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sábado, 18 de junho de 2022

Trajetórias (não exatamente as melhores) - Paulo Roberto de Almeida

 Trajetórias (não exatamente as melhores):


O Brasil está economicamente estagnado há muito tempo. Isso é certo e conhecido.

Mas, uma outra economia cresceu bastante nos últimos anos, a da criminalidade, não necessariamente aquela “normal”, bem conhecida, e sim uma especificamente política, ou dos políticos. 

Esse aumento da corrupção política dos “representantes do povo” foi acelerado na era Lula, que, para ter maioria no Congresso, passou a comprar, literalmente, parlamentares e bancadas inteiras com dinheiro público e das estatais. Tudo isso está muito bem documentado, embora os lulopetistas queiram reescrever a história.

Daí o processo de corrupção política se desenvolveu enormemente depois, passando de fenômenos como Mensalão e Petrolão para processos endógenos de sustentação financeira, como os fundos e as emendas (de vários tipos), cobrindo todo o espectro do leque político, de um extremo a outro, sem exceções ou muito poucas. Isso também é conhecido.

Um governo fraco, débil, improvisado e caótico, como é o atual desgoverno do psicopata perverso, tornou ainda mais resiliente a criminalidade política, assim como estimulou a criminalidade comum, não só pela crise, pandemia e guerra, mas porque isso corresponde à sua natureza profunda; ele vem desses meios.

Essa é a verdadeira  “herança maldita” a ser legada por um ladrão ordinário, fraudador como muitos outros colegas de Parlamento do dinheiro público, via rachadinhas e outras falcatruas, mas que virou, voluntária e involuntariamente, um grande criminoso político. Alguma dúvida?

Essa triste trajetória já pode ter ocorrido em diversos outros países, em especial na América Latina, mas o Brasil ingressou, definitivamente, na era da grande criminalidade política. 

Não espere o “fenômeno” se dissolver rapidamente. Ele acompanha o processo de deterioração educacional e moral da sociedade. 

Ainda não se convenceu da gravidade do fenômeno? Observe a triste trajetória da democracia americana.

Dá para consertar, corrigir, minimizar? Dá, mas não espere a colaboração dos beneficiários para isso. A perder de vista…

Paulo Roberto de Almeida

Brasília, 18/06/2022

sábado, 28 de abril de 2018

Os quatro novos cavaleiros do apocalipse moral no Brasil - Percival Puggina

GILMAR, TOFFOLI, MARCO AURÉLIO, LEWANDOWSKI, CAVALEIROS DO APOCALIPSE

 Na visão do apóstolo João, os cavaleiros do apocalipse eram a guerra, a fome, a peste e a morte. Então, neste Brasil de 2018, a cena política nacional está sendo roubada por quatro cavaleiros de pretensões apocalípticas, com assento no plenário do STF. Sim, sim, vamos parar com a enrolation. A essas alturas não há mais o que ocultar nem a tergiversar. Os personagens são conhecidos, suas ações evidentes. Ninguém precisa pedir perícia técnica. As impressões digitais estão por toda parte, mas são mero bis in idem na materialidade das provas. Os quatro cavaleiros do apocalipse nacional deixaram de lado todo pudor e assumiram seu papel na curadoria dos mais conhecidos criminosos do país.
Pela jurisprudência que constroem, malfeitor bem sucedido não pode ser preso. Isso não está de acordo com a tradição nacional. Que diabos pretendem esses novos magistrados, procuradores, policiais atrapalhando negócios que iam tão bem? Os quatro cavaleiros estão dedicados à mais difícil das tarefas: apresentar como bom e judicioso todo o mal que fazem. A nação quer Justiça, mas Justiça, para eles, é uma práxis, se me faço entender. Não é um valor moral (que seria isso?) e, menos ainda, um elemento do bem comum. Para os quatro apocalípticos, a justiça serve a uma causa. A conhecida causa de “Mateus e os seus”.
Eles continuam agindo, articulando tretas e mutretas. Já transformaram a Segunda Turma no refúgio da criminalidade endinheirada. Ao fim de cada jornada, de cada sessão em que são salvaguardados os interesses sob tutela, talvez comemorem felizes. Talvez pensem que retomam o controle e que desarticulam todas as possibilidades de restaurar a dignidade e a honra nacionais.
A presunção dos maus, contudo, é salvaguarda dos bons. Não há a menor possibilidade de seu plano diabólico dar certo. No derradeiro momento, quando o apocalipse se tornar eminente e a guerra, a fome, a peste e a morte estiverem abrindo garrafas para celebrar sua vitória, o Brasil que não se deixou corromper nem mutilar, que preserva a honra e a dignidade, se erguerá, no tempo certo, para fazer a coisa certa. Os quatro cavaleiros do apocalipse não prevalecerão.

* Percival Puggina (73), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A tomada do Brasil, integrante do grupo Pensar+.

sábado, 9 de setembro de 2017

Noticiario politico em 9/09/2017 = noticiario totalmente criminoso

Qual é o outro país do mundo no qual TODO o noticiário político do dia, em TODOS os mais importantes jornais do país, é constituído única e exclusivamente por notícias de páginas policiais, ou seja, de criminalidade pura e simples?
Paulo Roberto de Almeida


O Estado de S.Paulo, 9/09/2017

CAPA – Manchete principal: ”Janot pede prisão de Joesley, Ricardo Saud e de ex-procurador”
”Janot pede a prisão de Joesley, Saud e Miller” - A reportagem traz como informações principais material semelhante ao dos outros jornais, mas acrescenta relatos sobre o depoimento do ex-procurador Marcello Miller que teria narrado fatos graves que indicam a prática de crimes. 
”Fachin levará a plenário pedido de Temer para barrar nova denúncia” - Na última semana de Rodrigo Janot à frente da Procuradoria-Geral da República, o Supremo Tribunal Federal vai julgar o pedido de suspeição contra o procurador-geral, apresentado pela defesa do presidente Michel Temer, que também pede a suspensão prévia da segunda denúncia que está prestes a ser apresentada contra o peemedebista. A sessão está marcada para a próxima quarta-feira. Na mesma ocasião, os ministros deverão discutir, em uma questão de ordem, a validade das provas obtidas no acordo de colaboração da J&F, que passou a ser questionado pela defesa de Temer após a publicação da polêmica gravação em que delatores do grupo, Joesley Batista e Ricardo Saud, falam sobre temas delicados que haviam omitido em um primeiro momento. O ministro Edson Fachin, relator do caso J&F e da investigação contra Temer, já havia rejeitado a ação do presidente contra Janot, mas, diante de um recurso, resolveu levar as duas discussões ao plenário. Trata-se do primeiro da pauta de julgamentos do dia 13 de setembro. “É possível, sem adiantar qualquer apreciação sobre o mérito, colher do pleito defensivo questão preliminar inédita e com repercussão geral relevante, apta a indicar que seja conveniente e oportuno definição colegiada, como ‘questão de ordem’ ao conhecimento e à discussão do pleno”, afirmou Fachin na decisão. Ao levar os itens ao plenário, Fachin divide a responsabilidade com os demais ministros. Alguns magistrados reputaram como gravíssimo o conteúdo do áudio da conversa dos delatores. O ministro Luiz Fux sugeriu a revisão dos benefícios e a prisão de Joesley na quarta-feira. A defesa de Temer alega que procurador-geral da República tem perseguido o presidente e age “por motivos políticos”. Segundo o criminalista Antônio Claudio Mariz, Janot não tem condições de continuar conduzindo as investigações contra o presidente. Sob o crivo dos ministros do STF, Janot sairá do julgamento impedido ou com aval para apresentar a segunda denúncia contra Temer, por organização criminosa e obstrução de investigação. Além de Temer, Janot pode denunciar deputados, no inquérito do “quadrilhão” do PMDB da Câmara.
”Geddel é preso de novo após os R$ 51 mi”
”Para Barroso, corrupção ‘foi plano de governo’ no país” 
”’Quadrilhão’ do PMDB levou R$ 864 mi, diz PGR” - A reportagem apresenta informações semelhantes às dos outros jornais.
”Planos de Lula para 2018 ficam em aberto” - O depoimento prestado nesta semana pelo ex-ministro Antonio Palocci, no qual ele atribui ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva o protagonismo no esquema de corrupção na Petrobrás, deixa em aberto a tentativa do petista de se viabilizar como candidato à Presidência da República em 2018, segundo analistas consultados pelo Estado .A avaliação é de que, ainda que Palocci tenha de comprovar o que disse ao juiz Sérgio Moro, suas afirmações são fortes e podem comprometer ainda mais a imagem de Lula. O professor emérito de Filosofia da Universidade de São Paulo (USP) Ruy Fausto disse que o depoimento “enfraquece ainda mais a posição de Lula”. “Creio que, agora, a direção do PT no fundo se empenhará principalmente em evitar que ele seja preso”, afirmou. Para Fausto, se por um lado a fala de Palocci mostrou “o violento processo de corrupção que atingiu o poder petista”, por outro, “é evidente que Palocci está numa situação desesperada e, para se safar, dirá o que aconteceu e também o que não aconteceu. Assim, é preciso ter alguma cautela”, afirmou.
A avaliação do cientista político e consultor da Arko Advice, Murillo Aragão, é de que o depoimento foi “trágico para o PT e para o Lula”. “Em poucas palavras, relevou a extensão da tragédia política do País. Então, é seriíssimo o que ele (Palocci) disse e não há porque não acreditar nele”, afirmou. Palocci foi ministro da Fazenda no governo Lula e da Casa Civil durante parte do mandato de Dilma Rousseff. Além do depoimento de Palocci, Lula teve outro revés nesta semana. Ele foi denunciado pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, ao lado da presidente cassada Dilma Rousseff e outros petistas, sob acusação de formar uma organização criminosa. Se o Supremo Tribunal Federal aceitar a denúncia, será o sexto processo do ex-presidente na condição de réu. Aragão considerou que a candidatura de Lula está prejudicada, mas, ainda assim, ponderou que Palocci estava sob a pressão de estar preso há quase um ano. “É evidente que uma pessoa presa há muito tempo termina pressionada a adotar posturas que deem fim à sua agonia.” Segundo ele, o ex-ministro deverá provar, de alguma forma, as afirmações que fez a Moro, entre elas a da existência de um “pacto de sangue” entre Lula e a Odebrecht. “Ele não pode apenas acusar sem ter a mínima condição de provar.”
Para a professora de filosofia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Tatiana Roque, “antes de tudo, tem de ter cautela e esperar as provas”. Ela lembrou de outros delatores, como o empreiteiro Léo Pinheiro, da OAS, que voltaram atrás no que disseram sobre Lula. “Mais importante é: qualquer decisão que inviabilize uma candidatura com a popularidade, o porcentual de votos que Lula tem, deve ser extremamente rigorosa e não deixar nenhuma margem de dúvida em termos de provas.” Em depoimento à Justiça Federa neste ano, porém, Léo Pinheiro disse que o triplex no Guarujá foi oferecido pela OAS a Lula e apresentou registros de encontros com o petista. Em um deles, segundo o empreiteiro, o ex-presidente o teria orientado a destruir provas.
Para o professor de História Contemporânea da USP Everaldo Almeida, Palocci “está dizendo, de certa forma, tudo o que querem que ele diga”. “Ele está sob uma gigantesca pressão, é uma pessoa muita inteligente e sabe exatamente o que falar para conseguir algum tipo de benefício com a delação dele”, disse. Almeida lembrou que Palocci era figura das mais importantes do PT, mas defendeu posições que contrariavam setores do partido – ainda que as posições de Palocci sempre estivessem alinhadas com as de Lula, a quem era subordinado, e tivessem sido avalizadas pelo então presidente.

Folha de S.Paulo, 9/09/2017

CAPA – Manchete principal:”Janot pede a prisão de Joesley e ex-procurador”
COLUNA PAINEL – PARTIDO DOS TRABALHADORES: As denúncias de Rodrigo Janot contra a cúpula do PT surtiram efeito no Congresso. Irritados com a atuação da PGR, deputados petistas agora endossam ofensiva antes protagonizada só por aliados de Michel Temer para fustigar o chefe do MPF. Após a sigla ser alvejada pelas acusações de obstrução de Justiça e organização criminosa, nomes do partido passaram a defender que o procurador-geral seja levado à CPI que investiga a JBS para explicar o acordo que fechou com Joesley Batista. Enquanto Janot estiver à frente da PGR, os integrantes da CPI só podem convidá-lo a falar. Quando ele deixar o comando do órgão, a partir do dia 18, poderá ser convocado. Os petistas afirmam que Janot apresentou as denúncias contra o partido para “desviar o foco” da crise que se instalou em seu gabinete após o autogrampo de delatores da J&F. “Ele adotou procedimento básico em qualquer manual de gerenciamento de crise”, diz Paulo Pimenta (PT-RS). O discurso do PT é idêntico ao que foi adotado pelo PMDB nesta sexta (8), após Janot também denunciar a cúpula da sigla no Senado por organização criminosa. 
COLUNA PAINEL – DEPOIMENTO J&F: Houve forte clima de desconfiança durante o depoimento dos delatores da J&F. Os executivos da empresa e seus advogados tiveram que deixar celulares e até relógios do lado de fora da sala.
COLUNA PAINEL – MICHEL TEMER: Aliados e adversários de Temer admitem que, no cenário atual, só a descoberta de um vínculo direto entre o presidente e a dinheirama atribuída ao seu ex-ministro Geddel Vieira Lima (PMDB-BA) reacenderia o desejo do Congresso de aceitar a segunda denúncia de Janot contra o presidente. A delação de Lúcio Funaro, recheada de acusações contra o PMDB, seria insuficiente para afastar Temer. Motivos: 1) Funaro admite que não tinha proximidade com o presidente; 2) O governo tratará o doleiro como criminoso confesso, reincidente e violento. 
”PF prende Geddel após descoberta de 'bunker' com R$ 51 milhões” - A Polícia Federal prendeu o ex-ministro Geddel Vieira Lima (PMDB), que deixou sua residência em Salvador cobrindo o rosto com uma pasta. O ex-ministro estava em prisão domiciliar. O pedido de prisão foi feito após a descoberta de um "bunker" vinculado ao ex-ministro no qual foram encontrados R$ 51 milhões em malas e caixas. Ele está sendo levado para o aeroporto e viajará para Brasília. Geddel deve ir inicialmente para a carceragem da PF e depois pode ser transferido para o presídio da Papuda. Pessoas que passavam pelo local aplaudiram e buzinaram quando a PF deixou a garagem com o ex-ministro no banco de trás. A PF chegou ao prédio de Geddel, em Salvador, no bairro Jardim Apipema, por volta de 5h40, em dois carros. Um vendedor ambulante foi escolhido para subir ao apartamento do ex-ministro como testemunha. Houve busca e apreensão na casa da mãe de Geddel, que mora no mesmo prédio do filho. Por esse motivo, a PF demorou cerca de uma hora dentro do edifício.
”'Bunker' coloca deputado irmão de Geddel na mira da PF” - A apreensão dos R$ 51 milhões em espécie em um apartamento em Salvador colocou na mira dos investigadores o deputado federal Lucio Vieira Lima (PMDB-BA), irmão do ex-ministro Geddel Vieira Lima. A PF encontrou ao menos dois elementos que ligam as milhares de notas de reais e dólares ao deputado. Uma fatura em nome de Marinalva Teixeira de Jesus, "pessoa detentora de vínculos empregatícios com o Lúcio Vieira Lima", foi achada no local da apreensão dos R$ 51 milhões, que ocorreu na última terça (5). Segundo a polícia, Marinalva trabalha como doméstica na casa do deputado. Outro elemento, de acordo com informações prestadas pela PF à Justiça Federal, o dono do apartamento, o empresário Silvio Silveira, disse em depoimento que fez o empréstimo do imóvel para Lúcio, com quem tinha amizade, e não para Geddel, que, segundo ele, não chegou a ter proximidade. A administradora do condomínio, Patrícia do Santos, também confirmou em sua oitiva que o deputado era conhecido do dono da casa. Por ter mandato na Câmara dos Deputados, a PF precisa de autorização do STF (Supremo Tribunal Federal) para dar início a uma investigação, o que deve ser solicitado em breve. 
”Janot denuncia cúpula do PMDB no Senado sob acusação de organização criminosa” - O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, denunciou sob acusação de organização criminosa políticos do PMDB, entre eles a cúpula do partido no Senado: Renan Calheiros (AL), Romero Jucá (RR), Edison Lobão (MA), Jader Barbalho (PA) e Valdir Raupp (RO). Além deles, foram acusados o ex-senador José Sarney (AP) e Sérgio Machado, ex-presidente da Transpetro. Em nota, a PGR informa que eles foram denunciados sob acusação de "receberem propina de R$ 864 milhões e gerarem prejuízo de R$ 5,5 bilhões aos cofres da Petrobras e de R$ 113 milhões aos da Transpetro". Segundo a denúncia, além dos políticos "ora denunciados, o núcleo da organização era composto também por outros integrantes do PMDB, do Partido Progressista (PP) e do Partido dos Trabalhadores (PT)". "A organização criminosa denunciada foi inicialmente constituída e estruturada em 2002, por ocasião da eleição de Lula à Presidência da República. Iniciado o seu governo, em 2003, Lula buscou compor uma base aliada mais robusta", afirma a Procuradoria. Segundo o órgão, "as ações ilícitas voltaram-se inicialmente para a arrecadação de recursos da Petrobras por meio de contratos firmados no âmbito da Diretoria de Abastecimento e da Diretoria Internacional, assim como da Transpetro". De acordo com a PGR, os políticos denunciados atuam desde ao menos meados de 2004 em atividades ilícitas e afirma que os prejuízos causados foram de pelo menos R$5,5 bilhões aos cofres da Petrobras e R$113 milhões aos da Transpetro, "em razão da manutenção do cartel formado pelo direcionamento dos contratos (...) para determinadas empresas". Como contrapartida, as beneficiadas teriam pagado R$ 864,5 milhões em propina aos denunciados. Calheiros, Jucá, Lobão e Raupp teriam passado a receber vantagens indevidas dos contratos da Diretoria de Abastecimento da Petrobras a partir de 2006, quando apoiaram a permanência do então diretor, Paulo Roberto Costa, que depois se tornou o primeiro delator da Lava Jato. Outra diretoria envolvida seria a internacional, então comandada por Nestor Cerveró, que teria, por exemplo, oferecido R$ 6 milhões para a campanha do PMDB em 2006. O pagamento teria sido intermediado por Jader Barbalho. A PGR também lista o esquema na Transperto, comandada então por Sérgio Machado, também delator. Machado, segundo a Procuradoria, "confessou que os políticos responsáveis pela sua nomeação na Transpetro foram principalmente Renan Calheiros, Jader Barbalho, Romero Jucá, José Sarney e Edison Lobão, os quais receberam vantagem indevida repassada por aquele, tanto por meio de doações oficiais quanto por meio de dinheiro em espécie". A denúncia pede que os senadores percam os mandatos e o pagamento de R$ 100 milhões como reparação de danos patrimoniais e R$ 100 milhões em reparação de danos morais. 
Isso não significa que os envolvidos sejam culpados dos crimes imputados a eles pela PGR. Primeiro, cabe ao Supremo Tribunal Federal acatar ou não a denúncia. Caso ela seja aceita, os denunciados se tornam réus, e vão a julgamento, onde podem ser condenados ou não.
Chama a atenção a primeira frase do último parágrafo da notícia que afirma a possibilidade de os denunciados não serem culpados. É um comportamento raro da grande imprensa. 
”Janot pede prisão de Joesley, Ricardo Saud e ex-procurador” - O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, enviou ao STF (Supremo Tribunal Federal) nesta sexta (8) um pedido de prisão dos delatores da JBS Joesley Batista e Ricardo Saud e também do ex-procurador Marcello Miller, segundo a Folha apurou. A solicitação de Janot ainda vai ser analisada pelo ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato na corte e o responsável pela homologação do acordo de delação dos executivos do grupo. O pedido de prisão foi feito após a Procuradoria-Geral da República ouvi-los nos dois últimos dias sobre a gravação em que Joesley e Saud indicam possível atuação de Miller no acordo de delação quando ainda era procurador - ele deixou o cargo oficialmente em 5 de abril. Para a equipe de Janot, houve patente descumprimento de dois pontos de uma cláusula do acordo de delação que tratam de omissão de má-fé, o que justificaria rever os benefícios. O pedido de Janot está sob sigilo. Não há previsão ainda sobre quando Fachin vai despachá-lo. 
”Janot e JBS já discutem revisão de acordo de delação premiada” - A retificação, que pode culminar no cancelamento do acordo, é consequência da polêmica envolvendo o áudio de Joesley Batista, sócio do grupo, e Ricardo Saud, ex-executivo da empresa. A gravação levanta a suspeita de que o ex-procurador Marcello Miller, que trabalhou por três anos com Janot, atuou na negociação da delação da JBS antes de se desligar oficialmente do órgão, em 5 de abril. Segundo a Folha apurou, Janot pediu ao ministro Edson Fachin, relator do caso no Supremo Tribunal Federal, a prisão dos delatores da JBS e de Miller, que depôs nesta sexta (8) no Rio. Para ele, houve patente descumprimento de dois pontos de uma cláusula do acordo de delação que tratam de omissão de má-fé, o que justificaria rever os benefícios. Segundo interlocutores da PGR (Procuradoria-Geral da República), a JBS já foi informada das intenções de Janot. Diante disso, a empresa atua para "reduzir danos", passando a admitir nos bastidores a possibilidade de repactuar as cláusulas do acordo homologado por Fachin em troca de evitar sua anulação. A JBS considera que, com o episódio do áudio, terá, por exemplo, que aumentar o valor da multa acertada no acordo de delação. Representantes do frigorífico foram informados que o procurador-geral decidirá como proceder até segunda-feira (11), após os investigadores ouvirem todos os envolvidos no caso.
”Ex-procurador Marcello Miller depõe sobre delação de Joesley”
”Ministro do STF defende trabalho de Janot durante evento em Washington” - O ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Luís Roberto Barroso defendeu nesta sexta (8), durante um evento em Washington, o trabalho do procurador-geral, Rodrigo Janot, que decidiu pedir investigação para apurar a omissão de informações no acordo de delação com representantes da JBS, após novos áudios sugerirem que houve descumprimento do acordo. "O procurador-geral é uma pessoa muito séria e decente tentando fazer o seu trabalho, então não acho que ele não fez nada de errado", disse Barroso, na American University, ao ser questionado se a condução do acordo de delação com Joesley Batista deveria ter sido mais criterioso.
”Em delação, Funaro acusa Temer de participação em esquema, diz revista” - O empresário Lúcio Bolonha Funaro afirmou ter ouvido do ex-deputado federal Eduardo Cunha que o presidente da República, Michel Temer, participava de um esquema de arrecadação de propina dentro do PMDB, segundo reportagem publicada na sexta (8) pela revista "Veja". A publicação relata que teve acesso ao roteiro detalhado com os temas da delação premiada que Funaro fechou com o Ministério Público. De acordo com a revista, o delator afirmou que nunca conversou sobre valores diretamente com Temer, uma vez que essa tarefa cabia a Cunha, mas garantiu que o presidente "sempre soube" dos esquemas ilícitos comandados pelo ex-deputado. Funaro disse que "Cunha narrava as tratativas e as divisões [de propina] com Temer" e o presidente foi beneficiário de pelos menos dois repasses da "conta-propina" gerenciada por Cunha, um de R$ 7 milhões da empresa JBS, repartido com outros agentes públicos, e outro de R$ 1,5 milhão do grupo Bertin, informa a reportagem. A delação ainda traz o relato de que Joesley Batista, sócio do grupo JBS, procurou Temer e outros membros do PMDB e avisou-os de que estava "cuidando do Lúcio e que a situação estava sob controle, requisitando favores e boa vontade em troca disso", de acordo com a publicação. Esse trecho da delação teria ligação com um acordo pelo qual Funaro receberia R$ 100 milhões de Batista para não revelar crimes. 
”Ministro envia à PF pedido de Gilmar para investigar citação em revista”
”Nas redes sociais, Temer diz que país precisa de 'serenidade' e 'maturidade'”

O Globo, 9/09/2017

CAPA – Manchete principal: ”Janot pede prisão de Joesley e de ex-procurador”. A capa traz um contraste estranho. Sobre a manchete principal está uma foto em preto branco de uma atriz da novela das oito nua e embaixo, a foto de Geddel Vieira Lima descendo do avião em direção à cadeia.
”A vez do PMDB do Senado” - A reportagem traz as mesmas informações publicadas na Folha de São Paulo e também aponta o início do esquema na eleição do ex-presidente Lula. O texto não afirma que os denunciados não são culpados dos crimes, tal como a Folha fez. 
”Barroso defende procurador-geral: ‘Acho que ele não fez nada de errado’”
”Prisão de Geddel reabre temor no PMDB de delação contra governo”
”PGR pede prisão de Joesley, Saud e de ex-procurador que auxiliou a JBS”
”Ex-procurador depõe sobre o caso por mais de 7 horas” 
”Palocci reforça pontos chave da Odebrecht” - O depoimento do ex-ministro Antonio Palocci ao juiz Sergio Moro, na última quartafeira, reforça delações de executivos da Odebrecht que citam o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em ao menos três pontos-chave: a reforma do sítio de Atibaia, a compra de terreno para uma nova sede do Instituto Lula e o repasse de R$ 4 milhões para a entidade. Há casos, porém, em que as versões de Palocci e da Odebrecht têm pontos dúbios, como o das palestras do petista e o do conhecimento de Lula sobre uma conta de R$ 300 milhões da empresa com o PT. Em uma espécie de delação informal, Palocci afirmou que a Odebrecht fez um “pacto de sangue” com o partido. O acordo teria resultado em benesses, como o sítio de Atibaia, atribuído pela força-tarefa da Lava-Jato a Lula. O ex-presidente nega ter a posse do imóvel e diz que ele está registrado em nome de outras pessoas. Em sua colaboração à Justiça, Emílio Odebrecht contou que o sítio era uma surpresa para o ex-presidente a pedido da ex-primeira-dama Marisa Letícia. Ele relatou reunião com Lula no Palácio do Alvorada, no fim de 2010, em que contou a Lula que a obra do sítio ficaria pronta dentro do prazo. Também há convergência nos depoimentos que falam sobre a aquisição do terreno para a construção da nova sede do Instituto Lula. Palocci confirmou que a compra foi feita por meio da Odebrecht. Disse também que era contrário à negociação conduzida pelo pecuarista José Carlos Bumlai e o advogado Roberto Teixeira. Outro caso em que os relatos de Palocci corroboram as delações é o repasse de R$ 4 milhões da empresa para o Instituto Lula. Marcelo relatou que atendeu a pedido de Palocci para dar o dinheiro. Revelou ainda que encontrou o recibo do pagamento com Fernando Migliacio, um dos responsáveis pelo setor de Operações Estruturadas, o departamento de propina da empresa. Palocci contou que Paulo Okamotto solicitou, em 2013, R$ 4 milhões para cobrir um rombo nas contas do instituto. O ex-ministro disse que buscaria o dinheiro com Marcelo e que delegou o caso a seu ex-assessor Branislav Kontic. Mas Palocci e Marcelo dão versões diferentes sobre saques em espécie que beneficiariam Lula. O empresário disse que Branislav fez três saques que somavam R$ 9 milhões para o ex-presidente entre 2012 e 2014, enquanto Palocci afirmou apenas que houve solicitações de saques em dinheiro para o instituto por quatro anos. 
”PF investiga tentativa de compra de decisão em cortes superiores”