O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida;

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quarta-feira, 7 de janeiro de 2015

Site prameida.org: algumas estatisticas de 2014; os suspeitos de sempre...

Finalmente consigo acessar as estatísticas de meu site (www.pralmeida.org) e verificar os números relativos ao ano que acaba de se encerrar. Parece que em 2014 meu site teve 163 mil visitantes e mais de um milhão de hits. Confesso que não senti nada, talvez porque estivesse distraído, fazendo outras coisas. Em todo caso, aí estão algumas (não todas) estatísticas de acesso ao site, tal como apresentado pelo meu provedor.

Monthly history 2014
Unique visitors: 7311Number of visits: 11501Pages: 24895Hits: 64236Bandwidth: 2.81 GB Unique visitors: 9481Number of visits: 13476Pages: 56996Hits: 93823Bandwidth: 3.66 GB Unique visitors: 13866Number of visits: 19061Pages: 33123Hits: 75742Bandwidth: 4.08 GB Unique visitors: 12351Number of visits: 17617Pages: 32599Hits: 71487Bandwidth: 4.21 GB Unique visitors: 16201Number of visits: 23648Pages: 42054Hits: 88205Bandwidth: 4.39 GB Unique visitors: 12744Number of visits: 19734Pages: 32879Hits: 73301Bandwidth: 3.55 GB Unique visitors: 11263Number of visits: 18413Pages: 32403Hits: 75300Bandwidth: 4.40 GB Unique visitors: 14226Number of visits: 20582Pages: 37152Hits: 89957Bandwidth: 5.51 GB Unique visitors: 17508Number of visits: 24702Pages: 38650Hits: 93486Bandwidth: 5.37 GB Unique visitors: 18668Number of visits: 27690Pages: 82428Hits: 141976Bandwidth: 7.44 GB Unique visitors: 19121Number of visits: 27001Pages: 48831Hits: 106350Bandwidth: 6.08 GB Unique visitors: 10731Number of visits: 15966Pages: 29623Hits: 72720Bandwidth: 3.57 GB
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MonthUnique visitorsNumber of visitsPagesHitsBandwidth
Jan 201473111150124895642362.81 GB
Feb 201494811347656996938233.66 GB
Mar 2014138661906133123757424.08 GB
Apr 2014123511761732599714874.21 GB
May 2014162012364842054882054.39 GB
Jun 2014127441973432879733013.55 GB
Jul 2014112631841332403753004.40 GB
Aug 2014142262058237152899575.51 GB
Sep 2014175082470238650934865.37 GB
Oct 20141866827690824281419767.44 GB
Nov 20141912127001488311063506.08 GB
Dec 2014107311596629623727203.57 GB
Total163471239391491633104658355.06 GB

Quanto aos países, existem os desconhecidos (eu sempre tendo a achar que seja a CIA, o FSB, o Mossad, e alguns mais obscuros ainda), mas os conhecidos vão aqui repertoriados; reparem na ativissima Romênia, à frente até dos Estados Unidos (que devem estar entre os com e os net):

brBrazilbr11683407451.40 GB

comCommercialcom748010177807.10 MB

UnknownUnknownip565512796732.98 MB

deGermanyde23532647362.49 MB

netNetworknet7992355102.32 MB

ptPortugalpt500113378.41 MB

euEuropean Unioneu1291299.68 MB

frFrancefr12220510.82 MB

cnChinacn10910920.24 MB

roRomaniaro76765.21 MB

Others717234890.63 MB

Finalmente, quanto aos documentos, que era o que me interessava saber, registro que a maior parte dos entrantes deve ser constituída de jovens desesperados em busca de algum ajutório para um trabalho escolar ou universitário:



Pages-URL (Top 10)   -   Full list   -   Entry   -   Exit
682 different pages-urlViewedAverage sizeEntryExit
/05DocsPRA/1257SociologiaSintese.pdf435648.54 KB11801145


/318736.17 KB21872112


/05DocsPRA/1892GuiaMonografia.pdf161060.28 KB13601337


/04Temas/11academia/06textosdiversos/04moedasbrasil/04MoedasBras...68576.18 KB611609


/04Temas/11academia/05materiais/15TributosVeja.html455384.05 KB208211


/05DocsPRA/1277HistorPlanejBrasil.pdf443113.08 KB324320


/05DocsPRA/2258MSulDesenvHist.pdf395111.41 KB242252


/00PRAfiles/00PerfilPRA.html38519.29 KB188218


/04Temas/04AcademiaDiplom/02DiplomaciaGeral.html3859.80 KB294162


/03Originais/00originais.html35919.31 KB242223


Others1736397.38 KB91309377

Em todo caso, dá para saber o que buscam esses folgados estudantes.  Isto é confirmado pelas palavras chaves que representam maior índice de buscas (algumas entre mais de 600):
o uso da diplomacia e do conflito militar nas relacoes internacionais entre os paises141.5 %
relacoes internacionais111.2 %
sociologia pdf101.1 %
paulo roberto de almeida91 %
fim do trafico no brasil 185670.7 %
como fazer uma monografia70.7 %
titulo blocos economicos financas60.6 %
brics60.6 %
vantagens da globalizacao

Vou procurar atendê-los com trabalhos ainda mais didáticos e, sobretudo, em linguagem menos prolixa...
Paulo Roberto de Almeida
Hartford, 7 de janeiro de 2015

Com voces, e no NYTimes, o dialetico novo ministro da C&T (da C&T???; talvez da mandioca)

Há muito anos atrás, eu já o havia identificado como um dos homens das jabuticabas brasileiras (vejam aqui e aqui), e de uma particularmente pouco saborosa, a exemplo do malfadado projeto de interdição de tecnologias poupadoras de mão-de-obra no serviço público. Mas ele conseguiu emplacar duas outras proibições, válidas para toda a economia: catracas eletrônicas e bombas de gasolina self-service, o que faz dele um dos nossos melhores ludditas...
Pois é esse o novo ministro da C&T, que tem outras ainda melhores, como a adição obrigatória da mandioca ao pão francês. Essa eu não sei se está em vigor, mas o dia do Saci, em substituição ao dia das bruxas parece que não pegou...
Uma parada o novo ministro...
Paulo Roberto de Almeida



Brazil’s Former Sports Minister is Moved to Science Post Despite Rejection of Global Warming Science



The Facebook page of Aldo Rebelo, Brazil's former minister of sports, who was appointed minister of science, technology and innovation despite his rejection of the science pointing to human-caused climate change.Credit
For the president in any democracy, compromises are often necessary in assembling a cabinet that satisfies a range of constituencies. But even with that in mind, it’s really hard to understand how President Dilma Rousseff of Brazil, who has repeatedly pressed for strong global action to curb climate change, could possibly justify her choice of Aldo Rebelo as her new minister of science, technology and innovation.
It’s unfortunate that Rebelo has no scientific background and probably didn’t absorb many relevant insights in the position he held since 2011 — minister of sports. But that’s a minor issue compared to his attacks on even the most basic, established aspects of science pointing to human-driven global warming.
To get a feel for his views, which put the longtime Communist Party legislator in line with Tea Party talking points, start with the blistering critique of the appointment by Steve Schwartzman of the Environmental Defense Fund, who’s been immersed in Brazilian environmental and forest science and politics for decades. 
Schwartzman begins with Rebelo’s lead role in drafting controversial revisions to the country’s Forest Code, then focuses on this excerpt from an open letter Rebelo sent last July to Márcio Santilli, an environmentalist and former congressman, responding to Santilli’s criticisms (the translation is by Schwartzman):
The positivist scientism that you call natural science and contrast with my devotion to dialectical materialism is not magical enough to convert me to the article of faith that is the theory of global warming, which is incompatible with current knowledge.
Science is not an oracle. In fact, there is no scientific proof of the projections of global warming, much less that it is occurring because of human action and not because of natural phenomena. It is a construct based on computer simulations.
In fact, my tradition links me to a line of scientific thought that prioritizes doubt over certainty and does not silence a question at the first response. Parallel to the extraordinary advances and conquests that Science has bequeathed to the progress of Humanity, come innumerable errors, frauds or manipulations always spun in the service of countries that finance certain research projects or projections.
I am curious to know whether those who today accept the theory of global warming and its alleged anthropogenic causes as unshakeable dogma, are the same ones who some years ago announced, with identical divine certainty, global cooling.
Please read the rest here. The translation is by Schwartzman but you can check it against the original.
Just to top things off, Rousseff made another cabinet choice that bodes poorly for the Amazon rain forest and its indigenous inhabitants. Here’s Schwartzman’s summary:
The new Minister of Agriculture, Katia Abreu, was the president of the National Confederation of Agriculture (the national association of large and middle-size landowners and ranchers). As senator, she led the Congress’s powerful anti-environmental, anti-indigenous “bancada ruralista”, or large landowners’, caucus and earned the title among environmentalists of “chainsaw queen.”
At Bloomberg View, Mac Margolis, who was previously a Latin America correspondent for Newsweek and wrote a fine book on the Amazon frontier 22 years ago, seconded Schwartzman’s concerns and added this about his stance on his other new portfolio — technology:
Denying climate change is not Rebelo’s only contribution to policy obscurantism. As a lawmaker in 1994, just as Brazil was beginning to modernize public service, he demanded that government forsake “labor-saving innovative technology,” such as computers and automatic elevators. The proposal was quietly shelved in committee, on fear that it would create, among other monstrosities, “a frightening bureaucracy.” He had more success in later stopping self-service fuel pumps at Brazilian filling stations, so sparing an underpaid army in overalls.
Then, in 2001, he sought to prohibit the use of English-language terms from public parlance, so banishing “imperialist” terms like “drive-in” and “software.”
Undaunted, Rebelo is back, exotic as ever, this time with a fancy job upgrade. How he fits Rousseff’s mission to make Brazil a modern and environmentally-sound nation is an open question. But she could start with cabinet change. [Read the rest.]
It’ll be interesting to see whether Rebelo accompanies Rousseff to the next big round of climate treaty talks in Paris in December.
For another view of the appointments and these criticisms, read Thomas Lifson at the American Thinker: “Warmists apoplectic as Brazil president names climate skeptic as science minister.”

A Constituicao brasileira: um caso especial de esquizofrenia economica - Paulo Roberto de Almeida

Parece que a origem dos nossos problemas, de parte deles, pelo menos, está numa Constituição esquizofrênica, que pretende trazer a felicidades a todos e a cada um, acreditando que a letra da lei é capaz de criar realidades econômicas. Enquanto não se restabelecer o primado das realidades econômicas, o Brasil vai continuar vivendo essa grande ilusão de acreditar que legisladores (o que inclui os executivos também) conseguem distribuir felicidade impunemente, e gratuitamente.
A série abaixo foi publicada no site do Instituto Millenium, e creio que eu não havia ainda refletido essa publicação.
A ficha do trabalho está aqui:
2505. “A Constituição brasileira contra o Brasil: uma interpretação econômica da esquizofrenia constitucional”, Hartford, 8 Agosto 2013, 39 p. Ensaio interpretativo sobre os mais importantes dispositivos econômicos da Constituição de 1988, e dos que regulam direitos sociais com impacto na economia do país, enfatizando seu caráter distributivo, o que inviabiliza uma taxa de crescimento mais vigorosa para o país. Resumo em 20 p. em 08/08/2013, sob o título “A Constituição brasileira aos 25 anos: um caso especial de esquizofrenia econômica”, para a revista Digesto Econômico (Julho-Agosto 2013, p. 64-74). Divulgação desta versão dividida em sete blocos, no site do Instituto Millenium (abaixo); disponível no link: https://www.academia.edu/attachments/32626808/download_file. Publicado in: René Marc da Costa Silva (org.): 25 Anos da Constituição Federal de 1988: uma comemoração crítica (Brasília: Uniceub, 2013, 240; ISBN: 978-85-61990-17-6; p. 55-81; disponível: https://www.academia.edu/attachments/32627080/download_file). Relação de Publicados n. 1105 e 1112.
Paulo Roberto de Almeida

A Constituição brasileira: Um caso especial de esquizofrenia econômica (I)
O contexto que presidiu à elaboração da Constituição de 1988 foi o da crise dos regimes socialistas na Europa oriental, mas os processos não tinham sido consumados no momento dos debates constituintes. O Brasil não dispunha, à época, de partidos conservadores, ou de um que fosse realmente liberal, no...
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A Constituição brasileira aos 25 anos: Um caso especial de esquizofrenia econômica (IV)

A Constituição “parlamentar”: muitos privilégios, baixa produtividade Os maiores problemas econômicos do processo legislativo não são decorrentes, explicitamente, de disposições constitucionais, mas de certas interpretações especiosas, quando não fantasiosas, quanto ao sentido que se deve dar às medidas executivas aprovadas pelo Congresso, em primeiro lugar, o orçamento, a peça...
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A Constituição brasileira aos 25 anos: Um caso especial de esquizofrenia econômica (VI)

A Constituição dos “direitos sociais”: sem qualquer análise dos custos O Título VIII (Da Ordem Social), encerra, como se sabe, a visão generosa, e totalmente antieconômica, dos constituintes, ao determinar a prestação universal, não discriminatória, de diversos serviços públicos coletivos, sem que jamais tenha sido efetuada alguma avaliação sobre...
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A Constituição brasileira aos 25 anos: Um caso especial de esquizofrenia econômica (VII)

Uma Constituição economicamente esquizofrênica Não cabe estender ainda mais as demonstrações de irracionalidade econômica contidas na maior parte dos dispositivos constitucionais que pretendem assegurar a todos os brasileiros sua cota de felicidade terrena, se possível assessorados, assistidos, ajudados e financiados por um Estado generoso, concebido pelos constituintes como sendo...
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Perspectivas economicas (e morais) para 2015 - Ubiratan Iorio (recomendo leitura atenta)

Meus cumprimentos, enfáticos, ao Ubiratan Iorio, e uma confissão: tenho inveja de sua capacidade analítica, de sua capacidade de síntese, de sua força moral, de sua simplicidade expositiva, enfim da clareza, da justeza, da objetividade de seus argumentos. Gostaria de escrever como ele, mas para isso, eu teria de ter primeiro as mesmas virtudes analíticas que uma vida de estudos, de pesquisa, de reflexões sensatas sobre a realidade trazem a espíritos clarividentes como o dele.
Meus parabéns, e minhas recomendações, a todos os que frequentam este espaço, para que leiam atentamente cada linha que ele escreveu.
Retirado do boletim do Instituto Millenium.
Paulo Roberto de Almeida

Conjecturas de um economista

O que esperar de nossa amada Terra Brasilis em 2015? Como se comportará nossa debilitada economia? O que acontecerá nas imperscrutáveis sendas de nossa política? Quantos escândalos ainda se somarão à corrupção oficial, que já se tornou endêmica? Como reagirá o povo diante dos desagradáveis acontecimentos políticos e econômicos que podem ser prenunciados?
A Escola Austríaca de Economia, por uma questão fundamentalmente de metodologia, não crê em previsões quantitativas e, portanto, se alguém me perguntar a quanto andará a taxa Selic, ou a inflação de preços, ou a taxa de crescimento da economia, ou a taxa de desemprego em dezembro de 2015, responderei com um sonoro “não sei”! Um “não sei” científico, faço questão de frisar. E ao qual poderei acrescentar um “e ninguém pode saber”.
Mas é possível fazer algumas previsões qualitativas, considerando como base a boa teoria econômica da Escola de Viena e, como contraponto negativo, as ações e cacoetes de nossos mandatários políticos e da equipe econômica do velho-novo governo.
Economia e política, no mundo real, não podem ser dissociadas, especialmente no dito plano macroeconômico, ao contrário do que entende a maioria dos economistas, todos eles seres inteligentes e estudiosos, mas educados e treinados na corrente principal. Ambas andam lado a lado e se amparam no sistema ético-moral, seja este sistema virtuoso ou pecaminoso, lealdoso ou torpe, correto ou depravado.
Comecemos pelo mais importante dos três sistemas, que é certamente o ético-moral-cultural. Quando está putrefato, contamina inevitavelmente os outros dois, a saber, o político e o econômico. E será que podemos esperar que em 2015 a ética e os verdadeiros valores morais e culturais passarão da água ao vinho? Será que, depois de “mensalões”, “petrolões”, compra de votos com dinheiro e com cargos públicos e tantos outros episódios lamentáveis que os brasileiros, há anos, acompanham, perplexos e estupefatos, não aparecerão novos escândalos, sempre celeremente abafados pelo governo com o apoio de quase toda a mídia? Será que uma presidente da República – apenas para ficarmos com um mísero exemplo – que reluta em demitir a presidente e o conselho de administração da Petrobras, depois de tantos escândalos e de tantos prejuízos causados ao país, e ainda lhes dá apoio, passará a ser um modelo de respeito à ética e à boa gestão, apenas porque começará um novo mandato? Será que um governo que mentiu despudoradamente durante a campanha eleitoral de 2014, tentando mostrar um Brasil que só existia nas cabeças de sua equipe de marqueteiros e de seus militantes – que mais se assemelham a torcidas organizadas de clubes de futebol, tamanho o seu fanatismo -, passará a respeitar a verdade? Será, enfim, que os brasileiros poderão confiar em uma equipe de ministros que, antes de ser escolhida, foi alvo de investigações por parte do próprio governo para ver se alguns estariam ligados a casos de corrupção?
Meus leitores são inteligentes. Por isso, convido-os a responderem.
No que se refere à economia, é consensual que 2015 será um ano difícil, muito difícil, de aperto de cintos em zona de grande turbulência
No que se refere à economia, é consensual que 2015 será um ano difícil, muito difícil, de aperto de cintos em zona de grande turbulência. Quem semeia vento colhe tempestade e quem planta mentira recebe na testa o bumerangue da verdade. Esse velho ensinamento da vida se aplica com bastante propriedade à economia, não temos a menor dúvida quanto a isso. É impossível comer demais sem ter indigestão e o governo, entre 2008 e 2014, nada mais fez do que comer, comer e comer. Um apetite titânico, provocado pelo apego ao poder, pela demagogia e pelo desconhecimento da boa teoria econômica. A indigestão veio no início de 2014, mas pouco mais do que a metade do povo, enganado pela esmola do programa bolsa família e pela propaganda debochadamente mentirosa do governo, não a percebeu. Inflação de preços, desemprego, contas externas em estado lamentável, crescimento zero. Tripé macroeconômico arrasado. Um desastre completo. Atualmente, o número dos que percebem essa deterioração é maior, porque o processo de mercado é o melhor detector de mentiras que existe.
Um dos efeitos mais danosos provocados pela desastrosa política econômica levada a cabo a partir de 2010 – na verdade, a partir de 2008, ainda sob o comando de Lula – é que voltamos a ter o que os economistas chamam de dominância fiscal, uma situação em que o déficit nas contas do governo é que determina os rumos e os efeitos dos regimes monetário e cambial.
Há, teoricamente, dois casos possíveis em que essa dominância fiscal pode ocorrer. No primeiro, quando as autoridades fiscais dominam (a expressão advém da Teoria dos Jogos) as autoridades monetárias, que conduz a uma situação em que uma política monetária apertada agora pode significar inflação no futuro. Não há paradoxo nenhum nisso, porque, nesse caso, se as necessidades de financiamento do setor público (ou déficit nominal) são cobertas pela emissão de dívida interna, a maior taxa de juros que resultará cedo ou tarde realimentará o déficit e isso acontecerá até o ponto em que o governo será forçado a emitir mais moeda e, portanto, a alimentar a inflação futura.
No segundo, que acontece quando existe expectativa de forte inflação, a dominância fiscal pode fazer com que uma política monetária apertada agora aumente a inflação imediatamente. E também não há contradição aí. Isso pode acontecer porque o aumento provocado na taxa de juros causa o surgimento ou o recrudescimento das expectativas de inflação e, dada a racionalidade dos agentes econômicos, se todos acham que a inflação vai ser maior no futuro, por que não aumentar os preços imediatamente, em busca de ganhos imediatos? É pura ação humana em ambiente de incerteza e tentando valer-se da variável tempo para alcançar estados mais satisfatórios.
Essas observações, embora não sejam essencialmente “austríacas” – na verdade, remontam a Bob Lucas, Thomas Sargent, Neil Wallace e outros “novos clássicos” –, não só não contradizem, como até respaldam a Teoria Austríaca da Moeda e do Capital e a Teoria Austríaca dos Ciclos Econômicos. É verdade que, rigor, para a Escola Austríaca não há motivos plausíveis para a existência de “regimes” ou “políticas” fiscais, monetárias e cambiais, mas, já que elas existem, o second best é que não exista dominância de nenhuma delas sobre as demais. Já que estão aí – e continuarão a estar até que a terra dê muitas voltas – que sejam independentes uma das outras.
Ao expandir o crédito sem que a poupança tivesse aumentado, o governo provocou um “alongamento” artificial na base da estrutura de capital (ou triângulo de Hayek, como é do conhecimento dos meus leitores mais assíduos). Investimentos inviáveis, então, passaram a ser erroneamente interpretados, induzidos pela política monetária errada, como, potencialmente, viáveis. Além disso, o governo estimulou abertamente o consumo, o que contribuiu decisivamente para agravar os inevitáveis ajustamentos inerentes ao processo de mercado e que aconteceriam de qualquer forma. As taxas de juros, que tenderiam a subir por conta da disputa pelo crédito, foram mantidas baixas por muitos meses, na vã tentativa de “estimular o crescimento”. Como sempre acontece quando a expansão monetária não é lastreada em aumento na poupança genuína e como o crédito dos bancos oficiais passou a crescer cada vez mais, esses ajustamentos, que já podiam ser detectados em 2013, explodiram em 2014. Aqueles investimentos que pareciam rentáveis, como sempre acontece, passaram a ser inviáveis. A base da estrutura de capital, que se alargara de maneira não natural, então, encolheu, com a eclosão do conhecido efeito concertina. E a economia, literalmente, parou. Esse quadro de recessão com inflação foi ainda agravado pelo abandono irresponsável do princípio da responsabilidade fiscal. Nenhuma “contabilidade criativa” pode ser capaz de alterar as respostas da economia a políticas erradas!
Em suma, o grande desafio para 2015 deveria ser o de eliminar essa nefanda dominância fiscal, um presente de grego legado por Dilma, Mantega & Cia. Uma demonstração incrível de incompetência teórica alimentada por uma crença absurda nos poderes de Grayskull, em que o Estado se traveste de He-Man e acredita que pode conduzir a vida econômica dos indivíduos. Ressalte-se que foram necessários muitos anos de esforços e de exigências penosas para que a dominância fiscal fosse anulada, mas que Dilma, Mantega e seus auxiliares conseguiram mandar para as calendas todo esse sacrifício em apenas quatro anos.
Quem acredita em milagres pode pensar que o novo ministro da Fazenda, Joaquim Levy, poderá resolver esses problemas com sua varinha mágica de bom defensor do erário e que, em cerca de um ano, o desempenho da economia voltará a ser satisfatório. Ledo engano! Primeiro, porque muito dificilmente ele terá autonomia para fazer o que deve ser feito, que é cortar fortemente as despesas públicas, podar ministérios, acabar com a casa-da-mãe-joana em que o aparelhamento partidário transformou o Estado, reduzir a brutal carga tributária, desburocratizar, desregulamentar, privatizar, abrir os mercados à competição interna e externa, adotar uma política externa conforme aos interesses do país e muitas, dezenas e centenas, de medidas liberalizantes.
Segundo, porque Joaquim, consequentemente, será compelido a considerar o atual descalabro, provocado pela mistura macabra de intervencionismo aliado com o projeto de poder do PT, como um dado e a partir disso ajustar sua coleção de foices fiscais para tentar melhorar o deplorável estado das contas públicas.
E – não tenham dúvidas quanto a isso! – ao fim e ao cabo, suas tesouras vão cortar mesmo, afiadas, os fundos de nossos bolsos e desconjuntar, certeiras, nossas algibeiras. Aumentar tributos, para os políticos, é sempre muito mais fácil do que cortar despesas. Já se fala na volta da execrável CPMF, da CIDES, em alíquotas mais altas para o IRPF e, até, no abominável imposto sobre grandes fortunas, velho sonho dos petistas e esquerdistas que creem pia e estupidamente que a causa da pobreza é a riqueza…
Terceiro, porque, por seu histórico como secretário do Tesouro de Lula e secretário de Fazenda do governador Cabral no Rio, Levy, embora mostrando “competência” para melhorar as contas públicas, o fez muito mais aumentando receitas do que reduzindo despesas. Fazer “ajustes fiscais” ele sabe fazer, mas a qualidade desses acertos é que é o problema. Aumentar alíquotas de impostos, criar e recriar taxas e contribuições – e toda e qualquer alma com um mínimo de percepção econômica deveria estar farta de saber isso – equivale a dar um tiro no pé, porque o consequente empobrecimento do setor privado e o desestímulo à produção e à livre iniciativa sufoca o estímulo a trabalhar, asfixia a economia, estrangula o emprego, afoga o empreendedorismo e tolhe a atividade empresarial. Em suma, o novo ministro, embora tenha estudado na excelente EPGE e em Chicago, até aqui se mostrou distante de poder ser considerado um liberal. Adicionalmente, posso quase afirmar que não conhece os bons ensinamentos da Escola Austríaca e muito menos que eles funcionam no mundo real. É um economista sério, mas para quem cortar gastos ou aumentar receitas parece não fazer muita diferença, pois o que importa é a diferença entre gastos e receitas.
É evidente que mais esse assalto esperado aos pagadores de tributos amplifica seus efeitos perniciosos quando aliado ao transtorno do Leviatã, ao manicômio da burocracia, ao hospício da regulamentação e ao sanatório dos controles do Estado sobre nossas vidas.
Receio que todo o esforço poderá resultar em vão porque a essência de nossos problemas, ao invés de ser enfraquecida, continuará intacta
Com toda a sinceridade, portanto, pelas razões expostas, não compartilho com os mercados financeiros o otimismo demonstrado quando da indicação de Levy para comandante da economia, até porque tenho convicção de que nenhuma economia precisa de um “comandante”. Teremos um ano muito duro pela frente, como tem mesmo que ser, mas receio que todo o esforço poderá resultar em vão porque a essência de nossos problemas – o agigantamento do Estado e sua crescente intromissão nas vidas de pessoas e empresas – ao invés de ser enfraquecida, continuará intacta, sendo tratada a pão de ló, como um rei gordo e pachorrento. Isso nos conduz ao terceiro problema, que é o político.
Nenhum povo, como disse Churchill, pode ser enganado indefinidamente e as eleições de outubro passado já deram sinal disso. Praticamente a metade dos votantes manifestou claramente que não está satisfeita com os que estão encastelados no poder desde 2003. A oposição saiu fortalecida e parece que vai, enfim, depois de doze anos de letargia, cumprir o seu papel constitucional, que é exatamente o de fazer oposição. Em ano de aperto econômico, de aumento da carga tributária e com a muito provável demora da inflação de preços em cair e do emprego em subir, mais eventuais novos escândalos que poderão explodir (como as tais “operações secretas” do BNDES), essa insatisfação poderá aumentar e, consequentemente, as pressões sobre o governo também. Por muito menos do que os episódios de ruptura ética e moral protagonizados pelo governo petista, Collor foi posto para fora do Planalto a pontapés. Se Lula resistiu ao “mensalão” em 2005 e a atual presidente ao “petrolão”, foi porque a popularidade de ambos estava alta. Mas popularidade é como um sopro de fumaça, que vem e passa. Um eventual movimento pelo impeachment da presidente poderá, em um ano econômica e politicamente difícil, ganhar força e poderemos ter problemas até de governabilidade. Não estou querendo dizer que desejo que essa situação aconteça, mas apenas que não é maluquice cogitar que pode acontecer.
O fiel da balança, como vem acontecendo desde os anos oitenta, é o velho e viciado PMDB, partido que, com raras exceções, é dado ao péssimo hábito de trocar votos por apoios a quem quer que esteja no poder. Infeliz é o país que tem um fiel da balança assim! Porém, se a pressão popular contra os desmandos, as mentiras, a corrupção generalizada, a inflação, o desemprego e outras coisas mais forem fortes, os peemedebistas – para “honrarem” sua história – poderão muito bem trocar de lado e mudar-se para a oposição. Não comem feijão com arroz, alimentam-se de votos; não bebem água, bebericam urnas…
São, enfim, conjecturas para o novo ano, que escrevo com tristeza, ressaltando que nunca fui, sou ou serei membro de qualquer partido político, porque sempre prezei e continuarei zelando por minha independência para dizer e escrever o que penso.
Se vocês quiserem concordar com essas conjecturas, tudo bem, porque não me sentirei só. Mas, se não creem que sejam plausíveis, podem me cobrar daqui a um ano, certo?
E, a rigor, querem saber de um segredo? Eis: espero que eu esteja errado… Afinal, vivo no Brasil.
Minhas palavras finais são, contudo, de alento. Creio que nunca houve condições de crescimento do movimento liberal que fossem tão promissoras como agora, nem mesmo no início dos anos noventa, no período posterior à queda do muro de Berlim e à implosão da URSS. Nossa tarefa, neste momento, é a de espalhar a verdade histórica de que sem liberdade não é possível construir-se uma grande nação. Quanto a isso, podem contar comigo, como sempre. E, logicamente, com o IMB, o ILIN e todos os institutos e grupos de estudos cuja tarefa é semear os valores da liberdade e dos valores morais.
Desejo, mesmo em meio a esta barafunda, um feliz ano de 2015 a todos vocês no plano pessoal. Saúde vale mais do que inflação; paz de espírito do que corrupção; amor do que ódio; luta do que acomodação; consciência tranquila mais do que medo de ser preso; patrimônio individual mais do que PIB; e convicção na liberdade muito mais do que servidão aos poderosos de plantão!
Fonte: Blog do Ubiratan Iorio