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sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Mantega: os impostos nao sao altos no Brasil (sic, sic, sic...)

IstoÉ Dinheiro
Nº EDIÇÃO: 748 | Capa | 03.FEV.12 - 21:00 | Atualizado em 14.02 - 10:47

O plano de Mantega para garantir o crescimento

O ministro da Fazenda conta à DINHEIRO como pretende proteger a economia brasileira e assegurar um aumento de 4,5% do PIB em 2012, ano em que as incertezas ainda dominam o cenário mundial.

Por Denize BACOCCINA, Carla JIMENEZ e Guilherme BARROS

Exclusivo: Clique e confira a entrevista de Guilherme Barros com o ministro da Fazenda, Guido Mantega


Nem mesmo a pane no jato que o levaria de volta a Brasília, na manhã da terça-feira 31, foi capaz de abalar o bom humor de Guido Mantega. Ao final de uma longa conversa com a DINHEIRO na Base Aérea de Congonhas, em São Paulo, o ministro da Fazenda olhou para a parafernália eletrônica da reportagem sobre a mesa à sua frente e brincou: “Cuidado para não levar o meu iPad por engano. Aqui tem segredos de Estado”. Um dos segredos mais bem guardados no tablet do ministro é a natureza dos cortes que o governo irá fazer no Orçamento de 2012 para garantir o equilíbrio das contas públicas. A decisão, que tomou boa parte do seu tempo na semana passada, é essencial para garantir a relativa tranquilidade com que o Brasil tem atravessado a crise dos países ricos. 
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Guido Mantega: "2012 será o ano do investimento. Queremos que o setor privado seja protagonista"
Ele não comenta as estimativas de analistas que apontam para uma redução de até R$ 60 bilhões nas despesas da União. Mas ressalta que não abre mão de manter o superávit primário (economia para pagar juros) em 3,1% do PIB, uma das principais armas em seu plano de voo para proteger o País das turbulências externas. Nesse ponto, nada muda na política econômica. “O Brasil faz superávit primário há 12 anos consecutivos”, afirma. “É uma situação consolidada. Nunca fomos tão respeitados.” Mas Mantega quer ir além e fortalecer ainda mais a economia neste ano. A ordem da presidenta Dilma Rousseff, que Mantega seguirá à risca, é garantir o crescimento do PIB entre 4% e 5% neste segundo ano de mandato. Em 2011, a soma das riquezas produzidas no País aumentou 3%. 
Isso depois de atingir 7,5% em 2010. Acertar o passo em torno de 4,5% é uma meta ousada, num momento em que a Europa enfrenta a perspectiva de recessão, os Estados Unidos tendem a andar de lado e a Ásia, especialmente a China, deverá desacelerar, segundo as previsões da maioria dos economistas do mercado financeiro. Mesmo com a crise lá fora, Mantega acredita que o Brasil conseguirá evitar a contaminação e tem os instrumentos para ditar a velocidade do crescimento da atividade econômica. “Não há uma blindagem, porque a economia mundial é toda interconectada”, diz ele. “Mas nós temos um domínio maior do ritmo de crescimento que queremos imprimir. Nós ganhamos essa autonomia.” A fórmula dessa calibragem é continuar a redução dos juros para um dígito, de um lado, e acelerar os investimentos, de outro. 
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Canteiro de obras: usina de Santo Antônio, prédios do "Minha casa minha vida"
e refinaria da Petrobras: projetos do PAC são prioridade do governo neste ano.
O Banco Central reduziu a taxa básica Selic em mais meio ponto percentual em janeiro, para 10,5% ao ano, e deve promover novos cortes nos próximos meses. E a Fazenda deve coordenar as medidas para estimular os investimentos públicos e privados. “2012 será o ano do investimento”, afirma Mantega. Nos últimos três anos, o estímulo ao consumo e o fortalecimento do mercado interno foram vitais para o Brasil driblar os efeitos da crise internacional. O País incluiu 50 milhões de pessoas no mercado consumidor e, em dezembro passado, o desemprego já havia caído para 4,7%, a menor taxa da história. Agora, o governo aposta no investimento como o motor do desenvolvimento. São os recursos produtivos, tanto públicos quanto privados, que vão modernizar a infraestrutura e preparar o parque industrial para o crescimento dos próximos anos. 
Projetos de logística, energia e habitação encabeçam a lista de prioridades desse pacote de crescimento, que inclui as obras do PAC e medidas de desoneração tributária (veja mais detalhes nos quadros). Na semana passada, a agenda de Mantega começou com uma reunião em São Paulo – onde mora a família e ele tem despachado às segundas e sexta-feiras. Na tarde da segunda-feira, ele reuniu-se com representantes da Caixa, do Banco do Brasil e de construtoras para pedir o empenho de todo o setor para acelerar a construção das unidades do programa habitacional “Minha Casa Minha Vida”. O setor de construção civil é um dos que mais cresceram nos últimos anos, mas o governo acha que as obras do programa que pretende construir e entregar 2,5 milhões de residências até 2014 podem andar mais depressa. 
No esforço para distanciar o Brasil da crise que já reduziu as exportações para a Europa, os dias do ministro da Fazenda têm sido divididos entre medidas para estimular a economia brasileira, proteger as empresas nacionais da concorrência dos importados e cortar as despesas. Na primeira tarefa, a parceria é com o ministro do Desenvolvimento, Fernando Pimentel. No difícil trabalho de cortar gastos, a parceira é a ministra do Planejamento, Miriam Belchior – que na quarta-feira 1º deixou Brasília para fazer exames em São Paulo por causa de uma crise de hipertensão. O governo tem até o dia 17 de fevereiro para apresentar os números. Até lá, as equipes de Mantega, Pimentel e Miriam Belchior negociam incentivos e cortes. Mantega já decidiu que o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) terá um novo aporte do Tesouro, mas o volume será menor do que o do ano passado, de R$ 45 bilhões. 
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O BNDES é fundamental na estratégia de crescer 4,5% em 2012. O banco foi um dos grandes financiadores de fusões entre empresas, como a BRFoods, na política de criação de “campeões nacionais” do governo Luiz Inácio Lula da Silva. Agora, vai privilegiar os financiamentos para melhorar a infraestrutura do País, uma das condições básicas para se garantir um crescimento sustentado. No ano passado, esses financiamentos representaram 40% dos desembolsos de R$ 139,7 bilhões. Somente os projetos de energia elétrica e logística (as grandes obras de transportes) somaram R$ 18,7 bilhões, num total de 155 empreendimentos. Para este ano, o diretor da área, Roberto Zurli Machado, prevê que o segmento terá financiamentos de R$ 23,4 bilhões e uma fatia maior do bolo, que não deve crescer. 
A novidade é que o BNDES quer entrar também como sócio nas obras de infraestrutura, e não apenas como financiador. “Os projetos precisam de financiamento e de capital também. Por isso vamos entrar mais nisso, olhando as necessidades de cada projeto”, afirmou Machado. Projetos não faltam. O que faltou, nos últimos anos, foi mais velocidade para tirá-los do papel. No ano passado, o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) só conseguiu gastar R$ 28 bilhões. Neste ano, o governo garante que vai executar todo o orçamento, superior a R$ 40 bilhões. São obras importantes, como novas usinas hidrelétricas, rodovias, ferrovias, projetos de saneamento básico, portos e aeroportos. Em todos esses setores, a parceria com o setor privado é fundamental. 
Nos planos do governo, os investimentos privados devem chegar a 17% do PIB, enquanto os do setor público, incluindo as estatais, aumentariam de 2,8% do PIB em 2011 para algo entre 3% e 3,5% em 2012. É o bom e velho desenvolvimentismo, mas com uma ênfase diferente na participação dos agentes econômicos. “No passado era só o Estado que investia, e o setor privado era um coadjuvante”, diz o ministro. “Agora nós queremos que o setor privado seja o protagonista.” Há muito espaço a ser ocupado pelos empresários. Um levantamento do economista Carlos Campos, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), mostra que a maioria das obras do PAC realizadas no ano passado estava apoiada em três frentes: os projetos patrocinados pela Petrobras, pela Caixa (para financiar os mutuários do “Minha Casa Minha Vida”) e pelo do BNDES. 
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O setor privado participou com 18% dos recursos necessários para o PAC, mas também com grande suporte do BNDES. Para alterar esse quadro, o governo vem estimulando, desde o fim de 2010, a criação de instrumentos financeiros que garantam o crédito ao setor de infraestrutura. “Os bancos privados já levantaram R$ 150 bilhões em letras financeiras e estão se preparando para financiar projetos de infraestrutura”, diz Mantega. Apetite para entrar no jogo não falta ao setor, garante Silvania Del Barrio, superintendente de Project Finance do Itaú BBA. Que venham as grandes obras. “Ainda não estamos vendo o número de projetos que gostaríamos de ver”, diz Silvania. Alguns fatores explicam esse desencontro entre oferta e demanda de recursos. 
E um deles é a falta de cultura do País de investir em empreendimentos de longo prazo, como os de infraestrutura. “O governo pode dar o norte, mas quem dá o ritmo dos negócios são as agências reguladoras”, diz Robertson Emerenciano, advogado especializado em infraestrutura. Licenças ambientais e autorizações de uso de solo ou de espaço dependem de uma coordenação nos órgãos públicos, que ainda está se acomodando na economia brasileira. “É preciso destravar a burocracia para emitir licenças ambientais”, diz Wagner Cardoso, secretário-executivo da Confederação Nacional da Indústria (CNI). “Para liberar autorizações, pedem até a foto do Pelé”, dramatiza. Muitos projetos dependem, ainda, de concessões, ou marcos regulatórios que estão em fase de ajuste, como no caso de saneamento básico ou do setor ferroviário. 
“Entrar no setor de ferrovias ainda é difícil, pois os projetos têm maturação de 30 anos. Mas o mercado quer retorno de dez anos”, diz Renato Mazzola, diretor da divisão de Investimentos em Infraestrutura do BTG Pactual. Se por um lado a carência brasileira desanima, ela é também sinônimo de oportunidades de negócios para quem busca alternativas de lucro, principalmente quando a economia global está patinando. Mazzola conta que já conversou com 160 investidores estrangeiros, interessados em projetos na área. “Se compararmos o Brasil com os demais Brics, ainda somos a Suíça em termos de regulação”, afirma o executivo. Um bom termômetro da atração pelo País será o leilão dos primeiros aeroportos, que acontece na segunda-feira 6. Onze consórcios disputam o controle dos terminais de Guarulhos e Viracopos, em São Paulo, e o aeroporto Juscelino Kubitschek, em Brasília. 
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“Teremos um ágio interessante para o governo, que tornará as próximas rodadas de concessão ainda mais atraentes”, diz Renato Mazzola. O BNDES também vai financiar parte dos investimentos – até 80% do que for gasto no Brasil. Mas o plano do ministro Mantega não é apenas de investimentos em obras de infraestrutura. Ele lembra que as montadoras de veículos instaladas no País vão investir U$S 20 bilhões na ampliação de suas atividades até 2014. “Graças aos cuidados que nós tomamos, senão eles iriam investir em outro lugar”, afirmou o ministro. No dia 15 de dezembro do ano passado, o governo aumentou em 30 pontos percentuais o IPI sobre carros importados. Embora polêmica, a medida foi celebrada por outros segmentos da economia, que compõem a cadeia de fornecedores do setor automobilístico. 
“Se querem vender aos brasileiros, então que venham produzir aqui”, diz Carlos Fadigas, presidente da petroquímica Braskem. Fadigas acredita que a boa fase da economia brasileira deve ser aproveitada internamente, principalmente depois do crescimento de apenas 0,3% no setor industrial em 2011. “É legítimo investir numa cadeia nacional de veículos, assim como numa rede de fornecedores locais da Petrobras”, diz ele. As decisões de investimento da Braskem também levaram em conta essas prioridades do governo. Com US$ 5 bilhões em caixa para os projetos dos próximos cinco anos, a petroquímica deve inaugurar, em 2012, duas fábricas, uma de PVC, em Alagoas, e outras de intermediário de borracha (butadieno), no Rio Grande do Sul – esta última visa a atender ao crescimento do mercado automotivo brasileiro. A empresa de logística Ceva também se beneficia da expansão da indústria automotiva e já prevê crescimento de dois dígitos em 2012, ancorado, em parte, na expansão das plantas da Ford e da Volkswagen, no Nordeste. 
“Vamos fazer o maior investimento dos últimos três anos em gestão de pessoas”, diz Caio Najm, diretor-geral da Ceva, que pretende ampliar em 10% o quadro de funcionários para atender à demanda. O economista-chefe do Banco Bradesco, Octávio de Barros, observa que, na prática, o ciclo de investimentos privados no País nunca foi de fato interrompido desde 2005. “O cenário global adverso apenas gerou uma recalibragem dos projetos de investimento, mas eles não foram abandonados”, diz Barros, que acredita na recuperação do setor industrial este ano, apesar da sobreoferta dos produtos manufaturados no mundo. Para ele, a meta de crescer 4,5% não é impossível, pois o “fundo do poço” da desaceleração da economia ficou em outubro. A pesquisa do Banco Central com economistas de bancos e consultorias mostra que o mercado prevê um crescimento de 3,27% para este ano. 
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A meta de crescimento do governo também parece factível para o presidente da DHL Express Brasil, Joakim Thrane. “Mas não devemos olhar o mercado doméstico como único foco”, diz Thrane. “É preciso trabalhar uma estratégia de comércio exterior mais aberta e agressiva.” O ministro Guido Mantega lembra que o País conseguiu diversificar os destinos de suas exportações, o que reduziu a dependência da Europa, por exemplo. Com o dólar desvalorizado, no entanto, o problema ganhou força. Em janeiro, a balança comercial teve um déficit de US$ 1,29 bilhão, o maior para um mês de janeiro. Por isso, o governo quer tomar providências para proteger o mercado brasileiro. Uma das medidas em análise é uma salvaguarda temporária que vai instituir a cobrança do imposto de importação de produtos têxteis por peça e não por valor, e pode impedir a entrada de mercadorias subfaturadas. 
O governo também quer romper o acordo automotivo com o México, por causa do déficit comercial neste setor e de suspeitas de que peças e partes que entram como mexicanas sejam na verdade produzidas em outros países. Apesar das reclamações da indústria, o nível de utilização da capacidade instalada aumentou para 83,7% em janeiro, próximo ao patamar histórico de 84,1% de julho do ano passado. Neste cenário de plena utilização da indústria, são muito bem-vindos novos investimentos no aumento da capacidade produtiva da indústria brasileira, para que o governo não seja obrigado a esfriar de novo a economia quando ela voltar a aquecer. Se o plano de Mantega der certo, quem sabe seu próximo iPad será fabricado no Brasil.
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“O Brasil será um caso à parte em 2012”
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, fala sobre as medidas que o governo já adotou para garantir o crescimento de 4,5% na economia neste ano e destaca a importância do setor privado para aumentar o volume de investimentos no País. Confira os principais trechos da entrevista:
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Como o sr. pretende blindar a economia brasileira da crise global?
Não há uma blindagem, mas estamos protegendo a economia brasileira. No passado, ela foi muito dependente dos Estados Unidos e da Europa, mas diversificamos muito os parceiros comerciais. Hoje, dependemos muito mais do mercado interno. Enquanto a Europa vai ficar próxima da recessão, os Estados Unidos vão crescer no máximo 2% e a Ásia vai desacelerar, nós vamos crescer mais do que no ano passado. Estou prevendo 4,5%. Seremos um caso à parte. No ano passado, queríamos desacelerar, porque havia um fenômeno mundial de inflação que poderia contagiar o Brasil. Fizemos política monetária e fiscal restritivas. Neste ano, revertemos essas medidas, soltamos o crédito, baixamos o IOF e reduzimos o IPI para alguns produtos.
O nível de tributação no Brasil ainda é muito elevado. Não está na hora de uma mudança? O turista brasileiro que vai para Miami paga um décimo do valor cobrado aqui nos produtos que compra.
Não acho que a carga tributária seja elevada. Ela tem caído. O que aconteceu é que as empresas estão pagando mais Imposto de Renda porque tanto a formalização quanto a fiscalização da Receita aumentaram. Quem já pagava, agora paga menos. O investidor e o empresário estão pagando menos. Há menos IPI, menos PIS/Cofins, para alguns setores. Reduzimos o prazo de depreciação dos equipamentos. Também reduzimos a apropriação do prazo do PIS/Cofins. Temos desonerado bastante.
Qual é o efeito cambial?
A desvalorização do dólar é de mais de 50%. Então, lá fora tudo fica mais barato. Há um desespero dos produtores. O pavor de Ben Bernanke, presidente do Fed, é a deflação. Além do mais, os Estados Unidos não produzem mais nada, trazem tudo de fora. Por isso fica barato. Foi assim que desestruturaram a indústria. Não queremos isso aqui. O câmbio é a maior arma comercial que nós temos hoje.
E o que o governo pode fazer para atacar esse problema?
O governo tem de atuar no câmbio, e estamos fazendo isso. Não dá para fazer milagre. Tanto os Estados Unidos quanto a Europa estão com a moeda desvalorizada. Vários países têm juro real negativo. Estamos com o câmbio melhor do que antes, porque tomamos medidas eficazes, como o IOF. Tomamos medidas de defesa comercial, como o IPI dos carros. A importação já está caindo.
As montadoras podem subir o preço? Há acordo para evitar isso?
Quando aumentamos o IPI, fizemos um acordo para não subir os preços. Se subir, a gente reverte. Não permitiremos que o consumidor brasileiro seja prejudicado.
Os preços não cairiam mais para o consumidor se o mercado fosse livre?
Se o mercado fosse livre, iria acabar com a indústria nacional. Só haveria produção na China, na Coreia, e o Brasil se tornaria só um grande importador. Voltaríamos ao Brasil da Primeira República. 
O sr. acha natural a remessa dos lucros das montadoras? Não deveria haver uma maior contrapartida, com investimento delas no Brasil?
O Brasil é um país que tem regras do jogo bem claras em relação ao investimento externo. Não podemos impedir a remessa de lucros e dividendos. As remessas no ano passado foram de US$ 38 bilhões, mas entraram US$ 66,6 bilhões de investimentos externos A indústria automobilística tem um plano de investimento de US$ 20 bilhões até 2014, graças a essas medidas que nós tomamos. 
Qual é a sua visão sobre o futuro do capitalismo?
O capitalismo precisa ser sempre reinventado. Onde está dando mais certo? Nos países que adotaram o capitalismo de Estado. Não vamos comparar o Brasil com a China, onde 80% da economia está sob controle do Estado. Mas o Brasil tem bancos públicos também, o Brasil tem financiamento público. O que está em crise é o capitalismo liberal clássico, o capitalismo da desregulamentação financeira, que nos levou a esta crise toda. Modestamente, acho que uma das formas mais eficientes de capitalismo é a do Brasil. É um capitalismo que traz diretamente benefícios à população. Estamos longe do modelo europeu de desenvolvimento, mas estamos a caminho de alcançá-lo.
O sr. está feliz no cargo? É bom ser ministro da Fazenda neste momento?
É bom. E sabe por quê? Porque gosto de desafios. Eu não tenho me entediado no cargo. Os resultados são muito satisfatórios. A classe E diminuiu sensivelmente e estamos conseguindo dar emprego para todo mundo que quer emprego. Me dá uma grande satisfação ser ministro de uma economia que não está arrochando salário, não está desempregando gente, que paga dívida.
O que falta?
Muita coisa. Falta termos todo mundo na classe B, na classe A. Falta a renda per capita ser de US$ 40 mil, e não de US$ 12 mil. Não temos o padrão da população japonesa, da população americana. Mas a vida está melhorando.
Diante disso, a reeleição da presidenta Dilma está garantida?
Ninguém está pensando em eleição. Temos um ano de governo e temos de pensar em consolidar essa situação. Estamos na rota do desenvolvimento sustentável.

Colaborou: Luís Artur Nogueira

Pausa para... um dos irmaos Marx, este legítimo...

Blog do Além
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PÁ DE KARL
No começo, era tudo lindo. Eu deixava a barba crescer e logo a dele aparecia comprida também. Eu tuitava e, em seguida, ele dava um RT. Fazíamos tudo juntos, pensávamos parecido. Tinha gente que achava que eu me chamava Marx &, de tanto ouvir nossos nomes andarem juntos. Outros, que consideravam ossas ideias um tanto quanto nonsense, nos apelidaram de irmãos Marx. Qualquer coisa que um escrevia, mesmo que o outro nem tivesse dado palpite, ambos assinavam. Éramos assim tipo Lennon & McCartney. Aliás, seguindo nessa comparação, uma amiga dizia que o papel de Ringo cabia a Stalin, mas eu acho isso uma maldade com o Stalin.

Porém, em determinado momento, Marx me surpreendeu. Disse que se sufocado, que precisava de mais espaço para expressar suas ideias. Insinuou que fosse a hora de partir para uma carreira solo. E finalizou revelando que nossa produção, até então, muito panfletária.

Fiquei atônito, confuso. Não entendi que naquele momento estava se erguendo o muro de Berlim de nossa amizade. Como bom materialista, ainda teve coragem de me pedir uma grana emprestada, prometendo que, em alguns anos, aquilo viraria O Capital. Dei o dinheiro, não sou de perder uma oportunidade.

De Lennon & McCartney passamos a Roberto e Erasmo, comigo, obviamente, a fazer o papel de Tremendão e sem direito a receber homenagens do tipo: você meu amigo de fé meu irmão camarada. A partir daí, nossas carreiras se bifurcaram com visibilidades distintas.

Não sei se a intenção de Marx era a de me alienar da autoria do pensamento fundador da doutrina comunista. Se era esse o seu propósito, mais valia ele o ter deixado claro. O fato é que seu nome é o seu único sinônimo. Ninguém usa engelismo nem mesmo marxengelismo para se referir à concepção materialista e dialética da História. Para isso consagrou-se o termo marxismo. Fiquei relegado aos livros de história. Não figuro em bandeiras, flâmulas, camisetas e pôsteres. Enfim, não entrei para a cultura pop. Infelizmente, a ideia do comunismo virou propriedade privada de Marx.



Aurélio

SOBRE MIM
A revolução ainda se faz necessária. Não podemos confiar apenas na educação das novas gerações para que as mudanças essenciais aconteçam. Taí o Sertanejo Universitário para confirmar essa tese.
SOBRE O BLOG
Eu e o Paulo Skaf fazemos uma dura crítica ao modo de produção capitalista e na forma de como a sociedade se estruturou através desse modo. Buscamos organizar o proletariado como classe social capaz de reverter sua precária situação.
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RAP: Esgotar todos os recursos verbais antes que se consiga atingir um numero razoavel de mortos...


Segurança coletiva

Maria Luiza Viotti
O Globo - 16/02/2012
A defesa do diálogo e da solução pacífica de controvérsias é uma das tradições - no discurso e na prática - da política externa brasileira. Para o Brasil, o uso da força pela comunidade internacional deve ser sempre o último recurso, depois de esgotadas todas as possibilidades da diplomacia e de uma solução negociada. Ações militares implicam elevados custos em vidas humanas, além de outras graves consequências, políticas e econômicas.
Temos insistido em que a ONU priorize ações preventivas e esforços de mediação. Aplaudimos a iniciativa do secretário-geral Ban Ki-moon de estabelecer 2012 como o ano da prevenção.
Como afirmou a presidente Dilma Rousseff em seu discurso na abertura da Assembleia Geral, "o mundo sofre, hoje, as dolorosas consequências de intervenções que agravaram os conflitos, possibilitando a infiltração do terrorismo onde ele não existia, inaugurando novos ciclos de violência, multiplicando os números de vítimas civis. Muito se fala sobre a responsabilidade de proteger, pouco se fala sobre a responsabilidade ao proteger. São conceitos que precisam amadurecer juntos".
O conceito da "responsabilidade de proteger" acaba de completar dez anos desde sua primeira formulação. Foi desenvolvido com o propósito legítimo de evitar que populações sejam vítimas de genocídio, limpeza étnica, crimes de guerra e contra a humanidade.
A recente intervenção armada na Líbia, com a justificativa de proteção de civis, demonstrou a necessidade de aperfeiçoá-lo. Causaram preocupação a extensão da força empregada, a incapacidade de se combinar e calibrar a ação militar com a diplomacia, a interpretação questionável do mandato conferido pelo Conselho de Segurança e a falta de acompanhamento pelo próprio Conselho das ações empreendidas em nome de todos os membros da ONU. Invocou-se a "responsabilidade de proteger", mas faltou "responsabilidade ao proteger".
O Brasil apresentou, em novembro, ao Conselho de Segurança, o conceito de "responsabilidade ao proteger" com os seguintes elementos: a valorização da prevenção e dos meios pacíficos de solução de controvérsias; a excepcionalidade do emprego de meios coercitivos, especialmente o uso da força; a obrigação de que a ação militar não cause danos maiores do que aqueles que tenciona evitar; a observância rigorosa dos mandatos; a importância da proporcionalidade e de limites para o emprego da força, nas circunstâncias excepcionais em que for necessário contemplar o seu uso; e a necessidade de monitoramento e avaliação da implementação das resoluções.
A proposta brasileira tem recebido apoio de muitos países, ONGs e acadêmicos. A missão do Brasil junto à ONU já realizou um amplo debate com embaixadores de 25 países de todas as regiões do mundo e estudiosos do tema. A percepção compartilhada pela grande maioria foi a de que a iniciativa brasileira deu início a uma discussão que se tornou crucial após o episódio da Líbia. Em seminário recente organizado pela Stanley Foundation, com as principais autoridades mundiais no assunto, a iniciativa brasileira foi um dos elementos centrais dos debates, tendo sido bem acolhida e objeto de menção muito positiva por parte do secretário-geral da ONU.
Encorajado pela receptividade ao conceito da "responsabilidade ao proteger", o Brasil deverá organizar um debate na ONU a ser presidido pelo ministro Antonio de Aguiar Patriota.
O apelo político à prevenção, à moderação e à ação criteriosa no exercício da segurança coletiva, por meio da "responsabilidade ao proteger", segue a tradição da diplomacia brasileira. Temos credibilidade para promover esse debate na ONU porque nosso discurso em favor da paz é amparado por atuação que vai além da retórica e valoriza, na prática, a diplomacia e o diálogo. Pretendemos, de forma franca e construtiva, levar adiante esse debate indispensável, com o objetivo de contribuir para o aperfeiçoamento da ação da ONU e para sua maior eficácia na promoção da paz e da segurança internacionais.

Monsanto: uma empresa criminosa (e reincidente...) - Le Monde


Monsanto, un demi-siècle de scandales sanitaires

LEMONDE.FR | 16.02.12 | 10h29   •  Mis à jour le 17.02.12 | 19h12
Ancien géant de la chimie, Monsanto est aujourd'hui le leader mondial des OGM et l'un des premiers semenciers de la planète.
Ancien géant de la chimie, Monsanto est aujourd'hui le leader mondial des OGM et l'un des premiers semenciers de la planète.ASSOCIATED PRESS/JAMES A. FINLEY

La condamnation, lundi 13 février, du géant américain de l'agroalimentaire Monsanto, poursuivi par un petit agriculteur charentais intoxiqué par un herbicide, est une première en France. A l'échelle de l'histoire de la multinationale, centenaire, cette condamnation ne constitue qu'une péripétie judiciaire de plus dans un casier déjà très chargé.

PCB, agent orange, dioxine, OGM, aspartame, hormones de croissance, herbicides (Lasso et Roundup)… nombre de produits qui ont fait la fortune de Monsanto ont été entachés de scandales sanitaires et de procès conduisant parfois à leur interdiction. Mais rien n'a jusqu'ici freiné l'irrésistible ascension de cet ancien géant de la chimie reconverti dans la biogénétique et passé maître dans l'art du lobbying. Portrait d'une multinationale multirécidiviste.
  • Un géant de la chimie… explosif
Depuis sa création en 1901 à Saint-Louis, le petit producteur de saccharine devenu un des principaux semenciers de la planète n'a cessé de défrayer la chronique. Au lendemain de la seconde guerre mondiale, l'explosion accidentelle d'une usine de plastique Monsanto provoquée par celle d'un cargo français chargé de nitrate, qui fit 500 morts à Texas City en 1947, est ainsi restée dans les annales comme l'un des premiers désastres de l'industrie chimique.
Deux ans plus tard, c'est au tour d'une deuxième usine de la firme, à Nitro en Virginie, de partir en fumée. Cette fois-ci, la responsabilité de l'entreprise est engagée. Plus de deux cents ouvriers développent des chloracnés, un trouble aussi rare que sévère de la peau, rapporte Marie-Monique Robin, lauréate du prix Albert-Londres, dans son documentaire Le monde selon Monsanto.
L'accident révèle que le produit phare de la marque, l'herbicide 2,4,5-T, contient des niveaux élevés de dioxines, des substances hautement toxiques et cancérigènes, de composition assimilable à celle des polychlorobiphényles (PCB). La première étude suggérant la dangerosité potentielle de la dioxine était connue de Monsanto dès 1938 : la commercialisation de l'herbicide se poursuivra pourtant pendant près de quarante ans, avant son interdiction dans les années 1970.
Monsanto, qui a dirigé l'usine de Nitro entre 1934 et 2000, a par ailleurs fait l'objet d'une plainte déposée en 2007 par 77 habitants de Virginie atteints de cancer, qui accusent la compagnie d'avoir diffusé "illégalement" de la dioxine dans les environs de l'usine.
  • PCB : le procès de la honte
L'usine de Monsanto à Anniston (Alabama).
L'usine de Monsanto à Anniston (Alabama).DR
En 2001, 3 600 habitants de la ville d'Anniston, en Alabama, attaquent Monsanto pour une contamination aux PCB. Selon un rapport déclassifié de l'Agence de protection de l'environnement des Etats-Unis (EPA), Monsanto a déversé pendant près de quarante ans des milliers de tonnes de déchets contaminés dans un ruisseau et une décharge à ciel ouvert, au cœur du quartier noir de la ville.
La façon dont The Washington Post rapporte l'histoire est édifiante : "Des milliers de pages de documents de Monsanto – dont beaucoup sont estampillés 'CONFIDENTIEL : lire et détruire' – montrent que pendant des décennies, la multinationale a dissimulé ce qu'elle faisait et surtout ce qu'elle savait. En 1966, des responsables de l'entreprise avaient découvert que des poissons immergés dans ce ruisseau se retournaient sur le dos en moins de dix secondes, pissant le sang et perdant leur peau comme s'ils avaient été bouillis vivants. Ils ne l'ont dit à personne", raconte le quotidien américain.
En 1975, une étude menée par Monsanto révèle que le PCB provoque des tumeurs chez le rat. La multinationale décide d'en changer les conclusions, de "légèrement tumorigènes" à "n'apparaît pas cancérigène""Nous ne pouvons nous permettre deperdre un seul dollar" : ainsi se conclut l'un des mémos consultés par TheWashington Post.
Monsanto a finalement été jugée coupable en 2002 d'avoir pollué "le territoire d'Anniston et le sang de sa population avec les PCB". La firme sera condamnée àpayer 700 millions de dollars de dommages et intérêts et à assurer le nettoyage de la ville. Aucune peine de prison n'a été retenue contre les responsables de l'entreprise.
En février 2007, The Guardian révèle que le géant agrochimique a appliqué les mêmes méthodes sur plusieurs sites en Grande-Bretagne entre 1965 et 1972. Le quotidien a eu accès à un rapport gouvernemental montrant que 67 produits, dont l'agent orange, la dioxine et des PCB, ont été identifiés dans une carrière au pays de Galles. En France, la fabrication et l'utilisation des PCB sont interdites depuis 1987.
  • Agent orange : condamné pour "empoisonnement"
Un Vietnamien de 14 ans, victime supposée de l'agent orange.
Un Vietnamien de 14 ans, victime supposée de l'agent orange.AFP/HOANG DINH NAM
Durant ces mêmes années, entre 1961 et 1971, Monsanto produit l'agent orange, constitué à partir de l'herbicide 2,4,5-T, dont la dangerosité est largement connue depuis l'explosion de l'usine de Nitro. Ce défoliant sera massivement déversé par l'aviation américaine au-dessus des forêts vietnamiennes pendant la guerre. Les conséquences se font encore sentir aujourd'hui, avec de nombreux cancers et des malformations de naissance au Vietnam, ainsi que des séquelles diverses chez nombre d'anciens combattants américains.
Dans les années 1970, des vétérans du Vietnam ouvrent une Class Action contre les producteurs de l'agent orange. Monsanto se retrouve, au côté de six autres entreprises, accusé principal d'un procès en réparation pour empoisonnement. En 1987, les sept producteurs de l'agent orange sont condamnés à verser 180 millions de dollars à un fonds de compensation destiné aux soldats américains.
Durant le procès, Monsanto présentera des études scientifiques démontrant l'absence de lien entre l'exposition à la dioxine et les nombreux cancers dont souffraient les vétérans, pour les débouter de leur action. Il sera démontré au début des années 1990 que ces études se fondant sur les conséquences de l'explosion de l'usine de Nitro en 1949 étaient biaisées.
Cette fraude scientifique sera confirmée par le National Research Council, qui constate que les études de Monsanto "souffraient d'erreurs de classification entre les personnes exposées et non exposées à la dioxine, et qu'elles avaient été biaisées dans le but d'obtenir l'effet recherché". L'affaire sera relatée en 1990 par Greenpeace et le chercheur Joe Thornton dans un rapport intitulé Science for Sale.
  • L'herbicide Roundup est-il toxique ?
Souvenez-vous de cette publicité et de ce bon chien Rex : "Roundup ne pollue ni la terre ni l'os de Rex". Elle a valu à Monsanto d'être condamnée deux fois, aux Etats-Unis et en France, pour des mentions mensongères placées sur l'emballage de cet herbicide total (qui élimine toutes les plantes).
En 1975, l'entreprise lance sur le marché Roundup, un herbicide très puissant présenté comme "biodégradable" et "bon pour l'environnement". En 1996, le procureur de New York condamne Monsanto à une amende de 50 000 dollars et au retrait des mentions jugées mensongères. En janvier 2007, la firme est condamnée en France (extrait du jugement) pour les même motifs à… 15 000 euros d'amendes. Roundup est aujourd'hui l'herbicide le plus vendu au monde.
Plusieurs études concordantes affirment pourtant que le pesticide phare de Monsanto – et son principe actif, le glyphosate – est potentiellement tératogène, c'est-à-dire responsable de malformations fœtales. L'une d'entre elles, publiée fin 2010 dans Chemical Research in Toxicology, montre que l'exposition directe d'embryons de batraciens à de très faibles doses d'herbicide à base de glyphosate entraîne des malformations.
Monsanto réfute ces conclusions : "Le glyphosate n'a pas d'effets nocifs sur la reproduction des animaux adultes et ne cause pas de malformations chez la descendance des animaux exposés au glyphosate, même à très fortes doses", affirme la firme sur son site.
Lundi 13 février, le rapporteur du Conseil d'Etat a asséné un nouveau coup dur au produit phare de Monsanto : il enjoint au ministère de l'agriculture d'en analyser la toxicité dans un délai de six mois et de statuer à nouveau sur l'autorisation de mise sur le marché du pesticide.
Paul François, céréalier charentais victime des pesticides, a fait condamner Monsanto en première instance au TGI de Lyon, lundi 13 février.
Paul François, céréalier charentais victime des pesticides, a fait condamner Monsanto en première instance au TGI de Lyon, lundi 13 février.JEAN MICHEL NOSSANT /© JEAN MICHEL NOSSANT
La condamnation qui a frappé, lundi 13 février, le deuxième herbicide de Monsanto est plus significative. Les juges français ont en effet considéré que le fabricant de produits phytosanitaires devra indemniser "entièrement" le plaignant, Paul François. Ce céréalier ne travaille plus qu'à mi-temps, en proie à des fatigues chroniques et des maux de tête tenaces. Les médecins considèrent que son système nerveux central a été affecté à la suite de l'inhalation du Lasso.
Monsanto a fait appel. "Les produits de Monsanto sont conformes aux exigences de sécurité en place au moment de leur mise sur le marché. [La société] a une politique très rigoureuse en ce qui concerne l'évaluation scientifique de la sécurité des produits de protection des plantes", a réagi l'entreprise, dans un communiqué.
Jugé dangereux, cet herbicide est pourtant interdit au Canada depuis 1985, en Belgique et au Royaume-Uni depuis 1992 et en France depuis 2007 (il avait été autorisé le 31 décembre 1968).
  • Hormones de croissance : scandale chez Fox News
Au début des années 1990, Monsanto commercialise son premier produit issu des biotechnologies : Posilac, l'hormone de croissance bovine recombinante (rBGH), une hormone transgénique destinée à augmenter la lactation des vaches de près de 20 %. L'hormone entraîne des mammites, des inflammations de la mamelle, qui contraignent les éleveurs à traiter leurs vaches avec des antibiotiques, dont on retrouve ensuite la trace dans le lait. Ce produit miracle est aujourd'hui interdit partout, sauf aux Etats-Unis.
Un documentaire canadien, The Corporation, raconte comment Monsanto a fait pression sur Fox News (groupe Murdoch) pour l'empêcher de diffuser une enquête dévoilant les dangers du Posilac en 1997. Cet extrait illustre le lobbying particulièrement agressif de la firme : non seulement l'enquête n'a jamais été diffusée, mais ses auteurs ont été licenciés par la chaîne.
  • OGM : des procès en pagaille
Un champ de colza génétiquement modifié.
Un champ de colza génétiquement modifié.THOMAS Fred
Entre 1995 et 1997, le soja génétiquement modifié Roundup Ready, le colza Roundup Ready et le coton Roundup Ready, tous trois résistants à l'herbicide Roundup, reçoivent les autorisations de commercialisation. Détentrice d'un brevet aujourd'hui périmé sur le glyphosate (commercialisé sous le nom de Roundup), l'entreprise décide de changer de stratégie et entreprend de breveter le vivant. Elle produit actuellement 90 % des OGM de la planète.
Un quasi-monopole que la firme défend chèrement. Au cours des années 2000, Monsanto assignera ainsi devant les tribunaux des centaines de paysans accusés d'avoir utilisé "frauduleusement" ses semences transgéniques brevetées, c'est-à-dire de les avoir replantées.
Monsanto revendique des droits à la propriété intellectuelle sur certaines semences. Ce qui ne l'empêche pas d'être elle-même poursuivie pour acte de "biopiraterie". En août 2011, l'Autorité nationale de biodiversité indienne a ainsi annoncé qu'elle portait plainte contre la compagnie, accusée d'avoir mis au point une aubergine génétiquement modifiée (BT-Brinjal) à partir de variétés locales sans en avoir demandé l'autorisation.
Autre condamnation, aux Etats-Unis cette fois. Monsanto a accepté en 2010 depayer 2,5 millions de dollars d'amende pour avoir vendu du coton OGM non autorisé. L'Agence de protection de l'environnement (EPA) reproche à l'entreprise d'avoir violé la législation lui interdisant de vendre des cotons génétiquement modifiés dans certaines régions du Texas, où ces variétés étaient prohibées par crainte d'une résistance aux pesticides.
  • Aspartame : vers nouveau scandale sanitaire ?
L'aspartame est présent dans de nombreux aliments et médicaments.
L'aspartame est présent dans de nombreux aliments et médicaments.AFP/DERRICK CEYRAC
Monsanto le précise clairement sur son site Internet : après en avoir été l'un des principaux producteurs dans les années 1980 et 1990, l'entreprise ne produit plusd'aspartame depuis 2000. La firme tient pourtant à insister sur le fait que cet édulcorant, le plus utilisé au monde, "ne provoque aucune maladie".
Des études récentes ont cependant mis en évidence un risque accru denaissances prématurées chez les femmes qui consomment ce produit. L'Autorité européenne de sécurité des aliments a même été invitée en mai par la Commission européenne à anticiper la réévaluation complète de la sécurité de l'aspartame en 2012.
Dans les colonnes du Monde (abonnés), Yann Fichet, directeur des affaires institutionnelles de la filiale française de l'entreprise, déplore que Monsanto soit devenu "un nom attractif pour qui veut faire de l'audience". Une réputation malmenée que la firme tente de gommer en déclinant sur son site les principes de sa charte éthique : "Intégrité""Dialogue""Transparence""Partage""Utilité" et"Respect". Contacté par Le Monde.fr, Monsanto n'avait pas répondu à l'heure où cet article était publié.
Soren Seelow