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sábado, 28 de abril de 2018

Os quatro novos cavaleiros do apocalipse moral no Brasil - Percival Puggina

GILMAR, TOFFOLI, MARCO AURÉLIO, LEWANDOWSKI, CAVALEIROS DO APOCALIPSE

 Na visão do apóstolo João, os cavaleiros do apocalipse eram a guerra, a fome, a peste e a morte. Então, neste Brasil de 2018, a cena política nacional está sendo roubada por quatro cavaleiros de pretensões apocalípticas, com assento no plenário do STF. Sim, sim, vamos parar com a enrolation. A essas alturas não há mais o que ocultar nem a tergiversar. Os personagens são conhecidos, suas ações evidentes. Ninguém precisa pedir perícia técnica. As impressões digitais estão por toda parte, mas são mero bis in idem na materialidade das provas. Os quatro cavaleiros do apocalipse nacional deixaram de lado todo pudor e assumiram seu papel na curadoria dos mais conhecidos criminosos do país.
Pela jurisprudência que constroem, malfeitor bem sucedido não pode ser preso. Isso não está de acordo com a tradição nacional. Que diabos pretendem esses novos magistrados, procuradores, policiais atrapalhando negócios que iam tão bem? Os quatro cavaleiros estão dedicados à mais difícil das tarefas: apresentar como bom e judicioso todo o mal que fazem. A nação quer Justiça, mas Justiça, para eles, é uma práxis, se me faço entender. Não é um valor moral (que seria isso?) e, menos ainda, um elemento do bem comum. Para os quatro apocalípticos, a justiça serve a uma causa. A conhecida causa de “Mateus e os seus”.
Eles continuam agindo, articulando tretas e mutretas. Já transformaram a Segunda Turma no refúgio da criminalidade endinheirada. Ao fim de cada jornada, de cada sessão em que são salvaguardados os interesses sob tutela, talvez comemorem felizes. Talvez pensem que retomam o controle e que desarticulam todas as possibilidades de restaurar a dignidade e a honra nacionais.
A presunção dos maus, contudo, é salvaguarda dos bons. Não há a menor possibilidade de seu plano diabólico dar certo. No derradeiro momento, quando o apocalipse se tornar eminente e a guerra, a fome, a peste e a morte estiverem abrindo garrafas para celebrar sua vitória, o Brasil que não se deixou corromper nem mutilar, que preserva a honra e a dignidade, se erguerá, no tempo certo, para fazer a coisa certa. Os quatro cavaleiros do apocalipse não prevalecerão.

* Percival Puggina (73), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A tomada do Brasil, integrante do grupo Pensar+.