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sábado, 19 de março de 2016

Delcidio: "Lula comandava o esquema" - entrevista a Revista Veja

O senador mente muito, descaradamente. Isto, por exemplo:
"Errei, mas não roubei nem sou corrupto. Posso não ser santo, mas não sou bandido."
Mentira. Ele não errou, pois fez tudo deliberadamente.
É um grande corrupto e um grande bandido.
Merece muitos anos de cadeia, como grande corrupto e ladrão que é.
Ele está apenas querendo se safar agora, atribuindo a culpa aos outros.
Mas, creio que no que se refere ao Lula ele está certo. Todo mundo sabe que o chefão mafioso sempre esteve no comando de tudo, mas procurando a cada vez colocar um preposto, para se beneficiar sem se envolver diretamente.
Paulo Roberto de Almeida


Delcídio: “Lula comandava o esquema”
Delcídio do Amaral, ex-líder do governo, diz que tanto Lula como Dilma tinham pleno conhecimento da corrupção na Petrobras — e, juntos, tramaram para sabotar as investigações, inclusive vazando informações sigilosas para os investigados

Revista Veja, 18/03/2016 às 22:45


O Senador Delcídio do Amaral (Jefferson Coppola/VEJA)
O senador Delcídio do Amaral participou do maior ato político da história do país. No domingo 13, ele pegou uma moto Harley-Davidson, emprestada do irmão, e rumou para a Avenida Paulista, onde protestou contra a corrupção e o governo do qual já foi líder. Delcídio se juntou à multidão sem tirar o capacete. Temia ser reconhecido e hostilizado. Com medo de ser obrigado pela polícia a remover o disfarce, ficou pouco tempo entre os manifestantes, o suficiente para perceber que tomara a decisão correta ao colaborar para as investigações. "Errei, mas não roubei nem sou corrupto. Posso não ser santo, mas não sou bandido." Na semana passada, Delcídio conversou com VEJA por mais de três horas. Emocionou-se ao falar da família e ao revisitar as agruras dos três meses de prisão. Licenciado do mandato por questões médicas, destacou o papel de comando de Lula no petrolão, o de Dilma como herdeira e beneficiária do esquema e a trama do governo para tentar obstruir as investigações da Lava-Jato. O ex-líder do governo quer acertar suas contas com a sociedade ajudando as autoridades a unir os poucos e decisivos pontos que ainda faltam para expor todo o enredo do mais audacioso caso de corrupção da história. A seguir, suas principais revelações.
Por que delatar o governo do qual o senhor foi líder?
Eu errei ao participar de uma operação destinada a calar uma testemunha, mas errei a mando do Lula. Ele e a presidente Dilma é que tentam de forma sistemática obstruir os trabalhos da Justiça, como ficou claro com a divulgação das conversas gravadas entre os dois. O Lula negociou diretamente com as bancadas as indicações para as diretorias da Petrobras e tinha pleno conhecimento do uso que os partidos faziam das diretorias, principalmente no que diz respeito ao financiamento de campanhas. O Lula comandava o esquema.
Qual é o grau de envolvimento da presidente Dilma?
A Dilma herdou e se beneficiou diretamente do esquema, que financiou as campanhas eleitorais dela. A Dilma também sabia de tudo. A diferença é que ela fingia não ter nada a ver com o caso.
Lula e Dilma atuam em sintonia para abafar as investigações?
Nem sempre foi assim. O Lula tinha a certeza de que a Dilma e o José Eduardo Cardozo (ex-ministro da Justiça, o atual titular da Advocacia-Geral da União) tinham um acordo cujo objetivo era blindá-la contra as investigações. A condenação dele seria a redenção dela, que poderia, então, posar de defensora intransigente do combate à corrupção. O governo poderia não ir bem em outras frentes, mas ela seria lembrada como a presidente que lutou contra a corrupção.
Como o ex-presidente reagia a essa estratégia de Dilma?
Com pragmatismo. O Lula sabia que eu tinha acesso aos servidores da Petrobras e a executivos de empreiteiras que tinham contratos com a estatal. Ele me consultava para saber o que esses personagens ameaçavam contar e os riscos que ele, Lula, enfrentaria nas próximas etapas da investigação. Mas sempre alegava que estava preocupado com a possibilidade de fulano ou beltrano serem alcançados pela Lava-Jato. O Lula queria parecer solidário, mas estava mesmo era cuidando dos próprios interesses. Tanto que me pediu que eu procurasse e acalmasse o Nestor Cerveró, o José Carlos Bumlai e o Renato Duque. Na primeira vez em que o Lula me procurou, eu nem era líder do governo. Foi logo depois da prisão do Paulo Roberto Costa (ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, preso em março de 2014). Ele estava muito preocupado. Sabia do tamanho do Paulo Roberto na operação, da profusão de negócios fechados por ele e do amplo leque de partidos e políticos que ele atendia. O Lula me disse assim: "É bom a gente acompanhar isso aí. Tem muita gente pendurada lá, inclusive do PT". Na época, ninguém imaginava aonde isso ia chegar.
Quem mais ajudava o ex-presidente na Lava-Jato?
O cara da confiança do Lula é o ex-deputado Sigmaringa Seixas (advogado do ex-presidente e da OAS), que participou ativamente da escolha de integrantes da cúpula do Poder Judiciário e tem relação de proximidade com ministros dos tribunais superiores.
Quando Lula e Dilma passam a trabalhar juntos contra a Lava-Jato?
A presidente sempre mantinha a visão de que nada tinha a ver com o petrolão. Ela era convencida disso pelo Aloizio Mercadante (o atual ministro da Educação), para quem a investigação só atingiria o governo anterior e a cúpula do Congresso. Para Mercadante, Dilma escaparia ilesa, fortalecida e pronta para imprimir sua marca no país. Lula sabia da influência do Mercadante. Uma vez me disse que, se ele continuasse atrapalhando, revelaria como o ministro se safou do caso dos aloprados (em setembro de 2006, assessores de Mercadante, então candidato ao governo de São Paulo, tentaram comprar um dossiê fajuto contra o tucano José Serra). O Lula me disse uma vez bem assim: "Esse Mercadante... Ele não sabe o que eu fiz para salvar a pele dele".
O que fez a presidente mudar de postura?
O cerco da Lava-­Jato ao Palácio do Planalto. O petrolão financiou a reeleição da Dilma. O ministro Edinho Silva, tesoureiro da campanha em 2014, adotou o achaque como estratégia de arrecadação. Procurava os empresários sempre com o mesmo discurso: "Você está com a gente ou não está? Você quer ou não quer manter seus contratos?". A extorsão foi mais ostensiva no segundo turno. O Edinho pressionou Ricardo Pessoa, da UTC, José Antunes, da Engevix, e Otávio Azevedo, da Andrade Gutierrez. Acho que Lula e Dilma começaram a ajustar os ponteiros em meados do ano passado. Foi quando surgiu a ideia de nomeá-lo ministro.

sexta-feira, 18 de março de 2016

Nota ambigua (ou vergonhosa?) da Associacao de Estudos de Defesa - estou me desfiliando (PRA)

A nota abaixo, de uma Associação da qual faço parte, e de cujos congressos já participei, é pelo menos ambígua, e me parece estar mais na linha auxiliar do que na defesa dos valores e princípios que estão na Constituição e que deveriam, supostamente, guiar as ações de uma associação que precisaria estar atenta sobre as fontes reais de "agravamento da crise política brasileira".
Estou me desfiliando dessa associação pelos motivos seguintes:
Em nenhum momento, a ABED se pronuncia sobre as fontes desse agravamento que têm por origem fatos notórios de inépcia na condução da política econômica nacional, cujas medidas estúpidas -- alertadas pelos melhores economistas do país desde muitos anos -- levaram o Brasil, e a população trabalhadora, à MAIOR CRISE ECONÔMICA jamais conhecida em nossa história econômica.
Em nenhum momento há menção à palavra CORRUPÇÃO, que está também notoriamente na origem dos processos de investigação, de indiciamento e de condenação de líderes empresariais e de dirigentes políticos do Partido dos Trabalhadores, e de partidos avassalados à sua causa totalitária, e que suscitaram a ação absolutamente normal e republicana do MPF e da PF, e a justa indignação da cidadania, ao constatar que o Brasil, suas agências públicas estavam sendo ASSALTADAS desde 2003 pelos mafiosos do partido totalitário.
Em nenhum momento, essa nota VERGONHOSA da ABED menciona a crise econômica, que está na raiz da crise política que ela aponta de forma absolutamente enviesada (sem mencionar a falcatrua revelada no financiamento ilegal e criminoso de TODAS as campanhas eleitorais do partido totalitário desde o início desta fase vergonhosa da vida política brasileira).
Essa nota é INACEITÁVEL, sob todos os pontos de vista, e estou encaminhando agora mesmo a minha desfiliação de uma associação que é míope, que é conivente, e que de fato é uma aliada objetiva dos corruptos políticos, dos delinquentes morais, dos ineptos econômicos e dos corruptos absolutos que assaltaram o Brasil.
Não pretendo conviver com pessoas que distorcem a realidade, que são lenientes com criminosos políticos, com mafiosos de alto coturno, que pretendem passar a mão por cima do espetáculo de degradação moral a que o Brasil e a sua cidadania foram submetidos pela ação dos bandidos  que nos (des)governam atualmente.
Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 18 de março de 2016

NOTA PÚBLICA DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ESTUDOS DE DEFESA (ABED) SOBRE O AGRAVAMENTO DA CRISE POLÍTICA BRASILEIRA

É com grande preocupação que assistimos aos novos episódios que acirram a atual crise política em nosso país.

Lembrando que apenas há pouco mais de três décadas o Brasil retornou à normalidade democrática, repudiamos ações que, de quaisquer origens, pautem-se pela quebra da legalidade e da democracia.

Enfatizamos, portanto, que a busca pelo fim da crise política passa pela manutenção ininterrupta do Estado Democrático de Direito, pelo respeito às Instituições, pela manutenção do direito democrático a manifestações livres e pacíficas e pela recusa a qualquer ato de força.

A divisão equilibrada dos Poderes é um dos ganhos mais importantes para a sociedade brasileira advindo da Constituição de 1988, e deve ser observada no atual momento político brasileiro.

Diretoria da Associação Brasileira de Estudos de Defesa (2014-2016)

Niterói, 18 de março de 2016.

Associação Brasileira de Estudos de Defesa
http://www.abedef.org/