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segunda-feira, 19 de julho de 2021

Resistance and Repression in Cuba - Mary Anastasia O’Grady (WSJ)

 Segundo antigo dirigente do KGB, a máquina de repressão do comunismo cubano é muito mais eficiente do que jamais o foi o KGB na finada União Soviética. O número de pessoas envolvidas no trabalho de vigilância é muito maior do que tinha a Stasi na RDA. 

Trecho: "The corrupt former president of Brazil, Lula da Silva, is blaming the U.S. trade embargo for the events. That’s either stupid or evil. Cubans want liberty and justice."

Paulo Roberto de Almeida


Resistance and Repression in Cuba

Protesters knew they would meet brutality. They went out anyway, demanding liberty.

By Mary Anastasia O’Grady
The Wall Street Journal, July 18, 2021 7:12 pm ET

During a visit to Moscow in 1991, members of the Cuban-American National Foundation had a quiet meeting with a top KGB official. Diego Suarez, who was at that meeting, told me last week by phone from Miami that, in the KGB man’s opinion, Havana’s internal-security apparatus was more sophisticated than the Kremlin’s.

A former senior U.S. official told me on Wednesday that when he and others met with the same KGB general— Oleg Kalugin —in Washington in 2001, he told them that the machine controlling the Cuban police state was more “effective” than the Soviet system had been.

This testimony is worth contemplating in the wake of unprecedented antigovernment demonstrations across Cuba last week. The island’s rich ruling elite have spent decades cultivating a monstrous, merciless state-security structure for occasions such as this. Now it has unleashed a wave of terror on the island that would make Stalin blush.

Watching the Interior Ministry and the military do their dirty work, it’s hard to believe regime collapse is imminent. Yet last week’s protests overwhelmed a network that is supposed to be airtight. The breadth of the uprising reveals a nation at the breaking point. Any lingering pretense of regime legitimacy has been shredded—at home and abroad.

On July 11 in the municipality of San Antonio de los Baños, some 22 miles from Havana, a group of pro-democracy activists launched a protest. It was far from the first of its kind. This column has been documenting the work of Cuban dissidents for more than two decades. But on that Sunday something new happened.

Cuba’s internal security is constructed in concentric circles. Closest to home, there is the “committee to defend the revolution,” which has spies in every nook of life and rewards them for ratting out “counter-revolutionaries.” Next there are regime-controlled activists and “rapid response brigades” to meet and punish anyone who ventures outside to protest.

According to Maria Werlau, executive director of Cuba Archives, the ratio of secret police to the population is higher than it was under the Stasi in East Germany. National police, shock troops and elite-trained military squads are another layer of defense.

With Big Brother everywhere, Cubans are taught to tremble before authority and to keep nonconforming thoughts to themselves. Yet in a flash on that day, large numbers of ordinary Cubans made the decision to raise their voices against their oppressors. The outcry spread as if a fuse had been lit. The fear factor failed.

The regime was caught off guard. It shouldn’t have been. The island was simmering with discontent before 2020, but Covid-19 has put regular privation on steroids and exposed the injustice of a system in which the Communist Party enjoys lavish privileges and everyone else grovels for crumbs.

A further unprecedented development: What was happening in San Antonio de los Baños didn’t stay there. Images of Cubans chanting “liberty” and “down with communism” went viral. Within hours, thousands were marching in more than 30 cities. Some reports say that the protests extended to 60 towns and municipalities.

Dictator Miguel Díaz-Canel loaded up buses with trained military hit men and sent them, dressed in civilian clothing and carrying metal bars and sticks, to attack the demonstrators. They chased, beat and dragged citizens in the streets. Uniformed enforcers, some dressed in riot gear, were also used. Some fired weapons. One man was killed.

In the aftermath of the marches there were home-to-home searches for enemies of the revolution. Democracy advocates on the island say some 5,000 people have been arrested and the whereabouts of nearly 200 are unknown. Arrests include important dissident leaders like José Daniel Ferrer and Luis Manuel Otero Alcántara and the journalist Henry Constantin.

Many protesters were young. They knew their demands would be answered with brutality. They went out anyway, out of desperation, hoping that someone in power would hear their pleas.

Some have. The nephew of Gen. Luis Alberto Rodríguez López-Calleja, who sits atop the military’s tourism conglomerate, uploaded a video last week condemning repression and calling for change. Some intellectuals and artists quit their associations with the regime, including film director Carlos Lechuga, who on Facebook called the president a murderer. Speculation is rampant that family members of the ruling elite are heading out of the country.

The corrupt former president of Brazil, Lula da Silva, is blaming the U.S. trade embargo for the events. That’s either stupid or evil. Cubans want liberty and justice.

More blood will be shed. But the financially and morally bankrupt authorities won’t be able to feed their security apparatus indefinitely.

The six-decade lie that the revolution produced well-being and equity has been laid bare. What Cubans—and the world—have seen cannot be unseen.

https://www.google.com.br/amp/s/www.wsj.com/amp/articles/resistance-cuba-protests-coronavirus-san-antonio-de-los-banos-diaz-canel-11626638849


quinta-feira, 4 de junho de 2020

Um apelo para que NÃO se façam manifestações neste fim de semana - Luiz Eduardo Soares

LUIZ EDUARDO SOARES APELA QUE MOVIMENTOS SOCIAIS NÃO PROTESTEM NESTE MOMENTO: ‘É O QUE BOLSONARO ESPERA’

Sociólogo afirmou que há risco de infiltrados promoverem quebra-quebra
Um texto publicado nesta tarde pelo sociólogo Luiz Eduardo Soares no Facebook está correndo feito rastilho de pólvora entre a esquerda. Nele, Soares apela para que os movimentos sociais não vão às ruas neste momento, diante do risco de que infiltrados promovam quebra-quebra, com o objetivo de causar uma situação de caos social que crie o ambiente para Bolsonaro propor uma ruptura institucional.
Soares lembra da justificativa do uso das Forças Armadas para conter uma situação de caos social e desenha o cenário em que Bolsonaro usaria isso para, em nome da lei e da ordem, decretar o estado de sítio.
Eis o texto:
"Faço um apelo a todas e todos que sabem o que significaria um golpe policial-militar, sob liderança fascista. Os sinais são assustadores, ostensivos e crescentes. Hoje, o vice-presidente publicou um artigo absurdo e ameaçador no Estadão. Aras, embora tenha se corrigido depois, disse ao Bial que as Forças Armadas poderiam, sim, intervir se um poder invadisse a seara do outro, numa clara alusão crítica ao Supremo. Ives Gandra está a postos para escrever a justificativa "constitucional" do golpe. Nunca faltaram juristas aos generais; não faltarão ao capitão. Eduardo Bolsonaro confirmou: a ruptura está decidida, espera-se apenas a oportunidade. O presidente sobrevoou manifestação contra o Supremo e o Congresso ao lado do ministro da Defesa. Precisa desenhar?
Enquanto isso, do lado de cá, uns e outros estão melindrados com manifestos conclamando à união pela democracia. Questionam suas intenções e origens. Não querem ser usados por adversários que buscam se redimir de erros passados. Ou seja, perderam conexão com a realidade. O fogo já começou a lamber seus pés. Despertem, cacete!
Nessa conjuntura, movimentos sociais planejam manifestações para domingo. Pois aqui vai meu apelo. Companheiras e companheiros, vocês não percebem que Bolsonaro está armando uma armadilha? Vocês acham que terão condições de impedir que infiltrados promovam quebra-quebra? Não terão. Não subestimem os fascistas. A P2 fez isso outras vezes, por que não faria agora? Agitadores fascistas são profissionais da destruição. Sabem como gerar o que os bolsonaristas e a mídia chamarão "caos", sabem como reencenar o que a mídia gosta de denominar "vandalismo".
Se vocês forem às ruas, por mais organizados que estejam, não conseguirão impedir que provocadores façam o que Bolsonaro espera desde a posse. Se vocês forem às ruas, e eu adoraria que fossem e eu estaria junto com vocês, em condições normais, não só vão ajudar a propagar o vírus em nossos grupos, como vão oferecer a oportunidade que os fascistas aguardam, ansiosamente, e que têm sistematicamente estimulado.
Se isso ocorrer no próximo domingo, à noite, em rede de TV e rádio, Bolsonaro dirá que, em defesa da lei e da ordem, e "da democracia", enviará na manhã seguinte solicitação ao congresso para a decretação do estado de sítio. Se não houver apoio, o "poder moderador" das Forças Armadas se imporá, porque, afinal de contas, "Brasil acima de todos, Deus acima de tudo". Interventores, com apoio das polícias estaduais, tomarão o poder nos estados. Em lugar do Supremo, uma corte de exceção será nomeada.
Nessa noite tão tenebrosa quanto previsível, as lideranças sociais e políticas não alinhadas ao fascismo serão alvo de diferentes tipos de ação. Prefiro não descrevê-las. E só então quem, à esquerda, costuma desdenhar da "democracia formal" e de uma "Constituição que nunca chegou às classes subalternas ou aos territórios vulneráveis" vai entender que faz diferença, sim, o regime político, a tal democracia, por mais limitada e precária que seja, no Brasil.
Vocês acham que eu exagero? Estou paranoico? A quarentena me fez mal? Tomara que estejam certos. Entretanto, creio ser, hoje, um dever de todos e todas, especialmente das lideranças, alertar e explicar com detalhes o que está em jogo e quais são os riscos de realizar manifestações nesse momento. Só faz sentido ir para o confronto se a correlação de forças permitir, ou poderemos sofrer uma derrota histórica, um banho de sangue e um golpe. A menos que nossos companheiros tenham certeza de que conseguirão bloquear os sabotadores e provocadores a serviço do fascismo. Mas quem poderia ter essa certeza? Que líder responsável poderia ter essa certeza?"