Guerra Israel e Hamas tem bem mais de dois lados
Thomas Friedman
O Estado de S. Paulo, 24/11/2023
Relações de palestinos e israelenses é complexa e vai além de extremismos de ambos os lados; veja histórias de coexistência após o 7 de outubro
Temas de relações internacionais, de política externa e de diplomacia brasileira, com ênfase em políticas econômicas, em viagens, livros e cultura em geral. Um quilombo de resistência intelectual em defesa da racionalidade, da inteligência e das liberdades democráticas.
Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.
Guerra Israel e Hamas tem bem mais de dois lados
Thomas Friedman
O Estado de S. Paulo, 24/11/2023
Relações de palestinos e israelenses é complexa e vai além de extremismos de ambos os lados; veja histórias de coexistência após o 7 de outubro
Marcio Pochman, o atual presidente maoísta do IBGE, acha que a China, que já foi muito grande e desenvolvida no passado, e que volta a sê-lo agora, e considera que o gigante asiático é um bom exemplo para as estatísticas do IBGE.
O cidadão em questão, que gostaria de voltar para antes de 1500, não passaria por um simples exame de qualificação no Comitê de Estatísticas da ONU. Vai destruir o IBGE? Talvez...
Paulo Roberto de Almeida
By Simon on Nov 23, 2023 04:30 pm
O jornal O Estado de São Paulo publicou hoje, 23/11/2023, uma entrevista minha sobre as questões de confiabilidade e divulgação dos dados do IBGE. O texto espelha razoavelmente bem a conversa telefônica que tive com o jornalista, com duas pequenas correções. Primeiro, não sou filho do jornalista Salomão Schwartzman, que era xará de meu pai. Segundo, que eu saiba, a ex-presidente do IBGE Suzana Cordeiro Guerra não foi indicada por Jair Bolsonaro, mas pelo Ministro da Economia Paulo Guedes, que no entanto não lhe deu o apoio que deveria.
Um estudo detalhado sobre a qualidade dos sistemas nacionais de estatística, publicado pelo Banco Mundial em 2019, mostra que os países mais desenvolvidos em relação a isto são a Noruega, Italia, Polônia, Austria, Eslovênia e Estados Unidos, todos com perto de 90 pontos em uma escala de 100. Nesta escala, o Brasil tem 76,8 pontos, a Índia 70,4 e a China 58,2, o que significa que nem China nem India são modelos para nós. O que a Índia tem de notável foi o grande avanço na implantação do governo digital. A China seguramente não está atrás no uso de informações digitais pelo governo, mas não é o melhor exemplo de transparência.
Transcrevo abaixo o texto da entrevista, tal como publicado:
“A China não é um bom exemplo para o IBGE“, diz o ex-presidente do instituto. Simon Schwartzman considera um equívoco o atual gestor, Marcio Pochmann, buscar no país asiático ideias para aplicar no Brasil, quando a Índia seria a melhor referência em digitalização.
O Estado de São Paulo. Por Carlos Eduardo Valim, 23/11/2023 | 14h30
O sociólogo Simon Schwartzman, filho do jornalista Salomão Schwartzman, presidiu o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) entre 1994 e 1998, durante o governo de Fernando Henrique Cardoso. Na época, já defendia uma modernização da estrutura da instituição para proteger o corpo técnico da interferência política, algo que voltou a preocupar economistas e quem trabalha com dados populacionais.
A gestão do instituto está sob os holofotes desde o apagão de dados no meio do governo de Jair Bolsonaro, com o adiamento do último Censo, e agora com a escolha do economista Marcio Pochmann, filiado ao PT, para liderar o órgão.
Este último chamou atenção após, em uma palestra para funcionários do IBGE realizada no fim de outubro, defender “modernizar” a forma de divulgação dos dados da instituição e comentou que buscou exemplos de como trabalhar com pesquisas na China. Schwartzman contesta que a possibilidade de país asiático ser uma referência para o Brasil, e que o exemplo precisaria ser buscado na Índia, que digitalizou a coleta de dados de forma inovadora.
Em entrevista ao Estadão, ele também defende que o IBGE deveria receber uma autonomia operacional e administrativa similar à do Banco Central, além ter um conselho técnico que aferisse e cobrasse da instituição a adoção de padrões internacionais.
As declarações e os posicionamentos políticos de Pochmann trazem preocupação sobre a credibilidade do IBGE?
Eu não vi o texto da conferência dele, mas estou acompanhando as notícias de jornais. Claro que existe uma preocupação de algum tempo de que o IBGE precisa garantir que produz dados confiáveis. Uma coisa muito importante da estatística é que ela precisa ser reconhecida como um dado válido. E isso acontece ao se adotar padrões internacionais, como os usados pela ONU (Organização das Nações Unidas), com a mesma qualidade dos principais centros de estatística do mundo. Também é preciso ter gente com reputação técnica adequada coordenando esse processo. Isso tudo é necessário porque a sociedade não tem como aferir o detalhe técnico e se o trabalho foi feito corretamente. Então, é preciso um mecanismo que traga a garantia de aplicação das melhores práticas internacionais, o que traz confiança para investidores e para a população, e dá segurança para que se possa utilizar os dados para fazer políticas públicas.
Historicamente, os dados do IBGE não costumam ser contestados. Ele não tem este arcabouço confiável?
O IBGE sempre buscou fazer um esforço neste sentido, mas não tem uma estrutura suficientemente sólida para garantir isso. Não tem conselho técnico e um mecanismo para garantir que as melhores práticas estão sendo aplicadas. Então, ele depende muito de quem está na presidência, que é um cargo demissível. Não é uma posição protegida. Deveria ser um cargo mais técnico. O problema da credibilidade é que, quando uma pessoa vem com uma marca ideológica muito forte, já se cria um clima de desconfiança que causa muito impacto. A credibilidade é muito fundamental.
Durante sua gestão nos anos 1990, houve esforços para se adotar uma governança modernizada e a falta de apoio para isso teria sido o motivo de sua saída?
Na minha presidência, eu insisti para evoluir nisso e não consegui. Eu tentei, mas não consegui na época implementar as modificações necessárias. Continuo insistindo que é necessária essa estrutura. Nenhum governo posterior levou isso para frente.
Sem isso, a instituição ficou muito exposta a pressões políticas?
Houve situações em que o instituto ficou à mercê de pessoas com posições de ideologias muito marcadas, sem compromisso com a precisão.
O Pochmann disse que se espelhava na coleta de dados digitalizada feita pela China. Esse é um bom exemplo?
O país notável do terceiro mundo é a Índia. E todos os países da Europa Ocidental também fazem isso. A China não é um bom exemplo para o IBGE. Ela é muito fechada. A Índia é mais interessante na digitalização, e tem hoje uma população maior até do que a China. É um desafio altíssimo coletar dados lá na Índia, mas todo mundo tem identidade digital, todo mundo usa comunicação digital. Eles avançaram muitíssimo nisso.
O IBGE está muito atrás? O Pochmann também causou polêmica ao defender que a divulgação pela imprensa não seria mais tão importante se é possível divulgar mais as pesquisas pela internet. Isso faz sentido?
O IBGE já avançou muito na informação disponível na internet. Todos os sistemas são digitais, todos podem acessar. Mas a divulgação pela imprensa é importantíssima, para traduzir os dados mais importantes para a população. Não entendo qual seria a novidade que ele gostaria de trazer em relação a isso.
De todos os presidentes entre 2003 e 2019, só em 10 meses entre 2016 e 2017 não teve alguém que não era funcionário de carreira. Seria importante voltar a isso?
Eu não sei se é fundamental. Eu como presidente vim de fora. Chegar à direção vindo do corpo técnico não é essencial. A questão é que as pessoas escolhidas sejam reconhecidas na área, que entendam do tema, de estatísticas. É até bom vir alguém de fora, com uma perspectiva diferente. O problema atual não é esse. Precisaria haver um mandato e a autonomia do presidente do IBGE, como é no Banco Central. Ou, então, o gestor fica sob influência do ministro ou dependente da indicação do presidente.
Quando a gestão do IBGE perdeu a confiabilidade? A primeira indicada pelo governo do presidente Jair Bolsonaro, a Susana Cordeiro Guerra, vinha de fora da instituição, mas tinha boas credenciais. Por que isso não teve sequência?
Ela foi indicada pelo Bolsonaro e não recebeu apoio do Ministério da Economia quando se resolveu cortar a verba do Censo. Ela ficou entre dois fogos e não conseguiu permanecer. Ela tinha uma agenda importante de se passar a usar mais informações administrativas, geradas por outras áreas do governo, como a área fiscal e a de dados econômicos. Assim, o Brasil poderia depender menos da pesquisa de opinião e usar mais os dados administrativos de qualidade gerados. Até por causa da pandemia isso ficou mais agudo ainda. Ela queria adotar critérios para os integrar os dados administrativos aos produzidos pelo IBGE, e fez um trabalho neste sentido.
Quem produz dados administrativos relevantes?
Os ministérios da Saúde, da Educação, do Desenvolvimento Social e a Receita Federal, por exemplo. É parte do trabalho de várias áreas produzir essas informações. É preciso, então, desenvolver um processo mais organizado, para usar o que eles produzem como dados oficiais para efeito estatístico. O IBGE ainda tem um formato muito antigo, com agências localizadas em cidades do País, uma coisa dos anos 1930 e 1940, para coletar declarações das pessoas. Hoje não faz mais muito sentido, com os equipamentos de última geração e software modernos.
Os ministros e ministras de Defesa têm certaza de que está tudo bem? Vejam este parágrafo:
“ Em um momento em que outras partes do mundo enfrentam conflitos armados, instabilidade política e crescentes tensões geopolíticas, as Ministras e Ministros recordaram a visão comum, registrada no Consenso de Brasília, de que a América do Sul constitui uma região de paz e cooperação, onde prevalecem o diálogo e o respeito à diversidade, comprometida com a democracia e os direitos humanos, o desenvolvimento sustentável e a justiça social, o Estado de Direito e a estabilidade institucional, a defesa da soberania e da integridade territorial, a não interferência em assuntos internos e a solução pacífica de controvérsias.”
Poxa vida: pensei que certas ameaças pairam no ar…
Ministério das Relações Exteriores
Assessoria Especial de Comunicação Social
Nota nº 542
22 de novembro de 2023
Primeira Reunião Sul-Americana de Diálogo entre Ministros da Defesa e das Relações Exteriores
Aconvite dos Ministros das Relações Exteriores, Mauro Vieira, e da Defesa, José Múcio Monteiro Filho, teve lugar, no Palácio Itamaraty, em 22 de novembro, a Primeira Reunião Sul-Americana de Diálogo entre Ministros da Defesa e das Relações Exteriores, ao amparo do Consenso de Brasília, adotado na Reunião de Presidentes da América do Sul, celebrada no dia 30 de maio.
O evento integra o calendário de atividades realizadas no contexto de relançamento da integração sul-americana, conforme estabelecido no Mapa do Caminho para a Integração da América do Sul, aprovado no último dia 5 de outubro.
O encontro teve por objetivo propiciar reflexões a respeito da atual conjuntura de paz e segurança internacional e regional, bem como dos elementos que deverão nortear a retomada do diálogo e da cooperação sul-americana em matéria de defesa.
Na reunião, também foram exploradas possíveis linhas de ação para o estabelecimento de diálogo regular entre os doze países sul-americanos em áreas consideradas prioritárias pelos Ministros de Defesa e Relações Exteriores. Na agenda do evento, foram realizados debates sobre temas de ajuda humanitária, segurança de fronteiras, defesa cibernética e indústria de defesa.
Adotou-se, ao final do encontro, declaração com diretrizes para a retomada do diálogo e da cooperação sul-americana em matéria de defesa, além de declaração especial sobre a questão das ilhas Malvinas. Para dar seguimento às iniciativas, também se decidiu estabelecer Rede de Contato, que permitirá manter espaço de coordenação permanente sobre os temas tratados na ocasião.
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DECLARAÇÃO DA PRIMEIRA REUNIÃO SUL-AMERICANA DE DIÁLOGO ENTRE MINISTROS DA DEFESA E DAS RELAÇÕES EXTERIORES
1. As Ministras e Ministros da Defesa e das Relações Exteriores e os representantes dos países da América do Sul reuniram-se em Brasília, em 22 de novembro de 2023, com o objetivo de realizar a "Primeira Reunião Sul-Americana de Diálogo entre as Ministras e Ministros da Defesa e das Relações Exteriores", com base no mandato conferido pelos Presidentes da América do Sul no Consenso de Brasília, em 30 de maio, e no Mapa do Caminho para a Integração da América do Sul, adotado em 5 de outubro.
2. Em um momento em que outras partes do mundo enfrentam conflitos armados, instabilidade política e crescentes tensões geopolíticas, as Ministras e Ministros recordaram a visão comum, registrada no Consenso de Brasília, de que a América do Sul constitui uma região de paz e cooperação, onde prevalecem o diálogo e o respeito à diversidade, comprometida com a democracia e os direitos humanos, o desenvolvimento sustentável e a justiça social, o Estado de Direito e a estabilidade institucional, a defesa da soberania e da integridade territorial, a não interferência em assuntos internos e a solução pacífica de controvérsias.
3. Nesse contexto, reafirmaram seu compromisso de retomar o diálogo regular sobre temas de interesse estratégico para a região, com o objetivo de consolidar um espaço de concertação e diálogo que permita fortalecer a confiança mútua e aperfeiçoar a coordenação e a cooperação diante de eventuais desafios e ameaças à segurança enfrentados pela região, baseados no respeito à soberania de cada país e nos princípios de autodeterminação, integridade territorial e não intervenção.
4. Reconhecendo a importância de uma abordagem abrangente para a segurança que leve em conta a natureza multidimensional dos desafios de segurança na região, as Ministras e Ministros mencionaram, como foco inicial de atenção, as seguintes áreas prioritárias: avaliação da conjuntura de paz e segurança internacional e regional; intercâmbio de melhores práticas em defesa cibernética; intercâmbio de experiências em ajuda humanitária, bem como prevenção e resposta a desastres; cooperação em indústrias de defesa; diálogo regular entre as Ministras e Ministros da Defesa e das Relações Exteriores, entre outras.
5. Levando em conta os pontos 8 e 9 do Mapa do Caminho para a Integração da América do Sul, acordaram:
a) realizar edições das Reuniões Sul-Americanas de Diálogo entre Ministras e Ministros da Defesa e das Relações Exteriores pelo menos uma vez por ano;
b) estabelecer uma Rede de Contatos composta por representantes dos Ministérios da Defesa e das Relações Exteriores de cada país para aprofundar a cooperação em áreas de interesse prioritário. Salvo decisão em contrário, a presidência rotativa do Consenso de Brasília atuará como facilitadora da Rede;
c) a Rede de Contatos manterá um diálogo regular e se reunirá, presencial ou virtualmente, quantas vezes sejam necessárias para avançar nas decisões adotadas no contexto das Reuniões Sul-Americanas de Diálogo entre Ministras e Ministros da Defesa e das Relações Exteriores. Grupos de trabalho ad hoc poderão ser criados para tratar temas específicos.
Carta aos colegas [de Maria Celina de Azevedo Rodrigues, ex-presidente da ADB]
Representar os interesses de mais de 1.600 afiliados espalhados no território nacional e além-fronteiras foi um extraordinário desafio por mim enfrentado. Tive nessa empreitada a colaboração e a solidariedade de uma excepcional Diretoria, belo exemplo de diversidade, integrada por diplomatas capacitados e generosos que, assim como eu, dedicaram tempo e empreenderam incansáveis esforços para a valorização da carreira e, principalmente, para que melhores condições de trabalho fossem alcançadas para todos.
Por três mandatos consecutivos, busquei cumprir com a promessa lançada quando assumi a liderança da ADB: atuar não somente para solidificar e proteger a nossa carreira e os seus integrantes, mas também para resguardar e promover o Brasil no exterior – funções essenciais do diplomata.
Na minha carreira, superei diversos desafios. Conheci nações e seus povos, vivi e estudei novas culturas e aperfeiçoei meu trabalho como diplomata de forma a defender o nosso país e as necessidades de brasileiros e brasileiras lá fora. Em Bogotá, Cairo e Paris, servi ao Brasil com o mesmo entusiasmo. Foi também com energia e compromisso que, em 2018, encarei como uma nova missão a minha eleição à presidência da Associação dos Diplomatas Brasileiros (ADB/Sindical), entidade que ajudei a criar e da qual fui a primeira presidente, no início dos anos 1990.
Passamos por intempéries nesse período, mas acumulamos muitas vitórias. Atenta a temas de interesse da categoria, a ADB conseguiu fincar um posicionamento coeso em pautas como a PEC 34/21, que prevê que parlamentares possam chefiar missões diplomáticas sem a perda do mandato no Legislativo.
Explicamos incansavelmente por que o teto salarial constitucional não deve ser aplicado de modo linear em Reais aos servidores em exercício no exterior. Realçamos as peculiaridades de nossa vida funcional nos países mais diversos. Procuramos mostrar as repercussões da opção profissional que escolhemos e os seus impactos para as nossas famílias, filhos e sua educação ao longo dos anos e das mudanças de cultura e de costumes. As adaptações não se restringem ao exterior: são exigidas aqui mesmo, em Brasília. A partir dessa constatação e do imperativo de buscar mitigar esses impactos, temos um Memorandum de Entendimento com a Creche do Ministério da Saúde, que tantos benefícios traz para os nossos servidores.
Lutamos pela concessão de auxílio-educação para servidores com filhos em idade escolar no exterior, em linha com a prática de outras chancelarias e do sistema da ONU, bem como por melhor assistência médica e maior segurança no exercício de nossa missão em defesa dos interesses do Brasil em solo estrangeiro.
Entre as inúmeras gestões junto à administração, destaca-se a recente e ousada proposta encaminhada à Administração de revisão do nível salarial do diplomata, tanto no Brasil quanto no exterior, que visa corrigir a defasagem salarial dos integrantes da carreira em comparação com outras carreiras típicas de Estado.
Além dos aspectos funcionais, temos procurado também trazer benefícios no dia a dia de todos, como o convênio celebrado com escolas para filhos dos diplomatas no Brasil e com a Fundação Visconde de Cabo Frio que, entre outros serviços, oferece extenso apoio para colegas removidos, tanto na chegada quanto na partida.
Conseguimos avançar igualmente em outras frentes importantíssimas, como o mapeamento do perfil dos diplomatas para o real entendimento da diversidade na carreira, estudo hoje concluído. Vamos entregá-lo à Chefia da Casa e dar acesso aos associados na próxima semana.
Defendemos o diplomata e o seu papel como funcionário de Estado. Falamos incansavelmente com a imprensa, instituição essencial nas democracias. Procuramos, a diretoria da ADB e eu mesma, informar sobre o que fazemos e defender as posições de interesse da carreira.
Passamos por períodos nos quais valorizar os aspectos democráticos do País foi não só um posicionamento institucional, mas também um imperativo para assegurar à sociedade brasileira sobre os princípios maiores que regem a atuação diplomática.
Situações inesperadas, como guerras e pandemia, exigiram de nós coragem e grandes iniciativas no sentido de dar à sociedade brasileira a confiança de contar inteiramente com nossos serviços. Divulgar nossa atuação de forma clara e desmistificada só nos aproximou da sociedade. Engajamo-nos na resposta ao clamor dos brasileiros mais necessitados mediante distribuição de cestas básicas nos locais mais pobres nos arredores de Brasília. Essa aproximação com a sociedade foi realizada graças ao excelente relacionamento que construímos com o respeitado universo do jornalismo brasileiro.
Resistimos à tormenta e, agora, deixamos uma ADB mais fortalecida e pronta para o que está por vir. Eu, meus colegas da Diretoria e do Conselho Fiscal entendemos que é hora de dar espaço para o novo, para que novas ideias capazes de galvanizar a energia e inteligência dos que acreditam que o Itamaraty forte é elemento essencial para um Brasil mais justo e soberano.
A Casa, como carinhosamente muitos chamamos a instituição que nos acolhe, deve contar sempre com diplomatas que atuem com excelência e angariem o respeito da sociedade brasileira e da comunidade internacional.
Despeço-me da ADB com um sincero agradecimento a todos, particularmente aos meus colegas – e hoje amigos – das diversas Diretorias com as quais convivi pelo seu incansável apoio e dedicação.
Despeço-me também com a alegria e, sobretudo, a certeza de ter lutado por todos, com os recursos possíveis e sempre estimulando diretores, jovens ingressos na carreira, além dos mais experientes, durante todos os dias de minha atuação à frente da ADB/Sindical.
Levo comigo o bem maior que juntos construímos nesta gestão:
#ORGULHO DE SER DIPLOMATA.
Maria Celina de Azevedo Rodrigues
Embaixadora
Presidente da ADB/Sindical
Vocês conhecem a origem da frase "Não li e não gostei"? Sabem de onde vem?
Pois é da campanha odiosa levada contra o escritor "soviético" Boris Pasternak, que acabava de ser contemplado com o Prêmio Nobel de Literatura, por seu famoso Doutor Jivago (publicado em italiano pela primeira vez em 1958, por ser considerado "anti-soviético" na "pátria do Socialismo") e objeto de recriminações "populares" feita pela União dos Escritores Soviéticos.
A frase soviética era “ne chital, no osuzhdayu”— ou seja “não li, mas desaprovo”.
Este meu blog também é cultura. Mas, leiam o artigo desta russa no Tablet, republicado no Wall Street Journal deste domingo, o jornal mais capitalista que existe.
Paulo Roberto de Almeida
Uma postagem antiga no Diplomatizzando, relembrada por Daniel Pinto.