industrial policy involving hundreds of billions in grants, subsidized loans and import-tax exemptions for inputs to national companies between now and 2026. Moves that certainly “undermine the idea of a simplified tax system”, the journal concludes naively.

Indeed, more than “keeping fiscal accounts in order,” the idea is to reverse a long-lasting process of deindustrialization, this time avoiding delusional fantasies of wealth, power, or omnipotence, such as when the country uncunningly went by G-20 rules or when it expected to deliver something good relying on undependable partners such as EU, US, Brazilian generals.

Then again, as in the old Jimmy James’s song, “now is the time to set things right”and punctuate that as part of BRICS Brazil may – provide no obsession with grandiose actions is involved – be about to initiate an effort no one better than Lula represents for. It means increasing mass consumption, credit and investment, primacy for innovation-minded companies, and a country more vigorous, just and generous, ready to become a “window of historical opportunities” in a world beleaguered by pain, war, crisis, risk, strain, and despair.

SOCIOLOGIST

Pedro Scuro


As President Lula recently admitted, the best thing for Brazil is to play its cards as a member of BRICS (first of the countries by alphabetical order, but also by political decision) and compete not only economically, but also by developing an innovative social policy. 

BRICS: an alliance that more than twenty countries now want to be part of

We grow up hearing that in a different way from people, countries have no mutual affections, only interests. It’s maybe not the case of BRICS nations, among whom, as in great love affairs, things got serious on a beautiful summer day in Yekaterinburg thanks to their shared characteristics. So serious that from timid handshakes in the beginning at each subsequent meeting partners exchanged “engagement rings,” so from brief encounters emerged an “alliance” of which at present more than twenty other countries want to be part.

Far from a fleeting matter it became apparent that BRICS is written in the stars – like in Rihanna’s song: “From the moment of our inception/ we were destined to be together/ on a mission to last forever”. A tune not sung in the global South as much as in powerhouses of Western academia, where the disintegration of world financial markets and their weak recovery is associated with the demise of Bretton Woods institutions created after World War II to put subaltern economies on the halter.

Those straps have done terrible damage, nearly destroying entire societies, including what was left of former Soviet Union. Corsets relying on school-boy convictions on the merits of market-led strategies that, by favoring people at the top in developing countries they eventually pass on to the lower strata. Wonders such as when the rich receive tax cuts these somehow pass down creating jobs for the hoi polloi.

To wangle what typically turns out a mess – and to bestow afterlife to IMF and World Bank – the elite lot of Western democracies carved out G-7, dreamt as the world’s informal steering committee, mission soon reassigned to G-20 expressly to persuade Brazil, China, and India that at last they were recognized as ‘coordinators’ of new clusters of global players. It worked in the beginning. In 2009 Brazil and China were given the dubious privilege to contribute to ensure IMF and World Bank “as much as $1 trillion in additional resources” to support Greece, Hungary, Iceland, Ireland, Latvia, Pakistan, and Ukraine through their financing shortfalls.

By the same token, too eager to play a serious role Brazil became the largest troop contributor – and the only sponsor, according to Lula – to the disastrous “United Nations Stabilization Mission” in Haiti. The aftereffect of a coup d’état orchestrated by France and United States to topple a lawful president advocate of liberation theology, and to dissuade him from returning. Ironically, as foreign screwups became unbearable, it was not U.S. and French flags but that of Brazil which the populace burned in the streets of Port-au-Prince, chanting “Down with the occupation!

Haiti has shown China and Brazil the futility of learning from imperialism of power whose last offspring is the Jewish settler state, endowed with autonomy and countless resources to carry out fiendish lessons learned from its paragons. As Lula recently admitted, the best for Brazil, and possibly for China, is to play cards as members of BRICS and compete not only in economic and political casinos but in terms of innovative social policy. For that matter, poorly conceived U.S.-inspired schemes such as “race quotas” were supplanted by cash transfer programs and preventing vulnerable youth from falling prey to organized crime and/or to murderous police squads, yet another imperialist residue.

Financial services, hand-in-hand with fiscal irresponsibility, radical Christianity, and refusal to address the oil crisis lead Brazil to the “point of Armageddon”

As regards industrial policy also very little is to be expected from the advanced West, unless contrariwise. As the president of the Brazilian development bank, Aloisio Mercadante, points out, the country industrialized late, under the pressure of 1929 commodity crisis. The precise moment when real difference was made by – what Zygmunt Bauman called – “active utopias” (“makeable society,” social justice, socialism) uphold by founding members of the International Labor Organization (1919) and used as catalysts to balance idealism and pragmatism and put social reforms into practice through “international labor regimes.”

Bearing those utopias in mind reforms were set going in the 1940s and shaped a state-controlled social order consistent with the interests of large groups. They served as beacons for private competition but also met the basic agenda of labor movement. Identities of business and trades were redefined, citizenship stratified by splitting occupations into professional categories, giving rise to a highly vigorous, plural and primordially urban society in a capitalist, “artifacted” context resulting from technology, organization, and total (economic, symbolic, political) confrontation.

Subsequently, the state and productive basis put together in the forties and fifties, entered a period of accelerated growth and fashioned one of the world’s most modern urban societies, in which industry accounted for more than 30% of GDP, higher that China and Korea in 1980’s. All at the expense of public debt. Brazilian financial intermediary system services basically a mercantile economy, and since the public sector lacks effective fundraising instruments, imbalances already present in the economy invariably increase. Quite the opposite in China and Korea, Professor Mercadante remarks.

China and Korea make the most of “a creative relation between state and market, development-inducing state sectors, and strategic public companies in key sectors”, allowing both countries “to formulate new financing mechanisms not subordinated to the logic of financialization” – whereby financial services, broadly construed – hand in glove with fiscal irresponsibility, radical Christianity and refusal to deal with the oil crisis – take over an overriding economic, cultural, and political role, accruing no real benefit to society, in point of fact edging it to a “point of Armageddon.”

Lula can build a stronger, fairer, and more generous country, ready to become a “window of historic opportunity”

For that matter, rather than spooky “Armageddon” better to acknowledge the true nature of things in a changing world and refer – as Antonioni in “Zabriskie point” – to “the void” of the ruling elites’ culture that over and over and in ever more ferocious ways commands the collapse of everyone and everything. A crippling “void” in point is Brazil’s tax system, seen by media and academia as “a madhouse” set to preserve privileges.

In December, to a standing ovation in Congress Lula announced the most telling overhaul that, after more than 30 years in the making, will simplify such a perverse mechanism. Still, asked The Economist, can he “withstand the pressure from special-interest groups in order to implement it fully?” Some say no, since in January Lula announced a new industrial policy involving hundreds of billions in grants, subsidized loans and import-tax exemptions for inputs to national companies between now and 2026. Moves that certainly “undermine the idea of a simplified tax system”, the journal concludes naively.

Indeed, more than “keeping fiscal accounts in order,” the idea is to reverse a long-lasting process of deindustrialization, this time avoiding delusional fantasies of wealth, power, or omnipotence, such as when the country uncunningly went by G-20 rules or when it expected to deliver something good relying on undependable partners such as EU, US, Brazilian generals.

Then again, as in the old Jimmy James’s song, “now is the time to set things right”and punctuate that as part of BRICS Brazil may – provide no obsession with grandiose actions is involved – be about to initiate an effort no one better than Lula represents for. It means increasing mass consumption, credit and investment, primacy for innovation-minded companies, and a country more vigorous, just and generous, ready to become a “window of historical opportunities” in a world beleaguered by pain, war, crisis, risk, strain, and despair.

SOCIOLOGIST

Pedro Scuro