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sábado, 14 de junho de 2014

Despikettyzação - Marcos Troyjo (e um comentario inicial, PRA)

Bom artigo de meu amigo Marcos Troyjo.
De fato, nunca antes no mundo inteiro, inclusive e principalmente nesta republiqueta dos companheiros, tantos ignaros de leitura e incultos em história econômica tinham se pronunciado positivamente sobre algo de que ouviram falar mas que não se preocuparam em conhecer de verdade. 
Não li mas já gostei, parecem repetir os beatos do distributivismo estéril. 
Estamos aplicando as receitas corretivas, não se deve pejar de repetir o poste declinante.

O próprio autor do livro, independentemente da correção absoluta e da adequação relativa de suas estatísticas -- já contestadas por muitos -- e da pertinência histórica de sua interpretação desses dados, já tem uma tese pronta, que é amplamente aceita por todos os socialistas, keynesianos e outros engenheiros sociais espalhados por aí: a economia de mercado, deixada leve, livre e solta, tende a produzir necessariamente concentração de renda nas mãos (nos bolsos, mas mais exatamente nas contas bancárias e nos indicadores de valorização) de alguns poucos, o que se reflete na indecente desigualdade dessas sociedades capitalistas. Por isso, o Estado, como ente coletiva onisciente, omnipotente e sempre perfeitamente igualitário (aliás neutro), precisa corrigir essas desigualdades, tirando dos ricos para distribuir entre os menos ricos, de preferência entre os pobres.
Não é isso o que Piketty diz, mas é isso que interpretam seus milhares de não leitores e comentaristas.

Por que é que todos esses economistas distributivistas, em lugar de se preocupar em arrancar renda PRIVADA dos ricos, não se empenham em fazer com que os menos ricos e os mais pobres possam também alcançar patamares razoáveis de renda e riqueza?
Não se trata de fazer todo mundo ficar rico, mas de fazer com que todos tenham um padrão aceitável de renda, que os coloquem ao abrigo de necessidades elementares e lhes permitam tratar da saúde, da educação e do lazer sem enormes preocupações com a falta renda para cuidados básicos.
Será que esse não é um objetivo razoável para economistas acadêmicos?
Eles precisam, além disso, pensar em avançar sobre a riqueza privada daqueles que têm muito?
O que é que eles tem a ver com isso?
Por que é que a renda e a riqueza dos megabilionários seria um problema social, coletivo?
Por que a existência de superricos impediria os outros de também aumentarem a sua renda?
O fato de que alguns se tornem megabilionários se dá em detrimento da riqueza de outros?
Eles roubaram, saquearam, expropriaram os mais pobres, e só se tornaram ricos à custa daqueles?
Nunca antes no Brasil e no mundo tanta bobagem foi dita por tantos que leram tão pouco...

Bom artigo o do Marcos, recomendo a leitura.
Paulo Roberto de Almeida 

Despikettyzação

Um espectro ronda o debate internacional – o espectro da orelhada de “O Capital no século 21″, de Thomas Piketty. Toda essa repercussão ergue monumento incidental a outro francês: Pierre Bayard e seu “Como falar dos livros que não lemos”.
Não há registro em tempos recentes de tamanha muleta para antipatizantes do capitalismo. A imensa maioria nem sequer abriu o volume escrito por Piketty, mas já lhe garante irrefletida adesão. Refestelam-se na certeza de que os céus abençoaram-nos com o novo Alcorão econômico.
Para seus entusiastas nos países em desenvolvimento, as conclusões de Piketty não apenas denunciam a desigualdade no âmbito interno de cada nação, mas convidam também a explicar as diferenças Norte-Sul, repensar o imperialismo e advogar nova teoria da dependência.
Com essa convicção, a de que Piketty propõe um “estado social” para o nosso tempo, tecnocratas saíram levitando de encontro com ele semanas atrás na ONU, em Nova York. E a ideia de impostos progressivos globais – a serem administrados por instituições multilaterais – soa como música aos ouvidos da burocracia onusiana.
Nesses últimos meses, oportunistas na Venezuela, na África do Sul e no Brasil – aqui a própria presidente Dilma Rousseff – já se encostaram em Piketty para legitimar, em meio a taxas de crescimento decepcionantes, suposto foco em políticas de diminuição de desigualdade.
A questão é que “O Capital no século 21″ não trata de alívio da pobreza
A questão é que “O Capital no século 21″ não trata de alívio da pobreza. Tampouco concentra-se em estratégia de crescimento, teoria do desenvolvimento ou modernização institucional. É essencialmente uma pesquisa sobre como parte dos EUA e Europa tende, ao longo do tempo, a remunerar patrimônio e salários de altos executivos em proporção superior ao próprio crescimento da economia.
E, mesmo nesse quesito, não relaciona o fenômeno ao fato de que, por falta de capacidade ou vontade, parcela crescente da população dos EUA abriu mão de empreender ou procurar trabalho para viver ao amparo da assistência social. Nada diz sobre a ausência de inovações verdadeiramente importantes em escala global originando-se na Europa nas últimas décadas.
Por isso, graças ao – às vezes lento – processo de sedimentação de percepções, já se iniciou um processo de “despikettyzação” da discussão econômica.
Isto é bom para o autor – honesto ao reconhecer limitações no trabalho e salientar que pretende sobretudo incentivar conversa serena sobre desigualdade. E ótimo para o debate no Brasil, que carece de um modelo de desenvolvimento.
Para decepção de muitos, Piketty afirmou à “New Republic” desdenhar da obra de Marx, que “não é construída sobre dados”. À “Veja” declarou: “acredito no capitalismo, no livre mercado e na propriedade privada”. Disse ainda: “a países emergentes, como o Brasil, o crescimento é a chave do desenvolvimento e da melhora da qualidade de vida”.
O principal resultado da despikettyzação será muita gente perdendo o muro de arrimo que pensava haver encontrado.
Fonte: Folha de S. Paulo, 13/6/2014

sexta-feira, 13 de junho de 2014

Da Belinda a Italordan: as desigualdades regionais no Brasil - The Economist

Comparing Brazil’s states
Welcome to Italordan
Brazil’s income disparities are great, but so is its progress
Jun 14th 2014 | SÃO PAULO | From the print edition / The Economist



IN 1974, to capture the income inequality for which his country was infamous, Edmar Bacha, a Brazilian economist, coined the term “Belíndia”—a small rich Belgium surrounded by a vast poor India. Football players and fans descending on the country for the World Cup, which began this week, will still see several Brazils, if not the disparities of  Belíndia.
As our map of Brazil’s states shows, the richest part of the country, around the capital, Brasília, is not quite at Belgian levels. But it is as wealthy as Italy, measured by GDP per person in 2011 (the latest available data set) at market exchange rates. India, meanwhile, is much poorer than even the most destitute Brazilian states, Maranhão and Piauí, where income per head is three times higher than on the subcontinent and roughly equal to that of Jordan.
Mr Bacha would no doubt cheer that the poorest states have made greatest headway since Brazil last hosted the World Cup in 1950. At the time they were as impoverished as benighted Benin and war-torn Afghanistan were in 2011. Maranhão’s real income per person has risen sixfold in the intervening decades; Piauí’s more than sevenfold, which puts it firmly on the podium of best-performing Brazilian states in the period (not counting the Federal District around Brasília, whose construction only began in 1956).
In all, ten states were poorer in 1950 in real terms than India in 2011; ten were better off. (Today Brazil has 27 states.) The then capital, Rio de Janeiro, was at that time only as well-heeled as Peru is now. Today it has caught up with Estonia. As for Brazil as a whole, in 1950 it barely exceeded contemporary Egyptian levels of prosperity. Today it is on a par with the West Indian island paradise of St Kitts and Nevis. In the past ten years alone 36m Brazilians were brought out of extreme poverty, although critics point to another country, South Korea. In June 1950 it was poorer than Brazil—and on the brink of fratricidal war. Now its GDP per person is nearly double Brazil’s and its income distribution far less skewed.

 Some things are unchanged. Nine of the 13 sides that competed in 1950 are back (although the finals have since ballooned to incorporate 32 teams). As today, the stadiums then were late and over budget. That won’t matter as long as history doesn’t repeat itself on the field: in 1950 Brazil lost in the final to Uruguay.

quinta-feira, 29 de maio de 2014

Xavier Sala-i-Martin resenha o livro de Piketty sobre o perverso capital


Xavier Sala-i-Martin sobre Piketty

Um dos meus economistas preferidos, Xavier Sala-i-Martin, escreveu uma crítica contundente e detalhada sobre o best-seller do momento, “O Capital no Século XXI”, do francês Thomas Piketty. Vale uma conferida, principalmente por aqueles que desconfiam das estatísticas, por saberem que a maneira mais eficiente e insidiosa de construir um sofisma é através da leitura enviesada e parcial dos dados. Segue abaixo uma tradução livre da conclusão do autor:
Piketty escreveu um livro muito interessante, de grande impacto, que deve ser felicitado. Os dados apresentados são importantes e devem ser analisados pelos analistas econômicos. A leitura destes dados, no entanto, é frequentemente parcial e incorreta. Como um resumo, deixe-me colocar uma lista dos erros de interpretação de Piketty:
Primeiro, que a taxa de retorno sobre o capital é maior que a taxa de crescimento da economia, o famoso ‘r>g’, não implica a existência de algumas dinastias de pessoas abastadas que apropriam uma parte cada vez mais importante da riqueza. Esta taxa de retorno é compatível com e sem heranças (e, portanto, sem dinastias), ou com heranças que desaparecem após uma ou duas gerações. A desigualdade ‘r> g’ é uma medida da eficiência dinâmica da economia e não tem nada a ver com a distribuição da riqueza de um país, desde que é compatível com desigualdades crescentes, decrescentes ou constantes.
Segundo, a maior parte do aumento do capital durante a segunda metade do século XX é devido ao aumento do valor das habitações e não tem nada a ver com o relato de capitalistas que apropriam os meios de produção e exploram os trabalhadores.
Embora Piketty tenha claro para onde vai o futuro, infelizmente isso é baseado mais na sua ideologia e sua opinião que nos dados fornecidos por ele mesmo
Em terceiro lugar, as desigualdades de riqueza e renda nos países analisados diminuíram ao longo do último século. Só a partir de 1970 elas tiveram uma tendência ascendente. Apesar disso, Piketty argumenta que a tendência natural é de aumento, porque o período de redução das desigualdades é uma exceção histórica. Mas Piketty nunca demonstra essa afirmação. Há razões para pensar que a exceção é, na realidade, o período pós 1970, com a incorporação do ‘baby boom’ e de 4 bilhões de cidadãos asiáticos e europeus das ex-ditaduras comunistas no mercado de trabalho global, um fenômeno que certamente não voltará a acontecer.
Em quarto lugar, o aumento das desigualdades de renda desde 1980 é perfeitamente compatível com a mudança tecnológica, que aumentou as receitas de toda uma série de inovadores super ricos (Bill Gates, Steve Jobs, Mark Zuckerberg, Larry Page e Sergei Brinn). Piketty diz que esta teoria é “tautológica e arbitrária”. Sua tese é que, ”a partir de 1980, a sociedade passou a aceitar a remuneração estratosférica dos CEOs de empresas”. Mas, sem uma teoria para essa “aceitação social”, tal interpretação também é tautológica e arbitrária.
Em quinto lugar, a análise da fração da riqueza total, possuída pelos super-ricos da lista da Forbes, tem uma grande falha conceitual: as dinastias a que pertencem os super-ricos não são as mesmas no início do século XX, em 1987 ou em 2013.
E, finalmente, depois de escrever um livro sobre a evolução da desigualdade, Piketty falha em explicar por que as desigualdades são importantes. Ele expõe uma vaga teoria que diz que desigualdade gera instabilidade social. Mas, ao não formular uma teoria precisa, não sabemos se as desigualdades que importam são as desigualdades dentro dos países (que tem aumentado desde 1980), ou as globais (incluindo as desigualdades entre países, que decaíram desde 1970, graças a grande convergência dos países emergentes). As desigualdades globais experimentaram um declínio entre 1970 e 2012.
Depois de ler o livro de Piketty, tem-se a impressão de que a economia capitalista é um desastre que gera aumentos de desigualdade infinitos, especialmente durante as últimas quatro décadas. Mas se considerarmos a evolução da economia mundial, especialmente durante as últimas quatro décadas, percebemos que as taxas de pobreza no mundo foram reduzidas como nunca antes, as desigualdades globais são cada vez menores e os indicadores de educação, mortalidade, expectativa de vida, saúde, liberdade e democracia são melhores em quase todos os cantos do planeta. É verdade que as desigualdades dentro dos países têm crescido, embora depois de ler o livro “Capital no século XXI”, não possamos saber ao certo se esta é uma tendência que irá perpetuar-se ao longo do tempo ou simplesmente desaparecer. Embora Piketty tenha claro para onde vai o futuro, infelizmente isso é baseado mais na sua ideologia e sua opinião que nos dados fornecidos por ele mesmo.
Graças ao sistema capitalista, Thomas Piketty vai ganhar muito dinheiro com as vendas do seu agora famoso livro. Uma parte importante irá para o governo francês, que ele ajudou a chegar ao poder no ano passado. O resto ele pode gastar como quiser: fazendo festas, comprando livros, guardando para sua aposentadoria… ou mesmo fazendo algo tão nojento como deixar em herança para seus filhos. Liberdade para escolher, Thomas, eis a beleza do capitalismo no século XXI!
Fonte: Instituto Liberal




SOBRE JOÃO LUIZ MAUAD


João Luiz Mauad

Administrador de empresas formado pela Escola Brasileira de Administração Pública da Fundação Getulio Vargas (EBAP/FGV-RJ), João Luiz Mauad é articulista dos jornais “O Globo” e “Diário do Comércio”. Escreve regularmente para os sites “Midia@Mais” e “Ordem Livre”.

quarta-feira, 28 de maio de 2014

Piketty e as desigualdades: uma opiniao sensata

Transcrevo, de uma lista de discussão à qual sou filiado, mas sem a permissão do seu autor, Renato Abucham, estes simples argumentos que me parecem resumir o coração do debate:

Para a sociedade não importa quem é o dono da empresa. Importa que produza bem e barato. Importa que um banco preste um serviço eficiente. É isso que gera bem estar para todos.

As pessoas muito ricas têm capacidade limitada de consumir, por maior que seja sua riqueza, sua renda. O lucro que recebem de seus negócios e que as torna  muito ricas, na sua absoluta maior parte vira poupança. 

Se essa poupança é investida em novos empreendimentos, resulta na forma mais eficiente de alocação desses recursos, pois é investido por quem sabe investir em empreendimentos de sucesso, gerando empregos e rendas. 

Se essa poupança é tributada, como sugere Piketty, os recursos serão transferidos ao Estado que não sabe investir. Será uma péssima alocação de recursos que atrasará o desenvolvimento, geração de bem estar, empregos e renda.

Se o Estado usar o dinheiro para distribui-lo a quem não tem, aí que o desperdício será ainda maior. Estará inviabilizando investimentos de escala, os que podem produzir mais barato e mais eficiente. A economia não deslancha no seu maior potencial, pois uma economia forte é constituída por pequenas, médias e grandes empresas.

Creio que o essencial está dito. A preocupação com a desigualdade, e as políticas tendentes a criar mais igualdade, são ineficientes em si. O importante é criar sempre mais riqueza, o que sempre vai tornar pessoas mais ricas, independentemente de como essa riqueza é distribuída na sociedade. Cada qual deve cuidar da sua vida.
O Estado, que já arrecada bastante dinheiro da sociedade, deveria concentrar seus esforços no sentido de capacitar as pessoas para se posicionarem no mercado de trabalho. Ponto.
Nada de ajudar empresas, bancos, atividades de oferta de bens. Nada.
Apenas educação, segurança, infraestrutura (limitada ao que não pode ser feito pelo setor privado), relações exteriores (voltadas para a facilitação dos negócios e a maior abertura possível), apenas isso.
O mundo seria mais próspero.
Paulo Roberto de Almeida 

sábado, 24 de maio de 2014

Piketty e a desigualdade distributiva: Financial Times diz que dados estao errados

Meus comentários iniciais a esta matéria do FT, abaixo transcrita, e que resumem um pouco o que penso a respeito das "teses" de Piketty.

Independentemente dos problemas de agregação de dados e de processamento da informação estatística presentes em seu livro, o que parece inevitável, dado o amplo espectro de valores e a grande dispersão cronológica com os quais Piketty trabalhou, o que mais parece contestável em sua tese principal é justamente o argumento histórico de que a riqueza tende a se acumular mais rapidamente do que o crescimento econômico geral das economias nacionais com as quais trabalhou (países desenvolvidos do Ocidente capitalista).
Não tenho dados ou condições metodológicas para contestar essa tese principal -- que em sua formulação sintética, r > g, tende a assumir ares de grande síntese genial, um pouco ao famoso estilo einsteiniano do e = mc2 -- mas ela me parece contradizer a lógica formal dos processos econômicos e a própria evolução civilizatória das sociedades humanas, cada vez mais educadas e mais sofisticadas intelectualmente, com amplo acesso à educação superior por amplas camadas de indivíduos e grupos sociais.
Não contesto o fato de que a renda, e sobretudo o patrimônio e a riqueza de forma geral, podem passar por processos temporários e parciais de acumulação preferencial e de concentração em certos grupos e indivíduos, provavelmente vinculados a atividades financeiras e comerciais (ou de serviços financeiros, como Piketty afirma), mas eu não transformaria isso numa nova "lei geral da acumulação capitalista no século XXI", como ele parece pretender. Assim como ocorreu com as teses de Marx, essa também vai ser provavelmente desmentida pela evolução histórica das sociedades capitalistas.
Mas sobretudo discordo da transposição de sua "tese" para o terreno das políticas econômicas, já uma operação economicamente discutível, no sentido de que a solução para a concentração de renda e riqueza, nas mãos de um fantasmagórico 1% de super ricos, é a imposição pelo Estado -- naturalmente de inclinações social-democráticas -- de uma taxa sobre o capital (este tem muitas formas) para sua posterior redistribuição ao resto da sociedade.
Ainda que isso fosse factível -- e não me parece ser -- não creio que melhoraria muito a situação dos 99% do "resto", e sobretudo atuaria numa direção ineficiente em si mesma, que é a ação sobre o estoque de riqueza acumulada (que logicamente diminuiria), em lugar de fazê-lo sobre os fluxos de criação de novas fontes e vetores de renda e de riqueza.
A melhor distribuição que os Estados podem fazer é a de educação, ponto, e deixar os indivíduos cuidarem eles mesmos de sua acumulação individual.
Foi assim que progrediram e avançaram as atuais sociedades capitalistas prósperas. Não vejo porque teria de ser diferente agora.
Qualquer outra solução estatal para a distribuição de riqueza me parece pertencer ao domínio das engenharias sociais, e a História já demonstrou quão negativas elas podem ser para os padrões civilizatórios.
Desenvolverei estes pontos.
Paulo Roberto de Almeida 

Financial Times’: contas de Piketty sobre desigualdade na distribuição de riqueza estão erradas

Transformado em “superstar” da economia após a publicação de seu estudo sobre o aumento da desigualdade, “Capital no século 21″, o economista francês Thomas Piketty está na berlinda. Uma reportagem do “Financial Times” aponta que a tese de 577 páginas de Piketty contém “uma série de erros que afeta suas descobertas”.
O “FT” afirma ter descoberto no trabalho do francês “erros e dados inexplicados em suas planilhas, similares às que enfraqueceram o trabalho sobre dívida pública e crescimento de Carmen Reinhart Kenneth e do ex-secretário de Tesouro americano Kenneth Rogoff”.
O argumento fundamental do livro de Piketty, que tem estado no topo das listas de best-sellers, é de que a imensa maioria da riqueza mundial está nas mãos de poucos e que desigualdade mundial voltou aos níveis encontrados antes da Primeira Guerra.
“O professor Piketty fornece fontes detalhadas para suas estimativas da desigualdade de riqueza na Europa e nos EUA nos últimos 200 anos. Em suas planilhas, no entanto, há erros de transcrição das fontes originais e fórmulas incorretas. Também parece que alguns dados foram escolhidos cuidadosamente ou construídos sem uma fonte original”, diz o “Financial Times”.
— Não tenho dúvidas de que minha série histórica de dados pode ser aprimorada e vai ser aprimorada no futuro… mas eu ficaria bastante surpreso de qualquer conclusão substantiva sobre a evolução no longo prazo da distribuição de riqueza fosse muito afetada por estes aprimoramentos — rebateu Piketty ao “FT”.

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Transcrição da matéria completa do FT, no original, com vídeo, neste link: 
http://www.ft.com/intl/cms/s/2/e1f343ca-e281-11e3-89fd-00144feabdc0.html?ftcamp=published_links%2Frss%2Fglobal-economy%2Ffeed%2F%2Fproduct#axzz32pMOSbYr

Piketty findings undercut by errors

Economist and author Thomas Piketty©Getty
Economist and author Thomas Piketty
Thomas Piketty’s book, ‘Capital in the Twenty-First Century’, has been the publishing sensation of the year. Its thesis of rising inequality tapped into the zeitgeist and electrified the post-financial crisis public policy debate.

Chris Giles outlines his issues with data in ‘Capital in the 21st Century’

Chris Giles
Some issues concern sourcing and definitional problems. Some numbers appear simply to be constructed out of thin air.
The data underpinning Professor Piketty’s 577-page tome, which has dominated best-seller lists in recent weeks, contain a series of errors that skew his findings. The FT found mistakes and unexplained entries in his spreadsheets, similar to those which last year undermined the work on public debt and growth ofCarmen Reinhart and Kenneth Rogoff.
The central theme of Prof Piketty’s work is that wealth inequalities are heading back up to levels last seen before the first world war. The investigation undercuts this claim, indicating there is little evidence in Prof Piketty’s original sources to bear out the thesis that an increasing share of total wealth is held by the richest few.
Prof Piketty, 43, provides detailed sourcing for his estimates of wealth inequality in Europe and the US over the past 200 years. In his spreadsheets, however, there are transcription errors from the original sources and incorrect formulas. It also appears that some of the data are cherry-picked or constructed without an original source.

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For example, once the FT cleaned up and simplified the data, the European numbers do not show any tendency towards rising wealth inequality after 1970. An independent specialist in measuring inequality shared the FT’s concerns.
Contacted by the FT, Prof Piketty said he had used “a very diverse and heterogeneous set of data sources ... [on which] one needs to make a number of adjustments to the raw data sources.
“I have no doubt that my historical data series can be improved and will be improved in the future ... but I would be very surprised if any of the substantive conclusion about the long-run evolution of wealth distributions was much affected by these improvements,” he said.
His contention to have found a “central contradiction of capitalism” has in recent months made him a hero of the left. Although his conclusions have stirred controversy, there has, until now, been near unanimous praise for the quality of his statistical work.
On a tour of the US last month, Prof Piketty met Jacob Lew, US Treasury secretary, gave a presentation to the White House Council of Economic Advisers and lectured at the International Monetary Fund and the UN.

Piketty response

Occupy Wall Street activists protest in Duarte Square after police removed the protesters early in the morning from Zuccotti Park
I am happy to see that FT journalists are using the excel files that I have put on line! I would very much appreciate if you could publish this response along with your piece.
Nobel Prize-winning economists have heaped praised on Mr Piketty’s work. Professor Paul Krugman of Princeton University, said it was safe to say the book “will be the most important economics book of the year – and maybe of the decade”.
Professor Joseph Stiglitz of Columbia University said Prof Piketty’s “fundamental contribution” was the provision of data on the distribution of wealth. It was the subject of laudatory reviews in the Financial Times and other publications.
In Britain, Ed Miliband, Labour leader, told the Evening Standard: “I’m in the early stages of the book. In a way, he is symptomatic of what people are actually feeling”.
In his response to the FT, Prof Piketty said that more recent data not in his work showed “the rise in top wealth shares in the US in recent decades has been even larger than what I show in my book”.

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sábado, 10 de maio de 2014

Desigualdade distributiva no Brasil: qual é o panorama?

Desigualdad de los ingresos en el Brasil. ¿Qué ha cambiado en los últimos años? (1999-2008)
Helder Ferreira de Mendonça y Diogo Martins Esteves
Revista de la Cepal, n. 112, Abril 2014


En este estudio se presentan datos empíricos que permiten evaluar la repercusión de diversas variables socioeconómicas y políticas en distintas formas de medir la desigualdad de los ingresos en las 27 unidades de la República Federativa del Brasil entre 1999 y 2008. La experiencia brasileña resulta útil para entender las políticas relativas a la desigualdad de los ingresos en los países en desarrollo. Los resultados indican que el progreso observado durante el período analizado se debe a la combinación de una mayor apertura comercial, el desarrollo tecnológico y financiero, la reducción de la tasa de desempleo, la puesta en práctica de políticas sociales con efecto directo en las familias más pobres y la implementación de mecanismos contra la corrupción.


Meu comentário (PRA):

Tudo isso junto se presta a muita confusão. Vamos separar por partes.

1)  Maior abertura comercial só teve sob Collor, muito tempo atras, portanto.
Nos últimos anos só houve maior fechamento comercial.
E o aumento das importações não foi política do governo, ao contrário, foi o efeito não desejado da valorização do real, que tampouco tem a ver com políticas do governo, e sim com o sucesso do agronegocio, com a demanda chinesa, com o aumento do valor, mais do que do volume, das exportações.
2)  Desenvolvimento tecnológico e financeiro tende mais a concentrar do que a redistribuir renda, pelo menos num primeiro momento.
O que houve sim, foi um aumento do volume de crédito na economia, o que certamente está na origem da inflação persistente, pois ao aumento da demanda não correspondeu um similar aumento da oferta, ao contrário, a indústria brasileira está pressionada por altos custos (aumento real dos salários muito acima da inflação e da produtividade), por altos impostos, e a oferta tem sido buscada nas importações justamente.
3) Ocorreu maior formalização da mão-de-obra, certamente, mas o Brasil é provavelmente um caso raro no mundo em que a baixa do desemprego coincide com uma inédita e estranha subida para o alto, num movimento totalmente contraditório, da curva de seguro desemprego? Como pode o desemprego diminuir e os gastos com seguro desemprego aumentarem?
Deve ter fraude no mercado de trabalho, ou seja, rotatividade forçada para justamente arrancar mais dinheiro do governo e conseguir o mesmo tipo de emprego em seguida, eventualmente pagando um pouco menos (mas o trabalhador ganha três ou seis meses de salário sem precisar trabalhar).
4) Políticas sociais de distribuição de subsídios ao consumo certamente ocorreram, mas que não se chame isso de redução ou eliminação da pobreza. Pode ser tudo menos isso. Redução da pobreza se obtem com a qualificação da mão-de-obra e criação de renda e riqueza pelo mercado, não por esmolas oficiais, que apenas subsidiam o consumo dos mais pobres com dinheiro retirado da classe média.
Basta considerar, por exemplo, que o aumento da carga tributária, nos anos petralhas, foi de 3 ou 4 pontos acima dos dispêndios sociais. Ou seja, a esmola pública ficou baratinho e o resto do dinheiro deve ter ido para o bolsa-empresário (via BNDES), bolsa-banqueiro (via dívida pública), quando não para os próprios mandarins do Estado (Judiciario, e Legislativo, sobretudo) e para os companheiros no poder.
5)  Finalmente, combate à corrupção?
Não quero rir, mas não dá para encarar seriamente isso, ou será que dá?
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Paulo Roberto de Almeida 

quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

EUA: a pobreza aumentou, mas a desigualdade diminuiu - Seria o socialismo obamico?

Parece uma coisa de socialismo real: a pobreza geral aumentou, mas a desigualdade diminuiu. Será que a postura meio pró-cubana do Obama anda influenciando as políticas econômicas?
Just kidding...
A vida é assim mesmo: complicada. Mas a gente sempre encontra uma explicação para ambos os fenômenos. Pode não satisfazer gregos e goianos -- os primeiros certamente não -- mas tudo pode ser confirmado, ou desmentido, ou contornado, pelos próximos estudos, ou pelas próximas políticas, conservadoras, provavelmente...
Paulo Roberto de Almeida

JAN. 7, 2014. 
DYNAMICS OF ECONOMIC WELL-BEING: 
POVERTY, 2009-2011. 
CENSUS BUREAU REPORTS ALMOST ONE IN THREE AMERICANS WERE POOR AT LEAST TWO MONTHS FROM 2009 TO 2011

According to the U.S. Census Bureau, 31.6 percent of Americans were in poverty for at least two months from 2009 to 2011, a 4.5 percentage point increase over the prerecession period of 2005 to 2007. Poverty was a temporary state for most people; however, 3.5 percent of Americans were in poverty for the entire three-year period. The report, Dynamics of Economic Well-Being: Poverty, 2009-2011, traces a sample of U.S. residents through the Survey of Income and Program Participation — statistics are presented by various demographic and socio-economic characteristics, and statistical comparisons are made to data collected from 2005 to 2007. "When people see poverty statistics, they often think these are people who were poor during an entire period," said Ashley Edwards, a poverty analyst with the Census Bureau’s Social, Economic and Housing Statistics Division. "This survey allows us to investigate how individuals moved into and out of poverty during and immediately following the most recent recession, while making comparisons to the earlier three-year period immediately leading into the recession." According to the National Bureau of Economic Research, the last recession spanned from December 2007 to June 2009. Poverty was a persistent condition for many; among the 37.6 million people who were poor at the start of the period — January and February 2009 — 26.4 percent remained poor throughout the next 34 months. However, many people escaped poverty: 12.6 million, or 35.4 percent, who were poor in 2009 were not in poverty in 2011. As some moved out of poverty, others moved into it. About 13.5 million people, or 5.4 percent, who were not in poverty in 2009 slipped into poverty by 2011. Other highlights from the report include:
•The percent of individuals experiencing a poverty spell lasting at least two months increased from 27.1 percent over the period of 2005 to 2007 to 31.6 percent from 2009 to 2011. Chronic poverty rates (poor all 36 months) also increased, from 3.0 percent over the prerecession period to 3.5 percent from 2009 to 2011.
•For those who were in poverty for two or more consecutive months from 2009 to 2011, the median length of a poverty spell was 6.6 months, up from 5.7 months over the period from 2005 to 2007.
•Approximately 44.0 percent of poverty spells occurring from 2009 to 2011 ended within four months, while 15.2 percent lasted more than 24 months.
•While 35.4 percent of individuals who were in poverty in 2009 managed to escape poverty in 2011, approximately half (49.5 percent) continued to have income below 150 percent of their poverty threshold.
•People 65 and older had lower annual poverty rates than children or working-age adults, but once the elderly entered poverty their median spell durations of 8.3 months were longer than both children and working-age adults.
•People in families with a female head of household had longer median poverty spell lengths than those in married-couple families (8.4 and 5.6 months, respectively).
•Hispanics were more likely than blacks to enter poverty over the course of 2009 to 2011, but also more likely than blacks to exit poverty. Hispanics also had shorter median spell durations, 6.5 months, while the median duration for blacks was 8.5 months.


Income Growth and Income Inequality: The Facts May Surprise You

Last month the Congressional Budget Office published new estimates of the distribution of federal tax burdens. CBO analysts assembled updated information on Americans’ incomes to calculate household tax burdens between 1979 and 2010. They also predicted 2013 tax burdens based on projections of income combined with a careful reading of current tax law.
Some crucial findings of the new study may come as a surprise, especially to people who believe incomes of the poor and middle class have stagnated since the turn of the century while incomes at the top have soared. The CBO’s latest numbers show the opposite is true. Since 2000 pre-tax and after-tax incomes have improved among Americans in the bottom 90% of the income distribution. Among Americans in the top 1% of the distribution, real incomes sank (see Chart 1).
To be sure, the pre- and post-tax incomes of the top 1% improved in 2010 compared with 2009 while incomes in the bottom 90% of households remained essentially flat. Thus, almost all the net income gains in 2010 went to people at the very top. 2010 was the first year of the current recovery, and a disproportionate share of income gain in the early recovery was concentrated on the well-to-do. Income reports published by the IRS suggest this trend continued in 2011 and 2012, when the most affluent taxpayers continued to enjoy big income gains. The flip side is that Americans at the top of the distribution also saw the biggest percentage losses in their incomes during the Great Recession. CBO’s new numbers show that households in the top income percentile saw their before- and after-tax incomes shrink more than one-third between 2007 and 2009. Middle-income Americans experienced pre-tax income losses of 4.5% and after-tax income losses of just 1.4%. In the bottom one-fifth of U.S. households, after-tax incomes actually edged up during the recession.
The market incomes of Americans up and down the income distribution were badly hurt by the Great Recession. (Market income consists of wages and other labor compensation, business income of the self-employed, interest, dividends, capital gains, rent payments to individuals, and private pension payments.) Many households are a long way from recovering the market income losses they suffered in the recession. As it happens, households at the top of the income distribution are among families in this situation. Even accounting for the robust pre-tax gains they enjoyed in 2010-2012, IRS data suggest the top 1% of households had lower pre-tax incomes in 2012 than they did in 2007… or in 2000.
The tax system and government transfers shelter American households from part of the market income losses they suffer in a recession. Unemployment benefits replace some of the wages lost as a result of a layoff. Social Security, Medicaid, and Medicare replace part of the compensation lost by older and disabled workers when they are forced to leave the work force in a weak job market. The progressive income tax reduces households’ tax liabilities more than proportionately when Americans experience a drop in their wages or business income. The stimulus measures adopted in the Great Recession boosted the income protection provided by the government. In percentage terms, government protection against recession-fueled income losses was much more effective in 2008-2010 for low- and moderate-income families than it was for those in the top 1%.
Over longer time horizons and measured over full business cycles the latest CBO numbers confirm that the income gains of the top 1% have been considerably faster than those enjoyed by middle-income Americans. For example, between 1979 and 2010 the after-tax real incomes of the top 1% tripled. Households in the middle three-fifths of the income distribution saw their after-tax incomes grow only about 40% (see Chart 2). What the CBO statistics do not show, however, is that middle- and low-income families have failed to share in the nation’s long-term prosperity. Over the past one-, two-, and three-decade periods, both middle class and poor households have experienced noticeable gains in living standards. Their gains are slower than those experienced by middle-income families in the earlier post-war era, but the gains are well above zero.
One reason that many observers miss these income gains is that the nation’s most widely cited income statistics do not show them. A commonly used indicator of middle class income is the Census Bureau’s estimate of median household money income. Measured in constant dollars, median household income reached a peak in 1999 and fell 9% in the years thereafter. The main problem with this income measure is that it only reflects households’ before-tax cash incomes. It fails to account for changing tax burdens and the impact of income sources that do not take the form of cash. This means, for example, that tax cuts in 2001-2003 and 2008-2012 are missed in the Census statistics. Even worse, the Census Bureau measure ignores income received as in-kind benefits and health insurance coverage from employers and the government. By ignoring in-kind benefits as well as sizeable tax cuts in the recession, the Census Bureau’s money income measure seriously overstated the income losses that middle-income families suffered in the recession. Under the CBO’s most comprehensive measure of income—total after-tax and after-transfer income—the median household income fell less than 1% between 2007 and 2010. Under the Census Bureau money income definition, median household income fell almost 7% (see Chart 3).
The new CBO income statistics show the growing importance of these items. In 1980, in-kind benefits and employer and government spending on health insurance accounted for just 6% of the after-tax incomes of households in the middle one-fifth of the distribution. By 2010 these in-kind income sources represented 17% of middle class households’ after-tax income (see Chart 4). The income items missed by the Census Bureau are increasing faster than the income items included in its money income measure.
The broadest and most accurate measures of household income are published by the CBO. CBO’s newest estimates confirm the long-term trend toward greater inequality, driven mainly by turbo-charged gains in market income at the very top of the distribution. The market incomes of the top 1% are extraordinarily cyclical, however. They soar in economic expansions and plunge in recessions. Income changes since 2007 fit this pattern. What many observers miss, however, is the success of the nation’s tax and transfer systems in protecting low- and middle-income Americans against the full effects of a depressed economy. As a result of these programs, the spendable incomes of poor and middle class families have been better insulated against recession-driven losses than the incomes of Americans in the top 1%. As the CBO statistics demonstrate, incomes in the middle and at the bottom of the distribution have fared better since 2000 than incomes at the very top.
Senior Fellow, Economic Studies
The John C. and Nancy D. Whitehead Chair

sexta-feira, 27 de setembro de 2013

Desigualdade no mundo: como os paises se comparam - Max Fischer (WP)


Map: How the world’s countries compare on income inequality (the U.S. ranks below Nigeria)

 The Washington Post Blog: FRIDAY, SEPTEMBER 27, 6:30 AM ET
Bluer countries have better income equality. Redder countries are more unequal. Data: CGDev, DIIS. (Max Fisher/The Washington Post)
The way we measure income inequality is changing. After years of relying on a complicated metric called the Gini coefficient, some economists argue that we should adopt the Palma ratio, which measures the gap between the rich and the poor in a society. My colleague Dylan Matthews explains how the Palma works and why it might be superior (more on that below).
In the map up top, I've illustrated the latest data on income inequality around the world, as measured by the Palma. The results are pretty revealing. Bluer countries have greater income equality, according to the metric, meaning that there's less of a gap between the rich and the poor. Redder countries have more income inequality, meaning that there's a wider gap. Purple countries are about in the middle -- that includes the United States, which is the most unequal of any developed country measured.
The countries that come out looking best include, no surprise, the usual suspects of Northern Europe. Interestingly, Eastern Europe scores quite highly as well, as do some post-Soviet countries in Central Asia. Perhaps that's a legacy of Soviet-era social programs meant to flatten class divides. But it's also a reminder that, while economic equality is great, it's not synonymous with a healthy economy. Some countries are economically equal because everyone is well-off, as in Denmark, and some because most everyone is equally poor.
The countries with the highest income inequality are, by far, those of Latin America and the southern tip of Africa. These countries have been seeing economic growth over the past few decades, but much of the wealth ends up funneling into the top stratospheres of society. This problem tends to be self-reinforcing: The rich are able to secure better education and political access, making it easier for them to stay rich and tougher for everyone else to get a share of the pie.
The United States doesn't come out of this comparison looking great. It's ranked 44th out of 86 countries, well below every other developed society measured. It's one spot below Nigeria, which has some of the worst political corruption in the world and in 2012 saw nationwide protests over perceived income inequality. The United States' Palma ratio ranks it just beneath Nigeria but above Russia and Turkey -- all countries that have experienced heavy political unrest in recent years.
The data offer a reminder that the United States might enjoy greater economic equality than much of the world, but it is at the bottom end of the developed world. And the Palma ratio actually shows the United States in a more positive light than does the Gini coefficient, which ranks it even lower. To get a better sense of how the United States compares to the rest of the world, here's a map that shows all other countries just relative to the United States. Blue countries are more equal than the United States, red countries are more unequal:
Blue countries have better income inequality than the U.S., red countries worse. Data: CGDev, DIIS. (Max Fisher/The Washington Post)
Here's the story with the Palma ratio, which gave us these data. Two economists with the Center for Global Development, Alex Cobham and Andy Sumner of King's College London, make the case for the Palma in a recent paper. They explain that it's much more elegant than the Gini coefficient and better suited at comparing the rich and the poor. The Palma simply compares the richest 10 percent of people with the poorest 40 percent. Their report provides the data mapped out above, supplemented with some numbers from the Danish Institute of International Studies.
Here's a video Cobham and Sumner produced to explain how the Palma ratio works and why they think it's better: