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Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

sexta-feira, 8 de janeiro de 2016

Varnhagen: diplomacia e pensamento estrategico - seminario no Itamaraty (31/03/2016)

O Bicentenário de Varnhagen

 

Sérgio Eduardo Moreira Lima

Presidente da Fundação Alexandre de Gusmão

 

Comemora-se este ano o bicentenário do nascimento do diplomata oitocentista Francisco Adolfo de Varnhagen (1816-1878). É notória sua contribuição para a historiografia brasileira, tendo sido considerado por Capistrano de Abreu o maior historiador de sua época. O Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB) e a Academia Brasileira de Letras, duas instituições às quais está associado, têm previstas homenagens com foco no seu papel na História e na Literatura.  A FUNAG, como braço acadêmico do Itamaraty, em parceria com o Instituto Rio Branco e com a Universidade de Brasília, marcará a efeméride com a realização de seminário sobre Diplomacia e Pensamento Estratégico na Concepção de Varnhagen e sobre sua participação,durante o Império, no projeto de transferência da capital.  

 

2.O propósito desta iniciativa é estimular a pesquisa e o debate em torno de personagens brasileiros que marcaram sua épocadistinguiram-se em suas atividades a ponto de integrar a memória nacional. É importante que se discuta o alcance de sua obra do ponto de vista dos princípios e valores que inspirou e dos interesses maiores da nação a que serviu. Varnhagen teve o mérito de pensar o Brasil de uma perspectiva geopolítica e geoestratégica. Para ele, a ação diplomática deveria orientar-se nessa direção como instrumento na realização de propósitos que levariam ao ideal de grandeza nacional. Sua formação militar e as pesquisas que conduziu a respeito das fronteiras e dos espaços brasileiros ainda em Portugal permitiram-lhe um juízo amadurecido e um conhecimento detalhado de questões cruciais na defesa dos interesses da pátria. 

 

3.Quando visitei recentemente o Memorial Juscelino Kubistchekpude verificar que ali se encontra o barômetro de Varnhagen como a pedir um estudo mais aprofundado sobre aquele instrumento de medição e um maior reconhecimento dos esforços do diplomata na gênese do processo de integração territorial brasileiro. Em sequência ao projeto de José Bonifácio (1823), Varnhagenentão representante do Brasil na Áustria de Francisco I, realizou, em 1877, a primeira expedição ao Planalto Central para a identificação do local para a futura capital. Oficializada pelo Ministério da Agricultura, a aventura, que logrou superar todas as dificuldades da época, visava ao reconhecimento de regiões propícias à participação europeia no esforço de povoamento e desenvolvimento do centro-oeste do País. A viagem foi precursora da Missão Crulscomo era chamada a Comissão Exploradora do Planalto Central do Brasil, formada, em 1892, pelo engenheiro belga Luís Cruls, diretor do Observatório Astronômico do Rio de Janeiro, e outros 21 membros, entre cientistas, técnicos e militares, que seguiu o mesmo roteiro percorrido por Varnhagen.

 

4.Em 2013, a Fundação Alexandre de Gusmão publicou, em trêsvolumes, a obra Pensamento Diplomático Brasileiro, Formuladores e Agentes da Politica Externa (1750-1964), que reúne ensaios de acadêmicos, historiadores e diplomatas. Dentre os personagens selecionadopara figurar no estudo, encontra-se Francisco Adolfo de Varnhagen. Coube ao Presidente do IHGB, Professor Arno Wehling, respeitado historiador e biógrafo do personagem, explicar a contribuição do brasileiro de Sorocaba, filho de pai alemão e mãe portuguesa, ao pensamento da diplomacia brasileira. Trata-se de um dos trabalhos maisreveladores sobre o biografado já elaborados na busca de responder àquestão sobre a contribuição de Varnhagen ao pensamento diplomático brasileiro. A obraassim como o ensaio citado, pode ser consultada na Biblioteca Digital gratuitamente (www.funag.gov.br).

 

5.texto do Professor Wehling é revelador do alcance e da atualidade do pensamento diplomático de Varnhagen. Sua visão estratégica das bacias hidrográficas e dos limites territoriais, relacionada à defesa e precocemente à integração nacional, repercute no próprioconceito orientador da localização da futura capital do País no divisor de águas, ou seja, na confluência dos grandes rios que fluem e aproximam a imensidão do espaço brasileiro. Igual interesse demonstrava no tocante aos povos indígenas, às questões da navegação do rio Amazonas e das fronteiras com potências europeias no norte. Suas concepções e diretrizes contribuíram para a consciência geopolítica da importância desses espaços, mas também para a valorização do direito internacional, na melhor tradição da diplomacia pátria. 

 

6.O Seminário servirá de estímulo à reflexão sobre a atualidade da obra e do pensamento de Francisco Adolfo de Varnhagen. Os temas referidos evoluíram e adquiriram importância econômica, ambiental e de integração regional, cujo impacto se observa também nos planos nacional e global, à luz das preocupações com mudança de clima e compromissos com o desenvolvimento sustentável, sem prejuízo de uma perspectiva geopolítica e estratégica. 

 

Seminário Diplomacia e Pensamento Estratégico na Concepção de Varnhagen

 

Data: 31 de março de 2016  às  15 horas   

Local: Brasília, IRBr

Organizadores: FUNAG, IRBr, UnB, IHGB

 

Projeto de programa:     

 

15.00 hs  - Abertura: Diretor do IRBr, Embaixador Gonçalo Mourão 

​         Professor Jarbas Silva Marques, IHDF

 Presidente da FUNAG, Embaixador Sérgio E. Moreira Lima

 

15.10Pensamento Estratégico e diplomacia na Concepção de Varnhagen 

Presidente do IHGB, Professor Arno Wehling

 

16.00 hs -  Varnhagen entre os primeiros historiadores do Brasil e sua

 contribuição para a formação da nacionalidade

Embaixador Luiz Felipe de Seixas Corrêa

Intervalo 

 

16.50 hsVarnhagen e a América do Sul

Ministro Luis Claudio Villafañe Gomes Santos

 

17. 20 hs Geopolítica de Varnhagen e seus discípulos

Ministro Paulo Roberto de Almeida

17.50 hsVarnhagen e o espaço brasileiro(?)

Embaixador Synesio Sampaio Goes Filho

18.20 hsDebate

 

19.00 hs Encerramento

 

Biografia de Varnhagen

 

Nasceu em 17 de fevereiro de 1816, em Sorocaba, São Paulo, filho do engenheiro alemão - o Coronel Frederico Luís Guilherme de Varnhagen e de . Maria Flávia de Sá Magalhães, de nacionalidade portuguesa. Seu pai, um dos pioneiros da fundição de ferro no Brasil, aqui chegou em 1809, contratado para iniciar os trabalhos da fábrica de São João de Ipanema, onde permaneceria até 1821, quando resolveu retornar à Europa e fixar-se com a família em Portugal. 

Cursou o Real Colégio Militar da Luz (Lisboa), matriculando-se, em seguida, na Academia da Marinha. Aderiu à causa do ex-Imperador D. Pedro I, na disputa pela coroa portuguesa, engajado no 2º Batalhão de Artilharia. Promovido a oficial, ingressou na Academia de Fortificações, onde concluiu o curso de engenheiro militar em 1834. Estudioso da poesia medieval lusitana, frequentador das rodas literárias lisboetas, aproximou-se de Alexandre Herculano e do Cardeal D. Francisco de São Luís, o que lhe valeu uma recomendação para ter acesso aos arquivos da Torre do Tombo. Lá, ele iniciaria suas atividades na pesquisa documental, encontrando um tesouro praticamente intocado, que soube explorar como ninguém, conforme notou Capistrano de Abreu. Dentre inúmeros achados, descobriu por códice o apógrafo do Roteiro do Brasil, de Gabriel Soares de Sousa, cuja edição crítica lhe serviu de proficiência para ser admitido na Academia Real de Ciências de Lisboa. Em 1840, licenciou-se do exército português e viajou para o Rio de Janeiro, a fim de pleitear a nacionalidade brasileira. Na ocasião, foi eleito sócio correspondente do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro – o IHGB, que nessa época havia iniciado um programa de investigação, subsidiado pelo governo imperial, enviando estudiosos aos arquivos europeus, a fim de coletar e extrair cópia de documentos e diplomas para a escrita da história pátria. Entretanto, o primeiro pesquisador comissionado, o diplomata Dr. José Maria do Amaral, não pode dar conta das tarefas que lhe foram confiadas. Para substituí-lo, foi indicado o nome de Varnhagen, de reconhecida experiência no manuseio dos papéis da Torre do Tombo, e que desejava ingressar na carreira diplomática. 

Designado para levantar documentos relativos aos tratados de limites da América Portuguesa, nos arquivos de Simancas, ele desempenhou com sucesso suas primeiras missões em Portugal e na Espanha. Regressando ao Brasil em 1851, ocupou o cargo de Primeiro Secretário do Instituto Histórico. Diligente, organizou a biblioteca e o rico acervo documental do grêmio. A par disso, conquistou a simpatia do Imperador D. Pedro II, assíduo frequentador daquele reduto letrado, o que lhe possibilitou pleitear postos, condecorações e honrarias, além da proteção de Sua Majestade. Sem negligenciar as atribuições do serviço diplomático, continuou dedicado às pesquisas e publicações. Encarregado de negócios do Brasil na Espanha (1852-1858), estendeu suas investigações aos arquivos de Amsterdam, Paris, Florença e Roma. Data dessa temporada na Europa, o lançamento da sua História geral do Brasil antes da sua separação e independência de Portugal (Madri, 1854-1857). Promovido ao posto de ministro residente, representou a chancelaria imperial em diversos países da América do Sul (1859 e 1867). Durante a permanência no Chile, casou-se e constituiu família com uma jovem da sociedade local. Em 1868, foi nomeado para a legação brasileira em Viena. Realizou, ainda, uma última viagem de estudos ao Brasil em 1877, ocasião em que percorreu o interior das províncias de São Paulo, Goiás e Bahia. Regressando à Viena, veio a falecer em 26 de junho de 1878. Sepultado no Chile, por exigência da esposa, um século mais tarde, os despojos do historiador seriam trasladados para Sorocaba, onde hoje se encontram, atendendo à sua vontade expressa em testamento. Pertenceu ao quadro social de importantes associações científicas internacionais: Academia de Ciências de Munique, Sociedade de Geografia de Paris e Instituto Histórico e Geográfico do Rio da Prata além da já citada Academia Real de Ciências de Lisboa. Membro do Conselho do Imperador, Grande do Império, Comendador da Ordem da Rosa, Cavaleiro da Ordem de Cristo. Agraciado com a Grã-Cruz das Ordens de Santo Estanislau, da Rússia; da Coroa de Ferro, da Áustria; de Isabel, a Católica e de Carlos II, da Espanha. Como reconhecimento aos seus méritos, D. Pedro II concedeu-lhe o título de Barão de Porto Seguro, em 1872. Dois anos mais tarde, elevou-o a Visconde com honras de grandeza.

Deixou uma extensa e variada bibliografia, composta por dezenas de títulos, entre livros, opúsculos, artigos e memórias, abrangendo estudos literários, etnográficos, filológicos e históricos. Sua obra máxima foi, sem dúvida, a História geral do Brasil antes da sua separação e independência de Portugal, trabalho de fôlego, que contrastava com a escassa historiografia nacional da época. Deve-se notar que a contribuição pretendia não apenas reconstituir o passado do país recém-emancipado, dando-lhe unidade e coerência, mas também concorrer para a consolidação das instituições monárquicas. É bem verdade que o livro foi recebido com frieza no Brasil, devido ao tratamento pouco simpático dispensado aos gentios e aos jesuítas, apesar dos elogios que recebeu dos maiores brasilianistas de então, o bibliotecário francês Ferdinand Denis e o naturalista alemão Von Martius. No âmbito do Instituto Histórico, onde prevalecia uma visão romântica das origens da Nação de viés indigenista, o trabalho mereceu réplicas do Cônego Fernandes Pinheiro e de Gonçalves de Magalhães, tendo este último sustentado um áspero debate com Varnhagen, que na arena acadêmica costumava pôr de lado a proverbial cortesia de diplomata, transformando-se num polemista intransigente, incapaz de absorver qualquer apreciação crítica. Dentre suas memoráveis discussões, cabe ainda lembrar o litígio com José Inácio de Abreu e Lima, autor do Compêndio de História do Brasil, a quem chamou de plagiário difamador que se intitula general, a propósito das fontes utilizadas na elaboração daquela obra. Outro que também não escapou da sua pena afiada foi o geógrafo francês M. D´Avezac, que censurou a História geral do Brasil pela ausência de uma descrição prévia do país e de seus primitivos habitantes, tópicos privilegiados pelo inglês Robert Southey, na sua History of Brazil (1811-1819). Revidando o questionamento, Varnhagen desautorizou o trabalho de Southey, reduzindo-o a uma simples Memória para escrever-se a história do Brasil e dos países do Prata. Polêmicas a parte, não se pode negar que o Visconde de Porto Seguro foi o maior historiador de sua época, pela extensão da obra, dos fatos que revelou, das fontes que descobriu, pela publicação de inéditos, enfim, pelo seu enorme esforço e determinação, como bem assinalou Capistrano de Abreu, no necrológio que lhe dedicou.

 

Servico publico continua mergulhado no caos remuneratorio - Ricardo Bergamini

Em lugar de ter uma estrutura unificada de todos os seus servidores -- que para mim não deveriam ter estabilidade, nem certos privilégios inerentes ao estatuto -- o poder público continua mantendo uma selva selvagem de definições setoriais, que obviamente dependem de quem tem mais poder para pressionar o governo e obter vantagens indevidas para si.
Assim, certas categoriais do serviço público obtêm vantagens -- benefiícios pecuniários, vamos ser claros aqui -- que não se estendem aos demais, e conseguem ainda agregar uma série de penduricalhos que depois perfuram o tal teto constitucional de remunerações (o que por si só já é ridiculo, pois diversos outros aditivos, alguns até pornográficos, dados aos ministros do Supremo não são computados como remuneração).
Vai continuar uma selva ao que parece...
Paulo Roberto de Almeida

Texto de Ricardo Bergamini, recebido em 7/01/2016 (seguido de matéria da imprensa)

Nossas esquerdas não gostam dos pobres. Gostam mesmo é dos funcionários públicos. São estes que, gozando de estabilidade, fazem greves, votam no Lula, pagam contribuição para a CUT. Os pobres não fazem nada disso. São uns chatos (Roberto Campos).

No meu dicionário, “socialista” é o cara que alardeia intenções e dispensa resultados, adora ser generoso com o dinheiro alheio, e prega igualdade social, mas se considera mais igual que os outros (Roberto Campos).

Prezados Senhores
Vejam abaixo como funciona a República Sindicalista Socialista Brasileira. Viva o socialismo brasileiro!!!!

Em 2014 o rendimento médio/mês per capita com pessoal ativo da União - 1.294.040 servidores (934.822 civis e 359.218 militares) foi de R$ 9.228,20, enquanto a média/mês per capita nacional para os trabalhadores formais nas atividades privadas foi de R$ 2.122,10 (77,00% menor). 

Em 2014 o rendimento médio/mês per capita com pessoal aposentado e pensionista da União – 1.028.563 servidores (731.977 civis e 296.586 militares) foi de R$ 7.785,94, enquanto a média/mês per capita dos aposentados e pensionistas das atividades privadas (INSS – 27,5 milhões de beneficiários) foi de R$ 1.044,05 (86,50% menor).

Militares e carreiras de Estado terão maior reajuste
 Fonte Congresso em Foco, 6/01/2016

Cerca de 1,1 milhão de servidores fecharam acordo com o governo, o que gerou a assinatura de 32 termos de acordo, enquanto outras carreiras continuam negociando.

O governo federal voltou a conceder reajustes diferenciados para os servidores públicos. Os projetos de lei propondo as mudanças foram enviados pelo governo ao Congresso no último dia 30, depois de 207 reuniões da Mesa Nacional de Negociação Permanente, entre janeiro e dezembro. Os maiores beneficiados pela mudança foram os militares e as carreiras de Estado, que terão reajustes médios de 27,9%, escalonados.  .

Cerca de 1,1 milhão de servidores fecharam acordo com o governo, o que gerou a assinatura de 32 termos de acordo. Esse número representa cerca de 90% dos 1,227 milhão de servidores civis do Executivo.

“Em um ano de dificuldades econômicas e fiscais, o saldo de acordos pode ser visto como positivo” avaliou o secretário Gestão de Pessoas e Relações de Trabalho do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão (Segrt/MP), Sérgio Mendonça.

Com o novo critério de reajustes, a folha de salários de servidores vai crescer R$ 50 bilhões até 2019. A estimativa inicial era de que o aumento seria de R$ 32,2 bilhões, mas a opção do governo de conceder reajustes diferenciados levou à revisão das contas.

Os servidores preferiram, em sua maioria, assinar acordos válidos por dois anos e reajuste de 10,8% em duas vezes: 5,5% em agosto/2016 e 5% em janeiro/2017. Também foram atualizados os valores do auxílio-alimentação (de R$ 373 para R$ 458); da assistência à saúde (o atual valor per capita médio passa de R$ 117,78 para R$ 145) e da assistência pré-escolar (o valor médio passa de R$ 73,07 para R$ 321).

Foi ainda incorporada a Gratificação de Desempenho aos proventos de aposentadoria, prevista para os meses de janeiro de 2017, janeiro de 2018 e janeiro de 2019 (cerca de 1/3 a cada ano), até ser atingido o total da média de pontos nos últimos 60 meses anteriores à aposentadoria.

Carreiras
A Segrt apresentou, no último dia 18, proposta diferenciada às carreiras de Estado, que têm remuneração recebida por meio de subsídio. A proposta contempla, além do reajuste dos benefícios e outras vantagens pontuais, a incorporação do índice de 27,9%, em quatro anos: 5,5% em 2016; 6,99% em 2017; 6,65% em 2018; e 6,31% em 2019. A primeira parcela será paga em agosto de 2016, ficando as demais para os meses de janeiro dos respectivos anos.

Na semana passada, os analistas e técnicos de Finanças e Controle (CGU e STN) fecharam o acordo. O mesmo aconteceu com os representantes dos servidores da Superintendência de Seguros Privados (Susep) e da Comissão de Valores Mobiliários (CVM); do Ciclo de Gestão; e do Banco Central.

Houve acordos ainda com os servidores do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE); da carreira administrativa da Polícia Federal; e da Superintendência Nacional de Previdência Complementar (Previc).

Negociando
Ainda assim, algumas carreiras ainda não finalizaram as negociações com o governo: Receita Federal, Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal, DNIT, médicos peritos do INSS, analistas de infraestrutura e de políticas sociais, peritos federais agrários e diplomatas.

“Teremos o desafio de superar os impasses e chegarmos a termos de acordo com as entidades que representam esses servidores em 2016”, informou o secretário Sérgio Mendonça.

Roberto Macedo: uma estrategia de crescimento (e precisa de uma?)

Eu tendo a acrescentar que nem precisaria de estrategia nenhuma, que tendem a ser "planejadas" por tecnocratas distanciados do mundo da produção pois a sociedade, deixada em liberdade econômica, tenderia a criar uma ordem espontânea favorável ao crescimento, desde que o Estado, os políticos, não atrapalhassem muito...
Paulo Roberto de Almeida

Estratégia - crescimento econômico

ROBERTO MACEDO*
O Estado de S. Pauo, 
Este artigo integra série voltada para uma estratégia diante da atual crise política, econômica e social (os artigos estão disponíveis em opiniao.estadao.com.br/artigo-de-opiniao/, o primeiro em 19/11/2015 e os demais na primeira e na terceira quintas-feiras de cada mês).
Como um país cresce economicamente? Começo pelo que é crescimento econômico, em seguida descrevo o processo pelo qual ele ocorre e dentro desse processo as forças que atuam com maior vigor. Ele é, num país, o aumento do seu produto interno bruto (PIB) por habitante. Esse produto vem da interação de trabalho, capital produtivo e tecnologias disponíveis. A incorporação de mais trabalhadores aumenta o PIB se com força suficiente para ampliá-lo por habitante. O mesmo se dá com mais capital produtivo, como máquinas em geral e terras agrícolas.
A maior qualificação dos trabalhadores agrega valor ao PIB, daí a importância da educação, do ensino técnico e do treinamento no trabalho. O mesmo se verifica se o capital se torna mais eficiente, como pela incorporação de máquinas mais produtivas. E há desenvolvimentos tecnológicos que ampliam a produtividade tanto do trabalho quanto do capital, como os ocorridos nas telecomunicações. Inovações em produtos também são estimulantes, ao gerarem demanda adicional que amplia a produção.
Mas por que alguns países crescem mais do que outros?
A resposta é bem mais complexa. Um famoso historiador econômico, David Landes, dedicou-lhe cerca de 500 páginas de seu livro A Riqueza e a Pobreza das Nações (Editora Campus, 1998).
Ao concluir, afirma que a cultura faz toda a diferença entre países. Cultura no sentido lato, dos valores intrínsecos e atitudes que guiam o comportamento da população de um país. Um exemplo dessa influência cultural, apontado por Landes, vem da análise de Max Weber, sobre a evolução do capitalismo nos Estados Unidos, na qual destaca o papel da ética do protestantismo. Ela enaltecia uma vocação ou um compromisso efetivo com o trabalho voltado para necessidades materiais, e sem prodigalidade na utilização dos lucros obtidos desse esforço, o que acelerava e levava à acumulação de capital.
Landes diz que essa visão ainda se sustenta. Também aponta outras influências culturais positivas, como na recuperação do Japão e da Alemanha no pós-2.ª Guerra e o avanço ainda mais recente da China e da Coreia do Sul. E ressalta que “o que conta é o trabalho, o uso cuidadoso do dinheiro e dos bens, e honestidade, paciência e tenacidade.”
Ora, entre outras falhas, a cultura brasileira enfatiza muito o consumo, num descaminho agravado pelo populismo dos governos petistas e seu apego ao crédito consumista. A ênfase deve ser na poupança investida, inclusive a antecipada por crédito, como o habitacional e para atividades produtivas. Não conheço quem tenha prosperado sem poupar e investir, exceto herdeiros de quem fez isso no passado. E a poupança deve ser levada a investimentos que expandam a capacidade produtiva da economia e seu PIB por habitante. No Brasil há quem poupe dinheiro, em seguida levado a aplicações financeiras lastreadas na dívida pública, mas um governo que quase nada investe dessa forma. Ademais, com mais poupança própria o País seria menos dependente da externa e, assim, menos vulnerável à volatilidade que vem de fora.
A mesma questão foi abordada por Douglass North, laureado com o Prêmio Nobel de Economia de 1993. Seu livro mais conhecido é Institutions, Institutional Change and Economic Performance (Cambridge University Press, 1990). Foca nas instituições de uma sociedade, as “(...) suas regras do jogo, ou (...) as humanamente desenhadas restrições à liberdade de agir como quiser que dão forma à interação humana.” Esta, por sua vez, é um processo de escolhas, o que incorpora a visão de Landes, pois aí entram os traços culturais da sociedade.
Instituições assim definidas não devem ser confundidas com organizações, estas os entes ou jogadores atuantes nesse jogo, como partidos políticos, igrejas, empresas, sindicatos e agências governamentais. Para avançar economicamente é preciso que as regras do jogo, formais ou não, reforcem incentivos para que as organizações – e o povo em geral, acrescento – se engajem em atividades produtivas. E que não se fique quase que só a distribuir o resultado delas, ou a restringir a competição e as oportunidades, entre outras dificuldades que podem vir dessas regras. Acrescente-se também que elas devem ser estáveis para facilitar a interação humana no seu empenho na atividade produtiva.
No Brasil é comum dizer que nossas instituições funcionam, a exemplo do Judiciário e da Polícia Federal no trato que dão à Operação Lava Jato. Mas essa é uma visão mais voltada para organizações, e não para instituições no sentido dado por Douglass North. Entre outros aspectos, nossas regras do jogo tributário distorcem incentivos à produção, as orçamentárias não impediram a desastrosa crise fiscal em andamento, e no pré-sal foi prejudicada a própria Petrobrás e reduzida a competitividade no setor. Houve outras intervenções também desestimulantes da atividade produtiva em setores como os da eletricidade e do etanol. No geral, ao sucessivamente violar regras do jogo, o governo gerou essa enorme incerteza que inibe decisões de consumidores e empresários, com o que a atividade produtiva foi seriamente prejudicada.
Neste momento em que o País procura definir agendas ou estratégias para enfrentar a imensa crise em que se debate, essas ideias sustentadas pela lógica econômica e pela evidência histórica devem ser levadas em conta. É preciso ir às raízes dos problemas. Assim, numa estratégia de crescimento há que enfrentar traços inconvenientes da cultura do país e das regras do jogo econômico em que interagem seu povo e suas organizações.

* ROBERTO MACEDO É ECONOMISTA (UFMG, USP E HARVARD), É CONSULTOR ECONÔMICO E DE ENSINO SUPERIOR

ORCID, a sua identidade academica, universal e eterna: nao publique sem ele (revista Pesquisa Fapesp)

RG de pesquisador

Instituições brasileiras começam a adotar o identificador Orcid, assinatura digital global para autores científicos e acadêmicos
FABRÍCIO MARQUES | 
Revista Pesquisa, Fapesp, edição 238 | Dezembro 2015
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Nos próximos meses, os 3,5 mil docentes da Universidade Estadual Paulista (Unesp) serão convocados a se cadastrar no Orcid (sigla para Open Researcher and Contributor ID) e passarão a ter um número de identificação que servirá como uma assinatura digital no ambiente científico global, sem risco de confusão com homônimos. Quando forem submeter um artigo a uma revista científica, por exemplo, precisarão apenas informar sua sequência particular de 16 números, como a de um cartão de crédito, para que suas informações, tais como nome, assinatura padronizada e afiliação, sejam preenchidas no formulário. Essa é um das utilidades mais palpáveis do registro, mas suas aplicações são mais amplas. Cada usuário pode, se quiser, construir um perfil reunindo sua produção acadêmica, numa espécie de currículo acadêmico certificado. Seus novos papers serão automaticamente recuperados, pois o número de identificação único se conecta com bancos de dados de revistas científicas e repositórios de instituições que se afiliaram ao sistema. A produção científica pregressa também pode ser resgatada. O usuário pode intercambiar dados entre perfis acadêmicos e profissionais, tais como o ResearcherID, da empresa Thomson Reuters, o Scopus e o Mendeley, da editora Elsevier, ou o LinkedIn. Dessa forma, um currículo com informações certificadas pode se tornar acessível a editores e revisores de revistas científicas, agências de fomento e programas de avaliação.
O registro de autores é gratuito, mas instituições podem se afiliar à plataforma, pagando uma taxa anual para integração de sistemas e suporte. A intenção da Unesp é aperfeiçoar a identificação dos seus afiliados no repositório institucional, que reúne dados sobre 92 mil itens da produção científica de docentes e pesquisadores da instituição. A construção do repositório partiu do zero há pouco mais de dois anos e buscava atender a uma demanda da FAPESP para reu-nir, preservar e dar acesso aberto à produção científica dos pesquisadores das três universidades estaduais paulistas.
Esse esforço, diz Flavia Maria Bastos, coordenadora das bibliotecas da Unesp e do programa de repositório institucional da instituição, exigiu um trabalho minucioso de tratamento das informações disponíveis em bases de revistas científicas e no currículo Lattes dos docentes para identificar a produção de cada um deles, a despeito de não usarem uma assinatura padronizada em todos os artigos – é comum, principalmente quando o autor tem vários sobrenomes, que assinaturas apareçam com abreviações diferentes. “Agora, quando um docente da Unesp publicar um artigo científico, nosso sistema conseguirá recuperar imediatamente os dados sobre esse paper e vinculá-lo à sua produção científica”, diz Flavia. “Com isso, teremos dados de qualidade sobre a produção de cada pesquisador, de cada unidade da Unesp e da universidade como um todo. Ainda hoje, apesar dos esforços para criar o repositório, temos parte da nossa produção oculta por ambiguidade de nomes de pesquisadores e da própria Unesp, cuja sigla às vezes é confundida com a da USP e até da Universidade Paulista, a Unip.”
Trabalho de coleta
A Unesp é a primeira instituição brasileira a se afiliar ao Orcid, mas em breve deverá ter companhia. A Universidade de São Paulo (USP) também planeja afiliar-se em 2016. Com um repositório criado em 1985 que congrega mais de 700 mil registros da produção intelectual de seus pesquisadores, inclusive cópias físicas, a USP pretende, com o cadastro universal, tornar automática a recuperação da produção científica, facilitando o trabalho de coleta. Hoje, a equipe do Sistema Integrado de Bibliotecas (SIBi) da USP cadastra o nome de cada um dos pesquisadores em bases de dados de publicações científicas para receber mensagens de alerta quando seus artigos científicos são publicados. O passo seguinte é baixar uma cópia do documento e preservá-lo no repositório. “Queremos usar o Orcid para facilitar o rastreamento e trazer os metadados das várias fontes que se interligam por meio de número de identificação único, como o ResearcherID. Essa ferramenta possibilitará que a universidade monitore sua produtividade intelectual por meio dos indicadores”, diz Maria Fazanelli Crestana, coordenadora do Sistema Integrado de Bibliotecas da USP.
O Orcid é uma organização sem fins lucrativos que reúne registros de 1,78 milhão de pesquisadores, principalmente nos Estados Unidos e na Europa. Cerca de 28 mil brasileiros já se cadastraram. Em maio passado, a organização criou um escritório em São Paulo para ampliar sua presença na América Latina que, além do acordo recente com a Unesp, já obteve afiliações da biblioteca virtual Red de Revistas Científicas de América Latina y el Caribe, España y Portugal (Redalyc), sediada no México, e do Consejo Nacional de Ciencia, Tecnologia e Innovación Tecnológica, órgão de planejamento científico do governo do Peru que quer integrar o Orcid ao currículo dos pesquisadores do país. “Estamos conversando com autoridades brasileiras sobre a possibilidade de integrar ao Orcid os dados da Plataforma Lattes, que reúne mais de 4 milhões de currículos de pesquisadores e estudantes brasileiros”, diz Lilian Pessoa, historiadora formada na USP que se tornou representante do Orcid para a América Latina.
A plataforma foi criada nos Estados Unidos em 2011 com a intenção de contornar um problema que atrapalha universidades, editoras de publicações científicas e bibliotecas: a dificuldade de distinguir autores com sobrenomes muito comuns e identificar sua contribuição acadêmica. O peso crescente da China na ciência internacional tornou ainda mais desafiadora a tarefa de identificar a produção de homônimos. Ocorre que 85% da população chinesa compartilha um conjunto de pouco mais de uma centena de sobrenomes. “O Orcid resolve o problema da ambiguidade, pois não há dois pesquisadores com o mesmo número de identificação”, diz Lilian Pessoa. “Se uma pesquisadora muda de sobrenome quando se casa, seu Orcid vai permanecer o mesmo e ela não terá dificuldades em identificar sua produção”, explica Antonio Álvaro Ranha Neves, professor da Universidade Federal do ABC, entusiasta da nova plataforma que se registrou em 2013 e se tornou embaixador da iniciativa no Brasil. A função, de caráter voluntário, consiste em disseminar seu uso no ambiente acadêmico. “É possível usar o Orcid inclusive para identificação de autores em seus sites pessoais e blogs.”
A ideia de um cadastro individual para os pesquisadores não é nova. A empresa Thomson Reuters criou em 2008 o ResearcherID, código que identifica pesquisadores e congrega sua produção científica registrada na base de revistas Web of Science (WoS). A editora Elsevier, que mantém a base de revistas Scopus, lançou o similar Scopus Author Identifier, assim como o Google desenvolveu o Google Scholar ID, que captura a produção científica de várias fontes na internet e constrói perfis de pesquisadores, oferecendo inclusive indicadores como citações e índice-h. “Essas iniciativas tinham uma limitação. No caso do ResearcherID e do Scopus, pertencem a empresas que buscam vender serviços e indicadores e seus resultados são abertos só para assinantes”, diz Neves. “Além disso, baseiam-se num conjunto específico de revistas, as indexadas em cada base de dados, e não em toda a produção.”
Egressos
A vantagem do Orcid sobre os outros sistemas é ter um registro capaz de recuperar dados de qualquer fonte que aceite o identificador como referência, incluindo os bancos de dados de revistas indexadas, repositórios institucionais, bancos de teses e até perfis de redes sociais acadêmicas. A plataforma foi criada com o apoio de editoras científicas, como as do grupo Nature, interessadas em melhorar o fluxo e fidedignidade dos metadados (dados sobre os dados) de artigos científicos e facilitar o trabalho dos editores e revisores na avaliação de manuscritos. Várias universidades se juntaram à iniciativa, como Harvard e o Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), nos Estados Unidos. “A Boston University adotou o Orcid não só para seus professores e pesquisadores, mas até mesmo para alunos de graduação. Com isso, busca avaliar a produção dos egressos e acompanhá-los em sua trajetória profissional”, diz Antonio Neves.
Em países como Portugal e Itália, o Orcid foi adotado por órgãos de governos para identificar a produção dos pesquisadores. O recurso ganha adeptos no Reino Unido, onde o Higher Education Funding Council for England (Hefce), um dos órgãos responsáveis pela cara e minuciosa avaliação das universidades que acontece a cada cinco anos, passou a encorajar pesquisadores a criarem seus registros e tornarem mais visível sua produção. Instituições de fomento, como os Institutos Nacionais de Saúde, dos Estados Unidos, e o Welcome Trust, do Reino Unido, introduziram o registro em seus sistemas de avaliação e passaram a exigir o número de identificação dos pesquisadores que apresentam pedidos de financiamento.
Para Abel Packer, coordenador da biblioteca digital brasileira SciELO, que reúne 280 revistas em regime de acesso aberto, a adoção do Orcid é uma tendência irreversível, mas a velocidade com que isso acontece ainda é lenta. “O crescimento tem sido constante, mas não foi o boom que se esperava”, afirma. O formulário de submissão de manuscritos de mais de uma centena de revistas do SciELO tem um campo opcional para a inclusão do Orcid. “Mas apenas 5% dos autores informam seus dados, proporção que se repete em revistas de outros países”, afirma. O ideal, diz Packer, é que revistas científicas e agências de fomento tornassem obrigatória a inclusão do registro. “O Orcid só se tornará consenso, como o sistema de identificação DOI se tornou para identificar artigos científicos, se for obrigatório. A grande adesão à Plataforma Lattes se deu quando ela se tornou mandatória para os estudantes de pós-graduação e docentes”, afirma. “Mas muitas revistas científicas resistem em exigir o registro porque temem espantar autores.”
A consolidação do Orcid é lenta, na avaliação de Packer, porque muitos autores ainda não perceberam a utilidade no uso do registro assim como as universidades, editoras e agências. “Um grande contingente de pesquisadores mantém perfis em redes sociais científicas, como o ResearchGate, a Academia.edu e o Mendeley, onde reúnem e tornam públicos seus trabalhos científicos. Para muitos deles, inscrever-se no Orcid é apenas uma tarefa a mais para atingir o mesmo objetivo”, diz.
Para Packer, um passo fundamental para disseminar o Orcid no Brasil é integrá-lo à Plataforma Lattes. “Para os pesquisadores brasileiros, seria bastante útil se a informação que eles já registraram no currículo Lattes fosse recuperada de forma automática pelo Orcid”, afirma o coordenador do SciELO, para quem o Lattes precisa urgentemente se reinventar. “A plataforma brasileira precisa de uma inovação radical para não ficar para trás. Desenvolveu-se como uma base de currículos única e exemplar no mundo, mas nos últimos anos deveria ter se tornado uma rede social por meio da qual os pesquisadores pudessem fazer networking e trabalhar em redes, a exemplo do que aconteceu com Mendeley ou ResearchGate. A perda de espaço do Lattes e as barreiras que se impõem ao acesso e intercâmbio de dados é algo trágico e revela a dificuldade do Brasil em inovar”, afirma.

Tinker Visiting Professorship na Columbia University: até 10/04/2016

Request for Statements of Interest
Tinker Visiting Professorship

Deadline: April 10, 2016 for 2017-2018 Academic Year
 
About the Tinker Visiting Professorship

Columbia University is one of five major universities to have a professorship endowed by the Edward Larocque Tinker Foundation. The goal of the Tinker Visiting Professor program is to bring to the campus pre-eminent scholars and professionals (journalists, writers, artists, public officials, etc.) who are citizens of Latin America or the Iberian Peninsula, and reside in the region, as a means of encouraging contact and collaboration.  Please note that citizens of Canada may apply as long as they are considered Latin Americanists.

Since the inception of the Tinker program in 1971, Columbia has hosted many distinguished visitors for one-semester periods of residence. These guests have strengthened our curriculum offerings on Latin America, complemented departmental strengths, and contributed to understanding of Latin American issues. During this 2015-2016 academic year, Sociologist Gabriel Kessler of Universidad Nacional de La Plata in Argentina, and Historian Javier Garciadiego of El Colegio de México, were our resident Tinker Professors.

A Tinker Visiting Professor offers to teach (or co-teach) one course - a mixed graduate/undergraduate class in his/her field of expertise. The visitor is asked to also give two public lectures. The Tinker Professor will be supported by a stipend, office space at the Institute of Latin American Studies, assistance in arranging Columbia housing, roundtrip airfare from home country, and part-time research assistance. Funding can also be made available to support conferences or other events at the University related to the visitor’s fields of interest during or following their semester of residence.

The Institute of Latin American Studies (ILAS) administers the Tinker Professor Program on behalf of Columbia University. For more information, contact Esteban Andrade (eaa2127@columbia.edu).

Application Process
Potential applicants are invited to submit a brief statement of interest. The statement should explain the qualifications of the candidate, his or her research concentration and the specific goals of the visit to Columbia University (1-2 pages in total), as well as a current and summarized curriculum vita.  The Executive Committee of the Institute of Latin American Studies will review these proposals by May 1 and invite a limited number of candidates to submit a full application.  This application will include a personal statement describing their research and proposed teaching areas, with the description of one course, a complete vita and the names of two references.

Esteban Andrade
Program Manager
Institute of Latin American Studies
& Center for Brazilian Studies
Columbia University
420 West 118th St, 828-B
New York, NY 10027
P: 212-854-4644
F: 212-854-4607

quinta-feira, 7 de janeiro de 2016

A OMC e os desafios do Sistema Multilateral de Comercio - Meridiano 47

Publicado na nova página do IBRI-RBPI, com texto assinado com Rogerio de Souza Farias, neste link: http://www.ibri-rbpi.org/?p=13669
Paulo Roberto de Almeida

Nota Liminar: A OMC e os desafios do Sistema Multilateral de Comércio


Em 1995, entrou em funcionamento a Organização Mundial do Comércio (OMC) — um dos muitos resultados da Rodada Uruguai de negociações comerciais multilaterais (1986-1994), que colocou em vigor diversos atos multilaterais e alguns plurilaterais, entre eles o acordo constitutivo da OMC. A nota liminar à edição especial do Boletim Meridiano 47, elaborada por Rogério de Souza Farias e Paulo Roberto de Almeida, situa a importância do debate e da produção científica sobre o tema. 
A criação da OMC não correu em um vácuo organizacional. Ao final da Segunda Guerra Mundial, uma série de encontros tentou criar uma Organização Internacional do Comércio (OIC). No encontro preparatório de Genebra, em 1947, os negociadores decidiram aproveitar a oportunidade para entabular a primeira rodada de cortes tarifários do pós-guerra, já incorporando os princípios da não-discriminação, do tratamento nacional, da reciprocidade e, mais importante, uma cláusula de nação-mais-favorecida com poucas exceções. Para regular e proteger os resultados dessas negociações, foi instituído um Acordo Geral sobre Tarifas Aduaneiras e Comércio (GATT), que vigoraria provisoriamente até a criação de uma organização internacional especificamente dedicada ao comércio, o que completaria o tripé institucional da ordem econômica multilateral do pós-guerra, iniciada pelos capítulos monetário e financeiro em Bretton Woods, em julho de 1944. Ao cabo de uma longa conferência diplomática realizada em Havana, de novembro de 1947 a março de 1948, foi criada a Organização Internacional de Comércio (OIC), incorporando todo o conteúdo do acordo negociado em Genebra, e diversos outros dispositivos relativos a emprego, a investimentos e regras institucionais. O Congresso americano, no entanto, falhou em aprovar a Carta de Havana: o resultado foi o funcionamento provisório GATT, a partir de 1948, até a criação da OMC. Arranjos ad hoc permitiram a instalação de um secretariado, dirigido por um Diretor Geral (geralmente europeu), ademais de arranjos incipientes para a solução de controvérsias comerciais entre as Partes do acordo.

Paulo Roberto de Almeida, diplomata de carreira, é professor do Programa de Pós-Graduação em Direito do Centro Unificado de Brasília – Uniceub (paulomre@gmail.com);
Rogério de Souza Farias é visiting fellow da University of Chicago e do Lemann Institute for Brazilian Studies da University of Illinois at Urbana-Champaign, Estados Unidos.

Mapa das capitanias hereditarias ganha nova cara - Revista de Historia da Biblioteca Nacional

Mapa das capitanias hereditárias ganha nova cara

Refeito recentemente, mapa das capitanias hereditárias ganha nova cara, 150 anos depois da publicação de sua versão mais conhecida
Por questões políticas, o rei Dom João III autorizou a colonização do Brasil 30 anos após a chegada de Pedro Álvares Cabral a este lado do Atlântico. Em 1533, a Coroa decidiu repartir as terras do além-mar entre 15 capitães donatários, gente que não tinha grande fortuna ou negócios na metrópole, mas que teria condições de administrar a nova colônia. Assim nasceram as capitanias hereditárias que, durante mais de cem anos, pareciam ser (geograficamente) “uma série de linhas paralelas ao equador que iam do litoral ao meridiano de Tordesilhas”, conforme explicou o historiador Boris Fausto em História do Brasil (1996). Um estudo publicado recentemente, no entanto, contesta a versão clássica do mapa das capitanias presente até hoje em livros didáticos, e mostra que a divisão de terras do norte do país, na verdade, seguia linhas verticais e não horizontais.
O engenheiro Jorge Cintra, professor titular de Informações Espaciais na Escola Politécnica da USP, é o autor da pesquisa que pode mudar a maneira como se visualiza a configuração do Brasil nos primeiros 50 anos de colonização. “Eu comecei a fazer um estudo sobre os limites da região Sul e encontrei alguns erros. Decidi conferir tudo e vi que o maior quebra-cabeça estava no norte”, conta.
Publicado pelo historiador Varnhagen no século XIX, mapa das capitanias hereditárias foi reproduzido e atualizado por cartógrafos ao longo das décadas. (Acervo da Biblioteca Guita e José Mindlin da Universidade de São Paulo, São Paulo)
Ao ter acesso a cópias de documentos originais, como a carta de doação a João de Barros (da capitania do Rio Grande), Cintra pôde perceber que se as linhas dos segmentos do norte seguissem para oeste, o rei estaria repassando pedaços de mar a alguns donatários. E, além disso, se mantivessem o ritmo, em paralelo, jamais se cruzariam, conforme sugere a seguinte declaração do rei de Portugal: “Léguas se estenderão e serão de largo ao longo da costa e entrarão na mesma largura pelo sertão e terra firme adentro tanto quanto puder entrar e for de minha conquista, que não sejam por mim providas a outro capitão”.
Temístocles Cézar, professor do Departamento de História da UFRGS, diz que o estudo de Cintra é “mais do que uma nova cartografia”, é uma “forma de entender o que já existe através de um exercício de desconstrução original, erudito e consistente, sem fechar a questão, mas colocando-a em um patamar mais sofisticado de argumentação”. Um tipo de estudo que não é muito realizado no Brasil.
O mapa com que Cintra dialoga – usado nos livros didáticos – foi feito no século XIX pelo historiador Francisco Adolfo de Varnhagen (1816-1878), responsável em grande parte pela construção de uma visão de Brasil que prevalece até hoje. Para desenhar aquele mapa Varnhagen teria recorrido a uma cartografia de Luis Teixeira, de 1586, quando a configuração do que viria a ser o território brasileiro já era diferente. Especialista nas publicações deste grande pioneiro da historiografia brasileira, Cézar comenta que, “no caso de Varnhagen, em que pesem o número de críticas que recebe desde a publicação da História geral do Brazil  [1854-1857] e sua peculiar tendência para a polêmica, ele pouco foi contestado em relação ao material iconográfico e cartográfico de suas produções”.
Cético em relação ao alcance que este estudo pode ter, o historiador Guilherme Pereira das Neves, da UFF, opina que talvez o redesenho leve muito tempo para ser conhecido pelo grande público. “O resultado do mapa é importantíssimo, mas acho que difícil que deem importância a isso. É um tipo de resultado que se tem na história que não representa uma nova teoria. É uma correção de rumo”. Para ele, existe “um problema específico de como o Brasil lida com sua história”. Exemplo disto seria “a pouca importância que se dá a essa história. Há exemplos de best-sellers que romanceiam personagens e eventos [do nosso passado], mas que repetem os grandes jargões. Não existe preocupação em provocar o leitor a pensar uma coisa diferente. Portanto, a história não tem função crítica no Brasil, é uma memória identitária”.Mapa redesenhado pelo engenheiro Jorge Cintra mostra que as capitanias do norte da colônia eram divididas de forma vertical e não horizontal, como se pensava.
Para além deste problema estrutural da relação do país com seu passado, se existe uma esperança de que a releitura chegue ao grande público, ela vai demorar ao menos três anos para se materializar, já que a seleção do MEC de material didático para a rede pública de ensino (refeita neste intervalo de tempo) acabou de ser concluída. Por enquanto, não há indícios de que editoras deste tipo de livro publicarão o estudo em suas páginas.

quarta-feira, 6 de janeiro de 2016

O Imperio do Algodao, livro de Sven Beckert (Delanceyplace)

Já li este livro e já postei aqui mini-trechos relativos ao Brasil traduzidos por mim. 
Quem quiser ler basta colocar palavras-chave no instrumento de busca.
Paulo Roberto de Almeida 

Today's selection -- from Empire of Cotton by Sven Beckert. As with sugar before it, and steel, coal and oil after, there was a time during the 1800s that cotton was the most important commodity on the globe, powered by breakthroughs in technology such as the jenny, the water frame, and Eli Whitney's cotton gin which alone increased productivity by a factor of fifty:

"[In 1860, the] cotton manufacturers and merchants [of Manchester, England] had reason to be smug: They stood at the center of a world-spanning empire -- the empire of cotton. They ruled over factories in which tens of thousands of workers operated huge spinning machines and noisy power looms. They acquired cotton from the slave plantations of the Americas and sold the products of their mills to markets in the most distant corners of the world. The cotton men debated the affairs of the world with surprising nonchalance, even though their own occupations were almost banal -- making and hawking cotton thread and cloth. They owned noisy, dirty, crowded, and decidedly unrefined factories; they lived in cities black with soot from coal-fueled steam engines; they breathed the stench of human sweat and human waste. They ran an empire, but hardly seemed like emperors.

"Only a hundred years earlier, the ancestors of these cotton men would have laughed at the thought of a cotton empire. Cotton was grown in small batches and worked up by the hearth; the cotton industry played a marginal role at best in the United Kingdom. To be sure, some Europeans knew of beautiful Indian muslins, chintzes, and calicoes, what the French called indiennes, arriving in the ports of London, Barcelona, Le Havre, Hamburg, and Trieste. Women and men in the European countryside spun and wove cottons, modest competitors to the finery of the East. In the Americas, in Africa, and especially in Asia, people sowed cotton among their yam, corn, and jowar. They spun the fiber and wove it into the fabrics that their households needed or their rulers demanded. As they had for centuries, even millennia, people in Dhaka, Kano, and Teotihuacán, among many other places, made cotton cloth and applied beautiful colors to it. Some of these fabrics were traded globally. Some were of such extraordinary fineness that contemporaries called them 'woven wind.'

Men, women and young children worked in the cotton mills in Lancashire, England

"Instead of women on low stools spinning on small wooden wheels in their cottages, or using a distaff and spinning bowl in front of their  hut, in 1860 millions of mechanical spindles -- powered by steam engines and operated by wage workers, many of them children -- turned for up to fourteen hours a day, producing millions of pounds of yarn. Instead of householders growing cotton and turning it into homespun thread and hand-loomed cloth, millions of slaves labored on plantations in the Americas, thousands of miles away from the hungry factories they supplied, factories that in turn were thousands of miles removed from eventual consumers of the cloth. Instead of caravans carrying West African cloth across the Sahara on camels, steamships plied the world's oceans, loaded with cotton from the American South or with British-made cotton fabrics. By 1860, the cotton capitalists who assembled to celebrate their accomplishments took as a fact of nature history's first globally integrated cotton manufacturing complex, even though the world they had helped create was of very recent vintage.

"But in 1860, the future was nearly as unimaginable as the past. Manufacturers and merchants alike would have scoffed if told how radically the world of cotton would change in the following century. By 1960, most raw cotton came again from Asia, China, the Soviet Union, and India, as did the bulk of cotton yarn and cloth. In Britain, as well as in the rest of Europe and New England, few cotton factories remained. The former centers of cotton manufacturing -- Manchester, Mulhouse, Barmen, and Lowell among them -- were littered with abandoned mills and haunted by unemployed workers. Indeed, in 1963 the Liverpool Cotton Association, once one of cotton's most important trade associations, sold its furniture at auction. The empire of cotton, at least the part dominated by Europe, had come crashing down."


Empire of Cotton: A Global History
Author: Sven Beckert
Publisher: Vintage Books, a division of Penguin Random House LLC
Copyright 2014 by Sven Beckert
Pages: x-xi





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