O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

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domingo, 30 de março de 2014

Venezuela: ate quando a indiferenca dos vizinhos?

Um desses ministros falantes, alguns anos atrás, cunhou a expressão de "não indiferença". O Brasil continuava a praticar a a não ingerência nos assuntos internos de outros Estados (o que era falso para os companheiros),  mas não seria indiferente ao que neles se passava. Pois bem: está mais do que na hora de cessar a hipocrisia.
Paulo Roberto de Almeida 
Tirania chavista: 59 denúncias de torturas, 1493 detenções e 28 mortos
Tudo com a cumplicidade do governo Dilma e da escória bolivariana da América do Sul:
Desde el inicio de las masivas manifestaciones opositoras contra el gobierno de Nicolás Maduro, ya se han denunciado 59 casos de torturas, según informó este fin de semana el Foro Penal Venezolano. "Son casos de tortura, no de excesos o tratos inhumanos. Es sufrimiento infligido para lograr una confesión, como castigo, intimidación o discriminación. La tortura se ha empleado para infligir castigo o como sanción por manifestar", aseguró el director de la organización, Alfredo Romero, durante una reunión sostenida este sábado. Además, fueron reportadas, al menos, 1.493 detenciones, mientras que hay 28 muertos.
Según reseña el periódico El Nacionalno se trata de casos aislados, sino de un patrón de actuación. "Las fuerzas militares están marcando la pauta de lo que está pasando. Hay la intención de colocar a todo aquel que manifieste como un enemigo de guerra, lo que da pie para hacer cosas fuera del orden de la ley", indicó Gonzalo Himiob, también directivo de la organización.
Los abogados identificaron ocho puntos en común que delinean un patrón sistemático en las agresiones de las que han sido víctimas manifestantes en Táchira, Lara, Miranda y Carabobo, donde se registró el mayor número de casos. Estos son las detenciones sin orden de captura o de allanamiento; la actuación de civiles armados, policías vestidos de paisanos, o paramilitares con la anuencia de la Guardia Nacional y la Policía Nacional; y las amenazas de violación sexual.
En cuarto lugar, las detenciones arbitrarias y los "ruleteos" a los que someten a algunos detenidos, con el fin del golpearlos y castigarlos por manifestar. Por último, la negación de la atención médica a los manifestantes heridos; el acoso e intimidación a abogados defensores, lo cual lesiona el derecho a la defensa de las víctimas detenidas; la celebración de audiencias en sedes policiales o militares; y la agresión contra bienes de manifestantes.(Continua).

quinta-feira, 20 de março de 2014

Venezuela: perguntas e duvidas terminologicas...

Como se chama um país no qual pessoas são presas por indivíduos armados, encapuzados, não identificados, sem ordens judiciais de prisão, e que levam os detidos para lugares não reconhecidos, sem quaisquer possibilidades de assistência legal, sem quaisquer garantias?
Como se chama um país no qual prefeitos legitimamente eleitos são presos apenas por pertencer a um partido de oposição ao governo?
Como se chama um país que tolera, estimula, alimenta, financia e protege gangues de mercenários armados, com licença para matar (sem ser James Bond), e que se dedicam a espalhar o terror entre manifestantes pacíficos, ou não armados?
Como se chamam países e dirigentes políticos que assistem a tudo isso absolutamente indiferentes, ou até apoiando quem comete os atos descritos acima?
Como deveríamos chamar todos eles?
Eu sempre tenho dúvidas terminológicas, pois não quero me equivocar nas próximas postagens.
Sugestões para este blog.
Paulo Roberto de Almeida 

31 morreram em protestos na Venezuela, diz procuradora-geral

Há também 461 feridos e 121 pessoas presas, segundo números do governo

A procuradora-geral da Venezuela, Luisa Ortega, afirmou nesta quinta-feira que 31 pessoas morreram e mais de 400 ficaram feridas desde que começaram os protestos contra o governode Nicolás Maduro, em 12 de fevereiro. Entre os mortos, “25 são civis e seis policiais, militares e funcionários públicos”, disse a procuradora em um programa de rádio.
O número de feridos é de 461 pessoas, divididos entre 318 civis e 143 agentes policiais e militares, enquanto a quantidade de pessoas que permanecem detidas atualmente em conexão com protestos chega a 121, acrescentou Ortega. No total, já foram detidas 1.854 pessoas pelos incidentes ocorridos nos protestos que há um mês se sucedem no país, das quais 1.529 foram liberadas com penas substitutivas de liberdade.
Prefeitos presos – A oposição na Venezuela reagiu com indignação à nova ofensiva do chavismo contra prefeitos opositores, que resultou na prisão de dois políticos nesta quarta. “Isto tem apenas um nome: ditadura. Esse regime que estamos vivendo na Venezuela, onde não se respeitam os direitos de ninguém, simplesmente chegam alguns sujeitos armados e encapuzados e levam uma pessoa sem ordem de captura e depois ninguém fornece explicações”, disse o deputado Juan Guaidó. (Continue lendo o texto)

As vítimas dos protestos na Venezuela


Um dos principais incentivadores da onda de protestos contra Nicolás Maduro, o prefeito de San Cristóbal e dirigente do partido oposicionista Vontade Popular (VP) Daniel Ceballos foi preso na quarta-feira acusado de fomentar uma “rebelião civil”. Segundo membros do VP, Ceballos foi detido por agentes do Serviço Bolivariano de Inteligência Nacional que não apresentaram nenhum mandado de prisão.
Também nesta quarta, o Supremo Tribunal de Justiça da Venezuela julgou a favor da prisão e da destituição de outro prefeito opositor, Enzo Scarano, do município de San Diego. Ele foi condenado a 10 meses e 15 dias de detenção por desrespeitar uma medida cautelar que o obrigava a evitar o bloqueio de ruas durante as manifestações contra Maduro. As prisões se somam a de Leopoldo López, outro importante membro da oposição, que está há um mês em uma prisão militar.

Desde que, em 12 de fevereiro, uma marcha em Caracas terminou em incidentes que deixaram três mortos e danos a instituições públicas, a Venezuela vem sendo palco de manifestações diárias contra o governo, algumas pacíficas e outras com finais violentos. Os manifestantes protestam contra a altíssima inflação, a violência no país e por mais liberdade de imprensa. O governo denuncia que por trás dos protestos há uma tentativa de golpe, enquanto a oposição defende o direito de expressar seu descontentamento pacificamente e acusa a polícia de abusos.

domingo, 17 de junho de 2012

Os horrores da Segunda Guerra Mundial - The Economist

Pelas minhas informações, a IIGM teria produzido mais de 60 milhões de vítimas.
Esta matéria da Economist, resenha de dois livros, coloca a conta um pouco mais acima, perto de 70 milhões. Provavelmente, a conta é mais acurada, com base nessas obras.
De longe, o país que fez mais sacrifícios foi a União Soviética, com 27 milhões de mortos, mas isto também porque Stalin queria compensar a desvantagem em material em face dos soldados nazistas enviando mais gente para combatê-los. A partir de certa massa humana, mesmo os tanques e metralhadoras mais eficientes não dão conta.
O segundo país em número de vítimas na Europa (pois a China sofreu terrivelmente, com 15 milhões de mortos) foi a Polônia, aliás vitimada pelos dois lados, tendo seu oficialato sido simplesmente eliminado pelos soviéticos logo no começo da guerra. Mais de 5,3 milhões de poloneses foram vítimas da guerra, em suas diversas frentes.
A Alemanha vem em seguida, com 5,2 milhões de mortos, muitos soldados...
Os judeus colocam o número de vítimas, especificamente por serem dessa religião, ou raça, como preferiam os nazistas, em 6 milhões, o que os eleva à terceira maior cifra absoluta.
Em todas as direções, o número de mortos, a maior parte civis, é absolutamente estarrecedor.
Esses dois livros contam um pouco da tragédia, ou muito, já que são de centenas de páginas, cada um.
Paulo Roberto de Almeida 


The second world war

Counting the cost

Two British historians analyse the 20th century’s worst conflict

All Hell Let Loose: The World at War 1939-1945. 
By Max Hastings. HarperPress; 748 pages; £30. 
The Second World War. 
By Antony Beevor. Little, Brown; 863 pages; $35. Weidenfeld & Nicolson; £25.
HISTORY is full of wars that were bloodier than the second world war. As a proportion of the population, more people were killed during the An Lushan rebellion in eighth-century China, for example, or by the Thirty Years War in 17th-century central Europe. But the sheer magnitude of the human tragedy of the second world war puts it in a class of its own, and its relative closeness to the present day makes claims on the collective memory that more remote horrors cannot.
The statistics of the war are almost mind-numbing. Estimates differ, but up to 70m people died as a direct consequence of the fighting between 1939 and 1945, about two-thirds of them non-combatants, making it in absolute terms the deadliest conflict ever. Nearly one in ten Germans died and 30% of their army. About 15m Chinese perished and 27m Soviets. Squeezed between two totalitarian neighbours, Poland lost 16% of its population, about half of them Jews who were part of Hitler’s final solution. On average, nearly 30,000 people were being killed every day.
Partly because it is so hard to grasp what these numbers mean, recent historians have tended to concentrate on particular theatres or aspects of the war with an emphasis on trying to describe what it was like for the human beings caught up in it. Both Antony Beevor and Max Hastings are distinguished exemplars of this approach. Mr Hastings has written books on Britain’s strategic bombing campaign, the Allied invasion of Normandy and the battles for Germany and Japan in the closing stages of the war. With several books already under his belt, Mr Beevor became known in 1998 for his epic account of the siege of Stalingrad, and went on to produce accounts of D-Day and the fall of Berlin. Now both writers have tried something different: single-volume narrative histories of the entire war. In doing so, they are following in the footsteps of Andrew Roberts and Michael Burleigh, who made similar attempts in, respectively, 2009 and 2010.
Mr Hastings got there before Mr Beevor. “All Hell Let Loose” was published seven months ago (it is now out in paperback) to justifiably rave reviews. Mr Hastings’s technique is to mine the written record of those who took part both actively and passively. His witnesses range from the men whose decisions sent millions to their deaths to the ordinary soldiers who carried out their orders and the civilian victims who found themselves on the receiving end. Cynicism and idealism, suffering and euphoria, courage and terror, brutalisation and sentimentality—all find expression through their own testimony. From the Burma Road to the Arctic convoys, the killing fields of Kursk and the London Blitz, their voices are heard. Mr Hastings’s achievement in organising this unwieldy mass of material into a narrative that sweeps confidently over every contested corner of the globe is impressive.
Less so are some of his judgments. Although delivered with verve and economy (Mr Hastings is, above all, an accomplished journalist), they are often unfair. For example, he argues that the decision by Britain and France to declare war because of the German attack on Poland was an act of cynicism because they knew they could do nothing to help the Poles. That was never in doubt, but the Allies hoped the stand against Germany’s naked aggression would persuade Hitler to step back from the brink of all-out war, a motive that was neither base nor ridiculous.
Mr Hastings’s repeated admiration for the fighting qualities of German, Japanese and Soviet soldiers compared with British and American forces is especially trying. Germany and Japan were militarised societies that glorified war and conquest, held human life to be cheap and regarded obedience to the state as the highest virtue. Russian soldiers were inured to the harsh brutalities of Soviet rule and driven on by the knowledge that they were fighting “a war of annihilation” against an implacable enemy. If they wavered, they knew they would be shot by NKVD enforcers. More than 300,000 were killed pour encourager les autres.
The majority of the civilian soldiers of the Western democracies, by contrast, just wanted to survive and return to normal life as soon as possible. That also meant that American and British generals had to eschew the dashing aggression of their Russian and German counterparts, who could squander lives with impunity. Thanks to the bloodbath in Russia, where the Wermacht was broken and nine out of ten German soldiers who died in the war met their end, they could permit themselves to be more cautious.
Mr Hastings excessively admires two German field-marshals: Gerd von Rundstedt and Eric von Manstein, whereas only Bill Slim and George Patton rise above the general mediocrity of Allied field commanders. Luckily, the tactical virtuosity of the Germans and Japanese was more than matched by their strategic incompetence in declaring war against Russia and America. Less hubristic and more informed leaders would have realised that both countries had the manpower and industrial resources to prevail in a war of attrition.
Close connections
Overall, however, Mr Hastings does an admirable job of weaving together deeply personal stories with great events and high strategy. This raises the question of whether another book covering essentially the same ground is necessary. The answer depends on what the reader is looking for. Mr Beevor, who is known for using the sometimes unbearably moving diaries and letters of ordinary soldiers to shed new light on old battles, is otherwise less generous than Mr Hastings in the space he gives to primary sources. He has written what is in many ways a more conventional military history. But where he is good, he is very good.
Mr Beevor is full of insight about the connections between things—he sets out “to understand how the whole complex jigsaw fits together”. Thus the relatively little-known Battle of Khalkhin-Gol, in which Japan’s plans to grab Soviet territory from its base in Manchuria were undone in the summer of 1939 by the Red Army’s greatest and most ruthless general, Georgi Zhukov, had profound consequences. The Japanese “strike south” party prevailed over the “strike northers”, ensuring that Stalin would not have to fight a war on two fronts when the Germans launched Operation Barbarossa in 1941. Mr Beevor decries the rebarbative “Bomber” Harris’s attempt to win the war by bringing death and destruction to every major German city as a moral and strategic failure. But he also points out that by forcing the Nazis to move squadrons of Luftwaffe fighters from Russia to defend the Fatherland, Harris’s campaign allowed the Soviet air force to establish vital air supremacy.
Mr Beevor also has a surer hand than Mr Hastings in describing how the great land battles of the war unfolded. Although his judgments are less waspishly entertaining than his rival’s, they are also more measured. He is notably more generous about Britain’s contribution to defeating Hitler, which Mr Hastings at times appears to think was mainly confined to the code-breaking centre at Bletchley Park and, after defeating the Luftwaffe in 1940, providing an “unsinkable aircraft-carrier” for the build-up of American military power.
Mr Beevor is keener than Mr Hastings on detailing the horror. He is particularly vivid in describing the barbarities that became commonplace during the carnage on the Eastern front. Frozen German corpses littering the battlefield were frequently missing their legs, not because they had been blown off, but because Red Army soldiers wanted their boots and could only pull them off after the legs had been defrosted over camp fires. Outside the besieged city of Leningrad, amputated limbs were stolen from field hospitals and bodies snatched from mass graves as a source of food. Within the city, 2,000 people were arrested for cannibalism. Those most at risk were children, who were eaten by their own parents.
The cruelties perpetrated by the Japanese against civilians in China (Mr Beevor sees the Sino-Japanese conflict that began with the Nanking massacre in 1937 as the true opening chapter of the second world war) and any of the countries unfortunate enough to come within the “Greater East Asia Co-Prosperity Sphere” were nearly as systematic as any of the crimes committed by the Nazis. Japanese commanders actively encouraged the dehumanisation of their troops in the belief it would make them more formidable. Prisoners were burned on huge pyres in their thousands and killing local people for meat was officially sanctioned.
Mr Beevor also gives more attention than Mr Hastings to the appalling acts of violence suffered by women when invading armies arrived. Again, it was the Japanese who set about mass-rape with methodical zeal. Hundreds of thousands of Chinese and Korean girls were press-ganged into becoming “comfort women”; 10,000 women were gang-raped after the fall of Hong Kong. But revenge-fuelled Red Army soldiers were little better. Soviet forces looting and pillaging their way through East Prussia on their way to Berlin raped around 2m women and girls.
This is, however, a less satisfying book than Mr Beevor’s earlier, more focused works. There is an unevenness of quality. The author has a tremendous grasp of the things he has written about before, in particular the titanic struggle between Hitler and Stalin. But he is dutiful rather than exhilarating when dealing with some other passages and theatres of the war. The account of the campaign in north Africa plods, and American readers may be disappointed by his handling of the war in the Pacific. The battle of Midway, arguably the defining naval engagement between Japan and America, gets two pages. At other times, there is too much detail: a succession of generals, armies and battles come and go. Second world war anoraks and students of military history will get more of what they are looking for from Mr Beevor, but less committed readers will find Mr Hastings’s work easier to get to grips with and a better read. Is there room for both books? Absolutely.


sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

RAP: Esgotar todos os recursos verbais antes que se consiga atingir um numero razoavel de mortos...


Segurança coletiva

Maria Luiza Viotti
O Globo - 16/02/2012
A defesa do diálogo e da solução pacífica de controvérsias é uma das tradições - no discurso e na prática - da política externa brasileira. Para o Brasil, o uso da força pela comunidade internacional deve ser sempre o último recurso, depois de esgotadas todas as possibilidades da diplomacia e de uma solução negociada. Ações militares implicam elevados custos em vidas humanas, além de outras graves consequências, políticas e econômicas.
Temos insistido em que a ONU priorize ações preventivas e esforços de mediação. Aplaudimos a iniciativa do secretário-geral Ban Ki-moon de estabelecer 2012 como o ano da prevenção.
Como afirmou a presidente Dilma Rousseff em seu discurso na abertura da Assembleia Geral, "o mundo sofre, hoje, as dolorosas consequências de intervenções que agravaram os conflitos, possibilitando a infiltração do terrorismo onde ele não existia, inaugurando novos ciclos de violência, multiplicando os números de vítimas civis. Muito se fala sobre a responsabilidade de proteger, pouco se fala sobre a responsabilidade ao proteger. São conceitos que precisam amadurecer juntos".
O conceito da "responsabilidade de proteger" acaba de completar dez anos desde sua primeira formulação. Foi desenvolvido com o propósito legítimo de evitar que populações sejam vítimas de genocídio, limpeza étnica, crimes de guerra e contra a humanidade.
A recente intervenção armada na Líbia, com a justificativa de proteção de civis, demonstrou a necessidade de aperfeiçoá-lo. Causaram preocupação a extensão da força empregada, a incapacidade de se combinar e calibrar a ação militar com a diplomacia, a interpretação questionável do mandato conferido pelo Conselho de Segurança e a falta de acompanhamento pelo próprio Conselho das ações empreendidas em nome de todos os membros da ONU. Invocou-se a "responsabilidade de proteger", mas faltou "responsabilidade ao proteger".
O Brasil apresentou, em novembro, ao Conselho de Segurança, o conceito de "responsabilidade ao proteger" com os seguintes elementos: a valorização da prevenção e dos meios pacíficos de solução de controvérsias; a excepcionalidade do emprego de meios coercitivos, especialmente o uso da força; a obrigação de que a ação militar não cause danos maiores do que aqueles que tenciona evitar; a observância rigorosa dos mandatos; a importância da proporcionalidade e de limites para o emprego da força, nas circunstâncias excepcionais em que for necessário contemplar o seu uso; e a necessidade de monitoramento e avaliação da implementação das resoluções.
A proposta brasileira tem recebido apoio de muitos países, ONGs e acadêmicos. A missão do Brasil junto à ONU já realizou um amplo debate com embaixadores de 25 países de todas as regiões do mundo e estudiosos do tema. A percepção compartilhada pela grande maioria foi a de que a iniciativa brasileira deu início a uma discussão que se tornou crucial após o episódio da Líbia. Em seminário recente organizado pela Stanley Foundation, com as principais autoridades mundiais no assunto, a iniciativa brasileira foi um dos elementos centrais dos debates, tendo sido bem acolhida e objeto de menção muito positiva por parte do secretário-geral da ONU.
Encorajado pela receptividade ao conceito da "responsabilidade ao proteger", o Brasil deverá organizar um debate na ONU a ser presidido pelo ministro Antonio de Aguiar Patriota.
O apelo político à prevenção, à moderação e à ação criteriosa no exercício da segurança coletiva, por meio da "responsabilidade ao proteger", segue a tradição da diplomacia brasileira. Temos credibilidade para promover esse debate na ONU porque nosso discurso em favor da paz é amparado por atuação que vai além da retórica e valoriza, na prática, a diplomacia e o diálogo. Pretendemos, de forma franca e construtiva, levar adiante esse debate indispensável, com o objetivo de contribuir para o aperfeiçoamento da ação da ONU e para sua maior eficácia na promoção da paz e da segurança internacionais.

domingo, 22 de agosto de 2010

Venezuela: proibido publicar estatisticas mortais (só as estatisticas...)

O governo do caudilho impos a lei do silêncio aos meios de comunicação do país quanto aos mortos da violência diária, especialmente a publicação de fotos "chocantes". Não pretendo publicar fotos, mas acredito que não se pode censurar a realidade.
Paulo Roberto de Almeida

Los muertos que esconde Chávez
La Razón (España), Agosto 22, 2010

“El conteo lo realizan los periodistas de sucesos que, como Rona, se apostan los viernes a las puertas de Bello Monte. Nada es oficial y menos ahora. Se ha impuesto la ley del silencio.”

Doña Cecilia Arévalo sabe por experiencia que la vida en Caracas vale muy poco. Lo que un reloj llamativo o unos zapatos lustrosos. Vive en el barrio de San Blas de Petare, uno de los cerros que aprisionan la capital venezolana donde «si dices algo te matan». «A mí me mataron a mi sobrino». Adel Miranda, su sobrino de 18 años, era latonero y trabajaba con su padre. Un buen día le dieron dos puñaladas que lo dejaron malherido. No lo denunció ni chivó un solo dato a la Policía. Una semana después le descerrajaban cuatro tiros. Su destino: la morgue de Bello Monte, el espejo que refleja la cruda realidad de Venezuela en pleno centro de Caracas. Una realidad que el régimen bolivariano pretende ocultar decretando la censura de imágenes violentas en los diarios durante 30 días, el periodo electoral que antecede a las legislativas del 26 de septiembre.

La colapsada morgue de Caracas se mantiene a duras penas en pie desde los años 70. Desvencijada y sin medios, por sus salas pasan a diario unos 20 cadáveres, víctimas anónimas de la violencia que asola el país en medio del silencio oficial. Los fines de semana la cifra se dispara a 50 muertos entre el viernes noche y el domingo, y se supera los días de paga (en Venezuela se cobra por quincenas). «Era la morgue que necesitaba Caracas en aquella época. Un tanatorio pequeño. Pero con la explosión de la criminalidad, Bello Monte se ha convertido en un espectáculo dantesco durante los fines de semana. Se acumulan los cadáveres por culpa del abandono del Gobierno a la política de seguridad», asegura a LA RAZÓN Elisio Guzmán, ex director de la Policía Científica y actual director de la Policía del Estado de Miranda. Con 40 años de servicio en la Científica, Guzmán conoce bien el deterioro en el que ha ido cayendo Bello Monte. «Hay menos profesionales que cuando se abrió, incluso menos que hace 10 años y los patólogos que aún quedan tienen un sueldo miserable», explica. A pesar de que la criminalidad ha crecido un 134% en los dos últimos lustros de gestión bolivariana [según cifras aproximadas, ya que el régimen de Chávez no cuenta los homicidios desde 2008], «no hay suficientes cámaras frigoríficas y los muertos se almacenan en cualquier esquina. No hay cómo conservar los cadáveres», añade. El denominado «Proyecto España», por el que nuestro país envió equipos destinados a las morgues venezolanas en 2000, no sirvió para mejorar la caótica situación. «Se adquirieron equipos, pero en algunos sitios aún están almacenados porque no se construyeron las morgues aprobadas o no se ampliaron las existentes», denuncia a este diario Rona Risquez, jefe de la sección de sucesos del diario opositor «El Nacional». Los equipos «Proyecto España» están abandonados.

Fin de semana del 12 al 15 de marzo: 59 asesinados; fin de semana del 2 al 4 de julio: 65 homicidios; fin de semana del 30 de julio al 1 de agosto: 54 muertes violentas… El rosario de cadáveres es constante como las turbias aguas del Guaire, que parte en dos Caracas. El conteo lo realizan los periodistas de sucesos que, como Rona, se apostan los viernes a las puertas de Bello Monte. Nada es oficial y menos ahora. Se ha impuesto la ley del silencio.

Antonieta de Dominicis ha pasado media vida entre muertos. Ex jefa del tanatorio central de Caracas hasta 2004, conoce Bello Monte mejor que su propia casa. «Mis compañeros están supersaturados. Cuando dejé Bello Monte éramos 13 patólogos y ahora quedan cinco. Hay seis mesas en la sala de autopsias, 60 nichos frigoríficos y una sala refrigerada donde hay que amontonar en camillas o donde se pueda el resto de los cuerpos. La morgue es el reflejo de Venezuela, de una ola de violencia que no se puede ocultar», remarca. Las condiciones son pésimas por el abandono gubernamental y muchos facultativos han preferido emigrar a España o Italia. «Hay un patólogo el sábado y otro el domingo. Eso da para 12 autopsias por día y hay días en que se acumulan más de 60 cadáveres y las familias quieren enterrar a su muerto el mismo día que lo traen. Nadie quiere trabajar en esas circunstancias y con un sistema que favorece a los médicos cubanos peor preparados».

Hoy, cuando caiga la noche, volverán a bajar los muertos de los cerros y la sala de espera de Bello Monte quedará atestada de nuevo. Una televisión de plasma con alguna cadena oficialista sintonizada detallará los logros del Gobierno para detener la violencia.

Caracas, más peligrosa que Bagdad
La capital venezolana es la segunda ciudad más peligrosa del planeta. Por delante de Bagdad y sólo superada por Ciudad Juárez. Pero en su conjunto, Venezuela supera a México en tasa de criminalidad. Según datos del propio Gobierno filtrados al diario «El Nacional», que no ha podido publicarlos por la censura impuesta, desde 2009 a mayo de 2010, el país caribeño acumula una media de más de 70 homicidios por 100.000 habitantes por los 10,8 que padece México. «La Venezuela joven está muriendo en las calles. La censura del régimen refleja que, después de 10 años, por fin están preocupados por el coste electoral de la violencia. Lo lamentable es la cantidad de muertos que han necesitado», declara Elisio Guzmán, ex director de la Policía Científica.