O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida;

Meu Twitter: https://twitter.com/PauloAlmeida53

Facebook: https://www.facebook.com/paulobooks

Mostrando postagens com marcador Libia. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Libia. Mostrar todas as postagens

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Jabuticabas onusianas: na Libia, com Kadhafi...

Pois é, não é só o Brasil que possui jabuticabas. A ONU está cheia delas.
Vejam estas ironias da ONU em relação à Líbia

Os países membros da ONU elegeram a Líbia para seu Conselho de Direitos Humanos em 2010, para o Conselho de Segurança em 2008-2009, e como Presidente da Assembleia Geral em 2009;

A Líbia também foi escolhida pela ONU para dirigir o planejamento de sua conferencia mundial contra o racismo, designando a filha da Kadhafi, Ayesha, como Embaixadora da Boa Vontade da ONU.
Em 1989 o Conselho de Direitos Humanos da ONU anunciou a criação do “ Premio Moammar Kadhafi de Direitos Humanos”. O mentor desta iniciativa foi Jean Ziegler, membro do Conselho da ONU, que na época comparou Kadhafi ao filósofo Rousseau.
Muitos líderes mundiais, inclusive vários dos que agora o derrubaram, curvaram-se aos interesses comerciais com a Líbia, ao longo dos anos, fazendo vista grossa aos desmandos humanitários do ditador líbio.

Pois é, a ONU tem uma plantação de jabuticabas...

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Contorcionismos diplomaticos, inclusive verbais...


Diplomacia de Dilma errou
Sérgio Malbergier
Folha de S.Paulo, 21/10/2011 -

As cenas de júbilo popular na Líbia e no planeta com a morte brutal de Muammar Gaddafi deixam claro o erro do governo brasileiro ao se opor à coalizão de EUA, França, Otan e países árabes contra o sanguinário ditador.
A base da oposição brasileira à bem-sucedida ação internacional foi uma suposta defesa da população civil da Líbia. É verdade que nunca se sabe como uma guerra termina. Mas, objetivamente, vendo como esta acabou, a ação da coalizão internacional pode até virar benchmark de intervenção multilateral com apoio da população local.
Enquanto o presidente dos EUA, Barack Obama, e líderes europeus celebram e colhem frutos da intervenção que derrubou um dos ditadores mais sanguinários e ensandecidos do mundo, a presidente Dilma, que lutou contra a ditadura brasileira, faz malabarismos retóricos para tentar sustentar a insustentável posição de não apoiar a justa causa da queda do ditador.
"O fato de ela (a Líbia) estar em um processo democrático é algo que todo mundo deve --eu não acho que comemorar é a palavra-- apoiar e incentivar. De fato o que nós queremos é que os países tenham essa capacidade de viver em paz e democracia", disse a presidenta em Angola.
Os líbios discordam, e saíram às ruas ontem felizes para comemorar a liberdade.
Os novos dirigentes líbios serão certamente muito mais simpáticos aos governos e empresas dos EUA, da França, do Reino Unido e de outros países aliados do que do Brasil. E a Líbia é um país não só rico em petróleo, mas estratégico como ponte entre a África subsaariana e o mundo árabe.
O Brasil nesta semana mesmo elaborou mais sua posição na Líbia e, pior, projetou-a como bandeira de nossa diplomacia. "Muito se fala sobre a responsabilidade de proteger; pouco se fala sobre a responsabilidade ao proteger", disse Dilma num exercício de retórica incompreensível, durante encontro de cúpula do Ibas (Brasil, Índia e África do Sul) em Pretória.
O Brasil segue insistindo que está do lado das revoltas árabes por liberdade e democracia, que a defesa da democracia e os direitos humanos norteiam a diplomacia nacional. Mas ninguém na Líbia ou na Síria, na frente dessas lutas, acredita nisso, muito menos organizações de defesa dos direitos humanos globais.
O que parece cada vez mais claro é que sob Dilma temos o prosseguimento do mofado e extemporâneo terceiro-mundismo antiamericano, herdado inercialmente do governo Lula, já que o governo da presidenta ainda não formulou políticas próprias consistentes na área externa.
A suposta bandeira dilmista da defesa dos direitos humanos e da democracia no mundo não fica em pé diante dos fatos, da posição omissa do Brasil nas revoltas árabes.
E enquanto afaga ditadores, nossa política externa está sempre pronta a alfinetar as potências ocidentais, com as quais dividimos valores democráticos, culturais e econômicos.
O chanceler Antonio Patriota, por exemplo, ao escrever artigo nesta Folha para explicar a "nova" política externa brasileira de suposta defesa dos direitos humanos aproveitou para dar uma pancada em Washington, acusando os EUA de terem minimizado a defesa dos direitos individuais na Carta da ONU por temer "questionamentos à segregação racial ainda vigente no país". Verdade ou não, um chanceler criticar um país aliado assim gratuitamente referindo-se a fatos enterrados há meio século não é nada diplomático.
Faz sentido o Brasil colocar-se como potência do Sul e aliar-se a países como Índia, África do Sul e outros emergentes emergidos para reivindicar uma nova ordem mundial, com um novo Conselho de Segurança, um novo FMI e um novo Banco Mundial menos dominados pelas antigas potências.
Mas faria mais sentido ainda se o Brasil chacoalhasse esse complexo de vira-lata e se visse também como membro do clube das democracias liberais ocidentais, com quem dividimos tanta coisa.
Nossas queixas contra a política cambial chinesa, por exemplo, que dizima indústrias brasileiras e americanas, são exatamente as mesmas queixas feitas pelos EUA, e uma aliança Brasília-Washington nesse contencioso poderia pressionar muito mais os chineses.
Enquanto isso, começa a funcionar o acordo de livre comércio Colômbia-EUA, que pode prejudicar ainda mais nossas exportações ao maior mercado do mundo já que os produtos e empresas colombianas terão vantagem diante dos brasileiros no acesso aos EUA.
Mas nossos dirigentes preferem sempre distância dos americanos, como adolescentes que buscam afirmação.
O Brasil tem tudo para ser a melhor ponte entre o hemisfério Norte e o Sul. Será um papel específico, digno de nossa excepcionalidade, já que dividimos valores e anseios com as duas metades do globo. Mas para isso será preciso abandonar posturas (e assessores) fossilizados. O que no nosso caso pode ser mais difícil que um camelo passar pelo buraco da agulha.

Sérgio Malbergier é jornalista. Foi editor dos cadernos Dinheiro (2004-2010) e Mundo (2000-2004), correspondente em Londres (1994) e enviado especial da Folha a países como Iraque, Israel e Venezuela, entre outros. Dirigiu dois curta-metragens, "A Árvore" (1986) e "Carô no Inferno" (1987). Escreve para a Folha.com às quintas.

sábado, 30 de abril de 2011

Armas de procriacao em massa: qual seria a dissuasao contra o Viagra?

Bem, seria preciso ver se a Libia está pagando os royalties direitinho, pois creio que o Viagra ainda está protegido por patentes.
Aqui no Brasil tivemos um caso, alguns anos atrás: juízes certamente malucos, do Rio de Janeiro, obrigaram o SUS a fornecer Viagra gratuitamente para alguns velhinhos depravados. Nao tenho noticias de que, em consequência, tenha aumentado a incidência de estupros por aquelas bandas, mas seria preciso investigar melhor, inclusive sobre eram remédios protegidos ou genéricos...
Paulo Roberto de Almeida

EUA acusam Líbia de dar Viagra a tropas e estimular estupros
Terra Notícias, 29/04/2011

A embaixadora dos Estados Unidos na ONU disse na quinta-feira ao Conselho de Segurança que as tropas leais ao líder líbio Muammar Kadafi estão cada vez mais recorrendo à violência sexual, e que alguns soldados têm recebido doses de Viagra, medicamento contra a impotência, segundo diplomatas.
Vários diplomatas da ONU que participaram de uma sessão a portas fechadas do Conselho relataram que a embaixadora Susan Rice citou a questão do Viagra no contexto do agravamento dos casos de violência sexual por parte dos soldados do regime líbio. "Rice abordou isso na reunião, mas ninguém respondeu", disse um diplomata, sob anonimato. A acusação havia surgido inicialmente em um jornal britânico.
O medicamento Viagra, do laboratório Pfizer, é usado contra a impotência sexual masculina. Se for verdade que os soldados de Kadafi estão recebendo Viagra, disseram diplomatas, isso indicaria que eles estão sendo estimulados por seus comandantes a estuprar mulheres para aterrorizar a população em áreas que apoiam os rebeldes.
O uso do estupro como arma de guerra tem recebido crescente atenção da ONU. No ano passado, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, nomeou uma relatora especial para questões de violência sexual durante conflitos armados, Margot Wallstrom. Neste mês, Wallstrom criticou o Conselho de Segurança por não ter mencionado a violência sexual durante duas recentes resoluções relacionadas à Líbia, apesar de o Conselho ter prometido priorizar esse assunto.
Wallstrom disse na ocasião que relatos sobre estudos na Líbia não haviam sido confirmados, mas citou o caso amplamente divulgado de Eman al Obaidi, uma mulher que no mês passado foi a um hotel frequentado por jornalistas em Trípoli e disse que havia sido estuprada por milicianos leais ao governo.
O Tribunal Penal Internacional já está investigando se o regime de Kadafi cometeu crimes de guerra na sua violenta repressão a manifestantes que exigiam mais liberdade. A delegação dos EUA junto à ONU não quis comentar o assunto.

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Agora seriamente: tribulacoes na OTAN na Libia, a coalizao dos "empurrados"...

SPIEGEL Interview with NATO Head Rasmussen
'There Is No Military Solution to the Libya Conflict'
Der Spiegel, 13/04/2011

Even after weeks of NATO air strikes, the conflict in Libya appears no closer to being resolved. SPIEGEL spoke with NATO Secretary General Anders Fogh Rasmussen about whether bombs can lead to democracy, the possibility of Libya becoming a failed state and Germany's reluctance to get involved.
.......................................................
About Anders Fogh Rasmussen
Anders Fogh Rasmussen, 58, has been NATO Secretary General since 2009. Prior to taking over the top post at the trans-Atlantic alliance, he led a conservative governing coalition as Danish prime minister. In 2003, he threw his support behind US President George W. Bush's invasion of Iraq. Turkey initially blocked his nomination to lead NATO because Ankara considered him to be anti-Islam. In office, Rasmussen has proven to be a flexible negotiator and recently steered the alliance toward greater cooperation with Russia.
.....................................................

SPIEGEL: Mr. Secretary General, the military leadership of the Libyan rebel government has leveled serious charges against NATO, saying the alliance has been active enough in flying air strikes against troops loyal to Libyan dictator Moammar Gadhafi and is thus partly responsible for the deaths of countless civilians. Is NATO failing?

Rasmussen: I can assure you that we are fully implementing United Nations Security Council Resolution 1973 to protect the Libyan civilian population. The scope and speed of our operation remain high. During the first week of our NATO operation alone, we flew more than 1,000 sorties. We have already destroyed a third of Gadhafi's military machinery.


NATO air strikes in Libya have been ongoing for weeks now. Forces loyal to Libyan dictator Moammar Gadhafi have been stalled in their attempts to wipe out the pro-democracy rebellion. But the rebels have been unable to make advances and a stalemate would seem to have ensued.



SPIEGEL: The foreign minister of the Libyan transitional council, Ali al-Issawi, says that the problems began after the initial coalition -- led by the US, Great Britain and France -- turned over the command to NATO. According to Issawi, NATO is obstructing and even betraying the resistance.

Rasmussen: That's not fair. To some extent, we have been hampered by bad weather, which may have created the impression that we have scaled down our campaign. But that was unavoidable, and it has long since changed again. We are currently flying at least as many air strikes now as we were before.


The US has ceased flying missions in Libya and the French and British continue to take the lead in the effort. Here, a French Mirage 2000 approaches an airborne refuelling tanker.


SPIEGEL: But not necessarily with more success. And there remains the high risk of civilian casualties. Was it not to be expected that Gadhafi would abuse civilians as human shields?

Rasmussen: Yes, you're right. He has changed his tactics. But that also points to our successes. Now that he has to hide his tanks and other heavy weapons, he can no longer use them as easily against civilians. The fact that the regime is using people as human shields also points to its unbelievable brutality. Gadhafi knows that we have to do everything, and want to do everything, to avoid civilian casualties, and he's taking advantage of that.
SPIEGEL: Some rebel leaders are encouraging you to accept this "collateral damage" and, if necessary, to bombard central neighborhoods of the embattled city of Misurata if you could decisively weaken Gadhafi's forces by doing so. Is it a question of strategy, or of morality?

Rasmussen: Some chastise us because we are supposedly too cautious, while others criticize us for doing what we are doing. It's a difficult line to walk. Our mission is to protect the civilian population. After all, we don't have any troops on Libyan soil.

SPIEGEL: Can this war be won without ground troops?

Rasmussen: The honest answer is that there is no military solution to this conflict. We need a political solution, and it's up to the Libyan people to come up with one. We can only call upon the leadership in Tripoli to put an end to its acts of violence, to grant the people their legitimate rights and to permit a peaceful transition to democracy.

SPIEGEL: What happens if Gadhafi doesn't comply with these demands? Wouldn't NATO at least have to provide for weapons parity and begin supplying tanks and missiles to the rebels?

Rasmussen: All I can say to that is this: We are responsible for the implementation of UN Resolution 1973. This resolution states that we are to participate in the implementation of the arms embargo against Libya. We will strictly adhere to the resolution. That's our mission.

SPIEGEL: On the other hand, though, Resolution 1973 expressly allows for the protection of the civilian population "with all means necessary." British Defense Secretary Liam Fox has said that Gadhafi could indeed be a possible target of operations. Some international law experts agree.

Rasmussen: I will not enter into a legal dispute over questions of interpretation. We are focusing on implementing the resolution.

SPIEGEL: This isn't just a question of legal interpretation. The greatest threat to the civilian population stems from the dictatorial regime, from the despotism of Gadhafi and his clan. How can a solution be possible in Libya without Gadhafi and his clan leaving the country or being arrested?

Rasmussen: Of course the threat against the civilian population comes from the Gadhafi regime. The UN Security Council has clearly stated that the actions of the regime could constitute crimes against humanity. And Gadhafi could be tried for such crimes in the International Criminal Court.

SPIEGEL: What criteria have to be met so that you can call the NATO operation "Unified Protector" a success?

Rasmussen: If we manage to stop the violence, so that there is no longer a threat to the Libyan civilian population.

SPIEGEL: The implementation of a no-fly zone alone is extremely costly. Such zones had to be maintained for years in the Balkans and Iraq.

Rasmussen: I very much hope that we will be able to find a political solution in the near future. The worst outcome would be a military stalemate or a de facto partition of Libyan society, in which Libya would become a failed state and a breeding ground for terrorist groups -- and that so close to Europe's borders.

SPIEGEL: At the moment, it's looking like a military stalemate is a very real possibility. Libya is already de facto divided. Is peace in a divided Libya possible?

Rasmussen: In the end, it will be up to the UN to help Libya achieve a political solution to this crisis. The territorial integrity of Libya must be maintained.

SPIEGEL: Would you welcome a cease-fire? Would it have to be tied to conditions?

Rasmussen: The UN resolution calls for a cease-fire. It should be credible and verifiable. The protection of the civilian population must be guaranteed. Under no circumstances may a cease-fire cement the current situation. On the contrary, it must create the conditions for a constructive political process.

SPIEGEL: From whom do you receive the coordinates for air strikes -- from the rebels, who may not always be trustworthy, or from CIA agents on the ground?

Rasmussen: I cannot comment on operational details.

SPIEGEL: Can you imagine a future for Libya without the entire Gadhafi clan leaving the country?

Rasmussen: The message of UN Resolution 1973 is clear: Any solution must take the legitimate wishes of the Libyan people into account.

SPIEGEL: German Chancellor Angela Merkel has said that if one intervenes in Libya, then intervention in other trouble spots becomes unavoidable. Is she wrong?

Rasmussen: The chancellor has raised a legitimate question that requires a pragmatic response. The international community cannot solve all the world's problems. We have to decide on a case-by-case basis. A massacre threatened to unfold in Libya. That was the reason why we, as the international community, became active.

SPIEGEL: It wasn't NATO but a "coalition of the willing," including France, Great Britain and the United States, that launched the initial air strikes against Gadhafi's positions.

Rasmussen: I was very supportive of this rapid commitment by the coalition. The air strikes began literally at the last minute.

SPIEGEL: NATO was unable to achieve a rapid consensus over military intervention. The French were opposed to NATO leadership of the mission and wanted to play the leading role themselves, the Germans refused to get involved militarily and the Turks long obstructed an intervention.

Rasmussen: Many lengthy meetings were necessary before we reached a joint decision. But compared with the past, we reached agreement relatively quickly this time. In the 1990s, when NATO became active over the Balkans, it took the alliance several months to prepare a campaign. This time it took only a week.

SPIEGEL: Germany's abstention from the UN Security Council vote on Resolution 1973 has been widely criticized. You called it "absurd" that the Germans opted not to make its military capabilities available to the alliance.

Rasmussen: I will not comment on internal discussions within the NATO council.

SPIEGEL: In response to your criticism, the German NATO ambassador walked out of the room in protest.

Rasmussen: We have many long meetings in the NATO council, during which people are constantly coming in and going out. What counts is that we agreed in the end.

SPIEGEL: The Germans are still waiting for an apology.

Rasmussen: I have no problems whatsoever with the Germans.

SPIEGEL: Do you see a tendency toward pacifism in Germany?

Rasmussen: I greatly value Germany's contribution to NATO. When I meet Berlin politicians, no matter what their politician affiliation, I sense a strong commitment to the trans-Atlantic partnership. Germany has been very involved in NATO operations, especially in Afghanistan, but also in Kosovo.

SPIEGEL: Now you're painting a rather rosy picture. The United States, Great Britain and France voted for the Libya resolution in the Security Council, while Germany joined China and Russia in abstaining. How is that consistent with commitment to the trans-Atlantic alliance?

Rasmussen: Even though the Germans abstained in the Security Council, which some found incomprehensible, their role in the ensuing NATO meetings was very constructive. Berlin didn't obstruct the mission. On the contrary, it has now even issued a mandate for German involvement in AWACS reconnaissance flights over Afghanistan.

SPIEGEL: In doing so, Germany essentially bought its way out of the Libyan campaign. Only two months earlier, Berlin was still refusing to take part in an AWACS mission in Afghanistan.

Rasmussen: But this also highlights the flexibility of the Germans. Berlin abstained in the Security Council, but in NATO it supported the Libya campaign and assumed more responsibility in Afghanistan.

SPIEGEL: Germany has now agreed to provide military protection for a European Union humanitarian mission in Libya. Is this more than a gesture of good will?

Rasmussen: I welcome all contributions that improve the situation in Libya. I am very concerned about the humanitarian situation there, but NATO does not assume a leading role on this issue. The United Nations should handle the coordination of humanitarian aid. The EU can play a supporting role.

SPIEGEL: When it comes to Afghanistan, there is growing war fatigue in all NATO countries, and Afghan President Hamid Karzai has made it clear that he wants the ISAF mission to end quickly. How much longer do you see NATO in Afghanistan?

Rasmussen: At the NATO summit in Lisbon last fall, we agreed to a timetable together with the Afghans. I have complete confidence in President Karzai. We plan to begin a gradual transition process in July. The control of seven regions will be handed over to the Afghans. Hopefully this process will be complete by the end of 2014. However, we will continue to conduct our mission there after the combat portion is over, supporting the Afghans in the development and training of their troops. We will not leave behind a vacuum.

SPIEGEL: In August you will have been head of the defense alliance for two years. Did you expect so many difficulties? As a result of the WikiLeaks publications, we now know that an American mole secretly forwarded documents and the minutes of meetings from your office to Washington.

Rasmussen: I have been in politics for so long that nothing surprises me anymore.

SPIEGEL: At the beginning of your term, you said that you wanted to be more of a general than a secretary. Some in the alliance are taken aback by your assertive manner. Do you need to be more gentle and compromising, or is banging on the table with one's fist simply a part of the top job at NATO?

Rasmussen: I am not a patient person by nature. But I was the head of a minority government in Denmark and have spent countless hours forging majorities. There are 28 members of NATO, and all decisions must be made unanimously. This means that I often have to be more of a secretary and focus on mediation.

SPIEGEL: Mr. Secretary General, thank you for this interview.

Translated from the German by Christopher Sultan
Interview conducted by Erich Follath and Christoph Schult

quinta-feira, 24 de março de 2011

Libia, Obama, CSNU, turismo presidencial, etc: uma visao critica

A turistada diplomática de Obama
Vinícius Torres Freire
Folha de S.Paulo, Quinta-feira, Março 24, 2011

BARACK OBAMA já havia deixado o Brasil, mas a poeira do "favela tour" que fez no Rio ainda estava nos seus sapatos quando a diplomacia brasileira fez questão de explicitar as diferenças entre Brasil e EUA sobre a questão líbia.
Talvez exceto para maníacos em diplomatês, a proposta brasileira sobre o que fazer na Líbia é uma desconversa inconsequente. Isto é, uma conversa irresponsável do ponto de vista de quem considerava necessário evitar o aniquilamento da revolta contra Gaddafi.
Não houvesse ataque de EUA e cia., o blá-blá-blá brasileiro a respeito "de mais negociações" seria irrelevante, pois não haveria o que negociar quando o coronel-ditador tivesse cortado todas as cabeças.
Porém, a diplomacia brasileira de fato não se ocupava de tomar alguma atitude consequente a respeito da Líbia. Estava fazendo dobradinha com a Índia, eventualmente outro Bric e países menos cotados, a fim de amolar os americanos.
Os brasileiros estavam fazendo política de desgaste contra os EUA e mais um manifesto crítico a respeito da distribuição de poder em instituições formais de "governança global", tais como a avacalhada ONU.
Essa micropendenga entre Brasil e EUA acerca da Líbia faz pensar de novo na visita de Obama ao Brasil.
A viagem de férias entediadas da família Obama ao Brasil não parece ter movido uma palha no celeiro em mau estado, abandonado, das relações entre os dois países.
Os EUA continuam a desconsiderar as aspirações megalomaníacas do Brasil de se meter em confusões geopolíticas, coisa para a qual não temos literalmente bala nem dinheiro para pagá-la. Isso fica claro na esnobada do "pleito" por uma cadeira no Conselho de Segurança da ONU e em relação a todas as propostas brasileiras sobre conflitos internacionais mais sérios -ou até a respeito de Honduras.
Os EUA nem se amolam de pensar em reiniciar um diálogo sobre ampliação de comércio com o Brasil (aliás, especialmente depois da crise de 2008, os americanos estão congelando essa conversa com todo mundo). Os EUA sabotam sistematicamente o Brasil e os interesses das empresas brasileiras na Organização Mundial do Comércio.
A própria viagem de Obama teve muito de ridículo, de visita à taba. Na palavra exata de Jânio de Freitas nesta Folha, Obama fez "discursos de churrascaria", cheios de clichês e de demagogias fáceis. A diplomacia americana não fez o menor esforço de apresentar uma proposta nova, fazer um agrado maior. Nada.
Obama fez "favela tour". Sua família foi assistir a macumba para turistas e bater uma bolinha com o povo, de resto com cara evidente de tédio, o que, aliás, é perfeitamente compreensível.
A banalidade das palavras e do programa da visita é mais um indício da indiferença americana e de sua ignorância a respeito do Brasil. Pelo menos parte da elite brasileira considera de péssimo gosto essa turistada diplomática. Se o nível dos diplomatas americanos no Brasil não fosse tão ruim, já teriam aprendido tais coisas.
Mas o resumo da ópera é que tanto como evidenciado no "simbolismo" da visita como na prática das relações entre os dois países Brasil e EUA ainda não têm "agenda". E os norte-americanos não parecem ligar muito para isso.

Daqui nao saio, daqui ninguem me tira... (ops, acabou o Carnaval...)

Pois é, sempre são melhores as soluções pacíficas, todo mundo convergindo para a solução ótima do ponto de vista do bem estar da população e para maior felicidade geral da Nação.
Pregar diálogo, convivência pacífica de opiniões divergentes, prevalência do direito internacional sobre o uso da força, tudo isso é muito bonito, muito nobre e até recomendável.
O problema é quando tudo isso se choca com a realidade: por exemplo, um "nasty dictator" que se recusa a entregar o controle do poder e ceder gentilmente o lugar para novos atores da política.
Como fazer então: continuar pregando o diálogo, a boa convivência, a boas maneiras?
Por vezes pode não funcionar, como não está obviamente funcionando em certo país africano.
Em certas circunstâncias, os países responsáveis são obrigados a adotar posturas mais duras do que a conversa amena e o diálogo compreensivo.
Paulo Roberto de Almeida

O relógio da crise andou
Editorial - O Estado de S.Paulo
24 de março de 2011

O Brasil defende uma saída à egípcia para o conflito na Líbia, revelou o chanceler Antonio Patriota, na aula inaugural do curso de Relações Internacionais da USP, anteontem. "Um processo político que leve a uma transição benigna", foram as cuidadosas palavras que ele escolheu para dizer que Brasília quer a saída do coronel Muamar Kadafi por bem. O chanceler gostaria de ver repetido em Trípoli o acerto que tornou possível a remoção do ditador Hosni Mubarak, sem que ele fosse preso ou obrigado a se exilar, 17 dias depois da chamada Revolução de 25 de Janeiro, quando começou o histórico movimento pela democratização do país.

Comparada à guerra cruenta em que se transformaram os protestos contra a tirania de Kadafi - agravada desde o último fim de semana com os ataques aéreos e marítimos ocidentais em apoio aos revoltosos -, a mudança de regime no Egito foi de fato relativamente benigna: perderam a vida cerca de 400 pessoas, ao passo que do outro lado da fronteira as baixas civis já se contam na casa do milhar. Mas a solução egípcia não pode ser transplantada para a Líbia. No primeiro caso, o ditador capitulou ao se dar conta de que perdera o respaldo do Exército, a força hegemônica no país, e do seu provedor por excelência, os Estados Unidos.

Já Kadafi conservou a lealdade de uma parcela ao menos da elite militar e dos chefes tribais. Essa base de sustentação, somada ao carisma que alimentou ao longo dos anos a fanática devoção dos seus seguidores, o incentivou a reprimir 0 levante com mão de ferro e deu-lhe os meios de empreender uma sequência de contra-ataques contra as posições dos insurretos, a ponto de acuá-los no leste do território. Foi o que, em última análise, motivou a intervenção armada ocidental cujo propósito declarado é salvar vidas civis e cujo alvo indisfarçável é a deposição do tirano. Em nenhum momento, desde a eclosão do que acabaria por se tornar uma guerra civil com participação estrangeira, Kadafi admitiu um desfecho que implicasse transferência de poder.

Na sua primeira aparição depois do início dos bombardeios, quando se especulava que ele teria fugido para o vizinho Chade, o ditador assomou a um balcão para repetir: "Estou aqui!". E para reiterar que não se renderá, dure o quanto durar o conflito. Salvo uma reviravolta por ora inimaginável, a obstinação de Kadafi esvazia a tese brasileira da "transição benigna". Além disso, o relógio da crise andou. Antes que a França e o Reino Unido, com o beneplácito da Liga Árabe, conseguissem dobrar as reservas do presidente americano, Barack Obama, sobre a interdição do espaço aéreo líbio, talvez ainda houvesse uma fresta para a busca de uma solução negociada da crise. Agora, parece uma miragem.

Isso está longe de desqualificar a posição brasileira como princípio de relações internacionais. Vem de longe o compromisso do País com a prevalência do diálogo sobre qualquer outra alternativa para a superação de contenciosos. Mesmo a imposição de sanções contra Estados transgressores é vista com relutância pela nossa diplomacia. Tendo votado a favor da medida no caso da Líbia e tendo patrocinado a sua suspensão do Conselho de Direitos Humanos da ONU quando se evidenciaram os massacres de Kadafi, o Brasil se absteve de apoiar, por sua amplitude, a resolução que autorizou "todas as medidas necessárias" para deter as atrocidades. Fez bem, mas não adiantou.

Soa cada vez mais frívola a discussão sobre o alcance do mandato concedido pelas Nações Unidas. Embora a resolução exclua a "ocupação" do país, o Ministério da Defesa britânico entende que invasões localizadas são permissíveis. E, embora o documento não autorize ações armadas diretas contra Kadafi, militares americanos dizem que de fato isso não está em cogitação, "a esta altura, precisamente" - ou seja, amanhã é outro dia. As desavenças entre os ocidentais sobre o comando da ofensiva que os Estados Unidos resolveram passar adiante poderão jogar areia nas engrenagens da campanha. Não a farão cessar, porém. O difícil será justificar o seu prosseguimento aos olhos dos parceiros árabes, agora que Kadafi perdeu o controle dos céus líbios, mas não dos seus redutos em Trípoli.

Tem quem goste de Kaddafi: talvez eles se assemelhem

Li, com toda a atenção que o assunto merece, a vibrante defesa que faz a Assembléia bolivariana do líder líbio, que ela considera um lutador anti-imperialista e amante da paz...
Eu fico tentando entender, mas não consigo.
Como é que pessoas que se consideram de "esquerda" conseguem apoiar um ditador capaz de cometer atentados terroristas e de mandar matar seu próprio povo?
Aliás, como é que pessoas que se consideram de esquerda conseguem apoiar um coronel (escolham qual) que não é de esquerda, e sim fascista, pois possui o mesmo DNA de Mussolini?
Só estou tentando entender...
Paulo Roberto de Almeida

La Asamblea Nacional de la República Bolivariana de Venezuela
Como Vocera Del Pueblo Soberano

Pronunciamiento en condena a la agresión militar imperialista en contra del pueblo e la Gran Jamahiriya Árabe Libia Popular Socialista

La Asamblea Nacional de la República Bolivariana de Venezuela, en representación del pueblo de Simón Bolívar, profundo amante de la paz, la solidaridad y la libre determinación de los pueblos en su lucha por la emancipación y el bienestar de la humanidad, condena enérgicamente la agresión militar imperialista en contra del pueblo de la Gran Jamahiriya Árabe Libia Popular Socialista por constituirse en una flagrante violación de los derechos humanos, la soberanía y autodeterminación de éste país hermano.

El pasado 17 de marzo, el Consejo de Seguridad de las Naciones Unidas aprobó la Resolución Nº 1.973. El contenido de la misma, violatorio de los principios del derecho internacional consagrados en la Carta de Naciones Unidas, permitió a los señores de la guerra activar “todas las medidas necesarias”, para crear una zona de exclusión aérea bajo el supuesto de la protección de la vida de los civiles libios.

Amparados en esa Resolución guerrerista, los gobiernos imperiales, cuyo verdadero propósito es el saqueo de las reservas de petróleo y de agua dulce de Libia para salvar al explotador y depredador modelo capitalista, desencadenaron un feroz bombardeo en contra de su pueblo, lo cual dejó como saldo, solo el primer día, 64 civiles muertos e incalculables daños materiales.

Esta acción representa una nueva agresión contra los pueblos del mundo que libran una ardua batalla por construir un mundo mejor, una alternativa a la barbarie capitalista donde reinen la paz, la igualdad y la justicia social.

Aún siguen frescas en la memoria las imágenes del zarpazo contra el pueblo de Irak, cuya invasión estadounidense ha dejado hasta ahora un millón y medio de civiles muertos; la agresión israelí en la navidad del año 2008, cuyo “plomo fundido” dejó mil cuatrocientos civiles palestinos asesinados o el golpe de Estado perpetrado contra el mártir chileno Salvador Allende, un 11 de septiembre de 1973, así como la violación sistemática de los derechos humanos, producto de la aplicación del denominado “Plan Condor”.

Hacemos un llamado a los pueblos del mundo a movilizarse y organizarse en oración ecuménica en respaldo a nuestro hermano pueblo de Libia, así como a la construcción de una agenda de paz y respeto de los derechos humanos que enfrente esta agenda guerrerista que amenaza con aniquilar la especie humana.

Respaldamos la iniciativa de paz impulsada tanto por el presidente de la República Bolivariana de Venezuela, Hugo Chávez, como por la Alianza Bolivariana para los Pueblos de Nuestra América - Tratado de Comercio de los Pueblos (ALBA-TCP), en pro de mediar en la situación política actual de Libia.

Nos unimos al llamado realizado por el presidente del Estado Plurinacional de Bolivia, Evo Morales, en función de exigir el retiro del Premio Nobel de la Paz, el presidente de Estados Unidos, Barack Obama, ante el hecho de ser actor principal de este nuevo atentado contra los pueblos del mundo.

Finalmente, invitamos a los pueblos que aman la libertad y la paz a unirse en una campaña masiva de rechazo a esta agresión, para exigir el inmediato alto al fuego por parte de los gobiernos imperiales.

Comuníquese y publíquese.

Dado, firmado y sellado en el Palacio Federal Legislativo, sede de la Asamblea Nacional, en Caracas, a los veintidós días del mes de marzo de dos mil once. Año 200° de la Independencia y 151° de la Federación

segunda-feira, 21 de março de 2011

America Latina e os episodios militares na Libia: tentando entender...

Eu confesso que tive aulas de lógica formal, ainda no ensino secundário. E depois li uns tantos livros sobre argumentos lógicos, racionalidade intrínseca, consistência no discurso, enfim, tudo aquilo que vulgarmente se chama de "coisa com coisa".
Confesso também que sempre procuro interpretar o mundo, e os seus problemas, à luz de argumentos lógicos, de um raciocínio mais ou menos consistente, que se mantém de pé, mesmo quando a gente dá uma quantas voltas em torno do assunto, indicando assim que não corremos o risco de cair em contradição, que não seremos objeto de algum comentário maldoso de um observador mais exigente com relação a essas coisas da linguagem e do pensamento, enfim, essas velharias, que nos bons tempos eram levada a sério.
Acho (e aproveito para confessar) que estou errado, pelo menos pelo que vejo do que aparece (e que deveria desaparecer imediatamente) na América Latina: dirigentes políticos falando os que lhes dá na telha, e até o que NÃO lhes dá na cabeça, com julgamentos impressionantes e impressionistas em relação aos critérios de lógica formal enunciados acima.
Leiam o que vai abaixo e depois voltamos a comentar. Não riam, por favor; estou fazendo um exercício de lógica formal, não um julgamento político.
Eu apenas ajudo, destacando o que me parece destacável, com perdão da expressão um tanto quanto ambígua...
Paulo Roberto de Almeida

Gobernantes de América Latina se manifiestan a favor y en contra de ataque en Libia
Agencia EFE, 20/03/2011

Bogotá, 20 mar (EFE).- Los gobernantes de América Latina tomaron hoy partido a favor y en contra de la intervención militar en Libia, en una jornada en la que según la coalición internacional, ya se ha conseguido imponer una zona de exclusión aérea en el país magrebí.

La intervención militar internacional para proteger a la población libia comenzó este sábado, según acordaron representantes de 22 países que se reunieron ayer en París para definir las medidas para hacer cumplir la resolución 1937 del Consejo de Seguridad de la ONU.

En ese sentido, fuerzas de EE.UU., Francia y Gran Bretaña lanzaron ataques aéreos contra los sistemas de defensa antiaérea libios, además, se establecieron patrullas de combate aéreo sobre Bengasi para que las tropas leales al líder libio Muamar el Gadafi no marchen sobre el bastión rebelde en la zona oriental del país.

Brasil, que fue uno de los cinco miembros del Consejo de Seguridad de la ONU que se abstuvo en la votación de la resolución 1973, que crea una zona de exclusión aérea en Libia, no se ha pronunciado sobre el comienzo de las operaciones militares, que coincidió con una visita a Brasilia del presidente estadounidense, Barack Obama.

"Hoy he autorizado a las Fuerzas Armadas de Estados Unidos que lancen una acción limitada contra Libia", señaló Obama, después de su encuentro con la mandataria brasileña, Dilma Rousseff.

El presidente venezolano, Hugo Chávez, quien había propuesto que se creará una comisión internacional de paz para ayudar a resolver el conflicto interno en Libia y que contó con el respaldo de Gadafi, pidió hoy un cese de "la agresión", a la que tildó como una "locura imperial".

Al tiempo, el canciller de Venezuela, Nicolás Maduro, dijo que lo ocurrido desatará "una situación de guerra en el Mediterráneo con consecuencias inimaginables".

En sus apreciaciones lo secundó el expresidente cubano Fidel Castro, quien consideró que el "poderío" militar de la OTAN sobra y es "estúpido" porque "no se usaría, ni puede usarse. Solo sirve para demostrar el derroche y el caos engendrados por el capitalismo".

Cuestionó, asimismo, la existencia del Consejo de Seguridad y "el veto, antiveto, mayoría, minoría, abstención, discursos, demagogia y los solemnes alegatos de (el secretario general de la ONU) Ban Ki-moon".

De igual forma, el presidente de Nicaragua, Daniel Ortega, criticó a las Naciones Unidas por convertirse en "un instrumento de esas potencias al servicio de la guerra, de la muerte" y agregó que "ahora viene una guerra externa (contra Libia) buscando cómo arrebatar el petróleo" porque "lo de democracia es puro cuento".

Lo anterior fue apoyado por el canciller argentino, Héctor Timerman, al cuestionar que el ataque haya sido resuelto por el Consejo de Seguridad sin un debate amplio por parte de la Asamblea General de la ONU, lo que, apostilló, "muestra que hay que modificar el poder de veto".

En el mismo sentido, el mandatario boliviano, Evo Morales, quien reiteró su "condena, repudio y rechazo" a la intervención, aclaró que si bien no acepta "que se violen los derechos humanos en Libia" y que por ello "deben ser investigados y sancionados" quienes lo hicieron, las "potencias" no deben aprovechar esa situación para una intervención militar.

Desde Ecuador, la Cancillería manifestó que "es inadmisible" lo sucedido, pues la "intrusión lamentablemente promueve la escalada de violencia".

En un comunicado indicó que la nación andina "siempre ha defendido la paz y la solución de las controversias de manera pacífica", por lo que, sostuvo, el ataque "no contribuye a la salida de los problemas más aun cuando los mismos grupos que reclaman al Gobierno libio han pedido a Occidente que no haya intervención de fuerzas extranjeras en su país".

Fernando Lugo, por su parte, afirmó que para Paraguay "ningún tipo de violencia es justificable", lamentó la autorización de la ONU para el empleo de la fuerza y se declaró esperanzado en que "la racionalidad, cordura, equidad y sobre todo el principio de autodeterminación de los pueblos, que son dueños de sus propios procesos, puedan ser respetados".

El mandatario uruguayo, José Mujica, dijo que los ataques son "lamentables" y "dan ganas de llorar", porque "salvar vidas a bombazos es un contrasentido inexplicable".

Por el contrario, el que sí se mostró a favor de la intervención fue el colombiano Juan Manuel Santos al sostener que el régimen de Libia "se ha burlado" de la resolución de la ONU que exige un inmediato alto el fuego en ese país.

Colombia, que es en la actualidad miembro no permanente del Consejo de Seguridad, "siempre va a apoyar las posiciones que defiendan la libertad y la democracia", enfatizó el jefe de Estado.

La decisión encontró respaldo también en el Gobierno de Chile, cuyo Ministerio de Relaciones Exteriores deploró las "acciones armadas ejecutadas por el Gobierno libio" contra "su propio pueblo" y manifestó su esperanza de que se que se ponga término a la violencia.

Igualmente, la Secretaría de Relaciones Exteriores de México pidió a las autoridades libias "detener de manera inmediata las violaciones graves y masivas a los derechos humanos de la población civil" y solicitó que se continúe trabajando coordinadamente con la Liga Árabe y la Unión Africana, a fin de que el papel y sus voces sean plenamente tomados en cuenta.

En cabeza de su gobernante, Alan García, Perú, primer país en romper relaciones diplomáticas con Libia tras los ataques aéreos que Gadafi lanzó sobre los que reclaman su salida del poder, saludó la intervención.

El presidente afirmó que "se está demostrando que el derecho internacional es fundamental para la convivencia de los pueblos y defender los derechos humanos" y que consideró "que ha dado resultado", y ya se verá "cómo en poco tiempo la situación cambiará en favor de la democracia".

Finalmente, la Iglesia salvadoreña, en voz del arzobispo de San Salvador, José Luis Escobar Alas, expresó su preocupación por la muerte de civiles y pidió que el conflicto se resuelva de la mejor manera para que pueden "vivir en paz y en libertad".

=================

Voltei(PRA), como diria alguém [RA]:

O que me chamou a atenção foi:

1) O chanceler de Venezuela, Nicolás Maduro, para quem haverá "una situación de guerra en el Mediterráneo con consecuencias inimaginables".
Não consigo imaginar esse conflito cobrindo todo o Mediterrâneo, e não tenho ideia de como ele se desenvolverá. Caberia perguntar ao próprio, em todo caso.

2) Fidel Castro aproveitou para atacar -- que diria? -- o capitalismo, mas disse que o "poderío" militar da OTAN é "estúpido" (sic; !!??) porque "não poderia ser usado" Confesso que não entendi. Para que, então, se tem uma aliança militar: só para fazer de conta?

3) O chanceler argentino, Héctor Timerman, disse que seria preciso "modificar o poder de veto" . Mas, como? Se ele justamente não foi usado desta vez!?

4) Para o presidente do Paraguay "nenhum tipo de violencia é justificável", e lamentou a "autorização dada à ONU para o emprego da força". Mas, se o CSNU não serve para impedir outras violências, ele serviria para o quê, exatamente?

5) Para o presidente uruguaio, José Mujica, "salvar vidas a bombardeios é um contrasenso inexplicável". Mas como ele pretendia fazer com o mandatario líbio, que estava justamente "salvando" a golpes de canhão e de mísseis aéreos?

Todos eles são, supostanmente a favor do diálogo, das boas palavras, das soluções pacíficas. Só esquecem de dizer como fazer com quem não erspeita essas regras.

Eu não consigo entender.
Se alguém souber explicar...
Paulo Roberto de Almeuida

terça-feira, 8 de março de 2011

Libia: dificuldades da "no-fly zone" - Georges Friedman (Stratfor)

Mais complicado do que parece...

How a Libyan No-fly Zone Could Backfire
By George Friedman
Stratfor, March 8, 2011

Calls are growing for a no-fly zone over Libya, but a power or coalition of powers willing to enforce one remains elusive.

In evaluating such calls, it is useful to remember that in war, Murphy’s Law always lurks. What can go wrong will go wrong, in Libya as in Iraq or Afghanistan.

Complications to Airstrikes
It has been pointed out that a no-fly zone is not an antiseptic act. In order to protect the aircraft enforcing the no-fly zone, one must begin by suppressing enemy air defenses. This in turn poses an intelligence problem. Precisely what are Libyan air defenses and where are they located? It is possible to assert that Libya has no effective air defenses and that an SEAD (suppression of enemy air defenses) attack is therefore unnecessary. But that makes assumptions that cannot be demonstrated without testing, and the test is dangerous. At the same time, collecting definitive intelligence on air defenses is not as easy as it might appear — particularly as the opposition and thieves alike have managed to capture heavy weapons and armored vehicles, meaning that air defense assets are on the move and under uncertain control.

Therefore, a no-fly zone would begin with airstrikes on known air defense sites. But it would likely continue with sustained patrols by SEAD aircraft armed with anti-radiation missiles poised to rapidly confront any subsequent threat that pops up. Keeping those aircraft on station for an extended period of time would be necessary, along with an unknown number of strikes. It is uncertain where the radars and missiles are located, and those airstrikes would not be without error. When search radars and especially targeting radars are turned on, the response must be instantaneous, while the radar is radiating (and therefore vulnerable) and before it can engage. That means there will be no opportunity to determine whether the sites are located in residential areas or close to public facilities such as schools or hospitals.

Previous regimes, hoping to garner international support, have deliberately placed their systems near such facilities to force what the international media would consider an atrocity. Libyan leader Moammar Gadhafi does not seem like someone who would hesitate to cause civilian casualties for political advantage. Thus, the imposition of a no-fly zone could rapidly deteriorate into condemnations for killing civilians of those enforcing the zone ostensibly for humanitarian purposes. Indeed, attacks on air defenses could cause substantial casualties, turning a humanitarian action into one of considerable consequence in both humanitarian and political terms.

Airstrikes vs. Ground Operations
The more important question is what exactly a no-fly zone would achieve. Certainly, it would ground Gadhafi’s air force, but it would not come close to ending the fighting nor erode Gadhafi’s other substantial advantages. His forces appear to be better organized and trained than his opponents, who are politically divided and far less organized. Not long ago, Gadhafi largely was written off, but he has more than held his own — and he has held his own through the employment of ground combat forces. What remains of his air force has been used for limited harassment, so the imposition of a no-fly zone would not change the military situation on the ground. Even with a no-fly zone, Gadhafi would still be difficult for the rebels to defeat, and Gadhafi might still defeat the rebels.

The attractiveness of the no-fly zone in Iraq was that it provided the political illusion that steps were being taken, without creating substantial risks, or for that matter, actually doing substantial damage to Saddam Hussein’s control over Iraq. The no-fly zone remained in place for about 12 years without forcing change in Saddam’s policies, let alone regime change. The same is likely to be true in Libya. The no-fly zone is a low-risk action with little ability to change the military reality that creates an impression of decisive action. It does, as we argue, have a substantial downside, in that it entails costs and risks — including a high likelihood of at least some civilian casualties — without clear benefit or meaningful impact. The magnitude of the potential civilian toll is unknown, but its likelihood, oddly, is not in the hands of those imposing the no-fly zone, but in the hands of Gadhafi. Add to this human error and other failures inherent in war, and the outcome becomes unclear.

A more significant action would be intervention on the ground, an invasion of Libya designed to destroy Gadhafi’s military and force regime change. This would require a substantial force — and it should be remembered from Iraq that it would require a substantial occupation force to stabilize and build a new regime to govern Libya. Unlike in Egypt, Gadhafi is the regime, and sectarian elements that have been kept in check under his regime already are coming to the fore. The ability of the country to provide and administer basic government functions is also unknown. And it must also be borne in mind that Gadhafi clearly has substantial support as well as opposition. His supporters will not go without a fight and could choose to wage some form of post-invasion resistance, as in Iraq. Thus, while the initial costs in terms of casualties might be low, the long-term costs might be much higher.

It should also be remembered that the same international community that condemned Saddam Hussein as a brutal dictator quite easily turned to condemn the United States both for deposing him and for the steps its military took in trying to deal with the subsequent insurgency. It is not difficult to imagine a situation where there is extended Libyan resistance to the occupying force followed by international condemnation of the counterinsurgency effort.

Having toppled a regime, it is difficult to simply leave. The idea that this would be a quick, surgical and short-term invasion is certainly one scenario, but it is neither certain nor even the most likely scenario. In the same sense, the casualties caused by the no-fly zone would be unknown. The difference is that while a no-fly zone could be terminated easily, it is unlikely that it would have any impact on ground operations. An invasion would certainly have a substantial impact but would not be terminable.

Stopping a civil war is viable if it can be done without increasing casualties beyond what they might be if the war ran its course. The no-fly zone likely does that, without ending the civil war. If properly resourced, the invasion option could end the civil war, but it opens the door to extended low-intensity conflict.

The National Interest
It is difficult to perceive the U.S. national interest in Libya. The interests of some European countries, like Italy, are more substantial, but it is not clear that they are prepared to undertake the burden without the United States.

We would argue that war as a humanitarian action should be undertaken only with the clear understanding that in the end it might cause more suffering than the civil war. It should also be undertaken with the clear understanding that the inhabitants might prove less than grateful, and the rest of the world would not applaud nearly as much as might be liked — and would be faster to condemn the occupier when things went wrong. Indeed, the recently formed opposition council based out of Benghazi — the same group that is leading the calls from eastern Libya for foreign airstrikes against Gadhafi’s air force — has explicitly warned against any military intervention involving troops on the ground.

In the end, the use of force must have the national interest in mind. And the historical record of armed humanitarian interventions is mixed at best.

CSNU: sempre igual a ele mesmo, ou seja: inoperante

Retifico imediatamente: não se trata exatamente da ONU e sim dos países membros, no caso os 5P, ou cinco membros permanentes, que são também as grandes potências.
Sempre ocorre esse tipo de impasse: os três países ocidentais pretendem defender valores e princípios democráticos e de direitos humanos, e os dois outros, Rússia e China, bloqueiam a resolução, invocando sempre seu direito de veto e a questão da soberania. Se ambos fossem democracias, no sentido ocidental da palavra, isso provavelmente não ocorreria.
A ONU vive desses impasses, todos baseados na soberania absoluta das nações, um princípio da era moderna que ainda não foi transformado na era contemporânea.
Paulo Roberto de Almeida

Is China a definite 'no' on no-fly zone?
Joshua Keating
Foreign Policy, 08/03/11

The Russian government has already voiced its opposition to imposing a no-fly zone on Libya, and it has generally been assumed that China -- the other half of the U.N. Security Council's sovereignty caucus -- would be strongly against the idea as well. But the Financial Times' Daniel Dombey seems to detect some wiggle room in Beijing's rhetoric:

Beijing said on Tuesday it would urge countries “to settle the conflict and calm the situation through dialogue and other peaceful means”, according to Jiang Yu, a foreign ministry spokeswoman.

The announcement is likely to encourage western planners who are stepping up preparations for a no-fly zone.

Ivo Daalder, US ambassador to Nato, said on Monday the alliance could impose such a measure by the end of the week, although he added that the US would also seek a UN Security Council resolution.

Ms Jiang said Chinese support in the security council for action beyond sanctions “depends on whether it helps Libya to return to stability as soon as possible”.

She added: “In the decision-making process, we believe, Libya’s sovereignty, territorial integrity and independence should be respected,”

That's not exactly a ringing endorsement, though it is a bit less forceful in opposition than one might expect. Then again, the Chinese delegation may figure that with Russia putting its foot down against "superfluous" intervention, they can afford to be a bit circumspect.

quarta-feira, 2 de março de 2011

Heranca lulista na diplomacia: alguem segue mal informado

Parece que o coronel-líder da Líbia ainda não foi informado sobre as mudanças que ocorrem, ou já ocorreram, na diplomacia brasileira:

Kadafi convida Brasil para ser observador da crise na Líbia
Estadão – Líbia – 02/03/2011

O governo de Muamar Kadafi convidou nesta quarta-feira, 2, o Brasil, a União Africana (UA) e os países da conferência islâmica a assumir o papel de observadores da crise política no país. A informação foi revelada há instantes pelo embaixador do Brasil na Líbia, George Fernandes.

O diplomata participou de um encontro promovido pela cúpula do regime de Kadafi, no qual o ditador fez um discurso transmitido pela TV estatal.

No pronunciamento, o coronel disse também que iria substituir bancos e empresas ocidentais que atuam na Líbia por outras de China, Rússia e Brasil.

sábado, 26 de fevereiro de 2011

Libia: operacao do MRE de evacuacao de cidadaos brasileiros

Abaixo transcrevo informação do MRE sobre as operações de evacuação de cidadãos brasileiros da Líbia; uma nota concisa, objetiva, sem concessões à demagogia ou fazendo propaganda indevida de suas virtudes. Assim como deve ser, em todas as circunstâncias.
Uma simples homenagem a registrar a todos os que trabalharam no empreendimento.
Paulo Roberto de Almeida

Operação de evacuação de cidadãos brasileiros da Líbia
Ministério das Relações Exteriores
Nota à Imprensa nº 78, 25 de fevereiro de 2011

Como resultado de esforço conjunto do Itamaraty com suas embaixadas e empresas nacionais que operam na Líbia, foi possível iniciar, no dia 24 de fevereiro, operação em grande escala de retirada dos nacionais brasileiros daquele país.

No dia 24, decolaram do aeroporto de Trípoli dois aviões jumbo, transportando todo o pessoal brasileiro da empresa Odebrecht, em meio a cerca de 900 funcionários da empresa. O grupo já se encontra em Malta, onde o Itamaraty montou equipe de apoio emergencial para acolhê-los. Haverá um terceiro vôo nas próximas horas que levará para Malta funcionários de nacionalidade estrangeira da mesma empresa. De Trípoli, já partiram em diferentes vôos todos os funcionários da Petrobras e da Andrade Gutierrez. Diplomatas brasileiros vêm acompanhando os embarques no aeroporto, tendo em vista o clima de grande tensão em que vêm ocorrendo.

Funcionários da Odebrecht de outras nacionalidades, bem como alguns brasileiros dispersos que se encontravam em Trípoli deverão embarcar em navio fretado, em direção a Malta, tão logo as condições climáticas o permitam. Todos os brasileiros identificados têm sido orientados a contactar a Embaixada em Trípoli, que vem logrando incluir nos navios fretados em direção a Malta todos aqueles que manifestam desejo em sair do país. Alguns brasileiros com dupla nacionalidade não manifestaram, contudo, interesse em partir neste momento, muitos dos quais com famílias de nacionalidade líbia.

A operação de resgate de nacionais brasileiros por via aérea e marítima exigiu numerosas gestões das Embaixadas em Trípoli, Atenas e Roma. À primeira, coube obter autorização das autoridades líbias para sobrevôo e pouso de aviões fretados, buscando dar prioridade a essa operação em meio a dezenas de solicitações de igual teor de outros países. Logrou ainda, mediante gestões com funcionários aeroportuários líbios, solucionar uma infinidade de problemas de documentação que poderiam ter dificultado ou impedido a evacuação - tarefa essencial, embora pouco visível, do processo de evacuação. A Embaixada em Atenas logrou que zarpasse navio em direção a Bengazi, em meio a greve geral no país que paralizara também as operações marítimas, tendo êxito nas gestões feitas junto às autoridades gregas ao enfatizar os motivos humanitários. À Embaixada em Roma, coube solicitar ao Governo de Malta facilidades migratórias que permitissem o desembarque ordenado e ágil de centenas de brasileiros e nacionais, por via aérea e marítima.

O grupo de 148 brasileiros em Bengazi, funcionários da empresa Queiroz Galvão, foi embarcado hoje, 25/02, juntamente com funcionários da empresa de outras nacionalidades (48 portugueses, 13 espanhóis e 1 tunisiano). O navio deverá permanecer aportado até a manhã do dia 26, à espera de condições climáticas que permitam sua partida em direção ao Porto de Pireu, na Grécia. Lá, serão recebidos por equipe de apoio da Embaixada em Atenas, que providenciará documentação e embarque imediato em vôo fretado para o Brasil. A opção de resgate por via aérea, com aviões da FAB ou fretados, mostrou-se inviável, em virtude da total inoperabilidade do aeroporto em Benghazi.

Percebe-se grande solidariedade entre os governos que possuem nacionais na Líbia, com diversos oferecimentos, de parte a parte, de acomodação de estrangeiros nas respectivas operações de evacuação. O Brasil, por exemplo, vem auxiliando no embarque de nacionais de Portugal, Espanha, Tunísia, Ucrânia, Chile, Vietnã, Tailândia e outros países. De sua parte, recebeu ofertas da Turquia e de outros governos. Neste momento, o Brasil é o único país a ter evacuado todos os próprios nacionais que assim o desejavam, incluindo-se neste grupo aqueles que já se encontram embarcados em navio à espera de condições para zarpar.

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

China: 30 mil chineses evacuados da Libia

Seria interessante saber quantos milhares de ocidentais estavam ou estão na Líbia. Talvez, no total, não alcancem a cifra de chineses.
Império é isso aí.

China starts evacuation of 30,000 from Libya
Shanghai Daily, 25/02/2011, Page A2

AROUND 4,600 Chinese had left Libya by yesterday in China's largest-ever evacuation, the rescue of about 30,000 nationals stuck in the riot-torn north African state.

China's first chartered flight to evacuate its nationals left Tripoli for Beijing yesterday afternoon, with 200 Chinese aboard, most of them women and children, said Foreign Ministry spokesman Ma Zhaoxu.

The government dispatched the second chartered flight early yesterday.

Meanwhile, two groups of Chinese evacuees returned China through commercial flights yesterday.

The first group of 43 arrived at Beijing Capital International Airport yesterday morning. Another group of 40 Chinese arrived at Shanghai Pudong International Airport in the afternoon.

The workers were employed by China Building Technique Group Co Ltd.

Ma said China would continue to work on the ground to protect the country's interests.

"Relevant agencies and officials posted abroad will continue to coordinate and make every possible effort at every possible moment to ... protect the lives and property of Chinese citizens and preserve China's national interests," he told reporters during a regular press briefing.

China has called for a return to stability in Libya, and said it will "spare no efforts" in evacuating its citizens.

Chinese embassies in the region were arranging evacuation efforts by air, sea and land, Ma said, with more than 4,600 Chinese nationals already back in China or sent to "safer third countries."

An estimated 30,000 Chinese nationals were awaiting evacuation, and the figure was changing as the evacuation proceeded, said Du Minghao, spokesperson for the Chinese Embassy in Libya.

It was expected to be China's largest-ever evacuation, said Gao Zugui, director of the Institute of World Politics of the China Institute of Contemporary International Relations.

China has suffered severe economic losses as a result of the political turmoil in Libya, it said yesterday.

About 75 Chinese companies were operating in Libya, involving about 36,000 staffers and 50 projects, said a statement on the Ministry of Commerce website.

As of Wednesday, 27 Chinese construction sites or camps had been attacked and robbed, with injuries reported but no deaths so far, the MOC statement said.

Armed gangsters

Armed gangsters attacked some Chinese companies, institutions and project camps in Libya, robbing them of grain and leaving people with shortages of materials, said the statement.

The ministry did not give a monetary value for the losses.

The evacuation was carried out by sea, air and land.

More than 4,000 Chinese left Libya yesterday on two Greek liners chartered by the Chinese Embassy in Greece, China's Foreign Ministry said in a statement yesterday.

Chinese companies, including China Ocean Shipping (Group) Company, had actively participated in the evacuation, Ma said.

Meanwhile, the Chinese embassy in Egypt said it had received more than 400 Chinese who left Libya by road.

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Os amigos se vao... e nao deixam saudades, por supuesto...

Meus amigos é que não são. Mas eles eram amigos, vocês sabem de quem...

O decadente tirano da Líbia
Larbi Sadiki
Conectando Leitores, 23/02/2011

A Líbia não vai se livrar da infecção dos ventos revolucionários democráticos soprando por todo o Oriente Médio e Norte da África. Se o duradouro líder Muamar Kadafi cair, será uma doce vitória para os herdeiros de Omar AL-Mkhtar, o lendário herói anti-fascista e anti-colonial. Mas muito sangue ainda irá jorrar antes que o coronel Líbio abandone o barco.

Depois de Saddam Hussein no Iraque e Ben Ali na Tunísia, Kadafi é o pior sobrevivente entre os governantes ilegítimos árabes. Ele agora está colhendo o que semeou: terror, nepotismo, política tribal e abuso de poder.

Na Líbia de Kadafi, o chamado Congresso do Povo, universidades e outras organizações afiliadas ao regime tiveram que seguir a linha oficial: culto ao “irmão líder”, leitura do seu Livro Verde, e o rótulo de Pan-Africanismo que nenhum líbio, exceto Kadafi e seus comparsas, acredita.

Ao visitar o país com um grupo de estudantes da Exeter University, os slogans vazios da “Grande Revolução” de Kadafi cobriam todos os espaços públicos. “Parceiros não remunerados”, disse alguém. Outro afirmou “Governo do povo” (sultat AL-shab’ab). Nada poderia estar mais longe da verdade.

Kadafi tem governado o país com a grandeza delirante de um homem que subiu ao poder em um golpe em 1969 com ideais políticos cativantes que se foram abandonando e corrompendo. O socialismo fanfarrão de Kadafi transformou-se em distribuição de favores entre o clã do coronel.

Círculo Íntimo

Um círculo íntimo de confidentes e parentes próximos de Kadafi decidiu e executou os enforcamentos de 1970, com ajuda dos temidos homicidas “comitês revolucionários”.

Nenhuma consulta foi feita ao povo sobre as decisões tomadas e executadas nas guerras, como as que ocorreram no Chade e em outros locais da África. O povo nunca pode reclamar abertamente sobre o dinheiro prodigamente pago na conquista das aventuras estrangeiras de Kadafi, incluindo financiamentos a organizações terroristas.

O regime de Kadafi esteve ligado aos assassinatos do Setembro Negro de 1972 de atletas israelenses na Alemanha, ao desaparecimento do Imã Xiita Musa Al-Sadr em 1978 na Líbia, ao assassinato da policial britânica Yvonne Fletcher em 1984, ao bombardeio da Discoteca La Belle em Berlin em 1986, aos barcos carregados de armas destinados ao Exército Republicano Irlandês em 1987, ao sequestro do voo 73 da Pan Am em 1986, e da explosão do voo 103 da Pan Am em 1988. Isso tudo não esgota a lista.

O bombardeio de Trípoli e Benghazi em 1986 pelos Estados Unidos, ou a grande soma de dinheiro pago por Kadafi para compensar todos os tipos de reclamações contra a Líbia foram alguns dos preços pagos pelos líbios pelos erros de cálculo de seu líder.

As sanções e o status de pária só foram atenuados nos últimos 10 anos. Carregar um passaporte verde líbio fez dos cidadãos líbios ‘persona non grata’ em muitas partes do mundo.

O narcisismo de Kadafi é tal que apenas uns poucos de seus camaradas de armas da tropa dos Oficiais Livres que deram o golpe de 1969 contra o Rei Idris sobreviveram a sua brutalidade.

Alguns morreram em circunstâncias misteriosas (Omar Limheshi; Imhammad al-Muqrif). Outros se retiraram da vida pública voluntariamente (Abd al-Salam Jelloud).

Ato de repúdio público

Como o Egito, o levante na Líbia se caracteriza como um ato de repúdio a um regime existente. Estes são países que passaram por revoluções militares e hoje estão enfrentando revoluções civis.

Tal como na Tunísia, mas de forma muito pior, a Líbia investiu muito pouco em capital social ou em capacitação cívica. Todas as organizações estão comprometidas ou afiliadas à Grande Revolução de Kadafi. Literalmente, estas são células para espionar o povo ou milícias subornadas para defender o regime. Quando os manifestantes abanam bandeiras, ou entoam slogans pró-Kadafi ou anti-Ocidentais, eles o fazem sob ordens do regime.

Apesar disso, os líbios não têm sido passivos. Por exemplo, a Liga Líbia dos Direitos Humanos, a Conferência Nacional da Oposição Líbia (NCLO em inglês), e os Islamitas banidos, todos usaram a internet para expressar sua raiva. Em alguns casos, os dissidentes líbios usaram a Internet como uma ferramenta política, muito antes dos ativistas, em outras partes do Oriente Médio. A NCLO se reuniu em Londres em 2006 e planeja exercer um papel fundamental nas reformas da Líbia pós-Kadafi.

As tentativas de remover Kadafi iniciaram em meados dos anos 80. A mais famosa ocorreu em maio de 1984, no golpe da Guarnição de Abal Al Aziziya quando a Frente Nacional para a Salvação da Líbia, composta de militares e civis dissidentes, teve um papel fundamental.

O confronto mais sério contra a autoridade de Kadafi veio da mais populosa e poderosa tribo líbia, a Warfallah, em outubro de 1993. A rebelião acabou nos julgamentos fraudados de 1995. Diversos homens das tribos foram executados em 1997.

A região oriental, Benghazi, sempre foi uma fonte de dissidência contra o regime. Dezenas morreram nos protestos de 2006. O mapa atual do motim é tanto tribal como regional. Duas tribos ajustaram contas antigas com o regime de Kadafi, retirando seu apoio. Kadafi está agora pagando o preço por ter humilhado a tribo Wirfallah, que ele excluiu de seus favores em meados dos anos 90. Similarmente, a tribo Tabu no sudeste do país tem sofrido estarrecedora discriminação.

Os cinturões de miséria da Líbia estão agora liderando a rebelião. Cidades como Al-Baida, Derna, Ijdadia, todas marginalizadas, não têm dívida de gratidão para com Kadafi, pois nada ganharam do seu governo. Os subúrbios mais pobres de Trípoli, Zintan e Awiya, que têm estado sob fogo intenso, estão liderando a rebelião na capital.

Por que a revolução que depôs Ben Ali na Tunísia demonstra ser infecciosa? As razões podem ser resumidas pelos seguintes fatores: a presença de um tipo de hegemonia à Ben Ali; podridão dinástica e nepotista; republicanismo monárquico; corrupção desenfreada; marginalização dos jovens; violações dos direitos humanos; controle da informação e estado policial.

Todas estas condições se aplicam à Líbia. A única coisa boa na Líbia de Kadafi é a ausência de eleições, que poupou os comitês revolucionários de Kadafi a má conduta complementar de fraudá-las.

Além desses fatores, a região leste, ou seja, Benghazi, tem sido privada dos dividendos do petróleo. Em um país com uma das maiores faixas costeiras de alta produção de petróleo, receitas e oportunidades devem estar disponíveis aos cidadãos. Mas este não tem sido o caso. Agora, Kadafi está colhendo o que semeou.

Dr Larbi Sadiki é professor titular de Política do Oriente Médio na Universidade de Exeter, e autor de Arab Democratisation: Elections without Democracy (Oxford University Press, 2009) e The Search for Arab Democracy: Discourses and Counter-Discourses (Columbia University Press, 2004).

sábado, 19 de fevereiro de 2011

Serviço de internet é cortado na Líbia: ja vimos esse filme...

Todas as ditaduras se parecem?
Talvez sim: no ridículo...

Serviço de internet é cortado na Líbia
19 Feb 2011 09:04 AM

O serviço de internet na Líbia foi cortado neste sábado (19), informam as agências internacionais de notícias. A rede vinha sendo utilizada por manifestantes para convocar a população às ruas e protestar contra o governo