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sábado, 3 de janeiro de 2009

991) Arte antisemita e antijudaica: uma triste realidade

Transcrevo a matéria abaixo por uma única e simples razão. Considero serem execráveis esses exemplos de antisemitismo barato e enraivecido, exemplos lamentáveis de uma intolerância que se assemelha, em tudo e por tudo, ao que já assistimos, ou aprendemos com a história, de crimes bárbaros cometidos por nazistas e assemelhados contra um povo indefeso.
O povo de Israel, hoje, está longe de ser indefeso, mas a cultura do ódio que vem sendo instilada em tantos jovens por uma propaganda viciosa, causa, sem dúvida alguma, sofrimento indizível em tantas famílias enlutadas por crimes e ataques bárbaros contra o povo de Israel e os pertencentes a essa cultura judaica.
Minha transcrição tem, assim, o sinal de um protesto contra esses "artistas" a soldo de uma causa ignóbil e execrável.

Colaborações Brasileiras Ao Terror Palestino
Luiz Nazário *
escritor e professor de cinema da Escola de Belas Artes da Universidade Federal de Minas Gerais.
Visão Judaica online
Agosto2008

No dia 11 de julho de 2008, um encontro Irã-Brasil ocorrido na Embaixada do Irã discutiu a "relação cultural e artística no campo do cartoon", na presença de Masoud Shojaei Tabatabaei (Diretor da Casa do Cartum do Irã); Amir Abdolhosseini (Diretor Administrativo da Casa do Cartum do Irã); Filip Pinto, Diogo Almedia e da Sra. Marjaneh Najafi (Autoridades da Embaixada do Brasil no Irã).
Decidiu-se pela realização de uma exibição de "trabalhos artísticos" de cartunistas iranianos e brasileiros no Irã e no Brasil, com o compromisso de que de 3 a 5 cartunistas brasileiros irão ao Irã para oficinas e exibições de trabalhos assim como de 3 a 5 cartunistas iranianos virão ao Brasil para oficinas e exibições de trabalhos. A data sugerida para a realização do evento, a cargo de Masoud Shojaei Tabatabaei no Irã e de Marcio Leite no Brasil, foi outubro de 2008.

Depois do sucesso do carioca Carlos Latuff, que publicou suas obras nas revistas DMagazine (Itália), Power of Working Class (Coréia do Sul) e em diversos sites e blogs anti-semitas de todo o mundo, uma vez que, por ideologia socialista, o artista abriu mão dos direitos autorais de seu trabalho, ganhando, em compensação, uma duvidosa fama internacional, com prêmios e menções honrosas na Casa do Cartum do Irã, outros brasileiros passaram a seguir seu caminho, destacando-se nas mídias iranianas, palestinas, árabes, islamitas, esquerdistas, anti-sionistas, anti-semitas e neonazistas.

Qual o segredo do "sucesso" dos cartunistas brasileiros junto às mídias que pregam um novo Holocausto dos judeus, através do "eufemismo" da eliminação da "entidade sionista" da face da Terra? A receita é simples: diabolizar Israel, esse "Pequeno Satã", sem deixar de diabolizar a América, aquele "Grande Satã". Na nova utopia totalitária gestada nos movimentos antiglobalização o "Império" e a "entidade sionista" compõem o Mal a ser eliminado do mundo todo bom para que nele reinem paz e amor, se Allah quiser.

No recente e imoral concurso "Caricaturas do Holocausto" - comparável, em seu propósito de degradar os judeus, à Exposição de Arte Degenerada (Entartet Kunst) no 'Terceiro Reich' - organizado pela Casa do Cartum do Irã, essa agência de propaganda da República Islâmica presidida por Mahmud Ahmadinejad, o Brasil foi um dos países com maior número de trabalhos inscritos, ficando em terceiro lugar no ranking dos colaboracionistas, com 21 cartunistas selecionados, atrás apenas do Irã - anfitrião do evento, com 157 selecionados - e da Turquia, com 31.

Diversos brasileiros ganharam menções honrosas e Carlos Latuff alcançou o Segundo Prêmio com o cartoon de um palestino chorando em uniforme de judeu de Auschwitz. A imagem, ilustrando as metáforas da propaganda iraniana, palestina, árabe, islamita, esquerdista, anti-sionista, anti-semita e neonazista, sugeria que os judeus eram os novos nazistas e os palestinos os novos judeus, isto é, inocentes vítimas oprimidas de um regime totalitário, sofrendo, desarmados e impotentes, como os judeus sob o nazismo, a agressão da poderosa máquina de guerra do Estado Judeu, com seu exército de carrascos comparáveis às tropas SS.

No universo de Latuff, Israel despeja gasolina sobre crianças libanesas que já ardem em chamas; o ex-Primeiro Ministro de Israel, Ariel Sharon, é um vampiro sedento de sangue palestino; e o atual, Ehud Olmert, é um louco babando em camisa de força sonhando com a guerra total; ou banhando-se na piscina de sangue em que transformou a Faixa de Gaza; soldados israelenses usam aventais de açougueiros ensangüentados divertindo-se em decepar a machado cabeças de palestinos ou fuzilá-los em valas comuns; uma mãe palestina chora a morte do filho num caixão "100% made in Israhell"; pacatos cidadãos de Gaza, arrasados com cortes de energia, comida e remédios pelo cruel governo de ocupação israelense temem que o próximo passo seja a instalação de câmaras de gás; etc.

Mas Latuff não está só em seu colaboracionismo artístico à campanha de propaganda guerreira (hipocritamente autodenominada "pacifista") contra Israel. As mídias iranianas, palestinas, árabes, islamitas, esquerdistas, anti-sionistas, anti-semitas e neonazistas contam com um novo colaboracionista: o cartunista e empresário brasileiro Marcio Leite, que fundou a agência Mais Propaganda e criou o portal e a revista Brazilcartoon, tendo como um de seus modelos a Casa do Cartum do Irã e a revista Irancartoon. Leite é o novo darling da Casa do Cartum do Irã: sua ilustração para o Salão Internacional de Gaza 2008, ao celebrar, de forma graficamente estilizada, o terror do Hamas, representando a Faixa de Gaza como um fuzil cujo gatilho é a bandeira da Autoridade Palestina, ganhou, merecidamente, o Segundo Prêmio (2 mil euros) naquele concurso belicista anti-Israel. E assim vai crescendo, de forma cada vez mais explícita, o colaboracionismo dos artistas brasileiros ao terror palestino.

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Permito-me um addendum, totalmente pessoal:
Esses "artistas" antissemitas, que fazem um trabalho artistica e moralmente deplorável, não cerrem certamente nenhum risco pessoal, quanto à sua insegurança ou integridade física. Não se tem notícia de que "esquadrões" de zelosos defensores da causa judaica tenham jamais atacado fisicamente algum antissemita notório, a não ser, como cabe, pela via da justiça, por processos judiciais ou outros ataques pela imprensa, ou seja, mantendo-se no padrão de civilidade que se espera de pessoas que respeitam profundamente a vida e o direito de expressão.
Tal não foi o caso, como é notório, de agitadores anti-islâmicos, ou os famosos cartunistas da Dinamarca, cerca de três anos atrás, que correram risco de vida ao ousar fazer piada com a figura de Maomé. Na Holanda, como se sabe, um cineasta foi morto, esfaqueado na garganta em plena via pública, por um fanático islamista. Não preciso dizer da militante somaliana que teve de refugiar-se nos Estados Unidos por temer por sua vida, justamente em conexão com o mesmo cineasta assassinada, Theo Van Gogh.
Tampouco preciso lembrar o caso do escritor indiano-britânico Salman Rushdie, até hoje condenado a ser executado por qualquer "muçulmano fiel", que pretenda cumprir a "fatwa" decretada contra ele, a propósito de seu romance "Versos Satânicos", pelo lider religioso iraniano que comandou a revolução de 1979.
Triste contraste, sem dúvida.

Paulo Roberto de Almeida
Brasilia, 6.01.2009

2 comentários:

Anônimo disse...

Vou tentar dar um dos possíveis exemplos para aqueles que não entedem como se pode as coisas chegarem a esse nível:

Antigamente eu tinha raiva de Israel,Estados Unidos sem nem raciocinar porquê (tirando o fato daquele desejo de ser sempre do contra,e poder peitar e questionar as pessoas que se davam bem na escola,eram "os tais"),acho que por meus professores "legais e preocupados com a consciência ecológica",inteligentes porque sabiam dar a matéria muito bem, e artistas criadores de verdadeiras maravilhas musicais,atores de teatro e tv maravilhosos,espetaculares, entoavam o mesmo hino de guerra e protesto aos dois países.Aí está a nossa falta de senso,essa sim pode-se dizer a "burrice" e comodismo de boa parte dos estudantes brasileiros,considerar que: se uma pessoa é inteligente,laureada de prêmios no ramo artístico, cultural e científico,então concreta e corretamente podemos dizer que a opnião dessas pessoas é correta e não pode estar errada também no campo político e econômico.Agora imagine cada nova geração de artistas,que para aprender a desenhar vão se inspirar nos desenhos (que farão parte do gostoso processo inicial de admiração e vontade de aprender) e frequentar escolas desses mesmos cartunistas...

Anônimo disse...

O concurso é horrível. Como seria horrível um concurso de humor sobre a explosão atômica. Mas só.

Pretender que a ofensiva atual é apenas o exercício do "direito de defesa" é ignorar, deliberadamente, a funesta coincidência entre o ataque e o calendário eleitoral israelense.

Não há nada de nazista na operação; não há nem mesmo ódio, apenas o frio cálculo político. Os dirigentes de Israel fazem, numa proporção mil vezes mais horrível, o que acusamos Morales e Correa de fazerem: inventar um inimigo a combater às vésperas da eleição, e jogar sujo contra ele esperando aumentar a própria popularidade. Ao contrário das bravatas latinas, contudo, o jogo de cena dos dirigentes de Israel é embebido em sangue inocente.