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quarta-feira, 15 de junho de 2011

Internet como direito humano basico: ONU no bom caminho

Não tenho certeza de que todos os governos aderirão a esta concepção. Não tenho certeza de que o Brasil aderirá plenamente, se não à letra, talvez ao espírito de uma resolução obrigatória.
Paulo Roberto de Almeida

Para todos e sem censura
Por Jamil Chade
Correspondente do ‘Estado’
Caderno Link, 12 de junho de 2011
INFOGRÁFICO AE
▪▪▪ Tentativas de controlar a internet no mundo todo faz a ONU definir que o acesso é um direito universal — e que a rede deve ser protegida de interesses de governos e empresas
(Gráfico ampliado neste link)

GENEBRA – A internet é a nova fronteira na luta da ONU pela defesa da liberdade de expressão. O primeiro relatório sobre a relação entre governos e rede, publicado em maio, chega a uma conclusão alarmante: a internet está sob ataque de governos em quase todas as regiões do mundo e precisa ser protegida. A partir disso, a decisão foi declarar o acesso à internet um direito humano — como o direito à saúde, à educação e à moradia. Governos que desconectarem sua população estarão, assim, violando direitos básicos e a lei internacional.

Frank La Rue, autor do documento e relator especial da ONU para a liberdade de expressão, destaca o papel central da rede nas revoltas nos países árabes. “A onda de protestos mostrou a capacidade de mobilização que a internet pode ter no apelo à Justiça.” No Egito, a primeira sentença contra o ex-ditador Hosni Mubarak foi uma pena e uma multa milionária por desconectar o país.

Para a entidade, a rede é hoje um dos principais instrumentos de exercício do direito de expressão. “E não podemos achar que esse direito é menos importante. É ele que possibilita os direitos econômicos, sociais e culturais, entre eles os direitos civis”, diz o relator. “Por agir como catalisador dos direitos de liberdade de expressão, a internet é um facilitador de uma série de outros direitos humanos.”

Cartas. O relator iniciou em 2010 intensa campanha contra as crescentes restrições impostas por governos à internet. O Link obteve as cartas enviadas pela ONU a mais de 20 governos pelo mundo questionando as dificuldades impostas a usuários de internet em 2010 e 2011. Em todos os casos, um traço comum no comportamento dos governos: o medo de que informações circulando na rede ameaçassem sua permanência no poder.

Pela conta da entidade, só em 2010, mais de 110 blogueiros foram presos no mundo, 70% deles na China. Irã e Vietnã disputam o segundo lugar. “Não há dúvidas de que governos têm incrementado a restrição à tecnologia como forma de evitar que a oposição se reúna”, explica La Rue. “A principal preocupação é que expressões legítimas estão sendo criminalizadas, e isso é contrário às obrigações internacionais de governos em relação aos direitos humanos”, diz o relator.

No papel. Documento coloca o acesso à rede no mesmo nível dos direitos definidos na Declaração Universal.
No mundo todo. As preocupações da ONU não se limitam aos países considerados párias. Em seu relatório, La Rue deixa claro que governos como o da França, o do Reino Unido e o da Hungria também vêm aumentando o controle sobre a rede de forma preocupante. Na maioria dos casos registrados na Europa, a luta contra a pirataria e ataques digitais seriam os argumentos para justificar a desconexão de um indivíduo.

Outra preocupação é com a defesa que o presidente francês, Nicolas Sarkozy, vem fazendo daquilo que ele chama de “internet civilizada”. A ONU se preocupa com o que isso quer dizer.

Segundo La Rue, há dois tipos de estratégia hoje para censurar a internet. A primeira é o uso de leis criminais já existentes, aplicadas a blogueiros e outros ativistas digitais. A segunda: uma série de governos vem adotando novas leis, para endurecer penas contra usuários da internet — isso sem falar nas restrições que estão ocorrendo por parte de governos sem qualquer base legal.

Na maioria dos casos, governos justificam as novas leis sob a alegação de que precisam proteger a reputação de indivíduos, garantir a segurança nacional ou conter o terrorismo. Outro argumento é o do perigo de ataques digitais. “Há um abuso claro nos argumentos. Na prática, não passam de novas leis de censura diante do surgimento de um novo instrumento de comunicação”, afirma La Rue.

Uma dessas ações consideradas, a partir de agora, como violação dos direitos humanos é a de desconectar cidadãos tidos como ameaçadores ou que estejam pirateando, como acontece hoje na França. “Desconectar alguém da internet como punição é algo que deve acabar.”

Acordo. La Rue rejeita a tese de que a ONU esteja defendendo uma internet “sem controles nem regras”. As restrições aceitáveis seriam aquelas já previstas em declarações universais, como o combate à disseminação do ódio, racismo e crimes considerados como consensuais, como pornografia infantil.

O relator da ONU admite que o problema dos ataques digitais é real e reconhece a ameaça em relação aos dados pessoais que circulam na rede. Mas, para a ONU, regras nacionais isoladas não resolverão os problemas.

Na União Internacional de Telecomunicações (UIT), técnicos e políticos já falam da necessidade de um “acordo de paz” para a internet. “Todos sabemos que, se houver uma nova guerra mundial, ela ocorrerá a partir do espaço digital”, declarou Hamadoun Toure, secretário-geral da UIT. “Um acordo de paz será fundamental e terá de incluir governos, setor privado e sociedade.”

sábado, 28 de maio de 2011

Iran: ficando parecido com a Coreia do Norte...

Iran Vows to Unplug Internet
BY CHRISTOPHER RHOADS AND FARNAZ FASSIHI
The Wall Street Journal, 28/05/2011

Iran is taking steps toward an aggressive new form of censorship: a so-called national Internet that could, in effect, disconnect Iranian cyberspace from the rest of the world.
The leadership in Iran sees the project as a way to end the fight for control of the Internet, according to observers of Iranian policy inside and outside the country. Iran, already among the most sophisticated nations in online censoring, also promotes its national Internet as a cost-saving measure for consumers and as a way to uphold Islamic moral codes.


É o que se chama de autosuficiência. Resta saber o que vão achar disso os jovens plugados no mundo...

sábado, 19 de fevereiro de 2011

Serviço de internet é cortado na Líbia: ja vimos esse filme...

Todas as ditaduras se parecem?
Talvez sim: no ridículo...

Serviço de internet é cortado na Líbia
19 Feb 2011 09:04 AM

O serviço de internet na Líbia foi cortado neste sábado (19), informam as agências internacionais de notícias. A rede vinha sendo utilizada por manifestantes para convocar a população às ruas e protestar contra o governo

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Wikileaks-China: nao se permitem leaks, justamente, nem antes, nem depois

O governo da RPC bloqueia o acesso do Wikileaks a seus cidadãos: faz sentido, pois o Yellow Big Brother já bloqueia dezenas, talvez centenas de sites, e não permite o acesso a blogs, YouTube, FaceBook e outras ferramentas interativas.
Só estão autorizadas, no momento, intrusões no Google, Yahoo e outros serviços ocidentais...
Paulo Roberto de Almeida

China bloqueia acesso ao WikiLeaks

Governo desconfia que haja relatos sobre política entre as Coreias e ataque cibernético no material

AP, 01 de dezembro de 2010 | 2h 08

PEQUIM - A China bloqueou nesta quarta-feira, 1º, o acesso ao site WikiLeaks, em meio a alegações embaraçosas, após o vazamento dos telegramas da diplomacia americana.
Quem tenta acessar o domínio wikileaks.org e cablegate.wikileaks.org, tem a informação de que a conexão com os sites não pôde de ser completada.
Esta é uma resposta padrão quando um site está bloqueado pelas autoridades chinesas, que exercem o rígido controle do conteúdo da internet.
O suposto motivo pelo bloqueio do site WikiLeaks é o vazamento de documentos que envolvem dados de vários países e suas relações diplomáticas.
Entre os documentos vazados poderiam estar inclusas a preparação dos líderes chineses numa eventual interferência na península coreana e os planos do Politburo chinês (órgão de direção do Partido Comunista Chinês) que organiza um ataque cibernético ao Google.

sábado, 16 de outubro de 2010

Custo de internet no Brasil: somos extorquidos

O brasileiro tem uma renda per capita 7 vezes inferior à dos americanos, e no entanto paga 7 vezes mais para se conectar.
A razão?: carteis, monopolios, impostos, tudo isso alimentado pelo governo...
Paulo Roberto de Almeida

Com preço médio de R$ 199, Brasil é um dos que cobram mais pela banda larga
Fernando Braga
Correio Braziliense Online, 16.10.2010

A forte valorização do real, aliada à pesada tributação de até 40% sobre a banda larga móvel no Brasil, faz com que o país divida com o Zimbábue o topo da lista das nações com a internet mais cara do planeta. Nos dois países, o preço médio cobrado pelo serviço de terceira geração (3G), com velocidade de 2,1 megabytes por segundo (Mpbs), é de R$ 199. Com isso, os brasileiros pagam muito mais pelo acesso à rede que usuários de nações sem muita expressão no cenário mundial, como Congo, Haiti e Bangladesh. Levantamento da Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (Unctad) mostra que o valor médio mundial registrado para planos semelhantes é de R$ 77,48.

"Notamos uma enorme variação, com alguns países oferecendo esse serviço por menos de R$ 33,30 por mês, enquanto outros cobram mais de R$ 166,50", afirma o estudo da Unctad, produzido sobre países considerados emergentes. Os números fazem parte de um trabalho global sobre como o uso da tecnologia da informação pode contribuir para combater a pobreza ao redor do mundo. Na visão do organismo internacional, os governos de nações em desenvolvimento deveriam dar mais importância ao setor de tecnologia e comunicação a fim de reduzir a desigualdade social.

Caso houvesse mais estímulos para a criação de empresas de pequena escala, sugere a pesquisa, mais benefícios poderiam ser divididos pelas populações dessas regiões. "Microempresas estão crescendo rapidamente em países de baixa renda e podem oferecer empregos, o que gera um valor real aos cidadãos que dispõem de menos recursos e educação. Essas atividades incluem a compra e venda de computadores, a manutenção e conserto de PCs (personal computers) e o gerenciamento de lan houses", detalha o estudo.

Salto
A Unctad lembra, contudo, que poucos países em desenvolvimento mostram-se envolvidos na criação de serviços para a área da tecnologia da informação (TI). "As exportações estão geograficamente muito concentradas. Na China, de longe o maior exportador do ramo, pudemos notar uma contribuição significativa da fabricação desses produtos, que acabou atingindo positivamente a renda dos mais pobres." Todavia, mesmo com preços tão altos quando comparados aos de países desenvolvidos, o Brasil continua registrando um vertiginoso crescimento no número de acessos à internet móvel. Somente no primeiro semestre de 2010, foram 11,9 milhões de conexões via 3G, ultrapassando o volume de 11,8 milhões de usuários de serviços de banda larga fixa (cabo, fibra óptica e rede de telefonia).

Os dados divulgados pela fabricante de equipamentos de rede Huawei e pela consultoria Teleco apontam que nos três primeiros meses de 2010 houve 4,9 milhões de novos acessos móveis. Segundo a pesquisa, o crescimento da internet móvel brasileira está relacionado à baixa cobertura oferecida por serviços fixos e pelo aumento do interesse dos consumidores por celulares compatíveis com a tecnologia 3G. Em um ano, esses produtos venderam quase seis vezes mais.

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Brasileiro paga uma das maiores tarifas do mundo para ter internet no celular
Da Redação
O Globo, 16.10.2010

O custo de pacotes de dados para celular no Brasil é o mais caro entre os países pobres e em desenvolvimento, segundo estudo da Organização das Nações Unidas, com informações compiladas pela Nokia Siemens. De acordo com o levantamento, que cita dados de 2009, apenas no Brasil e no Zimbábue o preço médio do pacote de dados mensal passa de US$ 120.

Com isso, o Brasil fica atrás de países como Congo, Haiti e Bangladesh — este, o menor custo entre as 78 nações listadas no Relatório de Economia da Informação da Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (Unctad). O custo médio mundial é de US$ 46,54 mensais.

O Brasil também tem um custo muito superior ao de seus vizinhos do Mercosul. No Paraguai, o custo médio fica abaixo de US$ 20, enquanto Argentina e Uruguai estão em torno de US$ 50, pouco acima da média mundial.

A Unctad considera, no estudo, o custo total de um pacote de tráfego de 2,1 megabytes (MB) de dados por mês, com 165 minutos de voz e 174 torpedos.

preço baixo, diz Unctad O estudo aponta ainda que o acesso móvel à internet vem crescendo significativamente nos países em desenvolvimento, o que se deve, em grande parte, ao fato de os celulares serem bem mais baratos que os computadores. Na Ásia, afirma a Unctad, os dois maiores emergentes confirmam essa tendência.

“O número desses usuários na China atingiu 233 milhões em dezembro de 2009, uma alta de 50% em um ano. Segundo dados oficiais, a Índia tinha 127 milhões de usuários de dados sem fio em setembro de 2009, um avanço de 44% em um ano”.

As assinaturas de celular devem atingir cinco bilhões este ano — quase um por pessoa em todo o planeta, segundo o secretário-geral da Unctad, Supachai Panitchpakdi.

Nos países industrializados, a penetração dos celulares já superou 100%, com muitas pessoas tendo mais de um aparelho ou assinatura. Nas nações em desenvolvimento, o percentual de assinaturas hoje é de 58%, enquanto nos países mais pobres está em apenas 25%.

A Unctad lembra, no entanto, que esse acesso móvel à internet tem um peso maior para os mais pobres. “Na maioria dos países, as tarifas do serviço pré-pago são mais elevados que as do pós-pago, o que significa que os mais pobres pagam mais pelo celular que os assinantes mais abonados dos planos pós-pagos”.

A chave para o uso bemsucedido do celular é a redução de seu custo, argumenta a Unctad, algo que muitos países africanos ainda ignoram.

— A Índia mostrou-nos o caminho para tornar o celular o mais barato possível, de forma que todos tenham acesso a esse tipo de equipamento — disse Supachai.

“Enquanto as operadoras de muitos outros grandes emergentes obtêm receita de tarifas elevadas e volume reduzido, na Índia a receita é gerada usando tarifas baixas e volume elevado”, argumenta a Unctad.

O resultado, diz, é que o usuário médio na Índia fala muito mais tempo ao celular que os de outros países.

O mercado indiano também se destaca por seu baixo custo.

As operadoras locais criaram modelos de negócios e estruturas que lhes permitiram lucrar com consumidores que gastam pouco. Segundo a Unctad, a Índia tem uma das menores receitas médias por usuário do mundo (abaixo de US$ 5), enquanto em Angola esta atinge US$ 25.

Tecnologia da informação pode reduzir pobreza O objetivo da Unctad foi mostrar que o uso de tecnologia da informação pode contribuir no combate à pobreza no mundo. O organismo defende que os governos dos países em desenvolvimento deem mais importância ao setor de tecnologia da informação e comunicação na estratégia de redução da pobreza.

“Microempresas estão crescendo rapidamente em países de baixa renda e podem oferecer emprego de valor real à população com menos recursos e educação. Essas atividades incluem uso de aparelhos e reparos, manutenção de computadores pessoais e gerenciamento de lan houses”, afirma a Unctad no relatório.

Mas o documento lembra que poucos países em desenvolvimento estão envolvidos na fabricação e criação de serviços para a área. “As exportações de bens de tecnologia estão geograficamente muito concentradas. Na China, de longe o maior exportador do ramo, houve contribuição significativa da produção para a renda dos mais pobres”.

sábado, 1 de maio de 2010

2112) Falando nisso, assim é que as coisas acontecem...

Em vista do que escrevi no post anterior, nem preciso comentar...

China aprova lei que obriga empresas de comunicações a delatar usuários
Cláudia Trevisan
O Estado de S.Paulo, 01 de maio de 2010

A China aprovou ontem uma lei que obriga provedores de internet e de serviços de telecomunicações a colaborarem com a polícia e autoridades em investigações relativas a vazamento de "segredos de Estado" ? conceito vago o bastante para incluir qualquer atividade que Pequim considere suspeita.

As novas regras obrigam as empresas de telecomunicações a interromper a transmissão de possíveis segredos de Estado e comunicar às autoridades potenciais delitos. Elas também devem manter registros de ligações e deletar informações por determinação do governo.

As mudanças fazem parte de uma emenda à lei sobre segredos de Estado aprovada pelo Comitê Permanente do Congresso Nacional do Povo, encarregado de legislar, já que o Parlamento se reúne só uma vez por ano.

Segundo o governo, o objetivo da emenda é reduzir a abrangência do que pode ser considerado segredo de Estado. Mas mesmo com a mudança, o conceito continua vago, incluindo "informação que, se divulgada, pode prejudicar os interesses do Estado nas áreas de política, economia e segurança nacional".

A emenda, que entra em vigor em 1.º de outubro, reduz o número de órgãos governamentais com poder para classificar informações como sigilosas e tenta padronizar o procedimento. Segundo a imprensa oficial chinesa, várias autoridades em todo o país recusam-se a prover informações ao público com o argumento de que se trata de "segredo de Estado".

A nova legislação, porém, deve dificultar ainda mais a atuação de empresas de internet estrangeiras no país, dois meses depois de o Google transferir seu site em chinês para Hong Kong por causa dos excessos de controles e da censura.

O Yahoo enfrentou um desastre de relações públicas em 2005, quando o jornalista chinês Shi Tao, usuário de seu serviço de e-mail, foi condenado a dez anos de prisão sob a acusação de divulgar segredos de Estado.

Shi usou sua conta do Yahoo para enviar a um amigo em Nova York documento do Departamento de Propaganda do governo enviado ao jornal em que trabalhava com orientações sobre os riscos relacionados à cobertura dos 15 anos do massacre da Praça da Paz Celestial, ocorrido em 1989.

O Google decidiu sair da China antes de se ver envolvido em um caso semelhante ao do Yahoo. Quando anunciou que poderia tomar esse caminho, em janeiro, a empresa afirmou que várias contas de seu provedor de e-mails, Gmail, tinham sido alvo de hackers chineses.

2111) Seria bom se fosse verdade...

Ditadores de verdade não ficam com medo de mouses, infelizmente. Eles tentam domá-lo, quando não matá-lo, ou pelo menos colocar numa gaiola de ferro, mantendo-o sob controle. Nem sempre conseguem, mas atrapalham um bocado a vida de simples cidadãos, que nada mais desejam senão informar-se livremente pela rede.
Em determinados países, os blogs são completamente bloqueados, exigindo que alguém tenha um provedor virtual para saltar grandes barreiras. Nem todo mundo é capaz, obviamente, de pagar um provedor em outro país, não dispondo de recursos em divisas.
Em todo caso, a campanha publicitária é bem-vinda e deveria incitar, pelo menos, à reflexão.


Imprensa - O rato que ruge
Revista Veja, edição 2163 - 5 de maio de 2010

A campanha publicitária dos Ditadores Medrosos vira um ícone poderoso ao retratar com humor a ameaça que o mouse, como o símbolo da liberdade de expressão e de informação, representa para os donos da verdade

SOCORRO
Castro, Ahmadinejad e Chávez, na montagem: a encenação divertida reproduz o que os tiranetes sentem, mas não mostram

Campanhas publicitárias costumam ser rápidas, eficazes e fugazes. Passou, acabou. Há aquelas, porém, que transcendem o efeito momentâneo e vão ficando mais impactantes com o tempo. É claro que um tema monumental como a liberdade de expressão ajudou a tornar memorável a campanha Ditadores Medrosos, lançada há um ano pela agência Ogilvy & Mather, de Frankfurt, para a Sociedade Internacional para os Direitos Humanos, organização não governamental alemã criada em 1972 para "atuar contra as injustiças por trás da Cortina de Ferro". Felizmente para todos, a cortina de ferro, expressão churchilliana que englobava a União Soviética e seus satélites, se foi, mas os abusos contra os direitos fundamentais pululam em outras partes. Daí a premiada campanha mostrando três conhecidos donos da verdade apavorados diante de um rato-mouse de computador. Raúl Castro, de Cuba, Mahmoud Ahmadinejad, do Irã, e Hugo Chávez, da Venezuela, erguem o pezinho, sobem na mesa e fazem cara de pânico diante do pequeno objeto na ponta de um fio que traz embutida a praga de sua existência – informação à vontade. Era assim em 2008, quando a campanha ficou pronta, era assim em maio de 2009, quando ganhou um Clio, o maior prêmio da propaganda, é assim muito mais hoje em dia, quando Castro, Ahmadinejad, Chávez e correlatos oprimem seus cidadãos, perseguem os que ousam confrontá-los, ofendem o senso de justiça e liberdade de toda a humanidade e parecem inamovíveis.

As fotos da campanha foram tiradas em cenários montados na prefeitura da cidade de Wuppertal, um prédio do século XIX em estilo eclético. Foram usados tanto sósias como dublês de corpo, fazendo gestos e expressões faciais. Por fim, no computador as imagens foram ajustadas a fotos originais dos três tiranetes, para ficarem mais naturais. Chávez e Raúl trajam roupas habituais, mas o falso Ahmadinejad aparece todo de branco, como se a qualquer momento fosse cantar um bolerão. Segundo profissionais que participaram da campanha, o mais difícil foi encontrar fotos dos três tiranetes que se aproximassem de um rosto assustado – déspotas, pela própria natureza, são bons em insuflar medo, e não em exibi-lo, até aquele momento em que a maré da história dá uma virada e... todo mundo sabe como acaba. Será que os poderosos com medo do ratinho que ruge ainda virarão pôster?

quarta-feira, 28 de abril de 2010

2102) Facebook, Twitter...: sorry folks, I'm out

Um esclarecimento, uma declaração, e um pedido de desculpas, preventivo e ex-post...

Tenho sido solicitado, como muitos de nós, por inúmeros pedidos de adesão a esta ou aquela rede de contatos sociais, de intercâmbio de informações, de troca de e-mails e até, como parece ser normal em nossos tempos de transparência cibernética, de informação simultânea sobre o que estamos fazendo naquele mesmo momento, quando não um convite para expressarmos nossos pensamentos mais recônditos, como diriam antigos escritores...

Eu sei de todas as possibilidades fantásticas dos modernos meios de comunicação, que eles ajudam tremendamente no dia a dia e até permitem, vejam só, aos mais ambiciosos, ganhar eleições, quem sabe até a presidência do país (não, não tenho essa ambição).

Já fiz até uma experiência, ou duas, frustradas devo logo dizer, de me associar a essas engenhocas, e cheguei à conclusão que não vale a pena, pelo menos para meu estilo de vida, e para o que gosto de fazer, que vou repetir aqui, para informação dos menos atentos.

Minha única preocupação -- OK, não é a única, mas é uma das mais importantes -- está em ler, sintetizar o que aprendi e tentar transmitir a outros um pouco desses novos conhecimentos ou informações, numa tarefa didática autoassumida e que me dá prazer de fazer. É isso que faço, o tempo todo, e é isso que pretendo continuar fazendo, utilizando para isso os poucos instrumentos de informação e de comunicação de que disponho: um simples computador, armado de programas triviais, acesso à internet, e interfaces de comunicação, que são apenas duas ou três: e-mails, site e blogs, nada mais.

Todo o resto -- Orkut, Facebook, Twitter, e todos os demais programas de formação de redes e intercâmbio de mensagens e informações -- me custariam tempo (algo extremamente escasso para quem deseja ler muito) e privacidade (algo que cultivo muito, tanto por natural timidez, como por achar que ninguém deve sair por aí se exibindo gratuitamente).

Ou seja, prefiro, e preciso, ficar no meu canto, calado, quieto, silencioso, lendo meus livros, revistas, jornais e sites de informação e, depois, ter tempo de digerir tudo isso, nos momentos e nas formas apropriados, que são, geralmente, posts, mensagens e artigos que libero por diversos meios.
Prefiro fazer ao meu ritmo e ao meu gosto, não ditado por uma buzina que aparece de vez em quando na tela nos incitando a responder imediatamente, a trocar informações com Marte, ou para saber o que comeu fulaninho num restaurante da moda qualquer...

Por isso, me desculpo com os meus "provocadores habituais" de comunicação e intercâmbio, dizendo que não pretendo aderir a nenhum outro sistema a que já não aderi volutnariamente.

Grato pela compreensão e minhas modestas desculpas por não responder a todos os pedidos de intercâmbio e interface que recebo.
Paulo Roberto de Almeida
(Shanghai, 29.04.2010)