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Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

sexta-feira, 20 de outubro de 2023

O resgate do caçador de Bruxas: Vasco Leitão da Cunha - Ana Clara Costa (Piauí)

Correções da História 

O RESGATE DO CAÇADOR DE BRUXAS

Um diplomata quer reescrever a história do chanceler da ditadura

Ana Clara Costa 

PIAUÍ, Edição 205, Outubro 2023


Vasco Leitão da Cunha era considerado um diplomata brilhante quando assumiu interinamente o Ministério da Justiça, em 1942, auge do Estado Novo, e deu voz de prisão ao poderoso chefe da polícia de Vargas, Filinto Müller, que torturava opositores com choque elétrico. Esse ato de coragem marcou a biografia de Leitão da Cunha, mas acabou obscurecido por sua atuação como chanceler do marechal Humberto Castello Branco, cargo que assumiu logo depois do golpe de 1964.

Sob seu comando, o Itamaraty abandonou os preceitos da Política Externa Independente, em vigor desde 1961, para adotar o alinhamento automático com os Estados Unidos. Nos vinte meses em que permaneceu no cargo, Leitão da Cunha removeu de postos-chave dezenas de servidores considerados simpatizantes da esquerda e autorizou a cassação de quatro diplomatas: Antônio Houaiss, Jayme de Azevedo Rodrigues, Jatyr de Almeida Rodrigues e Hugo Gouthier de Oliveira Gondim.

Nas últimas décadas, pouco se falou de Leitão da Cunha. Até que, em 2019, o presidente Jair Bolsonaro colocou Ernesto Araújo à frente do Ministério das Relações Exteriores, que passou a promover pesquisas e debates sobre temas caros à direita. O diplomata Henri Carrières – genro do ex-astrólogo Olavo de Carvalho, o mentor de Ernesto Araújo – propôs um mergulho na até então pouco conhecida gestão de Leitão da Cunha na ditadura.

Com o apoio da Fundação Alexandre de Gusmão (Funag), entidade de pesquisa ligada ao Itamaraty, Carrières percorreu os arquivos diplomáticos dos anos iniciais do regime. O seu objetivo era mostrar que o legado do diplomata ia além da colaboração com a ditadura. Por isso, a maior parte dos documentos reunidos por ele busca revelar as diretrizes da política externa nas relações com os Estados Unidos, a Europa Ocidental e os países do bloco socialista. Alguns de seus achados, no entanto, confirmam que Leitão da Cunha perseguiu colegas que não marchavam no passo do novo governo.


Carrières organizou A gestão de Vasco Leitão da Cunha no Itamaraty e a política externa brasileira, coleção de documentos diplomáticos inéditos dos anos de 1964 e 1965. Em dois volumes que somam 1 140 páginas, a obra foi publicada pela Funag em 2021. O chanceler de Castello Branco também foi o tema da tese que Carrières desenvolveu no Curso de Altos Estudos do Instituto Rio Branco, defendida neste ano, e para a qual ele teve acesso a escritos pessoais do ex-chanceler.

Na organização e nos comentários do livro, Carrières enaltece o trabalho de Leitão da Cunha na política externa, mas as orientações para o expurgo político que ele promoveu no Itamaraty também se revelam. Um relatório classificado como secreto e sem data, mas atribuído ao período de Leitão da Cunha, descreve o “comunismo no Ministério das Relações Exteriores”.

Segundo Carrières, o documento foi “possivelmente” elaborado pela Comissão de Investigações, um departamento criado pelo chanceler, na esteira do Ato Institucional nº 1, para perseguir opositores do regime. “O problema da esquerdização, no Itamaraty, não é recente. Data de alguns anos o indício da existência de uma célula com nítidos objetivos comunistas. Concretamente, o assunto alcançou grande evidência quando uma carta, de texto suspeito, atribuída ao cônsul João Cabral de Melo Neto […] motivou instauração de rigoroso inquérito.” Essa passagem do relatório referia-se a um grupo de diplomatas de esquerda – entre eles, o poeta João Cabral – conhecido no Itamaraty como “célula Bolívar”. No início dos anos 1950, os membros do grupo foram investigados e temporariamente afastados de seus cargos. Dois deles mais tarde seriam cassados pela ditadura: Houaiss e Almeida Rodrigues.

Outro documento secreto incluído no livro descreve as gestões de Leitão da Cunha sobre o governo uruguaio para controlar as atividades de João Goulart, deposto em 1964, e outros asilados políticos que viviam no país. Num ato mais generoso do chanceler, um telegrama secreto orienta a emissão de um salvo-­conduto a Miguel Arraes, governador cassado de Pernambuco, para que ele pudesse deixar o Brasil com destino à Argélia, na condição de asilado.

Procurado pela piauí para comentar o resgate biográfico de Leitão da Cunha, Carrières não respondeu aos contatos da reportagem. O acesso à sua tese no Curso de Altos Estudos também foi negado. Considerado pelos seus pares como um servidor técnico, qualificado e com passagens bem-sucedidas pela Índia e pelo Reino Unido, Carrières é casado com Maria Inês de Carvalho, filha de Olavo de Carvalho. Trabalhou na assessoria internacional de Michel Temer. Quando todo o gabinete do emedebista foi exonerado na posse de Bolsonaro, Carrières saiu junto. Mas logo foi chamado de volta ao Palácio do Planalto para trabalhar na equipe de Filipe Martins, olavista convicto e assessor internacional de Bolsonaro, que conhecia bem o trabalho do diplomata. Depois, Carrières foi direcionado a um posto na Embaixada do Brasil em Washington, sob a batuta do embaixador Nestor Forster, outro reconhecido admirador de Olavo de Carvalho. Hoje, Carrières dá expediente na embaixada em Assunção, no Paraguai, onde vive com a mulher e os seis filhos. O casal é ultracatólico e educa os filhos em casa.

A trajetória profissional de Leitão da Cunha merece ser mais bem conhecida. Um dos maiores diplomatas de sua geração – nasceu em 1903, no Rio de Janeiro –, ele serviu na Argélia durante a Segunda Guerra Mundial, como delegado brasileiro junto ao Comitê Francês de Libertação Nacional, e lá se tornou próximo do general Charles de Gaulle. Integrou a delegação brasileira na primeira Assembleia Geral das Nações Unidas, em Londres, em 1947. Foi embaixador brasileiro em Cuba durante a revolução, pela qual chegou a ter simpatia – até compreender que Fidel Castro conduziria a ilha para o socialismo. Apesar de seu anticomunismo, Vasco Leitão foi embaixador em Moscou durante o governo João Goulart.

No entanto, a caça às bruxas que Vasco Leitão promoveu no Itamaraty salta aos olhos. Na contramão da releitura de Carrières sobre o personagem, o historiador Rogério de Souza Farias, da Universidade de Brasília, mergulhou em outros arquivos pouco explorados do período da ditadura e descobriu que as quatro cassações realizadas pelo chanceler não foram exigidas pelos militares. (Ele prepara um livro sobre seus achados, ainda sem previsão de lançamento.) Um exemplo: nas cinco oportunidades em que pôde deliberar sobre o caso de Azevedo Rodrigues, Leitão da Cunha defendeu a aplicação da penalidade mais severa. E não havia delito recente para justificar a punição dos outros três diplomatas – Houaiss, Almeida Rodrigues e Gondim –, que foi amparada em fatos antigos.

A pesquisa de Farias aponta que Houaiss foi aposentado por Leitão da Cunha em razão da alegada participação na “célula Bolívar”, já examinada no processo que se encerrara uma década antes. Até a consulta que o Itamaraty fez ao Departamento de Ordem Política e Social (Dops) em 1964 para saber se havia fatos desabonadores sobre Houaiss voltou vazia. Mesmo assim, o chanceler enviou a Castello Branco o pedido de cassação, sem que fosse analisada a defesa do diplomata. Farias também descobriu que parte dos depoimentos usados para embasar a cassação de Houaiss foi, na verdade, deturpada, pois eram originalmente em defesa do diplomata.

Em 1983, um ano antes de sua morte, Vasco Leitão da Cunha deu um depoimento ao Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil (CPDOC) da Fundação Getulio Vargas. Alegou que, longe de perseguir diplomatas de esquerda, sua gestão os salvou de um expurgo ainda mais drástico. “Pude fazer uma proteção em torno do Itamaraty. Uma trincheira”, disse. E, assim, aquilo que o ex-chanceler chamou de “punição revolucionária” teria ficado em “termos aceitáveis”. No mesmo depoimento, Leitão da Cunha elogiou Houaiss: “Ele é generoso. Fala comigo.”

https://piaui.folha.uol.com.br/materia/o-resgate-do-cacador-de-bruxas/?utm_campaign=a_semana_na_piaui_184&utm_medium=email&utm_source=RD+Station 

A novela do submarino nuclear continua, por mais 20 anos (FSP)

Governo Lula faz reunião sigilosa com França para complementar acordo sobre submarino nuclear 

FSP, 20/10/2023

Brasil pede mais transferência de tecnologia e apoio para finalizar projeto, cuja nova fase pode chegar a R$ 25 bilhões O Brasil negocia com a França uma complementação do acordo para a construção do submarino de propulsão nuclear. No dia 22 de setembro, o chefe do Estado-Maior da França, brigadeiro Fabien Mandon, esteve em Brasília e participou de uma reunião com o almirante Petrônio Aguiar, diretor-geral de desenvolvimento nuclear da Marinha, para discutir os termos do contrato e avançar na construção do submarino, que enfrenta atrasos. A reunião, que teve participação de integrantes do Itamaraty, do Planalto e do Secretariado-Geral da Defesa da França, órgão que autoriza a venda de armamentos e tecnologia sensível do país, foi mantida em sigilo. 

O almirante Petrônio viajará à França nos próximos dias para prosseguir com as conversas. França e Brasil negociam dentro do acordo de parceria estratégica assinado em 2008 que inclui o Prosub, o programa brasileiro de submarinos. Estimado em R$ 40 bilhões em valores atuais, o Prosub previa a construção de quatro submarinos convencionais (dois dos quais estão prontos) e um submarino convencional movido a propulsão nuclear, batizado de "Álvaro Alberto". O acordo assinado em 2008 com a França previa "apoio francês, no longo prazo, para a concepção e construção da parte não-nuclear do submarino". 

Na prática, até agora, foi um auxílio para o design do casco do submarino de propulsão nuclear –mas não a tecnologia para acomodar o reator (que o Brasil sabe fabricar) dentro do casco e fazer com que ele conecte e forneça energia até a propulsão. Apesar de o submarino ser prioridade do governo brasileiro, o projeto avança lentamente, porque o Brasil precisa de mais know-how e equipamentos da França e porque há inconstância orçamentária. Nesse acordo complementar, o Brasil negocia comprar dos franceses equipamentos para a turbina e o gerador, que usariam a energia gerada pelo reator, e não são fabricados no país. 

 O país também precisa de transferência de know-how para integrar o reator ao submarino e para finalizar o protótipo do submarino no Laboratório de Geração de Energia Nucleoelétrica, em Iperó, interior de São Paulo. A Marinha também precisa de treinamento para montagem e coordenação, de testes operacionais e racionalização industrial para redução dos custos de construção. Outra demanda do Brasil é ajuda para garantir a segurança do reator dentro do submarino, mas isso enfrenta resistência do lado francês, que não quer se envolver diretamente na parte nuclear. O objetivo seria chegar, nos próximos meses, a uma carta de intenções assinada pelo presidente Lula e pelo líder francês Emmanuel Macron. 

 A Marinha brasileira pretende avançar com as negociações para cumprir seu cronograma interno, que prevê a finalização do reator atômico em 2027 e a conclusão do submarino daqui a dez anos. Os entraves para o acordo com a França e as tratativas com agências internacionais de energia atômica fizeram a Marinha tratar com mais sigilo as negociações do Prosub desde agosto. Estima-se que, para essa nova fase, sejam necessários cerca de R$ 25 bilhões, entre compras de equipamentos da França e investimento brasileiro. Mas o governo brasileiro está negociando valores. "Esta nova negociação vai determinar de que maneira a França vai apoiar na continuação da construção do submarino de propulsão nuclear, quanto isso vai custar e se vão estender o acordo", diz o almirante Antonio Ruy Silva, membro do Grupo de Análise da Conjuntura Internacional (Gacint) da USP.

 Autoridades brasileiras e francesas já haviam conversado sobre o assunto em maio, na França, e em junho, em encontro de Lula com Macron, em Paris. A negociação é delicada porque os Estados Unidos se opõem à venda dos equipamentos e transferência de know-how para o Brasil. "Os Estados Unidos não querem que outra potência do hemisfério ocidental tenha essa capacidade bélica", diz Francisco Carlos Teixeira, professor de história contemporânea da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Hoje, só os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU —Estados Unidos, China, Rússia, França e Reino Unido— e a Índia, que não é signatária do Tratado de Não Proliferação Nuclear (TNP), detêm essa tecnologia. 

Todos eles têm bombas atômicas. Uma rusga geopolítica pode entrar no cálculo dos franceses na decisão de assinar o novo acordo com o Brasil. Em 2021, a Austrália cancelou um contrato de US$ 66 bilhões com a França para comprar uma frota de submarinos convencionais e anunciou que, em vez disso, iria adquirir submarinos de propulsão nuclear dos Estados Unidos e Reino Unido. O presidente Macron foi surpreendido e ficou enfurecido. 

Em março deste ano, EUA, Reino Unido e Austrália formalizaram o chamado acordo Aukus, com vistas à contenção da China. "Pode ser o momento de a França devolver o golpe que levou dos EUA", diz Teixeira. "Além disso seriam encomendas importantes para a indústria francesa, que sofreu com a perda dos contratos com a Austrália." Relatório do Senado francês em julho afirma que o desenvolvimento do Álvaro Alberto "representa um grande desafio para o Brasil" e que "vários interlocutores indicaram claramente que queriam um maior apoio da França". O relatório recomenda que se estude a possibilidade de "aprofundamento do programa Prosub na área nuclear", tendo em vista que "o acordo Aukus deverá levar à construção e entrega, pelos Estados Unidos, de submarino de propulsão nuclear à Austrália". 

 O interesse dos franceses na venda, além de financeiro, é também se aproximar do Brasil e eventualmente ter o país como um novo fornecedor de urânio. A França, que compra do Níger 20% do urânio que consome, quer diversificar suas fontes, uma vez que o país africano teve um golpe de Estado e está sob grande influência da Rússia. Macron, com a crise no fornecimento de gás por causa da guerra na Ucrânia, anunciou a construção de novas usinas nucleares, o que vai aumentar muito a demanda pelo mineral. 

 O Brasil levaria cerca de três anos para conseguir aumentar a produção, e teria de mudar a legislação –hoje monopólio estatal. Mas já existe um lobby forte para isso. O deputado Júlio Lopes (PP-RJ), presidente da Frente Parlamentar da Tecnologia e Atividades Nucleares do Congresso, é um dos maiores defensores da adoção de pequenos reatores modulares e aumento da produção de urânio no país. "O governo francês está bem interessado no urânio brasileiro", disse. Além dos desafios tecnológicos, o Brasil enfrenta mais um obstáculo para o submarino nuclear: terá de negociar com a AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica) um acordo de salvaguardas para garantir a segurança do combustível atômico –urânio enriquecido. A agência já manifestou resistência. 

A Austrália também negocia salvaguardas, mas, ao contrário do Brasil, aderiu aos protocolos adicionais do Tratado de Não-Proliferação Nuclear. O governo brasileiro vê os protocolos adicionais como excessivos e interferência sobre soberania. Procurada pela reportagem, a Marinha enviou nota afirmando que "a parceria estratégica com a França tem sido exibida exitosa nos últimos 15 anos" e que a Força "permanece empenhada em sua manutenção e mesmo no seu crescimento, gerando assim maiores sinergia e desenvolvimento para as duas nações".

 A Marinha disse buscar, no âmbito do Prosub, "o incremento da quantidade de equipamentos periféricos para o sistema de propulsão do futuro submarino". "São materiais especiais, que ainda não estão disponíveis no mercado nacional e, portanto, seria interessante a participação de nossos parceiros industriais franceses." Procurada, a Embaixada da França no Brasil não se manifestou. 

Uma euforia completamente sem sentido: PIB global do BRICS e do G7 - Paulo Roberto de Almeida

Uma euforia completamente sem sentido: PIB global do BRICS e do G7

Paulo Roberto de Almeida


Ingênuos celebram a ultrapassagem do PIB global do G7 pelo do BRICS. Total ilusão numérica: as pessoas vivem no PIB global ou no PIB per capita?  A resposta é meridianamente clara.

O relevante, de fato, é o bem-estar das pessoas, não o tamanho do país ou o do bloco. Demografia acumulada não é desenvolvimento, é apenas uma constatação, sem descurar o fato de que mais de 60% do valor agregado conjunto do BRICS é feito na China.

Quanto mais países forem incorporados ao BRICS, mais o PIB total desse agrupamento heteróclito de vontades aumentará, mas sem qualquer coordenação das políticas econômicas dos membros, como ocorre no G7, todos membros da OCDE e altamente interdependentes. 

O BRICS não comporta NENHUM acordo econômico relevante, sequer em comércio. O NDB é apenas um banco emprestador: existem dezenas deles  com capital estatal e centenas, milhares de bancos privados que fazem o mesmo.

Por acaso, chineses e indianos vivem melhor do que os europeus e americanos? 

E quanto à produção científica (know-how) e tecnológica (patentes) à frente dos investimentos de empresas globais?

Contem outra!

Paulo Roberto de Almeida 

Brasília, 20/10/2023

Brazil’s isolation: a love affair - Bill Hinchberger (Global Finance)

 Brazil loves its isolation, says an ex-president. Is the country ready to play a larger role on the global stage?    

Author: BILL HINCHBERGER
Luiz Inácio Lula da Silva seems to log more time on his souped-up Airbus than he does at the Alvarado Palace, the presidential mansion in Brasília.
His jet-setting started in November with the COP27 climate summit in Sharm El-Sheik, where the then president-elect was “welcomed like a rock star,” according to the French newspaper Le Monde. He promised to clean up after his predecessor, climate skeptic Jair Bolsonaro, who oversaw a notable uptick in deforestation in the Amazon.

Since his inauguration in January for a second stint (on top of two terms from 2003-2011), Lula has visited over a dozen countries, outpacing even his American counterpart Joe Biden for his presence on the global arena.

Yet “Brazil remains closed,” states veteran Brazilian businessman Roberto Teixeira da Costa in a new book, “Is Brazil Afraid of the World? Discussing Brazilian Foreign Affairs and Challenges.” Of the world’s 15 largest economies, Brazil has ranked “among the lowest” when it comes to the importance of international trade to its economy, he said in the book. This even before Bolsonaro turned Brazil into a “pariah,” says the author, who founded and served as the first president of the Brazilian Security and Exchage Commission (CVM) and is currently chairman of the Arbitrage Chamber of the São Paulo Stock Market (Bovespa).

Relative to its size, Brazil scores lower than one would expect on international participation in all realms, including trade and historic incoming and outgoing FDI. Teixeira da Costa doesn’t blame foreign bullies for blocking Brazil. Instead, he quotes former President Fernando Henrique Cardoso: “Nothing makes Brazilians happier than isolation.”

Part diagnosis, part prescription, Teixeira da Costa’s book may serve as a primer for those who wonder why a continent-size nation of 215 million is often marked down as absent during important international roll calls. For Brazilians, it poses a series of Socratic questions designed to fuel debate, concluded reviewer Marcelo Consentino in the daily Estado de São Paulo.

“The thesis of the book is that Brazil fails to recognize the role it should play in international relations, and instead accepts a secondary role,” Teixeira da Costa says. “Brazil should become a protagonist.”

Many well-informed, well-meaning, and experienced Brazilians remain unconvinced, at least when it comes to the “just do it” modus operandi. “Brazil’s capacity is modest,” says Paulo Roberto de Almeida, a diplomat and director of international relations at the Institute of History and Geography of the Federal District University in Brasília. “First, because of its level of economic development, the average strength of its military force, and the limited resources devoted to international cooperation.”

National pride matters, as it does everywhere, but practical considerations loom large—including a longing to put to rest an old joke. Granted a permanent visa by President Getúlio Vargas during World War II, exiled Austrian writer Stefan Zweig published a book titled, “Brazil, Land of the Future.” Cynical Brazilians began to quip, “Land of the future, and always will be.”

Teixeira da Costa believes that greater international integration can help Brazil address sticky domestic problems, notably poverty and inequality, and help muffle that ostensibly antiquated joke. Brazil perennially ranks near the bottom on the Gini Coefficient, which measures economic inequality. At 12.4% in December 2022 (CEIC Data), Brazil’s low domestic savings rate means that it cannot go it alone. “We have to attract [foreign] investment,” said Teixeira da Costa.

Based on historical data, one would expect inflows from the United States and Europe. These traditional partners must shore up supply chains, given weaknesses revealed by Covid-19 restrictions and fallout from the Russian war in Ukraine. Brazil shores might seem to offer safe ports.

Reticence could be traced in part to the now infamous Custo Brasil (Brazil Cost), which Teixeira da Costa defined in the book as: excessive bureaucracy; high and complicated taxes; high labor costs; high social security costs; frequent regulatory changes; excessive legislation; and conflicts among federal, state and local governments. One example: As a technologically advanced, post-lockdown world adopts more flexible and creative working relationships, Brazilian labor laws remain mired in a model designed for early-20th century factories. “All of this insecurity messes things up,” says Lika Takahashi, head of equity strategy at Fator Asset Management in São Paulo, while referring to a few recent debates over big issues in Congress.

Abrupt alterations and intergovernmental conflicts create uncertainty. This inconsistency is particularly evident in the foreign policy realm.

Of the post-dictatorship presidents since 1985, Teixeira da Costa points to Cardoso and Lula as “particularly active abroad.” (He could have included Fernando Collor de Mello. Before his impeachment on corruption charges, Collor cut tariffs, facilitated foreign investment, hosted the 1992 Earth Summit in Rio de Janeiro, and signed the Mercosur regional pact with Argentina, Paraguay and Uruguay.)

Look at the contrasts between the Cardoso and Lula administrations. Cardoso proved “more balanced,” as Teixeira da Costa said in our interview, whereas Lula focused on South-South relations and what some would call “Third World-ist” policies. Now consider what the book calls the “Bolsonaro administration’s blind march toward Donald Trump’s America.” Add to that the lack of reliable foreign policy interlocutors in Congress or the business community. You can understand why outsiders might get weirded out.

One external actor appears willing to wade through the weirdness: China. As with the United States, Teixeira da Costa devoted an entire chapter to Brazilian-Chinese relations. Even under the watch of Trumpista Bolsonaro, “In the first half of 2020, for every dollar Brazil exported to the United States, US$3.4 went to China,” states the book.

Given his South-South proclivity and enthusiasm for the BRICS+, Lula might be expected to lean more firmly into China for FDI. With 11 members, the new BRICS+ accounts for over one-third of global GDP and nearly half of world population, though it is top-heavy with China on both accounts.

When it comes to prescriptions, Teixeira da Costa can seem exceedingly nitpicky and refreshingly specific. Do problems exist at all levels of government and business? Yes. And they can all be addressed. Poor language skills and understanding of the world? More and better education in those realms. If your company is big enough, the board should be required to examine opportunities abroad. Navel-gazing industrial associations should lift their heads and look around.

The 20th century Brazilian composer and poet (and career diplomat) Vinicius de Moraes, perhaps best known for his collaborations with Tom Jobim and other Bossa Nova personages, wrote the song “Medo de Amar (Afraid to Love).” A quarter of a century after de Moraes was expelled from the foreign service by the military dictatorship, it might be time for Brazil to overcome its fear of the global stage.

Or maybe it is time for Brazil to just get down and dirty. In the book, Teixeira da Costa recalls a comment he made in the 1990s to Bill Clinton’s special envoy to the Americas, Mack McLarty: “He who does not make dust, eats dust!” According to the Brazilian, they still get a laugh out of that one.


Why the Israel-Gaza war represents a broader crisis for the Global Justice - Adam Taylor (The Washington Post)

Why the Israel-Gaza war represents a broader crisis for the Global Justice

Adam Taylor

The Washington Post, October 19, 2023


https://www.washingtonpost.com//world/2023/10/20/israel-hamas-war-crimes-gaza-justice-genocide-international-criminal-court/?utm_campaign=wp_todays_worldview&utm_medium=email&utm_source=newsletter&wpisrc=nl_todayworld&carta-url=https%3A%2F%2Fs2.washingtonpost.com%2Fcar-ln-tr%2F3b85c45%2F65320227b55654324faa000f%2F596b79f3ade4e24119b43ed3%2F11%2F65%2F65320227b55654324faa000f


What a difference a week makes: the new and the old Middle East - Ishaan Tharoor, Sammy Westfall (The Washington Post)

The Washington Post, October 18, 2023