quinta-feira, 8 de fevereiro de 2007

698) Concurso do Rio Branco: algumas dicas genericas sobre o TPS

Concurso do Rio Branco: algumas dicas genéricas sobre o TPS
Observações puramente pessoais...

Paulo Roberto de Almeida
(pralmeida@mac.com; www.pralmeida.org)

Acredito que cada um dos candidatos ao concurso do Instituto Rio Branco para ingresso na carreira diplomática está dando o melhor de si mesmo nesta fase final. O importante seria que cada um dos candidatos entre na prova confiante naquilo que sabe, não desesperado com o que que eventualmente não sabe. Tranqüilidade na hora de responder me parece importante, assim como saber administrar o tempo disponível da melhor forma possivel. Eu nunca fiz TPS, mas com base no que vejo, leio e ouço, talvez pudesse fazer as seguintes observações.

Uma boa cultura geral, solidamente embasada na história, é essencial para responder às questões -- tanto as de múltipla escolha, quanto as de certo ou errado -- uma vez que o sucesso se mede, não tanto pelo maior número de acertos, mas talvez pelo menor número de erros possível.
Digo isto porque certas questões me parecem fortemente impregnadas de subjetivismo, ou de interpretações divergentes, quanto não duvidosas. Assim, o que cabe é eliminar aquelas opções que são claramente anacrônicas e incongruentes e deixar as opções (duas em cinco, idealmente) plausíveis e possíveis para um exame mais detalhado. História pode diferir de Português, mas acredito que este último está em grande medida impregnado de História e mais ainda de Literatura. Portanto, colocar as leituras em seu devido contexto -- Machado, Graciliano, Freyre etc -- é importante para responder o menos erradamente possível.
Não tenho dicas a dar em matéria de Gramática, e lamento que o exame se apoie em regras formais que não acrescentam muito ao ato da boa escrita e ao da compreensão, mas essa parece a escolha dos examinadores e caberia saber as boas regras da língua. Como geralmente um mesmo texto serve de três a cinco questões, caberia, antes de comecar a responder à primeira do bloco, ler rapidamente todas as questões dessa seção, pois as formulações e argumentos de uma segunda ou terceira questão podem eventualmente ajudar nas respostas das demais.
De maneira geral, uma mirada geral na prova, antes de comecar a respondê-la, pode ajudar a melhor administrar o tempo disponível. Tenho por mim que, ao enfrentar cada questão, o candidato deve, mais do que determinar a resposta certa, de imediato, começar por eliminar aquelas opções que são claramente errôneas, por algum conceito anacrônico, alguma afirmação claramente impossível naquele contexto.
Sempre teremos, num conjunto de cinco opções, três respostas que são claramente deficientes e caberia riscá-las de imediato para se concentrar apenas nas duas outras possíveis. Isto, claro, se o candidato tiver segurança quanto ao que configura um "erro estrutural". Se as duas restantes apresentarem problemas de interpretação, subjetivismos ou impressionismos que derivam de uma compreensão particular de um determinado problema, a solução é tentar se colocar na cabeça do examinador, para saber o que ele espera daquela questão. Nesse particular, a leitura das demais questões do bloco pode ajudar, pois elas orientam para uma determinada direção. Admitindo-se que a maior parte das questões foi preparada por professores da UnB, a "cabeça do formulador" é um pouco a desses livros feitos pelos professores da UnB que estão na bibliografia oficial.
Se uma questão apresentar dificuldades maiores, melhor seguir adiante, para não perder muito tempo com ela, para poder melhor responder às demais e não ter de correr ao final. Meu principio geral seria sempre este: tentar eliminar as erradas, que são as "inconguentes", antes do que tentar acertar na "correta", pois dúvidas quanto ao acertado de uma opção sempre subsistem.
Algumas respostas parecerão óbvias, nos pontos dominados pelo candidato, outras francamente impossíveis de determinar, por pouca preparação do candidato naquela área específica. Então, a única coisa a fazer é avançar rapidamente nas áreas dominadas e voltar depois atrás para tratar das questões mais duvidosas ou mais difíceis. Eventualmente, as respostas das últimas e essa “volta atrás”, depois de ter trabalhado o conjunto da prova, cria uma segurança maior no enfrentamento das questões duvidoas. Então, como última regra, eu diria isto:
Em lugar de "arriscar" no momento alguma resposta duvidosa para passar adiante, para "liquidar", digamos assim, as questões na sua ordem sequencial original, melhor seria passar adiante, continuando a resolver as demais questões, e voltar depois aos problemas mais angustiantes, tentado sempre eliminar as erradas, não acertar a “certa”. Esta restará, talvez, por eliminação das demais.
Estas seriam as minhas observações de caráter geral sobre a prova. Desejo todo o sucesso a cada um dos candidatos, o que vem, em grande medida, com a tranquilidade, a confiança em si mesmo, e a satisfação de ter feito o melhor possível para uma preparação fundamentalmente autodidática. Acumular conhecimentos sempre é bom, para qualquer coisa da vida. Sempre estaremos melhor sabendo mais, tendo empenhado esforços no aperfeiçoamento pessoal.
Boa sorte.

Brasília, 7 fevereiro 2007.

15 comentários:

  1. Paulo,
    Primeiro, gostaria de elogiar seu apreço pelos postulantes à carreira diplomatica, expresso por sua dedicação em discutir o concurso e a preparação adequada para o ingresso no itamaraty. Mas decidi escrever para saber qual é a sua opinião sobre o possivel conteudo das questões de politica internacional no TPS. Pela bibliografia indicada é dificil tirar qualquer conclusão, pois, em conjunto, os livros formam mais um debate do que o corpo de uma teoria ou corente de pensamento. Como é possivel julgar certa ou errada a afirmação de que, por exemplo, o mundo hoje é unipolar?
    Obrigado
    João Carlos

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  2. Prezado Paulo:

    Tomei conhecimento de seu blog e seu site através do Blog da Santa. Por coincidência, sou candidato ao Instituto Rio Branco e está sendo de muita valia os textos oferecidos, bem como os posts de seu blog.
    Aspirar a carreira diplomática é, para mim, a busca de tornar profissional um modo de vida, em que sempre procurei o saber e o compartilhar idéias, de forma a reverter ao mundo a tolerância e o bem-comum tão rarefeitos nos últimos tempos.
    Fiz a mesma postulação há dezoito anos atrás, ainda imaturo e sonhador. Hoje, volto à prova, mesmo tendo-me estabelecido profissional e pessoalmente. Não só a carreira diplomática como um objetivo em si, mas também a aquisição de conhecimento faz da própria preparação para o concurso uma dádiva que levarei pela a vida.

    Um grande abraço e, quem sabe, um até breve.

    Sílvio Vasconcellos

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  3. Paulo,

    Gostaria de agradecer pelas dicas para a TPS, foram muito úteis. Gostaria de aproveitar para pedir outra dica, que livro(s) tu indicarias sobre Política Internacional, teria alguma seleção dentre os do Guia de estudos 2007?

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  4. Como livros de relações internacionais para o concurso, eu indicaria, pela ordem:

    Demetrio Magnoli: Relações internacionais: teoria e pratica (Saraiva)

    Paulo Roberto de Almeida: Os primeiros anos do século XXI: o Brasil e as relações internacionais contemporâneas (Paz e Terra)

    Nao sei se estão no Guia de Estudos, mas são os que eu indico...

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  5. Bonjour Paulo Almeida,

    Je me permets de vous écrire en langue française. Aujourd'hui, on parle beaucoup du Brésil en France comme le géant endormi. La Diplomatie brésilienne a un grand poids sur la scène internationale par ses interventions ponctuelles au nom de la paix mondiale. Vos commentaires sur les éventuels candidats aux examens de l'Itamaraty peut émmerveiller n'importe quel représentant diplomatique, même en France, l'ENA n'a pas été aussi convaincant que les l'Institut Rio Branco. Il n'en est pas moins que les Européens, plus précisément, les Français et les Anglais savent pertinament la place occupée par le Brésil dans le monde diplomatique. Je souhaite bon courage à tous les candidats brésiliens et étrangers aux examens de l'Institut Rio Branco.

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  6. Merci bien a mon correspondant anonyme, qui m'ecrit enão Francais. Je vous remercie beaucoup pour la gentillesse des commentaires, ce qui me confirme que parfois des paroles destinées a des etudiants bresiliens peuvent parfois arriver tres loin (un concept d'ailleurs perime avec l'Internet).
    A la prochaine.
    Paulo Roberto de Almeida

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  7. Caro Paulo,

    Escrevo para agradecer seu apoio aos concursantes ao IRB e expressar minha triste concordância com o apego pouco realista deste e outros concursos à norma dita "culta" da língua portuguesa. Sendo amante da literatura e da minha língua, me entristece que nada se faça para que o "pedantês" deixe de ser o idioma das comunicações oficiais e acadêmicas. No desejo de se expressar com sofisticação, produzimos textos herméticos e de leitura sofrível, distanciando cada vez mais a academia e a legislação do cidadão comum. E pior, muitas vezes pecando contra regras básicas de concordância, pontuação e gramática.
    Aliás, devo parabenizá-lo por seus textos. Seu blog todo permite uma leitura agradável, fluente e clara, com estilo e graça. Que sirva de exemplo aos futuros dplomatas, que também serão responsáveis por levar nossa bela língua e literatura ao resto do mundo. De preferência, sem esnobismos.

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  8. Meu nome e Davi tenho 17 anos e gostaria de saber quais sao as chances de eu passa na prova do Rio Branco fazendo o ensino superior fora do Brasil?

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  9. Meu caro Davi (anônimo, isto é, sem e-mail para resposta direta), de 17 anos.
    Se voce pretende fazer concurso para a carreira diplomática, eu não recomendaria você estudar fora do Brasil. Fique por aqui mesmo e comece a ler, desde já, a bibliografia recomendada para o concurso. No meu site (pralmeida.org) eu tenho uma lista resumida de leituras, não leituras resumidas, mas a lista de livros reduzida ao essencial.
    Mas, abandone desde já as porcarias que existem na TV (com exceção dos filmes em inglês para treinar a língua) e mergulhe na leitura de bons romances, boa literatura brasileira, e sobretudo livros de estudo. Tente ler, na Internet, jornais internacionais como The New York Times, Finacial Times, The Economist.
    Boa sorte, dedicação sem falha aos estudos e perseverança, é o que eu recomendo...

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  10. Essa pergunta pode parecer imbecil, mas o que significa TPS?

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  11. Danilo Bueno,
    TPS é o primeiro exame de ingresso no concurso do Rio Branco, hoje não mais existente, segundo entendo, substituído por outra modalidade de avaliação, mas que conserva o mesmo ritual de perguntas objetivas (múltipla escolha ou verdadeiro-falso) sobre uma infinidade de questões, geralmente uma amostra das provas setoriais. Pode ser chamado, talvez cruelmente, de exame "genocídio", pois ele costuma eliminar a grande maioria dos candidatos, sobrando alguns 300 (mas não de Esparta) para contar a história, ou seja, para continuar as demais provas eliminatórias e seletivas.
    Tudo isto está explicado no Edital do Concurso do Rio Branco e no Guia de Estudos.
    Boa sorte.

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  12. Este comentário foi removido pelo autor.

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  13. Hanna,
    Eu nao conheço, em nenhum lugar do mundo, um curso do ciclo médio que prepare para a diplomacia, aliás nem do ciclo superior, com exceção talvez de alguns cursos de Relações Internacionais cuja grade curricular seja inteiramente calcada sobre os exames de entrada no Rio Branco.
    Aconselho voce a fazer o curso médio normal, de sua cidade, e ir lendo, em paralelo, todos os livros listados na bibliografia do Guia de Estudos para o concurso do Rio Branco.
    Voce ainda tem longos anos pela frente, o que significa que terá tempo de ler três vezes toda a bibliografia recomendada. Mas comece hoje mesmo.
    PRA

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  14. Obrigada pelo conselho.
    Vou procurar ler os livros.

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  15. Prezado Paulo,

    Ainda tenho dúvidas no que se refere ao IRB. Gostaria de ter acesso à grade curricular da instituição, mas não a encontro no sítio do MRE. Ficaria muito grato caso pudesse contar com sua ajuda.

    Parabéns pelo blog!
    Um Abraço,

    Fernando.

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