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Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

segunda-feira, 26 de setembro de 2016

Alexandre Rands Barros e as origens do atraso economico brasileiro: livro em ingles

Economista explica o atraso no desenvolvimento do Brasil

Alexandre Rands Barros, que foi consultor de Eduardo Campos, demonstra em livro como o baixo capital humano significou um obstáculo ao crescimento econômico

 

Por volta de 1820, pouco antes da Independência, o Brasil era mais rico do que a Austrália e quase tão rico quanto a Suécia. Passados três séculos, australianos e suecos lideram os rankings de desenvolvimento humano e vivem em sociedades que estão entre as mais avançadas do mundo. No Brasil, o desenvolvimento ficou pela metade. Pelo critério do PIB per capita (a divisão do total produzido anualmente no país divido pelo número de habitantes), o país ocupa uma posição intermediária. Isso sem falar que, além de relativamente pobre, o Brasil permanece profundamente desigual.
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Por que o Brasil ficou para trás? Por que não enriqueceu como os Estados Unidos, um país também de passado colonial escravocrata? Tais questões, há anos, ocupam o trabalho de historiadores, economistas e sociólogos. A teoria mais popular, formulada pelo economista Celso Furtado, é a de que a economia brasileira especializou-se na produção de mercadorias básicas, por isso industrializou-se tardiamente.
Na avaliação do economista Alexandre Rands Barros, entretanto, a especialização em produtos minerais e agrícolas explorados em grandes propriedades latifundiárias foi consequência, e não a verdadeira causa do atraso. A verdadeira causa da pobreza brasileira em relação a europeus e americanos foi o atraso no desenvolvimento do capital humano. É isso que o autor demonstra, de maneira convincente, no livro Roots of Brazilian Economic Backwardness, lançado recentemente, apenas em inglês, pela editora Elsevier.
Uma síntese de suas ideias pode ser vista em artigo publicado na Revista de Política Econômica no ano passado. Um exemplo das informações apresentadas: na segunda metade do século XIX, enquanto a alfabetização foi tornada obrigatória nos Estados Unidos, na Suécia e em muitos países europeus, o Brasil era um mar de analfabetos. A educação era algo exclusivo da elite. Suécia e Estados Unidos tinham 80% da população alfabetizada em 1870; no Brasil, mais de 80% dos homens e mulheres livres não sabiam ler nem escrever – e isso sem falar nos escravos. A baixa escolaridade representou um obstáculo ao desenvolvimento. Os trabalhadores eram incapazes de realizar trabalhos mais elaborados. Pesou também para o atraso o fato de o Brasil ter recebido um influxo de europeus mais preparados, ao contrário do que ocorreu nos Estados Unidos. Os imigrantes foram e continuam sendo uma fonte essencial de transferência de conhecimentos e tecnologia. Segundo as estimativas apresentadas pelo autor, o diferencial na qualidade do capital humano dos imigrantes explica praticamente toda a diferença de renda per capita entre americanos e brasileiros no início do século XX.
Alexandre Rands Barros, que foi consultor econômico do candidato à presidência Eduardo Campos, é um grande estudioso do desenvolvimento. No seu livro anterior, Desigualdades Regionais no Brasil (2011), mostrou como o atraso de Norte e Nordeste em relação ao Sul e Sudeste também decorre do diferencial na educação e do atraso no desenvolvimento do capital humano de maneira geral.
Apesar de muita gente ainda acreditar nas análises de Furtado e em seus derivados, como a teoria da dependência, para Rands, isso é um equívoco que custou caro: fez o país investir muito em políticas de desenvolvimento baseadas em incentivos e subsídios para a instalação de indústrias, o que não impediu o Nordeste de seguir pobre e atrasado. Por quê? O foco deveria ter sido no desenvolvimento do capital humano.
Rands Barros conversou com VEJA sobre o seu novo livro.
Livro - Roots of Brazilian Relative Economic Backwardness
Roots of Brazilian Relative Economic Backwardness – Alexandre Rands Barros (Heitor Feitosa/VEJA.com)
Como surgiu a hipótese, demostrada muito bem no livro, de que foi a defasagem no capital humano que explicou o atraso no desenvolvimento brasileiro? As escolas de economia vivem de modismos. Hoje existe uma vasta literatura acadêmica que enfatiza o capital humano como o fator que melhor explica o desenvolvimento dos países. Esse é o motor do crescimento econômico e, portanto, do desenvolvimento. Faltava, entre os pesquisadores brasileiros, uma aplicação aprofundada desse conceito. A ideia em si já é bastante consolidada na teoria econômica. No Brasil, ainda estamos demasiadamente presos à explicação de Celso Furtado (1920-2004) para o atraso brasileiro. Essa teoria fala da especialização econômica em produtos primários como a causa para a industrialização retardatária. Os economistas já deixaram de lado a teoria de Furtado e seguem a teoria dominante que enfatiza a importância do capital humano. Resolvi aplicar essa teoria para analisar as razões do atraso brasileiro.
E que fatores contribuíram para o atraso no capital humano? Procurei mostrar com a formação da sociedade brasileira, a origem de seus povos, influenciou no acúmulo de capital humano.
Celso Furtado e seguidores da teoria da dependência não enfatizam a questão do capital humano. O atraso no capital humano, quando muito, parece ser tratado como consequência do baixo desenvolvimento, e não sua causa. É isso mesmo? Realmente, o capital humano é um aspecto relegado ao terceiro plano. Para Furtado, quando houvesse a industrialização, naturalmente haveria o investimento em capital humano, como uma consequência, portanto, do desenvolvimento. Na verdade, a lógica é inversa. É o capital humano que, tendo sido construído e acumulado, vai determinar qual será a especialização.
Furtado usava também o exemplo do sucesso dos Estados Unidos para justificar a defesa de medidas protecionistas como maneira de incentivar a indústria. Mas os americanos tiveram políticas protecionistas por um período relativamente breve, e depois de a sua economia já ser uma das maiores do mundo, correto? As políticas protecionistas são irrelevantes para explicar o desenvolvimento dos Estados Unidos. Isso nem arranha a casca. O desenvolvimento ou não da indústria e a especialização produtiva de um país são consequência, e não causas.
Falando em modismos, o modelo mais aceito para o desenvolvimento é o institucional. Os países são o fruto da qualidade de suas instituições. Esse modelo explica o atraso brasileiro em capital humano? Essa visão é muito forte hoje entre os economistas brasileiros. O atraso institucional brasileiro herdado de Portugal é tido como a razão para o atraso econômico. Essa hipótese, na minha avaliação, carece de uma análise mais aprofundada. Eu, no meu trabalho, inverto um pouco essa lógica. Para mim, é a luta de classes que determina as instituições e que leva ao fim ao acúmulo de capital humano. Não coloca as instituições como fonte de equilíbrio na sociedade. É a luta de classes que gera um determinado equilíbrio e a partir desse equilíbrio as instituições são formadas.
O seu trabalho enfoca também o papel determinante da imigração no acúmulo de capital humano e no desenvolvimento. Esse é outro aspecto pouco ressaltado nas análises tradicionais sobre o atraso brasileiro. Quão importante foi a imigração? Os dados que exponho no livro mostram que a diferença na imigração, ou seja, no capital humano dos imigrantes, explicar praticamente toda a diferença de renda que havia entre o Brasil e os Estados Unidos em 1900. Os dados, para mim, foram impressionantes. Fiquei surpreso com o poder da imigração para explicar o atraso relativo do Brasil. Apenas a diferença na composição dos imigrantes entre os dois países explica 95% da diferença da renda per capita registrada ao redor do ano 1900. Os dados que exponho no livro mostram que a diferença na imigração, ou seja, no capital humano dos imigrantes, explicar praticamente toda a diferença de renda que havia entre o Brasil e os Estados Unidos em 1900.
Recentemente, houve um avanço em matrículas, mas a qualidade do ensino tem ficado a desejar. O Brasil está recuperando o atraso no que diz respeito à educação? Houve uma melhora do governo Fernando Henrique em diante, não podemos negar. Com a estabilização da democracia, a parte da sociedade menos privilegiada passou a ter mais força política. Hoje o investimento brasileiro em educação, como proporção do PIB, é maior do que na maioria dos países europeus. No passado, as populações mais pobres tinham pouco poder de mobilização. Não conseguiam pressionar o poder público. A elite brasileira foi muito esperta. Instituiu o ensino superior privado gratuito para os seus filhos, mas não investiu no ensino público básico. Para deixarmos de ser um país atrasado, precisamos desmontar esse tipo de privilégio.
Entre os historiadores paulistas, existe uma tradição, desde o trabalho de Caio Prado Júnior (1907-1990), de apontar a estrutura fundiária, particularmente os latifúndios, como um determinante do atraso brasileiro. Concorda? Mais uma vez, considero os latifúndios uma consequência, não a origem do atraso brasileiro. A realidade é que os latifúndios eram uma estrutura de exploração eficiente, dado o nível de organização dos produtores. É bom lembrarmos que o Brasil tinha fronteiras agrícolas abertas. Mas por que na margem, onde havia fronteira aberta, as pessoas não se instalavam ali e exploravam a terra de maneira eficiente? Na verdade, as pessoas que se instalavam nessas áreas possuíam um baixíssimo capital humano. Não tinha condições de explorar a terra de maneira competente. Esses historiadores afirmam que os latifúndios impediram a formação de uma classe média rural. Ora, essa classe média rural não se formou por causa da deficiência no capital humano daqueles agricultores. Como os fazendeiros não dispunham de infraestrutura adequada, as propriedades consequentemente tinham de ser extensas para prosperar. São Paulo, no passado, era composto por grandes latifúndios cafeeiros. Quando chegaram os imigrantes mais qualificados, eles conseguiram fazer arranjos para adquirir propriedades.
A longo prazo, qual sua avaliação para o país? Vivemos uma crise série, motivada pelo fato do governo ter imaginado que o estado pode tudo. Mas, quando sairmos da crise, há uma forte mais forte dos segmentos tradicionalmente excluídos. Esses setores se libertaram de uma hegemonia de elites locais e votam com maior consciência. Saúde e educação serão questões importantes. São exigências dessa população. A qualidade do ensino será certamente uma das grandes demandas da sociedade. Mas é importante os governantes compreender que para desenvolver o país não é necessário violentar as leis de mercado, ao contrário da visão pregada por Celso Furtado. É preciso atuar em outras áreas, para que as leis de mercado contribuam para o desenvolvimento.

 

Stefan Zweig: 80 anos atras, em 1936, chegava ao Brasil pela primeira vez - exposicao no RJ

Em 1936, no auge da sua fama, mas já praticamente um exilado do nazismo montante, Stefan Zweig chegava ao Brasil pela primeira vez, para um tour cultural erudito.
Este livro retoma seus escritos sobre as primeiras impressões de Zweig sobre o Brasil de 1936, depois da Intentona Comunista (e já sob o império da Lei de Segurança Nacional, mas antes do golpe do Estado Novo, de novembro de 1937).

No início da guerra europeia, considerado um "enemy alien" na Inglaterra, ele escolheu o Brasil para se exilar.
Dois anos depois de aqui chegar, deprimido, ele se suicida com sua segunda mulher, Lotte, em Petropolis, no Carnaval de 1942, uma imensa perda para o mundo intelectual, deixando suas memórias póstumas (mas que chega apenas até a Grande Guerra, praticamente).
A melhor biografia de sua vida e obra é a de Alberto Dines, Morte no Paraíso, que recomendo vivamente.

Cartaz da exposição da Casa Stefan Zweig que abre no dia 5 de outubro, homenageando o escritor que chegou ao Brasil pela primeira vez em 1936.

domingo, 25 de setembro de 2016

Brasil: um país economicamente falido, e um Congresso irresponsável - Ricardo Bergamini

Sem comentários:

Prezados Senhores

Tendo como fonte o Banco Central do Brasil, abaixo alguns indicadores econômicos do país das maravilhas (Brasil), com base em julho de 2016:

1 - Em doze meses, os juros nominais totalizaram R$ 427,1 bilhões (7,04% do PIB).

2 - Em doze meses, o déficit fiscal nominal alcançou R$ 581,1 bilhões (9,58% do PIB).

3 - A Dívida Bruta do Governo Geral (Governo Federal, INSS, governos estaduais e governos municipais) em julho de 2017 alcançou R$ 4,2 trilhões (69,5% do PIB).

4- Abaixo a instituição (Congresso Nacional) responsável pela austeridade fiscal necessária para retirar o Brasil desse atoleiro em que se encontra, e com certeza, não será, como tem sido até a presente data, com raras exceções, com o abissal e sepulcral silêncio da sociedade que teremos alguma solução. Não adianta ler e jogar na lixeira. Tem que pelo manifestar indignação.

Nota: Às vezes tenho a sensação de que as pessoas tem medo de se comprometerem com manifestações, assim sendo não saem dos seus casulos. Será possível? 

Estrutura de comunicação do Congresso custa pelo menos R$ 103 milhões, diz Folha

Levantamento realizado pelo jornal Folha de S.Paulo mostra que órgãos de comunicação da Câmara e do Senado empregam uma equipe de 1.212 funcionários. Custo para manter a estrutura este ano é de pelo menos R$ 103 milhões

 

POR CONGRESSO EM FOCO | 25/09/2016   

 

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Pedro França/Agência Senado

Estrutura da Secretaria de Comunicação do Senado é a mais robusta: são 662 funcionários

A estrutura de comunicação do Congresso Nacional, que inclui TV Senado, TV Câmara, agências de notícias e rádios, emprega uma equipe de 1.212 funcionários, segundo levantamento realizado pelo jornal Folha de S.Paulo. Os órgãos custarão ao contribuinte este ano pelo menos R$ 103 milhões, isso sem levar em conta os gastos com a folha de pessoal daqueles que são concursados e comissionados.

 

A remuneração de profissionais concursados e comissionados na área de comunicação do Congresso vai de R$ 14,3 mil a R$ 27,4 mil. Os terceirizados, que representam 61% da equipe, recebem de R$ 1.300 a R$ 10,8 mil. A maioria destes funcionários são vinculados à empresa Plansul Planejamento e Consultoria Ltda., que enfrenta problemas na Justiça.

A empresa de Santa Catarina aparece como parte envolvida em diversos processos envolvendo órgãos públicos e já foi alvo de condenações por irregularidades. Uma delas resultou na determinação do pagamento de R$ 9 milhões por motivar a rescisão de contrato firmado com Furnas.

A Plansul informou à reportagem que é uma empresa que trabalha há 32 anos no mercado “sem qualquer envolvimento político partidário” e que todos os seus “contratos são decorrentes de licitações”. A organização acrescenta que seus processos judiciais permanecem sendo discutidos nos tribunais.

A estrutura da Secretaria de Comunicação do Senado é a mais robusta, com 662 funcionários. A organização é formada por um conjunto de mídias: TV Senado, Rádio Senado, “Jornal do Senado” (impresso) e Portal do Senado, além de outros órgãos ligados à comunicação institucional, como relações públicas e canais de relacionamento com o público.

Apesar da farta mão de obra, a Casa ainda pode contratar profissionais de fora, como ocorreu com a escritora Margarida de Aguiar Patriota, que recebeu R$ 95 mil pela produção e apresentação na Rádio Senado do programa “Autores e Livros”. Procurada, a Secom informou que a quantidade de funcionários se justifica pelo elevado número de atribuições.

A Câmara, por sua vez, conta com 550 profissionais atuando na rede de comunicação, que integra TV Câmara, Rádio Câmara, Portal da Câmara e outros órgãos da área. Do total de funcionários, 88 exercem funções típicas de jornalistas e 81 possuem formação superior em comunicação social e atuam em atividades diversas.

O deputado José Priante (PMDB-PA) assumiu há pouco mais de um mês o comando da Secom da Câmara e disse que ainda não tem um diagnóstico formado em relação à estrutura de comunicação da Casa. ”Eu confesso que a olho nu me parece uma dimensão um tanto quanto exagerada, mas evidentemente tenho que avaliar todas as atividades porque, enfim, é a construção da notícia, de coberturas, de TVs, de rádio. Eu estou chegando na secretaria e encontrando esse quadro”, disse o parlamentar ao jornal.

Leia a reportagem completa no jornal Folha de S.Paulo

 

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Ricardo Bergamini

www.ricardobergamini.com.br

 

China: potential winner of the new economic Cold War - Muhammad Zamir (Bangla-Desh)


New facets of China's foreign and economic policies

Muhammad Zamir
The Financial Express Bangla-Desh : 25 Sep 2016
 
China is seeking to create a new model in its relations with certain countries. It is attempting to achieve this through a foreign policy that reflects the reality of China's economic rise.
Since September 2015 they have tried to create a positive construct pertaining to their relationship with the United States. In this context one is reminded of the comment made by former President Nixon as he set out in 1972 for Beijing hoping to end two decades of enmity. He observed that "China and the United States have had great differences. We will have differences in the future, but what we must do is to find a way to see that we can have differences without being enemies in war."
 Last year saw Chinese President Xi Jinping going for his first state visit to the United States, at a time when the stakes have become even higher within the paradigm of the bilateral relationship of these two countries.
Despite the brinkmanship between the two countries on a wide range of subjects - cyber hacking and contested atolls - both now realise that they need inter-active engagement to properly manage their differences. In this context one is reminded of the blunt warnings issued by President Obama in the second half of 2015 on cyber hacking: "There comes a point at which we consider this a core national security threat… we can choose to make this an area of competition, which I guarantee you we'll win if we have to." BBC later reported that only a scrambled visit by China's security chief for what the White House described as "candid, blunt discussions" seems to have averted American sanctions. Subsequently, after more damage control, despite US public opinion being increasingly negative on China (over China stealing American jobs, as Trump puts it), President Obama told the media that China's peaceful, orderly rise was in the US's interest and good for the world.
Sensing sensitivity towards China within the US political horizon, President Xi, during his visit to the United States opted wisely for a risk-averse strategy with minimal substance and candor. He presented himself only as a man with a Chinese Dream and a plan aimed at the great rejuvenation of the Chinese nation. Carrie Gracie of the BBC drew attention in this regard to the fact that "China is now on track to overtake the US within the decade and regain its status as the world's biggest economy". This assumes an interesting connotation given that China is now intent on building military force and diplomatic clout to match its economic might. They also realise that the surest way forward in achieving their objective of becoming the world's largest manufacturing and trading nation would be through US co-operation, at least in the economic sphere.

President Xi has been pushing his "new model of great power relations" with regard to the United States. He believes that this will enable China to inexorably advance and avoid wars at the same time. This policy is being followed by China despite being aware that the US record vis-a-vis China in recent times has not always been benign - the US threatening China's political system by pushing democracy, undermining its territorial integrity by supplying arms to Taiwan and through schemes to contain China by surrounding it with American alliances and military deployments.

Obviously aware of these semi-hostile factors, President Xi has taken measures to contain possible adverse effects of such moves on his country. In his first four years in power, President Xi has used anti-corruption and ideological campaigns to stiffen the sinews of the Communist Party and buttress one-party rule. This he has done because he believes that China, to move forward, needs discipline.  

CHINA'S REAL STRENGTH LIES IN SOFT POWER: Referring to Chinese efforts towards a more realistic bilateral relationship with the US, J. Stapleton Roy of CNN has noted that in the last 44 years, five Republican Presidents and three Democratic ones have all concluded that seeking constructive relations with China is in the U.S. national interest. Secondly, he has observed that as the two principal powers in the Asia-Pacific region, they will be interacting together and for this the US needs a long-term perspective. Lastly, he has pointed out that the US needs to acknowledge that China's real strength lies in the soft power that it has accumulated through its example of rapid economic development. This has given it the aura of a successful rising power.

China knows that there are many factors that are still influencing US views regarding it. It is hoping however that sooner rather than later, the United States will start relying more on an effective functional bilateral relationship with it.

Pakistan: China's relationship with Pakistan has also continued to grow over the past year. The bilateral friendship that started more than sixty years ago acquired a new special dimension in April 2015 with Chinese President Xi Jinping arriving in Islamabad. He and Pakistan's Prime Minister Nawaz Sharif unveiled new trade and investment deals worth $28 billion. The deals were part of the proposed $46 billion China-Pakistan Economic Corridor (CPEC) project, which envisions Chinese investment fuelling road, rail and electricity projects that will create a trade route from the Chinese city of Kashgar to the southern Pakistani port of Gwadar (control of which was transferred to a Chinese public company in 2013).

The CPEC project will see the 3,000km trade route built over the next 15 years. It will give China an alternative trade route to using ports on its eastern and southern coasts, and therefore cheaper market access to the Middle East - crucial for the country's oil import. It will also see 10,400MW of new power projects added to the Pakistani national grid by 2018at a cost of almost $16 billion. The addition of a further 6,600MW has also been proposed after 2018, at an additional cost of $18 billion. When completed, these projects would see Pakistan's current electricity output double. This Chinese promise was however not a one-way street. The Chinese President took this opportunity to seek Pakistan's cooperation in quelling the ingress of armed Chinese separatist groups from Pakistan's north into China's Xinjiang province.

Pakistan and China have held close diplomatic, military and economic ties for decades, but these projects represent the largest investment in Pakistan's history by the Chinese regional hegemon, as it seeks to solidify economic advantages against regional rival India and the United States.

This use of economic muscle by China has also helped in deepening its ties with West-wary Iran. After a visit to Tehran by Chinese President Xi Jinping in January 2016, it was revealed that Beijing and Tehran had agreed to expand their bilateral trade engagement to $600 billion over the next decade. This immediately received the support of Iran's religious leader Ayatollah Ali Khamenei. He termed China as a country Iran could trust. Such a measure was viewed as significant by analysts as Iran had just emerged from years of economic isolation by the United Nations' nuclear watchdog ruling that it had curbed its nuclear programme, clearing the way for the lifting sanctions of UN, US and European Union.

Iran: Xi's visit to Iran was within the paradigm of a three-nation regional tour that had already taken him to Egypt and Saudi Arabia, Iran's regional rival. Xi became the first Chinese leader to visit the Islamic Republic of Iran in 14 years. During his visit to Iran Xi also underlined that China was ready to upgrade the level of bilateral relations and cooperation so that a new chapter could start in bilateral relations.

It may be mentioned that bilateral trade between the two countries stood at some $52 billion in 2014, but that figure dropped last year due to plunging oil prices. Officials from Iran and China signed 17 documents and letters of intent to broaden bilateral cooperation in energy, industry, transportation, railways, ports, new technology, tourism and the environment. By this latest initiative China also cautiously pointed out that it was careful not to allow the 'cold war' between Iran and Saudi Arabia becoming an obstacle for China to have a good relationship with both the countries. China also carried their subtle diplomatic efforts further when President Hassan Rouhani of Iran stated that the two countries had agreed to cooperate on the issue of "terrorism and extremism in Iraq, Syria, Afghanistan and Yemen".

Middle East: Geoffrey Aronson, an American specialist on Middle East  affairs, has made certain important points while commenting on China's recent overtures to the region. He has noted that Xi Jinping's first visit to the Middle East (in 2016) as China's President reflected three emerging, defining elements in the conduct of Beijing's foreign policy in the region. According to him, the basic building block of Chinese policy remains the development and expansion of economic and trade links throughout the region - "from the massive energy markets of Saudi Arabia to infrastructure developments in Iran".

China also announced during Xi's visits to the region that it would not only build a nuclear reactor in Saudi Arabia but would also set up funds with the United Arab Emirates and Qatar worth a total of $20 billion to invest in conventional energy. Aronson has correctly pointed out that China's emphasis on support for state sovereignty, noninterference in domestic affairs and a "no enemies" policy offer a stark contrast to the interventionist policies of the West.

Xi's visit to these three countries highlighted Beijing's effort to place China at the centre of a new system of international trade. It also underlined that the expansion of economic ties had created an imperative for increased diplomatic engagement to protect and expand these relationships.

Another significant feature during this regional visit was Chinese President Xi Jinping calling for the establishment of a Palestinian State, with East Jerusalem as its capital. Through this China underlined that the Palestinian problem "should not be marginalised". Xi also announced aid of 50 million yuan ($7.6m) for a solar power station project in the Palestinian territories. This was welcomed by the Arab League.

STRATEGIC AND SECURITY DIMENSION: It needs to be understood that the globalisation of China's own definition of national security has both a strategic and a security dimension in the Middle Eastern region. China's growing role in UN peace-keeping efforts is increasingly being supplemented by sovereign expansion of China's military capacity - the most prominent example being the creation of the first Chinese military base outside China's borders - in tiny Djibouti, where the US and France also maintain military forces astride the critical maritime route from the Chinese mainland to its vital markets via Suez to the Mediterranean.

China's current reappearance on the international stage also underlines Beijing's growing presence in Asia-Pacific region and also signals a challenge to the system shaped and dominated by the United States, France, Britain and Japan over three quarters of a century. This was demonstrated in the manner in which China used its political-financial clout with aid-dependent Cambodia, a member of ASEAN, in containing criticism of China by ASEAN States (which requires consensus) pertaining to Chinese views regarding Chinese jurisdiction over the South China Sea.

The writer, a former Ambassador, is an analyst specialised in foreign affairs, right to information and good governance.
muhammadzamir0@gmail.com

China's pivot, Brazil's stance: uma critica a meus argumentos provocadores - Paulo Antônio Pereira Pinto

Meu amigo Paulo Antônio Pereira Pinto, profundo conhecedor da China e das relações do Brasil com o gigante asiático, critica, com razão meu artigo a respeito:

"Caríssimo colega e amigo Paulo Roberto,

Leitor assíduo, há muito, de seus artigos, peço vênia para comentar a respeito do exposto entre os parágrafos 6 e 8 do texto “China´s pivot, Brazil’s stance: a personal view”.

Creio que, ao assim proceder, continuarei no esforço de fazer o registro de experiências pessoais nos difíceis lugares onde servi, ao longo de mais de 40 anos de carreira diplomática, bem como poderia estimular os leitores de Mundorama a serem mais participativos, no que diz respeito a comentários dos artigos publicados.

Assim, tendo servido em Pequim, entre 1982 e 1985, gostaria de lembrar que a opção de transferir o reconhecimento diplomático da “República da China” para a RPC, em 1974, não se reduziu ao estimulo para que os chineses do continente “tomassem mais cafezinhos”.

Em termos simplificados, acho que poderíamos dizer que tal iniciativa inseriu-se na formulação de uma “Política Nacional para o Exterior” – em oposição a uma mera política externa comercial. Apesar de extrema direita no plano interno, a atuação de Geisel – com apoio do Chanceler Silveira e inspiração do Embaixador Ítalo Zappa, com que servi em Maputo e Pequim – teve expressivo significado na inserção internacional brasileira, em mundo então bipolarizado, com a valorização do conceito de “nação”, tão presente em discursos do Zappa.

Com o mesmo impulso, houve o reconhecimento do MPLA, como único representante da “nação” angolana. Isto é, tanto na China quanto em Angola, procurávamos identificar qual seria o real representante de cada nação. Não poderia ser a Ilha de Formosa, no caso chinês, nem os outros movimentos de libertação de Angola, que falavam, estes, francês ou afrikans.

Assim, os que vivemos o início das relações com a RPC sentíamos que, naquele momento, participávamos como parceiros (estratégicos, seria definido mais tarde) com um terceiro polo de poder mundial, então emergente.

Não se pode simplificar o acordo, assinado por Figueiredo, em 1984, e não por Sarney, em 1988, para construção de satélites – que foi e talvez seja ainda o projeto mais sofisticado entre dois países então em desenvolvimento. Tive o privilégio de acompanhar o início de tal cooperação, viajando, inclusive, a centros de pesquisa China, com pioneiros nossos nesse setor.

Então houve, sim, uma visão estratégica, no início. Caso haja interesse, poderei elaborar mais sobre este aspecto das relações.

Quanto aos demais pontos de seu artigo, teria pouco a comentar. Apenas lembro que outro país possui comércio bilateral semelhante ao nosso, com a China, exportando apenas produtos primários e aviões, enquanto importa todo tipo de bugiganga: os Estados Unidos da América.

Abraço afetuoso, do admirador

Paulo Antônio Pereira Pinto

Embaixador em Minsk"


Com prazer recebo estas críticas e delas farei bom uso em minha exposição oral sobre a questão.

Paulo Roberto de Almeida