Sem anistia, governo Lula assegura “solidez” da democracia ao mundo
SANDRA EVANGELISTA
12 DE JANEIRO DE 2023
Num recado político e diplomático forte, o governo de Luiz Inácio Lula da Silva usou a reunião de emergência convocada nesta quarta-feira na OEA (Organização dos Estados Americanos) para assegurar ao mundo que a democracia no país é sólida e que os responsáveis pagarão o preço de suas ações, dentro do rigor da lei.
O encontro para lidar com a crise no Brasil havia sido proposto por Chile e Colômbia, e ganhou o apoio de EUA, Canadá e outros países. O Brasil, porém, não queria que a reunião se transformasse num sinal de que o país vive um período de incertezas sobre sua situação institucional.
Depois de quatro anos isolado dos principais debates internacionais e numa condição de pária por conta da diplomacia de Jair Bolsonaro, o governo Lula esperava inaugurar uma nova fase da política externa. Mas uma eventual classificação do Brasil como um “país problema” minaria a credibilidade dos novos interlocutores e ameaçaria os planos de Brasília de voltar a ser protagonista nos principais temas internacionais.
Na região, o Brasil quer voltar ainda a liderar um processo novo de integração. Mas teria dificuldades de assumir esse papel se fosse considerado como instável.
Ao tomar a palavra nesta tarde, o embaixador do Brasil na OEA, Otavio Brandelli, mandou a mensagem coordenada pelo Itamaraty.
“A democracia brasileira acabou de dar uma demonstração de solidez e eficácia de seus mecanismos de proteção, graças à atuação firme e coesa dos três Poderes”, disse o diplomata, indicando que o Brasil promete lutar contra atos antidemocráticos no continente.
Ainda que o discurso tenha ocorrido em um fórum regional, diplomatas do mais alto escalão no Itamaraty explicaram que essa é a mensagem que Lula quer que os demais líderes escutem. Trata-se da primeira reunião sobre o assunto, no palco global.
“O Brasil tem um compromisso inabalável com a democracia e rechaça qualquer forma de extremismo antidemocrática e violência política”, afirmou.
Sem Anistia
Um outro recado coordenado pelo Itamaraty foi de que não haverá nem anistias e nem impunidade. Segundo Brandelli, os responsáveis serão “identificados e tratados com o rigor da lei, dentro do devido processo legal”.
“O estado dará respostas à altura da gravidade dos atos cometidos. Sob a égide dos preceitos da Constituição de 1988, o Brasil registra o mais longo período de convivência democrática em sua história republicana”, insistiu.
Nos últimos dias, governos latino-americanos demonstraram preocupação com os atos no Brasil e uma possível escalada da violência em suas próprias capitais. Para eles, portanto, era importante a sinalização da parte do governo Lula de que punições estão previstas.
Mesmo nos EUA, congressistas americanos alertaram nos bastidores a interlocutores brasileiros que os atos em Brasília poderiam “incentivar” a extrema direita americana.
Brandelli ainda destacou como a reação internacional foi importante no Brasil nos últimos meses. Segundo ele, a reação internacional diante dos ataques ainda mostrou “a importância do Brasil para a defesa da democracia no mundo”.
O diplomata ainda destacou que eleição foi ampla, livre e democráticas. Também ressaltou que a posse de Lula foi uma celebração da democracia, com mais de 60 delegações internacionais. Isso, segundo ele, foi o “reconhecimento da “robustez das instituições democráticas do Brasil”.
“Agora, houve condenação unânime”, completou, sobre os atos de 8 janeiro.
Fonte: uol