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terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Grandes idiotas estao a solta, e abusando da idiotice

Conjunturas de crises econômicas são estações particularmente propícias para o florescimento de grandes idiotas. Imannuel Wallerstein -- que já foi razoável em outras épocas -- e Noam Chomsky -- que só foi razoável quando ele não fazia política e tentava ser apenas linguista -- são dois dos maiores idiotas da contemporaneidade, anti-imperialistas (e antiamericanos) de carteirinha, que estão sempre espreitando para antecipar a próxima crise do capitalismo, e quando ela acontece, ficam super-excitados esperando a derrocada final do seu maior inimigo: aquele mesmo que garante seus empregos em universidades de prestígio, onde eles --e vários outros -- podem, impunemente -- como muitos professores brasileiros, aliás -- usar e abusar de alunos passivos e complacentes com as bobagens e idiotices que repetem continuamente.
Abaixo, mais um exemplo da idiotice repetiva, transcrita por idiotas tupiniquins.


Vocês podem estar se perguntando por que um blog que pretende expor e discutir ideias inteligentes, se permite postar coisas idiotas como esta.
Bem, é porque também aprendemos combatendo ideias idiotas e, para os mais jovens, isto representa uma espécie de teste: como encontrar ideias idiotas e saber se defender delas, quando um outro professor idiota repetir as mesmas bobagens em sua aula (se tiver coragem, claro).
Paulo Roberto de Almeida 

Os Estados Unidos contra todos

Immanuel Wallerstein sustenta: giro estratégico de Washington rumo à Ásia parece precocemente comprometido. País coleciona série impressionante de fracassos diplomáticos
Por Immanuel Wallerstein* | Tradução: Daniela Frabasile
Houve um tempo em que Estados Unidos tinham muitos amigos, ou pelo menos seguidores relativamente obedientes. Hoje em dia, parece que não têm nada além de adversários, de todas as cores políticas. E parece que o país não vai muito bem na disputa com seus antagonistas.
Veja o que aconteceu em novembro de 2011 e tem acontecido na primeira metade de dezembro. O país sustentou divergências com a China, Paquistão, Arábia Saudita, Israel, Irã, Alemanha e América Latina. E não se pode dizer que deu-se bem em nenhuma das controvérsias.
O mundo interpretou a presença e os anúncios do presidente Barack Obama na Austrália como um desafio aberto à China. Ele disse ao Parlamento australiano que os Estados Unidos estão determinados a “alocar os recursos necessários para manter nossa forte presença militar na região”. Para finalizar, Washington está instalando 250 marines na base aérea australiana em Darwin — no futuro, possivelmente poderá aumentar o número para 2.500.
Essa é apenas uma de muitas jogadas similares que se executam no tabuleiro da exibição militar. Enquanto os Estados Unidos saem (ou são forçados a sair) do Oriente Médio, por razões tanto políticas como financeiras, estendem seus músculos em direção à região da Ásia-Pacífico. A estratégia seria viável, diante da urgente demanda por redução os gastos — mesmo com o exército — e da crescente relutância dos norte-americanos em relação ao envolvimento do país em questões externas? Até agora, a “resposta” da China tem sido virtualmente a não-resposta. É como se os governantes chineses soubessem que o tempo está ao lado de seu país — mesmo em suas relações com os Estados Unidos, ou especialmente nas suas relações com os Estados Unidos.
Há, também, o Paquistão. Os Estados Unidos lançaram os desafios: Islamabad deve acabar com os movimentos islâmicos. Deve parar de tentar sabotar o governo de Hamid Karzai, no Afeganistão. Deve parar de ameaçar a Índia com ações militares na Caxemira. Se não… o quê? Eis o problema. Ao que parece, pelos documentos que vazaram, os Estados Unidos acreditavam que o último amigo que lhe sobrou no Paquistão — o atual presidente Asif Ali Zardari —poderia demitir o líder do exército, o General Ashfaq Parvez Kayani. Como resposta, o General Kayani articulou para que Zardari realizasse tratamento médico em Dubai, nos Emirados Árabes. O potencial golpe arranjado pelos Estados Unidos falhou. E, se Washington tentar retaliar a manobra paquistanesa cortando ajuda financeira, sempre haverá a China, para tomar seu lugar.
No Oriente Médio, o que Obama mais quer é que nada dramático aconteça entre Israel e os palestinos até, pelo menos, sua reeleição. Isso não satisfaz realmente as necessidade da Arábia Saudita ou do primeiro-ministro israelense, Benyamin Netanyahu. Por isso, do ponto de vista norte-americano, ambos estão procedendo de maneira fazer marola. E os Estados Unidos estão muito mais numa posição de implorar a judeus e sauditas do que comandá-los ou controlá-los.
Ainda na Ásia, há o Irã, supostamente a principal preocupação imediata dos Estados Unidos — e também da Arábia Saudita e Israel. Washington está usando seus aviões supersecretos não-tripulados (os chamados drones) para espionar os iranianos. Nada surpreendente, exceto pelo fato de que, ao que parece, e de algum modo, um desses drones pousou no Irã — eu digo “pousou” porque a questão crucial é como e por que pousou.
A CIA, dona do avião, diz de maneira pouco convincente que o incidente deveu-se a alguma falha mecânica. Os iranianos, por sua vez, insinuam que derrubaram o drone com um ataque cibernético. Os Estados Unidos garantem que não, que seria “impossível” — mas Debka, a voz da internet israelense, diz que é verdade. Eu acredito que seja provável. Além disso, agora que os iranianos têm o avião, estão trabalhando em desvendar todos seus segredos técnicos. Quem sabe? Eles podem publicar esses segredos para que o mundo todo saiba. E então, quão secretos serão os drones supersecretos?
Ah, sim, a Alemanha. Como todos sabem, existe uma “crise” na zona do euro. E a chanceler alemã Angela Merkel tem trabalhado duro para que os países da zona do euro comprem uma “solução” que irá funcionar para ela — tanto politicamente, dentro da Alemanha, quanto economicamente, na Europa. Merkel tem pressionado um novo Tratado Europeu que iria impor automaticamente sanções aos países signatários que violem suas disposições.
Os Estados Unidos pensaram que essa seria uma abordagem equivocada. Para Washington, trata-se de uma ação de médio prazo que não resolveria imediatamente o problema financeiro da Europa. Obama enviou ao Velho Continente seu secretário do Tesouro, Timothy Geithner, a fim de insistir em suas sugestões alternativas. Os detalhes não importam, nem qual é a melhor opção. O importante é notar que Geithner foi totalmente ignorado e os alemães conseguiram o que queriam.
E, finalmente, os países da América Latina e do Caribe se encontraram na Venezuela para estabelecer uma nova organização: a Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos (CELAC). Todos os países americanos assinaram o tratado, exceto os dois que não foram convidados — Estados Unidos e Canadá. A CELAC foi desenhada para suplantar a Organização dos Estados Americanos (OEA), que inclui os Estados Unidos e o Canadá, e que suspendeu Cuba. Pode levar algum tempo até que a OEA desapareça e que somente a CELAC permaneça. Ainda assim, não é exatamente algo que Washington esteja celebrando.
 (*) Immanuel Wallerstein é professor-sênior do Departamento de Sociologia da Universidade de Yale, nos Estados Unidos. Seu saite é www.iwallerstein.com

domingo, 13 de novembro de 2011

Capitalismo: "o fim está próximo" (acreditem...)

Sempre tem aqueles cartoons, na imprensa americana, com aqueles profetas barbudos, roupas à la Woodstock (vale também a túnica branca de todos os profetas), empinando um cartaz nas esquinas e praças: "The End is Near", dizem eles, pedindo para as pessoas acreditarem que o apocalipse se aproxima e que é melhor começar agora mesmo a torrar o seu dinheiro, praticar todas as formas de prazeres imediatos (sexo, drogas e rock-and-roll, suponho) e ficar totalmente limpo para o dia do juízo final.
OK, OK, a imagem é caricata, mas acreditem, profetas do apocalipse existem nas melhores universidades americanas, e grandes idiotas podem se revelar já na idade madura - quem sabe na senil, também? -- como este eminente sociólogo dos sistemas-mundo, que há muito tempo prega o fim do capitalismo.
Ele mesmo, Immanuel Wallerstein, volta revigorado, para dizer que, finalmente, agora mesmo, o fim se aproxima.
Transcrevo in totum para que todos possam se deliciar com o pensamento iluminado de um profeta perfeitamente aceito nos ambientes imbecilizantes das universidades brasileiras...
Paulo Roberto de Almeida 


Sociólogo norte-americano antecipa que ‘o capitalismo chegou ao fim da linha’
Aos 81 anos, o sociólogo norte-americano Immanuel Wallerstein acredita que o capitalismo chegou ao fim da linha: já não pode mais sobreviver como sistema. Mas – e aqui começam as provocações – o que surgirá em seu lugar pode ser melhor (mais igualitário e democrático) ou pior (mais polarizado e explorador) do que temos hoje em dia.
Correio do Brasil
capitalismo

capitalismo está derretendo
Estamos, pensa este professor da Universidade de Yale e personagem assíduo dos Fóruns Sociais Mundiais, em meio a uma bifurcação, um momento histórico único nos últimos 500 anos. Ao contrário do que pensava Karl Marx, o sistema não sucumbirá num ato heróico. Desabará sobre suas próprias contradições. Mas atenção: diferentemente de certos críticos do filósofo alemão, Wallerstein não está sugerindo que as ações humanas são irrelevantes.
Ao contrário: para ele, vivemos o momento preciso em que as ações coletivas, e mesmo individuais, podem causar impactos decisivos sobre o destino comum da humanidade e do planeta. Ou seja, nossas escolhas realmente importam. “Quando o sistema está estável, é relativamente determinista. Mas, quando passa por crise estrutural, o livre-arbítrio torna-se importante.”
É no emblemático 1968, referência e inspiração de tantas iniciativas contemporâneas, que Wallerstein situa o início da bifurcação. Lá teria se quebrado “a ilusão liberal que governava o sistema-mundo”. Abertura de um período em que o sistema hegemônico começa a declinar e o futuro abre-se a rumos muito distintos, as revoltas daquele ano seriam, na opinião do sociólogo, o fato mais potente do século passado – superiores, por exemplo, à revolução soviética de 1917 ou a 1945, quando os EUA emergiram com grande poder mundial.
As declarações foram colhidas no dia 4 de outubro pela jornalista Sophie Shevardnadze, que conduz o programa Interview na emissora de televisão russa RT. A transcrição e a tradução para o português são iniciativas do sítio Outras Palavras, 15-10-2011.
– Há exatamente dois anos, você disse ao RT que o colapso real da economia ainda demoraria alguns anos. Esse colapso está acontecendo agora?
– Não, ainda vai demorar um ano ou dois, mas está claro que essa quebra está chegando.
– Quem está em maiores apuros: Os Estados Unidos, a União Europeia ou o mundo todo?
– Na verdade, o mundo todo vive problemas. Os Estados Unidos e União Europeia, claramente. Mas também acredito que os chamados países emergentes, ou em desenvolvimento – Brasil, Índia, China – também enfrentarão dificuldades. Não vejo ninguém em situação tranquila.
– Você está dizendo que o sistema financeiro está claramente quebrado. O que há de errado com o capitalismo contemporâneo?
– Essa é uma história muito longa. Na minha visão, o capitalismo chegou ao fim da linha e já não pode sobreviver como sistema. A crise estrutural que atravessamos começou há bastante tempo. Segundo meu ponto de vista, por volta dos anos 1970 – e ainda vai durar mais uns 20, 30 ou 40 anos. Não é uma crise de um ano, ou de curta duração: é o grande desabamento de um sistema. Estamos num momento de transição. Na verdade, na luta política que acontece no mundo — que a maioria das pessoas se recusa a reconhecer — não está em questão se o capitalismo sobreviverá ou não, mas o que irá sucedê-lo. E é claro: podem existir duas pontos de vista extremamente diferentes sobre o que deve tomar o lugar do capitalismo.
– Qual a sua visão?
– Eu gostaria de um sistema relativamente mais democrático, mais relativamente igualitário e moral. Essa é uma visão, nós nunca tivemos isso na história do mundo – mas é possível. A outra visão é de um sistema desigual, polarizado e explorador. O capitalismo já é assim, mas pode advir um sistema muito pior que ele. É como vejo a luta política que vivemos. Tecnicamente, significa é uma bifurcação de um sistema.
– Então, a bifurcação do sistema capitalista está diretamente ligada aos caos econômico?
– Sim, as raízes da crise são, de muitas maneiras, a incapacidade de reproduzir o princípio básico do capitalismo, que é a acumulação sistemática de capital. Esse é o ponto central do capitalismo como um sistema, e funcionou perfeitamente bem por 500 anos. Foi um sistema muito bem sucedido no que se propõe a fazer. Mas se desfez, como acontece com todos os sistemas.
– Esses tremores econômicos, políticos e sociais são perigosos? Quais são os prós e contras?
– Se você pergunta se os tremores são perigosos para você e para mim, então a resposta é sim, eles são extremamente perigosos para nós. Na verdade, num dos livros que escrevi, chamei-os de “inferno na terra”. É um período no qual quase tudo é relativamente imprevisível a curto prazo – e as pessoas não podem conviver com o imprevisível a curto prazo. Podemos nos ajustar ao imprevisível no longo prazo, mas não com a incerteza sobre o que vai acontecer no dia seguinte ou no ano seguinte. Você não sabe o que fazer, e é basicamente o que estamos vendo no mundo da economia hoje. É uma paralisia, pois ninguém está investindo, já que ninguém sabe se daqui a um ano ou dois vai ter esse dinheiro de volta. Quem não tem certeza de que em três anos vai receber seu dinheiro, não investe – mas não investir torna a situação ainda pior. As pessoas não sentem que têm muitas opções, e estão certas, as opções são escassas.
– Então, estamos nesse processo de abalos, e não existem prós ou contras, não temos opção, a não ser estar nesse processo. Você vê uma saída?
– Sim! O que acontece numa bifurcação é que, em algum momento, pendemos para um dos lados, e voltamos a uma situação relativamente estável. Quando a crise acabar, estaremos em um novo sistema, que não sabemos qual será. É uma situação muito otimista no sentido de que, na situação em que nos encontramos, o que eu e você fizermos realmente importa. Isso não acontece quando vivemos num sistema que funciona perfeitamente bem. Nesse caso, investimos uma quantidade imensa de energia e, no fim, tudo volta a ser o que era antes. Um pequeno exemplo. Estamos na Rússia. Aqui aconteceu uma coisa chamada Revolução Russa, em 1917. Foi um enorme esforço social, um número incrível de pessoas colocou muita energia nisso. Fizeram coisas incríveis, mas no final, onde está a Rússia, em relação ao lugar que ocupava em 1917? Em muitos aspectos, está de volta ao mesmo lugar, ou mudou muito pouco. A mesma coisa poderia ser dita sobre a Revolução Francesa.
– O que isso diz sobre a importância das escolhas pessoais?
– A situação muda quando você está em uma crise estrutural. Se, normalmente, muito esforço se traduz em pouca mudança, nessas situações raras um pequeno esforço traz um conjunto enorme de mudanças – porque o sistema, agora, está muito instável e volátil. Qualquer esforço leva a uma ou outra direção. Às vezes, digo que essa é a “historização” da velha distinção filosófica entre determinismo e livre-arbítrio. Quando o sistema está relativamente estável, é relativamente determinista, com pouco espaço para o livre-arbítrio. Mas, quando está instável, passando por uma crise estrutural, o livre-arbítrio torna-se importante. As ações de cada um realmente importam, de uma maneira que não se viu nos últimos 500 anos. Esse é meu argumento básico.
– Você sempre apontou Karl Marx como uma de suas maiores influências. Você acredita que ele ainda seja tão relevante no século XXI?
– Bem, Karl Marx foi um grande pensador no século XIX. Ele teve todas as virtudes, com suas ideias e percepções, e todas as limitações, por ser um homem do século XIX. Uma de suas grandes limitações é que ele era um economista clássico demais, e era determinista demais. Ele viu que os sistemas tinham um fim, mas achou que esse fim se dava como resultado de um processo de revolução. Eu estou sugerindo que o fim é reflexo de contradições internas. Todos somos prisioneiros de nosso tempo, disso não há dúvidas. Marx foi um prisioneiro do fato de ter sido um pensador do século XIX; eu sou prisioneiro do fato de ser um pensador do século XX.
– Do século 21, agora…
– É, mas eu nasci em 1930, eu vivi 70 anos no século XX, eu sinto que sou um produto do século XX. Isso provavelmente se revela como limitação no meu próprio pensamento.
– Quanto – e de que maneiras – esses dois séculos se diferem? Eles são realmente tão diferentes?
– Eu acredito que sim. Acredito que o ponto de virada deu-se por volta de 1970. Primeiro, pela revolução mundial de 1968, que não foi um evento sem importância. Na verdade, eu o considero o evento mais significantes do século XX. Mais importante que a Revolução Russa e mais importante que os Estados Unidos terem se tornado o poder hegemônico, em 1945. Porque 1968 quebrou a ilusão liberal que governava o sistema mundial e anunciou a bifurcação que viria. Vivemos, desde então, na esteira de 1968, em todo o mundo.
– Você disse que vivemos a retomada de 68 desde que a revolução aconteceu. As pessoas às vezes dizem que o mundo ficou mais valente nas últimas duas décadas. O mundo ficou mais violento?
– Eu acho que as pessoas sentem um desconforto, embora ele talvez não corresponda à realidade. Não há dúvidas de que as pessoas estavam relativamente tranquilas quanto à violência em 1950 ou 1960. Hoje, elas têm medo e, em muitos sentidos, têm o direito de sentir medo.
– Você acredita que, com todo o progresso tecnológico, e com o fato de gostarmos de pensar que somos mais civilizados, não haverá mais guerras? O que isso diz sobre a natureza humana?
– Significa que as pessoas estão prontas para serem violentas em muitas circunstâncias. Somos mais civilizados? Eu não sei. Esse é um conceito dúbio, primeiro porque o civilizado causa mais problemas que o não civilizado; os civilizados tentam destruir os bárbaros, não são os bárbaros que tentam destruir os civilizados. Os civilizados definem os bárbaros: os outros são bárbaros; nós, os civilizados.
– É isso que vemos hoje? O Ocidente tentando ensinar os bárbaros de todo o mundo?
– É o que vemos há 500 anos.

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Mais uma bobagem: pagar para saber como o imperio americano vai decair...

Alguns acadêmicos americanos -- Noam Schomsky, Immanuel Wallerstein, e alguns outros menos conhecidos -- adorariam ver o império, o seu império, declinar, e desaparecer no mesmo pó de outros impérios do passado.
Não sei se é anti-imperialismo compulsivo, ingenuidade primária ou apenas idiotice costumeira, mas essa epidemia, a do declinismo imperial, está contaminando espíritos aqui mesmo, na periferia, com a desculpa de que somos os explorados, a materialização da teoria da dependência, e portanto, temos todo o direito de ficar contentes com o declínio imperial, já que isso vai significar nossa liberação do império, a autonomia soberana, e outras bobagens do gênero. Estaremos muito melhor, claro, com um mundo chinês, ou russo, ou brasileiro, do que com esse detestável mundo dos McDonalds e dos iPads. Que horror, não é mesmo?
Quem se disporia a pagar para ouvir bobagens desse quilate?
Aqui o anúncio de um desses cursos:


Curso a distância. 
"Decadência Americana", "O Pouso da Águia" e outras afirmações fazem parte da tentativa de explicar a perda da hegemonia dos EUA nos últimos trinta anos. Immanuel Wallerstein se debruça há algumas décadas sobre tal processo alicerçado na Análise dos Sistemas-Mundo (ASM) elaborada a partir das contribuições de Fernand Braudel e de Nicolai Kondratieff. Ao mesmo tempo, a ASM surgiu como uma critica à Teoria do Desenvolvimento no final dos anos 1950.
I. Wallerstein desde então, vem provocando um grande debate nas Ciências Humanas com sua abordagem que, segundo ele, não é uma teoria.
É o scholar norte-americano que desde meados dos anos 1990 aponta para o declínio dos EUA, fato que vem se comprovando nos últimos anos. O presente curso a distância tem como objetivo apresentar o trabalho intelectual de Immmanuel Wallerstein na construção da Análise dos Sistemas-Mundo e na compreensão da crise capitalista atual.
Carga horária: 20h (quatro semanas)


Programa do Curso
Módulo 1 - As Origens das Análises dos Sistemas-Mundo
Módulo 2 - A Análise dos Sistemas-Mundo e os Ciclos Sistêmicos de Acumulação
Módulo 3 - O Declínio da Hegemonia dos EUA
Módulo 4 - A Utopística

Bem, não tenho nada a acrescentar, a não ser desejar aos pagantes um bom curso. E depois, muita paciência. Acho que vai demorar mais uns 150 anos para vermos o declínio do império. Mas, enfim, tem gente com tempo para esperar pela decadência imperial...
Paulo Roberto de Almeida