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Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

terça-feira, 6 de novembro de 2012

Gasto Publico do Brasil: uma "Suecia" de favelas - Marcos Mendes


Marcos Mendes, Doutor em economia pela USP, consultor do Senado Federal
Blog Brasil-Economia-Governo, 5 de Novembro de 
2012
O presente artigo mostra que, em comparação internacional, o gasto público brasileiro é elevado.
Os dados utilizados são da Penn World Table, uma confiável fonte de informação comparada de contas nacionais, com dados para 189 países, apresentados em paridade do poder de compra (http://pwt.econ.upenn.edu/php_site/pwt_index.php), ou seja, leva-se em consideração a diferença de custo de vida entre os países. Os dados referem-se ao consumo final do governo em 2006.
O consumo final do governo (G) representa os serviços individuais e coletivos prestados de forma gratuita (ou parcialmente gratuita) pelas três esferas de governo. Ele é medido pela remuneração dos servidores públicos, mais o consumo final de bens e serviços pelo governo (por exemplo, o pagamento a um hospital privado que presta serviços ao SUS, o giz para sala de aula ou os canapés de uma recepção oficial), e pela depreciação do capital fixo do governo.
É importante observar que esse conceito não inclui as despesas de transferências (juros, aposentadorias e pensões, seguro-desemprego, bolsa-família). Logo, ficam afastados dois argumentos usuais: os de que nosso governo gasta muito porque paga muito juro, ou de que gasta muito porque investe em política social (o “grosso” da política social, que é a previdência e assistência, está fora da conta de “G”). Veremos que, mesmo desconsiderando esses itens, o Brasil tem gasto elevado para o padrão internacional.
Também não estão incluídas as empresas estatais (de economia mista ou 100% públicas). Somente as empresas dependentes de verbas dos tesouros federal, estadual e municipal são consideradas.
A variável “G” restringe-se ao gasto corrente, não incluindo o investimento público. É, portanto, grosso modo, a despesa corrente de manutenção da máquina pública (salários mais consumo final de bens e serviços).
A medida aqui utilizada é o consumo do governo como proporção da absorção interna. A absorção interna é a soma de “G” com o consumo das famílias (C) e o investimento (I). Quanto maior a proporção G/(C+I+G), maior a preferência do país por consumo do governo em relação às opções de consumo privado ou investimento.
O Brasil fica em 61º lugar, em uma lista de 189 países, com um consumo do governo equivalendo a 19% da absorção interna; um pouco acima da média (17,9%) e da mediana (16,2%). A princípio, nada muito fora do padrão.
Porém, quando analisamos quais são os 60 países que estão à nossa frente, percebemos que há algo de errado com o Brasil.
Vinte desses países estão na África subsaariana, região extremamente pobre e dependente de ajuda internacional. Essa ajuda entra nos países via governo, e a sua aplicação interna leva a um gasto público elevado. Isso sem falar nos baixos padrões de governança da região, que tendem a provocar inchaço e privilégios na esfera pública.
Vinte e dois países são ricos em recursos minerais (exemplos: Arábia Saudita, Rússia, Venezuela, Iraque). Esse tipo de economia gera elevadas rendas governamentais, expandindo o poder de gasto do setor público.
Vinte e três países são socialistas ou o foram no passado recente (exemplos: Cuba, China, Moçambique, Montenegro, Quirguistão) e, por isso, mantêm ou herdaram grandes estruturas burocráticas.
Vinte e três países tiveram, no período 1996-2004, gasto militar igual ou superior a 3% do PIB em pelo menos dois desses anos. São países que vivem ou viveram situações de conflito militar interno ou externo (exemplos: Israel, Jordânia, Índia, Yemen). É evidente que o gasto militar contribui para o alto consumo desses governos.
Há, ainda, um grupo de 23 “micropaíses”, com população inferior a 3 milhões de habitantes (exemplos: Ilhas Salomão e Tonga). Estes não se beneficiam de economias de escala e têm elevados custos fixos per capita nos serviços públicos, levando a um maior peso do governo na economia.
A Namíbia se encaixa em todas as cinco categorias acima. Cinco países, como Botswana e Angola, estão em 4 categorias. Sete países, como Timor-Leste e Líbia estão em 3 categorias. Dezenove países aparecem em duas categorias, entre ele Brunei, Eritréia e Azerbaijão. Três países (Maldívias, Vanuatu e Sri Lanka), além de estarem em algumas das categorias acima, ainda foram destruídos pelo tsunami de 2004, o que exigiu esforço governamental de assistência às vítimas.
Somente dois países, entre os 61 com maior relação G/C+I+G, não se enquadram em nenhuma das características acima: Brasil e Suécia! E bem sabemos que não somos nenhuma Suécia, no que diz respeito à qualidade dos serviços públicos. Ademais, a Suécia vem empreendendo, nos últimos anos, grande esforço para reduzir o tamanho de seu governo.
A tabela a seguir mostra a situação do Brasil e a de países com os quais normalmente nos comparamos. Os demais BRICs, que nos superam, estão encaixados em algumas características descritas acima. A diferença do Brasil para a média do grupo mostrado na tabela é de 4,7 pontos percentuais.

Estamos, portanto, no meio do caminho entre um único exemplo de Estado padrão de primeiro mundo (Suécia) e os países que gastam muito em função de suas idiossincrasias. Certamente uma posição atípica.
Download:
  veja este artigo também em versão pdf (clique aqui).

Correio do Brasil: um jornal de humor...

O "Correio do Brasil" é aquele jornal criado pelo chefe da quadrilha para dar a versão companheira dos assuntos do mundo. Eles até adaptam as manchetes internacionais à sua terminologia habitual.
O mundo, como todo mundo sabe, é uma imensa conspiração dos capitalistas perversos e do partido da imprensa golpista (também chamado de PIG) contra os bravos companheiros que pretendem criar um mundo novo de justiça social e solidariedade de classes.
Vejam só o título do jornal desta terça-feira, 6 de novembro: 




Não é uma gracinha?

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Estatisticas do blog: quanto menos escrevo, mais me acessam (ou ao blog...)

Contraditório, mas a vida é assim mesmo. Passei os últimos dias enterrado no computador, escrevendo um longo trabalho de 34 p. e não postei praticamente nada de interessante, mas eis que a frequência e os acessos aumentos, segundo as estatísticas que acessei por acaso (estava tentando postar uma maldita matéria sobre vinhos chineses, Argh!!!, que não queria entrar de jeito nenhum, e ainda não quer).
Verifiquei que a curva embicou para cima, melhor, em todo caso, do que as taxas de crescimento nos EUA e na UE, que estão justificando o título de "Great Recession".
Quais são os dados?
Estes:

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Postagens

Liberdade na Estrada: Brasilia (UnB), 8/11/2012

Prezados leitores, navegantes, curiosos, marxistas, neoliberais, socialistas, austríacos e keynesianos,
(Bem, vocês podem não ser nada disso, e ser apenas seres normais, o que espero sinceramente.)
Abaixo o o cartaz do um evento esta semana em Brasília, onde terei a honra de contar para vocês, como um dos palestrantes, um pouco do que aprendi numa vida intelectual que começou marxista, enveredou pela social-democracia, e hoje é bem mais libertária e anarco-capitalista, cheia de leituras, de viagens, de experiências enriquecedoras (nada como a vida para nos corrigir dos defeitos da juventude, que como dizia Nelson Rodrigues, tem todos os defeitos da vida adulta, com um agravante: a inexperiência, ou a imaturidade).

Em todo caso, já postei um texto no site, anunciado no blog, que serviu de base para minha palestra na inauguração deste ciclo, em Porto Alegre. Vejam aqui: 
O futuro do Brasil está no passado (de outros países); link: 

O evento será na UnB (Anfiteatro 2, ICC - Ala Sul UnB).
Espero vocês lá, dia 8/11, quinta-feira, as 19hs...

Maiores informações também aqui: http://www.liberdadenaestrada.com.br/