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segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Mudanca na Estrategia Brasileira de Comercio - Rubens Ricupero


Recuo no comércio: estratégia ou tática?

Rubens Ricupero
Folha de São Paulo, segunda feira 1/10/2012, p. A-15

      Ninguém notou a mais importante mudança da política externa da presidente Dilma em relação ao governo Lula: o abandono das negociações da Rodada Doha da Organização Mundial de Comércio (OMC).
Não é que se tenha anunciado isso de modo formal. Mas, ao aumentar as tarifas de uma centena de produtos, o governo sinalizou que no fundo já não acredita mais na possibilidade de conclusão da Rodada. Com efeito, a fim de ganhar algo nas negociações, o Brasil precisaria não só se abster de agravar a proteção, mas teria de efetuar reduções adicionais significativas nas tarifas de manufaturas.
Era o que o governo Lula havia aceito em julho de 2008 quando, junto com a Europa, fomos os protagonistas da última tentativa séria de garantir o êxito da Rodada, abortada pela recusa simétrica dos EUA, de um lado e da Índia e China, do outro.
Desde então nos retraímos e agora ingressamos em zona controvertida: praticamente voltamos as costas à estratégia de dar prioridade às negociações multilaterais da OMC, seguida por todos os governos brasileiros das décadas recentes. No governo Lula, a posição de privilegiar a OMC a fim de obter ganhos em agricultura se tornou uma das razões principais do prestígio e da credibilidade conquistadas pelo país nos foros internacionais.
Por que então a mudança súbita? Não se trata obviamente de capricho ou ideologia. A explicação é que a crise de competitividade, sobretudo da indústria, atingiu seu ponto crítico. O Brasil perdeu a capacidade de negociar acordos comerciais, multilaterais ou de qualquer tipo. Como viabilizar acordos que exigem concessões se essas vão expor ainda mais setores que mal se mantêm de pé apesar de doses maciças de anabolizantes?
É por isso que se supõe que o retrocesso (pois é disso que se trata) seja de ordem tática. Isto é, que se destina a ganhar tempo para que se recupere a competitividade. De nada serve pretender que não é protecionismo e sim medidas de defesa comercial. Essas últimas – antidumping, taxas compensatórias, salvaguardas – só podem ser aplicadas mediante processo regulamentado pela OMC. A ação brasileira não foi ilegal, mas teve caráter unilateral, não obedeceu ao formato das medidas de defesa e certamente violou o compromisso adotado pelos membros do G20 no sentido de não agravarem o nível de proteção.
Falta autoridade moral a Washington para protestar, pois a administração Obama deve ser o governo americano com menor contribuição à liberalização do comércio mundial de que se tem memória. Porém, o ponto não é esse. Se o governo brasileiro entendeu que não tinha alternativa do que dar esse grave passo, certamente o terá feito por dispor de estratégia coerente. Estratégia não só para melhorar as condições de competitividade, como começou a fazer parcialmente com redução de juros, correção do câmbio e anúncios sobre custo da eletricidade e melhoria de infraestrutura.
Se o esforço der certo, ainda será necessário ao Brasil ampliar seus mercados. Ao abrir, para isso, mão da OMC, só nos sobra o combalido Mercosul, que não convence ninguém como estratégia global. Será que temos efetivamente essa estratégia? 

domingo, 22 de julho de 2012

Dez anos depois: uma entrevista censuravel - PRA nas Paginas Amarelas de Veja

De vez em quando eu mesmo acabo "caindo" em material antigo, como por exemplo esta entrevista concedida por mim às Páginas Amarelas da Revista Veja.
Teve gente que não gostou, na Santa Casa, e até hoje me pergunto o que eu disse que pudesse contrariar de modo tão direto a política externa oficial para justificar uma censura escrita, a primeira de três.
Paulo Roberto de Almeida 

Ricos e arrogantes

Especialista em relações internacionais
diz que os países desenvolvidos agem de
forma desleal com seus parceiros pobres


Cristiana Baptista
Revista Veja, Edição 1 723 - 24 de outubro de 2001
Ron Sachs/CNP
"O Brasil é competitivo na área agrícola, assim como os americanos o são em tecnologia. A abertura tem de ser recíproca"
O sociólogo Paulo Roberto de Almeida, 50 anos, é autor de sete livros sobre comércio internacional. Outros três serão lançados nos próximos meses. São Os Primeiros Anos do Século XXI: Relações Internacionais Contemporâneas, com as atualizações que se mostraram necessárias depois dos atentados terroristas nos Estados Unidos, e Formação da Diplomacia Econômica no Brasil, os dois em português. Além desses, ele é autor de um livro de história brasileira destinado a leitores estrangeiros, que está sendo editado na França. Ultimamente, ele tem se interessado pela hipocrisia que norteia as relações de troca entre os países ricos e as nações pobres.
Em artigo publicado recentemente no jornal O Estado de S. Paulo, Paulo Roberto de Almeida demoliu com argumentos avassaladores as idéias fora do lugar de Luís Inácio Lula da Silva, candidato do PT à Presidência da República, que defendeu a política agrícola européia, viciada em proteção excessiva e subsídios e altamente nociva aos interesses brasileiros. Paulo Roberto de Almeida vive atualmente em Washington, nos Estados Unidos.
Veja – Os países ricos são hipócritas por pregar o livre comércio para os outros ao mesmo tempo que erguem barreiras protecionistas em torno de suas economias. Há alguma chance de eles mudarem de atitude? 
Almeida – Não. É desalentador constatar que os países mais avançados, amparados nas melhores teorias econômicas, preconizam as virtudes do livre comércio, mas estão longe de praticá-lo. Os Estados Unidos têm um déficit comercial de 400 bilhões de dólares ao ano e são de longe a economia mais aberta do planeta, mas em relação a uma gama de produtos, que por acaso coincidem com nossos principais bens de exportação – especialmente na área agrícola –, os americanos praticam um protecionismo renitente, com a utilização de barreiras não-tarifárias de diversos tipos. Isso sem falar dos subsídios maciços com que adubam sua agricultura. Para outros produtos, como o aço, existem medidas anti-dumping que também são abusivas. Não é preciso lembrar os efeitos nefastos que o protecionismo agrícola da União Européia provoca não só em nossas exportações, mas no comércio internacional como um todo. Os europeus praticam não apenas um protecionismo para dentro, ou seja, restringem o ingresso de produtos de outros países em seus mercados. Eles também praticam uma concorrência desleal para fora, na medida em que subvencionam pesadamente as exportações de determinados bens que poderiam ser vendidos por países produtores agrícolas não-subvencionistas. O protecionismo agrícola é certamente um obstáculo importante porque penaliza uma parte substancial do comércio exterior brasileiro. Os subsídios internos também são um fator relevante à medida que eles distorcem os preços. Se alguém dá subsídios aos produtores de soja, por exemplo, faz com que os preços caiam nos mercados internacionais, e isso penaliza produtores não-subsidiados.

Veja – No caso do aço, eles têm alguma razão econômica indiscutível para sobretaxar o produto brasileiro?
Almeida – 
O aço é uma das indústrias tradicionais americanas. Ela emprega centenas de milhares de pessoas e patrocina um dos mais ativos e bem-sucedidos lobbies dos Estados Unidos. As siderúrgicas americanas por força do lobby vêm mantendo como verdadeira a idéia falsa de que o aço estrangeiro é vendido a preço baixo em seu mercado apenas porque os países exportadores praticam o dumping – o rebaixamento irreal e, no caso do comércio internacional, ilegal de preços. Isso é uma falsidade. O Brasil consegue vender produtos siderúrgicos a preços mais baixos que os Estados Unidos pela simples razão de que nossa indústria, nesse setor, é mais eficiente. A siderurgia brasileira é mais competitiva que a americana. Obviamente existem fatores naturais que nos favorecem, como a proximidade das jazidas e a qualidade do minério. Mas, em modernização tecnológica, a siderurgia brasileira dá um banho na americana. Por isso ela recorre aos lobbies e abusivamente acusa o Brasil de fazer dumping. Como vimos, são alegações sem fundamento.

Veja – Os países ricos estão sendo sinceros quando criam dificuldades ao comércio das nações em desenvolvimento em nome da preservação ambiental ou da coibição do trabalho infantil?
Almeida – A intenção declarada é a mais meritória possível: defender o meio ambiente e melhorar as condições de trabalho dos operários. Na prática, sabemos que tais cláusulas acabam atuando em detrimento dos países em desenvolvimento e justificando medidas protecionistas abusivas, a pretexto de defender regras "leais de comércio". O Brasil não tem nada a temer nesse tipo de questão. Não apenas porque possuímos uma legislação ambiental adequada, mas também porque nossas empresas exportadoras apresentam alto grau de conformidade com os princípios mais modernos do ciclo de vida dos produtos. No plano trabalhista, igualmente, o Brasil aderiu à maior parte das convenções internacionais que defendem direitos dos trabalhadores e liberdade sindical. Em muitos pontos estamos à frente dos Estados Unidos, que exibem um registro pouco lisonjeiro nessa área.

Veja – Luís Inácio Lula da Silva, candidato do PT à Presidência da República, afirmou que a Europa tem lá suas razões para defender a agricultura com subsídios e barreiras. A política agrícola européia é defensável?
Almeida – Não. A política européia está em total contradição com o que os europeus pregam sobre abertura econômica, competição leal e livre concorrência. A questão central, a meu ver, não é dar dinheiro aos agricultores. Se os europeus acharem que devem subsidiar a agricultura, é uma questão interna deles. O condenável é barrar a competição de fora tanto na Europa quanto nos países onde eles vendem seus produtos. Se achar certo, o governo francês tem todo o direito de levar os agricultores a Paris, hospedá-los nos melhores hotéis da Avenida Champs-Élysées e ainda pagar um bônus para eles se divertirem. Esse não é o ponto. Essas mordomias até sairiam mais baratas que a política agrícola européia atual. Os europeus gastam 60 bilhões de dólares por ano em subvenções agrícolas. Eles que gastem como quiserem o dinheiro público. O problema começa quando eles, além disso, usam mecanismos francamente condenáveis para barrar a competição externa. Obviamente, está-se diante de um grave problema de eficiência. A competição externa permitiria baixar à metade o preço da cesta de comidas típicas dos europeus. Não há legitimidade na defesa da política agrícola européia.

Veja – Lula a defendeu...
Almeida – Não posso acreditar que líderes políticos defendam uma guerra de subsídios. Isso claramente não é do interesse nacional. Não tenho nada contra o fato de que os europeus façam o que quiserem com seu dinheiro. Mas interessa a todos os brasileiros e deveria interessar também aos partidos de oposição que o mercado mundial funcione com regras leais de competição. Por lealdade, entendo uma situação em que os produtos brasileiros recebam na Europa o mesmo tratamento que os europeus recebem no Brasil.

Veja – Como avançar diplomaticamente nesse campo, em que os países ricos mostram tanta intransigência?
Almeida – Com negociação. Há muito tempo o Brasil vem insistindo na abertura dos mercados agrícolas, assim como os Estados Unidos e os europeus insistem em regras para a proteção da propriedade intelectual. Cada grupo de países tem seus interesses. O Brasil é competitivo na área agrícola, assim como os americanos o são em tecnologia e propriedade intelectual. Queremos que essas áreas sejam negociadas da mesma forma. A abertura precisa ser recíproca. O papel dos países ricos no comércio mundial tem de sofrer uma mudança radical. Internamente, eles precisam aceitar mais competição. Mas o dano maior que causam é pela maneira ilegal como massacram os produtos originários de países pobres nos mercados não-europeus. Ao subsidiar seus produtores rurais, os europeus estão arruinando os produtores agrícolas dos países pobres. Essa situação não pode continuar.

Veja – É correta a alegação de que uma maior abertura da Europa aos produtos agrícolas importados arruinaria a economia da região?
Almeida – Não. Está provado por uma série de evidências recentes que abertura comercial não tem relação direta e causal com problemas econômicos internos. Os Estados Unidos ostentam um déficit comercial anual de 400 bilhões de dólares e são a economia mais aberta do planeta. Poucas vozes aqui relacionam os problemas atuais da economia americana com o grau de abertura de seu mercado. Outras duas economias que estão entre as mais abertas do mundo, Cingapura e Holanda, são também altamente desenvolvidas. Os países podem ter problemas internos em quaisquer circunstâncias, com ou sem abertura da economia. A idéia de que praticar o livre comércio de duas vias pode fazer as economias entrar em colapso é retrógrada. Essa visão corresponde a uma concepção mercantilista do comércio e da economia internacional que não tem mais razão de ser em nossa época. A União Européia, uma potência comercial e nosso mais importante parceiro econômico, é protecionista e desleal. Ponto. Agindo assim, a Europa provoca efeitos econômicos danosos a si própria e ao bom funcionamento do comércio mundial.

Veja – Com terrorismo e recessão, podemos estar entrando numa fase de retrocesso da globalização?
Almeida – Não acredito. Uma série de medidas já foram tomadas para inverter essa tendência recessiva. E não acho que haja uma tendência à volta ao protecionismo.

Veja – A crise argentina e as dificuldades enfrentadas por Brasil, Uruguai e Paraguai estão enfraquecendo os laços criados pelo Mercosul. O senhor acredita na eficiência e sobrevivência dos blocos econômicos regionais?
Almeida – A União Européia começou em 1957 e levou praticamente quarenta anos para ser totalmente constituída. Ela alternou momentos de euforia, de crescimento, de recessão, pessimismo e otimismo. O Mercosul tem apenas dez anos. Ele cresceu extraordinariamente nesse período. Hoje enfrenta dificuldades temporárias que serão certamente superadas.

Veja – Depois dos atentados terroristas aos Estados Unidos, o senhor sentiu necessidade de revisar seu livro Os Primeiros Anos do Século XXI: Relações Internacionais Contemporâneas, que está prestes a ser publicado. O que mudou na situação mundial?
Almeida – Talvez não seja totalmente correto afirmar que o mundo mudou radicalmente com essa ação espetacular do terrorismo fundamentalista, mas é absolutamente certo que a agenda internacional já é outra. A prioridade agora são os temas de segurança e a luta contra as redes de terroristas. O Brasil também partilha essas preocupações, ainda que não seja alvo provável de atentados. As prioridades centradas na questão do desenvolvimento passaram para o segundo plano.

Veja – Por que o comércio internacional é sempre uma questão tensa e confusa?
Almeida – Porque ele funciona de uma maneira que não é exatamente a esperada pelo senso comum. O comércio internacional não pode ser uma via de mão única. A visão mercantilista, segundo a qual exportar é bom e importar é ruim, não cabe mais nos tempos de hoje. Isso não corresponde à realidade econômica dos países em geral, nem do Brasil em particular. Quando o país importa ele moderniza sua economia e passa a estar qualificado também para exportar mais e melhor. Precisamos certamente exportar mais, mas isso também não significa dizer que precisamos voltar a ter saldos superavitários estrondosos como nos anos 80, quando eles chegavam a 12 bilhões de dólares ao ano.

Veja – Os produtos brasileiros são competitivos no mercado internacional?
Almeida – O Brasil é bastante competitivo em alguns setores e perde feio em outros. Mas diferenciais de competitividade e de produtividade não podem ser de nenhuma maneira invocados como justificativas para o protecionismo, sobretudo quando levados às raias do absurdo comercial e do irracionalismo econômico, como acontece com a política agrícola européia. Na verdade, a competitividade agrícola brasileira não deixa nada a desejar quando confrontada à da Europa ou dos Estados Unidos, com exceção de poucos setores de notória especialização e de alta intensidade tecnológica. De fato, é justamente por ser competitivo que o Brasil está sendo penalizado no acesso ao mercado europeu de alimentos e insumos processados.

Veja – O Brasil está finalmente descobrindo que uma das funções dos diplomatas é vender a imagem do país no exterior e com isso facilitar os negócios?
Almeida – O Brasil descobriu que precisa criar uma cultura exportadora. Como todo grande país, ele está voltado para dentro. Isso também acontece com os Estados Unidos. O comércio exterior ocupa um pedaço muito pequeno na economia brasileira, algo como 10% do produto nacional bruto. Agora, a condição para que o Brasil se desenvolva, para que a população tenha um progresso social, uma melhoria no padrão de vida, um aumento na renda, é a inserção bem-sucedida do país no comércio internacional. O Mercosul e a abertura econômica foram passos importantes nesse sentido, mas é preciso avançar mais. 

segunda-feira, 28 de maio de 2012

Comercio do Brasil: expandindo fronteiras

Não é verdade que o Brasil, ou o Mercosul, são incapazes de fazer acordos comerciais significativos.
Agora mesmo tivemos um exemplo do dinamismo do comércio internacional do Brasil, conforme matéria abaixo:

May 22, 2012
St. Kitts and Nevis – Brazil Sign Trade Agreement
St. Kitts and Nevis’ Prime Minister, the Right Hon. Dr. Denzil L. Douglas has declared the twin-island Federation “now the only Caribbean country with almost zero-tariff access to the Brazilian market.”
The Prime Minister made this observation during the signing ceremony of the Partial Scope Agreement between St Kitts & Nevis and Brazil on Friday 11 May 2012 in Basseterre, ST Kitts & Nevis.
He added that “Manufacturers currently based in St. Kitts and Nevis, therefore, or those who move here will now, by definition, have an advantage vis-à-vis their competitors where access to the Brazilian market is concerned. This enhanced attractiveness of St.  Kitts and Nevis as a manufacturing base will, in turn, mean additional employment, additional entrepreneurial opportunities, and increased revenue inflows for our Federation,”
Under the Partial Scope Agreement, St Kitts and Nevis will benefit through preferential access to the Brazilian market for its electronics products manufactured by the enclave sector which is located in Basseterre and Sandy Point. Similar access is being requested for beverages, specific agricultural and other light manufactured products.
from left to right - Hon. Minister of International Trade, Industry, Commerce and Consumer Affairs - Dr. Hon. Timothy Harris; next to him is the Permanent Secretary of that Ministry - Mr. Charleton Edwards. Next to Mr. Edwards is Brazil’s Special Envoy, His Excellency Ruy Pereira; next to him is the CFTC Technical Expert -Andrew Satney, Trade Policy Adviser to the Government of St. Kitts and Nevis © Erasmus Williams
Photo: from left to right - Hon. Minister of International Trade, Industry, Commerce and Consumer Affairs - Dr. Hon. Timothy Harris; next to him is the Permanent Secretary of that Ministry - Mr. Charleton Edwards. Next to Mr. Edwards is Brazil’s Special Envoy, His Excellency Ruy Pereira; next to him is the CFTC Technical Expert -Andrew Satney, Trade Policy Adviser to the Government of St. Kitts and Nevis © Erasmus Williams
The Commonwealth Secretariat under the auspices of the Commonwealth Fund for Technical Cooperation (CFTC) is providing technical assistance in the form of  long term Trade  Technical Adviser, Mr. Andrew Satney, who is embedded in the Ministry of International Trade Industry and Consumer Affairs, St Kitts & Nevis. Over the past two years he has provided technical support towards the accession process. Mr. Satney will continue to provide technical support through ratification and implementation process for another year.
At the signing ceremony, addresses were also delivered by St. Kitts and Nevis’ Minister of International Trade, Senior Minister, Dr. the Hon. Timothy Harris, Brazil’s Resident Ambassador, His Excellency Miguel Magalhaes and Ambassador Pereira. Several government officials and private sector representatives were also in attendance.

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Council on Hemispheric Affairs - Mercosur Future



After decades of chronic political unrest within a number Latin American countries, that featured complex transnational relations within the region, multilateral trade agreements that linked a few major economies began to emerge. These informal agreements were targeted at increasing stability within the region, and eventually developed into an official trade agreement. In order to promote economic cooperation, Brazil, Argentina, Uruguay, and Paraguay established the Common Market of the South (El Mercado Común del Sur). Formed in 1991, the union of these four countries (referred to as the Mercosur pact) almost immediately came to be dominated by Brazil. Over the past two decades, the Mercosur countries have sought to alter a legacy of distrust and a determination to work towards “an incremental growth to achieve common market.” In order to do so, the member nations have managed to reduce or eliminate nearly all trade tariffs for fellow Mercosur partners. By 1994, Mercosur countries imposed standardized tariffs on imports from non-member countries in order to further ratioanlize trade among member nations. By decreasing or eliminating the relative import taxes on Mercosur countries, members were able to benefit from both increased exports as well as achieve cheaper imports from within their economic union.
Since Mercosur members’ economies rely so heavily upon one another, fluctuations in one nation’s economy and further political transformation undeniably affect the other Mercosur countries. Specifically, when Brazil and Argentina both were experiencing economic recessions, the remaining member nations as a result experienced economic setbacks; such deep dependency on one another for economic prosperity ultimately disrupted trade and caused apprehension and friction among members.
This analysis was prepared by COHA Research Associate Rebecca Gorn.

Brazil’s Real(ly) Big Problem
September 9, 2011
  • The Mercosur agreement, given birth in 1991, allows Argentina, Brazil, Paraguay, and Uruguay to trade freely amongst themselves.
  • Interdependent economies lead to tensions among member countries, especially between Brazil and Argentina over Brasilia’s plan to combat hyperinflation and the ebbing demand for Brazilian goods.
  • Export-dependent economies trading more expensive goods, like Brazil and Argentina, face enhanced competition from abroad; therefore, these countries must now focus on opening up trade and cooperation with other countries possessing major export sectors while protecting their own economies.
After decades of chronic political unrest within a number Latin American countries, that featured complex transnational relations within the region, multilateral trade agreements that linked a few major economies began to emerge. These informal agreements were targeted at increasing stability within the region, and eventually developed into an official trade agreement. In order to promote economic cooperation, Brazil, Argentina, Uruguay, and Paraguay established the Common Market of the South (El Mercado Común del Sur). Formed in 1991, the union of these four countries (referred to as the Mercosur pact) almost immediately came to be dominated by Brazil. Over the past two decades, the Mercosur countries have sought to alter a legacy of distrust and a determination to work towards “an incremental growth to achieve common market.”[1]In order to do so, the member nations have managed to reduce or eliminate nearly all trade tariffs for fellow Mercosur partners. By 1994, Mercosur countries imposed standardized tariffs on imports from non-member countries in order to further ratioanlize trade among member nations.[2]By decreasing or eliminating the relative import taxes on Mercosur countries, members were able to benefit from both increased exports as well as achieve cheaper imports from within their economic union.

Figure 1. Average Tariff Rates in Mercosur Countries

Figure 1 illustrates the intensity of reductions in tariffs among the Mercosur countries in the late 1980s and early 1990s.

Since Mercosur members’ economies rely so heavily upon one another, fluctuations in one nation’s economy and further political transformation undeniably affect the other Mercosur countries. Specifically, when Brazil and Argentina both were experiencing economic recessions, the remaining member nations as a result experienced economic setbacks; such deep dependency on one another for economic prosperity ultimately disrupted trade and caused apprehension and friction among members.[3]As illustrated in Figure 2, trade among all Mercosur members is almost instantly affected when the domestic economy of even one member weakens or strengthens.

Figure 2. Intra-Mercosur Exports as a Percentage of Total, 1990-2005

The instability and integration of Mercosur is illustrated in Figure 2. The dramatic downturns in exports have occurred immediately following financial crises, with the impact across nations being quite significant.

While Mercosur countries have made extensive efforts to promote free trade initiatives among member countries in order to stabilize all members’ economies, the agreement’s success continuously has been in question. According to the U.S. Congressional Research Service, since its inception, Mercosur has “struggled to reconcile a basic inconsistency in its goals for partial economic union” due to its members’ repeated individualistic attitudes.[4]When even one Mercosur country has experienced economic or political hardship, the union’s level of integration has exacerbated existing transnational tensions. Thus, the realization of Mercosur’s initial goals have become much more difficult during these periods.
Brazil’s Economic Growth, Unexpected Results
For years, developed nations examined Brazil as it made its slow transition from a developing nation to an international economic superpower. Brazil’s abundance of natural resources and large labor pool has allowed it to dominate the international exporting market, generating enormous profit.[5]Now, according to the International Monetary Fund (IMF) and the WB, Brazil boasts the seventh largest economy in the world; by 2016, the World Bank expects Brazil to become the fifth largest.[6]However, what is most impressive about Brazil’s economy is the fact that it shows little sign of slowing down in the near future. In fact, it is just the opposite: studies show the worth of Brazil’s currency against the dollar has increased by 50 percent over the past three years. No longer with merely a foot in the door, Brazil has “moved into the group of countries with a strong currency, and with balanced fiscal accounts,” according to Brazilian Trade and Industry Minister Fernando Pimentel.[7]The government continues with efforts aimed at bolstering the country’s economy, while further affirming Brazil’s new, increasingly secure position in the international economy.
Prosperity, security, and a lowered level of poverty generally accompany economic growth; however, Brazil’s economy, though growing rapidly, is experiencing record inflation and an appreciating currency. As a result of the nation’s rapid growth, its domestic market and currency are attracting increased international investment, only further strengthening the intrinsic value of the real. The currency’s rapid appreciation has resulted in what some economists are beginning to refer to as the “Super Real.” According to Brazil’s Finance Minister Guido Mantega, the appreciation of Brazil’s currency “results from investors’ enthusiasm about Brazil because the country offers more stable, secure conditions.”[8]
However, the practical consequences of a sudden currency appreciation can prove to be ominous, often contributing to greater economic insecurity. Recently, the consequences of a highly valued currency hit Brazil’s export sector shockingly hard. Exports accounted for USD 201.9 billion of Brazil’s total gross domestic product (GDP) in 2010, indicating Brazil’s heavy reliance on its export sector.[9]With an appreciating currency, Brazilian goods tend to become more expensive and therefore, less desirable to other industrialized nations.
Appreciation Escalates, Brazil’s Drastic Response
Today, international markets are struggling amidst what many consider the worst economic downturn since the Great Depression.[10]While the rest of the world has been hit by the economic recession over the past couple of years, Mercosur countries’ growth rates have “exceeded 7.5% in 2010.”[11]Such growth would usually be a positive indicator for a nation’s economy; however, combined with a weak overseas market, the appreciation of the currency results in drastic consequences for export-dependent countries like Brazil. According to the National Confederation of Industry (CNI), half of Brazil’s export industries “reduced or eliminated their export activities in 2010,” due to the decreased demand for goods in overseas markets.[12]Slow world growth rates have exacerbated the Super Real phenomenon in Brazil, thus increasing the appreciation of the real to an unmanageable rate. Traditionally, the Brazilian government exercises highly interventionist policies in order to adjust these rates and protect the nation’s economy. Consequently, as “domestic producers are growing increasingly frustrated, and the government is concerned that appreciation is reducing competitiveness and undermining balanced growth,” President Dilma Rousseff’s administration has instituted a plan to slow the appreciation of the real.[13]
Embracing the rapid growth of the economy, the plan is appropriately titled “Bigger Brazil.” In short, the government administered plan aims to protect the export sector of the nation’s economy through broad-based tax reform. On the day of its implementation, on August 2, President Rousseff referred to Bigger Brazil as “the first step to boost Brazil’s competitiveness relying on innovation.”[14]The government hopes that this two-year, 25 billion real (USD 16B) initiative will help manufacturers cope with current market conditions until the real begins to equalize and the world market recovers. Most of the subsidies are intended for the encouragement of textile, footwear, software, and vehicle production, since labor-intensive industries are being impacted most by fluctuations in international market demand. Incentivizing the purchase of local products is another major component of Bigger Brazil, which will be executed in order to both boost production and strengthen businesses.
Accusations and Actuality
Given the level of interdependence that exists among the Mercosur countries, the economic success of one bloc member would presumably lead to similar growth in the other three nations. However, current domestic reforms at the height of Brazil’s economic development could call this norm into serious question. Through Bigger Brazil’s government purchasing-program component, the purchase of domestic products over inexpensive imports will be encouraged. By focusing on and stimulating its export industry, Brazil has sparked considerable fear among the other Mercosur countries, whose domestic economies have grown to depend heavily on the lower tax rates agreed upon among the trade body’s members. With the implementation of Brazil’s self-satisfying plan, Mercosur countries are now accusing the Brazilian government of the specter of protectionism—a move that aims to strengthen the Brazilian economy through discouraging imports that may come at a cheaper price than domestic goods. Not surprisingly, of greatest importance to Brazil’s new plan is the support of their aspiring major South American neighbor, Argentina. President Cristina Fernández de Kirchner administration has taken issue with multiple parts of the proposed initiative, especially the government purchasing program that favors Brazilian products. Jose Ignacio De Mendiguren, president of the Argentine Industrial Union (UIA), called the plan “impulsive, [and] emotional.”[15]
In contrast with past patterns of economic parallelism, Argentina’s growth is not comparable to that of Brazil. With a history of turmoil between the rival industrializing nations, including accusations between the two surrounding breaches in the Mercosur pact, Buenos Aires has been quite vocal concerning how Brasilia’s economic plan will ultimately affect the Argentine economy. One indicator of the disparity in Argentina’s economic growth and impetus for expansion is its current concern that while the real has appreciated rapidly against the dollar over the past few years, Argentina’s peso “has weakened versus the greenback over the same period.”[16]Furthermore, with the implementation of “Bigger Brazil,” Argentina is concerned not only about Brazil’s commitment to Mercosur, but also the estimated competition that will result if Brazilian exports become cheaper. In May, Argentine products were no longer granted non-automatic import licenses in Brazil, leading to delays in trade and tensions between the two nations. Since exports represent such a large sector of Argentina’s economy, any decline in trade is bound to register a very negative impact. The implementation of the Bigger Brazil initiative further exacerbates these already existing tensions between these two South American economic forces.
In response to Buenos Aires’ accusations, the Rousseff administration has been assiduously assuring Mercosur nations, specifically Argentina, that rather than discouraging imports, the provision of subsidies to Brazilian industries via Bigger Brazil has simply encouraged local production. In fact, the government has promised to “pay up to 25% more for local goods which contain at least 40% local content from Brazil or any Mercosur country.”[17]Not only has the Brazilian government considered Mercosur countries in the formation of its plan, but it also sought to offer incentives in order to ensure a positive impact on the economies of their fellow South American neighbors. In fact, according to Alberto Ramos, a senior economist for Goldman Sachs, “on the whole, Argentina maintains a competitive advantage due to the currency [and] is running a…surplus in the automotive industry.”[18]
Similarly, while a devaluation of Argentina’s currency is not conducive to growth, it does offer Argentina a major advantage because exported goods became less expensive as the nation’s currency devalued. In addition, Brazil is less of a threat in a competitive market, since its goods became more expensive as the relative price of Argentine commodities dropped. Therefore, it is unlikely that Brazil’s new initiatives will affect Argentina’s prevailing level of export or trade activity between the two nations. For that matter, Mercosur countries, protected by the same measures, will remain relatively unaffected, if not actually advantaged, by Brazil’s economic reforms.
Bigger Brazil is not Biggest Threat
Despite the controversy surrounding how Brazil’s plan will prove inevitably damaging to the economies of other Latin American nations—especially Mercosur members who are usually under the protection of the trade agreement that exists among them—these countries could face a much larger threat than the Rousseff administration’s domestic reforms. Competition from other areas of the world, specifically countries that are able to offer lower priced goods, is an increasingly ubiquitous threat to Latin American nations whose economies depend heavily on exporting to industrialized nations. According to Pimentel, “the situation in all of Mercosur has been dramatic because of the entrance of cheap goods from abroad.”[19]Given this rising threat, Brazil’s reforms to protect domestic producers may be an entirely appropriate reaction.
Additionally, the plan may also signal to other export-dependent nations that government action through protective policies is a perfectly orthodox solution; if the plan succeeds, it could very well have the potential to serve as a model to these nations as well. Bigger Brazil includes investments not only in the export sector and in industries. Since developed countries are based upon industrial economies, countries competing to export to developed economies may benefit from industrializing themselves through similar investments.[20]In addition to adjusting to new market conditions, opening up trade may also appease any international tensions resulting from increased competition. According to Adrian van den Hover, the head of international relations for Business Europe, “an agreement with the South American block would help [Europe] to retain our bilateral trade relation” and could potentially ease concerns with Chinese competition within Mercosur.[21]Thus, both learning from and working with countries with similar concerns will aid countries like Argentina in their efforts to avoid being affected by countries offering cheaper goods to the international market.

Conclusion
Due to Brazil’s status as a Western Hemisphere coastal commercial powerhouse, its fiscal expansion is a necessary compass for the rest of the region’s progress. Brazil’s domestic economic plans explicitly stand to help Mercosur countries, despite opposing cries from Argentina. While Brazil’s economic plan to correct the rapid appreciation of the real and revive the export industry may be beneficial for Mercosur countries like Argentina, it is impossible to predict the effect these domestic reforms will have on non-member Latin American who, as major trading partners, are inherently integrated with Mercosur economies. More importantly,however, Bigger Brazil serves as an indication that the international market is transforming, meaning adaption and protection of domestic economies is essential. Therefore, export-dependent economies must be able to rely upon government policies to protect them from competition abroad.

segunda-feira, 14 de junho de 2010

A nova geografia do comercio internacional (infelizmente sem o Brasil)

Desde o início do governo Lula, o governo vem insistindo no comércio Sul-Sul, ou o que passa por tal, capaz, segundo se disse, de criar uma "nova geografia do comércio internacional". Para isso, sabotou a Alca (supondo, equivocadamente, que a UE continuaria a negociar de boa fé), apostou todas as fichas nas negociações comerciais multilaterais da Rodada Doha e consagrou esforços à negociação de acordos de liberalização comercial no âmbito do Mercosul (com as dificuldades que se conhecem do lado argentino).
Parece que não deu certo, e mesmo esses acordos mencionados abaixo, Israel e Índia, são propriamente irrelevantes (para não dizer medíocres, do ponto de vista da criação de novos fluxos dinâmicos de comércio).
Ou seja, a diplomacia comercial Sul-Sul não apenas falhou miseravelmente em mostrar resultados, como se coloca contrariamente aos desejos e demandas do empresariado.
Não se sabe bem por que os esforços de promoção comercial e os de negociações de acordos comerciais não se dirigiram aos mercados mais dinâmicos. Deve ser por miopia ideológica...
A nova geografia do comércio internacional, para retomar o mote proclamado, vem atrasada e está deslocada no mapa: ela já existe há muito tempo e se compõe dos países asiáticos (e outros emergentes) exportando para os mercados dos países ricos. Se o Brasil quiser se juntar, ainda há tempo, basta seguir o que os outros estão fazendo e parar de ficar catando pulga em pelo de camelo. Afinal de contas, fazer as coisas certas não deve ser difícil: basta abrir os olhos e fazer o que tem de ser feito. É tudo tão simples...
Paulo Roberto de Almeida

Acordos comerciais fracassam durante o governo Lula
Agência Estado, 14.06.2010

Menos de 1% das exportações brasileiras vão ser beneficiadas pelos acordos comerciais fechados no governo Lula. Na última década, dez novas frentes de negociação foram iniciadas para abrir mercados aos produtos brasileiros, mas até agora apenas duas se transformaram em acordos efetivamente em vigor: Israel e Índia.

O acordo com Israel é de livre comércio e inclui quase todos os produtos. O problema é que o mercado israelense é pequeno e representou 0,18% das exportações brasileiras em 2009. A Índia absorveu 2,2% das vendas externas, mas o acordo é de preferências tarifárias e abrange 450 produtos de um total de 9 mil. Os itens incluídos somam cerca de 0,2% das exportações do Brasil.

Para os empresários, a razão pela qual os novos acordos assinados pelo Brasil representam volumes insignificantes das exportações é a escolha dos parceiros. Sondagem da Confederação Nacional da Indústria (CNI) revela que os esforços do governo estão distantes das prioridades das empresas.

O Itamaraty mobilizou seus quadros para negociar com Egito, Marrocos, Paquistão, Turquia ou países do Golfo. Pesquisa feita em janeiro deste ano com 72 associações empresariais, empresas e sindicatos, representando 24 setores, apontam que as prioridades são Estados Unidos, União Europeia, América do Sul e México.