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terça-feira, 28 de março de 2017

O Homem que Pensou o Brasil: breve sintese, sumario - Paulo Roberto de Almeida



O Homem que Pensou o Brasil: Roberto Campos



Paulo Roberto de Almeida (org.)
O Homem que Pensou o Brasil: trajetória intelectual de Roberto Campos 
(Curitiba: Editora Appris, 2017, 364 p.; ISBN: 978-85-473-0485-0).
O livro vai estar disponível em versão impressa e em formato e-book.
 


Roberto Campos foi, efetivamente, o homem que pensou o Brasil, integralmente e em escala comparada com outros processos de desenvolvimento ao redor do mundo.

Quando se lê, retrospectivamente, todos os seus escritos, desde sua tese de mestrado na Universidade George Washington (1947) – que já era o equivalente a uma verdadeira tese de doutorado, como lhe escreveu, em carta pessoal, o famoso economista Joseph Schumpeter, desde Harvard – assim como todos os ensaios eruditos dos anos 1950, sobre questões diversas da economia brasileira e, sobretudo, os artigos regulares que ele produziu para a imprensa brasileira a partir do início dos anos 1960, durante mais de quarenta anos ininterrompidos, sobre todos os temas correntes, históricos e literários, impossível não ficar impressionado pela vastidão impressionante de seus conhecimentos sobre os mais variados assuntos e, em especial, pela justeza e pelo acertado de seus argumentos teóricos, de seus julgamentos práticos, das hipóteses e antecipações que ele formulou em torno da política e da economia mundial, assim como a explicação racional das raízes dos problemas brasileiros e sobre os meios de arrancar o país da pobreza corrigível e de colocá-lo um pouco mais perto da riqueza atingível.

Aos cem anos de seu nascimento, em abril de 1917, Roberto Campos permanece extraordinariamente atual, pois, para nossa infelicidade, não conseguimos cumprir nem metade das prescrições por ele feitas, mais de meio século atrás, para aliviar nossos males. 
Cabe reler o que ele escreveu, o que ele recomendou e, se possível, tentar cumprir pelo menos algumas das soluções práticas apresentadas a esses problemas pelo homem que, mais do que qualquer outro intelectual da segunda metade do século XX, pensou verdadeiramente o Brasil. 


                                  SUMÁRIO:



Apresentação

                                  Sérgio Eduardo Moreira Lima

1. Roberto Campos, o homem que pensou o Brasil
                                                        Paulo Roberto de Almeida
1.1.  Como surgiu este livro?
1.2.  A atualidade dos escritos de Roberto Campos
1.3.  Um rebelde com causa
1.4.  O mestre e o aprendiz, dobrando-se às evidências
1.5.  Uma vida a serviço do progresso do Brasil
1.6.  Do diplomata-economista ao economista-tecnocrata
1.7.  Do homem de Estado ao pensador contra o Estado
1.8.  Uma última tentativa de reformar o Brasil: a via da política

2. A contribuição de Roberto Campos para a modernização do país
                                                                    Antonio Paim
2.1.   De Keynes a Mises e Hayek
2.2.   O modernizador eclético

3. Roberto Campos, o convívio com um estadista liberal
                                                           Ives Gandra Martins
3.1. As afinidades eletivas
3.2. O pianista e o embaixador
3.3. A Academia do Direito e da Economia
3.4. A luta comum contra a irracionalidade

4. O iconoclasta planejador: Roberto Campos e a modernização do Itamaraty
                                                        Rogério de Souza Farias
4.1. O diplomata heterodoxo
4.2. Planejando a política externa? A expansão da área econômica do Itamaraty
4.3. Uma proposta revolucionária: rompendo a hierarquia do Itamaraty
4.4. O planejador iconoclasta da política exterior

5. O patrimonialismo na obra de Roberto Campos
                                                 Ricardo Vélez-Rodríguez
5.1. Roberto Campos, crítico do patrimonialismo
5.2. Um filósofo bem humorado
5.3. Um retrospecto melancólico do fracasso para obter o desenvolvimento sustentado
5.4. Um caso de cegueira patrimonialista: a política de reserva de informática
5.5. Um caso de hybris patrimonialista: o monopólio da Petrobrás
5.6. O ideal da sociedade livre

6. Racionalidade e autonomia em Roberto Campos
                                                       Reginaldo Teixeira Perez
6.1. Observações iniciais
6.2. O equacionamento do problema: ciência ou ideologia?
6.3. Duas razões para um objetivo
6.4. Observações finais

7. Roberto Campos: um economista pró-desenvolvimento econômico
                                                            Roberto Castello Branco
7.1. Introdução
7.2. O economista pró-mercado e o debate sobre o planejamento econômico
7.3. Batalha em defesa das boas ideias
7.4. As crises de balanço de pagamentos
7.5. BNDE e BNDES
7.6. O arquiteto de planos de estabilização
7.7. A luta pela privatização
7.8. Algumas lições para os economistas

8. Breve história da macroeconomia
                                                   Rubem de Freitas Novaes
8.1. Introdução à introdução
8.2. Introdução
8.3. Dos clássicos a Keynes
8.4. A reação austríaca
8.5. A reação neoclássica
8.6. Do modelo IS-LM às expectativas racionais de Lucas
8.7. A reação neokeynesiana e o novo consenso
8.8. Outras questões relevantes

9. Roberto Campos na UnB: um passo para a abertura
                                                                     Carlos Henrique Cardim
9.1. Os encontros internacionais da UnB
9.2. O “flamante” decano e  a “indiferença apaixonada” do embaixador
9.3. Cultura e democracia
9.4. Uma sugestão de Aron
9.5. Campos e a reforma agrária
9.6. O conselho de San Tiago Dantas
9.7. Campos e o engraxate
9.8. O selo do gênio que abre caminho
9.9. A pedagogia acadêmica dos adágios
9.10. “Ele soube duvidar”

10. No Parlamento: lucidez e coerência
                                                       Antônio José Barbosa
10.1. Da diplomacia à arena política
10.2. O parlamentar erudito
10.3. A estreia no Senado
10.4. A preocupação constante com a situação econômica
10.5. Populismo, protecionismo, nacionalismo e outros ismos
10.6. Encerrando a aventura parlamentar

11. Tanta lucidez assim é mitocídio: Raymond Aron e Roberto Campos como intelectuais públicos
                                                                          Paulo Roberto Kramer
11.1. Introdução
11.2. Raymond Aron
       11.2.1. O colunismo no combate de ideias
       11.2.2. “Círculo quadrado”, ou o mito da improdutividade redistributiva
       11.2.3. Ideologias e utopias na Paris intelectual dos anos 50
       11.2.4. O Grande Medo na Europa próspera e acomodada
11.3. Roberto Campos
       11.3.1. O mais 'porco-espinho' entre as raposas, o mais 'raposa' entre os porcos-espinhos
       11.3.2. Os mitos que perpetuam o atraso brasileiro
       11.3.2.1. Populismo
       11.3.2.2. Estruturalismo
       11.3.2.3. Protecionismo
       11.3.2.4. Estatismo
       11.3.2.5. Nacionalismo
11.3.3. Desastres socioeconômicos fomentados por essa mitologia
11.4. À guisa de conclusão

12. Roberto Campos: uma trajetória intelectual no século XX
                                                                      Paulo Roberto de Almeida
12.1. Turgot e Campos: dois economistas, separados no tempo, unidos nas ideias
12.2. As ideias movem o mundo? Provavelmente sim, para Roberto Campos
       Primeira Parte: No Estado, pelo Estado, com o Estado
12.3. O seminarista literário se torna um economista prático
12.4. Do economista improvisado ao administrador pragmático
12.5. A irresistível ascensão do diplomata tecnocrata
12.6. A economia brasileira guiada pela mão do Estado
12.7. A produção intelectual a favor do ativismo estatal
12.8. Dos bastidores ao palco: o homem público se torna um estadista
12.9. No olho do furacão: o estadista em ação, no planejamento estatal
12.10. O articulista erudito a serviço da razão de Estado
       Segunda Parte: Fora do Estado, sem o Estado, contra o Estado
12.11. Do “executivo imaginoso” ao “pregador missionário”
12.12. O diplomata “herege”, do “outro lado da cerca”, nadando “contra a maré”
12.13. O “herege diplomata” em licença, e no limbo, do Itamaraty
12.14. A produção intelectual, entre a academia e a tecnocracia
12.15. De volta às lides diplomáticas, na Corte de Saint James
12.16. O “herege diplomata” é sabotado no caminho da ministrança
12.17. A produção intelectual entre o “milagre brasileiro” e a “década perdida”
12.18. De tecnocrata a político: a ética da convicção, num país anti-weberiano
12.19. Do fracasso na política ao sucesso como publicista erudito
12.20. O profeta da estabilização contempla angustiado a hiperinflação
12.21. À guisa de conclusão: o profeta do planejamento utópico do futuro
 

Roberto Campos: obras
Notas sobre os autores

Organizador:


Paulo Roberto de Almeida é Diretor do Instituto de Pesquisa de Relações Internacionais, IPRI-Funag


Pós-doutor em Relações Internacionais, Doutor em Ciências Sociais pela Universidade de Bruxelas (1984), Mestre em Planejamento e Desenvolvimento Econômico pela Universidade de Antuérpia (1977), graduado em Ciências Sociais pela Universidade de Bruxelas (1975), ex-professor de Sociologia Política no mestrado em Sociologia da Universidade de Brasília e no Instituto Rio Branco (1987) e professor de Economia Política, desde 2004, nos programas de mestrado e doutorado em Direito do Centro Universitário de Brasília (Uniceub). É diplomata de carreira desde 1977 e, desde agosto de 2016, exerce o cargo de Diretor do Instituto de Pesquisa de Relações Internacionais (IPRI) da Fundação Alexandre de Gusmão, vinculada ao Ministério das Relações Exteriores. Possui diversos livros próprios e editados, ademais de numerosos artigos e ensaios publicados nas áreas de relações econômicas internacionais, em questões de política internacional e economia mundial, em especial sobre integração regional, bem como trabalhos tratando da política externa e da história diplomática do Brasil. Site pessoal: www.pralmeida.org.

Colaboradores:


Antonio José Barbosa

Antonio José Barbosa é graduado em História pela Universidade Federal de Juiz de Fora, mestre e doutor em História pela Universidade de Brasília, onde leciona História Contemporânea desde 1987. É consultor legislativo aposentado do Senado Federal. Foi Secretário Executivo do Ministério da Educação no governo Itamar Franco (1993-94). 


Antonio Paim

Nascido na Bahia em 1927, cursou Filosofia na Universidade Lomonosov, em Moscou, nos anos 1950, e iniciou carreira universitária no Rio de Janeiro nos anos 1960, produzindo, a partir de então, uma das mais impressionantes obras de pesquisa histórica e filosófica sobre o pensamento brasileiro em diversas universidades da antiga capital do Brasil. Participa de diversas associações acadêmicas brasileiras e do exterior. Possui inúmeras obras publicadas sobre correntes filosóficas no Brasil, história das ideologias e das correntes políticas, patrimonialismo e assuntos afins. Entre seus livros contam-se História das idéias filosóficas no Brasil (5a. edição, 1997) e a coletânea Estudos complementares à história das idéias filosóficas no Brasil (7 vols.). Elaborou também a Bibliografia Filosófica Brasileira. Organizou o Curso de Introdução ao Pensamento Político Brasileiro, editado pela Universidade de Brasília em 1982, em sete volumes. Versão resumida desse Curso apareceu na Editora Itatiaia de Belo Horizonte (1988).


Carlos Henrique Cardim
É diplomata de carreira. Foi Embaixador na Noruega e na Islândia. Dirigiu o Instituto de Pesquisa de Relações Internacionais (IPRI). Serviu em Buenos Aires, Santiago e Washington. Foi Diretor do Centro de Estudos Estratégicos (CEE) do Ministério da Ciência e Tecnologia. É membro do Conselho Editorial do Senado Federal. É membro do Conselho Superior de Estudos Avançados (Consea) da Fiesp. Foi Assessor Internacional do Ministério do Esporte. Doutor em Sociologia pela Universidade de São Paulo (USP) com a tese “Anomia: Realidades e Teorias”. É Professor do Instituto de Ciência Política da Universidade de Brasília (UnB). Foi Decano de Extensão da UnB e Presidente do Conselho Editorial da Editora UnB. Autor do livro A Raiz das Coisas. Rui Barbosa: o Brasil no mundo.

Ives Gandra da Silva Martins
Professor Emérito das Universidades Mackenzie, UNIP, UNIFIEO, UNIFMU, do CIEE/O Estado de São Paulo, das Escolas de Comando e Estado-Maior do Exército - ECEME, Superior de Guerra - ESG e da Magistratura do Tribunal Regional Federal – 1ª Região; Professor Honorário das Universidades Austral (Argentina), San Martin de Porres (Peru) e Vasili Goldis (Romênia); Doutor Honoris Causa das Universidades de Craiova (Romênia) e das PUCs-Paraná e Rio Grande do Sul, e Catedrático da Universidade do Minho (Portugal); Presidente do Conselho Superior de Direito da FECOMERCIO - SP; Fundador e Presidente Honorário do Centro de Extensão Universitária – CEU-Escola de Direito/Instituto Internacional de Ciências Sociais - IICS. Autor de mais de 80 livros individuais e 300 em colaboração, publicados em 21 países sobre os mais diversos temas, dentre os quais direito, economia, filosofia, política, história, literatura, sociologia, teologia e música. Possui 38 títulos universitários e pertence a 32 Academias. 

Paulo Kramer
Bacharel em Ciências Sociais pela UFRJ, mestre e doutor em Ciência Política pelo Iuperj. Professor aposentado de Ciência Política da Universidade de Brasília (UnB). Ministra cursos e palestras sobre a conjuntura política nacional e internacional, relações institucionais e governamentais (ESPM, Fundação Universa, Instituto Euvaldo Lodi, empresas nacionais, transnacionais e entidades setoriais em todo o Brasil). Pesquisador e autor (em parceria com o antropólogo Roberto DaMatta) de uma série de estudos e monografias sobre profissões industriais para o Departamento Nacional do Senai. Tem artigos e ensaios publicados em periódicos brasileiros e estrangeiros, bem como colunas, textos de opinião e análise política para jornais, revistas, sites noticiosos e institucionais. Com frequência, é entrevistado por emissoras de rádio (CBN, BandNews-FM) e canais de TV aberta ou fechada (TV Globo, Globonews, Record News). Tem livros publicados, como Dante de Oliveira (ensaio biográfico introdutório e seleção de discursos parlamentares), coleção Perfis Parlamentares, vol. 69, 2ª edição. Brasília: Edições Câmara dos Deputados, 2013; e 5 Ensaios de Política. São Paulo: WRC, 2015.

Paulo Roberto de Almeida
Doutor em Ciências Sociais (Universidade de Bruxelas, 1984), Mestre em Planejamento Econômico (Universidade de Antuérpia, 1977), e diplomata de carreira desde 1977. Foi professor no Instituto Rio Branco e na Universidade de Brasília, diretor do Instituto Brasileiro de Relações Internacionais (IBRI) e, desde 2004, é professor de Economia Política no Programa de Pós-Graduação (Mestrado e Doutorado) em Direito no Centro Universitário de Brasília (Uniceub). Como diplomata, serviu em diversos postos no exterior e na Secretaria de Estado. Desde agosto de 2016 é Diretor do Instituto de Pesquisa de Relações Internacionais (IPRI), da Fundação Alexandre de Gusmão (Funag), autarquia vinculada ao Ministério das Relações Exteriores. Livros publicados nas áreas de relações internacionais e política externa brasileira (www.pralmeida.org).

Reginaldo Teixeira Perez
Professor Titular do Departamento de Ciências Sociais e do PPGCS da Universidade Federal de Santa Maria/RS (UFSM). Doutor em Ciência Política pelo Iuperj/UCAM, com tese defendida em 1998 e intitulada O Pensamento Político de Roberto Campos: Da razão do Estado à razão do mercado (1950-95). Essa tese foi publicada em versão de livro [Rio de Janeiro: Editora FGV, 1999]. Pesquisador de temas situados na interface entre Teoria Política e Pensamento Político Brasileiro, com ênfase nos conceitos de liberalismo e democracia. Lidera o Grupo de Pesquisa “Instituições Políticas” no CNPq, que tem servido de abrigo a trabalhos que versam, por exemplo, sobre linguagens e/ou instituições – operações políticas, portanto – de economistas e de juristas. Currículo: http://lattes.cnpq.br/1378204180017338.

Ricardo Vélez-Rodríguez
Graduação em Filosofia pela Universidade Pontifícia Javeriana (1964), em Teologia pelo Seminário Conciliar de Bogotá (1967), mestrado em Filosofia pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (1974), doutorado em Filosofia pela Universidade Gama Filho (1982). Conferencista e membro do conselho consultivo da Universidade Católica Portuguesa (Lisboa), professor associado da Universidade Federal de Juiz de Fora e professor emérito da ECEME. É professor-colaborador do Programa de Pós-Graduação em Ciência da Religião da UFJF. Pertence à Academia Brasileira de Filosofia, ao Instituto Brasileiro de Filosofia, ao Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, ao PEN Clube, ao Conselho Técnico da Confederação Nacional do Comércio e ao Instituto de Filosofia Luso-Brasileira (Lisboa). Docente da Faculdade Arthur Thomas, Londrina. Membro do Conselho Técnico da Confederação Nacional do Comércio.

Roberto Castello Branco
Doutor em Economia pela FGV/EPGE e Post-Doctoral Fellow in Economics, Universidade de Chicago. Diretor do Centro de Estudos em Crescimento e Desenvolvimento Econômico da Fundação Getúlio Vargas e colunista do jornal Valor Econômico. Foi Diretor do Banco Central do Brasil e da Vale S.A., membro do Conselho de Administração da Petrobras (2015/2016), membro do Conselho Curador da Fundação Getúlio Vargas, Presidente Executivo do IBMEC e Professor de Economia da FGV/EPGE. É autor do livro Crescimento econômico acelerado e o mercado de trabalho: a experiência brasileira (Editora FGV).

Rogério de Souza Farias
Doutor em Relações Internacionais pela Universidade de Brasília (2012), com a tese: “Industriais, economistas e diplomatas: o Brasil e as negociações comerciais multilaterais, 1946-1967”. Tem experiência na área de política externa brasileira, análise de processos decisórios e negociações comerciais multilaterais. Trabalhou na Câmara de Comércio Exterior (CAMEX) em 2005 e no Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) em 2009 e 2010. Ganhou o Concurso de Teses e Dissertações em Relações Internacionais da Associação Brasileira de Relações Internacionais em 2013 e a Menção Honrosa no Prêmio CAPES de Teses na área de Ciência Política e Internacional em 2013, tendo sido a melhor da subárea de relações internacionais. Tem um pós-doutorado na Universidade de Chicago (2014-2016) e trabalha, atualmente, no Departamento de Modernização da Gestão Pública (INOVA) do Ministério, Planejamento, Orçamento e Gestão.

Rubem de Freitas Novaes
Economista formado pela UFRJ com doutorado (Ph.D.) pela Universidade de Chicago. Foi professor da EPGE/FGV, diretor do Departamento Econômico da CNI, assessor especial da Secretaria de Planejamento da Presidência da República, presidente do SEBRAE e diretor do BNDES. É membro do Conselho Técnico da CNC e escreve regularmente artigos para os principais jornais (O Globo, O Estado de São Paulo, Folha de São Paulo e Valor Econômico).

Sérgio Eduardo Moreira Lima
Diplomata de carreira, Embaixador, Presidente da Fundação Alexandre de Gusmão. Foi “Brazilian Student Leader” da Universidade da Califórnia em Los Angeles; bacharel em Direito pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro e fez mestrado em Direito Internacional Público pela Universidade de Oslo. Formou-se no Instituto Rio Branco, onde fez também os cursos de Aperfeiçoamento e de Altos Estudos. Serviu na Missão do Brasil junto às Nações Unidas, em Nova York, e nas Embaixadas em Washington, Lisboa, Londres, Tel Aviv (cumulativa com Ramallah), Oslo e Budapeste. Foi Assessor do Ministro de Estado (74-79), Presidente do Conselho Governamental do Fundo Comum de Produtos de Base da ONU, Secretário de Controle Interno e Diretor do Instituto de Pesquisa de Relações Internacionais. É autor de “A Time for Change”, “The Expanding Powers of the UN - Security Council and the Rule of Law in International Relations”, “A Reflection on the Universality of Human Rights - Democracy and the Rule of Law in International Relations”.

 

Made in China - Rubens Barbosa (OESP)

Eu, normalmente, sou radicalmente antiprotecionista e, portanto, contra as posições da FIESP. Mas, admito discutir com pessoas inteligentes.
Admito, por exemplo, que os industriais dizem que não podem abrir aos "inimigos" externos, porque já existe um "inimigo interno" aqui dentro, que é o chamado "custo Brasil", e o Estado brasileiro em geral, com sua carga tributária expoliativa.
Aliás, proponho que se pare de chamar "custo Brasil", pois fica parecendo que é uma maldição própria ao país, ou seja, não estamos identificando o culpado exatamente.
Eu proponho que se chame "custo Estado brasileiro", pois quem deve ser atacado, contido, retrocedido é esse ogro famélico, esse ladrão da riqueza criada pela sociedade, para distribuir em primeiro lugar aos seus próprios mandarins, entre os quais eu coloco a minha própria corporação.
Paulo Roberto de Almeida

MADE IN CHINA EM 2025
Rubens Barbosa
O Estado de São Paulo, 28/03/2017

O governo chinês aprovou estratégia de política industrial, para tornar o pais auto-suficiente em uma série de importantes setores até 2025 e, para isso, abrirá linhas de financiamento de mais de $300 bilhões de Yuans.
Embora o objetivo seja modernizar a indústria em geral, o plano indica dez setores prioritários: nova tecnologia avançada de informação; robótica e maquinas automatizadas; aeroespaço e equipamento aeronáutico; equipamento naval e navios de alta tecnologia; equipamento de transporte ferroviário moderno; veículos e equipamentos elétricos; equipamento de geração de energia; implementos agrícolas; novos materiais, biofármacos e produtos médicos avançados.
 Um dos aspectos mais importantes dessa estratégia consiste na produção doméstica de partes e componentes de alto valor agregado, aumentando a porcentagem do conteúdo nacional utilizado nos produtos tecnológicos para 40% dos componentes até o ano de 2020, chegando a 70% dos componentes criados através de manufaturas chinesas em 2025, com critérios e indicadores específicos para se medir os avanços nos diferentes setores industriais abordados. O plano governamental prevê que as empresas que se beneficiarem desse apoio deverão ter uma participação de pelo menos 80% do mercado doméstico em apenas oito anos.
O primeiro ministro Li Keqiang, no início de março, apresentou na Sexta Sessão Plenária do Comitê Central do Partido Comunista, alguns desdobramentos do XIII Plano Quinquenal para a economia chinesa. Uma das metas é estimular a ampliação das áreas de serviço e de alta tecnologia que estão crescendo, mas não tem ainda peso suficiente para substituir os atuais (cada vez menos eficientes) motores do crescimento da economia chinesa: infraestrutura e construção civil. "Vamos acelerar a pesquisa e o desenvolvimento e comercialização de novos materiais, inteligência artificial, bio-farmacêutica, comunicação móvel e outras tecnologias, além de apoiar a criação de “clusters” industriais nessas áreas”.
            O governo oferecerá empréstimos de grande monta e juros baixos subsidiados e originários de fundos estatais e bancos de desenvolvimento; assistência financeira para a aquisição de concorrentes estrangeiros e incentivos para pesquisa. Além da política de subsídios domésticos, o programa prevê também apoio para a internacionalização de empresas chinesas a partir de compras de ativos no exterior.
O investimento chinês em alta tecnologia, que pretende transformar o país em uma superpotência manufatureira, deve ser interpretado como apenas uma das etapa de um amplo programa de expansão econômica e politica. A ”inovação nativa” objetiva identificar, digerir, absorver e reinventar tecnologias estrangeiras nos domínios civil e militar. “ Made in China em 2025” representa uma politica industrial sofisticada e estratégica, que rapidamente aumentará a competitividade global das companhias chinesas. Essas companhias vão escolher seletivamente os mais importantes setores industriais do futuro e passarão a representar um desafio para as principais economias de hoje.
Não é difícil imaginar as consequências para a produção e o intercâmbio comercial global, caso o referido plano seja bem sucedido. As companhias industriais do mundo inteiro começam a preocupar-se porque a política de auto-suficiência em tecnologia de ponta dará às empresas chinesas uma vantagem no mercado doméstico e no resto do mundo. Segundo relatório da Câmara de Comércio da União Europeia na China, "Made in China em 2025", com fortes incentivos do governo de Pequim para as indústrias dos setores que forem privilegiados, deverá inviabilizar os concorrentes do exterior e fortalecerá as empresas chinesas subsidiadas no mercado global.
Trata-se da versão chinesa da nossa conhecida política de campeões nacionais, talvez com melhores perspectivas de êxito. Em vista dos ambiciosos objetivos e recursos financeiros envolvidos, o programa pode levar a um gasto extraordinário dos governos provinciais pelos investimentos ineficientes e duvidosos.
A divulgação dessa política acontece em um momento delicado para a China no comércio internacional. Na campanha eleitoral, Donald Trump confrontou o gigante chinês em questões de comércio, ameaçando impor altas tarifas para reduzir o déficit dos EUA na balança comercial bilateral, atribuído em grande parte à manipulação cambial. Embora nada tenha sido anunciado até aqui, está sendo discutida nos EUA a redução de tributos sobre as empresas norte-americanas e a imposição de tarifa de 20% (border tax) sobre todas as importações, não apenas sobre o produtos chineses. Os EUA não reconhecem a China como economia de mercado para fins de medidas de defesa comercial, como anti-dumping, o que poderá fazer com que Pequim recorra à Organização Mundial de Comércio (OMC), como já o fez contra a UE. Certamente, a estratégia “Made in China em 2025 “ de substituição tecnológica e a de participação governamental no mercado interno poderá ser questionada por violação das regras da OMC sobre conteúdo local, tal como vem ocorrendo com a questão aberta pela UE e Japão contra a política julgada discriminatória de subsídios na indústria automobilística e na de informática no Brasil.          
Para o Brasil, uma das dez maiores economias do mundo, a “Made in China em 2025 “ apresenta muitos desafios. Trata-se talvez do mais recente e dramático exemplo de como os limites entre política econômica e comercial interna e externa desapareceram, não sendo mais possível definir uma delas sem que se leve em conta a outra. Essa realidade torna urgente a discussão de políticas de médio e longo prazo que redefinam o papel do Brasil em um mundo em tão rápida transformação.

Rubens Barbosa, presidente do Conselho de Comércio Exterior da FIESP

segunda-feira, 27 de março de 2017

Previdencia: os mandarins tentam escapar da reforma

Policiais, professores, juízes também tentam fugir da reforma da Previdência

No governo, porém, a ordem é manter a exigência à base aliada no Congresso para que a reforma dê o mesmo tratamento a todos os trabalhadores da iniciativa privada e servidores federais, incluindo políticos

POR CONGRESSO EM FOCO | 26/03/2017 09:52 , PREVIDÊNCIA

Pressão contra proposta de Temer cresce

A exclusão dos servidores públicos estaduais e municipais da reforma da Previdência, anunciada pelo presidente Michel Temer, estimulou outras categorias a reforçar o lobby para escapar das mudanças nas regras da aposentadoria. A pressão de policiais federais, juízes, procuradores, professores e servidores públicos federais ameaça desfigurar ainda mais o texto da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 287, revela reportagem de O Estado de São Paulo.

A retirada dos servidores estaduais e municipais da reforma provocou a quebra da isonomia constitucional, argumentam os servidores federais. Um professor de universidade federal, por exemplo, só poderá se aposentar aos 65 anos na nova regra geral. Mas um docente de uma universidade estadual poderá ter uma regra mais branda, a depender da reforma que aquele Estado fizer.https://t.dynad.net/pc/?dc=5550001577;ord=1490602971236

Para o presidente da Federação Nacional dos Policiais Federais (Fenapef), Luís Boudens, o governo terá de descobrir um malabarismo jurídico para fazer com que as regras para policiais civis estaduais e guardas municipais sejam diferentes do regime dos policiais federais, rodoviários e agentes penitenciários. “Essas forças de segurança pública estão regidas pelo mesmo artigo na Constituição, e devem seguir o mesmo ordenamento. É impossível separar as categorias sem alterar de maneira contundente o texto constitucional. Haverá novas manifestações e já há um grupo grande falando em greve”, alertou Boudens.

Trabalhadores rurais e profissionais de atividades com riscos de insalubridade, como mineradores, por exemplo, batalham para manter as regras atuais de aposentadoria, que exigem idade menor do que a proposta da reforma e menos tempo de contribuição.

No governo, porém, a ordem é manter a exigência à base aliada no Congresso para que a reforma dê o mesmo tratamento a todos os trabalhadores da iniciativa privada e servidores federais, incluindo políticos. “Nosso objetivo é uniformizar as regras. Se houver pressão, teremos de falar não”, disse o secretário de Acompanhamento Econômico do Ministério da Fazenda, Mansueto Almeida.

Para ele, os governos regionais não poderão aprovar regras mais brandas porque precisam ajustar suas contas e o governo federal não poderá bancar mais rombos dos entes federativos. “E o prazo é curto, porque os Estados voltarão a pagar o serviço cheio de suas dívidas com a União na metade de 2018”, lembrou, fazendo referência ao acordo que deu aos Estados um prazo para o pagamento de parcelas menores de seus débitos com o governo federal.

Durante a semana passada, o próprio ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, mandou recado aos Estados, pedindo mais seriedade no envio e aprovação de medidas de austeridade fiscal. Para o secretário de Acompanhamento Econômico do Ministério da Fazenda, Mansueto Almeida, se os governadores demorarem a encaminhar suas reformas, até mesmo a obtenção de novas garantias do Tesouro Nacional para empréstimos ficará comprometida.