O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

quinta-feira, 29 de agosto de 2024

O menino e os livros: da importância das bibliotecas

O menino e os livros

 

Quando entrei pela primeira vez numa biblioteca fiquei enfeitiçado e nunca mais consegui sair do seu labirinto. Eu era menino, acomodado no meu silente e tenro mundo...

Eu era inocente, disputado pelos volumes alinhados ao meu redor.

Sobre o teto da minha pequena estufa abriu-se uma chaminé por onde sussurraram, a um só tempo, os mundos por descobrir acenados pelas capas e páginas coloridas. E eu embarquei sem mesmo fazer minhas malas. De enseada em enseada, em cabotagem interior, minha pequena embarcação ancorou perante grandes obras e me trouxe os amigos e mestres que me entenderiam. Advertido por Ícaro, nunca me lancei ao vôo; avisado por Teseu, aprendi a desenrolar um fio sem entrelaçar-me nele...

(...)

Hoje vou ocasionalmente à janela da biblioteca para respirar o ar que vem de fora e observar a vida em movimento. Passei a me interessar pelas personagens vivas, pelas cidades, pelo riso. Os que me acenam de fora já me vêem um homem feito, embarcação estável e segura a simplesmente cortar os oceanos em silêncio solitário.

Mas não consigo ir-me completamente, mesmo terminado o expediente: a primeira cadeira onde sentei, o primeiro abraço dos volumes, a primeira sensação de um chamado me envolvem, até hoje, em acolhimento que busco espraiar.

 

8 novembro 2004

 


Bye-bye Brasil? - Paulo Roberto de Almeida

 O “país da meia entrada” prevalece sobre todos os demais. 

A população assistida supera o número de trabalhadores legalmente registrados. 

Nenhum país se desenvolveu pela via da assistência pública. 

Acredito que o Brasil esteja caminhando para a sua inviabilidade como nação normal!

Paulo Roberto de Almeida 

Brasília, 29/08/2024

Bye-bye X, Twitter

 Talvez estejamos vendo, lendo, teclando os últimos dias do X. Um grande sentimento de perda, depois de alivio com o seu desaparecimento. Vamos ler, dormir, fazer coisas melhores. Alguns vão berrar desesperados. Depois passa. Bom Threads a todos.

A verfadeira perda já tinha sido na horrível transição do simpático Twitter para o desastrado X.

 Bom sono, bons sonhos a todos. 

Tchau! Bye!

Nota conjunta com Colômbia sobre a eleição venezuelana envergonha Brasil - Editorial O Globo

 Nota conjunta com Colômbia sobre a eleição venezuelana envergonha Brasil

O Globo | Opinião O Globo
28 de agosto de 2024

esta altura , já está claríssimo que Maduro fraudou o pleito e precisa entregar o poder a quem venceu

Desde 28 de julho, quando os venezuelanos foram às urnas, têm sido tíbias as manifestações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, de seu assessor internacional Celso Amorim e do Itamaraty sobre a fraude cometida pelo ditador Nicolás Maduro para se perpetuar no poder. No último fim de semana, a condescendência com Maduro alcançou um patamar constrangedor na nota conjunta emitida por Brasil e Colômbia.

Quase um mês depois de Maduro perder a eleição e cometer uma fraude vergonhosa, está claríssimo que ele precisa entregar o poder a quem venceu. Em vez ae exigir isso, o comunicado conjunto repete a ladainha expressa pelo governo brasileiro desde a madrugada de 29 de julho, quando, horas depois do fechamento das urnas, o Conselho Nacional Eleitoral (CNE), controlado pelo regime chavista, declarou Maduro vencedor sem divulgar os boletins de uma, conhecidos em espanhol como "atas". Na última semana, o Tribunal Supremo de Justiça (TSJ) venezuelano, também dominado pelo chavismo, validou a fraude sem sequer fingir examinar uma única ata. A nota conjunta limita-se a exigir a apresentação das atas para que o resultado possa ser aferido: "Brasil e Colômbia tomam nota da decisão do TSJ sobre o processo eleitoral. Reiteram que continuam a aguardar a divulgação, pelo CNE, das atas desagregadas por seção de votação".

A esta altura, diversas apurações independentes confirmaram a vitória do oposicionista Edmundo González com base nas atas que vieram a público. Organismos internacionais e organizações independentes de monitoramento eleitoral denunciaram a fraude de Maduro. Mas assessores de Lula continuam a defender a postura ambígua, argumentando ser importante manter um canal de comunicação aberto com o regime venezuelano, até para que Maduro entregue o poder de modo pacífico. Os fatos, porém, teimam em demonstrar que ele não tem a menor intenção de ceder.

O contraste com a reação de Argentina, Costa Rica, Chile, Equador, Estados Unidos, Guatemala, Panamá, Paraguai, Peru, República Dominicana e Uruguai é vexaminoso. Juntos, os 11 países condenaram a pantomima ridícula do Judiciário venezuelano. "Rechaçamos categoricamente o anúncio do TSJ", afirma o texto conjunto. Em separado, o Departamento de Estado americano diz que a decisão "carece de toda credibilidade, dadas as provas contundentes de que González recebeu o maior número de votos em 28 de julho".

Desde a eleição, a repressão à oposição venezuelana tem sido cruel, e Maduro não dá sinal de estar disposto a negociar transição nenhuma. Enquanto a ditadura endurece, o Itamaraty segue o mesmo tom brando, sem nada conseguir. É verdade que até agora o governo brasileiro não reconheceu o resultado fraudado. Mas é pouca Pior do que não ter a menor influência na política venezuelana - ao contrário do que tenta dar a entender a dupla Lula-Amorim -, é o Brasil passar a imagem de conivente com um ditador sanguinário.



A ascensão do Resto - Ruchir Sharma (Financial Times)

 A ascensão do Resto

O grande retorno dos emergentes 

Várias nações estão com posições financeiras muito mais sólidas que os EUA.

Por Ruchir Sharma 

Financial Times (Estadão, 29/08/2024)

 

Nos anos 2000, quando um amplo boom econômico nas economias emergentes atraía bilhões de dólares para os seus mercados financeiros, o escritor Fareed Zakaria capturou aquele momento histórico como "a ascensão do resto". Agora, uma história igualmente encorajadora está se desenrolando no mundo emergente, mas poucos observadores perceberam e um número ainda menor de investidores estrangeiros vêm atuando nessa mudança importante.

Um grande retorno está em andamento. Após enfraquecerem bastante na última década, as economias emergentes estão reconstruindo sua liderança de crescimento em relação às economias desenvolvidas, incluindo até mesmo a mais forte, os Estados Unidos, a níveis não vistos em 15 anos. A proporção das economias emergentes em que o PIB per capita deverá crescer mais rápido do que nos EUA caminha para saltar de 48% nos últimos cinco anos para 88% nos próximos cinco. Essa proporção igualaria o auge do boom dos mercados emergentes nos anos 2000.

Esse boom nascente difere do último em aspectos fundamentais. Nos anos 2000, o mundo emergente foi impulsionado pela rápida ascensão da China, um grande aumento nos preços das commodities e políticas monetárias frouxas adotadas pelos bancos centrais ocidentais. Muitos comentaristas assumiram que "o resto" poderia continuar crescendo em massa graças à ascensão da China, mas eles acabariam ficando muito desapontados. Em2012, atingido pelo exagero, alertei para um iminente "fim do resto". De fato, a década seguinte foi desanimadora para os mercados emergentes - e excelente para os EUA.

Agora, porém, muitas nações emergentes estão com uma posição financeira muito mais sólida do que os EUA. Como uma superpotência superestimulada que depende de déficits recordes para impulsionar o crescimento, os EUA encontram-se em um caminho insustentável. As economias emergentes têm déficits orçamentários e em conta corrente muito menores, deixando-as com uma capacidade maior de investir e impulsionar o crescimento futuro.

Até mesmo países conhecidos no passado pela prodigalidade financeira, da Turquia à Argentina, retornaram à ortodoxia econômica.

O destino das nações emergentes não depende mais tão completamente do destino da maior delas. A recuperação atual está sendo impulsionada por outras nações além da China, cujas dificuldades (de uma população que está encolhendo a dívidas pesadas) obscurecem os pontos fortes de seus rivais do mundo emergente. A virada nacionalista de Pequim e as relações cada vez mais tensas com o Ocidente assustaram os investidores globais, que vêm saindo da China e estabelecendo fábricas em outros países.

Na próxima década, as exportações deverão ser particularmente fortes para as tecnologias verdes e as matérias-primas necessárias para construí-las, como o cobre e o lírio, que são fornecidos principalmente por nações emergentes. O boom da Inteligência Artificial (IA) já está aumentando as exportações de fornecedores de chips relacionados à IA (Coréia do Sul e Taiwan) e eletrônicos (Malásia e Filipinas). Os investimentos estão aumentando em muitos mercados emergentes, atraídos por uma variedade de pontos fortes - o grande mercado interno da índia, o ambiente fértil da Malásia para centros de dados e a proximidade do México com os EUA.

Com a aceleração do crescimento econômico, os lucros corporativos tendem a fazer o mesmo. Excluindo a China, os lucros no momento estão crescendo a um ritmo anual de 19% nos mercados emergentes, contra 10% nos EUA No segundo trimestre deste ano, pela primeira vez desde 2009 as corporações dos mercados emergentes (incluindo a China) superaram as previsões de lucros por uma ampla margem em relação às contrapartes americanas. As margens de lucro vêm melhorando nos mercados emergentes e estagnando nos EUA há 18 meses.

Os investidores no mercado de ações global, hipnotizados pelas companhias de tecnologia americanas de enorme valor de mercado, ainda não responderam. A movimentação está praticamente paralisada na maioria dos mercados de ações emergentes, com os volumes de negócios atingindo os níveis mais baixos em 20 anos em muitos países. Entre os poucos mercados emergentes que registram ganhos competitivos estão aqueles que possuem uma base de investidores internos forte e em crescimento acelerado - como a índia e a Arábia Saudita.

Ainda assim, há sinais de uma mudança iminente. A crescente reputação dos EUA como o gastador deficitário mais irresponsável do mundo - um império financeiro que toma seu status de moeda de reserva como garantido - ameaça minar o dólar. Nas últimas semanas, a moeda americana finalmente começou a cair, o que historicamente sempre levou a maiores fluxos de capital para os mercados emergentes.

Após uma longa permanência na sombra dos EUA, os mercados emergentes são uma pechincha cada vez mais atraente. Embora tenham voltado a registrar um maior crescimento nos lucros, eles são negociados a valores baixos recordes em relação aos EUA Durante 15 anos, os EUA apresentaram crescimento superior nos lucros, impulsionado principalmente pelas chamadas "Big Techs", mas isso também está mudando. O crescimento dos lucros das "sete magníficas", as sete maiores empresas de tecnologia dos EUA, agora deverão cair mais de 50% no próximo ano.

É claro que nunca fez sentido agrupar nações emergentes em um pacote sem rosto. A ascensão do resto significará uma boa década para as nações emergentes em média, mas liderada por um grupo seleto de estrelas, cada uma extraindo força de maneiras diferentes a partir das tendências favoráveis no comércio global, no dólar, nas reformas econômicas e na nova liderança política.

Lembre-se que até recentemente muitos comentaristas alertavam que, após o choque da pandemia, o mundo emergente estava vulnerável a crises em série. As expectativas continuam baixas e os temores são altos de que os mercados emergentes estão fora do radar da maioria dos investidores globais. Mas essa é a natureza dos retornos. Eles saem da obscuridade e, quanto mais profundas as sombras das quais eles surgem, mais drama envolve o retorno - uma vez que ele é reconhecido. 

Excluindo a China, os lucros crescem a um ritmo anual de 19% nos mercados emergentes, contra 10% nos EUA. No 2^ trimestre, pela primeira vez desde 2009, as companhias emergentes superaram as previsões de lucros por ampla margem das contrapartes americanas.  

 

Ruchir Sharma é presidente da Rockefeller International. Seu novo livro é "What Went Wrong With Capitalism". Copyright: Financial Time

quarta-feira, 28 de agosto de 2024

Lula e a fraude chavista das eleições venezuelanas - Editorial Estadão

 Onde está o líder da ‘frente pela democracia’?

Editorial, O Estado de S. Paulo (27/08/2024)


Lula, que se elegeu prometendo defender a democracia, segue incapaz de denunciar a ditadura companheira de Maduro, mesmo diante da farsa oficializada pela Justiça venezuelana

O roubo das eleições venezuelanas foi oficializado. A Suprema Corte declarou, sem mostrar qualquer evidência, a vitória de Nicolás Maduro. Pela lei venezuelana, as atas das urnas são públicas. Mas a presidente da Corte, uma ex-vereadora pelo partido de Maduro, não só anunciou que agora são secretas, como também que o candidato da oposição, Edmundo González, será punido pelo “crime” de divulgá-las.

Em entrevista ao New York Times, Juan Carlos Delpino, um membro isento do Conselho Nacional Eleitoral tolerado pelo regime para negociar a suspensão das sanções, declarou não haver nenhuma evidência da vitória de Maduro. Através da insubordinação de oficiais locais, a oposição divulgou registros de mais de 25 mil urnas, 80% do total. Observadores independentes atestaram a vitória esmagadora da oposição, com pelo menos 67% dos votos.

Não resta nenhuma dúvida sobre a vontade do povo venezuelano, e o sigilo imposto pela Corte equivale a uma confissão de culpa. A farsa eleitoral acabou. Começa agora a farsa da legitimação do regime e da criminalização da oposição.

Governos responsáveis e comprometidos com a democracia, à esquerda e à direita, já denunciaram o novo teatro. O presidente do Uruguai, Luis Lacalle Pou, disse que “o regime de Maduro confirma o que a comunidade internacional tem denunciado: fraude”. O presidente esquerdista do Chile, Gabriel Boric, anunciou que seu país “não reconhece esse falso e autoproclamado triunfo de Maduro & cia.”, vocalizando sua solidariedade à oposição em sua luta pela “democracia, justiça e liberdade”.

Já o presidente Lula da Silva continua a cumprir ciosamente seu papel no jogo de sombras de Maduro. Junto ao presidente esquerdista da Colômbia, Gustavo Petro, Lula declarou que continua a “aguardar” a divulgação das atas, condenando quaisquer sanções internacionais.

Ainda na semana passada, seu chanceler de facto, Celso Amorim, voltou a falar em “novas eleições”. A outra proposta ventilada foi a de um “governo de coalizão nacional”. A primeira equivale a um reconhecimento tácito da fraude eleitoral. A segunda foi fabricada para “salvar as aparências” enquanto se espera que uma nova crise internacional mude o foco das atenções e deixe o dito pelo não dito. A prova é que não houve qualquer tentativa de diálogo com a oposição a propósito dessas “soluções”.

A fraude eleitoral começou bem antes do pleito. Enquanto opositores eram presos, candidaturas eram cassadas e imigrantes eram impedidos de votar, Lula estendia o tapete vermelho a Maduro, edulcorava sua “narrativa” contra os “inimigos” da Venezuela e lançava aos quatro ventos especulações filosóficas sobre a “relatividade” da democracia. Após as eleições, quase 30 opositores foram mortos e cerca de 2 mil foram detidos. O PT celebrou essa “festa da democracia”, enquanto os eufemismos do presidente oscilaram entre “nada de anormal” até no máximo “um regime desagradável”.

Dizer que Lula – e a reboque, o Brasil – foi o “idiota útil” da vez seria tentador, e errado. Lula continua a ser, como sempre foi, utilíssimo para Maduro e seus suseranos – a China e a Rússia –, mas não é idiota e sabe bem o que quer: uma ditadura alinhada ao tal “Sul Global” ao invés de uma democracia eventualmente simpática a Washington. Pouco importa que isso pulverize quaisquer resquícios da pretensão do Brasil a liderar uma integração da América Latina e desmoralize qualquer autoridade do País como protagonista de um movimento internacional pelo fortalecimento das democracias. A esse ponto, a “aliança em defesa da democracia” contra a “extrema direita” que Lula pretende encenar após a Assembleia Geral da ONU em setembro é uma piada de mau gosto que as lideranças sérias certamente se esquivarão de protagonizar.

Os brasileiros, por ora, não têm essa opção, e terão de esperar até 2026, e contar com uma candidatura decente da oposição, para pôr fim à tragicomédia de erros que é a tal “frente ampla democrática” de Lula. Mas as eleições municipais não deixam de ser uma oportunidade para ensinar ao lulopetismo que no Brasil a democracia não é “relativa”.

Lista Consolidada de Trabalhos Publicados, 1973 a 2024 (agosto), do n. 001 ao n. 1561 - Paulo Roberto de Almeida

 Lista Consolidada de Trabalhos Publicados

1973 a 2024 (agosto)

(do n. 001 ao n. 1561)

 

 

Atualizado em 28/08/2024 

Disponível integralmente no seguinte link: 

plataforma Academia.edu (link: https://www.academia.edu/123308859/4721_Lista_Consolidada_de_Trabalhos_Publicados_1973_2024_agosto_);

 

1973 a 1991: de 001 a 071

 

001. “L’Etat Brésilien”, La Revue Nouvelle (Bruxelles: 29ème année, Tome LVIII, numéro 11, spécial “Amériques Latines”, Novembre 1973, pp. 426-432) [PR]. Relação de Trabalhos nº 013.

 

002. “Le Brésil: un miracle aux pieds d’argile”, L’Entreprise et l’Homme (Bruxelles: nº 9, novembre 1973, pp. 466-472). Relação de Trabalhos nº 021.

 

003. “La Fable du Miracle Économique: le développement de l’économie mondiale capitaliste au Brésil”, America Presse(Paris: nº 14, avril-mai 1974) [PR]. Relação de Trabalhos nº 024.

 

004. “Du Brésil: la fable du miracle économique”, Courrier de Politique Étrangère: Bimensuel de Documentation et d’Information (Paris: 6ème année, nº 109, du 1er au 15 juillet 1974, pp. 4-5) [PR]. Relação de Trabalhos nº 024.

 

005. Idéologie et Politique dans le Développement Brésilien, 1945-1964 (Bruxelles: Université Libre de Bruxelles, Faculté des Sciences Sociales, Politiques et Economiques, 1976, 108 pp.). Relação de Trabalhos nº 032.

 

006. “Soljenitzyn nas pegadas de Lênine”, Opinião (São Paulo: nº 181, 23 abril 1976) [Resenha crítica do livro de Alexandre Soljénitsyne: Lénine à Zurich (Paris, Editions du Seuil, 1975, 223 pp.; trad. du russe par J.-P. Semon)] [PR]. Relação de Trabalhos nº 033.

 

007. Problèmes Actuels du Commerce Extérieur Brésilien: une évaluation de la période 1968-1975 (Anvers: Centre Universitaire de l'Etat - Collège des Pays en Développement, 1976, 55 pp.). Relação de Trabalhos nº 039.

 

008. “O Momento Político Brasileiro: Notas sobre a conjuntura política atual”, Plural (São Paulo: Ano I, nº 2, outubro-dezembro 1978, pp. 89-95). Relação de Trabalhos nº 049.

 

(...)


 

1559. “Da Constituinte de 1823 à Constituição de 1824: aspectos econômicos”, in: A Constituição do Império do Brasil de 1824: edição comemorativa comentada de 200 anos; obra organizada por Rafael Nogueira. São Paulo: LVM Editora, 2024, 208 p.; ISBN: 978-65-5052-181-3; p. 93-109. Divulgado na plataforma Academia.edu (link: https://www.academia.edu/117447765/4593_Da_Constituinte_de_1823_a_Constituicao_de_1824_aspectos_economicos_2024_); informado no blog Diplomatizzando (13/04/2024; link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2024/04/da-constituinte-de-1823-constituicao-de.html). Relação de Originais n. 4593

 

1560. “Brasil, um país de ponta-cabeça? As propostas constitucionais de Modesto Carvalhosa”, in: Ives Gandra Martins, Luciano Castro (eds.), Beyla Esther Fellous, Ignacio Berdugo (coords.), Debates Em Torno da Proposta de Uma Nova Constituição do Prof. Modesto Carvalhosa (São Paulo: Editora Quartier Latin, 2024, 2 vols.; ISBN: 1º vol.: 978-65-5575-233-5; 2º. vol. ISBN: 978-65-5575-234-2, Parte 3, V, p. 215-254). Disponível na plataforma Academia.edu (link: https://www.academia.edu/119890551/4100_Brasil_um_pais_de_ponta_cabeca_Uma_reflexao_a_partir_das_propostas_constitucionais_de_Modesto_Carvalhosa_2022_); informado no blog Diplomatizzando (23/05/2024; link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2024/05/brasil-um-pais-de-ponta-cabeca-uma.html). Relação de Originais n. 4100. 

 

1561. “Stefan Zweig e o país que não chegou ao futuro”, in: Kristina Michahelles, Geovane Souza Melo Junior e Kenia Maria de Almeida Pereira (orgs.), Stefan Zweig no caleidoscópio do tempo: Reflexões sobre o autor de Brasil, um país do futuro (Rio de Janeiro: Passaredo Edições, 2024, 294 p.; ISBN: 978-65-983721-0-1; p. 131-146). Divulgado no blog Diplomatizzando (19/06/2024; link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2024/06/stefan-zweig-e-o-pais-que-nao-chegou-ao.html). Relação de Originais n. 4294.

 

1562. ...



Consular a íntegra neste link: 

plataforma Academia.edu, link: https://www.academia.edu/123308859/4721_Lista_Consolidada_de_Trabalhos_Publicados_1973_2024_agosto_

 

Uma lágrima para Clóvis Brigagão, internacionalista falecido recentemente - ABRI, Paulo Roberto de Almeida

 Primeiro a notícia, que me chocou: 

É com profundo pesar que a Associação Brasileira de Relações Internacionais (ABRI) recebe a notícia do falecimento do internacionalista Clóvis Brigagão (1942-2024). Durante a ditadura civil-militar, Clóvis esteve exilado no México, EUA e Portugal, e foi um dos fundadores do Partido Democrático Trabalhista (PDT), onde militou na área internacional. Foi o primeiro assessor internacional de um estado brasileiro (Governo de Leonel Brizola, Rio de Janeiro, 1983-1987) e exerceu as funções de Secretario-Geral da Associação Internacional de Pesquisas sobre a Paz-IPRA (1987-1989). Intelectual inquieto, foi autor e co-autor de diversos livros nos campos dos Estudos sobre a Paz, Segurança Internacional e Política Externa Brasileira. Criou o Grupo de Análise de Prevenção de Conflitos Internacionais (GAPCon), sediado na Universidade Candido Mendes, no Rio de Janeiro, a partir do qual formou e influenciou diversas gerações de jovens internacionalistas. A ABRI expressa suas condolências e se solidariza com seus familiares, amigos(as) e ex-alunos(as).

Agora minha interação com ele: 

1311. “Prefácio ao Diretório de Relações Internacionais no Brasil, 1950-2004”, Brasília, 7 ago. 2004, 7 p. Apresentação reflexiva para a publicação preparada por Clóvis Brigagão, listando cursos e instituições de relações internacionais no Brasil. Publicado in Clóvis Brigagão (com a assistência de Pedro Spadale e Fernanda Castanheira), Relações internacionais no Brasil: instituições, programas, cursos e redes (Rio de Janeiro: Gramma, 2004, 80 p.; ISBN: 85-988555-02; p. i-vii).

Relações internacionais no Brasil: instituições, programas, cursos e redes: Prefácio

 

In: Clóvis Brigagão (com a assistência de Pedro Spadale e Fernanda Castanheira):

 Relações internacionais no Brasil: instituições, programas, cursos e redes

(Rio de Janeiro: Gramma, 2004, 80 p.; ISBN: 85-988555-02; p. i-vii).

 

 

Quando, em 1998, tentei relacionar, pela primeira vez no Brasil, os cursos existentes de graduação e de pós-graduação em relações internacionais, os resultados foram de certo modo surpreendentes, mas ainda assim modestos. Uma tabela que preparei para tal efeito – inserida em meu livro O Estudo das relações internacionais do Brasil (1ª edição: 1999) – listava nove cursos de graduação (stricto sensu) e apenas quatro de pós-graduação, entre eles o Instituto Rio Branco, do Ministério das Relações Exteriores, que apenas recentemente teve confirmado pela CAPES-MEC seu estatuto de “mestrado”. Havia ainda uma dezena de outros cursos de pós-graduação credenciados, possuindo orientação para as relações internacionais, e duas dezenas de cursos de especialização ou de pós-graduação lato sensu, autorizados pela CAPES, que também se dedicavam a esse campo. Este era o campo acadêmico das relações internacionais no Brasil, sem descurar dos muitos cursos de pós-graduação, nas áreas tradicionais de ciências humanas e sociais, como economia, administração e direito, que também formavam mestres ou doutores com teses e dissertações vinculadas de alguma forma a essa temática. 

Os números não eram, portanto, reveladores de uma comunidade muito extensa. Um eventual congresso voltado para a temática das relações internacionais, congregando pesquisadores e professores nessa área, talvez não fosse suficiente para encher uma sala de aulas “normal”. O campo era mais promissor pelo lado das instituições ou veículos suscetíveis de comportar informações, análises ou debates sobre questões internacionais: desde o surgimento da Revista Marítima Brasileira (1851) e do Boletim do Clube Naval (1888), bem como das escolas de guerra, com A Defesa Nacional (1913), foram sendo multiplicadas instituições e revistas voltadas para o ensino, a pesquisa e a discussão pública desses temas. Ainda assim, as revistas dedicadas stricto sensu ao campo das relações internacionais eram em número restrito – ainda hoje, elas são basicamente três –, sendo bem mais numerosos os veículos culturais ou de ciências sociais que abrigavam, no sentido lato, materiais relacionados com essa problemática. 

Ao tomar conhecimento, em meados de 2004, deste Diretório de Relações Internacionais no Brasil, 1950-2004, cuidadosamente preparado pelo Professor Clóvis Brigagão, com a assistência de Pedro Spadale e de Fernanda Castanheira, não pude deixar de constatar, com satisfação, que o campo tinha definitivamente se consolidado no Brasil, com promessa de uma decantação progressiva e uma especialização natural nos próximos anos. Ele registrou, até junho de 2004, a existência de 53 cursos de graduação ativos, com um número aproximado de 13 mil estudantes. O Sudeste, como seria de se esperar, concentra a maior parte desses cursos (56%), mas o Centro-Oeste surge com força, disputando com o Sul o segundo lugar (10 cursos cada um, ou 19% do total). Brasília constitui, obviamente, o elemento predominante na oferta do Centro-Oeste.

A pós-graduação conheceu uma evolução mais moderada, mas ainda assim promissora, na medida em que são atualmente 25 os cursos existentes, sendo dez no conceito stricto sensu e quinze os lato sensu. O Sudeste concentra mais uma vez a maioria (52%), mas o Centro-Oeste (Brasília) vem consolidando, com 7 cursos (ou 28%), sua presença nesse campo. A distribuição pela natureza da instituição – pública ou privada – é reveladora das mesmas características que afetam, de maneira geral, o terceiro ciclo no Brasil: a graduação é majoritariamente privada (90%), ao passo que a pós-graduação conhece uma maior presença pública (40%), mas ainda assim é dominada pelas instituições privadas (60%). A evolução futura certamente confirmará essas tendências, muito embora as instituições públicas estejam gradualmente buscando aumentar sua oferta em face da grande demanda registrada nos últimos anos, tanto em termos de graduação como, crescentemente, de cursos de especialização. 

O mercado ainda parece funcionar segundo a “lei de Say”, ou seja, a oferta cria a sua própria demanda – daí o maior dinamismo do setor privado –, uma vez que não estão ainda adequadamente consolidados os perfis curriculares dos cursos, os sistemas de avaliação oficial pela CAPES e, sobretudo, a institucionalização profissional nesse campo. Se e quando esse campo lograr constituir uma “massa atômica” suficiente, em termos de produção especializada e de interação entre a formação acadêmica e os requisitos do mercado – o que poderia dar maior visibilidade ao “internacionalista” (reconhecido oficialmente ou não) –, se poderia talvez passar a uma etapa de “superação keynesiana” da lei de Say, isto é, a sustentação da demanda agregada, que por sua vez passa a garantir níveis satisfatórios de oferta de cursos no setor.

Como é conhecido, e esperado, as flutuações do ciclo tenderão a ser produzidas no setor privado e a produção de qualidade tenderá a continuar concentrada no setor público, mas a pós-graduação particular começa a exibir, igualmente, níveis de qualificação acadêmica relativamente satisfatórios. Estrutura e tendências do setor podem ser facilmente resumidas. O “mercado” é suficientemente concorrencial nas grandes capitais, mas frustrantemente cartelizado (ou monopolizado) nas demais regiões e nem sempre a informação quanto à qualidade do ensino – e, portanto, do “produto final” – são provistos com a transparência que os eventuais candidatos a uma formação nessa área desejariam dispor. Como as primeiras turmas estão recém sendo “jogadas” no mercado de trabalho na presente conjuntura, não se pode ainda efetuar uma avaliação adequada da “fiabilidade do material”, bem como de sua adequação aos requisitos do mercado. Algum grau de frustração é inevitável, por parte dos jovens egressos de alguns desses cursos, em relação à sua preparação vis-à-vis o que a demanda existente (e potencial) requer como qualificação profissional. 

Essa demanda está atualmente constituída por três blocos desiguais de possíveis contratantes da mão-de-obra especializada produzida nesse campo: o setor público, o mundo acadêmico, ambos relativamente limitados quanto às possibilidades de absorção do número relativamente elevado de graduandos nas fases finais de formação, e o setor privado, enorme e diversificado, mas ainda inseguro quanto à adequação desses jovens internacionalistas aos seus requisitos pragmáticos. No setor público, o grande atrativo é obviamente a diplomacia – extremamente exigente quanto aos critérios de seleção e bastante limitada quanto às possibilidades de entrada –, mas existem outras áreas nas quais o recrutamente é possível (analistas de comércio exterior ou de informações, por exemplo). Na academia, as possibilidades se situam na própria expansão da oferta no setor, voltando-se para uma orientação docente, portanto, o que tende a esgotar-se, talvez, no médio prazo.

A “osmose” entre a academia e a diplomacia não é tão intensa, no Brasil, quanto ela parece ser em outros países de grande tradição nas relações exteriores conduzidas de modo profissional, mas já parece ter sido rompido o relativo “insulamento” em que vivia o serviço diplomático durante a era militar e seu imediato seguimento. “Especialistas” e “assessores” em relações internacionais – inclusive nas mais altas esferas – já não provêm exclusivamente do campo diplomático, tendo a produção própria, ou “importada”, na área política – Parlamento, partidos, centros de pesquisa ou think tanks – crescido significativamente no período recente. O antigo monopólio de idiomas estrangeiros já não mais distingue o diplomata de seus colegas da burocracia de Estado, na medida em que o inglês básico – o raw English – tornou-se a língua franca dos negócios, dos colóquios e das comunicações internacionais. 

O campo dotado de maior elasticidade é, inquestionavelmente, o setor privado, terreno no qual as exigências vão além do simples “canudo universitário” e passam a incidir sobre a preparação efetiva – sobretudo em línguas – e a experiência prévia acumulada (o que sempre constitui uma barreira à entrada dos mais jovens). Espera-se, em todo caso, que as instituições de ensino, públicas e privadas, atentem para as exigências específicas da demanda do setor privado, o único em condições de absorver a oferta crescente nessa área. Elas devem atentar para os critérios de formação e de gradual especialização, nos últimos anos, desses novos internacionalistas, que devem, sim, saber os fundamentos da teoria realista em relações internacionais, mas também o modo de funcionamento efetivo das organizações internacionais voltadas para o comércio, as finanças e os padrões e normas que regulam as trocas globais de bens e serviços. 

Os fatores impulsionadores do crescimento da oferta em relações internacionais nos últimos anos não são difíceis de serem detectados: a intensificação dos processos de regionalização e de globalização a partir da última década do século XX, a série de crises financeiras dos últimos anos, a expansão dos investimentos diretos estrangeiros nesse mesmo período, a multiplicação de foros negociadores de acesso a mercados, tanto no âmbito do sistema multilateral de comércio (OMC), como em escala regional (Alca, UE-Mercosul, esquemas geograficamente restritos de liberalização comercial) ou ainda bilateral (com uma preocupante multiplicação desses acordos preferenciais, que frustram os partidários das regras universais de acesso).

O Brasil participa de todos esses processos, simultânea ou paralelamente, e parece assim natural que a maior presença desses temas nos meios de comunicação de massa tenha motivado os empresários do setor educacional (mas também os responsáveis das instituições públicas) a aumentar a oferta de cursos na área de relações internacionais (muitas vezes com especializações já dirigidas para o comércio exterior, os negócios internacionais ou para o estudo dos blocos comerciais). O investimento parece estar sendo correspondido pelo mercado potencial, já que a “clientela” desses novos cursos se mostra disposta a testar as possibilidades de ascensão profissional em áreas até aqui restritas do ponto de vista do emprego. Existem, por enquanto, poucas barreiras à entrada (e a situação promete continuar fortemente competitiva no futuro previsível), mas a adequação entre a demanda efetiva de mercado e a capacidade instalada não foi ainda de fato testada, dadas a não segmentação da produção e a pouca diferenciação do “produto”. O essencial parece situar-se na flexibilização do “aparelho produtivo” e na capacidade adaptativa da oferta, o que parece garantido em função do caráter privado da maior parte do setor, o que de certa forma é uma boa condição de competitividade nessa área.

Este utilíssimo Diretório reflete toda essa realidade, pois ademais de apresentar um panorama institucional da área – com todos as coordenadas relativas à “oferta” no setor –, ele ainda informa sobre a orientação de cada um deles: multidisciplinar em mais da metade dos casos, mas já crescentemente diversificado nas demais instituições: forte presença de política internacional, mas também comércio e economia internacionais, inclusive agronegócios. A pós-graduação ou a especialização em relações internacionais ainda tendem a ser genéricas – deixando, portanto, a critério dos alunos e professores a orientação e o perfil a serem dados aos estudos empreendidos nesse nível – mas aqui também se nota o surgimento de cursos voltados para o comércio e as negociações internacionais, numa saudável demonstração de que as instituições estão se ajustando aos requisitos e demandas formuladas pelo “mercado” como um todo.

Com efeito, o “mercado” para o “internacionalista” ainda não está inteiramente consolidado no Brasil, sendo visível o sentimento de indefinição, quando não de angústia, em boa parte dos alunos de muitos desses cursos surgidos nos últimos anos em relação às suas possibilidades de inserção bem-sucedida no mercado de trabalho. Não existe, parece claro, uma fórmula ideal de curso, já que o campo é obviamente vasto, as matérias em que pode incidir a formação do futuro internacionalista são muitas e extensas – indo da história ao direito, da economia à ciência política e muito mais – e os requerimentos dos futuros empregadores podem ser tão complexos e especializados como são, hoje, os negócios internacionais. Por isso, uma boa recomendação a todos os alunos seria esta: não importa o curso, seja basicamente um autodidata perfeito e completo.  

Mas este Diretório não constitui, tão simplesmente, um útil repositório de dados básicos e informações práticas sobre os cursos brasileiros da área: ele é também uma introdução básica sobre o surgimento, o desenvolvimento e a expansão desse setor ainda pouco conhecido, enquanto campo especializado das ciências sociais no Brasil. Com efeito, a introdução de Clóvis Brigagão traça os antecedentes, a evolução ulterior e a situação atual da área, agregando ainda uma informação inédita sobre o surgimento – ainda  antes dos anos 90, mas essencialmente a partir de sua segunda metade – e a lenta consolidação, entre nós, de uma rede institucional de pesquisadores e profissionais de relações internacionais. Uma seção final, por exemplo, relaciona os encontros (Eneri) organizados pela Federação Nacional de Estudantes de Relações Internacionais (Feneri), bem como os três encontros, até aqui realizados, do Enepri, congregando os profissionais e pesquisadores dessa área (as resoluções, ou cartas, elaboradas ao final desses encontros são reproduzidas). Trata-se, portanto, de uma history in the making, da qual o autor é um dos mais distinguidos atores. 

As conclusões do autor são também indicativas das principais características do setor: o crescimento observado até aqui é, em grande medida, “empírico”, podendo ocorrer uma certa retração da oferta e uma requalificação dos cursos, em função da demanda efetiva e da confirmação da diversidade do setor, considerada acertadamente por Clóvis Brigagão como rica e positiva, pois que correspondendo à forma pela qual o Brasil se insere no sistema internacional. O Diretório é certamente preliminar em seu esforço pioneiro e, como tal, suscetível de aperfeiçoamento e de complementação informativa – se possível em sistemas online como os da Feneri e do Relnet –, mas ele já constitui um retrato completo, ainda que inicial, de um processo de consolidação de um campo importante do panorama institucional das ciências sociais no Brasil. Trata-se de um marco relevante para o conhecimento desse campo, a partir do qual a própria rede institucional que ele ajuda a fortalecer vai contribuir para a melhoria das estruturas de formação, para a ampliação dos intercâmbios internos e externos a essa área e, como esperamos todos nós, para a melhor qualificação possível dos estudantes e dos docentes dessa área, reforçando ainda mais a pesquisa e a produção especializada no campo das relações internacionais.

Poucas obras, no panorama editorial “normal”, aspiram ser peremptas ou então deliberadamente passíveis de “correções” periódicas, o que não é certamente o caso deste pequeno grande volume. Meu desejo, portanto, é que este Diretório tenha rápidas e contínuas atualizações, o que constituirá, justamente, a marca de seu sucesso. Finalizo com cumprimentos sinceros ao seu autor principal e aos colaboradores pelo esforço realizado neste primeiro mapeamento do campo relações internacionais do Brasil. Minha recomendação é a de que ele constitua o suporte inicial de um processo de construção de um verdadeiro sistema de informação – quantitativo e qualitativo – sobre esse campo promissor no Brasil, agregando dados sobre os recursos humanos e a produção da área, o que o transformará não apenas em um manual completo de informações, o que de certa forma ele já é, mas em instrumento de referência indispensável a todo profissional de relações internacionais. Longa vida ao Diretório de Relações Internacionais.

 

Paulo Roberto de Almeida

Brasília, 7 de agosto de 2004

(pralmeida@mac.com; www.pralmeida.org)

Relação de Publicados n. 493.

 

The Largest Sovereign Debt Defaults in Modern History - Visual Capitalist

 


The Largest Sovereign Debt Defaults in Modern History

This was originally posted on our Voronoi app. Download the app for free on iOS or Android and discover incredible data-driven charts from a variety of trusted sources.

In July, Ukraine avoided defaulting on $20 billion in loans by reaching a preliminary agreement with private creditors.

Given the financial burden of war, the country suspended interest payments on international debt over the last two years, which was set to expire on August 1, 2024. Without this new debt restructuring, this default would have ranked among the 10 largest in recent history. The last time Ukraine defaulted on its debt was in 2015, after Russia’s invasion of Crimea. 

This graphic shows the largest sovereign debt defaults since 1983, based on data from Moody’s via Aswath Damodaran.

The Top 10 Sovereign Debt Defaults

Below, we show the biggest sovereign debt defaults between 1983 and 2022: 

RankingCountryTotal Defaulted DebtDateRating at Default
1🇬🇷 Greece$264.2BMar 2012C
2🇦🇷 Argentina$82.3BNov 2001Caa3
3🇷🇺 Russia$72.7BAug 1998Caa1
4🇬🇷 Greece$41.4BDec 2012C
5🇱🇧 Lebanon$31.3BMar 2020Ca
6🇻🇪 Venezuela$31.1BNov 2017Caa3
7🇦🇷 Argentina$29.4BJul 2014Caa2
8🇪🇨 Ecuador$17.3BApr 2020Caa3
9🇺🇦 Ukraine$13.3BOct 2015Ca
10🇦🇷 Argentina$10.5BFeb 2020Caa2

Greece’s $264.2 billion default in 2012 stands as the largest overall, unfolding when the country was mired in recession for the fifth consecutive year.

The country defaulted again just nine months later, making it the fourth-largest ever. Leading up to the crash, Greece ran significant deficits despite being one of the fastest-growing countries in Europe. Furthermore, in 2009, the newly elected prime minister revealed that the country was $410 billion in debt—substantially more than previous estimates. 

With the second-highest default recorded, Argentina failed to repay interest on $82.3 billion in foreign debt in 2001. Like Greece, it is a repeat offender, defaulting numerous times since independence in 1816. Today, Argentina is the largest debtor to the International Monetary Fund, despite being Latin America’s third-largest economy.

Following next in line is Russia’s 1998 default on $72.7 billion in loans, coinciding with a currency crisis that erased more than two-thirds of the ruble’s value in a matter of weeks. That year, several other countries including Venezuela, Pakistan, and Ukraine defaulted on their debts after the Asian Financial Crisis of 1997 spurred instability in global financial markets. 

Just as 1998 saw a wave of defaults, 2020 was a year marked by major debt upheavals. Due to the pandemic and collapsing oil prices, it was a record year for sovereign defaults, reaching seven in total. Among these, Lebanon, Ecuador, and Argentina saw the largest defaults amid deepening fiscal pressures.


terça-feira, 27 de agosto de 2024

PIB per capita: o Brasil estagnado: renda dos cidadãos em algumas grandes economias

GDP per capita 

Top 10 biggest economies in the world

Uma medida, o PIB per capita, mais fiável e realista no plano do verdadeiro bem-estar das pessoas. 

Economias menores são ainda mais eloquentes na afluência dos seus povos. 

Os brasileiros poderiam ser três vezes mais ricos se… 

Pois é, poderiam. Por que não o são? Vou explicar o "se"...


O Brasil é um país que não perde oportunidade de perder oportunidades, como dizia Roberto Campos.

Em 1960, em meio à sua fase mais dinâmica de crescimento econômico, com os "50 anos em 5" de JK, o Brasil ainda era um país muito pobre, mas ainda assim duas vezes mais rico do que a Coreia do Sul, que estava se recuperando de uma guerra contra a RPDC e começando uma industrialização ainda muito atrás do que já tinha o Brasil.

Em 1960, a renda per capita do Brasil era de 600 dólares, e a da Coreia do Sul de apenas 300 dólares. Meio século depois, a situação se inverteu dramaticamente, pois os coreanos não pararam de crescer e nós estagnamos dramaticamente. 

Eles estão chegando em 40 mil dólares e nós estacionamos nos 10 mil dólares há muito tempo. Algumas coisas eles fizeram de certo, e muita coisa nós fizemos de errado.

Resumindo, eu vou explicar sinteticamente porque, e vou remeter depois a outros trabalhos meus que detalham o processo.

Os coreanos investiram maciçamente em educação de massa, de qualidade, garantindo ganhos de produtividade contínuos. Nós simplesmente não conseguimos colocar todas as crianças na escola elementar a não ser nos anos 1990 e ainda assim com uma qualidade do ensino muito inferior à taxa de escolarização. Os coreanos também tiveram um comportamento fiscal e monetário muito mais responsável, sem muita inflação e com orçamentos equilibrados. Não preciso recordar nossos grandes impulsos de hiperinflação e nossas seis moedas em menos de uma geração, sendo a maior parte em poucos anos.

Sobretudo, eles construíram uma economia voltada para o comércio exterior, ao passo que continuamos no mesmo protecionismo idiota que vinha dos tempos coloniais, continuou no Império, na República Velha e se acentuou tremendamente desde a era Vargas até hoje. Somos um dos países mais protecionistas do mundo, historicamente, estruturalmente, geneticamente, prazerosamente, e estupidamente.

Tenho várias outras razões também, mas estas são suficientes.

Paulo Roberto de Almeida

Brasilia, 27 de agosto de 2024.

Zelensky critica a aliança de Lula com países autocráticos (247)

 “ Em uma entrevista concedida ao apresentador da Luciano Huck, da Globo, o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, atacou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Zelensky questionou a neutralidade brasileira, alegando que o país, sob liderança do presidente Lula, deveria aderir à posição ucraniana e do bloco da OTAN.

Zelensky criticou também as relações do Brasil com países do Sul Global. "Ele pensa na Rússia como se hoje ainda existisse a União Soviética. A China é um país democrático? Não. E o que dizer sobre o Irã? É um país democrático? Não. E o que dizer da Coreia do Norte? Eles não são países democráticos. Então, o que o Brasil, um grande país democrático, faz nessa companhia?", perguntou o ucraniano. "Eu não consigo entender esse círculo de países. É normal quando você tem relações econômicas, mas estamos falando sobre uma guerra, não é sobre relações econômicas. É sobre geopolítica, é sobre valores, é sobre pessoas. É sobre democracia, propósito e liberdade. O que um país democrático e livre como o Brasil está fazendo junto com países que não respeitam estes valores? Quem vai ganhar essa queda de braço? O Brasil vai engolir esses quatro aliados ou esses quatro aliados vão engolir o Brasil?", indagou.

Ele também afirmou que irá apresentar um plano de paz ao presidente russo Vladimir Putin, em que a Rússia devolveria as terras que Zelensky considera ucranianas.”

(247)

O Brasil e a Rota da Seda - Rubens Barbosa (Estadão)

 Comentário PRA: acho que a desarticulação entre o Itamaraty e o nucleo central do atual governo (se existe) será incapaz de levar adiante um projeto dessa magnitude e com todas as implicações de uma grande estratégia como a proposta pelo embaixador Rubens Barbosa. De certa forma, o Itamaraty perdeu protagonismo no atual governo, em favor de uma diplomacia deformadamente personalista, a do próprio Lula.

Opinião

O Brasil e a Rota da Seda

A Rota da Seda sul-americana, levando em conta os interesses brasileiros, poderia representar um passo relevante para uma política de integração física que beneficie todos os países da região

Por Rubens Barbosa

O Estado de S. Paulo, 27/08/2024 | 03h00


Em agosto, Brasil e China celebraram 50 anos do restabelecimento de relações diplomáticas e, em novembro, o presidente chinês, Xi Jinping, virá ao Brasil para uma visita bilateral e também para participar da reunião do G-20.

Na década de 1990, durante a gestão de Fernando Henrique Cardoso à frente do Itamaraty, a China propôs e foi aceita pelo Brasil uma parceria estratégica que deveria beneficiar ambos os países. Os últimos 25 anos mostraram resultados bastante favoráveis a ambos os lados em termos de segurança alimentar (37% das exportações brasileiras de produtos agrícolas são absorvidas pelo mercado chinês) e energia (com investimentos chineses no Brasil). Deve ser mencionado, contudo, que, do lado brasileiro, ainda falta uma visão estratégica mais pragmática, sobretudo na atração de investimentos produtivos.

Dentro de uma visão estratégica de longo prazo, em 2013, o governo da China lançou a iniciativa Rota da Seda (Belt and Road Initiative) com o prazo de até 2049 para estar completa. A iniciativa dispõe de uma organização institucional integrada por um fórum para cooperação internacional e um conselho de alto nível. Os objetivos de Pequim são ampliação da coordenação política entre os países participantes, ampliação das facilidades de conexão entre todos os países, comércio desimpedido, integração financeira e melhora da relação entre os povos. A iniciativa Rota da Seda prevê investimentos chineses em infraestrutura (ferrovias, rodovias, energia, digital) em projetos terrestres e marítimos para conectar a China com a Ásia, Europa, África e América Latina por terra e mar. Integrada hoje por mais de 150 países, (20 na América Latina, somente Brasil, Paraguai e Colômbia estão fora até aqui), a Rota da Seda é o mais importante projeto da diplomacia chinesa.

Desde a ida do presidente Lula da Silva a Pequim em 2023, a China tem insistido para o Brasil integrar a Rota da Seda. Certamente, esse será um dos itens da agenda bilateral em novembro e, segundo se sabe, o Brasil deverá ser mais um país a participar da iniciativa chinesa.

Os aspectos geopolíticos do projeto foram ressaltados quando, como uma reação ocidental, os países do G-7, em 2022, aprovaram um plano de expansão na infraestrutura, com a possibilidade de gastos de US$ 600 bilhões. O plano, no entanto, pouco avançou, ao contrário da iniciativa chinesa, que iniciou mais de mil projetos nos últimos dez anos, especialmente na Ásia e África, mas também na Europa e América Latina.

A entrada na Rota da Seda deveria ser precedida da definição do interesse brasileiro. Levando em conta considerações geopolíticas, a questão que se coloca, do ponto de vista da política externa e do interesse nacional, é como o Brasil vai se juntar à Rota da Seda sem perder a visão de equidistância entre o Ocidente e a China. O gesto poderá ser oficializado pela simples adesão ou, confirmando a posição de independência, poderá ficar no contexto dos dois países, com a inclusão dessa questão na Comissão Mista Brasil-China (Cosban), mecanismo de coordenação bilateral, em que seriam discutidos os projetos que viriam a ser incluídos na Rota da Seda: quais poderão ser considerados e como se dará o acesso ao financiamento para a execução deles. Aqueles de infraestrutura na América do Sul são os que mais se enquadram no contexto da Rota da Seda. Caso concretizados, favoreceriam a ampliação do comércio do Brasil com os vizinhos sul-americanos e poderiam abrir um corredor para a exportação de produtos brasileiros para a Ásia, especialmente para a China. A Rota da Seda sul-americana, levando em conta os interesses brasileiros, poderia representar um passo relevante para uma política de integração física na América do Sul, liderada pelo Brasil, que possa beneficiar todos os países da região.

Não está incluído no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) um projeto estratégico de longo prazo que ligasse, por via ferroviária, o Atlântico ao Pacífico, de 3.755 quilômetros (km) de extensão (1.900 km no Brasil), passando pela metade norte do território nacional e pela Bolívia, e que chegasse aos portos peruanos, que estão sendo ampliados com recursos chineses. Esse corredor ferroviário teria um sentido estratégico fundamental para o Brasil se pudesse ser executado. Alternativamente, poderiam ser mais bem aproveitadas as vias hidroviárias nacionais na interligação com países vizinhos, como o Peru.

O transporte de produtos de exportação do Brasil não acompanhou a grande mudança do eixo comercial para a Ásia, em especial a China. Para alcançar essa região, 50% das exportações brasileiras têm de passar pelo Canal do Panamá ou pelo sul da África, o que não é eficiente nem econômico. Torna-se cada vez mais urgente abrir corredores de exportação diretamente para os mercados asiáticos, via portos no Peru e no Chile no Pacífico, para diminuir o tempo de transporte e o frete e tornar os produtos brasileiros mais competitivos.

A ideia de colaboração na construção do ambicioso corredor ferroviário ou de uma integração hidroviária no caminho do Pacífico, para o Porto de Chancay, no Peru, poderia ser um dos pontos altos das comemorações dos 50 anos.

 

PRESIDENTE DO INSTITUTO DE RELAÇÕES INTERNACIONAIS E COMÉRCIO EXTERIOR (IRICE), É MEMBRO DA ACADEMIA PAULISTA DE LETRAS

https://www.estadao.com.br/opiniao/rubens-barbosa/o-brasil-e-a-rota-da-seda/

 

Capitalismo e socialismo: brevíssimas definições- Antonio Candido, Paulo Roberto de Almeida

"O que se pensa ser a face humana do capitalismo é o que o socialismo arrancou dele, com suor, lágrimas e sangue."

Antonio Cândido


O que os socialistas ingênuos como Antônio Cândido não entendem é que o capitalismo não é, nunca foi, um sistema articulado para propósitos definidos, e sim um processo de articulações sociais não dirigidas a objetivos explícitos, ao contrário do socialismo, um sistema autoritário, centralmente planejado, para atingir determinados fins. 

Não podia dar certo, não deu certo.

Paulo Roberto de Almeida


segunda-feira, 26 de agosto de 2024

Um transfuga da CNE da Venezuela, Rector Delpino, comprova a fraude da vitória de Maduro

 

«No tengo pruebas de que Maduro haya ganado»: 

Rector Delpino

Desde la clandestinidad, el rector del CNE, Juan Carlos Delpino, se fue lanza en ristre contra los resultados anunciados por Amoroso