- Novas discussões metodológicas;
- Perspectivas hemisféricas, atlânticas e globais;
- Perspectivas tranculturais e transnacionais; e
- Multilateralismo e regionalismo
Temas de relações internacionais, de política externa e de diplomacia brasileira, com ênfase em políticas econômicas, em viagens, livros e cultura em geral. Um quilombo de resistência intelectual em defesa da racionalidade, da inteligência e das liberdades democráticas.
O que é este blog?
Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida;
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segunda-feira, 23 de junho de 2014
Chamada de artigos para o Workshop ‘Latin America in a Global Context’ (Berna, Suica)
sábado, 7 de junho de 2014
The Evidence on Globalisation - Niklas Potrafke
http://feedly.com/e/cYvLjeQQ
Do trabalho retiro esta tabela (p. 4), desformatada, construída sobre a base de indicadores agregados por diversas instituições, diferentes em escopo, mas que permitem visualizar como quantificar, para um determinado país, o seu grau de globalização, segundo um conjunto de critérios que estão claramente identificados, com seus respectivos pesos na ponderação de valores a serem considerados nesse rankeamento de países.
A. Economic globalisation 36
B. Social globalisation 37
C. Political globalisation 26
Uma tabela global sobre os progressos da globalização no mundo, notando que o aspecto social é o que menos progrediu:
Mais informações sobre a metodologia e os estudos podem ser vistos aqui:
quinta-feira, 16 de janeiro de 2014
O Estado brasileiro contra o Brasil: liberdades economicas (5) - Paulo Roberto de Almeida
Como os países avançam na economia global? - V
Paulo Roberto de AlmeidaEm termos de crescimento econômico, o quarto superior da escala registrou uma progressão anual do PIB per capita entre 1990 e 2009 de 3,07%, ao passo que as economias do quarto inferior cresceram apenas 1,18% no mesmo período. A distribuição de renda também é mais favorável nas nações mais livres do que naquelas oprimidas por um Estado onipresente e onipotente: a renda média da fração mais pobre da população (os 10% de menor renda) era de US$ 8.735 nos países mais livres, contra apenas US$ 1.061 para aqueles situados no décimo estrato inferior dos países menos livres.
Um outro dado interessante é este: a renda média dos 10% mais pobres nos países do quarto superior mais livre (ou seja, os mesmos US$ 8.735) é quase o dobro da renda média geral dos países do quarto inferior (US$ 4.545); ou seja, as pessoas mais pobres nos países mais livres são quase duas vezes mais ricas do que os habitantes dos países menos livres (renda média).
Por outro lado, o limite de US$ 1,25 por dia utilizado pelos organismos internacionais para identificar a linha de pobreza – na verdade de miséria – se materializa para apenas 2,7% da população dos países economicamente mais livres, ao passo que essa renda de miséria é encontrada em 41,5% da população nos países do quarto inferior das liberdades econômicas. Ademais, a esperança de vida alcança 79,4 anos nos países mais ricos, contra apenas 60,7 anos nos de menor liberdade econômica.
Como enfatiza, no capítulo 3, Jean-Pierre Chauffour (economista-chefe do Banco Mundial para a regiões do Oriente Médio e do norte da África), as políticas que promovem as liberdades produzem mais desenvolvimento econômico do que aquelas que enfatizam “direitos sociais” (entitlements), o que é sustentado por dados empíricos. Como regra geral, portanto, as liberdades fundamentais são mais relevantes dos que as políticas ativistas dos Estados na promoção do crescimento econômico de longo prazo.
Isto é, aliás, inteiramente comprovado no caso da China, a despeito do que acreditam muitos ingênuos, que insistem em enfatizar as “políticas de Estado”, em lugar do que seria mais correto, justamente: o crescimento da liberdade econômica na ex-economia socialista. A China cresce mais do que o Brasil não porque ela pratica “políticas estatais mais corretas” – o que também pode ocorrer, mas nos setores em que o Estado deve ser mais atuante, justamente –, mas porque ela liberou as energias dos seus milhões de empreendedores.
Chaffour, de fato, confirma que, para um conjunto de condições exógenas, os países que favorecem a liberdade de escolha – a liberdade econômica e as liberdades civis e políticas – sobre “direitos sociais” são mais propensos a registrar taxas mais altas de crescimento sustentado e a alcançar os traços mais característicos do sucesso no plano do bem-estar, tal como identificados pela Comissão sobre Crescimento e Desenvolvimento do Banco Mundial (ver The Growth Report 2008: Strategies For Sustained Growth And Inclusive Development).
Em contrapartida, a busca da realização de “direitos sociais” – mínimos, se possível “igualitários” – através de controles mais extensivos por parte do Estado e mediante políticas que requerem, justamente, maior extração de recursos da sociedade por parte de burocracias ativistas, tem maiores probabilidades de se revelar frustrante (self-defeating) no longo prazo. A história do socialismo mundial, aliás, é um livro aberto a esse respeito: se políticas redistributivas centralmente organizadas fossem sinônimo de avanços sociais e de desenvolvimento, os países do socialismo real teriam sido campeões da prosperidade e dos avanços tecnológicos, e não a miséria que efetivamente foram.
Essas evidências deveriam sugerir importantes lições de políticas públicas para todos os países, sendo apenas surpreendente que dirigentes dos países menos bem sucedidos na corrida ao desenvolvimento não as tenham aprendido depois de tantos dados comprobatórios confirmando o acertado das políticas de maior liberdade sobre as de maior controle estatal.
A história (de várias décadas) da Argentina, assim como a experiência recente da Venezuela, empenhada em construir, pelas mãos pouco econômicas de seu caudilho não esclarecido, um “socialismo do século XXI” – que nada mais é do que uma confusa versão dos piores coletivismos do século XX –, deveriam, no entanto, servir de vitrines vivas para as teses principais do Relatório do Fraser Institute.
Mesmo no caso de países já desenvolvidos, priorizar políticas de maior liberdade individual, sobre os famosos “direitos sociais”, pode ser uma via mais eficiente para lograr reformas econômicas e os ajustes necessários no chamado “Estado de bem-estar” (hoje em dia, em crise um pouco em todas as partes), do que insistir na manutenção dos velhos esquemas do welfare State que já fizeram água e conduziram a crises fiscais mais ou menos prolongadas.
Para os países de renda média, como seria o caso do Brasil, esta seria uma importante lição a ser aprendida na definição de estratégias de crescimento no longo prazo: a abertura para maiores direitos políticos e para níveis mais elevados de liberdade econômica cria melhores condições de desenvolvimento do que a estratégia do Estado ativista que foi a tônica nas décadas que se seguiram a Bretton Woods.
Se, por outro lado, formos consultar o Índice dos Estados Falidos, do Fund for Peace, veremos que, à parte todos os conhecidos desastres africanos – e pelo menos um latino-americano, o Haiti, e que se explicam, muitas vezes, pela ausência de Estado –, o Brasil, justamente, está longe de poder ser classificado como um país “sustentável”, estando bem mais no limite dos casos a serem observados com atenção.
Os fatores negativos que nos colocam numa posição de 65 pontos nesse índice, para uma escala máxima de 120 pontos, são justamente aqueles que deveriam ser de responsabilidade do Estado, mas que não são por ele atendidos, por insuficiência de meios ou por ineficiência geral da máquina pública.
Ora, considerar que o Brasil vai melhorar socialmente pela contínua extração de recursos da sociedade pelo Estado – como vem ocorrendo de forma contínua nas últimas décadas – representaria inverter os dados do problema e apontar na direção errada. Isso significaria tornar a sociedade – se ela já não é – refém de um ogro pantagruélico que suga, cada vez mais, a renda dos cidadãos em favor de elites privilegiadas, ao mesmo tempo em que distribui alguns parcos recursos aos mais desprovidos, a título de “direitos sociais” que não corrigem, fundamentalmente, os dados e as raízes da questão.
Como se pode constatar pelos dados e pelos estudos constantes do relatório do Fraser Institute, o Brasil é um país quase “socialista” se comparado com a China “ex-socialista”. Ele é, em todo caso, muito mais regulado do que o gigante asiático, no sentido de tolher os negócios dos seus empresários; a China vem crescendo, justamente, pelo fato de ter liberado os “seus” capitalistas da pesada canga herdada do período socialista, sem impor-lhes os entraves burocráticos – negativamente “mandarinescos” – e a pesada carga tributária que vigora no Brasil, em todos os níveis (e que representa, em média, o dobro daquela observada na China). Os resultados, em termos de crescimento, saltam à vista e não permitem outra conclusão: se o Brasil quiser crescer como a China, terá de libertar seus capitalistas dos grilhões que os prendem ao ogro estatal.
Não se deve, no entanto, esperar uma grande renovação conceitual das políticas em curso a partir da contribuição de nossas faculdades de economia: pelo que se conhece dos currículos e das orientações disciplinares, parece claro que elas não pretendem trazer Adam Smith ao Brasil, como aparentemente fizeram os chineses em suas faculdades de economia e de administração. Os modernos mandarins chineses são aliados dos seus capitalistas na busca da maior eficiência possível para que o sistema econômico produza crescimento.
Por aqui, não se sabe quando, exatamente, os líderes políticos conseguirão pautar-se pelas lições de simples bom-senso econômico do filósofo escocês, retirando as bolas de ferro que atam os pés dos nossos capitalistas. Revoluções mentais são sempre mais difíceis de ocorrerem do que certas evoluções materiais.
Mas fica dado o recado...
(Fim, provisório, desta série)
terça-feira, 24 de setembro de 2013
O Brasil no contexto das mudancas economicas globais: podcast com PRAnoInstituto Millenium
http://www.imil.org.br/podcasts/o-brasil-ficou-para-tras-nos-intercambios-cientificos-tecnologicos/
“O Brasil ficou para trás
nos intercâmbios científicos e tecnológicos”
sexta-feira, 19 de julho de 2013
Universal English: a maldicao da lingua franca (para os native speakers) - The Globalist
Mas, sendo anglo-parlantes, unicamente, os native speakers estão perdendo a oportunidade de penetrar na cultura de outros povos, e para os acadêmicos, a consulta a documentos originais (embora todos os cursos universitários sérios nos EUA insistam na proficiência linguística, mesmo de línguas totalmente exóticas).
Este artigo chama a atenção para as delícias do multilinguismo.
Paulo Roberto de Almeida
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he lingua franca of globalization is English. Being indispensable, it is eagerly embraced by anyone with aspirations to participate in the global economy and society.
The same number speaks it as a second language, more or less frequently and an additional 750 million have enough knowledge to use it in a limited way. These are impressive numbers, accounting for only a bit less than one fifth of the world's population. But they are not so big when you consider that those seven billion people speak 6,000 other languages, with Mandarin — not English — accounting for the largest number. And all those languages constitute the living tissue of as many cultures, with all their own practices, relationships, institutions and historical memory. On the face of things, native English speakers should revel in the universality of their language. The world is speaking with us in our own idiom, giving us the comparative advantage of not having to learn any others. But common sense and experience show otherwise. English is simply a transactional tool for elites from many different cultures.
Speaking only English is not a privilege, but a handicap, a hobbling of our senses. It is also dangerous. Without speaking their languages, we cannot understand other people's historical experience, their values, including religious values, and their relationships. This is bound to be a great handicap in our dealings with them. North American business suffers from this handicap. With few exceptions, its leaders (unlike their typical European counterparts) do not routinely speak a language other than their own. This might not have been an enormous handicap when the world economy was largely concentrated in the North Atlantic region. But those days are over. The weight of the world economy is shifting. The new heavyweights speak non-European languages and share in cultures far removed from our own experience. These cultures are linguistically inaccessible to North American business leaders (and, despite their multiple European languages, most European ones).
They remain at a permanent disadvantage vis-à-vis their counterparts from these new powers, including in commercial negotiations with them. The latter not only have a solid command of English, and hence a direct insight into our world, but their own world is hidden for "unilinguals" behind an inaccessible language. It's hard to make multilingualism a criterion for CEO selection. But it is not hard, over time, to develop a cadre of senior managers and future CEOs who do speak languages and have intensive understanding of foreign, especially non-North Atlantic environments. Business elites aside, North American higher education suffers more than it should from linguistic myopia. Most university students rely for their research on books, articles and data that originate in or have been translated into English. The world view of our populations in the US, Canada and UK — and hence our politics — are also distorted by the unilingualism of our media. We rely on interpreters, translators or on English-language versions of other countries' media to shape our view of the outside world. Perhaps most serious of all, our political decision makers are also linguistic prisoners, handicapped in managing a complex global environment by being obliged to see it through the filter of one language.
Multilingualism is treated as indispensible in small, linguistically remote European societies, including the Netherlands and Scandinavia. The same is true as well among elites in large, linguistically diverse countries like India. Millions of Chinese are also busy learning English and other languages. Why should this not be the case in our societies? Why should we be trapped in English? Spanish is already the second language of the United States. Yet it has no official status and it is not a compulsory part of the curriculum on a national level. In Canada, the situation is even more ironic. French is one of our two official languages, yet FSL (French as a Second Language) is a privilege rather than an obligation or even a right in most of the English speaking parts of the country. The case of officially French-language Quebec presents a paradox. Given the limited reach of French in the global environment, virtually all senior business people, academics and others active beyond the province's borders are at least bilingual. Other languages, including Chinese, are even less available in U.S. and Canadian school systems, leaving it to the enlightened and the affluent to provide it to their children.
Universities could play a critical role by insisting on functional competence in at least one foreign language as a condition of graduation. Or they could oblige those seeking advanced degrees to have lived, worked or studied in a linguistically distinct environment for at least a year. As with all large social challenges, the only adequate answer to our linguistic handicap will be cultural change — in our case, the acceptance of cultural humility. Not everyone who speaks English really "speaks our language." It's a big messy world and it's not all ours. We have to make an effort to meet it, in its many manifestations, on its own terms. |