O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

sexta-feira, 10 de dezembro de 2021

Homenagem a José Guilherme Merquior: documentário, lives, seminário - seleção de Paulo Roberto de Almeida

Encerrou-se hoje, sexta-feira 10/12/2021, uma série inteira de homenagens ao grande intelectual José Guilherme Merquior, com a participação de seus amigos, familiares e estudiosos. Faço aqui uma seleção dos materiais disponíveis aos interessados, que não puderam seguir tudo. Começo pelo documentário de 2015, quando a Editora É Realizações deu continuidade ao seu projeto de reedições das obras de Merquior, e vou para os materiais que eu pude colher aqui e ali, sem que eu pudesse evitar certa repetição de meus próprios textos e postagens sobre ele (mas ao final, apenas).

Antes um esclarecimento, que foi solicitado por alguém, sobre a origem do nome Merquior. Quem esclarece é sua filha: 

Julia Merquior : (9/12/2021)

O sobrenome Merquior veio de Marchiori, o bisavô do meu pai, Ermenegildo Marchiori, teria nascido em Padua, Italia, em 1852 e veio ao Brasil por volta de 1890 com sua esposa Domenica Liberalón Marchiori. Aqui tiveram mais dois filhos, o último, nascido em 1892, Dermevale Marchiori é q virou Merquior em algum cartório...


1) Documentário "José Guilherme Merquior - Paixão pela Razão" (2015)

Link: https://www.youtube.com/watch?v=3frJg5gVdqo


2) José Guilherme Merquior: um intelectual brasileiro, pelo Livres -#Merquior80 (abril 2021)

Link: https://www.youtube.com/watch?v=mtJJu_0eBeg


3) Bate-papo sobre José Guilherme Merquior, com Joel Pinheiro e João Cezar de Castro Rocha

Link: https://www.youtube.com/watch?v=zs9ejVx__0c


4) Série de lives do Seminário Internacional José Guilherme Merquior, da É Realizações (9 e 10 de dezembro de 2021) 

(1) Mesa de abertura: Depoimentos | Seminário Internacional José Guilherme Merquior

Link: https://www.youtube.com/watch?v=AazuJaT1a4U

 

(2) Merquior, leitor único (I) | Seminário Internacional José Guilherme Merquior

(3) Merquior, leitor único (II) | Seminário Internacional José Guilherme Merquior

Transmissão da terceira mesa do dia 09/12 do Seminário Internacional José Guilherme Merquior, com a participação de Andrea Almeida Campos (UNICAP), Valter Sinder (UERJ / PUC-RJ), Lucia Granja (UNICAMP) e mediação de João Cezar de Castro Rocha.

Link: https://www.youtube.com/watch?v=gQOyoIoE6y4



(4) Merquior, pensador (I) | Seminário Internacional José Guilherme Merquior


(5) Merquior, pensador (II) | Seminário Internacional José Guilherme Merquior


(6) Merquior e o universo hispano-americano | Seminário Internacional José Guilherme Merquior


(7) Merquior e literatura brasileira | Seminário Internacional José Guilherme Merquior

Transmissão da terceira mesa do dia 10/12 do Seminário Internacional José Guilherme Merquior, com a participação de Antonio Carlos Secchin (UFRH,ABL, Poesia), Peron Rios (Colégio de Aplicação da UFPE, Crítica) e Regina Lúcia de Faria (UFRRJ, História da Literatura), e mediação de João Cezar de Castro Rocha..

Link: https://www.youtube.com/watch?v=wCWvUXKbOb4

(9) Mesa de encerramento: Depoimentos | Seminário Internacional José Guilherme Merquior

Transmissão da mesa de encerramento do Seminário Merquior, com Edson Filho, Manuela Carneiro da Cunha, embaixada Heloísa Vilhena e Julia Merquior

Link: https://www.youtube.com/watch?v=xx_Flmv96cU

 

E mais: 

Aula Online: Pensamento Liberal de José Guilherme Merquior, com Kaio Felipe

Transmitido ao vivo em 15 de abr. de 2015Kaio Felipe, Doutorando em Sociologia, Mestre em Ciência Política pelo Instituto de Estudos Sociais e Políticos da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (IESP/UERJ). Graduado em Ciência Política pela Universidade de Brasília (UnB) fala sobre o pensamento liberal de José Guilherme Merquior.

- Lançamento de "Formalismo e Tradição Moderna": 

Link: https://www.youtube.com/watch?v=xOR7HOk3zow&list=RDCMUC5iFfItjg9_9ADZSm9vzPhQ&index=11

- Merquior: O Liberalismo antigo e moderno – Mateus Fugita

20 de jul. de 2020 • José Guilherme Merquior é muito possivelmente um dos maiores autores que o Brasil já teve. Crítico de arte, acadêmico mundialmente reconhecido e escritor agudo sobre política foram algumas das suas diversas atribuições durante sua curta, mas produtiva, vida. É mais do que merecida, portanto, uma série apenas para ele em nosso canal. Decidi expor capítulo a capítulo do livro O Liberalismo: Antigo e Moderno, um material extremamente preciso e instigante.

Link: https://www.youtube.com/watch?v=rCjNRhsWxCI



Finalmente, remeto a textos meus, para o seminário internacional, assim como postagens diversas neste blog Diplomatizzando: 


4038. “Inéditos de José Guilherme Merquior: amostras da ‘máquina de pensar’”, Brasília, 7 dezembro 2021, 19 p. Apresentação sumária dos textos inéditos ou pouco conhecidos de José Guilherme Merquior: prefácio às edições brasileiras dos Estudos Políticos de Raymond Aron (1980) e do Dicionário Crítico da Revolução Francesa, de François Furet e Mouna Ozouf (1988), e conferências feitas na Universidade de Harvard, El Otro Occidente (1988) e no Centre de Recherches sur le Brésil Contemporain, “Brésil: cent ans de bilan historique” (1990). Divulgado na plataforma Academia.edu (link: https://www.academia.edu/63761861/4038_Ineditos_de_Jose_Guilherme_Merquior_amostras_da_maquina_de_pensar_2021_) e no blog Diplomatizzando (10/12/2021; link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2021/12/ineditos-de-jose-guilherme-merquior.html).

 

4040. “Apresentação sobre os inéditos de José Guilherme Merquior no Seminário Internacional em homenagem aos seus 80 anos”, Brasília, 7 dezembro, 12 slides. Capas de seus livros mais importantes e dos inéditos sendo apresentados. Seminário apresentado no YouTube da É Realizações (https://www.youtube.com/editorae). Disponível na plataforma Academia.edu (link: https://www.academia.edu/63769579/4040_Apresentacao_no_Seminario_Jose_Guilherme_Merquior_2021_), informado no blog Diplomatizzando (10/12/2021; link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2021/12/apresentacao-sobre-ineditos-de-jose.html). 


Postagens diversas: 


José Guilherme Merquior: 80 anos - Seminário Inter...

José Guilherme Merquior, 80 anos (1): uma recapitu...

José Guilherme Merquior, 80 anos (2): um intelectu...

José Guilherme Merquior, 80 anos (3): coletânea de...

José Guilherme Merquior, 80 anos (4): prefácio à b...

José Guilherme Merquior, 80 anos (5): apresentação...

José Guilherme Merquior, 80 anos (6): textos relat...



Paulo Roberto de Almeida

Brasília, 10/12/2021



Corrigindo um discurso mentiroso: oferecendo a versão correta - JB, revisto por Paulo Roberto de Almeida

 Corrigindo um discurso mentiroso: oferecendo a versão correta  

Paulo Roberto de Almeida

Diplomata, professor

(www.pralmeida.org; diplomatizzando.blogspot.com)

  

Não vi, não ouvi – porque não suporto o indivíduo, e tenho alergia a mentirosos –, mas busquei o texto no site daquela coisa que ele ocupa de maneira vergonhosa e, tendo lido atentamente cada uma das mentiras proferidas, resolvi oferecer uma versão mais conforme à realidade, assumindo total responsabilidade pelos desmentidos.

 

Discurso do Presidente da República, Jair Bolsonaro, na Cúpula da Democracia

10/12/2021 14h28

Versão oficiosa do discurso que deveria ter sido feito, numa cúpula totalmente inútil

Paulo Roberto de Almeida, 10/12/2021

Cumprimento o Presidente Joe Biden pela iniciativa de organizar a Cúpula da Democracia.

Confesso que teria gostado de ver meu amigo Donald Trump, ainda no governo, convidando nossos verdadeiros amigos.

Esta é uma oportunidade para renovar, no mais alto nível, nosso compromisso comum com a defesa da democracia, o combate à corrupção e a proteção dos direitos humanos e das liberdades fundamentais.

Eu estou aqui para defender as liberdades daqueles que querem ser livres, combater a esquerdalha que ainda existe em nosso continente, salvar o mundo do comunismo e defender os verdadeiros direitos humanos.

No Brasil, nossa Constituição Federal estabelece a dignidade humana e a democracia como princípios fundamentais da República.

Nossa Constituição tem muita coisa que precisa ser mudada, na verdade extirpada de um texto que foi feito por esquerdistas, gente comprometida com o socialismo.

Temos trabalhado com determinação para forjar uma cultura de diálogo, liberdade e inclusão social.

Tenho feito todo o possível para extirpar das escolas, das instituições culturais essa influência nefasta da esquerdalha.

Estamos empenhados em assegurar as liberdades de pensamento, associação e expressão, inclusive na Internet – algo essencial para o bom funcionamento de uma democracia saudável.

Estou construindo a verdadeira liberdade, inclusive contra as ONGs e os provedores da Internet, que censuram e boicotam nosso pensamento e as nossas verdades das redes de comunicação social.

Valorizamos o direito de todos de expressarem suas opiniões e de serem ouvidos.

Queremos que todos sejam livres para expressar suas opiniões, mas não toleramos que nos cerceiem o mesmo direito.

Nos últimos anos, trabalhamos com afinco na promoção e proteção dos direitos humanos no Brasil.

Ainda não terminamos de reformar o atual sistema pervertido, que defende “direitos humanos” para bandidos e a esquerdalha.

Reafirmo nossa determinação de proteger e respeitar os direitos humanos e as liberdades fundamentais de todos os brasileiros, independentemente da origem, raça, sexo, cor, idade, religião, sem qualquer forma de discriminação. A proteção dos direitos humanos é valor inerente ao governo brasileiro e orientador de todas as nossas políticas públicas e programas sociais.

Na verdade, eu acho que tem muito abuso nessa coisa de direitos humanos, que acaba protegendo a liberdade dos socialistas e de todas essas siglas de gêneros sexuais, que ficam pervertendo nossos jovens, levando-os para a esquerda, ou o que é muito pior, permitindo que eles passem a achar normal toda essa profusão de todos os sexos, num alfabeto completo de A a Z de todas essas deformações sexuais.

A criação do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos é resultado desse compromisso.

Foi para isso que entreguei o ministério que cuida disso para uma mulher terrivelmente evangélica. Ela sabe o que fazer...

A luta contra a corrupção também constitui prioridade permanente, tanto é que estamos completando três anos sem uma denúncia sequer contra o nosso governo, ao contrário do que ocorria em anos anteriores.

Eu acho que alguns órgãos de Estado, como o MPF, por exemplo, abusam de suas prerrogativas, e acabam perseguindo sem nenhum motivo companheiros (ops!) que exercem a política dignamente.

Adotamos o mais ambicioso e abrangente plano anticorrupção da história deste país e estamos construindo e fortalecendo mecanismos para prevenir, detectar, e punir atos de fraude, corrupção e comportamento antiético

Ainda não conseguimos reformular todos os mecanismos e instituições que tratam da atividade da representação política em nosso país, pois ainda estão perseguindo e processando políticos profundamente comprometidos com a ética na política.

Reitero nosso compromisso de continuar promovendo uma administração pública mais transparente e responsável, mediante políticas transversais de integridade pública.

Vamos dar continuidade ao nosso programa de tornar a administração pública livre dessas intervenções indevidas de agentes do Estado que são, na verdade, promotores do socialismo e defensores da corrupção.

Reitero nosso compromisso de continuar promovendo uma administração pública mais transparente e responsável, mediante políticas transversais de integridade pública.

Meu governo, que espero que tenho nova oportunidade até 2026, vai continuar perseguindo o objetivo de limpar o terreno de todas essas ervas daninhas do comunismo internacional.

Muito obrigado.

Acho que tudo isto não serviu para nada!

 

Pela correção: 

Paulo Roberto de Almeida

Brasília, 4041: 10 dezembro 2021, 2 p.

 

 

Alexander Zevin on the history of The Economist - Adam Tooze

 Alexander Zevin on the history of The Economist

Alexander Zevin wrote a fascinating history of The Economist magazine, which I had the good fortune to review for Prospect Magazine. It is available right now from Verso for a nice discount! Great holiday gift.

Now there is an h-diplo roundtable on the book featuring lots of reallyexcellent people. 

Apresentação sobre inéditos de José Guilherme Merquior no Seminário Internacional em sua homenagem - Paulo Roberto de Almeida

 Minha apresentação em PP: 

4040. “Apresentação sobre os inéditos de José Guilherme Merquior no Seminário Internacional em homenagem aos seus 80 anos”, Brasília, 7 dezembro, 12 slides. Capas de seus livros mais importantes e dos inéditos sendo apresentados. Seminário apresentado no YouTube da É Realizações (https://www.youtube.com/editorae). 

Disponível na plataforma Academia.edu (link: https://www.academia.edu/63769579/4040_Apresentacao_no_Seminario_Jose_Guilherme_Merquior_2021_).












Inéditos de José Guilherme Merquior: amostras da ‘máquina de pensar’ - Paulo Roberto de Almeida (Seminário Merquior 80 anos)

Minha colaboração ao Seminário Internacional José Guilherme Merquior, 80 anos:

 4038. “Inéditos de José Guilherme Merquior: amostras da ‘máquina de pensar’”, Brasília, 7 dezembro 2021, 19 p. Apresentação sumária dos textos inéditos ou pouco conhecidos de José Guilherme Merquior: prefácio às edições brasileiras dos Estudos Políticos de Raymond Aron (1980) e do Dicionário Crítico da Revolução Francesa, de François Furet e Mouna Ozouf (1988), e conferências feitas na Universidade de Harvard, El Otro Occidente (1988) e no Centre de Recherches sur le Brésil Contemporain, “Brésil: cent ans de bilan historique” (1990). Divulgado na plataforma Academia.edu (link: https://www.academia.edu/63761861/4038_Ineditos_de_Jose_Guilherme_Merquior_amostras_da_maquina_de_pensar_2021_).


Inéditos de José Guilherme Merquior: amostras da ‘máquina de pensar’

 

Paulo Roberto de Almeida

Diplomata; IHG-DF; Ibmec-Brasília

Colaboração preparada para o:

Seminário Internacional José Guilherme Merquior: 80 anos

Painel “Inéditos de José Guilherme Merquior” (10/12/2021, 16hs)

  

Sumário

Introdução: os quase inéditos de Merquior, dois prefácios e duas conferências

Raymond Aron: o mestre incomparável da sociologia histórica

Um outro Ocidente: a filosofia da história vista da América Latina

A Revolução francesa ainda não terminou: pelo menos não na academia

Um balanço em claro e escuro da incompleta construção republicana

Depois de San Tiago Dantas, provavelmente o maior intelectual brasileiro do século XX

 

 

Introdução: os quase inéditos de Merquior, dois prefácios e duas conferências

Foi o ex-ministro da Educação, editor e seu colega na Academia Brasileira de Letras, Eduardo Portella, que designou José Guilherme Merquior como “mais fascinante máquina de pensar do Brasil pós-modernista: irreverente, agudo, sábio.” As provas desse verdadeiro veredito estão refletidas em dezenas de obras publicadas, mas também em um sem-número de escritos que ainda não vieram a lume, ou que passaram quase despercebidos, por terem sido publicados em obras de terceiros ou por terem sido recolhidos em veículos de menor circulação. Estão nesse caso várias conferências feitas a públicos diversos, assim como ensaios preparados especialmente para livros traduzidos e publicados no Brasil. 

Como antecipei em uma nota introdutória a esta apresentação sobre alguns dos textos relativamente inéditos ou pouco conhecidos do grande intelectual brasileiro falecido prematuramente em 1991 – “Jose Guilherme Merquior: textos inéditos ou pouco conhecidos” (Brasília, 2 dezembro 2021, 7 p.; disponível na plataforma Academia.edu, link: https://www.academia.edu/63037269/4034_Jose_Guilherme_Merquior_textos_relativamente_ineditos_ou_pouco_conhecidos_2021_); divulgado no blog Diplomatizzando (link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2021/12/jose-guilherme-merquior-80-anos-6.html) –, pretendo cumprir com o prometido ao abordar, com maior grau de detalhe, alguns dos trabalhos que ele produziu, mas que não integraram, na forma como foram produzidos, seus próprios livros individuais. José Guilherme Merquior, ademais de sua imensa bibliografia, possui um volume ainda não catalogado de manuscritos e inéditos que estão sendo progressivamente disponibilizados graças ao labor conjunto do organizador de várias de suas reedições, o professor João Cézar de Castro Rocha, e do editor encarregado pela família de publicar ou republicar o seu espólio, Edson Filho, da É Realizações Editora. 

Já discorri, de modo amplo, sobre grande parte da obra publicada de Merquior no terreno da sociologia política, notadamente no posfácio à reedição da edição brasileira de Foucault, incorporada sob o título de “José Guilherme Merquior: o esgrimista liberal”, in: José Guilherme Merquior, Foucault, ou o niilismo de cátedra (nova edição: São Paulo: É Realizações, 2021, p. 251-320), o que me dispensa de novamente abordar aqui a riqueza totalizante da sua produção intelectual, pelo menos nessa área especializada de sua imensa contribuição à crítica das ideias e doutrinas políticas. Pretendo, portanto, nesta nova nota, tratar de alguns trabalhos pouco conhecidos de José Guilherme Merquior, ou talvez até relativamente inéditos, no sentido em que eles não foram recolhidos, na forma em que foram apresentados por ele uma primeira ou uma única vez, nos livros editados comercialmente, inclusive porque foram publicados em obras de terceiros. 

Vou deixar de lado, no momento, alguns desses inéditos, inclusive porque tomei a iniciativa, quando do transcurso de seus 80 anos, em abril de 2021, de incorporá-los numa brochura que preparei naquela ocasião – José Guilherme Merquior: um intelectual brasileiro (Brasília, 19 de abril de 2021, 187 p.; disponível na plataforma Academia.edu (link: https://www.academia.edu/46954903/Jose_Guilherme_Merquior_um_Intelectual_Brasileiro_2021_) –, e que são, linearmente, o seu discurso de posse como orador da turma do Instituto Rio Branco (dezembro de 1963), sua tese apresentada no I Curso de Altos Estudos no Instituto Rio Branco, “O problema da legitimidade em política internacional (1978)”, ambos recolhidos no volume preparado pelo Instituto de Pesquisas de Relações Internacionais do Itamaraty: Celso Lafer et alii, José Guilherme Merquior, diplomata (Brasília: Fundação Alexandre de Gusmão, 1993, respectivamente p. 39-45 e 47-80), ademais do ofício que ele redigiu quando era secretário da embaixada do Brasil em Bonn, em 1973, sobre os grandes desafios da Guerra Fria num momento de tensões entre as grandes potências: “O sistema internacional e a Europa Ocidental”, este sim verdadeiramente inédito.

Naquela oportunidade, tentei imaginar, o que ele poderia ter ainda produzido, na fase mais produtiva de uma vida toda ela dedicada às leituras, aos estudos, às reflexões e à escrita, se não tivesse falecido prematuramente em 1991, logo depois da última palestra apresentada nesta nota, e antes que fosse publicado, pela editora Twayne, de Boston, seu primeiro livro póstumo: Liberalism Old and New. De fato, Merquior produziu, num curto espaço de trinta anos, um volume prodigioso de trabalhos de alta qualidade, ademais de um número talvez ainda não catalogado devidamente de artigos de jornal no contexto de debates que ele empreendeu com todo tipo de “parceiros” (inclusive marxistas) ou “adversários” (mas todos involuntários, pois ele não concebia dessa maneira). Pode-se imaginar o que ele teria ainda produzido nos trinta anos seguintes ao seu infeliz passamento, naquela que teria sido, provavelmente, a fase mais fecunda e mais produtiva de uma vida toda ela dedicada à leitura, às reflexões e à escritura, ou seja, tudo aquilo que perdemos, como comunidade acadêmica, e a própria nação brasileira, privados de seu imenso conhecimento altamente sofisticado.

Divulguei, ao longo dos primeiros meses de 2021, uma série de postagens no blog Diplomatizzando discorrendo sobre aspectos diversos da produção intelectual já conhecida de José Guilherme Merquior. Vou, portanto, limitar-me, nesta nota expositiva, a apresentar alguns poucos trabalhos menos conhecidos de Merquior, inseridos como prefácios ou palestras nas publicações que indico a seguir: 

1) “Ciência e consciência da política em Raymond Aron”, um longo prefácio (30 p.) que ele preparou para a edição brasileira da obra de Raymond Aron: Études politiques (Paris: Gallimard, 1972), que foi publicado em tradução de Sérgio Bath (já tradutor de várias outras obras de Aron, entre elas o Paz e Guerra entre as Nações), com apresentação de Rolf Kuntz, sendo que Merquior parafraseia o capítulo introdutório do próprio Aron: “Ciência e consciência da sociedade”: Raymond Aron, Estudos Políticos (Brasília: Editora Universidade de Brasília, 1980, p. 9-39);

2) “El Outro Occidente (um poco de filosofia de la historia desde Latinoamerica”), uma conferência feita em espanhol, quando ele era embaixador do Brasil no México, no Departamento de Línguas e Literatura Românicas da Universidade de Harvard, em setembro de 1988, publicada depois nos Cuadernos Americanos da Universidade Nacional do México (UNAM, n. 13, jan.-fev.1989, p. 19-23); 

3) “O repensamento da Revolução”, o longo (40 p.) e erudito prefácio que ele preparou, no México, entre dezembro de 1988 e janeiro de 1989, para a edição brasileira do Dicionário Crítico da Revolução Francesa de François Furet e Mona Ozouf (Paris: Flammarion, 1988), publicado nesse mesmo ano pela Nova Fronteira; p. xvii-lvii).

4) “Brésil: cent ans de bilan historique”, a palestra efetuada em Paris, quando ele já ocupava a representação do Brasil junto à Unesco, em dezembro de 1990, depois publicada nos Cahiers du Brésil Contemporain (Paris: Centre d’Études sur le Brésil Contemporain, n. 16, 1990, p. 5-22) e que eu reproduzi fac-similarmente na minha brochura de abril, José Guilherme Merquior: um intelectual brasileiro.

 

(...)


Íntegra do texto neste link: 


https://www.academia.edu/63761861/4038_Ineditos_de_Jose_Guilherme_Merquior_amostras_da_maquina_de_pensar_2021_ 


A visão chinesa sobre o multilateralismo seletivo dos EUA - Duan Fengyuan (CGTN)

 World 

CGTN, 10:11, 10-Dec-2021

U.S. alliance system: True or selective multilateralism?
By Duan Fengyuan

"It is our true policy to steer clear of a permanent alliance with any portion of the foreign world," first U.S. President George Washington said in his farewell presidential address in September 1796.

Two centuries later, since the new U.S. administration took office, Washington is vowing to return to multilateralism after four years of "America First" policies under former President Donald Trump.

However, the facts show differently. Take mechanisms such as the AUKUS, the Quadrilateral Security Dialogue (the Quad), the Five Eyes alliance and the Group of Seven (G7).

AUKUS challenges international rules

In mid-September, the United States, Britain, and Australia announced a trilateral security partnership dubbed AUKUS to "deepen diplomatic, security and defense cooperation" in the Indo-Pacific region.

Under the AUKUS deal, Australia would obtain eight state-of-the-art nuclear-powered submarines capable of stealthy, long-range missions. It also provides for sharing cyber and artificial intelligence, quantum technologies and unspecified undersea capabilities.

The action angered France immediately. In 2016, Australia signed an AUD$90-billion ($65.4 billion) deal with the French majority state-owned Naval Group to purchase 12 conventional diesel-electric submarines in Canberra's biggest defense agreement. That has been canceled as a result of the nuclear-powered submarines plan.

Meanwhile, the newly established trilateral security partnership has sparked fierce criticism and widespread concerns over the impact it will have on regional security in the Asia-Pacific and global non-proliferation.

Screenshot from the website of the White House

Under the United Nations Treaty on the Non-Proliferation of Nuclear Weapons, Australia is prohibited from manufacturing or acquiring nuclear weapons. However, Australia signed a formal agreement with the U.S. and the UK  last month to allow the sharing of highly classified nuclear technology – the first time that nuclear-powered technology between the U.S. and the UK is being shared with another country.

"The so-called security relationship is a very negative mechanism for regional countries, as well as for U.S. partners and allies," Teng Jianqun, director of the Arms Control and International Security Research Center of the China Institute of International Studies, told CGTN.

He also said the mechanism challenges the non-proliferation policy recognized by the international community and acquiring a nuclear-powered submarine will enable Australia to be more ambitious in regional affairs. "The Australian government will possibly send the submarines to some sensitive areas such as the South China Sea," Teng said.

Quad hypes up the 'China threat'

The Quad, an informal security grouping of the U.S., Japan, Australia and India, is another example that fits into the notion of multilateralism while it is actually an exclusive club.

The dialogue was initiated in 2007 by Japan, and after a long-time hiatus, the Quad reconvened in 2017 when the U.S. proposed the so-called Indo-Pacific strategy on East Asia cooperation.

President Joe Biden (C) walks to the Quad summit with Australian Prime Minister Scott Morrison (1st L), Indian Prime Minister Narendra Modi (2nd L) and Japanese Prime Minister Yoshihide Suga, in the East Room of the White House in Washington, D.C., the U.S., September 24, 2021. /CFP

In March, the leaders of the Quad held their first summit that ended with a statement in which China was not mentioned, but it contained a number of phrases specifically directed at China. For example, the Quad countries said they "will strive for an Indo-Pacific region unconstrained by coercion."

In September, during the first face-to-face summit of the Quad nations, the countries focused on topics including vaccines, climate, cooperation on technology and space without mentioning the words "China" or "Beijing" but China was "the subtext of most of the group's agenda," the Washington Post reported. 

Beijing has denounced the attempts by the Quad to hype up the "China threat" saying the four-member bloc was going against the global trends of peace and cooperation and was bound to fail.

Five Eyes alliance seeks only its own interests

Going back further, the Five Eyes alliance, an intelligence alliance comprising Australia, Canada, New Zealand, the United Kingdom and the United States, grew out of the aftermath of World War II and continued through the Cold War.

The alliance countries have long been engaged in large-scale cyber theft, surveillance and attacks, and obliged technology companies to insert "backdoors" in encrypted applications.

Edward Snowden, a former intelligence officer who served in the CIA and NSA for nearly a decade as a subject matter expert on technology and cybersecurity, speaks from Russia for an interview during the annual Web Summit technology conference in Lisbon, November 4, 2019. /CFP

In June 2013, top-secret documents of the U.S. National Security Agency (NSA) program PRISM leaked by former NSA contractor Edward Snowden showed that the NSA was gathering nearly 5 billion mobile phone records per day.

In October the same year, the German government said Chancellor Angela Merkel's phone may have been bugged by U.S. intelligence. WikiLeaks disclosed in 2015 that the NSA had spied on French presidents Jacques Chirac, Nicolas Sarkozy and Francois Hollande.

In May 2021, media outlets exposed another scandal of the U.S. monitoring its European allies, reporting that the NSA spied on text messages and phone conversations of leaders from Germany, France, Norway, Sweden, etc. from 2012 to 2014 by tapping into Danish information cables.

G7 creates divisions

Meanwhile, there is little mutual trust within the U.S. alliance system, and bedfellows have different dreams. The G7, an inter-governmental political forum consisting of Canada, France, Germany, Italy, Japan, the United Kingdom and the United States, is typical.

In August 2019, the G7 summit was held in France. Trump said before the summit that the U.S. will tax French wines if France levies a digital tax on U.S. internet technology companies such as Google, Facebook and Apple. For his part, Donald Tusk, then president of the European Council, said the EU will "respond in kind" if Washington imposes tariffs on France.

Reuters listed a series of controversial issues before the summit: Trump's dissatisfaction with France's passage of the bill to levy the digital services tax in July; the U.S. dismissal of other members' efforts to address climate change; the U.S. and European differences on whether to readmit Russia back to the G7; European powers' efforts to ease the tensions between the U.S. and Iran.

Former U.S. President Donald Trump (R) is surrounded by other G7 leaders during a meeting of the G7 Summit in La Malbaie, Quebec, Canada, June 9, 2018. /VCG

U.S.-centered system not true multilateralism

"This is our time. A moment for transformation. An era to re-ignite multilateralism. An age of possibilities," said United Nations Secretary-General Antonio Guterres in his keynote address to the 76th session of the United Nations General Assembly.

Facing two major challenges – climate change and the COVID-19 pandemic, the world needs to uphold multilateralism more than ever. But what kind of multilateralism should the international community adhere to?

China has reiterated its position on "true multilateralism," saying that all countries should refrain from pursuing unilateralism and hegemonism and should not use multilateralism as a pretext to form small circles or stir up ideological confrontation.

The real definition of multilateralism is respecting the UN Charter, promoting the democratization of international relations, and not playing with group politics or selective multilateralism, Chinese State Councilor and Foreign Minister Wang Yi has emphasized.

"The world's problems are far too urgent to leave to empty posturing and to measures that are a mere token of what is needed to achieve stated ends," said Jeffrey D. Sachs, director of the Center for Sustainable Development at Columbia University and president of the UN Sustainable Development Solutions Network.

The professor wrote in an article "We don't need the G7" that criticized the group's goals on issues such as the global distribution of vaccines and climate change as meager.

"Over the years, multilateralism seems to have become a political cliche and even a political ploy which deviated from its original purpose. There emerged various forms of 'pseudo-multilateralism'," said Yuan Sha, assistant research fellow at the Department of American Studies, in an article on the CGTN website.


Seminário Merquior: programação do dia 10/12

 10 de dezembro, 10h, Merquior, pensador (II)

Crise da cultura – Kaio Felipe (IESP-UERJ)

Lírica moderna – Adriano Lima Drummond (UESPI) 

Formalismo – José Luís Jobim (UFF / UERJ)

 

10 de dezembro 12h

Merquior e o universo hispano-americano

Merquior e Octavio Paz – Christopher Domínguez Michael (Letras Libres / Colegio Nacional de México)

O outro Ocidente: o caso brasileiro – Cláudio Ribeiro (UFG)

 

10 de dezembro, 14h

Merquior e a literatura brasileira

História da Literatura – Regina Lúcia de Faria (UFRRJ)

Poesia – Antonio Carlos Secchin (UFRJ / Academia Brasileira de Letras)

Crítica – Peron Rios (Colégio de Aplicação da UFPE)

 

16h

Inéditos de José Guilherme Merquior

Manuela Carneiro da Cunha (Universidade de Chicago / Universidade de São Paulo)

Paulo Roberto de Almeida (IHG-DF / Ibmec-DF)

 

18h

Mesa de encerramento: Depoimentos

Edson Filho (É Realizações)

Manuela Carneiro da Cunha (Universidade de Chicago / Universidade de São Paulo)

Christopher Domínguez Michael (Letras Libres / Colegio Nacional de México)

Heloisa Vilhena de Araujo (Itamaraty)

Julia Merquior