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Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

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terça-feira, 4 de outubro de 2022

Mais uma razão para não recomendar o BRICS: Lula e Bozo são a favor - Leonardo Cioni (Terra)

 Putgrilla, como diria o fradinho...

Isolado no Ocidente, Bolsonaro encontra apoio no BRICS

Por Leonardo Cioni 

Terra, 30/09/2022

https://www.terra.com.br/noticias/brasil/isolado-no-ocidente-bolsonaro-encontra-apoio-no-brics,025eea8532610b65d07ec4d2d6aa5a16m4db5b8g.html

Se quase todo o Ocidente, dos Estados Unidos à Europa - com pouquíssimas exceções -, não esconde que está torcendo contra a reeleição de Jair Bolsonaro nas eleições presidenciais de 2 de outubro no Brasil, o líder de direita encontra apoio na China e na Rússia, parceiros importantes na frente comercial e membros do grupo BRICS.

    Esta é a convicção de muitos especialistas ao analisar os quatro anos de governo do ex-capitão do Exército caracterizados por alguns deslizes no campo diplomático, mas também por muito pragmatismo no campo econômico.

    Por exemplo, Bolsonaro foi um dos poucos chefes de Estado a tomar partido abertamente contra as sanções contra a Rússia, decididas pela comunidade internacional após a invasão da Ucrânia. Com isso, conseguiu manter intactas as importações de fertilizantes agrícolas, dos quais Moscou é o principal fornecedor.

    E no futuro poderá receber grandes descontos em petróleo e gás, segundo disse Bolsonaro recentemente, referindo-se a conversas "muito cordiais" com Vladimir Putin durante sua visita ao Kremlin, pouco antes do início da guerra.

    Mesmo com Pequim, o presidente brasileiro colocou questões práticas diante de divergências ideológicas: a China é o primeiro parceiro comercial do Brasil, do qual compra principalmente matérias-primas (carne, trigo e soja) e para quem, por sua vez, vende produtos estratégicos, em especial máquinas para a indústria e tecnologia avançada.

    Por outro lado, Bolsonaro não opôs, por exemplo, resistência particular ao avanço da empresa de telecomunicações Huawei (interessada em implementar seu 5G), chegando a contrariar o ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump, seu grande aliado, notoriamente contrário à expansão chinesa no território americano.

    Se por um lado ainda é desconhecido o real papel que a ex-União Soviética poderá desempenhar em relação ao Brasil, dada a continuidade da guerra com Kiev, por outro, as relações de Brasília com Pequim estão destinadas a crescer.

    Em vez de abraçar definitivamente um discurso anti-chinês, pensando no negócio, Bolsonaro surpreendentemente favoreceu o gigante asiático em detrimento dos países regionais, arriscando, entre outras coisas, pular definitivamente a ratificação do acordo comercial entre o Mercosul e a União Europeia.

    Para a China, em suma, a derrota de Bolsonaro nas mãos de Luiz Inácio Lula da Silva pode representar um obstáculo à sua expansão: o ex-presidente de esquerda é bem visto pelas principais potências ocidentais, que buscarão uma reaproximação com o Brasil, ameaçando o crescente protagonismo de Pequim.

    Bolsonaro está isolado dos EUA, de Joe Biden, e de quase todas as nações latino-americanas vizinhas e do bloco europeu quase completo, apesar do apoio da Hungria, do premiê Viktor Orbán, e muito poucos outros.

    Por isso, o líder de direita tenderá a continuar a focar sua política externa nos BRICS, sem medo de ser esnobado.

    Em suma, a reeleição de Bolsonaro, embora não represente o cenário ideal, paradoxalmente pode trazer ganhos concretos ao "País do Dragão". A de Lula, por outro lado, significaria reabrir as portas do Brasil para organizações internacionais como a OCDE, e a China arriscaria ter que competir com mais concorrentes na tentativa de ampliar sua influência política e econômica na América Latina. 


segunda-feira, 16 de agosto de 2021

'O Anjo de Hamburgo' se inspira na vida real de Aracy de Carvalho Guimarães Rosa: filmografia - Ubiratan Brasil (Terra)

'O Anjo de Hamburgo' se inspira na vida real de Aracy de Carvalho


Heroína 'secreta' foi casada com Guimarães Rosa e ajudou centenas de famílias de judeus que precisavam fugir do nazismo

Ubiratan Brasil
Terra, 16 ago 2021 - 05h10

O diretor Jayme Monjardim tem predileção por personagens femininas de grande estatura. Em sua carreira, destacam-se minisséries como Chiquinha Gonzaga e A Casa das Sete Mulheres e o filme Olga, sem se esquecer de Maysa - Quando Fala o Coração, que retrata a trajetória da grande cantora, sua mãe. Agora, Monjardim se prepara para colocar mais uma figura destacada em sua coleção, depois de terminar a filmagem de O Anjo de Hamburgo, primeira coprodução internacional da Globo, em parceria com a Sony Pictures.

Trata-se da história de Aracy de Carvalho Guimarães Rosa (1908-2011), mulher do grande escritor e que, durante o período em que viveu na Alemanha durante a Segunda Guerra Mundial, desafiou autoridades para ajudar centenas de famílias de judeus que precisavam fugir do nazismo. "Ela não apenas confrontou o governo alemão como também o Itamaraty, pois o governo brasileiro da época, de Getúlio Vargas, restringia a entrada de judeus no Brasil", comenta o diretor, que trabalha agora na edição da série, que terá 8 episódios.

Aracy, de fato, desafiou as normas de seu tempo. Desquitada, situação totalmente reprovável na época, a paranaense chegou em Hamburgo, na Alemanha, em 1934, acompanhada do filho de 5 anos, Eduardo, para morar na casa de uma tia. Como falava fluentemente alemão, francês e inglês, conseguiu um emprego como chefe de vistos no Consulado do Brasil naquela cidade. Logo, o regime nazista e a perseguição aos judeus passaram a revoltar Aracy, que conseguia falsos atestados de residência para os judeus em Hamburgo e, assim, liberava a emissão de vistos sem o J de identificação. Os passaportes eram deixados em meio à papelada para o cônsul que, entediado com a burocracia, assinava sem ler.

Com isso, ela colocava a vida em risco, pois uma determinação do governo varguista orientava as missões diplomáticas a não conceder vistos que permitissem a entrada em território nacional de pessoas de origem semita. Também chegou a transportar em seu próprio carro judeus para além das fronteiras alemãs. Foi no consulado que Aracy conheceu e se apaixonou por João Guimarães Rosa (1908-1967), então vice-cônsul, que também passou a facilitar a fuga dos perseguidos, especialmente quando assumiu a posição do cônsul que, em janeiro de 1939, saiu de férias e retornou ao Brasil.

"Quando conheci a história desta mulher incrível, eu me senti determinado a contá-la para mais pessoas, pois Aracy é pouco conhecida no Brasil e, em geral, o público se lembra dela como a esposa do grande escritor", explica Monjardim, que assumiu a direção artística de uma grande produção - criada e escrita por Mario Teixeira, com colaboração da autora inglesa Rachel Anthon, a minissérie conta com time de historiadores e especialistas em cultura judaica, além de pesquisadores de relações internacionais, para consultoria e produção.

O Anjo de Hamburgo tem uma produção caprichada - rodada no Rio de Janeiro e em Buenos Aires, onde edifícios históricos reproduzem com rara perfeição a arquitetura do consulado brasileiro na Alemanha, a série tem Sophie Charlotte no papel de Aracy e Rodrigo Lombardi como Guimarães Rosa. No elenco, estão ainda nomes como Tarcísio Filho, que vive o cônsul Souza Ribeiro, e Gabriela Petry, que interpreta Taibele Bashevis, uma judia dividida entre o sonho de ser cantora e a necessidade de estar perto da família. Na verdade, a maior parte dos talentos tem diferentes nacionalidades. "São 13 atores internacionais, vindos de países como Israel, Alemanha, Polônia e Itália", conta o diretor, lembrando que a história é narrada em inglês para facilitar a distribuição internacional - quando ficar disponível nas plataformas da Globo, até o final do ano, deverá ser dublada em português.

Por causa da pandemia, a produção sofreu interrupções - iniciada em 2020, só foi finalizada em maio passado. "Contamos com o grande apoio da família de Aracy, especialmente do neto Eduardo, que nos abriu seu arquivo com mais de 10 mil documentos, entre diários de guerra e fotos", explica Monjardim, que trabalha agora em São Paulo, de forma remota, na edição dos episódios, que vão contar com recursos gráficos e efeitos especiais. "A tecnologia me permite manter contato constante com os computadores da Globo, no Rio."

Esse, aliás, será o norte de seus próximos trabalhos: produções tecnicamente impecáveis e com conteúdo social integrado. "Apoio a indústria do bem, como a Universidade dos Sentimentos que desenvolvo com o escritor e psiquiatra Augusto Cury", revela. "Nossa filosofia prega ter cuidado com o que se pede para o destino, pois pode acontecer."

Outro importante projeto envolve a obra de sua mãe, a cantora e compositora Maysa (1936-1977), uma das principais intérpretes da música brasileira - ao lado de outros cantores que se destacaram nos anos 1950, como Nora Ney, Ângela Maria, Cauby Peixoto e Dolores Duran, Maysa contribuiu para um novo padrão vocal. A vida tumultuada, que se confundia com a profissional, poderá inspirar um musical, no qual Monjardim trabalha com a cantora Claudia Netto. "Ela escreve bem e cedi acesso ao material que disponho", conta ele, cujo trabalho também foi interrompido pela pandemia.

Maysa
Um dos grandes desejos de Monjardim, porém, é oficializar o museu em homenagem a Maysa a ser montado em Maricá, município localizado na região metropolitana do Rio de Janeiro. Lá, será construída uma casa que deverá entrar para o circuito artístico da região e onde os visitantes poderão conhecer Maysa de verdade. "No planejamento, há até o uso de recursos de 3D, que o transformarão em um museu de sensações", confia o diretor. "Haverá totens nos quais será possível acessar as músicas, até mesmo inéditas." Para isso, ele também vai dispor acesso ao seu arquivo, que conta com aproximadamente 20 documentos. A previsão é de que o museu fique pronto até o final de 2022.

Jayme Monjardim busca o perfeccionismo no que faz, mesmo quando os detalhes passam despercebidos pelo grande público. No filme Olga (2004), por exemplo, que conta a história de Olga Benário Prestes, a alemã judia e militante do movimento comunista que foi deportada pelo governo Vargas para a Alemanha nazista, há o predomínio das cores azul e cinza, que revelam justamente as dificuldades enfrentadas pela personagem. Ele também decidiu que apenas a bochecha rosada de Olga, no início do filme, teria alguma cor quente, além dos longos closes nos verdes olhos da atriz Camila Morgado, intérprete da personagem.

Para o surgimento de tais detalhes, é preciso, acredita Monjardim, que se crie um estreito relacionamento com a equipe criativa, algo decisivo para o sucesso do projeto. É o que explica o estrondoso êxito da novela Pantanal, exibida pela extinta TV Manchete em 1990 e que ganhará um remake pela Globo.

"Trabalhei diretamente com o autor, Benedito Ruy Barbosa, em todas as possibilidades de execução do trabalho, o que foi essencial, pois nenhum diretor salva um texto mal construído", explica ele, que aponta os contrastes da sua versão com a planejada pela Globo. "Na época, a região do Pantanal era desconhecida, as pessoas só falavam da Amazônia. Assim, sabíamos que despertaríamos a curiosidade sobre aquela natureza."

Monjardim se recorda das dificuldades técnicas. "Não dispúnhamos de eletricidade e o acesso era por avião - tivemos de levar até os tijolos para a construção de banheiros", conta, reforçando que não terá nenhum contato com a nova versão. "Hoje, os recursos são maiores, como os drones, e a região é bem mais conhecida. E as recentes queimadas não poderão ser ignoradas, portanto, será um grande desafio."

Com 40 anos de profissão, Monjardim se orgulha de ser um profissional essencialmente de televisão. "É um meio de rápida comunicação, que exige um detalhado entendimento de seu funcionamento. E sabemos contar bem uma história, pois Hollywood está para o cinema assim como o Brasil está para as novelas."

https://www.terra.com.br/diversao/tv/o-anjo-de-hamburgo-se-inspira-na-vida-real-de-aracy-de-carvalho,cbabfa02cfc1721281aa2c587b53a77d5plgehj6.html

terça-feira, 18 de maio de 2010

Acompanhe o movimento da Terra, como numa televisao

O site abaixo indicado, enviado por um colega de lista, dá uma imagem imediata da dinâmica demográfica dos países, ademais de outras informações sobre a sustentabilidade.
Colocando o cursor sobre cada país, além de indicar quantos nascem e morrem a cada instante,indica a população local e as toneladas de emissões de CO2.
É impressionante o movimento na China e na India.
Verifique que a população da Europa não consegue se substituir.
Em contrapartida, a da África e a da Ásia não param de aumentar.
Ponha o mouse em cima de um país e vc terá a informação de quantas pessoas nascem e morrem a cada momento, a população de cada país e o que ele produz de CO2.

http://www.breathingearth.net/