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segunda-feira, 2 de abril de 2012

STF suspende investigação contra ministro (ininvestigavel)

Faz sentido: um ministro não é uma pessoa normal. Ele não pode ser investigado como eu e você.
Só com autorização divina...
Trata-se de alguém com comportamentos anormais.
Só pode ser tratado de maneira anormal...
Querem apostar uma coisa? O ministro em questão NUNCA será investigado.
Com a ajuda do Supremo, claro...
Paulo Roberto de Almeida

STF suspende investigação contra Mantega sobre Casa da Moeda

Ministro da Fazenda alegou foro privilegiado para suspender a investigação em 1ª instância

02 de abril de 2012 | 20h 00
O Estado de S. Paulo
BRASÍLIA - O ministro da Fazenda, Guido Mantega, reclamou para o Supremo Tribunal Federal (STF) e conseguiu suspender nesta segunda-feira, 2, uma investigação por suspeita de improbidade administrativa.
Na tarde desta segunda, o Ministério Público Federal chegou a anunciar a abertura de uma investigação para apurar se Mantega foi omisso em relação a um suposto esquema de corrupção na Casa da Moeda. Em meio às suspeitas, o então presidente da Casa da Moeda, Luiz Felipe Denucci, foi demitido em janeiro.
No entanto, no início da noite, a Procuradoria Geral da República divulgou uma nota informando que a pedido da Advocacia Geral da União (AGU) o ministro Luiz Fux, do STF, concedeu uma liminar determinando que a investigação fique a cargo do procurador-geral, Roberto Gurgel.
Atos de improbidade administrativa são investigados em procedimentos civis. A legislação brasileira garante a autoridades como ministros de Estado o direito de investigação criminal perante o STF. No entanto, as matérias civis, como as investigações por improbidade administrativa, ficam normalmente a cargo da 1a. Instância.
O Supremo deverá analisar em breve pedidos para que o foro privilegiado previsto para os inquéritos e as ações criminais também seja estendido aos processos civis. Enquanto não for tomada a decisão, a situação de Mantega fica em suspenso, informou a Procuradoria
No último dia 16, Roberto Gurgel tinha seguido a orientação tradicional no Judiciário e no Ministério Público e encaminhado aos procuradores da República que atuam na 1a. Instância uma representação na qual senadores pediam uma investigação contra Mantega.
"Não detém o procurador-geral da República atribuição para a análise desta representação, uma vez que a presente iniciativa não veicula pretensão de natureza criminal, mas exclusivamente de enfoque civil, sob a perspectiva da improbidade administrativa", disse o procurador na ocasião.
A Procuradoria da República no Distrito Federal divulgou nestaa informação de que foi instaurada no dia 29 de março uma investigação cível preliminar para avaliar se de fato ocorreu a omissão.
"Em tese, o reportado ministro de Estado admitiu ter sido advertido acerca da conduta ilícita de Denucci; entretanto, permitiu que este continuasse na presidência daquela empresa pública", afirmou o procurador Julio Castro Junior na portaria que determinou o início da investigação.
De acordo com a Procuradoria, Castro não sabia da liminar do STF. "O fato é que não houve ainda um só ato que se traduzisse em investigação do ministro Guido Mantega e, em cumprimento à liminar do Supremo Tribunal Federal, os autos retornarão ao gabinete do Procurador-Geral da República", afirmou a Procuradoria na nota.
Texto atualizado às 20h30.

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Governo da Mae-Joana? Ou governo de mae nenhuma?

Está, ao que parece, mais para filho de mãe nenhuma, bastardo enjeitado, vagabundo errante numa terra sem lei, como se dizia nos romances de antigamente, eivados da falsa moralidade de um anacrônico romantismo.
Pois é isso que parece a governança atual no Brasil, algo que nos faz tremer, ao pensar que todo o aparato do Estado, nos seus mais altos escalões, está entregue ao mais tosco prebendalismo de botequim, a decisões tomadas de afogadilho em reuniões partidárias mais parecidas com conclaves de sociedades caracterizadas pela omertà, traçadas no conluio de partidários de causas obscuras, abandonados os antigos ideais e concentrados unicamente na retenção dos despojos da máquina pública, como se esta fosse um cadáver a ser devidamente esquartejado por hienas sedentas de poder e de dinheiro (uma coisa vai com a outra, bien sûr).
Uau! Estou romântico, moi aussi, pelo menos no estilo, pois o espírito é o pior possível, ao ler matérias como essa do editorial do Estadão desta terça-feira 7 de Fevereiro de 2012. 
Como é possível que a governança no Brasil tenha descido tão baixo?
Como é possível que o Estado esteja dominado por seres amorais, dedicados única e exclusivamente a extrair benefícios pessoais e partidários de cargos que eles não hesitam em converter em fontes de rendosas transações ilegais?
Como é possível termos chegado a esse Estado de liquefação de valores -- e de princípios legais -- que nos aproximam de um Estado mafioso?
Como é possível suportar, TODOS OS DIAS, uma denúncia de um "malfeito" -- como pudicamente alguém já se referiu a atos de verdadeira ladroagem -- sem que se faça correção radical de todas essas malversações com o dinheiro público (o nosso dinheiro, vale lembrar) e sem que os bandidos sejam punidos?
Pois eu pergunto: de todos os personagens que foram denunciados PELA IMPRENSA, não pelos órgãos de controle, de corregedoria e de investigação do governo, QUANTOS foram processados? Quantos alimentam sequer o temor de ser um dia incomodados e cobrados pelo que desviaram, subtrairam, roubaram direta ou indiretamente dos cofres públicos?
Até quando os brasileiros vão aceitar passivamente pertencer a uma República Mafiosa?
Paulo Roberto de Almeida 


Addendum
Parece que ter sido prisioneiro político é prova de competência administrativa: não se pede mais CV, e sim ficha policial? Isso basta para assegurar que o trabalho seja bem feito? PRA


Pró-reitora de extensão da Universidade Federal de São Paulo, Eleonora Menicucci vai substituir Iriny Lopes no cargo. Ela foi presa política junto com a presidenta na década de 70 Leia mais


Casa da Moeda ou da mãe joana?

Editorial O Estado de S.Paulo07 de fevereiro de 2012 | 3h 07
Todos ficaram mal no bate-boca sobre a nomeação do último presidente da Casa da Moeda, Luiz Felipe Denucci Martins, demitido, há poucos dias, depois de denúncias sobre movimentação de recursos em paraísos fiscais. Investigações poderão determinar se ele cometeu algum malfeito ou se foi vítima de acusações sem fundamento. Mas o governo e seus aliados já expuseram à luz, mais uma vez, uma das maiores aberrações políticas brasileiras - o loteamento administrativo como forma rotineira e "normal" de ocupação do setor público. A aberração, neste episódio, chegou a um nível nunca atingido na série de escândalos iniciada com a divulgação das bandalheiras no Ministério dos Transportes, no ano passado.
O fio de ligação entre todas essas histórias sempre foi a partilha de postos federais como um grande butim conquistado por tropas de assalto. A novidade, agora, foi a espantosa troca de acusações entre o ministro da Fazenda, Guido Mantega, e a liderança de um grupo aliado, o PTB. Ninguém assume a responsabilidade pela indicação de um indivíduo para presidir nada menos que a Casa da Moeda, o departamento responsável pela impressão e pela cunhagem do dinheiro em circulação no País. Só não é exatamente uma piada pronta porque isso ultrapassa a imaginação dos melhores humoristas.
Segundo o presidente do PTB, Roberto Jefferson, o ministro da Fazenda pediu ao líder do partido na Câmara, deputado Jovair Arantes, um aval ao nome de Luiz Felipe Denucci. "Ele não é do PTB", disse Jefferson. "É do Mantega." O ministro contestou. Declarou desconhecer o possível candidato ao posto, nunca tê-lo encontrado e ter recebido seu currículo do deputado Jovair Arantes. Segundo Mantega, o currículo era adequado e Denucci até conseguiu modernizar a Casa da Moeda. Além disso, ele atribuiu ao partido as denúncias de operações irregulares no exterior.
O ministro da Fazenda disse isso cumprindo ordem da presidente Dilma Rousseff para se manifestar sobre a demissão e esclarecer a participação do PTB na história. E, segundo se informou em Brasília, a cúpula do Planalto aprovou seu desempenho. Em outras palavras, a presidente e seus conselheiros mais próximos teriam ficado satisfeitos porque o ministro se eximiu da responsabilidade pela escolha de um presidente da Casa da Moeda e a lançou sobre um partido aliado. Segundo as mesmas fontes, a presidente da República teria cobrado a nomeação de um técnico para o posto.
A presidente pode insistir na nomeação de um técnico, mas isso de nenhum modo elimina a questão básica: a quem cabe a responsabilidade pela nomeação de ministros, de dirigentes de estatais e de autarquias e, de modo geral, de ocupantes de postos de confiança? Ao jogar para o PTB a responsabilidade pela nomeação de Luiz Felipe Denucci, o ministro da Fazenda reiterou de forma inequívoca a resposta conhecida até agora: as nomeações são sujeitas a critérios de loteamento. O encarregado de assinar o ato oficial - no caso, o ministro - pode até rejeitar algum nome, mas a indicação, de toda forma, cabe a um partido, de acordo com algum critério de partilha.
Em outras condições de normalidade, um ministro julgaria humilhante assumir publicamente o papel de mero carimbador de uma nomeação para um cargo vinculado ao seu gabinete. Mas os critérios dominantes em Brasília são de outra natureza. As palavras "não conhecia, nunca tinha visto o Luiz Felipe Denucci" estão no segundo parágrafo de uma nota divulgada sexta-feira no portal do Ministério da Fazenda. Não constam de uma acusação ao ministro. São elementos - quem diria? - de sua defesa.
Mas o ministro age segundo critérios considerados normais para a gestão pública brasileira. Esses critérios foram reafirmados pela presidente, ao manter sob controle do PP o Ministério das Cidades. Partidos têm cotas no governo. Obviamente, só brigam pela conquista e pela manutenção de cotas porque esperam servir-se da administração pública. Presidencialismo de coalizão é isso, no Brasil, e a presidente nunca renegou essa concepção. Apenas a aperfeiçoou, ao aceitar que um ministro negue sua responsabilidade pela nomeação do presidente da Casa da Moeda.

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Pequeno conselho aos governantes... (gratuito, alem do mais)

Existe, eu sei, muita gente sabe, uma coleção de "conselhos aos governantes": a edição eu eu tenho, feita pelo Senado Federal -- um dos poderes da República, ao que parece, embora de vez em quando não parece muito não -- tem pelo menos 700 páginas, e começa lá na Grécia antiga, com alguma arenga aos atenienses, passa por Maquiavel e pelo menos dois "anti-Maquiavel", e chega até esses assessores modernos de governança e democracia.
Enfim, não estou imaginando nada, absolutamente nada, à intenção dos nossos sábios governantes, que por certo não são idiotas -- pelo menos não todos, talvez só um ou outro -- e que devem ter brilhantes assessores, dezenas de aspones, vários conselheiros de matérias diversas, além de secretárias, chefes de gabinete, assistentes de gabinete, guardiões de gabinete, contínuos, porteiros, correios, enfim, toda sorte de dedicados funcionários concentrados única e exclusivamente no objetivo maior: fazer com que o chefe não cometa bobagens, afastá-lo de armadilhas, evitar os tropeços, as situações incômodas, as denúncias da imprensa e, sobretudo, a obrigação de se desdizer, de desfazer um ato, de demitir um assessor de confiança, de ser enganado por alguém, em resumo, de ser tomado por alguma surpresa, especialmente as desagradáveis.


Eu, por exemplo, não compreendo como um chefe cercado de tanta gente competente seja capaz de cometer várias bobagens seguidamente.
Para ilustrar meu argumento, vejamos aqui uma manchete ao acaso, que acabo de "pescar" nas notícias da noite:

A dança das cadeiras nos ministérios

Então eu me pergunto: será que esses brilhantes assessores não poderia pedir aos arapongas que também existem -- e estão subutilizados, ao que parece -- que façam uma pequena enquete sobre candidatos e pretendentes, para evitar essas vergonhas que ocorrem frequentemente, a imprensa assediando o chefe, este recusando acreditar nas acusações para ter, finalmente, de se desfazer do incômodo auxiliar (sem falar de eventuais processos judiciais e uma hipotética condenação, o que também pode ocorrer, em algum país normal).
Que diabos fazem esses arapongas no desemprego parcial ou subutilizados?
Ou vamos continuar na mesma dança das cadeiras referida na matéria do jornal?
Paulo Roberto de Almeida 

 

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Um governo impoluto (de toda honestidade)...

Onde, onde?
Deve ser em algum canto do planeta, pois as notícias que aqui chegam -- agora só por internet -- são as piores possíveis.
Eu vou continuar dando trabalho aos AAs -- Adesistas Anônimos -- os tradicionais patrulheiros de plantão, mercenários a soldo e outros comprados (ou convertidos, também existe, embora mais por ingenuidade ou limitações intrínsecas, do que propriamente de modo sincero), enfim todos aqueles que gostariam de ver o pensamento único (o deles, claro) na internet e nos veículos de comunicação, pois vou continuar publicando matérias tão singelas quanto estas, um simples comentário sobre como são e como ocorrem as coisas em determinados setores do público espaço, se ouso dizer...
Os AAs ficam furibundos -- e tentam responder mandando matérias requentadas sobre a corrupção alheia -- mas eles também concordariam comigo: nunca antes na história deste país, tantos casos exemplares vieram a tona, para maior desconforto de todos, os que são assim expostos à opinião pública, que toma conhecimento de suas bandalheiras e patifarias, e nós, os que pagamos por tudo isso, e que vemos nosso dinheiro se esvair nos bolsos, cofres e contas de verdadeiros larápios da democracia.
Um companheiro sincero podia até se perguntar (entre eles, claro): "Companheiros, como é que fomos decair para essa roubalheira generalizada, essa corrupção sistêmica, essas patifarias recorrentes, essas fraudes renitentes, essa falta de vergonha que nos faz esquecer antigos slogans de governo ético e descambar para a moral dos mafiosos, das quadrilhas organizadas?"
Pois é, companheiros, eu também pergunto, e na verdade, sinto vergonha pelo meu país, ao ter de reconhecer que, sim, somos campeões -- não em corrupção, pois existem concorrentes mais sérios em liça -- mas na impunidade e na falta de vergonha...
Durmam com esse silêncio arrasador, se puderem AAs, eu vou continuar atento...
Paulo Roberto de Almeida 

Corrupção e incompetência

Editoral O Estado de S.Paulo01 de fevereiro de 2012 | 3h 09

O tempo está sendo implacável com a imagem que arduamente a presidente Dilma Rousseff tenta construir para si - como fez durante a campanha eleitoral de 2010, com a inestimável colaboração de seu patrono político, o ex-presidente Lula -, de administradora capaz, tecnicamente competente e defensora da lisura e da moralidade dos atos públicos. É cada vez mais claro que tudo não passa da construção de uma personagem de feitio exclusivamente eleitoral.
As trocas de ministros no primeiro ano de mandato por suspeitas de irregularidades são a face mais visível dos malefícios de um governo baseado não na competência de seus integrantes - como seria de esperar da equipe de uma gestora eficiente dos recursos públicos -, mas em acordos de conveniência político-partidárias que levaram ao loteamento dos principais postos da administração federal. O resultado não poderia ser diferente do que revelam os fatos que vão chegando ao conhecimento do público.
A amostra mais recente dos prejuízos que essa forma de montar equipes e administrar a coisa pública pode causar ao erário é o contrato assinado em 2010 pelo Ministério do Esporte com a Fundação Instituto de Administração (FIA) para a criação de uma estatal natimorta. O caso, relatado pelos repórteres do Estado Fábio Fabrini e Iuri Dantas (30/1), espanta pelo valor gasto para que rigorosamente nada fosse feito de prático e porque o contrato não tinha nenhuma utilidade.
A FIA foi contratada para ajudar na constituição da Empresa Brasileira de Legado Esportivo Brasil 2016, legalmente constituída em agosto de 2010 para executar projetos ligados à Olimpíada de 2016. De acordo com o contrato, a FIA deveria "apoiar a modelagem de gestão da fase inicial de atividade da estatal". A empresa não chegou a ser constituída formalmente - não foi inscrita no CNPJ nem teve sede, diretoria ou empregados -, pois, em agosto do ano passado, foi incluída no Programa Nacional de Desestatização, para ser liquidada. E por que, apenas um ano depois de a constituir, o governo decidiu extingui-la? Porque ela não tinha nenhuma função. Mesmo assim, a fundação contratada recebeu quase R$ 5 milhões - uma parte, aliás, paga depois de o governo ter decidido extinguir a empresa, cuja criação fora objeto do contrato com a FIA.
Em sua defesa, o Ministério do Esporte afirma que a contratação se baseou na legislação. É risível, no entanto, a alegação de que "os estudos subsidiaram decisões, sugeriram alternativas para contribuir com os debates que ocorreram nos governos federal, estadual e municipal e deram apoio aos gestores dos três entes para a tomada de decisões mais adequadas".
Mas tem mais. Pela leitura da mesma edição do Estado em que saiu a história acima, o público fica sabendo que, de 10 contratos na área de habitação popular firmados pela União com Estados e municípios, 7 não saíram do papel. Pode-se alegar, como fez a responsável pela área de habitação do Ministério das Cidades, que alguns Estados e prefeituras não estavam tecnicamente capacitados para executar as obras ou realizar as licitações previstas nos contratos de repasse de verbas federais. Isso significa que o governo federal se comprometeu, por contrato, a transferir recursos a quem não estava em condições de utilizá-los adequadamente, o que mostra no mínimo falta de critério.
Além disso, o programa que assegurou boa parte dos votos da candidata do PT em 2010, o Minha Casa, Minha Vida, sobre o qual Dilma falou maravilhas, na Bahia, antes de partir para Cuba, praticamente não saiu do papel no ano passado, e continuará parado em 2012, se não for mudado em alguns aspectos essenciais, alertam empresários do setor de construção civil.
E muitos outros programas considerados prioritários pelo governo Dilma se arrastam. Os investimentos efetivos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), outra grande fonte de votos para Dilma em 2010, são bem inferiores aos programados, e boa parte se refere a contratos assinados em exercícios passados.
O problema não é novo. A má qualidade da gestão é marca da administração do PT. E Dilma tem tudo a ver com isso, pois desempenha papel central nessa administração desde 2003.

sábado, 14 de janeiro de 2012

Eis o Brasil que conhecemos: desperdicio de dinheiro (para ser leniente...)


O gasto a mais com as ONGs

Editorial O Estado de S.Paulo, 14 de janeiro de 2012 | 3h 09
Culpa-se o poder público, merecidamente, por só trancar a porta depois que foi arrombada. Mas já é alguma coisa. Pois, não raro, aqueles que deveriam proteger o dinheiro do contribuinte, no governo e nas câmaras legislativas, às vezes fazem pior: numa espécie de convite à fraude, mantêm abertas, quando não escancaradas, as mesmas portas por onde entrou o pessoal da gazua. Tomara que os fatos futuros desmintam a avaliação pessimista, mas dificilmente ela poderia ser diferente quando se fica sabendo que, já não bastasse o Executivo federal prever no Orçamento deste ano repasses da ordem de R$ 2,4 bilhões a organizações não governamentais (ONGs), o Congresso, mediante emendas parlamentares, colocou nesse balaio outros R$ 967,3 milhões - ou 38 vezes mais do que em 2011. E isso depois de virem à tona, há poucos meses, os escândalos em série sobre o acumpliciamento de ministros de Estado e auxiliares diretos com ONGs de araque contratadas por meio de convênios para prestar serviços às respectivas pastas. O que fizeram de fato os seus controladores - vigaristas comuns ou membros da patota política de seus beneficiários - foi embolsar o dinheiro carimbado e tratar de conseguir novas boladas.
Dos seis titulares afastados do Planalto por acusações de corrupção ou enriquecimento ilícito (como no caso do primeiro a cair, Antonio Palocci, que ocupava a Casa Civil) três estavam atolados, entre outros lameiros, em acertos com essas impropriamente chamadas entidades sem fins lucrativos. Foi o caso dos ministros Orlando Silva, do Esporte, Pedro Novais, do Turismo, e Carlos Lupi, do Trabalho. Na realidade, a Controladoria-Geral da União (CGU) já identificou desvios de verbas por ONGs conveniadas com cinco Ministérios ao todo. Em outubro, a presidente Dilma Rousseff, de tranca em punho, mandou passar um pente-fino em todos os contratos do gênero, cujos pagamentos apenas poderiam ser retomados com o aval dos ministros e sua plena responsabilidade - e desde que as eventuais irregularidades tivessem sido sanadas. O prazo estabelecido para a devassa, que se destina a recuperar recursos malversados e separar o joio do trigo ongueiro, termina no fim deste mês. No entanto, para surpresa de ninguém, o governo ainda não aprontou a relação de entidades que deverão devolver dinheiro e entrarão na lista negra. Tampouco se sabe quantas e quais delas fizeram por merecer o desbloqueio dos repasses.
O que se desconhece nesse departamento é uma enormidade, apesar dos esforços da CGU e do Tribunal de Contas da União (TCU). O que o governo gasta é sabido. Foram quase R$ 20 bilhões no acumulado dos últimos seis anos. O que foi feito desse montante é outra coisa. A repórter Marta Salomon, do Estado, apurou no TCU que, na média, o atraso das ONGs em prestar contas de seus convênios já alcança 2 anos e 9 meses. Mais grave ainda é a demora média de 6 anos e 8 meses no exame do material - e já foi pior. Sem falar nos porosos requisitos institucionais para essas modalidades de parceria público-privada. Até espocarem os escândalos recentes, uma ONG interessada em fazer negócio com o governo só precisava apresentar três declarações que atestassem a sua existência, como se isso comprovasse que ela não era uma fachada pintada às pressas para drenar o erário. Desde então, as organizações ficaram obrigadas a demonstrar experiência na área de trabalho para a qual se oferecerem e a se submeter a um processo de seleção prévia. "O governo estabeleceu travas importantes para que os problemas não se repitam", assegura, talvez com excesso de otimismo, a ministra do Planejamento, Miriam Belchior.
Não era hora, de todo modo, de inflar os recursos para ONGs - mesmo levando em conta que o Orçamento não é impositivo. Mas já passou da hora de reexaminar a fundo os mecanismos do concurso dessas associações para melhorar os procedimentos, o alcance e a eficiência do gasto público. Afinal, a perversão de um sistema concebido para diminuir a burocracia, distribuir responsabilidades e aumentar a lisura no manejo dos recursos é ainda mais abominável que a corrupção ao velho estilo.

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Tem gente que nao suporta podridao moral...

Pois é: a capacidade de indignação e de revolta não se esgotou. Brasileiros normais, como eu e 99% dos leitores deste blog, achamos inacreditável a podridão moral que se apossou do Brasil.
Pode até ser que não consigamos afastar esses bandidos, mas eles nunca dormirão pensando que todos somos indiferentes às suas fraudes, roubalheiras e mentiras.
E isto nos mais altos escalões desta república prostituida pelos mafiosos profissionais.
Paulo Roberto de Almeida 
PS.: Só não concordo com o autor em apontar um notório monopolista do setor do cimento e construção como um exemplo de dignidade. Quem enriqueceu à sombra da proteção estatal, dos oligopólios e monopólios construídos com a ajuda do Estado, cobrando preços extorsivos porque não nunca precisou enfrentar concorrência, não pode ser exemplo de nada, menos ainda de dignidade moral.

A podridão política e moral
João Bosco Leal

“Há de se notar que um indivíduo, vivendo em sociedade, constitui de certo modo uma parte ou um membro desta sociedade. Por isso, aquele que faz algo para o bem ou para o mal de um de seus membros atinge, com isso, a toda a sociedade” (Santo Tomás de Aquino, “Summa Theologiae”, I-II, q. 21, a. 3).
Lendo o pensamento de São Tomás, voltei o meu para pessoas que marcaram sua vida pela construção de algo que faria o bem ou o mal, de modo a atingir o coletivo. Aquelas que historicamente serão lembradas por prejudicarem, matarem, melhorarem ou salvarem a vida de milhões de seres humanos.
Adolf Hitler foi o primeiro a ser lembrado, mas também me lembrei de pessoas do bem, que nos mais variados setores, inventaram ou lutaram por algo que beneficiou toda a humanidade, como Thomas Alva Edison com mais de 1090 patentes - entre as quais a lâmpada incandescente -, Leonardo da Vinci, Albert Sabin, Nelson Mandela e Steve Jobs.
Infelizmente, após a posse de Lula, os casos corrupção no Brasil passaram a ocorrer em quantidade que "nunca antes na história desse país" haviam sido vistos e tornaram-se nossa maior praga moral. Pensando nos homens públicos brasileiros, só me lembro de pessoas corruptas e de raros exemplos de dignidade como o de Antonio Ermírio de Moraes.
Diariamente a imprensa denuncia novos casos de suspeita ou de corrupção já constatada, nos mais diversos setores da administração pública. São tantos os casos de mensalões, dólares na cueca, desvios, contas no exterior, palestras que rendem fortunas, ministros, políticos e diretores de estatais se encontrando com "chefões" em quartos de hotel, que já se aguarda a cada noticiário, qual será a nova descoberta.
Pessoas denunciadas continuam ocupando cargos públicos por meses, assinando novos contratos suspeitos, dando ordens para a execução de obras comprovadamente superfaturadas e só depois de pressões enormes acabam deixando o cargo, mas apesar dos "mal feitos" cometidos, invariavelmente é substituído por outro membro de seu próprio partido político.
Em uma nova espécie de "mensalão", os diversos Ministérios, empresas e bancos públicos, foram transformados em "propriedades" de partidos que passam a gerir as verbas destes como bem entendem. Em troca, esses partidos aceitam aprovar os mais diversos projetos do governo, inclusive a liberação de verbas legalmente vinculadas a áreas específicas, como as de saúde e educação, para serem utilizadas em quaisquer outras áreas de interesse do Poder Executivo.
Com esse tipo de desvinculação, o governo passa a liberar mais verbas para as emendas que foram propostas por membros do Poder Legislativo ao orçamento da União, conseguindo destes o apoio necessário para que tudo continue, até a necessidade da aprovação de novos projetos ou do novo orçamento para o ano seguinte.
As verbas liberadas para as emendas abastecem os interesses particulares dos membros que as propuseram e em contrapartida, estes aprovam novas solicitações de gastos e de aumentos salariais do Poder Judiciário, fechando o circulo.
Além dos prejuízos econômicos causados pelos participantes dessa farra, ocorre um ainda maior, imensurável, o prejuízo moral causado à população mais jovem, bombardeada em tal quantidade com esse tipo de informação que acabará entendendo ser esse o comportamento normal.
A destruição moral da juventude é mais grave do que a provocada por drogas, pois mesmo o viciado possui consciência do mal provocado por elas, mas aquele que perde sua base moral não a transmitirá a seus filhos e com o tempo, toda a população se tornará corrupta.
Não se pode admitir a continuidade dos corruptos na administração pública sob pena de, em breve, uma nova geração de brasileiros achá-la tão normal que esse impedimento já não será possível.
João Bosco Leal   www.joaoboscoleal.com.br

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Presidente condenado a dois anos de prisão: que injustiça!

Que absurdo! Imaginem vocês: a justiça condenou um ex-presidente a dois anos de prisão (ainda que com sursis, ou seja, o condenado se livra de cumprir a pena, mas fica condenado).
E ela o fez contra a vontade dos procuradores da República, que pediam, em primeiro lugar, um "non-lieu", ou seja, um abandono de todo e qualquer processo, e depois, em relação aos fatos, mais precisamente, pedia simplesmente uma absolvição geral (aquittement). 
Mesmo com tudo isso, os juízes consideraram que o acusado era plenamente responsável e, portanto, culpado de todas as acusações feitas contra ele; ele foi condenado à pena máxima neste caso (ainda que com direito a recurso), mesmo se seus assessores foram condenados a penas menores ou absolvidos.
Vejam que absurdo: ele foi condenado por práticas e fatos que neste nosso maravilhoso país seriam considerados não apenas legais, mas inteiramente permissíveis, sequer passíveis de perseguição por procuradores malévolos ou sancionáveis do ponto de vista moral ou político.
O ex-presidente em questão apenas mantinha funcionários -- ANTES de assumir a presidência, frise-se bem -- que não trabalhavam, de fato, nos cargos para os quais eles tinham sido contratados com dinheiro público, mas que eram usados para fins pessoais, mais especificamente para a campanha política do pretendente à presidência, hoje condenado.
Que absurdo: políticos mantendo funcionários pagos com dinheiro público para trabalhar em seus escritórios de campanha! Onde já se viu uma coisa dessas?
E a justiça condenando um político por esses fatos, sem que os procuradores requeiram condenação?
Onde vamos parar?
Já não se pode fazer mais como antigamente?
Mas onde isso?
Ah, bom, não foi aqui...
Paulo Roberto de Almeida 

M. Chirac condamné à deux ans de prison avec sursis

Jacques Chirac, le 5 novembre 2010.
L'ancien président a été déclaré coupable  de "détournement de fonds publics" et "abus de confiance" dans un des deux volets de l'affaire des emplois présumés fictifs de la Ville de Paris.

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

O governo é ridiculo...

...além de diversas outras coisas mais, claro, que me eximo de mencionar neste momento (mas que registrarei, no momento oportuno, com todas as letras que a indignação, e a vergonha alheia, me permitirão escrever).

O governo é ridículo, em primeiro lugar, pela improvisação absoluta nas políticas públicas, TODAS as políticas públicas, especialmente as setoriais.
Como ele tem uma tribo enorme de cupinchas, de adoradores do capital alheio, de lobistas e de promíscuos e corruptos de todos os tipos, ele se sente, ou se vê, obrigado a atender a essa horda de bárbaros que invadem o Estado, corroem suas instituições e roubam, literalmente, nossos recursos, por vias legais -- influência sobre as políticas -- e, cada vez mais, por vias ilegais e diretamente criminosas.

A defesa que o governo faz de notórios corruptos é patética, se não fosse criminosa.
O apoio que ele empresta a políticas RIDÍCULAS é inacreditável. Já nem menciono, por irrelevante, a tal de "lei da palmada", uma lei que não vai pegar, e que se pegar vai apenas gerar mais gastos ridículos para o contribuinte para causas absolutamente ridículas.

Mas tem também uma série de outras políticas ridículas e altamente custosas para os cidadãos brasileiros, e para o próprio país, derivadas dessa sanha de proteger seus apaniguados, as diversas máfias sindicais que assaltam o Estado, sejam elas de "trabalhadores", sejam elas patronais (as mais custosas, reconheço, já que o governo se vendeu alegremente a capitalistas corporativos, a banqueiros e toda sorte de donos do dinheiro e do poder).

O governo é ridículo por pretender se defender de qualquer coisa externa -- preços do petróleo, "concorrência predatória" de gregos e goianos, ou seja, de chineses e outros concorrentes perfeitamente legais -- mediante medidas protecionistas e outras medidas defensivas, todas não apenas ridículas, mas propriamente criminosas, por obrigar a todos nós, consumidores, a transferir renda para o lobby dos mafiosos organizados, a pagar mais caro por produtos que poderíamos perfeitamente pagar mais barato, que seriam fornecidos pela concorrência não predatória de produtores mais eficientes.

Não preciso dizer que estamos importante álcool (subsidiado) dos EUA, gasolina e diversos outros produtos que poderíamos proteger, se o Brasil fosse um país normal, e só não é, porque o governo escalpela cidadãos e empresas com seus impostos extorsivos, escorchantes, pornográficos.

O governo é ridículo porque, justamente, não ataca os problemas que deve atacar, as razões de base, as causas do problema, e acaba atuando sobre seus efeitos, por expedientes de eficácia duvidosa (e de alto custo para nós, volto a dizer), acaba aprovando paliativos ridículos do tipo exceção para isso e aquilo, para desabonados de forma geral, seus pobres de carteirinha, os idosos (que têm renda mais alta que outros), negros e outros assimilados a minorias ridículas (algumas das quais são maioria).

O governo não é só ridículo, mas é nefasto para o país, em formas que me eximo de mencionar aqui, por serem, como já mencionei, criminosas, não só do ponto de vista da legalidade formal -- basta ver os casos que são levados a julgamento último do STF -- mas sobretudo do ponto de vista da moralidade cidadã.

Enfim, o governo é ridículo, e isso basta ver como falam seus representantes, dispensando-me de agregar qualquer outra coisa.
Basta olhar...
Paulo Roberto de Almeida

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Corrupcao governamental: cadeia para os corruptos...

Calma, calma, não estou referindo-me ao festival de bandalheiras que ocorre por aqui.
Este caso é um pouco longe, e  menos conhecido.
Resumindo: depois que Obama se tornou presidente, seu cargo de senador ficou vacante, e o governador do seu estado, Illinois, tinha o direito de indicar um "suplente", ou ocupante "terminal".
Pois bem, ele vendeu o cargo, literalmente.
Vejam o que aconteceu com ele...
Parece que temos muito a aprender ainda...
Paulo Roberto de Almeida 
Former Illinois Gov. Rod Blagojevich Is Sentenced to 14 Years in Prison
The New York Times
Rod R. Blagojevich, the former governor of Illinois, was sentenced on Wednesday to 14 years in federal prison for 18 felony corruption convictions, including trying to sell or trade the Senate seat that President Obama left behind when he moved to the White House.
The sentence, which fell just short of what prosecutors had asked for, came about an hour after Mr. Blagojevich apologized in court to residents of his state, to the judge in his case and to his family. 
Read More:
http://www.nytimes.com/2011/12/08/us/blagojevich-expresses-remorse-in-courtroom-speech.html?emc=na

The Washington Post
A federal judge sentenced former Illinois governor Rod Blagojevich to 14 years in prison for 18 corruption counts that include trying to auction off President Obama’s old Senate seat. Blagojevich apologized in court, saying he had made “terrible mistakes” but "never set out to break the law," the Associated Press reports. 
Read more at:

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Imprensa 10 vs .... ops, minha conta precisa ser atualizada....

São as chuvas de dezembro, pelo menos aqui em Brasília. De vez em quando viram uma verdadeira torrente que, não contentes de arrancar galhos de árvores e entupir algumas artérias (várias), também dão de arrastar algum ministro na enxurrada.
Preciso atualizar minhas contas: eu estava em dez, sendo que o governo ainda me deve três, não devidamente defenestrados (mas logo serão). Eis que, não mais que de repente, surge mais um, candidato como os os outros a ter de se explicar com a verdade e as meias-verdades.
Não deixa de ser bizarro, ou gozado (à escolha): ministros graúdos se comportando como garotinhos pegos com a mão na cumbuca das bolachas...
Constrangedor não é mesmo?
Mas assim é a vida.
Primeiro construindo o patrimônio. Depois se explicando sobre ele...
Paulo Roberto de Almeida


Reinaldo Azevedo
Reportagem no Globo deste domingo mostra que, entre 2009 e 2010, Fernando Pimentel, agora ministro da Indústria e Comércio, faturou R$ 2 milhões com “consultoria”. Eita!!! Pimentel era companheiro de militância de Dilma. Ela foi sua professora de marxismo. Ele virou um consultor do capital. Boa professora!
Vai ver era sobre esse assunto que ele conversava naquele quarto de hotel com o, digamos, petista sênior da área de consultorias, o “chefe de quadrilha” (segundo a Procuradoria Geral da República) José Dirceu. Outro consultor bem-sucedido, como sabemos, é Antonio Palocci.
Que coisa, não? Quem diria que os petistas se dariam tão bem como iluministas do capitalismo, gente? Quem contrata o serviço desses “socialistas”? Ora, o capital privado. Pra quê? Vai ver é para eles darem aula sobre a revolução…
Rui Falcão, o presidente do PT, publicou em seu blog um discurso do delinqüente intelectual Slavoj Zizek, o dito “filósofo” justificador do terrorismo, pensador da estima de Vladimir Safatle, o “elegante”. Na tal fala, Zizek defende que está comprovada a incompatibilidade entre capitalismo e democracia. Se Falcão publicou, como recomendação, deve concordar, né?
Estou entendendo…
Se democracia e capitalismo demonstram ser incompatíveis, dada a desenvoltura dos petistas no capitalismo, então só me resta concluir que eles pretendem e dar um pau na democracia.
Bingo!

domingo, 4 de dezembro de 2011

Veja, caro leitor, como roubam o seu dinheiro...

Vamos fazer uma conta simples: imaginemos que aquele assessor do ministro, que era funcionário do partido, aliás tesoureiro, tenha recolhido o que parece ser, atualmente, um pedágio normal para esse tipo de prebenda, autorização, facilitação, seja lá o que for: 15%.
Com isso, ele teria arrecadado, se tivesse ficado o tempo todo -- o que, reconheçamos, não foi o caso -- cerca de R$ 45 milhões.
Mas, mesmo descontando esse valor pela metade, ainda assim dá uma bela pacotama de dinheiro, um ajutório para comprar mansão, carros, passeios pelo mundo, restaurantes, amantes (ops, foi só para rimar...), etc. e tal...
Grande negócio esse de trabalhar em certos postos do governo.
Depende de qual, obviamente, mas sempre existem oportunidades para fazer negócios nos lugares mais insuspeitos.
Apenas para terminar, duas perguntas: o ministro que sai será homenageado com belas frases de agradecimento, reconhecimento, elogio e toda aquela hipocrisia e mentira novamente?
E o galinheiro vai ficar novamente a cargo do mesmo plantel de larápios?
Não precisa responder, eu só estava perguntando...
Paulo Roberto de Almeida 
PS.: Acho que os Adesistas Anônimos desistiram de me incomodar com suas defesas do que é indefensável...
PS2.: Sim, o ministro saiu com palavras elogiosas. Parece que ele só saiu por perseguição da imprensa -- que imprensa malvada, não é? -- mas  vai continuar "colaborando com o Brasil". Eu entendo que, se ele seguir sua verdadeira natureza, ele vai continuar roubando contra o Brasil, e mentindo para nós...


Jaílton de Carvalho e Geraldo Doca
O Globo, 4/12/2011

A fartura de dinheiro repassado pelo Ministério do Trabalho, de Carlos Lupi (PDT), para organizações não governamentais contrasta com a precária estrutura de controle da boa aplicação dos recursos destinados a programas de qualificação de mecânicos, garçons, marceneiros, entre outros trabalhadores. Levantamento com dados do Siafi (Sistema Integrado de Administração Financeira) informa que o ministério acumula R$ 282 milhões em prestações de contas de ONGs, fundações e prefeituras não analisadas.
Isso significa que o ministério liberou o dinheiro, mas não sabe se os serviços foram executados. As pilhas de prestações de contas estão acumulando poeira desde 2004. Entre as contas pendentes estão os processos do Instituto Brasil Voluntário - Bravo, ONG indicada pelo deputado Weverton Rocha (PDT-MA), um dos principais assessores de Lupi à época da assinatura do convênio entre a entidade e o ministério. A entidade firmou, em dezembro de 2007, um convênio de R$ 2.184.870,00 com o pretexto de qualificar jovens para o primeiro emprego. Mas, segundo um fiscal, depois de receber o dinheiro, desapareceu. Esse fiscal relata que a entidade entregou a prestação de contas da primeira parcela (aproximadamente R$ 800 mil) e simplesmente sumiu.
Nos documentos apresentados ao ministério, a Brasil Voluntário informa como endereço um escritório em Timon, no Maranhão, uma das bases eleitorais de Weverton. Em 2008, ano seguinte à assinatura do convênio, dirigentes da entidade teriam ajudado a campanha do ex-deputado Chico Leitoa (PDT) à prefeitura local. Leitoa é um dos principais aliados de Weverton Rocha.
Relatório da Controladoria-Geral da União (CGU) aponta graves irregularidades no convênio. Entre outras ilegalidades, os fiscais verificaram “indícios de fraude na formulação de planilhas de custos de cursos de qualificação específica” e “pagamentos indevidos a servidores públicos”.
Nos papéis relegados a segundo plano estão ainda uma das prestações de contas da Fundação Pro-Cerrado, do empresário Adair Lima, o mesmo que providenciou um avião para Lupi fazer uma viagem ao Maranhão no final de 2009. Em 2007, a ONG fez convênio de R$ 2.379.282,62 também para qualificar trabalhadores, mas as contas da entidade não foram analisadas. A ONG já caiu na malha fina da CGU e está sob investigação do Ministério Público do Distrito Federal.

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Entao ficamos assim: "Corruptos, refestelai-vos"...

Apenas uma sugestão, que não chega a ser um conselho, aos "velhinhos decrépitos" (apud Paulinho da Força Sindical, Paulo Pereira da Silva) da Comissão de Ética:

Demiti-vos em bloco...

Paulo Roberto de Almeida

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Governo cego, surdo, mudo, maneta, paraplegico! OK, mas irresponsavel???

Que o governo seja ineficiente, isso não é surpresa para ninguém.
Que ele seja inutilmente burocratico, isso tampouco é novidade.
Mas que ele não saiba cuidar do dinheiro que nós, contribuintes espoliados, entregamos a ele, isso não deveria ser surpreendente. (Bem, entregar, não é bem o termo...)
O que surpreende, na verdade, é a dimensão da irresponsabilidade...
Inacreditável. Eu diria até mesmo criminoso.
Deve ser intencional, pois de outra forma seria incompreensível...
Paulo Roberto de Almeida



União não sabe onde estão R$ 26,5 bilhões enviados para ONGs

- FAUSTO MACEDO, DE O ESTADO DE S. PAULO, 25/11/2011

Repasses do governo feitos às organizações não constam do cadastro do Ministério do Planejamento e dificultam pente-fino em convênios


BENTO GONÇALVES (RS) - Informações sobre a destinação de R$ 26,5 bilhões do Tesouro, transferidos para organizações não governamentais (ONGs) e entidades entre setembro de 2008 e junho de 2011, não constam do banco de dados do Sistema de Gestão de Convênios e Contratos de Repasse (Siconv), do Ministério do Planejamento. A revelação foi feita durante debates da Estratégia Nacional de Combate à Corrupção e à Lavagem de Dinheiro (Enccla), em Bento Gonçalves (RS).
A ONG Instituto Contato, de Florianópolis, é acusada de uma série de irregularidades - JF Diorio/AE-10/2/2011
JF Diorio/AE-10/2/2011
A ONG Instituto Contato, de Florianópolis, é acusada de uma série de irregularidades
O montante à margem do cadastro do Siconv representa 54% do total repassado por ministérios e outros entes do governo federal a título de transferências voluntárias. Do total, R$ 20 bilhões foram para convênios e R$ 6,5 bilhões para termos de parcerias e contratos de repasse. A exclusão dessas informações emperra a malha fina sobre convênios e licitações.
Essa situação foi comunicada à Enccla pela Secretaria de Logística e Tecnologia da Informação, do Planejamento. "Apesar da obrigatoriedade do seu emprego e dos esforços dos gestores do Siconv em exigir dos órgãos concedentes o seu uso, ainda não há plena adesão ao sistema, o que dificulta o trabalho dos órgãos de fiscalização e controle", alerta documento submetido às discussões fechadas da Enccla.
O Siconv foi concebido a partir de proposição do Tribunal de Contas da União, em novembro de 2006, para ampliar a transparência do gasto público federal realizado mediante a liberação de verbas a outros órgãos e entidades, entes federados e entidades do setor privado.
A meta primordial era superar as limitações verificadas no Sistema Integrado de Administração Financeira (Siafi), onde a execução financeira e orçamentária das transferências voluntárias alcança apenas as transações realizadas pelo concedente, "inexistindo informação quanto à execução do gasto no âmbito dos convenentes".
Todo o processo de execução de transferências voluntárias deveria ser registrado no sistema, em tempo muito próximo ao da realização dos atos. A Polícia Federal tem interesse direto nesses dados, tanto que faz parte do grupo que discute o aperfeiçoamento do Siconv.
Desde setembro de 2008 existe a obrigatoriedade de registro de todos os atos de celebração, liberação de recursos, acompanhamento da execução e prestação de contas de convênios, contratos de repasse e termos de parceria. Nesse sentido, a Comissão Gestora do Siconv expediu uma diretriz, em maio de 2010, alertando os gestores dos órgãos concedentes sobre a obrigatoriedade de utilização do sistema e do registro das informações referentes às licitações e aos contratos administrativos celebrados no prazo de 20 dias após a realização dos procedimentos.
Segundo a Enccla, para atender aos seus pressupostos - fortalecimento da gestão e aumento da transparência do gasto público -, o Siconv deve incorporar todas as transferências voluntárias de todos os órgãos da administração pública federal.
A Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) impõe aos órgãos e entidades integrantes do orçamento fiscal: "Deverão disponibilizar ao Sistema Integrado de Administração de Serviços Gerais (Siasg) e ao Siconv, no que couber, informações referentes aos contratos e aos convênios com instrumentos congêneres firmados com a identificação das respectivas categorias de programação e fontes de recursos quando se tratar de convênios".
Dificuldade. O estatístico Clesito Fechini, assessor da Secretaria de Logística e Tecnologia da Informação, do Planejamento, diz acreditar que não existe resistência das outras pastas em transmitir os dados. "É dificuldade operacional. Dificuldade de compatibilizar os layouts, de os órgãos efetivamente integrarem o sistema. Inserir quase 30 mil convênios de uma hora para outra, não estamos falando de 400 convênios. É muito difícil."
Ele observa, porém, que a LDO determina aos órgãos que encontram dificuldades de manter seu próprio sistema que enviem os dados ao Planejamento. "O sistema funciona efetivamente há três anos. É para todo mundo ver, em linguagem cidadã, as informações sobre os convênios. Com isso ganhamos a melhoria de gestão, daí o interesse da Secretaria de Logística em cumprir as sugestões da Enccla."
Para a Polícia Federal a inclusão de todos os dados relativos às transferências voluntárias repercute na maior celeridade de suas investigações.
Josélio Azevedo de Sousa, delegado federal que cuida dos inquéritos sobre desvios de recursos públicos, destaca que a PF até pode obter os dados de que precisa para construir provas, mas teria de expedir ofícios, promover missões externas e até mesmo requerer a quebra de sigilo bancário de seus alvos, o que demandaria tempo. "Com a disponibilização das informações no Siconv e o acesso pela internet ganhamos economia operacional de meios e de tempo", diz.
"A recomendação legal já existe, o que a Enccla quer é a transparência da gestão dos recursos públicos", afirma Fechini.

terça-feira, 15 de novembro de 2011

Corrupção e decadência econômica - Rubens Ricupero

O nosso presidencialismo de coalizão é, na verdade, um presidencialismo de mensalão, e a corrupção "monetizável" é apenas uma parte pequena de todas as perdas econômicas provocadas por um Estado inchado, corrupto e corruptor. A ineficiência, a baixa produtividade, o alto custo dos marajás e mandarins estatais impõem um custo excessivo ao país.
Paulo Roberto de Almeida


Corrupção e declínio
RUBENS RICUPERO
FOLHA DE SP, 14/11/2011

Temos problemas parecidos aos italianos, mas a agenda brasileira é ditada por queda de ministros e escândalos
Ao contrário do que sustentam alguns politicólogos, a corrupção inseparável do presidencialismo de coalizão praticado no Brasil acabará por gerar crises crescentes de governabilidade até ocasionar o declínio da economia e a destruição do regime político. Os que se fixam apenas nas maiorias legislativas não enxergam dois fatores que solapam o sistema na raiz.

O primeiro é a destruição da confiança, base, como ensinava Bobbio, da democracia. O fenômeno já abarca entre nós quase a totalidade da opinião pública informada. Ninguém mais acredita que partidos e candidatos tenham outro objetivo que não seja o enriquecimento rápido e ilícito. No limite, a perda de confiança conduz a explosões de cólera conforme vem ocorrendo nos países árabes, onde a causa principal da revolta das multidões é o protesto contra a injustiça e a corrupção dos governantes. Em nossa história esse sentimento desempenhou papel crucial na mobilização da classe média nas crises do suicídio de Vargas, da eleição de Jânio, do impedimento de Collor, e, ao lado do anticomunismo, do golpe de 1964. O governo se felicita com razão da expansão dos setores médios e sua transformação em maioria, mas deveria lembrar que o comportamento político da classe média se caracteriza pela intolerância ante a corrupção. À medida que o setor se expande, essa intolerância só tende a aumentar.

O segundo fator subestimado é o preço crescente, em termos econômicos, dos arreglos com partidos. Argumenta-se que o dinheiro envolvido na corrupção é insignificante comparado ao tamanho da economia. Pode ser verdade em relação às somas do suborno e da extorsão. O problema está no custo astronômico da multiplicação de ministérios inúteis, cargos supérfluos, perda de eficiência, irracionalidade na aplicação de recursos, incompetência na escolha e gestão de projetos dos quais são exemplos o trem bala e Belo Monte. E o custo das reformas que não se fazem porque mexem com os interesses dos partidos da coalizão? No início dos 1970 o setor público poupava 6% do PIB, parte do qual investido em infraestrutura de energia e transportes. Hoje, o governo é deficitário e não consegue investir. Quanto dessa perda se deve ao custo político da coalizão? Por que um presidente como Lula nem sequer tentou propor a reforma da estrutura sindical herdada do corporativismo fascista apesar de ser uma das bandeiras históricas do seu partido?

Por décadas a Itália foi também governada por coalizões corruptas e ineficazes. Não tem importância, alegava-se, pois o dinamismo e a inovação das pequenas empresas garantiam o crescimento. A ilusão se desfez quando o fim do regime terminou esclerosando a economia. Em grau distinto, alguns de nossos problemas se parecem aos italianos: crescimento lento, investimento baixo, incapacidade de aumentar produtividade e competitividade, aposentadorias precoces. Política doente contagia a economia. O sintoma de nossa doença é que, em vez de ser dominada por essas questões, a agenda brasileira é ditada semana após semana pelos escândalos de corrupção e a queda de ministros.

Rubens Ricupero, diretor da Faculdade de Economia da Faap e do Instituto Fernand Braudel de São Paulo, foi secretário-geral da Unctad (Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento) e ministro da Fazenda no governo Itamar Franco.