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segunda-feira, 16 de agosto de 2021

'O Anjo de Hamburgo' se inspira na vida real de Aracy de Carvalho Guimarães Rosa: filmografia - Ubiratan Brasil (Terra)

'O Anjo de Hamburgo' se inspira na vida real de Aracy de Carvalho


Heroína 'secreta' foi casada com Guimarães Rosa e ajudou centenas de famílias de judeus que precisavam fugir do nazismo

Ubiratan Brasil
Terra, 16 ago 2021 - 05h10

O diretor Jayme Monjardim tem predileção por personagens femininas de grande estatura. Em sua carreira, destacam-se minisséries como Chiquinha Gonzaga e A Casa das Sete Mulheres e o filme Olga, sem se esquecer de Maysa - Quando Fala o Coração, que retrata a trajetória da grande cantora, sua mãe. Agora, Monjardim se prepara para colocar mais uma figura destacada em sua coleção, depois de terminar a filmagem de O Anjo de Hamburgo, primeira coprodução internacional da Globo, em parceria com a Sony Pictures.

Trata-se da história de Aracy de Carvalho Guimarães Rosa (1908-2011), mulher do grande escritor e que, durante o período em que viveu na Alemanha durante a Segunda Guerra Mundial, desafiou autoridades para ajudar centenas de famílias de judeus que precisavam fugir do nazismo. "Ela não apenas confrontou o governo alemão como também o Itamaraty, pois o governo brasileiro da época, de Getúlio Vargas, restringia a entrada de judeus no Brasil", comenta o diretor, que trabalha agora na edição da série, que terá 8 episódios.

Aracy, de fato, desafiou as normas de seu tempo. Desquitada, situação totalmente reprovável na época, a paranaense chegou em Hamburgo, na Alemanha, em 1934, acompanhada do filho de 5 anos, Eduardo, para morar na casa de uma tia. Como falava fluentemente alemão, francês e inglês, conseguiu um emprego como chefe de vistos no Consulado do Brasil naquela cidade. Logo, o regime nazista e a perseguição aos judeus passaram a revoltar Aracy, que conseguia falsos atestados de residência para os judeus em Hamburgo e, assim, liberava a emissão de vistos sem o J de identificação. Os passaportes eram deixados em meio à papelada para o cônsul que, entediado com a burocracia, assinava sem ler.

Com isso, ela colocava a vida em risco, pois uma determinação do governo varguista orientava as missões diplomáticas a não conceder vistos que permitissem a entrada em território nacional de pessoas de origem semita. Também chegou a transportar em seu próprio carro judeus para além das fronteiras alemãs. Foi no consulado que Aracy conheceu e se apaixonou por João Guimarães Rosa (1908-1967), então vice-cônsul, que também passou a facilitar a fuga dos perseguidos, especialmente quando assumiu a posição do cônsul que, em janeiro de 1939, saiu de férias e retornou ao Brasil.

"Quando conheci a história desta mulher incrível, eu me senti determinado a contá-la para mais pessoas, pois Aracy é pouco conhecida no Brasil e, em geral, o público se lembra dela como a esposa do grande escritor", explica Monjardim, que assumiu a direção artística de uma grande produção - criada e escrita por Mario Teixeira, com colaboração da autora inglesa Rachel Anthon, a minissérie conta com time de historiadores e especialistas em cultura judaica, além de pesquisadores de relações internacionais, para consultoria e produção.

O Anjo de Hamburgo tem uma produção caprichada - rodada no Rio de Janeiro e em Buenos Aires, onde edifícios históricos reproduzem com rara perfeição a arquitetura do consulado brasileiro na Alemanha, a série tem Sophie Charlotte no papel de Aracy e Rodrigo Lombardi como Guimarães Rosa. No elenco, estão ainda nomes como Tarcísio Filho, que vive o cônsul Souza Ribeiro, e Gabriela Petry, que interpreta Taibele Bashevis, uma judia dividida entre o sonho de ser cantora e a necessidade de estar perto da família. Na verdade, a maior parte dos talentos tem diferentes nacionalidades. "São 13 atores internacionais, vindos de países como Israel, Alemanha, Polônia e Itália", conta o diretor, lembrando que a história é narrada em inglês para facilitar a distribuição internacional - quando ficar disponível nas plataformas da Globo, até o final do ano, deverá ser dublada em português.

Por causa da pandemia, a produção sofreu interrupções - iniciada em 2020, só foi finalizada em maio passado. "Contamos com o grande apoio da família de Aracy, especialmente do neto Eduardo, que nos abriu seu arquivo com mais de 10 mil documentos, entre diários de guerra e fotos", explica Monjardim, que trabalha agora em São Paulo, de forma remota, na edição dos episódios, que vão contar com recursos gráficos e efeitos especiais. "A tecnologia me permite manter contato constante com os computadores da Globo, no Rio."

Esse, aliás, será o norte de seus próximos trabalhos: produções tecnicamente impecáveis e com conteúdo social integrado. "Apoio a indústria do bem, como a Universidade dos Sentimentos que desenvolvo com o escritor e psiquiatra Augusto Cury", revela. "Nossa filosofia prega ter cuidado com o que se pede para o destino, pois pode acontecer."

Outro importante projeto envolve a obra de sua mãe, a cantora e compositora Maysa (1936-1977), uma das principais intérpretes da música brasileira - ao lado de outros cantores que se destacaram nos anos 1950, como Nora Ney, Ângela Maria, Cauby Peixoto e Dolores Duran, Maysa contribuiu para um novo padrão vocal. A vida tumultuada, que se confundia com a profissional, poderá inspirar um musical, no qual Monjardim trabalha com a cantora Claudia Netto. "Ela escreve bem e cedi acesso ao material que disponho", conta ele, cujo trabalho também foi interrompido pela pandemia.

Maysa
Um dos grandes desejos de Monjardim, porém, é oficializar o museu em homenagem a Maysa a ser montado em Maricá, município localizado na região metropolitana do Rio de Janeiro. Lá, será construída uma casa que deverá entrar para o circuito artístico da região e onde os visitantes poderão conhecer Maysa de verdade. "No planejamento, há até o uso de recursos de 3D, que o transformarão em um museu de sensações", confia o diretor. "Haverá totens nos quais será possível acessar as músicas, até mesmo inéditas." Para isso, ele também vai dispor acesso ao seu arquivo, que conta com aproximadamente 20 documentos. A previsão é de que o museu fique pronto até o final de 2022.

Jayme Monjardim busca o perfeccionismo no que faz, mesmo quando os detalhes passam despercebidos pelo grande público. No filme Olga (2004), por exemplo, que conta a história de Olga Benário Prestes, a alemã judia e militante do movimento comunista que foi deportada pelo governo Vargas para a Alemanha nazista, há o predomínio das cores azul e cinza, que revelam justamente as dificuldades enfrentadas pela personagem. Ele também decidiu que apenas a bochecha rosada de Olga, no início do filme, teria alguma cor quente, além dos longos closes nos verdes olhos da atriz Camila Morgado, intérprete da personagem.

Para o surgimento de tais detalhes, é preciso, acredita Monjardim, que se crie um estreito relacionamento com a equipe criativa, algo decisivo para o sucesso do projeto. É o que explica o estrondoso êxito da novela Pantanal, exibida pela extinta TV Manchete em 1990 e que ganhará um remake pela Globo.

"Trabalhei diretamente com o autor, Benedito Ruy Barbosa, em todas as possibilidades de execução do trabalho, o que foi essencial, pois nenhum diretor salva um texto mal construído", explica ele, que aponta os contrastes da sua versão com a planejada pela Globo. "Na época, a região do Pantanal era desconhecida, as pessoas só falavam da Amazônia. Assim, sabíamos que despertaríamos a curiosidade sobre aquela natureza."

Monjardim se recorda das dificuldades técnicas. "Não dispúnhamos de eletricidade e o acesso era por avião - tivemos de levar até os tijolos para a construção de banheiros", conta, reforçando que não terá nenhum contato com a nova versão. "Hoje, os recursos são maiores, como os drones, e a região é bem mais conhecida. E as recentes queimadas não poderão ser ignoradas, portanto, será um grande desafio."

Com 40 anos de profissão, Monjardim se orgulha de ser um profissional essencialmente de televisão. "É um meio de rápida comunicação, que exige um detalhado entendimento de seu funcionamento. E sabemos contar bem uma história, pois Hollywood está para o cinema assim como o Brasil está para as novelas."

https://www.terra.com.br/diversao/tv/o-anjo-de-hamburgo-se-inspira-na-vida-real-de-aracy-de-carvalho,cbabfa02cfc1721281aa2c587b53a77d5plgehj6.html

domingo, 20 de novembro de 2011

Woody Allen: tem os que gostam...e tem os que adoram...

Por acaso, antes de "cair" neste artigo do Washington Post deste domingo, sobre o prolífico cineasta, eu acabei de ver/rever, nesta madrugada, o horrível "Bananas", certamente um dos PIORES filmes de Woody Allen, com o desconto de que se tratava de um filme de começo de carreira do autor-cineasta-intelectual, num momento em que a revolução cubana ainda era levada seriamente ao norte e ao sul do hemisfério. Como sempre, comparecem os temas habituais do autor: a gozação com as ideologias políticas, os judeus (ah, os judeus), e sobretudo as dificuldades dos relacionamentos pessoais, sobretudo amorosos (ou no caso dele, sexuais).
Em todo caso, gostei muito do "Midnight in Paris", para onde estou indo por quatro meses em Fevereiro e onde espero encontrar personagens tão memoráveis quanto os que encontrou o personagem principal. Como muitos sabem, ou não sabem, o verdadeiro nome de Woody Allen é Allen Stewart Konigsberg.  Por acaso, também, estou indo para Koenigsberg, atual Kaliningrad, depois de deixar Paris at midnight...
Deleitai-vos, com o documentário, I mean...
Paulo Roberto de Almeida

PBS’s ‘Woody Allen’: The resilient, horn-rimmed genius opens up at last

By 

The Washington Post, November 18, 2011

What comes through most in “Woody Allen: A Documentary,” Robert Weide’s thoroughgoing two-part PBS profile of the nebbishy auteur, is that Allen, who has made such a career out of neuroses, phobias and other assorted worries, seems nearly unaffected by what anyone has ever said about him or his work.
That’s a shame, if only because so much has been said and written about Allen. Millions of words, thousands of column inches, entire film-theory dissertations, bestselling biographies; critical raves, pans and verbose analyses. Entire forests have fallen so that people could tell other people what they think of Woody Allen and what his movies have meant. (And still another forest fell in the tabloid chronicling of his scandalous breakup and custody battle with Mia Farrow in the 1990s.) None of it ever made much of a dent, according to the man himself.
“Woody Allen” does a nice job of surmounting all that has been said before and packaging it into a tidy, informative mini-epic. The film, part of the “American Masters” series, is helped immensely by the fact that Allen, who will turn 76 on Dec. 1, cooperated happily and at quite some length, granting Weide lots of access to his closest collaborators and his thought processes. He answers questions this time around about his work and life in ways that he’s been reluctant to do in the past. Even now, he is still far too humble. When he saw the finished print of his 1979 film “Manhattan,” one of his greatest, he recalls being so sickened that he offered United Artists an entirely new movie, free of charge, if they’d agree to shelve it.
At 195 minutes in length (split in two partsis exhaustive without being overwhelming., Sunday and Monday nights at 9 p.m. on most PBS stations), “Woody Allen” It’s not entirely clear why the time has come for what, in some moments, feels like a sunset homage — especially because Allen is still cranking out a film every year, is physically fit and had parents who lived to the ages of 96 and 100. His most recent film, “Midnight in Paris,” has become his biggest box-office hit. “My relationship with death remains the same,” Allen is seen telling a press conference at a film festival. “I am strongly against it.” There is no indication that he intends to slow down.
Nevertheless, the time has come to talk about methods, theories, inspiration, legacy. This includes opening the nightstand drawer in his master bedroom, where Allen keeps a disorganized pile of scraps of paper on which he has jotted stray ideas for movies. When it’s time to make another one (which is always), he returns to this drawer to scrounge around for a little more brilliance.
* * *
“Woody Allen” begins with his unremarkable if slightly odd Brooklyn boyhood (he was born Allen Stewart Konigsberg); his utter failure as a student (“I hated school with a passion. . . . To this day I think of it as a curse,” he says, walking past P.S. 99); his early love for films at the neighborhood Jewel theater (immortalized in 1985’s “The Purple Rose of Cairo”), and how his childhood memories have inspired scenes or themes in some of his movies. The documentary then works forward chronologically with Allen’s earliest attempts at writing and performing stand-up comedy in Manhattan nightclubs and Upstate resort towns.
As his shtick catches on, he becomes a go-to 1960s proto-nerd, making himself available to variety shows and talk shows to kvetch and crack one-liners about romance or life’s little annoyances (eons before Jerry Seinfeld) or partake in stunts such as getting in the boxing ring with a kangaroo on “Hippodrome” in 1966. (Or, on a different TV show appearance, sing “Little Sir Echo” with a howling pooch.)
We’ve become so accustomed to Allen looking like an old man these days that to see him as a striving young buck, full of exuberance (or, at least, the Woody Allen version of exuberance) may be something of a revelation to younger viewers.
Therefore, when Diane Keaton — who has been Allen’s muse, co-star and ex-lover — expounds on how she was irresistibly attracted to the man, it begins to make sense when you see him in action, circa 1970. Belatedly, perhaps, one awakens to the notion of the sex appeal behind the horn-rimmed glasses. That’s not news to those in whom Allen’s pre-“Annie Hall” zaniness inspired geek lust, but it might be news to viewers in 2011.
Funny equals sexy, and vice versa. “Woody Allen,” though intent on cracking the enigmatic emotional armor of its subject, makes great use of old interview footage where Allen was just tossing out riffs and jokes in his early years. In one clip, from the early ’70s, a British interviewer asks him: “Who was the first movie star you met, can you remember?”
“Uh, yes,” Allen deadpans. “I met Trigger, who was Roy Rogers’s horse, um, at a party.Actually, I picked him up at a party, and we had an ongoing relationship for two years after that. Which I’m very proud of.”
“Did you ever meet Roy Rogers at that time?” the interviewer asks, starting to giggle, while Allen remains completely stone-faced, chin in hand.
“No, I had no interest in meeting Roy Rogers. But I loved living with his horse.”
“But what about the smell?”
“[Trigger] didn’t mind that so much.”
* * *
Then come the movies, nearly four dozen of them and counting, depending on what you’re counting.
Pained by his debut work in the 1965 slapstick comedy “What’s New, Pussycat?”(which he wrote and performed in) and soothed not one bit by its box-office success, Allen embarked on a career in which his own autonomy and control over the final cut had to be guaranteed.
“Woody Allen” thus becomes a serious exploration of staying true to one’s sensibility and ignoring buzz at any cost. It builds its case for Allen’s genius by examining his films in order — a true treat for loyal fans and perhaps even ambivalent critics. The documentary is enriched greatly by candid interviews with all of Allen’s closest associates (producers, his casting director, cinematographers) and his muses, including Keaton; his second wife, Louise Lasser; “Manhattan” co-star Mariel Hemingway.
Part 1 concludes with the critical disappointment of 1980’s “Stardust Memories,” which was such a comedown for Allen’s devotees after the success of “Annie Hall” and “Manhattan.” Part 2 is about Allen’s continued evolution through the ’80s and ’90s toward the tragic, the comic and, most perfectly, the tragicomic.
It goes without saying that Mia Farrow doesn’t turn up to share her own special knowledge about the enigma that is Allen, given the couple’s explosive breakup after he began a relationship with Farrow’s then-21-year-old daughter, Soon-Yi Previn. (Allen and Previn married and have been together for 19 years now.) Allen speaks of Farrow so politely here, with respect for her talent and dedication to their many movies together. Everyone interviewed is kind and so careful to use past-tense verbs when speaking of her that it might come as a shock to some viewers to learn that Farrow is still alive.
But she is nonexistent in the particular, by-the-book routine world Allen has built for and around himself, including a rosy vision of New York that Allen himself is the first to admit is a fantasy, and only Martin Scorsese is willing to criticize as being too unreal. It’s a Manhattan nearly devoid of the poor or minorities. The only poor people he liked portraying were scraping by in the Great Depression or war era.
Though it doesn’t need to be longer, “Woody Allen” could stand to exchange some of its admiration for a more analytical look at how Allen frankly and subtly interpreted, mocked and celebrated the Jewish American experience in his material. It should also, at some point, have addressed the near-absence of black people in his films (“Deconstructing Harry” and “Melinda and Melinda” being two unnotable exceptions), even though Chris Rock is interviewed for the documentary and probably would have been glad you asked.
This is worth bringing up, because Allen will go down in history as one of America’s finest filmmakers, whose appeal was nevertheless limited, as if meant only for “sophisticated” moviegoing audiences. Is that limited appeal some kind of appealing limitation? Do the subliminal class cues — the nice apartments, the buoyant social gatherings at which the protagonist nevertheless experiences existential ennui — cast a disproportionate charm spell on the discerning filmgoer, especially now that Allen is applying the same idealized rinse to films set in London, Barcelona and Paris?
That’s probably material for someone’s else documentary. Fan of Allen’s oeuvre, meanwhile, will enjoy putting faces and voices to the names we’ve seen set in requisite, plain white Windsor font in the credits of his movies, and they offer invaluable insight into how Allen writes, directs and frets over his projects — and how swiftly he moves on to the next one. They are particularly helpful at recalling how he coped with the tabloid deluge that accompanied the Farrow split, especially in a montage in which, to a person, they talk about Allen’s ability to “compartmentalize” not only his emotions but how he deals with the world around him.
By being so thorough a review of his many works, “Woody Allen” will remind viewers of how many mediocre films we’ve sat through in dumpy art-house theaters, simply because his name was on them. The clunkers are as much a part of his story as “Annie Hall, “Hannah and Her Sisters” and “Crimes and Misdemeanors” (and later, “Bullets Over Broadway,” “Match Point” and “Vicky Cristina Barcelona”).
As his most faithful moviegoers know all too well — and as Allen talks about with a whiff of his studied despair — the brilliance doesn’t always come. But it does keep coming, like clockwork.
How? Why? “Woody Allen” is the closest we’ve ever come to learning the answers.

American Masters:
Woody Allen — A Documentary

(195 minutes, in two parts) airs Sunday and Monday at 9 p.m. on WETA and MPT.
© The Washington Post Company