E isso se deve, fundamentalmente, ao fundamentalismo religioso, com perdão pela redundância. São os criacionistas, moderna encarnação da intolerância religiosa e da mais abstrusa crença nos livros religiosos, que estão levando o mundo ao retrocesso, talvez parcial, talvez temporário, mas ainda assim uma tragédia para os progressos da ciência no mundo.
Observem, porém, que o criacionismo não está em contradição com a teoria da seleção natural -- este no nome correto para a evolução darwiniana -- e cabe perfeitamente no seu esquema explicativo.
Com efeito, o darwinismo não postula uma evolução linear, progressiva e progressista, sempre numa única direção, para o melhor e o mais aperfeiçoado do ponto de vista qualitativo, ou supostamente mais racional.
Longe disso. O que o darwinismo e a teoria da evolução postulam é que as espécies vão se adaptando aos desafios do meio, e às oportunidades criadas pelo meio -- e pelos acidentes naturais -- para sobreviver, se expandir, dar origem a novas espécies.
O velho fundamentalismo bíblico, que postulava uma explicação ingênua, baseada inteiramente e literalmente na Gênese para explicar a origem do mundo e a criação das espécies, tinha sido eliminado, por inadequado, dos livros escolares. Agora surgiu uma nova variante, mais preparada tecnicamente, mais sofisticada, e que oferece aos ingênuos, e aos idiotas, uma "explicação" mais "convincente" sobre o mundo, o que os tranquiliza. Isso é darwinismo, e seleção natural.
Algumas espécies "estúpidas" de dinossauros sobreviveram a outras, supostamente mais fortes ou preparadas, por simples acaso da natureza, antes que outros acidentes eliminassem gregos e goianos saurópodes do mapa da terra. Isso é darwinismo.
Hoje temos espécies de estúpidos literais sobrevivendo e se expandindo, graças aos recursos da internet, o que permite aos idiotas alcançarem outros idiotas, e os convencerem de que estão "certos" numa escala antes inimaginável.
O que é preocupante é que os idiotas influenciem os manuais escolares, o que vai inviabilizar os progressos científicos de outros idiotas que se deixarem convencer por eles.
Isso não é irrecuperável ou fatal, pois a ciência e a racionalidade sempre vão prevalecer, mas que no curto prazo isso atrasa um país, isso atrasa.
O Brasil é a prova viva disso, quando temos a idiotice do criacionismo também fazendo progressos por aqui. Mas, antes, muito antes, tivemos uma idiotice maior ainda, que continua fazendo progressos: a tal de pedagogia do oprimido, que Paulo Freire, um fundamentalista pouco pedagógico, criou e disseminou por milhares e milhares de pedagogas freireanas pelo Brasil e pelo mundo afora.
Estamos totalmente na teoria darwiniana e na seleção natural. Para desgosto nosso, dos racionais e científicos, os idiotas estão dominando parcialmente o mundo.
Um dia passa, mas o mal já está feito, como na Coréia do Sul, como evidenciado na matéria abaixo do Le Monde.
Paulo Roberto de Almeida