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domingo, 19 de junho de 2022

Uma visita ao país dos Bruzundangas - Lima Barreto (trecho)

OS BRUZUNDANGAS

Lima Barreto

Editora Brasiliense, S. Paulo, 1956
Organizado sob a direção de Francisco de Assis Barbosa, com a colaboração de Antonio Houaiss e M. Cavalcante Proença.

Trecho: 

(...) 

IV

 

A Política e os Políticos da Bruzundanga

 

 

A minha estada na Bruzundanga foi demorada e proveitosa. O país, no dizer de todos, é rico, tem todos os minerais, todos os vegetais úteis, todas as condições de riqueza, mas vive na miséria. De onde em onde, faz uma“parada” feliz e todos respiram. As cidades vivem cheias de carruagens; as mulheres se arreiam de jóias e vestidos caros; os cavalheiros chics se mostram, nas ruas, com bengalas e trajos apurados; os banquetes e as recepções se sucedem.

Não  amanuense do Ministério do Exterior de  que não ofereça banquetes por ocasião de sua promoção ao cargo imediato.

Isto dura dous ou três anos; mas, de repente, todo esse aspecto da Bruzundanga muda. Toda a gente começa a ficar na miséria. Não há mais dinheiro. As confeitarias vivem às moscas; as casas de elegâncias põem à porta verdadeiros recrutadores de fregueses; e os judeus do açúcar e das casas de prego começam a enriquecer doidamente.

Por que será tal cousa? hão de perguntar.

É que a vida econômica da Bruzundanga é toda artificial e falsa nas suas bases, vivendo o país de expedientes.

Entretanto, o povo  acusa os políticos, isto é, os seus deputados, os seus ministros, o presidente, enfim.

O povo tem em parte razão. Os seus políticos são o pessoal mais medíocre que há. Apegam-se a velharias, a cousas estranhas à terra que dirigem, para achar solução às dificuldades do governo.

A primeira cousa que um político de lá pensa, quando se guinda às altas posições, é supor que é de carne e sangue diferente do resto da população.

O valo de separação entre ele e a população que tem de dirigir faz-se cada vez mais profundo. A nação acaba não mais compreendendo a massa dos dirigentes, não lhe entendendo estes a alma, as necessidades, as qualidades e as possibilidades.

Em face de um país com uma população  numerosa em relação ao território ocupado efetivamente na Bruzundanga, os seus políticos só pedem e proclamam a necessidade de introduzir milhares e milhares de forasteiros.

Dessa maneira, em vez de procurarem encaminhar para a riqueza e para o trabalho a população que já está, eles, por meio de capciosas publicações, mentirosas e falsas, atraem para a nação uma multidão de necessitados cuja desilusão, após certo tempo de estadia, mais concorre para o mal-estar do país.

Bossuet dizia que o verdadeiro fim da política era fazer os povos felizes; o verdadeiro fim da política dos políticos da Bruzundanga é fazer os povos infelizes.

 

(...)

 

 

sábado, 18 de junho de 2022

Cerimônia de Posse do Acadêmico José Paulo Cavalcanti Filho na cadeira Oliveira Lima na ABL

Posse na ABL, cadeira antes ocupada por Marco Maciel, patrono o historiador diplomata Manuel de Oliveira Lima. 

Oliveira Lima. Por José Paulo Cavalcanti Filho

…Na lápide, não consta um nome. Apenas seu epitáfio, que ele próprio escreveu, Hic jacet amicus librorum (Aqui jaz um amigo dos livros)….

O quixote liberal da república : Revista Pesquisa Fapesp

Nasceu no Recife (25/12/1867). Filho mais novo de mãe pernambucana, Maria Benedita de Oliveira Lima, e um comerciante da Cidade Invicta (Porto), Luís de Oliveira Lima – que, muito antes (1834), havia migrado para Pernambuco. Em 1873, requerendo cuidados médicos, o pai mudou-se para perto da família paterna, então em Lisboa. A criança tinha seis anos, apenas. Ocuparam casa na rua da Glória, número 23; bem pertinho, no número 4, iria mais tarde morar o poeta Fernando Pessoa. Mas não perderam contato com Pernambuco. Que tudo, naquela moradia, tinha nosso rosto. As duas irmãs, casadas com pernambucanos. O pai, apesar de luso, rebatia sempre qualquer comentário desairoso ao país que já considerava seu. Brasileiras, também, as criadas que viviam na casa, as lembranças recorrentes de outros tempos, a saudade que vinha com imagens do passado, o jeito de receber. E mesmo a comida tinha o gosto de nossa terra. Temperada com farinha e goma de mandioca, mais doces, queijos do sertão, pimentas de cheiro e malagueta. Pena só que, apesar de glutão, jamais tenha aprendido a cozinhar, sendo incapaz de preparar as mais simples receitas.

A partir de 1881, começou a trabalhar no Correio do Brazil. Um jornalzinho por ele fundado, em Portugal, no qual publicava documentos inéditos da nossa história – como três cartas do primeiro donatário da capitania de Pernambuco, Duarte Coelho Pereira. Em 1885, passou a colaborar com o Jornal do Recife; a Revista de Portugal, de Eça de Queiroz; e o Repórter, de Oliveira Martins, onde escrevia textos a favor da abolição da escravatura. Depois do Decret de L’Abolition de L’Esclavage de France (1848) e da abolição da escravatura em Portugal, com Lei de 25/02/1869 (e seu termo definitivo em 1878), só o Brasil, no mundo, ainda mantinha essa política. A última escrava portuguesa morreu, na década de 1930, com 120 anos; mas, nesse tempo, vagava Oliveira Lima por céus imprecisos e distantes. Seja como for, a seus olhos de jovem, era tempo de ocorrer algo assim por aqui. A campanha abolicionista o levou, por essa época, a se aproximar de Joaquim Nabuco. André Heráclito (Oliveira Lima, historiador) explica “O cunhado de Oliveira Lima, diplomata Araújo Beltrão, à época em Portugal, havia feito gestões para que a Câmara dos Deputados lusitana recebesse Nabuco, então o grande nome do abolicionismo no Brasil; e, nesta ocasião, os dois grandes historiadores e diplomatas se conheceram pessoalmente e começaram a se corresponder”. Em 14/10/1884 foi inscrito no curso superior de Letras, de Lisboa, onde acabou sendo o aluno predileto de Oliveira Martins. Estudou, ainda, com Teófilo Braga (primeiro presidente de Portugal, já na República), que não pertencia aos quadros da faculdade. E, quatro anos depois, obteve o grau de doutor em Filosofia e Letras. De volta ao Recife, em 1890, casou com Flora Cavalcanti de Albuquerque – uma descendente da aristocracia da zona canavieira de Pernambuco.

Com o apoio do Barão de Lucena (pernambucano, como ele), ministro todo poderoso de Deodoro, e pelas mãos de Quintino Bocaiúva (então ministro das Relações Exteriores), seguiu o exemplo do cunhado e entrou na carreira diplomática. Representou nosso país em numerosos países, pela ordem Portugal (segundo secretário), Alemanha, Estados Unidos (primeiro secretário), Inglaterra e Japão – onde permaneceu, até 1903, após o que voltou ao Rio. Ainda iria à Venezuela (ministro plenipotenciário) e, em seguida, ao seu derradeiro posto, na Bélgica, após o que se aposentou.

Oliveira Lima elogiava D. João VI, “a quem o Brasil deve sua organização autônoma, suas melhores fundações de cultura e até seus devaneios de grandeza”. E não por acaso D. João VI no Brasil, pelos cuidados com fontes e detalhes que marcaram seu estilo, logo foi reconhecido, por todos, como um livro de qualidade superior. Impressionou-lhe também o fato de que o Brasil, sobretudo graças ao imperador D. Pedro II, foi o único país a gozar, por décadas, de paz interna, em um continente conturbado como o da América do Sul. Primeiro foi republicano, durante a Monarquia; mas logo se tornou monarquista, após a Proclamação da República, por divergir dos rumos que tomara o Movimento de 1889. E uma de suas marcas era a determinação, por vezes exagerada, com que defendia certas posições – mesmo aquelas que não correspondiam à média da opinião pública. Assim se deu, por exemplo, quando criticou a política de expansão territorial do país – como a anexação do Acre, feita por mãos do Barão do Rio Branco.

 Entre os que decididamente não gostavam dele, as razões não são claras, talvez apenas por conta do temperamento belicoso de Oliveira Lima, estava Emílio de Menezes. Por exemplo, quando à tarde saía para passear, braços dados com a mulher Flora, Emílio ficava repetindo “ali vão a flora e a fauna da literatura brasileira”. E dedicado a ele ainda escreveu soneto, O plenipotenciário da facúndia, da eloquência pois, que começa por verso pouco respeitoso criticando sua gordura, “De carne mole e pele bobalhona”, e finda com esse terceto lastimável: “Eis, em resumo, essa figura estranha:/ Tem mil léguas quadradas de vaidade/ Por milímetro cúbico de banha”. De outro lado, entre seus mais leais admiradores, estava Gilberto Freyre, para quem seria um “Dom Quixote gordo”. Imagem na linha do que evoca o poeta português António Gedeão (Impressão digital) “Inútil seguir sozinhos/ Querer ser depois ou antes/ Cada qual com seus caminhos/ Onde Sancho vê moinhos/ Dom Quixote vê gigantes./ Vê moinhos?, são moinhos/ Vê gigantes?, são gigantes”. Assim era Oliveira Lima, seguindo sozinho e sempre sonhando em derrotar seus gigantes.

E nem será dele, talvez, a tão conhecida frase, que lhe é atribuída, “Na geografia dos defeitos, Recife é capital da inveja e da maledicência”. A frase como assim redigida, não. Mas o conteúdo, com certeza sim. Tania Elias Magno da Silva (Josué de Castro, para uma poética da fome) sugere “Um grande historiador brasileiro e pernambucano, Oliveira Lima, afirmou certa vez que se um dia se fizesse a geografia dos sentimentos humanos, o Recife era a capital da inveja”. Mário Hélio (O Brasil de Gilberto Freyre) a acompanha “Seria a cidade já nessa época a capital da inveja, na conhecida boutade atribuída a Oliveira Lima”. E o próprio Oliveira Lima completa “O vício capital de Pernambuco é a inveja, queixa-se Freyre num corajoso artigo ao qual seu amigo José Lins do Rego, apoiando-se na denúncia, acrescenta uma ressalva: mais do que inveja, o que há no Recife é estupidez e maledicência” (Diário de Pernambuco, 13/7/1924).

Oliveira Lima fazia curiosas afirmações. Como esta, de que “os heróis raramente são ricos. A fortuna, de ordinário, traz consigo a tentação de gozar a vida com mais tranquilidade”. Antecipando-se a Rubem Alves (Ostra feliz não faz pérola), para quem “pessoas felizes não sentem necessidade de criar”. Não seu caso, claro; que Oliveira Lima era decididamente, à sua maneira embora, um homem feliz. E soube dar valor às mulheres, num tempo em que isso ainda era raro. Comentando a admissão de Edwiges de Sá Pereira na Academia Pernambucana de Letras – segunda mulher, no Brasil, a conseguir fazer parte de uma Academia –, ressaltou que “nas nações mais adiantadas as mulheres já votavam e legislavam”. E, ainda, “quando as mulheres dispuserem algum dia da maioria parlamentar e do governo, a organização política será muito mais dotada de justiça social… e a legislação poderá, então, merecer a designação humana” (George Cabral, em Discurso de Posse na APL). Aposentado, tentou morar na Inglaterra, onde tinha casa alugada. Mas, por conta da pública admiração que demonstrava pela Alemanha, e dado ter defendido com ardor que o Brasil ficasse neutro na Primeira Guerra, foi por lá considerado persona non grata, o que não permitiu pudesse realizar tal desejo.

Acabou indo para os Estados Unidos, onde viveu seu resto de vida. Foi professor visitante em Harvard. E conseguiu formar uma biblioteca monumental, com quase 60 mil livros. Alguns raros como o de Barlaeus, Histórias dos feitos recentemente praticados durante oito anos no Brasil – primeiro livro a descrever, em latim, a província de Pernambuco. Além, continuando, mais de 600 quadros, numerosas colunas de recortes de jornais e um dos três bustos do Dom Pedro I, esculpido por Marc Ferrez (tio do fotógrafo homônimo), o único em bronze. Essa biblioteca foi doada, por ele, à Universidade Católica da América (Washington), onde presentemente se encontra. E, a partir de 1921, exerceu ali o cargo de Primeiro Bibliotecário, que ocupou até a morte.

Cadeira 11 da Academia Pernambucana de Letras (em 1901), foi fundador da Academia Brasileira de Letras (1897). Morreu em Washington (24/03/1928), onde está enterrado no cemitério Mont Olivet.  Na lápide, não consta um nome. Apenas seu epitáfio, que ele próprio escreveu, Hic jacet amicus librorum (Aqui jaz um amigo dos livros).

P.S. Trecho do Discurso de Posse na Academia Brasileira de Letras (10/06/2022).

VEJA COMO FOI TODA A CERIMÔNIA DE POSSE :

https://www.chumbogordo.com.br/410059-cerimonia-de-posse-do-academico-jose-paulo-cavalcanti-filho/


Prognosticando um trimestre de confusão - Paulo Roberto de Almeida

Prognosticando um trimestre de confusão:

Ao que tudo indica, o psicopata perverso está criando, estimulando e fabricando todo tipo de provocação, de forma deliberada, de molde a suscitar reações do Judiciário (no Legislativo, a CD já é conivente) e assim atingir seu objetivo de produzir caos para invocar a necessidade de “lei e ordem”, que ele próprio sabota continuamente. STF e TSE não podem cair nessa trampa, pois é isso que o candidato a Mussolini de araque pretende.

Teremos três meses de muita tensão no país, e talvez muitos recomendem liquidar a fatura no primeiro turno. 

Pode ser, mas o país continuará infelizmente dividido, pois a barbárie dos milicianos políticos já contaminou largos estratos da população. Para isso também contribuiu a política divisiva do “nós e eles” iniciada e estimulada pelos companheiros sectários durante anos e anos. 2018 já foi o resultado disso, junto com a corrupção deslavada dos lulopetistas e seus associados do Centrão, que nunca se ausentaram de quaisquer governos.

Como diria Lupiscínio, é preciso ter “nervos de aço”, ou pelo menos a cabeça fria.

Paulo Roberto de Almeida

Brasília, 18/06/2022

Sobre a impossibilidade de conviver com a degradação moral - Carmen Lícia e Paulo Roberto de Almeida

 Vou reproduzir o ”policy statement” de Carmen Lícia Palazzo sobre a impossibilidade de se aceitar qualquer conivência ou leniência com a suprema indignidade moral, que representa a tolerância e até a aceitação do fascismo ordinário, representada pelo sublixo desumano da atual escória que desgoverna o país. Ela se refere especificamente ao meio acadêmico, mas vou estender sua reflexão indignada ao âmbito diplomático, ao declarar minha absoluta rejeição de toda e qualquer postura, em política externa, que seja conivente ou leniente com graves transgressões do Direito internacional e até da ética no plano externo, como podem ser representadas por crimes de guerra e até, possivelmente, contra a humanidade, como se constata pelos atos bárbaros sendo perpetrados na Ucrânia pelo tirano de Moscou. Afeta-me profundamente que o governo brasileiro seja complacente com os crimes perpetrados todos os dias, e que ainda consintamos em assinar declarações inaceitáveis no âmbito do Brics.

Paulo Roberto de Almeida 

Carmen Lícia Palazzo:

“O momento terrível pelo qual atravessa o Brasil, as claríssimas evidências de que o governo está nas mãos de um grupo cruel, que atravessou a fronteira que separa a civilização da barbárie, a evidente inspiração f4ascista de muitos deles me leva a uma profunda reflexão sobre algo que é parte do meu temperamento: ter abertura para tudo e para todos, ser muito sociável e entender as divergências de opinião. Meu círculo de amizades é enorme, nem é círculo, vai até o fim do arco-íris. E já encontrei muitos potes de ouro, na forma de gente excepcional, íntegra, inteligente e que muito me faz feliz.

Agora, porém, estou diante de algo que não se resume mais a amigos com distintas opções de modelos políticos e/ou econômicos. Há outro tipo de pessoas que eu "descobri" entre minhas amizades, inclusive da área profissional, os apoiadores ou, em certos casos, condescendentes com a maior torpeza, com a ignomínia mais cruel e atroz que assola nosso país. 

Decido, então, que por uma simples questão de ética eu não posso compactuar com certos posicionamentos, não posso sequer participar de eventos nos quais eu vá sentar na mesma mesa na qual estarão pessoas que fazem parte do grupo dos que, por interesse, frustrações ou outros motivos estão do lado do mal maior e mais absoluto. Eu já deixei claro, em várias oportunidades que a crueldade, o desprezo e o deboche com vidas humanas e as inclinações f4ascistas são, para mim, o mal maior. 

Há algum tempo ainda me parecia que tais pessoas poderiam mudar de ideia, que alguns colegas deixariam de lado suas frustrações pessoais para entender que eles estavam sendo apenas cúmplices ou então marionetes de um filme de terror que tinha diretor, roteirista e atores principais muito ativos e sórdidos. Pois bem, alguns poucos, parece-me que realmente poucos, felizmente, na academia persistem em seu apoio ao Perverso e, quando não o apoiam, fazem contorções verbais para não parecer que são totalmente contra a imensa tragédia que se abateu sobre o Brasil. 

Declinei minha participação de um evento no qual duas dessas pessoas dividiriam a mesa comigo. Era "apenas" um evento acadêmico, no entanto sei bem o quanto há quem manipule atividades e distorça falas... Intolerância da minha parte? Decidam como quiserem. Li muito sobre os tempos do f4scismo na Europa, li muito sobre professores que compactuaram com o mal absoluto e também sobre aqueles que recusaram apoios, que muitas vezes eram apenas para pequenas atividades, para coisas supostamente insignificantes, mas que depois cresceram. E eram esses últimos que estavam certos.

Lembrei de uma entrevista que o grande pesquisador Alberto Costa e Silva deu, sobre África, para o grupo Brasil Paralelo e, depois, como sua fala serviu de propaganda para gente da pior espécie, o que ele disse tendo sido totalmente distorcido (frases soltas foram citadas insistentemente) e também usado como "chamariz" do tal grupo. Não sou famosa e nem tenho tal importância, mas até em pequenos eventos, mesas-redondas sobre outros assuntos, ainda que nada tenham a ver com Brasil, eu quero distância, a mais total distância de todos os que, mesmo de maneira muito sutil e quase imperceptível, estão tentando justificar as ações e as falas do Perverso ou querendo igualá-lo a outros momentos da política brasileira. 

Não é um momento fácil. Não é agradável reconhecer que algumas pessoas não eram como pensávamos. Nós que abraçamos o mundo e que temos as portas de nossas casas abertas para a diversidade de pensamento, para o debate franco, agora precisamos ficar atentos porque há algo de cruel, de perigoso, de extremamente mau que se insinua pelas menores frestas. É muito triste. E implica em decisões difíceis, mas quem sabe se um dia poderemos ficar felizes por ter escolhido o lado certo. Ou os lados, pois acredito na pluralidade e é nela que eu vivo e continuarei vivendo.”


Trajetórias (não exatamente as melhores) - Paulo Roberto de Almeida

 Trajetórias (não exatamente as melhores):


O Brasil está economicamente estagnado há muito tempo. Isso é certo e conhecido.

Mas, uma outra economia cresceu bastante nos últimos anos, a da criminalidade, não necessariamente aquela “normal”, bem conhecida, e sim uma especificamente política, ou dos políticos. 

Esse aumento da corrupção política dos “representantes do povo” foi acelerado na era Lula, que, para ter maioria no Congresso, passou a comprar, literalmente, parlamentares e bancadas inteiras com dinheiro público e das estatais. Tudo isso está muito bem documentado, embora os lulopetistas queiram reescrever a história.

Daí o processo de corrupção política se desenvolveu enormemente depois, passando de fenômenos como Mensalão e Petrolão para processos endógenos de sustentação financeira, como os fundos e as emendas (de vários tipos), cobrindo todo o espectro do leque político, de um extremo a outro, sem exceções ou muito poucas. Isso também é conhecido.

Um governo fraco, débil, improvisado e caótico, como é o atual desgoverno do psicopata perverso, tornou ainda mais resiliente a criminalidade política, assim como estimulou a criminalidade comum, não só pela crise, pandemia e guerra, mas porque isso corresponde à sua natureza profunda; ele vem desses meios.

Essa é a verdadeira  “herança maldita” a ser legada por um ladrão ordinário, fraudador como muitos outros colegas de Parlamento do dinheiro público, via rachadinhas e outras falcatruas, mas que virou, voluntária e involuntariamente, um grande criminoso político. Alguma dúvida?

Essa triste trajetória já pode ter ocorrido em diversos outros países, em especial na América Latina, mas o Brasil ingressou, definitivamente, na era da grande criminalidade política. 

Não espere o “fenômeno” se dissolver rapidamente. Ele acompanha o processo de deterioração educacional e moral da sociedade. 

Ainda não se convenceu da gravidade do fenômeno? Observe a triste trajetória da democracia americana.

Dá para consertar, corrigir, minimizar? Dá, mas não espere a colaboração dos beneficiários para isso. A perder de vista…

Paulo Roberto de Almeida

Brasília, 18/06/2022

A economia mundial e brasileira do Petróleo- Ricardo Bergamini

 A riqueza de uma nação, não é medida pela sua produção de petróleo, mas sim pela sua capacidade tecnológica para a sua exploração (Ricardo Bergamini).

Prezados Senhores

Algumas curiosidades sobre o estudo em pauta:

1 – Não há nenhuma relação direta entre ser produtor e/ou exportador de petróleo, e ser um país rico e próspero: na sua grande maioria os produtores/exportadores são países miseráveis.

2- O maior produtor de petróleo do mundo (Estados Unidos), também é o maior importador. Não exporta um úncio barril de sua produção.

3 – No Brasil, sempre que a Petrobras anuncia novas descobertas de poços, são colocadas de tal forma que fica a imprensão de que somos o “Centro do Universso”, e que resolveremos todos os nossos problemas. Assim sendo, cabe fazer uma comparação com os Estados Unidos, para nos colocarmos no lugar que mercemos:

3.1 – Em 2018, os Estados Unidos foram o maior produtor mundial de petróleo, com volume médio de 15,milhões de barris/dia (16,2% do total mundial). O Brasil se situou na 10ª posição, após o decrés­cimo de 1,4% no volume de petróleo produzido, totalizando 2,milhões de barris/dia (2,8% do total mundial).

3.2 – Em 2018, no ranking de países com maior capacidade de refino, os Estados Unidos se mantiveram na primeira posição, com 18,milhões de barris/dia (18,7% da capacidade mundial). O Brasil continuou em oitavo lugar no ranking, com capacidade de refino de 2,milhões de barris/dia (2,3% da capacidade mundial), a mes­ma registrada no ano de 2017

3.3 – Em 2018, no ranking de países que mais consumiram, os Estados Unidos se mantiveram na primeira posição, com 20,milhões de barris/dia (20,5% do total mundial). O Brasil alcançou o sétimo lugar, com consumo de cerca de 3,milhões de barris/ dia (3,1% do total mundial) - aumento de 1% em relação ao ano de 2017.

3.4 – Em 2018, no ranking global de maiores produtores de gás natural, os Estados Unidos se mantiveram em primeiro lugar, com 831,bilhões de m(21,5% do total mundial) O Brasil se situou na 31ª posição no ranking mundial de produtores de gás natural, com produção de 25,bilhões de m(0,7% do total mundial), após queda de 7,4%.

 

3.5 – Em 2018, no ranking de maiores consumidores de gás natural, os Estados Unidos permaneceram na primeira posição, com 817,bilhões de m(21,2% do total mundial). O Brasil registrou que­da de 4,6%, totalizando 35,bilhões de m(0,9% do total mundial), e ocupou a 27ª posição no ranking de maiores consumidores de gás natural.

 

 

A Utopia do Petróleo

Ricardo Bergamini

 

FONTE: ANUÁRIO ESTATÍSTICO BRASILEIRO DO PETRÓLEO, GÁS NATURAL E BIOCOMBUSTÍVEIS 2019

Petróleo

 

1.1 - Reservas

 

Em 2018, as reservas provadas de petróleo no mundo atingiram a marca de 1,trilhão de barris, mantendo-se no mesmo patamar de 2017, com um pequeno aumento de 0,1%.

 

1.2 - Produção

 

Entre os países que fazem parte da Opep que registraram as maiores quedas de produção es­tão Venezuela (-27,8%) e Angola (-8,5%), que foram compensadas pelas altas registradas na produção do Congo (23,6%), da Líbia (8,7%) e da Arábia Saudita (3,3%). 

Enquanto isso, entre os países que não fazem parte da Opep, o Sudão do Sul foi o responsá­vel pelo maior crescimento da produção (17,5%). Outros países que registraram aumento foram os Estados Unidos (16,6%) e Itália (12,9%).

 

Além de ter o segundo maior crescimento, os Estados Unidos permaneceram como o maior produtor mundial de petróleo com volume médio de 15,milhões de barris/dia (16,2% do total mundial). A Arábia Saudita ocupou no­vamente o segundo lugar no ranking, com produção média de 12,milhões de bar­ris/dia (13% do total mundial), um acrésci­mo de 3,3% ante 2017. Em seguida, vieram Rússia (12,1% do total mundial), Canadá (5,5% do total mundial) e Irã (5% do total mundial).

 

O Brasil se situou na 10ª posição, após o decrés­cimo de 1,4% no volume de petróleo produzido, totalizando 2,milhões de barris/dia (2,8% do total mundial). É importante mencionar que no cálculo da produção de petróleo da BP é consi­derada também a produção de Líquido de Gás Natural (LGN). 

1.3 - Consumo

 

Em 2018, o consumo mundial de petróleo tota­lizou 99,milhões de barris/dia, após aumento de 1,5% (1,milhão de barris/dia) em compara­ção com 2017. No ranking de países que mais consumiram petróleo em 2018, as três primeiras posições se mantiveram as mesmas do ano an­terior. Assim, os Estados Unidos, ocupando a primeira posição, consumiram 20,milhões de barris/dia (20,5% do total mundial). Em seguida veio a China, com consumo médio de 13,mi­lhões de barris/dia de petróleo (13,5% do total mundial). Na terceira colocação se manteve a Índia, com 5,milhões de barris/dia (5,2% do total mundial). O Brasil alcançou o sétimo lugar, com consumo de cerca de 3,milhões de barris/ dia (3,1% do total mundial) - aumento de 1% em relação ao ano de 2017.

1.4 - Refino

 

Em 2018, a capacidade efetiva de refino instala­da no mundo teve alta de 1,6% em relação ao ano anterior, chegando a 100,milhões de barris/dia, isto é, 1,milhões barris/dia maior que em 2017

Dentre os países que aumentaram a capaci­dade de refino, a China se destacou com um incremento de 424 mil barris/dia, totalizando 15,milhões de barris/dia. Em seguida, veio a Índia, com um aumento de capacidade de 272 mil barris/dia, somando milhões de barris/dia. 

Em contrapartida, alguns países tiveram diminui­ção na capacidade de refino. As maiores redu­ções ocorreram no Azerbaijão (redução de 85 mil barris/dia), na Argentina (redução de 77 mil bar­ris/dia) e no Egito (redução de 15 mil barris/dia).

 

No ranking de países com maior capacidade de refino, as quatro primeiras posições continuam ocupadas pelos mesmos países do ano anterior. Portanto, os Estados Unidos se mantiveram na primeira posição, com 18,milhões de barris/dia (18,7% da capacidade mundial). 

Em sequência vieram China, com 15,milhões de barris/dia (15,6% da capacidade mundial); Rússia, com 6,milhões de barris/dia (6,6% da capacidade mundial), e Índia, com milhões de barris/dia (5% da capacidade mundial). Desta vez, a Coréia do Sul foi o quinto país com maior capacidade de refino, com aproximadamente 3,milhões de barris/dia (3,3% da capacidade mundial). Juntos, estes cinco países responderam por 49,2% da capacidade mundial de refino. 

O Brasil continuou em oitavo lugar no ranking, com capacidade de refino de 2,milhões de barris/dia (2,3% da capacidade mundial), a mes­ma registrada no ano de 2017

1.5 Preços

 

Em 2018, o óleo do tipo Brent teve cotação mé­dia de US$ 71,31/barril no mercado spot, regis­trando novo crescimento acentuado de 31,6% em relação a 2017. Enquanto isso, o petróleo do tipo WTI teve cotação média de US$ 65,20/ barril, após crescimento de 28,4% ante 2017.

 

GAS NATURAL

 

1.6 Reservas

 

Em 2018, as reservas provadas mundiais de gás na­tural somaram 196,trilhões de m3, um crescimen­to de 0,4% em comparação com o ano anterior. 

As reservas dos países-membros da Opep, que concentraram 46,3% do total, tiveram um au­mento de 0,3%, totalizando 91,trilhões de m3. Já as reservas dos outros países somaram 105,trilhões de m3, após crescimento de 0,5% em relação a 2017

No ranking de países com maiores reservas pro­vadas de gás natural, as três primeiras posições foram ocupadas pelos mesmos países do ano anterior. A Rússia liderou novamente com 38,trilhões de m(19,8% do total mundial). Em se­guida, vieram Irã, com 31,trilhões de m(16,2% do total) e Catar, com 24,trilhões de m(12,5% do total mundial). Juntos, esses três países res­ponderam por 48,5% das reservas globais de gás natural.

 

Dentre as regiões, a maior parte das reservas provadas se concentrou no Oriente Médio, so­mando 75,trilhões de m(38,4% do total), com alta de 0,3%. Depois, vieram Europa e Eurásia, com 66,trilhões de m(33,9% do total), após crescimento de 1,2%. 

A região Ásia-Pacífico, com 18,trilhões de m(9,2% do total), registrou queda de 0,6% em suas reservas de gás natural. Em contrapartida, as reservas da África tiveram leve alta de 0,03%, totalizando aproximadamente 14,trilhões de m3, ou 7,3% do total. Já as reservas da América do Norte registraram queda de 0,9%, totalizan­do 13,trilhões de m(7,1% do total). 

Por fim, as Américas Central e do Sul, que se mantiveram no mesmo patamar do ano anterior, totalizaram 8,trilhões de m(4,2% do total). Em 2018, o Brasil ocupou a 32ª colocação do ranking das maiores reservas provadas de gás natural do mundo.

 

1.7 Produção

 

Em 2018, a produção mundial de gás natural al­cançou 3,trilhões de m3, após alta de 5,2% em relação a 2017. Os Estados Unidos registraram o maior crescimento volumétrico na produção anual de gás natural, com alta de 92,bilhões de m3. Outros países, como Rússia (alta de 33,bilhões de m3), Irã (alta de 19,bilhões de m3) e Austrália (alta de 17,bilhões de m3) também obtiveram significativos aumentos de produção. Por outro lado, Holanda (queda de 6,bilhões de m3), Venezuela (queda de 5,bilhões de m3) e Noruega (queda de 2,bilhões de m3) sofreram os maiores declínios em termos volumétricos

 

No ranking global de maiores produtores de gás natural, os Estados Unidos se mantiveram em primeiro lugar, com 831,bilhões de m(21,5% do total mundial), após aumento de 11,5% ante 2017. Em seguida veio a Rússia, com 669,bi­lhões de m(17,3% do total mundial), após alta de 5,3%. O Brasil se situou na 31ª posição no ranking mundial de produtores de gás natural, com produção de 25,bilhões de m(0,7% do total mundial), após queda de 7,4%.

 

1.8 Consumo

 

Em 2018, o consumo global de gás natural apre­sentou aumento de 5,3%, superior à média de crescimento dos últimos 10 anos (2,4%), alcan­çando aproximadamente 3,trilhões de m3.

 

Estados Unidos e China foram os países com maior incremento volumétrico no consumo de, respectivamente, 77,bilhões de m(equivalen­te a 10,5%) e 42,bilhões de m(equivalente a 17,7%). Em contrapartida, a Venezuela experi­mentou a maior queda, isto é, de 5,bilhões de m(equivalente a 13,9%). 

No ranking de maiores consumidores de gás na­tural, os Estados Unidos permaneceram na pri­meira posição, com 817,bilhões de m(21,2% do total mundial), seguidos da Rússia, com 454,bi­lhões de m(11,8% do total mundial), e pela China, com 283 bilhões de m(7,4% do total mundial). Por regiões, a área que compreende Europa e Eurásia continuou como maior consumidora de gás natural, totalizando 1,trilhão de m(29,4% do total), com alta de 1,8%. Em seguida, veio a América do Norte, com trilhão de m(26,6% do total mundial), após alta de 9,3%. 

 

Nas Américas Central e do Sul, a queda do con­sumo foi de 2,46%, atingindo 168,bilhões de m(4,4% do total mundial). O Brasil registrou que­da de 4,6%, totalizando 35,bilhões de m(0,9% do total mundial), e ocupou a 27ª posição no ranking de maiores consumidores de gás natural.

 

ROYALTIES

 

1.9 - DISTRIBUIÇÕES DE ROYALTIES

 

A participação especial, prevista no inciso III do art. 45 da Lei no 9.478, de 1997, constitui compensação financeira extraordinária devida pelos concessionários de exploração e produção de petróleo ou gás natural, nos casos de grande volume de produção ou de grande rentabilidade, conforme os critérios definidos no Decreto no 2.705/1998.

 

Em 2018, o recolhimento da participação es­pecial foi 95,4% superior à de 2017, atingindo R$ 29,6 bilhões. Deste valor, conforme defini­do pela lei, couberam R$ 11,8 bilhões aos esta­dos produtores ou confrontantes; R$ 3 bilhões aos municípios produtores ou confrontan­tes; R$ 2,2 bilhões ao Ministério de Minas e Energia; R$ 551 milhões ao Ministério do Meio Ambiente; e R$ 12 bilhões ao Fundo Social.

 

Os principais estados beneficiários foram: Rio de Janeiro (R$ 9,1 bilhões – 30,8% do valor total e 77% do total destinado aos estados); São Paulo (R$ 1,6 bilhão – 5,3% do valor total e 13,4% do valor destinado aos estados), e Espírito Santo (R$ 1,1 bilhão – 3,7% do valor total e 9,2% do valor destinado aos estados).

 

Entre os municípios beneficiários, destaca­ram-se Maricá-RJ (R$ 898,8 milhões); Niterói- RJ (R$ 791,2 milhões); Ilhabela-SP (R$ 394,1 milhões); e Campos dos Goytacazes-RJ (R$ 243,8 milhões).

 

Estudo completo clique abaixo 

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Ricardo Bergamini

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