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Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

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sexta-feira, 24 de outubro de 2014

O que poderia ter sido: o primeiro discurso da Presidente eleita em 2010 - Mansueto Almeida


Mansueto Almeida relembra o primeiro discurso da presidente eleita em 2010.
Vale a pena ver de novo, como diria um antigo programa vespertino de televisão.
Na sequência, vou colocar o discurso que ela poderia ter pronunciado, e não fez, mas eu ajudo ainda assim.
Paulo Roberto de Almeida

O primeiro discurso da Presidente eleita em 2010

Dado que chegamos nesta reta final das eleições, talvez seja interessante julgar a candidata Dilma pelo que ela prometeu para os brasileiros logo após ser eleita e o que conseguiu entregar. Clique aqui para ler o primeiro discurso da presidente Dilma depois de eleita em 2010. Quero destacar alguns pontos com rápidos comentários:
(1) “É simplesmente incrível a capacidade de criar e empreender do nosso povo. Por isso, reforço aqui meu compromisso fundamental: a erradicação da miséria e a criação de oportunidades para todos os brasileiros e brasileiras.”
 …. A erradicação da miséria nos próximos anos é, assim, uma meta que assumo, mas para a qual peço humildemente o apoio de todos que possam ajudar o país no trabalho de superar esse abismo que ainda nos separa de ser uma nação desenvolvida”
Bom, apesar dos nossos avanços sociais, não apenas no Brasil mas na América Latina, depois de uma década com o vento soprando a favor o governo Dilma termina com a estagnação da queda da desigualdade de renda e, como era esperado, o Brasil ainda não conseguiu erradicar a miséria. Segundo análise do IETS, o número de indigentes no ano passado passou 5,8% para 6% da população, ou seja, no Brasil, há 11,1 milhões de indigentes.
No Brasil, existe um debate sobre a faixa de renda utilizada para definir se uma pessoa é ou não indigente. O IETS utiliza como linha da miséria o valor de R$ 123. O governo, em 2014, reajustou em maio a linha da miséria de R$ 70 para R$ 77 per capita. Mas mesmo com a linha de corte anterior de R$ 70, o IPEA calculava que existiam 6,5 milhões de indigentes no Brasil em 2012 – ver matéria da Folha aqui.
A verdade é que, no Brasil, temos um número de indigentes acima de 10 milhões e, assim, se você encontrar algum deles na rua diga que ele não existe, segundo a promessa de campanha da presidenta eleita Dilma em 2010.
(2) “No curto prazo, não contaremos com a pujança das economias desenvolvidas para impulsionar nosso crescimento. Por isso, se tornam ainda mais importantes nossas próprias políticas, nosso próprio mercado, nossa própria poupança e nossas próprias decisões econômicas.
Longe de dizer, com isso, que pretendamos fechar o país ao mundo. Muito ao contrário, continuaremos propugnando pela ampla abertura das relações comerciais e pelo fim do protecionismo dos países ricos, que impede as nações pobres de realizar plenamente suas vocações.”
Hoje, a presidenta e sua equipe econômica falam que não conseguiram entregar o que prometeram por causa da (maldita) crise externa. No entanto, quando eleita, em 2010, a presidenta Dilma falou de forma muito clara que “não contaremos com a pujança das economias desenvolvidas para impulsionar nosso crescimento” e que o crescimento dependeria de nossas própria políticas. Isso mesmo, corretíssimo! Mas as políticas do seu governo nos levou para situação atual de estagnação econômica.
O segundo parágrafo acima nem merece comentário. A presidente adotou políticas protecionistas com convicção e prejudicou o país de “realizar plenamente suas vocações”.
(3) “Cuidaremos de nossa economia com toda responsabilidade. O povo brasileiro não aceita mais a inflação como solução irresponsável para eventuais desequilíbrios. O povo brasileiro não aceita que governos gastem acima do que seja sustentável…..Por isso, faremos todos os esforços pela melhoria da qualidade do gasto público, pela simplificação e atenuação da tributação e pela qualificação dos serviços públicos.”
Adoro essa parte do discurso. No entanto, mais uma vez, o que o governo fez foi o contrário do que a presidenta prometeu no seu discurso de posse. A inflação média do governo Dilma será de 6,2% ao ano, acima da inflação média do segundo governo Lula (5,7% ao ano), apesar do crescimento que este ano será próximo de “zero” e do baixo crescimento econômico ao longo do seu mandato.
E o governo gastou muito acima do sustentável. O superávit primário do setor público, em 12 meses até agosto, foi de 0,9% do PIB, mas quando se desconta receitas extraordinárias e despesas que tiveram o seu pagamento postergado, esse superávit se transforma em um déficit primário de 0,3% do PIB (ver meu artigo do valor).
Em quatro anos de governo Dilma, o crescimento da despesa primaria do governo central será de 2,2 pontos do PIB, valor muito próximo ao observado nos doze anos anteriores ao governo Dilma, quando essa despesa cresceu 2,4 pontos do PIB. Ou seja, baseado nas palavras da presidenta eleita, em 2010, chegou a hora de mandar ela e sua equipe econômica para casa.
(4) “Zelaremos pela meritocracia no funcionalismo e pela excelência do serviço público.
“As agências reguladoras terão todo respaldo para atuar com determinação e autonomia, voltadas para a promoção da inovação, da saudável concorrência e da efetividade dos setores regulados.
Reafirmo aqui estes compromissos. Nomearei ministros e equipes de primeira qualidade para realizar esses objetivos.
Vou valorizar os quadros profissionais da administração pública, independente de filiação partidária…..Ao mesmo tempo, afirmo com clareza que valorizarei a transparência na administração pública.
Será que as nomeações do governo Dilma são exemplos de meritocracia? Não vou responder. Será que as agências reguladoras trabalharam de forma independente? Isso não parece ter sido o caso. Ao contrário. Soubemos recentemente que servidores da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) elaboraram um documento no qual temem pelo desmonte da agência (ler aqui).
Mas talvez o maior desvio do discurso de pose da presidente tenha sido em relação ao “afirmo com clareza que valorizarei a transparência na administração pública”. Bom, uma das maiores marcas deste governo foi o uso e abuso do que passou a ser chamado de “contabilidade criativa” para fechar as contas fiscais.
Esses truques começaram, em 2012, e desde então o governo vem aperfeiçoando sua lista de truques que alcançou até mesmo o pagamento dos benefícios sociais pela Caixa Econômica Federal (CEF), que fazia os pagamento mas recebia com atraso os repasses do Tesouro Nacional. Se você que entender alguns dos truques contábeis deste governo recomendo a leitura de alguns dos posts deste blog: (1) Sobre truques fiscais e a contabilidade criativa; (2) O menu de truques contábeis; (3) Truques com custo fiscal do PSI, (4) Houdini, Tesouro e Caixa Econômica Federal – 3.
Infelizmente, a presidenta Dilma não conseguiu cumprir muito do que prometeu no seu discurso de posse de 2010, logo após ser eleita presidente do Brasil. O que mais me impressiona hoje é o governo querer culpar a crise mundial quando, em 2010, a presidente eleita deixou muito claro que:
“…..não contaremos com a pujança das economias desenvolvidas para impulsionar nosso crescimento. Por isso, se tornam ainda mais importantes nossas próprias políticas, nosso próprio mercado, nossa própria poupança e nossas próprias decisões econômicas”.

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Pausa para... espirito natalino: Jesus na era das TICs

Se Jesus não tivesse nascido 2 mil anos atrás, mas agora, na era das tecnologias da informação e das comunicações, como seria todo o processo?
Bem, não muito diferente, mas basicamente virtual, digamos assim:

Confiram:

http://www.youtube.com/watch?v=dV34UtM8_bQ&feature=player_embedded

domingo, 19 de dezembro de 2010

O ano segundo a The Economist

The world this year
 The Economist, December 16th 2010

High levels of public debt among countries in the euro zone turned into a full-blown crisis for the currency block. As markets began to lose confidence in the ability of a few countries to finance their debt, and rapidly pushed up their borrowing costs, the European Union and the IMF eventually resolved to bail out Greece and, later, Ireland. Investors also fretted over Spain and Portugal. Measures to tackle budget deficits were met with protests, especially in Greece, which endured strikes and riots. In France 1m people demonstrated against pension reforms in a single day.

As Europe tightened its fiscal belt, America passed more stimulus measures. Barack Obama also signed into law the most sweeping changes to America’s financial-regulatory system since the 1930s and a health-care reform act that was hailed by many as America’s most significant piece of social legislation since the 1960s. Conservatives challenged the act in the courts.

Unease about deficits and the “jobless recovery” were factors behind the increasing clout of tea-partiers in America. With their support the Republicans scored a sensational win in a special election for Ted Kennedy’s former Senate seat in Massachusetts. November’s mid-term elections saw the Democrats swept from power in the House by the biggest swing to the Republicans in decades. Congress ended the year on its lowest-ever Gallup approval rating—13%.

In China the main worry was of an overheating economy. The central bank unexpectedly raised interest rates for the first time in three years amid concerns about inflation. Official trade statistics showed China had overtaken Germany as the world’s biggest exporter. Tensions over currency policy were at the forefront during summits of the G20 and IMF.

Google had a spat with China over censorship and a cyber-attack on its website there, causing it to redirect its Chinese internet searches through Hong Kong. Separately, Google, Facebook and others promised to do more to protect privacy after an outcry about their handling of users’ personal data.

The year of living dangerously
An earthquake in Haiti was a humanitarian disaster, killing at least 230,000 people and leaving 1m homeless. The quake devastated Port-au-Prince and left swathes of the country’s fragile infrastructure in ruins. A deadly outbreak of cholera later in the year and political unrest compounded the misery.

Drifting ash clouds emanating from a volcano in Iceland led to the closure of European air space for several days, causing the biggest disruption to worldwide air travel since September 11th 2001.

American combat operations ended in Iraq, seven years after the start of the war. Around 50,000 troops remain in a support role until the end of 2011. Iraq continued to be troubled by violence and suicide-bombs after the Americans departed. An election was held in March, though a new government didn’t begin to emerge until November.

The war in Afghanistan rumbled on. Coalition troops mounted their biggest offensive against the Taliban since 2001. The deaths of civilians in targeted missile attacks aimed at the Taliban and al-Qaeda caused rows. General Stanley McChrystal was sacked as commander of coalition forces after a magazine published an interview in which he disparaged the handling of the war by America’s civilian leadership. General David Petraeus took charge.

Pakistan endured another year of severe terrorist attacks, starting on January 1st when a suicide-bomber killed 100 people at a volleyball match. In July, the Pakistani Taliban claimed responsibility for huge blasts at a Sufi shrine in Lahore and at a market in the tribal area. Rioting in Karachi after the assassination of a politician killed scores. Relentless flooding from exceptionally heavy monsoon rains affected 20m people, adding to the country’s woes.

Among the year’s other deadliest terror attacks were co-ordinated bombings at two crowded bars in Kampala, the Ugandan capital. The Shabab, a Somali Islamist militia, claimed responsibility.

The heat is on
A spate of terrorist assaults in Russia, including a suicide-bombing on the Moscow metro, killed scores of people. Chechen separatists were blamed. The hottest summer in Russian history resulted in hundreds of wildfires, causing a public-health crisis in Moscow when smoke enveloped the city.

A spoof broadcast in Georgia claiming that Russia had invaded the country caused panic. The bulletin, using imagery from the 2008 Russia-Georgia war, prompted people to flee Tbilisi, the capital.

After months of cajoling, Israel and the Palestinians sat around the table for direct talks, though the negotiations soon broke down over the building of Jewish settlements on the West Bank. The American-Israeli relationship became somewhat strained.

Israeli intelligence was said to be behind the assassination of a senior Hamas military leader, who was killed at a hotel in Dubai. A diplomatic row ensued when it emerged that the assassins had travelled under the stolen identities of European and Australian citizens. There was another international ruckus when Israeli commandos shot dead nine people on a Turkish ship with humanitarian supplies bound for Gaza.

The world cheered when all 33 men trapped underground for 69 days at a mine in Chile were brought safely to the surface. But mining accidents in China, Russia, West Virginia, New Zealand and Turkey each killed dozens of workers.

An election in Britain saw Labour booted out of power after 13 years. The Conservatives emerged as the biggest party but without an overall majority. After a few tense days of talks, the Conservatives formed a coalition (the first in Britain since the 1940s) with the Liberal Democrats, who came third at the polls. The new government, led by David Cameron, embarked on a radical programme of spending cuts.

Joyful and triumphant
In other big elections, Dilma Rousseff won the presidency in Brazil, the first woman to do so. Julia Gillard became Australia’s first female prime minister after ousting Kevin Rudd; she kept the job after a subsequent election. For the first time in 50 years Chile elected a conservative president, Sebastián Piñera. Mahinda Rajapaksa was re-elected as Sri Lanka’s president; his opponent was arrested soon after. Benigno Aquino won a presidential election in the Philippines; he is the son of a late president, Corazon “Cory” Aquino. And Viktor Yanukovich was elected president of Ukraine, though Yulia Tymoshenko, his opponent, mounted a brief challenge to the result in court.

Poland’s president, Lech Kaczynski, was killed in a plane crash near Smolensk, Russia, along with the head of Poland’s central bank, senior diplomats and military leaders. The ensuing presidential election was won by Bronislaw Komorowski, who defeated Mr Kaczynski’s twin brother, Jaroslaw.

An explosion at a BP well in the Gulf of Mexico in April killed 11 men and caused the world’s biggest civilian oil spill to date, before the wellhead on the sea floor was finally sealed in September. The catastrophe forced a halt to commercial fishing in the area and a moratorium on drilling. The Obama administration faced sustained criticism of its handling of the crisis. BP’s share price slumped, wiping out almost half its stockmarket value. In December America launched a lawsuit against BP and other companies potentially liable for the spill for billions of dollars in damages.

North Korea’s increasingly bellicose attitude towards South Korea rattled the world. The sinking of a South Korean navy ship with the loss of 46 sailors was blamed on a torpedo attack by the North. Later in the year the North launched an artillery barrage against a tiny South Korean island. Kim Jong Un, the youngest son of Kim Jong Il, North Korea’s ailing Dear Leader, moved up the ranks as heir apparent.

Naoto Kan became Japan’s third prime minister within two years when Yukio Hatoyama resigned after reneging on a promise to remove the American marine base near Okinawa.

A recall of Toyota vehicles in America amid reportsof sticking accelerator pedals proved to be a public-relations disaster for the carmaker, compelling its boss to apologise at a congressional hearing.

There was more turmoil in Thailand when red-shirted opposition protesters set up an encampment in central Bangkok. After a two-month stand-off the army moved in to clear the streets; 50 people were killed in the resulting clashes.

Aung San Suu Kyi was released from house arrest by Myanmar’s ruling military junta. She had spent much of the past 20 years in detention and was freed after Myanmar’s first national election since 1990. The ballot was rigged to favour the junta’s candidates.

Goodluck Jonathan became president of Nigeria when the ailing and absent Umaru Yar’Adua was deemed too ill to continue in office (he died in May). There was further bloody conflict along ethnic lines between Christians and Muslims near the city of Jos.

Ethnic rioting in Kyrgyzstan between Kyrgyz and Uzbeks in the south of the country displaced hundreds of thousands and threatened to turn into a civil war.

The “hot potato” effect
Stockmarkets around the world had a bumpy year, none more so than the Dow Jones Industrial Average, which plunged dramatically within a matter of minutes on May 6th, only to recover the losses some 20 minutes later. An investigation found that a poorly executed algorithmic trade was at the root of the “flash crash”.

Kraft Foods bought Cadbury in a $19 billion takeover, one of the biggest of the year, though the sale was contentious. After stepping down as Cadbury’s chairman, Roger Carr said that Britain had become “the most open goal of almost any country…in terms of foreign takeovers”. Mr Carr becomes head of the Confederation of British Industry in June.

All I want for Christmas…
Apple started selling the iPad, a computer tablet that looked set to revolutionise digital publishing. Apple overtook Microsoft as the world’s biggest technology company.

Among the year’s sporting events, the winter Olympics were hosted by Vancouver, the World Cup was held in South Africa (and won for the first time by Spain) and the Commonwealth games took place in Delhi, though some competitors threatened to pull out because of poor hygienic conditions at the athletes’ village. An annual event in England where challengers chase a wheel of cheese down a hill was officially cancelled on health-and-safety grounds.