O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida;

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domingo, 31 de janeiro de 2021

Livros de Paulo Roberto de Almeida na Amazon: separando o joio do "trigo", e informando sobre os que são "free"

A Amazon.com.br coloca tudo no mesmo saco e sai oferecendo – ou melhor, tentando vender – todos os livros que têm o meu nome na capa, inclusive os de homônimos e parecidos. Vários desses livros existem disponíveis livremente a partir do meu blog Diplomatizzando, ou a partir da plataforma Academia.edu ou Research Gate. Alguns são anunciados por preços absurdos, ou por serem oferecidos a partir de "sebos", ou porque têm de vir do exterior.

Ao fazer a consulta, no link abaixo, tomei o cuidado de separar meus livros de todos os demais  "homônimos" ou aproximados: 

https://www.amazon.com.br/s?k=paulo+roberto+de+almeida&i=stripbooks&page=6&__mk_pt_BR=%C3%85M%C3%85%C5%BD%C3%95%C3%91&crid=6OF2AEGNDAEK&qid=1612113574&sprefix=Paulo+Robe%2Caps%2C301&ref=sr_pg_6

Nem todos estão referidos: 


RELACOES INTERNACIONAIS E POLITICA EXTERNA DO BRAS

RELACOES INTERNACIONAIS E POLITICA EXTERNA DO BRAS

por Paulo Roberto De Almeida | 1 jun 2018


Vivendo com Livros: uma loucura gentil (Pensamento Político Livro 16)


GlobalizandoEnsaios Sobre a Globalização e a Antiglobalização

GlobalizandoEnsaios Sobre a Globalização e a Antiglobalização

por Paulo Roberto De Almeida | 1 jan 2011


Volta ao mundo em 25 ensaios: Relações Internacionais e Economia Mundial (Pensamento Político Livro 11)

Os primeiros anos do século XXI

por Paulo Roberto De Almeida | 7 nov 2005
OFERECIDO GRATUITAMENTE EM MINHA PLATAFORMA DA ACADEMIA.EDU


Oliveira Lima - Um historiador das Américas

por PAULO ROBERTO DE REGO, ANDRE HERACLIO DO / ALMEIDA | 1 jan 2017


O Brasil E O Multilateralismo Econômico

por Paulo Roberto De Almeida | 31 dez 1998

O Estudo Das Relações Internacionais Do Brasil

por Paulo Roberto de Almeida | 13 dez 2006

OFERECIDO GRATUITAMENTE EM MINHA PLATAFORMA DA ACADEMIA.EDU

Integração regional: Uma introdução: 3

por Paulo Roberto de Almeida | 19 dez 2012


Relações Internacionais e Política Externa do Brasil: A Diplomacia Brasileira no Contexto da Globalização

por Paulo Roberto de Almeida | 1 jan 2011

Envisioning Brazil: A Guide to Brazilian Studies in the United States

por Marshall C. Eakin e Paulo Roberto de Almeida | 31 out 2005
R$333,22 R$351,73 Entrega GRÁTIS para membros do Prime - Produto sob encomenda.

O Príncipe, revisitado: Maquiavel para os contemporâneos (Pensamento Político Livro 18)

por Paulo Roberto Almeida e Pedro Paulo Palazzo de Almeida | 8 set 2013

Fernando Collor, novo chanceler do Brasil? - Guilherme Casarões

 O ex-presidente e hoje Senador Fernando Collor poderia vir a ser chanceler brasileiro ainda no governo Bolsonaro?


Um dos acadêmicos que mais entende de PExtBr, sabe, conhece, estuda, Guilherme Casarões, discorre com propriedade sobre a diplomacia de Collor, que agora poderia ser chanceler, no lugar do estrupício que existe hoje. Promoveu grandes debates na presidência da CREDN-SF. Tem consistência e propósitos. 

Seus comentários no Twitter:


“1) O ex-presidente @Collor, que hoje comanda a Comissão de Relações Exteriores do Senado, foi condecorado no Itamaraty e deu uma palestra sobre política externa, na qual ironizou o chanceler nomeado, @ernestofaraujo, por suas posições sobre o regime de mudanças climáticas.


2) Muita gente não entendeu o sentido da condecoração e da palestra. Collor tem algum conhecimento sobre política externa? Polêmicas à parte sobre a condução da economia e os escândalos, que são conhecidos, diria que a política externa do presidente Collor foi muito positiva.


3) Na tese que defendi sobre o tema (2014), chamo a estratégia de Collor de "autonomia pela modernização". Modernização, em 1º lugar, da agenda externa do país, abraçando "novos temas". Em 2º lugar, modernização econômica, alinhada, talvez até demais, c/o Consenso de Washington.


4) A 1ª estratégia buscava resgatar a credibilidade brasileira, perdida ao longo dos anos 80. O 🇧🇷 era visto como caloteiro (moratória de 87), protecionista (informática), violador de direitos humanos (esp. indígenas), destruidor da floresta, assassino de ativistas (Chico Mendes)


5) Collor bancou uma guinada diplomática, em que o 🇧🇷se transformou num grande ativista ambiental e de direitos humanos (o "globalismo" na sua melhor forma). Sediamos a Rio92, aderimos aos Pactos de DH, desmontamos o programa nuclear paralelo. Tudo isso feito em linha com o MRE.


6) A criação de uma Agência Nuclear 🇧🇷🇦🇷, ABACC, + a criação do Mercosul, reposicionou o país na região e no mundo. Deixamos de ser vistos como pária ambiental, nuclear, humanitário. Quebramos a balela de internacionalização da Amazônia, que vinha muito forte via Mitterrand/Gore.


7) No caso da modernização econômica, o BR tinha um objetivo muito claro em mente: renegociação da dívida externa, pré-condição p/controlar a hiperinflação e retomar o crescimento. Os 🇺🇸 de Bush exigiam adesão ao Cons. de Washington. Fizemos concessões enormes, com pouco retorno.


8. O timing foi péssimo: após o confisco da poupança, o país tinha poucos meses pra resolver a dívida antes da volta da inflação. A equipe econômica de @oficialZeliaCM até tentou, mas encontrou barreiras enormes (principalmente os bancos privados). Os 🇺🇸não cumpriram o combinado.


9) A luta de Zelia e Jório Dauster para renegociar a dívida foi uma das razões pelas quais o insuspeito Bresser-Pereira chamou a gestão da ministra de "tempos heroicos". Ao contrário do que reza o senso comum, não houve alinhamento automático a Washington, mas uma barganha dura.


10) Grande parte do dinamismo pretendido daquela política externa veio pela redefinição das relações presidente/Itamaraty. Parte do protagonismo se deslocou para Planalto e Economia. Collor lançou diplomacia presidencial e vinculou sua própria imagem à credibilidade nacional.


11) O experimento de nova gestão da política externa foi naturalmente interrompido c/o impeachment. Itamar Franco recupera o total poder do Itamaraty c/FHC e Celso Amorim. Dali nasce a "tradição" de chanceleres de carreira na Nova República, que retomam o gravitas da diplomacia.


12) Ainda assim, podemos considerar que Collor legou à PEB (1) o engajamento nos regimes multilaterais; (2) a institucionalização da integração regional; (3) as bases institucionais da política comercial; (4) cooperação inédita no campo nuclear; (5) protagonismo presidencial.


Link da tese, para quem se interessar: 


http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8131/tde-13052015-113251/publico/2014_GuilhermeStollePaixaoCasaroes_VOrig.pdf “

sábado, 30 de janeiro de 2021

Dúvidas legítimas de um sábado reflexivo - Paulo Roberto de Almeida

 Dúvidas legítimas de um sábado reflexivo

Paulo Roberto de Almeida 

Eu sempre me pergunto por que pessoas aparentemente inteligentes, e até bem informadas, escolhem ficar do lado da burrice, da desinformação, dos equívocos e da perversidade?

O que as motiva? 

O que as induz a isso? 

O que elas ganham com isso? 

Algumas até simpáticas e de boa vontade para com os mais frágeis e desprovidos de coisas básicas, acabam aderindo ao que contraria fundamentalmente suas crenças normais, que estão mais do lado da bondade humana do que do lado (pelo menos imagino) da perversidade de um psicopata.

Como é que uma sociedade normalmente voltada para o bem-estar, para a generosidade, para a cooperação social, consegue aderir a tudo o que é contrário aos nobres sentimentos de solidariedade humana e de bondade natural?

Como é que pessoas boas, talvez um tanto ingênuas, acabam aderindo, defendendo e promovendo um MONSTRO?

Como é que chegamos a isso que estamos vendo e suportando todos os dias?

Como é que não se generaliza um sentimento de revolta e uma reação efetiva em face de tantos mortos acumulados no altar da incompetência, da indiferença, do desprezo pela vida humana? 

Por que tudo isso, quando as evidências são tão gritantes?

Onde foi, como foi, quando foi que o Brasil desandou?

Até quando ofereceremos ao mundo esse espetáculo grotesco de um país fracassado nos deveres mais elementares de uma nação minimamente funcional? 

Até quando seremos obrigados a chorar pelos mortos involuntários, a ter vergonha de nossa incapacidade de evitar essa hecatombe cotidiana?

Que ela tenha sido deliberada ou involuntária, o fato é que somos obrigados a contemplar o desastre continuamente.

Até quando não teremos condições de nos revoltar? Até quando suportaremos passivos um quadro de demolição das bases mesmas de uma nação digna desse conceito? 

É isso um homem, perguntou certa vez um escritor que sobreviveu ao Holocausto?

É esta a sociedade que desejamos, para nós, para nossos filhos, pergunto eu? 

É este o país no qual queremos viver?

É este o Estado que construímos? Um ogro famélico que consome a vida de muitos brasileiros para alimentar a cobiça e a cupidez insaciáveis de um bando de aproveitadores das elites? 

Os mandarins do Estado — entre os quais eu me incluo — não têm nada a ver com tudo isso? Vão permanecer indiferentes, só pensando em suas vantagens e prebendas corporativas?

Como foi que chegamos a isto?

Quando vamos nos libertar do pesadelo?

Desculpem: acordei reflexivo neste sábado.

Paulo Roberto de Almeida

Brasília, 30/01/2021

32) Tecito de Moringa (Semana 32): a venezualização de direita no Brasil, pelos próprios novos bárbaros no poder - Cronista Misterioso

Nota PRA: Suprema ironia: o patético chanceler, inimigo imortal da ditadura chavista, recebe uma lição do seu contraparte venezuelano. Permito-me reproduzir o que disse o chanceler chavista, que já tinha lido no ano passado, mas que é sempre um prazer reler, pois ele se dirige a nós, diplomatas profissionais: 

"Sei que você estão em resistência, que tem vergonha das posições de seu chanceler. Mas, tranquilos. Isso é temporal e que, no final, nenhum governo, nenhum chanceler pode derrotar a excelência do que representa o Itamaraty. No final, esses anos serão apenas uma má lembrança e nada mais”. (Jorge Arreaza, chanceler da Venezuela)


32) Tecito de Moringa (Semana 32)

 

Você se lembra, amigo leitor, quando nosso asno-in-chief gritava sobre os perigos da venezualização (SIC) do Brasil? Você se lembra quando nosso execrável chanceler dizia que nos salvaria do comunismo internacional e, também, quando louvou as belezas de sermos párias? Pois é… Parece, contudo, que viramos mesmo párias, uma Venezuela da direita, sem nenhuma qualificação técnica em seus quadros.

 

Longe de mim vir defender o regime Maduro, mas é preciso notar que seu alto escalão diplomático é, no mínimo, muito mais qualificado que nosso Beato Salu. Durante a reunião virtual extraordinária de ministros da Organização de Estados Ibero-Americanos, Salu nos envergonhou mais uma vez ao utilizar TODA a sua intervenção para tecer acusações ao governo venezuelano e a um suposto complô globalista. Foi isso o que Salu disse? Não sei ao certo, pois é difícil entender o que ele diz... Por alguma razão, meus ouvidos bloqueiam a voz de Ernesto. Autopreservação, talvez?

 

Não convém entrar em detalhes de conteúdo, debruçar-me-ei, sim, sobre a forma. Independentemente do que tenha dito em detalhes, Salu foi TÃO inábil que acabou por tomar uma ensaboada moralista de Jorge Arreaza, pasmem, o Chanceler Venezuelano. Arreaza, do qual discordo, mas reconheço ser um exímio diplomata, abrandou as saraivadas de disparates desconexos que seu governo recebeu com bofetadas de pelica.

 

Lembrou que nosso excelentíssimo se orgulha de dizer que o erro da ditadura militar brasileira foi torturar e, não, matar, bem como rememorou que Salú era o porta-voz de um governante que disse ser incapaz de amar um filho homossexual. Por fim, arrematou com a seguinte pérola: 

 

"Queria recomendar ao chanceler do Brasil uma receita. O comandante Fidel Castro estudou muito a moringa, uma planta extraordinária, com propriedades curativas e também tranquilizante", disse. "Eu quero recomendar um chá de moringa, com um pouco de valeriana. Já vai ver como se abre o espaço para a tolerância ideológica, para que possamos inclusive debater", disse. "Podemos inclusive debater eu e o senhor, sozinhos. Eu desafio. Moringa, nos sentamos, falamos de democracia, direitos humanos, da Amazônia, de mudanças climáticas, de geopolítica”.

 

Com essa pérola diplomática, Arreaza bateu mais um prego na tampa do caixão da supostamente “nova” política externa ernestiana. Rebaixou, com bom humor, o Brasil de Bolsonaro à merecida insignificância mundial e histórica. Por fim, foi além do tecito de moringa e mandou uma mensagem para nós, diplomatas brasileiros, que deixo registrada aqui… Quiçá como palavras de esperança…

 

"Sei que você estão em resistência, que tem vergonha das posições de seu chanceler. Mas, tranquilos. Isso é temporal e que, no final, nenhum governo, nenhum chanceler pode derrotar a excelência do que representa o Itamaraty. No final, esses anos serão apenas uma má lembrança e nada mais”.

 

Para que não sejamos mais admoestados pela Venezuela, reajam. 

 

Ministro Ereto da Brocha, OMBUDSMAN 

31) Banana Split (Semana 31): não é gastronomia, e sim a banana da realidade

Nota PRA: O Cronista Misterioso compara o dirigente a uma banana, o que me parece ofender a banana, que é pelo menos uma fruta útil. Vejamos o que ele diz: "Já tivemos péssimos governantes, mas, pela primeira vez em nossa história, elegemos a mais podre das bananas e escolhemos mandar uma banana para a banana da realidade."

Está chegando o dia em que vamos dar uma banana para cada um dos aloprados que destróem o Brasil, e tudo o que tem dentro.

Paulo Roberto de Almeida


  31) Banana Split (Semana 31)

 

Uma das minhas mais queridas memórias é de quando visitávamos meu avô em São Paulo. Sempre passávamos pela Sorveteria Alaska, a mais tradicional da pauliceia. Era glorioso poder pedir uma Banana Split como aquelas maravilhas que eu via nos filmes americanos. Cada colherada era um testemunho de que a vida poderia ser perfeita, ainda que só até o final da taça. 

 

Deambulando por estas memórias, em uma forma de escapismo saudosista, peguei-me a elucubrar sobre as quase infinitas combinações que a Banana Split comporta. Podemos escolher o comedimento de uma bola de sorvete, a tradição das três bolas ou até a ousadia de quatro bolas. Podemos mesclar sabores populares, como a minha combinação favorita de flocos e chocolate, ou atermo-nos a um sabor refinadamente burguês, como pistache. Podemos enfeitá-la com a ortodoxa cereja em conserva no topo ou podemos ser inventivos, optando pela heterodoxia dos morangos frescos, ou até mesmo framboesas, mais neokeynesianas. Podemos optar pela reprodução do clássico americano com chantilly ou podemos arriscar uma reviravolta nacionalista com doce de leite ou ainda, quem sabe, os dois!

 

Podemos escolher a perfeição de ver a banana split em uma taça em formato de canoa ou podemos ser iconoclastas ao utilizar uma taça de sundae. Podemos optar pela abundância da banana nanica, pelo sabor balanceado da banana prata, pela doçura da banana ouro ou até pelo exotismo da banana maçã! Podemos aceitar a banana em sua integridade na taça, fatiá-la longitudinalmente ou até, como heréticos, picá-la em pedacinhos. São tantas opções… Mas há um limite para a Banana Split, a banana. Sem banana não há Banana Split! Sem Banana Split não há paz!

 

O amigo leitor deve estar a se perguntar se este que vos fala é apenas gordo ou se chegará a algum ponto com estas deambulações. Ora, sou gordo sim, mas também tenho um ponto! Meu ponto é que o Estado é a Banana Split e banana do Estado é a realidade! Esse é nosso limite!

 

Assim como sem banana não há Banana Split, sem os limites do real, não há Estado. Quando abrimos mão disso, toda a lógica que estrutura o Estado rui e encontramo-nos entregues aos lobos. Já tivemos péssimos governantes, mas, pela primeira vez em nossa história, elegemos a mais podre das bananas e escolhemos mandar uma banana para a banana da realidade.

 

O problema do Brasil bolso-olavista, bem como do Itamaraty ernesto-olavista, não é nem com a esquerda, nem com o centrão, nem com a direita. É com a banana da realidade. 

 

Lembrem-se que não há escapatória para a banana e reflitam.

 

Ministro Ereto da Brocha, OMBUDSMAN.

 

30) Xarab Fica? (Semana 30): Cronista Misterioso - o capitão degenerado sustenta seu capacho obediente

 Nota PRA: Xarab Fica é o titulo de um dos romances ditos "distópicos" do patético chanceler acidental. Nunca soube de algum colega diplomata que o tenha lido, e nem pretendo perder tempo com essa coisa, pois já li uma resenha de um jornalista, que leu por obrigação, e que confessou que não entendeu nada. 

Na verdade, a crônica do nosso Batman se refere à permanência do chanceler acidental mesmo com a derrota do adorado ídolo de ambos. A manutenção do nosso personagem não depende dele, e sim dos seus chefes, que o tratam, segundo o cronista misterioso, como Canis Familiaris, o que me parece apropriado.

Paulo Roberto de Almeida


30) Xarab Fica? (Semana 30)

 

No auge de meu masoquismo intelectual, adentrei pela leitura das obras ficcionais (ou talvez fictícias, já que a qualidade das mesmas há de relegá-las à inexistência) de nosso esquizofrênico chanceler. Não passei das primeiras páginas. Em nenhuma das três (A Porta de Mogar, Xarab Fica e Quatro 3) a vontade de entender o autor-criatura foi maior do que a ânsia provocada pelas serpenteantes passagens malfeitas, pelos elogios velados a um totalitarismo ufanista e pelos intermináveis diálogos mal-elaborados. 

 

Tudo falta em Ernesto. Falta alma, falta inteligência, falta criatividade e falta talento. Sabemos que são essas faltas que lhe qualificam para Chanceler do Excelentíssimo Ignóbil da República, mas é aquilo que está presente nele que poderia desqualificá-lo, agora, para o cargo. Esse amor louco por aquilo que não é mais, pelo tropismo religioso, isso, de fato, está presente em Ernesto. Mas, com a vitória de Biden sobre esse obscurantismo, como ficará no picaresco anti-herói? 

 

Nosso Xarab fica? Acredito que sim. Acredito que sua desqualificação total e, agora, absoluta para o cargo o cacifará para uma permanência indeterminada. Como um bom Canis Familiaris sempre pronto a servir seu mestre, o Kakistos Chanceler naufragará com o capitão desta canoa furada em que nos metemos. Ou, ao menos, este é seu desejo.

 

Resta saber se o poder neutralizador do centrão agirá para balançar e contrabalancear a sempre inconstante e incoerente mente de seu mestre. Quem assumiria, caso Ernesto venha a óbito político, nossa canoa? Quem seria tão louco, tão servil, tão abjeto, tão imprudente? Isso é uma indagação para outra hora, pois….

 

Por hora, Xarab fica.

 

Ministro Ereto da Brocha, OMBUDSMAN