Temas de relações internacionais, de política externa e de diplomacia brasileira, com ênfase em políticas econômicas, em viagens, livros e cultura em geral. Um quilombo de resistência intelectual em defesa da racionalidade, da inteligência e das liberdades democráticas.
O que é este blog?
Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.
quarta-feira, 14 de novembro de 2007
805) Pausa para um trabalho escolar...
Pergunta de trabalho escolar:
04) Qual a função do apóstrofo?
Resposta de um gênio anônimo:
"Apóstrofos são os amigos de jesus, que se juntaram naquela jantinha que o Michelângelo fotografou".
Atenção para o "jesus" (sic), para a jantinha (resic) e o nome do "fotógrafo" (trisic).
Absolutamente genial...
Digno do prêmio igNobel...
sexta-feira, 9 de novembro de 2007
804) Pausa para a poesia: Mario de Andrade
"Progredir, progredimos um tiquinho
Que o progresso também é uma fatalidade..."
Agora o poema por inteiro:
O POETA COME AMENDOIM
Mário de Andrade (1924)
Noites pesadas de cheiros e calores amontoados...
Foi o sol que por todo o sítio do Brasil
Andou marcando de moreno os brasileiros.
Estou pensando nos tempos de antes de eu nascer...
A noite era pra descansar. As gargalhadas brancas dos mulatos...
Silêncio! O imperador medita os seus versinhos.
Os Caramurus conspiram à sombra das mangueiras ovais.
Só o murmurejo dos cre'm-deus-padre irmanava os homens de meu país...
Duma feita os canhamboras perceberam que não tinha mais escravos,
Por causa disso muita virgem-do-rosário se perdeu...
Porém o desastre verdadeiro foi embonecar esta República temporã.
A gente inda não sabia se governar...
Progredir, progredimos um tiquinho
Que o progresso também é uma fatalidade...
Será o que Nosso Senhor quiser!...
Estou com desejos de desastres...
Com desejo do Amazonas e dos ventos muriçocas
Se encostando na canjerana dos batentes...
Tenho desejos de violas e solidões sem sentido...
Tenho desejos de gemer e de morrer...
Brasil...
Mastigando na gostosura quente do amendoim...
Falado numa língua curumim
De palavras incertas num remelexo melado melancólico...
Saem lentas frescas trituradas pelos meus dentes bons...
Molham meus beiços que dão beijos alastrados
E depois semitoam sem malícia as rezas bem nascidas...
Brasil amado não porque sejam minha pátria,
Pátria é acaso de migrações e do pão-nosso onde Deus der...
Brasil que eu amo porque é o ritmo no meu braço aventuroso,
O gosto dos meus descansos,
O balanço das minhas cantigas amores e danças.
Brasil que eu sou porque é a minha expressão muito engraçada,
Porque é o meu sentimento pachorrento,
Porque é o meu jeito de ganhar dinheiro, de comer e de dormir.
quinta-feira, 8 de novembro de 2007
803) Lições da historia: a derrocada do dólar
Respondi com outras ponderacoes, que seguem in fine.
Creio que o tema é de interesse geral, por isso reproduzo o que escrevi em particular ao jornalista...
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Paulo Roberto de Almeida
On 08/11/2007, at 10:33, Agência Dinheiro Vivo wrote:
Racionalidade – 1
Entre as duas Guerras, as principais nações do mundo partiram para um novo arranjo, a Liga das Nações, com a missão de evitar novas guerras. O ponto central do raciocínio dos países é que uma guerra era algo tão irracional que a própria racionalidade de incumbiria de impedir novas conflagrações. Tudo se resolveria com os países sendo democráticos e a racionalidade vinda das eleições se impondo sobre os erros.
Racionalidade – 2
Como se recorda, a Liga ainda compartilhava dessa fantasia quando a Alemanha começou a se armar, como reação às indenizações de guerra que lhe eram cobradas. E poucos anos depois, o mundo entrava em uma guerra muito mais letal, que envolveu praticamente toda a humanidade. Desde então, o estudo da política internacional abriu mão dessa visão de que os atos são conduzidos pela razão.
Racionalidade – 3
Digo isso a respeito da atual situação internacional, desse aparente equilíbrio de interesses que mantém as reservas da China financiando os déficits dos Estados Unidos. Segundo essa visão, jamais a China deixaria de financiar porque jogaria o mundo em uma crise da qual nenhum país sairia incólume. Mais uma vez, uma aposta em uma racionalidade que não costuma imperar em todos os momentos da história.
Racionalidade – 4
É por isso que o dólar ontem voltou a chacoalhar, com o euro batendo em US$ 1,47. O principal fato foram boatos de que parlamentares chineses teriam defendido que a China diversificasse suas reservas internacionais, reduzindo a proporção de dólares. Somados aos problemas dos bancos americanos e à contínua queda da cotação do dólar, o solavanco acabou afetando grande parte das bolsas internacionais.
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Meu caro Luis Nassif,
Suas ponderacoes são corretas no geral, mas acredito que pouco adaptadas ao particular.
Os grandes enfrentamentos belicos do seculo XX foram de fato precipitados pela ausencia de entendimento entre as grandes potencias quanto ao grau de acesso a mercados e da coordenacao economica necessaria para enfrentar crises eventuais dos seus sistemas.
A Alemanha era culpada pela Primeira Guerra, teve de pagar mais do que podia, e o resto é aquela historia que o Keynes, como bom profeta neste caso, ja tinha previsto desde 1919, na propria Conferencia da Paz de Versalhes.
A situacao atual não tem a mesma conotacao: ninguem está obrigando ninguem a pagar nada, apenas se discutem desequilibrios macroeconomicos que poderiam ser resolvidos num G8 ampliado à China, mas que nao vao ser, pois nenhum governante gosta de impor sacrificios ao seu povo (vide Protocolo de Quioto e a postura dos EUA).
A consequencia disse é o dolar vai continuar escorregando, tao ou mais rapidamente quanto os chineses facam isso que alguns recomendam: diversifiquem reservas para o euro. A consequencia vai ser uma queda ainda mais rapida do dolar, o que vai ser bom para o mundo e para os proprios EUA: vao ser obrigados a fazer um ajuste mais rapido (pois estao sendo irresponsaveis ate o momento) e suas exportacoes vao se tornar competitivas, tirando mercado dos europeus e japoneses e diminuindo a atratividade dos produtos chineses.
Por outro lado, os chineses ja tem muito dinheiro e algum patrimonio nos EUA, e por isso nao pretendem atirar nos proprios pes. Desvalorizar seus proprios ativos é coisa de malucos,e acho que os chineses não são tão malucos assim...
Dai que o mundo nao vai evoluir para algo tao dramatico como os anos 1930, mas para algo mais benigno, que será uma administracao compartilhada (e dificil) dos sacrificios.
Pensar historicamente nao significa achar que o que veio antes vai se reproduzir novamente.
O abraco do
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Paulo Roberto de Almeida
802) Energia: previsoes preocupantes da AIE-OCDE para 2030
LE MONDE, 07.11.07
La croissance économique de la Chine et de l'Inde – gourmande en pétrole et en charbon – est en train de "transformer le système énergétique mondial". Si l'on y ajoute la consommation des autres pays émergents et des nations industrialisées, les retombées de la hausse "effrénée" de la demande d'énergie sont "alarmantes" – à la fois incompatibles avec l'impératif de renforcer la sécurité des approvisionnements et de réduire les émissions de gaz à effet de serre. Ce sont les principales conclusions du "World Energy Outlook 2007", le rapport annuel de l'Agence internationale de l'énergie (AIE) rendu public, mercredi 7 novembre, à Londres.
Les experts de l'agence, qui ont élaboré un scénario de référence (sans changement de politique) et un scénario alternatif (plus économe en énergie) à l'horizon 2030, reconnaissent l'"aspiration légitime" des 2,5 milliards d'habitants des deux géants asiatiques à plus de bien-être. C'est donc à une mobilisation mondiale qu'appelle l'AIE, un organisme créé en 1974 à l'initiative des Etats-Unis pour défendre les intérêts des grands pays consommateurs.
Sans vigoureuse inflexion politique, les besoins augmenteront de 55 % dans les vingt-cinq ans à un rythme moyen de 1,8 % par an, les énergies fossiles représentant 84 % de cette hausse, très loin devant le nucléaire et les renouvelables. Et, avec eux, les émissions d'oxyde de carbone (+57 %). En outre, cette tendance entraînera une "dépendance accrue" des pays consommateurs aux hydrocarbures du Moyen-Orient et de Russie.
L'AIE souligne que le défi de "tous" les pays est donc de s'engager dans une "transition" visant à "décarboniser" l'énergie pour émettre moins de CO2, ce qui permettrait au passage de sécuriser les approvisionnements. "Nulle part ailleurs la tâche ne sera plus ardue, ni plus importante pour le reste du monde, qu'en Chine et en Inde", prévient l'agence, tout en reconnaissant que les émissions de CO2 par Chinois ne représenteront encore que 40 % de celles d'un Américain.
Quelques chiffres donnent la mesure de l'enjeu. La Chine, où la demande devrait plus que doubler (+3,2 % par an) d'ici à 2030, deviendra le premier consommateur d'énergie peu après 2010, détrônant les Etats-Unis. Ses besoins en pétrole quadrupleront, surtout pour alimenter un parc automobile qui comptera 270 millions de véhicules. En outre, le charbon restera la principale source d'alimentation de ses centrales électriques, l'obligeant à en importer massivement alors qu'elle possède déjà d'énormes réserves.
"URGENCE D'AGIR"
Les besoins de l'Inde, eux aussi, feront plus que doubler durant la période. Consommation de houille multipliée par trois, moindre utilisation de la biomasse, de l'électricité pour 96 % de la population contre 62 % aujourd'hui : tout concourt à l'importation d'énergie. Le pays deviendra avant 2025 le troisième importateur net de pétrole, derrière les Etats-Unis et la Chine, et le troisième émetteur de CO2.
Les prévisions à vingt-cinq ans sont difficiles, notamment sur la disponibilité des ressources. Le pétrole ne manquera pas, affirme l'AIE, campant sur un optimisme jugé excessif par de nombreux experts. En 2030, elle estime que la production atteindra 116 millions de barils par jour (32 millions de plus qu'en 2006), et que la part de l'Organisation des pays exportateurs de pétrole (OPEP) passera de 42 % à 52 %.
Mais l'AIE juge que la hausse continue de la demande est "une menace réelle et de plus en plus grave pour la sécurité énergétique de la planète". Elle n'exclut pas, avant 2015, "une crise du côté de l'offre, qui s'accompagnerait d'une envolée des cours pétroliers", et prévient qu'"il sera extrêmement difficile d'assurer des approvisionnements fiables à des prix abordables". D'autant qu'une part croissante du brut servira au transport, pour lequel il n'existe pas de substitut.
Malgré la hausse des prix, la consommation s'accroîtra donc et les pays producteurs ne seront pas incités à investir, les tensions offre-demande maintenant l'afflux de dollars dans les pétromonarchies.
Autre facteur de risque, mais aussi de développement économique : l'accroissement des échanges pétroliers. Ils passeront de 41 millions de barils par jour en 2006 à 65 millions en 2030 (dont 13 millions importés en Chine), alors que l'offre sera plus concentrée dans les pays instables du Moyen-Orient d'où sont parties toutes les crises pétrolières des dernières décennies.
L'AIE pense que la Chine et l'Inde sont désormais conscientes qu'une course effrénée aux gisements d'or noir (Afrique, Asie centrale…) ne les prémunit pas contre une crise d'approvisionnement, et que la sécurité passe aussi par un bon fonctionnement du marché pétrolier.
L'AIE conclut sur l'"urgence d'agir" pour sauver la planète des retombées désastreuses du réchauffement. Si les Etats mettaient en œuvre les mesures qu'ils préconisent eux-mêmes, un recul de 19 % des émissions par rapport au scénario tendanciel serait possible en 2030. Encore insuffisant pour éviter une élévation moyenne de 2,40 des températures mondiales (le scénario bas du Groupe intergouvernemental d'experts sur l'évolution du climat) dans la seconde moitié du XXIe siècle.
Mais pour y parvenir, il faudrait un usage plus rationnel des énergies fossiles, une augmentation de la part du nucléaire, la généralisation du captage-stockage du CO2. Bref, des "avancées technologiques sans précédent" et "une action exceptionnellement rapide et vigoureuse" des gouvernements. La place grandissante de la Chine et de l'Inde devrait les inciter à passer des belles paroles aux actes, conclut l'AIE.
Jean-Michel Bezat
terça-feira, 6 de novembro de 2007
801) Sobre os lucros exorbitantes dos bancos
Paulo Roberto de Almeida
(www.pralmeida.org)
O jornalista Heródoto Barbeiro entrevistou-me hoje, 6/11/2007, pela manhã, em seu programa da Rádio CBN, “Jornal da CBN, Primeira Edição”. Muitas pessoas me contataram, depois da entrevista, para dizer que tinham gostado do que eu disse e perguntaram-me se eu tinha gravado o programa. Não, não gravei, mas tendo em vista o interesse que a matéria despertou, acabei escrevendo a essência do que eu disse nos parágrafos abaixo.
Os balanços dos cinco primeiros bancos brasileiros apresentaram, nos três primeiros trimestres de 2007, lucros extraordinários, talvez mesmo excepcionais no plano mundial, uma vez que eles representam, simplesmente, um aumento de 90% em relação ao mesmo período de 2006. Ao final de 2007, com a realização de novos ganhos esperados, derivados da venda de ativos e de aplicações nos mercados de ações, é possível, ou talvez até seja muito provável, que esses lucros sejam 100% superiores aos resultados globais de 2006, com o que o governo Lula daria um excelente, mais do que generoso, presente de Natal aos banqueiros. Mas, verificando os números, vemos que o Papai Noel dos banqueiros praticamente já chegou, deixando os demais setores da economia babando de inveja. Como foi isso possível?
Sim: como se explicam esses resultados, em face de ganhos bem mais modestos em outros setores da economia, na indústria ou na agropecuária, por exemplo? Se vocês perguntarem as razões dessa excepcional bonança financeira a algum economista da Febraban, a Federação Brasileira dos Bancos, ele dirá, provavelmente, que as fontes dos ganhos radicam num conjunto positivo de fatores conjugados, de fato inéditos em perspectiva histórica, um tal de “nunca antes” registrado no Brasil: o comportamento favorável da economia, a conjuntura de crescimento em todos os setores, impulsionado pelo aumento do crédito, pelo consumo das famílias, pela confiança dos consumidores, pelas boas políticas macroeconômicas do governo, enfim, sendo modesto em causa própria, pela excelente gestão executiva do setor financeiro.
Trata-se de uma explicação fácil que, se ela revela algumas das fontes dos ganhos, certamente não explica adequadamente as razões dos lucros excepcionais. Se vocês perguntarem, alternativamente, a algum economista de esquerda, ele dirá que os banqueiros continuam a sugar recursos do setor real da economia, que eles são os verdadeiros gigolôs dos brasileiros, com suas taxas de juros excessivas e spreads inaceitáveis nas diversas linhas de crédito. Tampouco essa “acusação” está de todo errada, embora, como no primeiro caso, isso não explique exatamente as fontes dos lucros bancários, excepcionais a qualquer título e para qualquer padrão normal de funcionamento da atividade bancária em países “normais”.
Não, por favor, não peçam nenhuma explicação a algum economista do PT ou mesmo a um senador-economista da nobre bancada parlamentar desse partido: eles simplesmente não estão disponíveis para esse tipo de explicação, pelo menos não desde os gloriosos tempos em que eles se deleitavam em apontar a perniciosa “financeirização” do sistema econômico brasileiro, seja lá o que isso queira dizer e que raios de deformação representaria exatamente esse conceito. O fato é que, em nossos tempos modernos, os economistas petistas se converteram nos aliados mais fiéis do “capitalismo financeiro monopolista”. Monopólio: aí está, talvez, uma das fontes dos ganhos exorbitantes. Curioso que os economistas e dirigentes do PT não se dediquem a desmontar um dos mais rendosos monopólios conhecidos no Brasil desde os tempos do... pau-brasil.
De fato, o lucro extraordinário dos bancos não é nada extraordinário neste país de grandes lucros para grupos que atuam em colusão, visando arrancar renda do resto da população. Creio que não é segredo, nem uma novidade para ninguém, constatar que nosso sistema bancário constitui um dos setores mais oligopolizados e cartelizados da economia nacional. Em vista da concentração bancária extraordinária, não são nada extraordinários, portanto, os altos retornos da intermediação financeira, ou melhor, da “financeirização” do Brasil. Curioso mesmo é o fato fenomenal desse fenômeno desenvolver-se extraordinariamente num governo todo ele voltado para o “social”. Enfim, todos têm direito às suas pequenas contradições filosóficas.
Neste caso específico, trata-se, contudo, de uma gigantesca contradição, não apenas filosófica, mas sobretudo prática, porque os bancos não são apenas os “gigolôs” da sociedade – como diria a saudosa Heloísa Helena –, eles o são, em primeiro lugar, do próprio governo, que lhes remunera generosamente (mas, como há de desconfiar o leitor, somos nós que pagamos). Os bancos são o que são, na economia nacional, em função, basicamente, de trabalharem com o próprio governo, principalmente por meio de aplicações em títulos da dívida pública, que, como todo mundo sabe, remuneram pela SELIC (Serviço Especial de Liquidação e Custódia, mas que poderia levar um nome mais poético, condizente com sua verdadeira função). A despeito dessa taxa ter baixado (oh, que horror) seis pontos no último ano – cada ponto, para tristeza dos banqueiros, lhes retira quase R$ 200 milhões de remuneração fácil – ela, ainda assim, permanece num patamar elevado: a taxa real de 8% é o dobro da taxa de juros média vigente no mundo.
Depois desse grande sorvedouro da poupança privada, processo no qual o governo compete deslealmente com o setor produtivo – sendo ele, de fato, um “despoupador” líquido da renda nacional –, o fator mais importante, em segundo lugar, é o sistema do crédito direto, ele também oligopolizado, of course. Não sei se o nobre leitor (e consumidor) faz alguma idéia do quanto estamos sendo tosquiados, literalmente, pelo sistema de crédito ao consumidor, que se manifesta cada vez que vamos a uma loja de departamentos comprar um bem manufaturado. Estamos aqui em face de uma alquimia jamais conhecida pelos malucos renascentistas da pedra filosofal, que pretendiam transformar os mais vis metais em ouro puro. Eles bem que fariam em tomar uma “máquina do tempo” e fazer um curso rápido com a Febraban.
Os banqueiros amigos do governo tomam dinheiro lá fora – sim, porque aqui dentro isto seria impossível – a 7 ou 8% ao ano e repassam aqui dentro a 100% (ou bem mais ainda, no caso dos cartões de crédito). O que acontece depois deveria chocar as almas mais sensíveis: o incauto consumidor é obrigado a pagar o dobro do preço da mercadoria, yes, o dobro. Trata-se de um típico assalto à mão armada, que se manifesta da forma mais singela possível: é quando a vendedora lhe diz, simpaticamente aliás, que você pode levar o produto num sistema de crédito que lhe contempla, generosamente, com essa maravilha das “seis vezes sem juros”.
Ora, isso representaria chamar aos mais atilados – que são todos os que lêem estas linhas –, de idiotas, pois todos sabemos que não existe essa “coisa de ‘n’ vezes sem juros”. Como diria Milton Friedman, there is no such thing as a free lunch, e se alguém lhe oferecer um, é porque um outro está pagando por isso (no caso você mesmo, esperto leitor). Alto lá, protesta você junto à mocinha da loja: “eu não quero pagar em seis vezes, prefiro comprar à vista”. Bem, mas neste caso, “o preço é o mesmo”, lhe responde ela, sempre sorrindo. Você vai ser ainda mais idiota, e dar todo esse dinheiro ao dono da loja, de uma vez só? Frustrado, você aceita “comprar a prazo”.
Quando você compra um tal produto, caro leitor, na verdade, o que você está comprando é o financiamento, a mais de 100%, claro. O produto é o que menos importa em toda a operação. Esse assalto à mão armada, feito com a total conivência do governo, é o que permite aos bancos os lucros extraordinários que eles têm. Isso só existe porque o Brasil não é um país normal, sendo adepto daquilo que eu já chamei de “teoria da jabuticaba”.
Vejamos a teoria pelo lado do orçamento público. Em qualquer país normal, um governo normalmente constituído, por pessoa não “jabuticabais”, contempla os recursos de que dispõe e realiza a adequação das despesas globais ao volume de receitas previstas, efetivamente. Só no Brasil é que ocorre exatamente o inverso desse processo: o governo primeiro fixa as despesas e só depois vai buscar as receitas onde elas mais existem, ou seja, nos bolsos dos cidadãos e nos caixas das empresas. Aliás, ele nem precisa fazê-lo de modo compulsório: com impostos “eficientes” como a CPMF e os descontos em folha, o dinheiro pinga nas arcas do Tesouro sem que o governo faça o mínimo esforço de ir buscá-lo. Os fiscais servem, em grande medida, para achacar grandes e médios contribuintes, apenas na parte dos impostos declaratórios. Toda essa informalidade, caro leitor, é provocada pelo governo: é ele quem expulsa empresas e cidadãos para o submundo econômico da informalidade, contra a vontade deles.
Com o sistema de crédito ocorre algo similar. Ele não existe, como em países normais, para financiar uma compra qualquer, segundo princípios consagrados do mercado. Ele existe, de fato, para achacar o consumidor, que somos todos nós. Em qualquer país normal, se você deseja comprar uma mercadoria, deveria ter o preço bem à vista, para então decidir se pode, ou não, comprar “à vista”. Em caso negativo, aquele preço é majorado em função de um financiamento anual, com taxas de juros absolutamente transparentes, como ocorre em países normais.
No caso do Brasil, não é bem isso que acontece. O sistema financeiro aplica, na verdade, o sistema inverso: ele calcula quanto o típico cidadão médio – com salário abaixo de 800 reais – pode pagar por mês – digamos 50 reais – e o resto da operação é montado em cima disso, com taxas de juros MENSAIS absolutamente extorsivas. Está feita toda a mágica: com taxas de juros embutidas, banqueiros e lojistas fazem com que você necessariamente pague por dois televisores, mas é claro que você só consegue levar um deles para casa, pois ninguém é bobo nesse sistema jabuticabal. Sinto muito ofendê-lo, caro leitor, mas isso se aplica a mim também: os bancos e os lojistas estão nos chamando de idiotas, com a conivência do governo, é claro, que não coíbe esse tipo de prática que engana os mais humildes e nos torna reféns de um sistema espoliativo.
Compreendeu agora, caro leitor, a teoria da jabuticaba financeira, que permite esses lucros extraordinários aos banqueiros?
Se você estiver interessado em ter mais exemplos da teoria da jabuticaba, eu lhe recomendaria este texto meu e pediria, ao mesmo tempo, que me remetesse mais casos para a minha coleção:
“Teoria da jabuticaba, II: estudos de casos”, no site do Instituto Millenium em 5/07/2006.
Texto rascunhado em 6.11 e revisto em 10.11.2007.
sábado, 3 de novembro de 2007
800) Vida na Terra: causas e caracteristicas
Entenda as características que tornam tão especial o lugar onde vivemos
Ciência Hoje para as Crianças, 2 novembro 2007
A vida em outros planetas já foi tema para bons filmes de suspense, terror e até para animar terríveis ou meigos personagens, como o clássico ET. Porém, para que haja vida conforme a que existe aqui na Terra, é preciso que o planeta tenha uma série de características.
A receita da vida não é fácil. Em primeiro lugar, o candidato a planeta habitado deve ter compostos orgânicos, ou seja, substâncias que possuem carbono, um elemento químico fundamental para a composição da vida. Depois, essas substâncias devem ser combinadas com outros elementos, como a água em estado líquido e temperatura abaixo de 120°C. Isso só para começar!
Contudo, para manter a vida, essa temperatura não pode variar muito. Para isso, o planeta precisa ter o tamanho ideal, mais ou menos igual ao da Terra. É que, com este tamanho, o candidato a planeta povoado tem condições de conservar sua atmosfera – camada de ar e gases – com espessura e condição necessária para manter sua temperatura. Se for maior, há mais emissão de gases estufa e a temperatura pode se elevar muito; se for menor, ele não tem condições para manter a atmosfera e a temperatura estável ideais para o desenvolvimento da vida.
O tamanho do globo também influencia na atividade vulcânica, que fornece os gases atmosféricos importantes para manter o “efeito estufa”, que, em nível considerado normal, promove o aquecimento adequado.
Outro fator importante é a rotação – movimento que o planeta faz em torno do seu eixo. Este giro deve ser relativamente rápido, para que as temperaturas no planeta não variem muito, impedindo que a água congele ou evapore. Se esse movimento fosse mais lento não haveria estabilidade na temperatura ao longo do globo e, provavelmente, não haveria água em estado líquido, fundamental para a vida na Terra.
A distância da estrela central também precisa ser perfeita para que haja equilíbrio da temperatura, pois o brilho das estrelas apresenta variações durante sua vida. Na posição que a Terra ocupa, mesmo que a temperatura do Sol oscile, o equilíbrio térmico da atmosfera é mantido. Se estivesse mais próxima ou distante, nossa atmosfera não conseguiria equilibrar as modificações na emissão de energia de nossa estrela central.
Bem, de todos os planetas do Sistema Solar, apenas a Terra apresenta todas essas características. Mas, segundo os cientistas, em alguns grandes satélites existem elementos parecidos com os que devem ter originado a vida na Terra. Será que, no futuro, podemos ter informações surpreendentes?
Eder Cassola Molina
Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas
Universidade de São Paulo
799) Um site de valor: A Voz do Cidadao
A Voz do Cidadão.
Veja aqui, uma lista dos artigos mais recentes.
798) Conferencia nacional sobre Politica Externa
II Conferência Nacional de Política Externa e Política Internacional - CNPEPI
Fundação Alexandre de Gusmão
Instituto de Pesquisa de Relações Internacionais
O Brasil e o Mundo que vem aí”
05 e 06 de novembro de 2007
Palácio Itamaraty - Rio de Janeiro – Biblioteca
Programa
Dia 5/11/2007 - Segunda-feira
9:00hs – 11:00hs. Sessão Inaugural
Palestra Embaixador Celso Amorim
11:00hs. – 12:00hs. Debate Europa
Professor Antônio Carlos Peixoto (Cebela)
Conselheiro Ricardo Guerra
12:00hs. – 13:00hs. Debate Estados Unidos
Professor Cristina Pecequilo (UNESP)
Embaixador Everton Vieira Vargas
13:0hs. – 14:00hs. Almoço
14:00hs. – 15:00hs. Debate Rússia
Professor Daniel Aarão Reis (UFRJ)
Embaixador Carlos Augusto Santos Neves
15:00hs. – 16:00hs. Palestra Professor José Paradiso
( Universidade Nacional Três de Fevereiro Argentina)
16:00hs. – 17:00hs. Debate África
Professor José Flávio Sombra Saraiva (UnB)
Ministro Fernando Simas Magalhães
17:00hs. – 18:00hs. Debate América do Sul
Professor Darc Costa (UFRJ)
Embaixador Enio Cordeiro
18:00hs. – 19:00hs. Debate Oriente Médio
Professor Paulo Farah (USP)
Professor Eugênio Diniz (PUC BH)
Embaixador Arnaldo Carrilho
19:00hs.: Lançamento livros
“Personalidades da Política Externa Brasileira” e
“Livros para conhecer o Brasil”.
Dia 6/11/2007 - Terça –feira
8:00hs. – 9:00hs. Debate China e Índia
Professor Henrique Altemani (PUC SP)
Embaixador Roberto Jaguaribe
Mesa: Embaixador Amaury Porto de Oliveira /
9:00hs. – 11:00hs. Palestra Professor Osvaldo Sunkel
(Universidade do Chile)
11:00hs. – 12:00hs. Debate Mudança Climática
Professor Luiz Pinguelli Rosa (UFRJ)
Embaixador Sérgio Barbosa Serra
12:00hs. – 13:00hs. Debate Conselho de Segurança da ONU
Embaixador João Clemente Baena Soares (UES)
Ministro Carlos Sérgio Sobral Duarte
13:00hs. – 14:00hs. Almoço
14:00hs. – 16:00hs. Palestra Professor Gyula Csurgai
(ICGS Genebra)
16:00hs. – 17:00hs. Debate Economia Mundial
Professor Paulo Nogueira Batista Júnior
Ministro Roberto Azevedo
17:00hs. –18:00hs. Debate Energia
Professor Maurício Tiomno Tolmasquim (COPPE / UFRJ)
Embaixador Antônio José Ferreira Simões
19:00hs. Encerramento :
Embaixador Samuel Pinheiro Guimarães
Embaixador Jeronimo Moscardo (FUNAG)
797) A reforma constitucional na Venezuela
Acredito que nenhum dos lêem este blog teve a oportunidade de assistir à construção das ditaduras mussoliniana e hitlerista, nos anos 1920 e 1930.
Pois bem, estamos tendo agora esta chance histórica, de ter um curso ao vivo, se ouso dizer, de construção de uma típica ditadura "constitucional", se é que o termo se aplica à experiência venezuelana.
Pretendo efetuar, assim que possível, uma análise econômica dos dispositivos pertinentes da "nova" constituição venezuelana, que de socialista guarda apenas o nome, pois o que se assiste é o estatismo mais exacerbado, como naquelas experiências fascistas, aliás...
Não se pode dizer, portanto, que não somos protagonistas da historia se fazendo, ainda que seja uma triste história para o povo venezuelano...
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Paulo Roberto de Almeida
O texto (selecionado por mim) dos dispositivos mais importantes da reforma constitucional na Venezuela, pode ser lido neste link.
Abaixo, uma simples matéria de imprensa sobre o que acaba de ser aprovado:
Assembléia da Venezuela aprova reforma constitucional
Legislativo venzuealano encaminhará o projeto para um referendo popular, que pode ocorrer já em dezembro
Agencia EFE, sexta-feira, 2 de novembro de 2007, 19:08
CARACAS - A Assembléia Nacional da Venezuela aprovou por grande maioria nesta sexta-feira, 2, um projeto de reforma constitucional que deverá perpetuar o presidente Hugo Chávez no poder, e ordenou seu envio ao Poder Eleitoral para o agendamento de um referendo popular.
Leia a íntegra:
REFORMA DE LA CONSTITUCIÓN DE LA REPÚBLICA BOLIVARIANA DE VENEZUELA
Dentre as propostas trazidas pelo projeto está a possibilidade de expropriação de terras sem a necessidade de aprovação judicial, a eliminação de qualquer autonomia do Banco Central e a redução da jornada de trabalho. Além disso, o texto cria novas modalidades de propriedade e permite a suspensão de direitos à informação e garantias durante os períodos de "estado de exceção".
Mas de todas essas, a proposta mais polêmica é a que retira limites à reeleição presidencial. Caso a reforma seja aprovada, Chávez poderá se candidatar para um terceiro mandato em 2012.
A igreja católica, grupos estudantis, empresários e partidos de oposição têm rechaçado as mudanças constitucionais, que alegam tornar vulnerável importantes direitos dos cidadãos, além de concentrar poderes para o presidente.
Hugo Chávez qualifica as mudanças de vitais para consolidar sua revolução socialista.
Na quinta-feira, centenas de manifestantes saíram às ruas de Caracas para pedir o adiamento por dois meses de um referendo a ser realizado em dezembro para que o projeto seja aprovado.
A Assembléia Nacional (parlamento unicameral venezuelano) aprovou, por maioria qualificada, o projeto de reforma de 69 dos 350 artigos da Constituição Bolivariana de 1999. Como oposição boicotou as eleições legislativas de 2005, todos os 167 membros da câmara são governistas. Apenas sete rejeitaram as propostas na votação desta sexta.
Após a votação, a presidente da Assembléia, Cilia Flores, ordenou o remetimento do projeto ao Conselho Nacional Eleitoral (CNE), "a fim de ativar o referendo popular".
A mesa diretora da Assembléia, acompanhada por grupos de simpatizantes de Chávez, deve entregar ainda nesta sexta-eira, o projeto de reforma constitucional ao CNE.
Medida legal
O órgão deverá realizar a consulta popular em 30 dias contados a partir do momento em que receber o documento, segundo a lei. Por isso, espera-se que o referendo aconteça em 2 de dezembro.
A proposta de reforma foi aprovada nesta sexta-feira após uma última leitura do projeto. Originalmente, o texto apresentado por Chávez em 15 de agosto tinha 33 artigos, mas ele foi ampliado para 69 pelos parlamentares.
Todos os deputados, à exceção de um punhado do partido Podemos (esquerdista), aprovaram o projeto de reforma, que consta de 69 artigos, 15 disposições transitórias, uma derrogatória e uma final.
O deputado Ismael García, do Podemos, insistiu que a magnitude das mudanças sugeridas requeria a formação de uma Assembléia Nacional Constituinte, e reiterou que a maioria da população desconhece o conteúdo do projeto, alegando a necessidade de adiar a consulta popular para além de dezembro.
quinta-feira, 1 de novembro de 2007
796) Blogs de economistas americanos
Blogs de economistas americanos:
Dean Baker
Brad DeLong
Paul Krugman
Greg Mankiw
Mark Thoma
Dani Rodrik
Naked Capitalism
Vox
Para a própria PER, clique neste link.
quarta-feira, 31 de outubro de 2007
795) Carta Internacional (Nupri-USP) - Chamada para artigos
Núcleo de Pesquisas em Relações Internacionias da Universidade de São
Paulo - Nupri/USP
Em 2005, a Carta Internacional assumiu o formato de revista eletrônica, de periodicidade quadrimestral, permitindo assim a publicação de artigos maiores, que oferecem análises mais aprofundadas. A revista é disponível gratuitamente para download. Na condição de editor da Revista Carta Internacional aproveito para informar que estamos recebendo contribuições para publicação em nossos próximos números e pedimos a gentileza de divulgarem em mala direta/boletim nossa chamada de artigos que segue abaixo.
Qualquer dúvida, estamos à disposição.
Cordialmente,
Flávio Antonio Gomes de Azevedo
Editor Carta Internacional
(11) 3091-3044/3046/3061
A Carta Internacional está recebendo artigos para publicação em seus próximos números. A revista é quadrimestral e pode ser acessada no site www.usp.br/cartainternacional/modx
As edições da Revista não são temáticas e possibilitam a publicação de artigos que abordem a área de relações internacionais a partir de perspectivas diversas. Aceitamos contribuições em português, inglês, espanhol e francês.
As contribuições devem ser enviadas eletronicamente para os endereços flavioag@usp.br e juviggiano@usp.br Os arquivos devem estar em formato Microsoft Word (DOC ou RTF), de preferência em espaço 1,5, com no mínimo 10 mil caracteres. As matérias deverão vir acompanhadas de uma mini-biografia do autor (com no máximo 50 palavras). As notas de rodapé devem ser curtas e objetivas e reduzidas ao mínimo possível.
Os artigos podem ser enviados a qualquer momento. Propostas de publicação serão submetidas ao parecer de no mínimo um membro do Conselho Científico ou de um profissional da área.
Como a distribuição da nossa revista é gratuita e nossa organização não tem fins lucrativos, infelizmente não podemos remunerar nossos colaboradores. É nesse sentido que tomamos a liberdade de solicitar sua colaboração.
794) A armadilha da pobreza, por um Samuelson (filho)
By Robert J. Samuelson
The Washington Post
Wednesday, October 31, 2007; A19
It's nature vs. nurture. One of the big debates of our time involves the causes of economic growth. Why is North America richer than South America? Why is Africa poor and Europe wealthy? Is it possible to eliminate global poverty? The World Bank estimates that 2.5 billion people still live on $2 a day or less. On one side are economists who argue that societies can nurture economic growth by adopting sound policies. Not so, say other scholars such as Lawrence Harrison of Tufts University. Culture (a.k.a. "nature") predisposes some societies to rapid growth and others to poverty or meager growth.
Comes now Gregory Clark, an economist who interestingly takes the side of culture. In an important new book, "A Farewell to Alms: A Brief Economic History of the World", Clark suggests that much of the world's remaining poverty is semi-permanent. Modern technology and management are widely available, but many societies can't take advantage because their values and social organization are antagonistic. Prescribing economically sensible policies (open markets, secure property rights, sound money) can't overcome this bedrock resistance.
"There is no simple economic medicine that will guarantee growth, and even complicated economic surgery offers no clear prospect of relief for societies afflicted with poverty," he writes. Various forms of foreign assistance "may disappear into the pockets of Western consultants and the corrupt rulers of these societies." Because some societies encourage growth and some don't, the gap between the richest nations and the poorest is actually greater today (50 to 1) than in 1800 (4 to 1), Clark estimates.
All this disputes the notion that relentless globalization will inevitably defeat global poverty. To Clark, who teaches at the University of California at Davis, history's most important event was the Industrial Revolution -- more important than the emergence of monotheism, which produced Judaism, Christianity and Islam; or the invention of the printing press around 1450, which spread knowledge; or the American Revolution, which promoted democracy.
Before 1800, says Clark, most societies were stagnant. With some exceptions, people lived no better than their ancestors in the Stone Age. Economic growth was virtually nonexistent. Then England broke the pattern, as textile, iron and food production increased dramatically. Since 1800, English income per person has risen by a factor of 10. Much of Europe and the United States followed.
Almost everything that differentiates the modern era from the preceding millennia dates from this point: the virtual end of hunger in advanced societies; the expectation that living standards will constantly rise; the creation of the welfare state to redistribute income; the destructiveness of contemporary warfare; industry's environmental spoilage. But why did the Industrial Revolution start in England?
It's Clark's answer that convinces him of the supremacy of culture in explaining economic growth. Traditional theories have emphasized the importance of the Scientific Revolution and England's favorable climate: political stability, low taxes, open markets. Clark retorts that both China and Japan around 1800 were about as technically advanced as Europe, had stable societies, open markets and low taxes. But their industrial revolutions came later.
What distinguished England, he says, was the widespread emergence of middle-class values of "patience, hard work, ingenuity, innovativeness, education" that favored economic growth. After examining birth and death records, he concludes that in England -- unlike many other societies -- the most successful men had more surviving children than the less fortunate. Slowly, the attributes of success that children learned from parents became part of the common culture. Biology drove economics. He rejects the well-known theory of German sociologist Max Weber (1864-1920) that Protestantism fostered these values.
Clark's theory is controversial and, at best, needs to be qualified. Scholars do not universally accept his explanation of the Industrial Revolution. More important, China's recent, astonishing expansion (a fact that he barely mentions) demonstrates that economic policies and institutions matter. Bad policies and institutions can suppress growth in a willing population; better policies can release it. All poverty is not preordained. Still, Clark's broader point seems incontestable: Culture counts.
Capitalism in its many variants has been shown, he notes, to be a prodigious generator of wealth. But it will not spring forth magically from a few big industrial projects or cookie-cutter policies imposed by outside experts. It's culture that nourishes productive policies and behavior.
By and large, nations have either lifted themselves or have stayed down. Societies dominated by tribal, religious, ideological or political values that disparage the qualities needed for broad-based growth will not get growth. Economic success requires a tolerance for change and inequality, some minimum level of trust -- an essential for much commerce -- and risk-taking. There are many plausible combinations of government and market power; but without the proper cultural catalysts, all face long odds.
© 2007 The Washington Post Company
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terça-feira, 30 de outubro de 2007
793) Meus livros no sebo: bom ou mau sinal?
Em todo caso, como um aluno me chamou a atenção neste dia (30.10.07) para este sebo virtual, onde adquiriu um dos meus livros, fui verificar, e encontrei varios.
A Grande Mudança
Formação da Diplomacia Econômica no Brasil
O Brasil dos Brasilianistas
O Brasil e o Multilateralismo Econômico
O Estudo das Relacoes Internacionais do Brasil
O Mercosul no Contexto Regional e Internacional
Os Primeiros Anos do Século XXI
Velhos e Novos Manifestos
Onde? Aqui:
http://www.estantevirtual.com.br/
segunda-feira, 29 de outubro de 2007
792) Churchillianas: pausa para um pouco de humor
Quando Churchill fez 80 anos um repórter de menos de 30 foi fotografá-lo e disse:
"- Sir Winston, espero fotografá-lo novamente nos seus 90 anos!"
Resposta de Churchill:"
- Por que não? Você me parece bastante saudável..."
*****************
Telegramas trocados entre Bernard Shaw (maior dramaturgo inglês do século 20) e Churchill (maior líder inglês do século 20):
Convite de Bernard Shaw para Churchill:
"Tenho o prazer e a honra de convidar digno primeiro-ministro para primeira apresentação minha peça Pigmaleão. Venha e traga um amigo, se tiver. Bernard Shaw"
Resposta de Churchill para Bernard Shaw:
"Agradeço ilustre escritor honroso convite. Infelizmente não poderei comparecer primeira apresentação. Irei à segunda, se houver.
Winston Churchill"
*******************
O General Montgomery estava sendo homenageado, pois venceu Rommel na batalha da África, na IIª Guerra Mundial.
Discurso do General Montgomery:
"- Não fumo, não bebo, não prevarico e sou herói!"
Churchill ouviu o discurso e com ciúme, retrucou:
"- Eu fumo, bebo, prevarico e sou chefe dele..."
******************
Bate-boca no Parlamento inglês. Aconteceu num dos discursos de Churchill em que estava uma deputada oposicionista, que pediu um aparte.
Todos sabiam que Churchill não gostava que interrompessem os seus discursos. Mas foi dada a palavra à deputada e ela disse em alto e bom tom:
"- Sr Ministro, se V. Exª fosse meu marido, eu colocava veneno no seu café!"
Churchill, com muita calma, tirou os óculos e, naquele silêncio em que todos estavam aguardando a resposta, exclamou:
"- Se eu fosse o seu marido, eu tomava esse café!"
[Variante: "Se eu fosse seu marido tomaria o café com muito prazer". (ver abaixo)]
sexta-feira, 26 de outubro de 2007
791) Fechamento do Centro de Estudos Brasileiros em Oxford
Sônia Racy - PT vence em Oxford?
O Estado de S. Paulo
26/10/2007
Muita gente não entendeu, no início do ano, quando a Universidade de Oxford fechou o Centro de Estudos do Brasil - um dos raros institutos dessa natureza na Europa. Agora, parece que a luz se fez. O motivo teria sido - é a voz corrente entre acadêmicos e diplomatas brasileiros - um ataque de birra ideológica do governo Lula.
O centro, criado no governo FHC, era financiado em parte pelo Itamaraty e pela Petrobrás, mas Brasília o considerava um foco de atividades tucanas. E seu diretor, o professor inglês Lesley Bethel, teria assinado sua sentença de morte ao recusar uma vaga para o historiador Luiz Alberto Moniz Bandeira, pensador assumidamente de esquerda, grande amigo do secretário-geral do Itamaraty, Samuel Pinheiro Guimarães.
Encontrado ontem, Bethel, que está no Rio de Janeiro, não nega que o episódio com Bandeira aconteceu. Mas avisa que houve outras razões este fechamento. Entre elas, a de que já existe em Oxford um Centro de Estudos Latino-Americanos. "Ridículo", classifica Bethel, o pretexto de se cortar a mesada por causa do episódio Moniz Bandeira. Oxford "jamais abrigaria um centro comprometido ideologicamente com qualquer governo", diz ele. E mais. Afirma que Bandeira não foi recusado: "Ele
pleiteou uma vaga num momento em que não tínhamos um cargo adequado, com salário. E não aceitou a oferta de uma visiting fellowship sem verba."
As broncas do PT deixam o professor indignado. Ele diz que tem excelentes relações com tucanos e petistas, que é amigo pessoal de Lula e de FHC.
Aposentado desde o início do mês, o professor batalha por novos apoios para reabrir o centro. Sem Oxford, os estudos sobre o Brasil na Europa se limitam agora à Sorbonne, onde está o historiador Luiz Felipe Alencastro, e centros menores na Espanha. Ao expirar, o centro de Oxford tinha, além de Bethel, cinco ou seis outras pessoas e entre 15 e 20 bolsistas brasileiros.
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No relatorio dos dez anos do Centro, recentemente divulgado, uma
nota final diz o seguinte:
"During the state visit of Preside Luiz Inacio Lula da Silva to UK in March 2006 CAPES, the Ministry of Education and the Instituto Rio Branco, Ministry of Foreign Relations, agreed to fund an annual Rio Branco Visiting Professorship in International Relations at the Centre, but no appointment was made in 2006-7."
As indicacoes disponíveis são as de que o IRBr e o Ministério como um todo estão dirigindo todos os esforços de cooperação e intercambio a outros paises em desenvolvimento, preferencialmente os da América do Sul e o chamado IBAS, formado por Brasil, Africa do Sul e India.
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Paulo Roberto de Almeida
790) Encontro de estudiosos europeus do Brasil
Fonte: Embaixada em Madri, 25 de outubro de 2007
Foi realizado na Casa de América, nos dias 22 e 23 de outubro corrente, o I Encontro de Estudiosos do Brasil na Europa, idealizado pela Embaixada do Brasil em Madri, em coordenação com a Assessoria Internacional do Ministério da Educação e a Fundação
Cultural Hispano-Brasileira.
O Ministro da Educação, Fernando Haddad, abriu o encontro, que foi coordenado pelo professor Renato Janine Ribeiro, Diretor de Avaliação e Presidente Substituto da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES). Estiveram representados a Universidade de Colônia, o Instituto de Estudos Brasileiros de Hamburgo, a Universidade de Innsbruck, a Universidade Católica de Louvaine, o Centro de Estudos Brasileiros da Universidade de Salamanca, a Universidade de Comillas de Madri, a Universidade Complutense de Madri, o Centro de Estudos Brasileiros do Instituto Universitário Ortega y Gasset, a Casa do Brasil em Madri, a Universidade Autônoma de Madri, a Universidade de La Laguna, a Universidade de Santiago de
Compostela, a Universidade Autônoma de Barcelona, o Centro de Estudos Brasileiros de Barcelona, a Universidade de Barcelona, a Universidade de Sevilha, a Universidade de Valladolid, a Fundação para as Relações Internacionais e o Diálogo Exterior de Madri, o Centro de Pesquisa sobre o Brasil Contemporâneo da Escola de Altos Estudos em Ciências Sociais de Paris, a Universidade de Paris X (Nanterre), a Universidade de Leiden, a Universidade de Roma, a Universidade de Bolonha, o Centro de Estudos Brasileiros da Universidade do Porto, o Instituto de Estudos Brasileiros da
Universidade de Coimbra e o King's College da Universidade de Londres.
Também participaram representantes da Direção-Geral EuropeAid da
Comissão Européia, do Programa Marie-Curie da Comissão Européia, do escritório espanhol do programa Erasmus Mundus da Comissão Européia, da Fundação Carolina, da Agência Espanhola de Cooperação Internacional, da Secretaria-Geral Ibero-Americana e
do Programa Universia do Grupo Santander.
Os participantes do Encontro coincidiram em apoiar a criação de uma rede de estudos brasileiros na Europa, com o objetivo de reforçar a cooperação entre as diferentes unidades acadêmicas dedicadas ao Brasil nos países europeus mediante, entre outros
instrumentos, a ampliação da mobilidade de professores e alunos, o desenvolvimento de linhas de pesquisa conjuntas, a preparação de programas editoriais comuns e o estabelecimento de um banco de dados e documentos.
Como resultados concretos, foram acordadas (a) a criação de um sítio eletrônico a ser mantido pela Fundação Cultural Hispano-Brasileira - com o duplo objetivo de facilitar a continuidade do diálogo entre centros e instituições iniciado no Encontro de Madri e de reunir informações, estudos e documentos de interesse comum; e (b) a convocação de um congresso multidisciplinar a ser realizado em Salamanca no segundo semestre
de 2008.
Os participantes do encontro reconheceram a relevância para a futura rede do entendimento alcançado entre o Governo brasileiro e a Comunidade Européia, por ocasião da Reunião de Cúpula Brasil-União Européia realizada em Lisboa em 4 de julho de 2007, no sentido de favorecer passos como a disseminação de centros de estudos brasileiros em universidades européias e a adoção de programas de bolsas com vistas a um maior conhecimento mútuo.
quinta-feira, 25 de outubro de 2007
789) A Venezuela no Mercosul
Comissão aprova adesão da Venezuela ao Mercosul
A Comissão de Relações Exteriores da Câmara aprovou ontem o parecer do deputado Dr. Rosinha (PT-PR) à Mensagem 82/07, do Executivo, que ratifica o protocolo de adesão da Venezuela ao Mercosul, assinado em julho do ano passado. O PSDB e o DEM entraram em obstrução e os parlamentares dessas legendas, apesar de presentes à reunião, não votaram. A matéria foi aprovada pela comissão após cinco horas e meia de debates e várias tentativas da oposição de retirar o texto de pauta ou adiar a votação. O texto aprovado deverá ser analisado pela Comissão de Constituição e Justiça e pelo plenário.
A adesão da Venezuela ao Mercosul já foi aprovada pelo Uruguai, Argentina e pela própria Venezuela. Falta apenas a aprovação pelo Brasil e pelo Paraguai. Caso seja mantido o texto do protocolo, os produtos originários da Argentina e do Brasil - países mais desenvolvidos do Mercosul - deverão entrar sem tarifas e restrições no mercado venezuelano até 1º de janeiro de 2012, excetuando os denominados produtos sensíveis, para os quais o prazo poderá estender-se até 1º de janeiro de 2014.
Os países de menor desenvolvimento (Paraguai e Uruguai) terão, entretanto, tratamento diferenciado. Embora o prazo limite geral para o ingresso sem restrições dos bens oriundos desses países no mercado da Venezuela seja também 1º de janeiro de 2012, os principais produtos da pauta exportadora do Paraguai e do Uruguai poderão ingressar no mercado venezuelano com tarifa zero logo após a entrada em vigor do Protocolo de Adesão.
O líder da bancada do PT, Luiz Sérgio (RJ), disse que o ingresso da Venezuela fortalece o Mercosul do ponto de vista econômico e político. "Ninguém pode ser contrário ao fortalecimento da integração regional". Ele lembrou que nenhum líder do bloco dita as normas de funcionamento, que são definidas de forma democrática em diferentes instâncias, como o Parlamento do Mercosul, onde as divergências são discutidas.
Sobre críticas de que a Venezuela não teria se adequado em termos de legislação, o líder observou que os processos de integração são continuamente aperfeiçoados. "A União Européia, iniciada há 50 anos, até hoje enfrenta problemas", disse.
Obstrução - De outro lado, os bens produzidos na Venezuela deverão entrar sem restrições nos mercados da Argentina e do Brasil até 1º de janeiro de 2010, excetuando os produtos considerados sensíveis, para os quais o prazo se estende até 1º de janeiro de 2014.
Na avaliação do deputado Dr. Rosinha "o PSDB e DEM, com a obstrução da votação, deram a entender que são contra a entrada da Venezuela no Mercosul". Essa obstrução, segundo o deputado, revela uma "cegueira política". "Não conseguir enxergar que a adesão da Venezuela significa um aporte econômico extraordinário e que faz do Mercosul um dos principais blocos do mundo é uma cegueira política. Um bloco com essa capacidade consegue melhores condições políticas e de inserção em negociações na economia mundial", destacou.
O deputado Henrique Fontana (PT-RS) ressaltou o fortalecimento do Mercosul com a adesão da Venezuela e também criticou os discursos ideológicos da oposição. "Não estamos discutindo a entrada do governo da Venezuela no bloco. Estamos discutindo a entrada do Estado da Venezuela no Mercosul. Isso representa uma série de vantagens para a América Latina, que sai muito mais fortalecida", afirmou.
O deputado Geraldo Magela (PT-DF) lembrou que um dos compromissos do presidente Lula é o de promover a integração e o fortalecimento da América Latina. Magela disse que "não tem simpatia" com o governo Hugo Chávez, mas disse que é preciso "separar as coisas". "O debate não é reconhecermos ou não a democracia venezuelana. O debate que temos que fazer é sobre a lógica das relações comerciais entre os país do Mercosul. Temos total interesse que a Venezuela faça parte dos acordos entre os membros do bloco", disse.
Apoio - A comissão recebeu uma série de ofícios de autoridades de diversos estados brasileiros pedindo a adesão da Venezuela ao bloco. Entre eles, ofícios dos governos da Bahia, Piauí, Acre e Maranhão. Diversas entidades empresariais e comerciais também encaminharam mensagem em favor do ingresso da Venezuela ao bloco.
788) Uma iniciativa global contra os subsidios
Uma iniciativa certamente meritoria de quem está preocupado com os estimulos errados que os subsidios representam na atividade economica.
The International Institute for Sustainable Development’s Global Subsidies Initiative (GSI) is a project designed to put the spotlight on subsidies and the corrosive effects they can have on environmental quality, economic development and governance.
Recomendo a consulta ao site: http://www.globalsubsidies.org/
Dois relatorios recentes:
Biofuels — At What Cost?
Government Support for Ethanol and Biodiesel in Selected OECD Countries
This report provides an overview and analysis of subsidies to biofuels in Australia, Canada, the European Union, Switzerland and the United States. Read more.
Biofuels At What Cost?
Government Support for Ethanol and Biodiesel in the European Union
Total annual support for biofuels provided by EU governments reached € 3.7 billion in 2006. Considering that many subsidies are difficult to track down, this is probably an under-estimate. Read more.
About the Global Subsidies Initiative
The Global Subsidies Initiative (GSI) is the next stage of the Van Lennep Program, named after Emile van Lennep, the distinguished Dutch economist and Minister, and former Secretary-General of the Organization for Economic Cooperation and Development. A collaborative effort of International Institute for Sustainable Development and the Earth Council, the Van Lennep Program focused on four sectors in its initial phase: energy, road transport, water and agriculture. Following a detailed review of subsidies applied in these sectors, its report, Subsidizing Unsustainable Development: Undermining the Earth with Public Funds, offered a dramatic demonstration of how subsidies serve as disincentives to sustainable development.
In December 2005 the GSI was launched to put a spotlight on subsidies—transfers of public money to private interests—and how they undermine efforts to put the world economy on a path toward sustainable development. Subsidies are powerful instruments. They can play a legitimate role in securing public goods that would otherwise remain beyond reach. But they can also be easily subverted. The interests of lobbyists and the electoral ambitions of office-holders can hijack public policy. Therefore, the GSI starts from the premise that full transparency and public accountability for the stated aims of public expenditure must be the cornerstones of any subsidy program.
But the case for scrutiny goes further. Even when subsidies are legitimate instruments of public policy, their efficacy—their fitness for purpose—must still be demonstrated. All too often, the unintended and unforeseen consequences of poorly designed subsidies overwhelm the benefits claimed for these programs. Meanwhile, the citizens who foot the bills remain in the dark.
When subsidies are the principal cause of the perpetuation of a fundamentally unfair trading system, and lie at the root of serious environmental degradation, the questions have to be asked: Is this how taxpayers want their money spent? And should they, through their taxes, support such counterproductive outcomes?
Eliminating harmful subsidies would free up scarce funds to support more worthy causes. The GSI's challenge to those who advocate creating or maintaining particular subsidies is that they should be able to demonstrate that the subsidies are environmentally, socially and economically sustainable—and that they do not undermine the development chances of some of the poorest producers in the world.
To encourage this, the GSI, in cooperation with a growing international network of research and media partners, seeks to lay bare just what good or harm public subsidies are doing; to encourage public debate and awareness of the options that are available; and to help provide policy-makers with the tools they need to secure sustainable outcomes for our societies and our planet.
Funding
The GSI receives core funding from three governments: the Government of The Netherlands, the Government of New Zealand, and the Government of Sweden. The William and Flora Hewlett Foundation also provides funding that supports the GSI’s research and communications activities.
domingo, 21 de outubro de 2007
787) Um seminario sobre integracao sul-americana, na USP (em tres dias)
Fonte: Portal do IEA
De 23 a 25 de outubro, acontece no IEA o seminário internacional "Integração Política e Econômica da América do Sul, com a participação de pesquisadores brasileiros, chilenos e franceses. Serão 34 expositores, divididos em cinco sessões temáticas: "Espaços de Integração", "Energia e Comércio", "Aspectos Jurídicos e Políticos", "Sociedade Civil e Relações Internacionais" e "Perspectivas de Integração" (leia programa abaixo).
O seminário é uma realização do IEA, do Centro de Pesquisa e Documentação sobre a América Latina (Credal) — vinculado ao CNRS e à Universidade de Paris 3 — e da Coordenadoria de Comunicação Social (CCS) da USP. Os coordenadores são: Wanderley Messias da Costa, professor do Departamento de Geografia da FFLCH/USP e coordenador da CCS/USP; Hervé Théry, professor visitante da Cátedra Pierre Monbeig do Departamento de Geografia da FFLCH/USP e pesquisador do Credal; e Christian Girault, diretor de pesquisa do Credal.
O encontro será realizado no Auditório Alberto Carvalho da Silva, sede do IEA, Av. Prof. Luciano Gualberto, Travessa J, 374, Cidade Universitária, São Paulo. Haverá transmissão ao vivo pela internet em www.iea.usp.br/aovivo. As exposições serão feitas em português, espanhol e francês e não haverá serviço de tradução.
Informações: com Cláudia Regina (clauregi@usp.br), telefone 11) 3091-1686 .
PROGRAMA
Dia 23 de outubro, terça-feira
9h-9h45 Abertura: com Hernan Chaimovich (vice-diretor do IEA) e Christophe de Beauvais (representante do CNRS, França)
SESSÃO "ESPAÇOS DE INTEGRAÇÃO"
Moderador: Wanderley Messias da Costa (FFLCH e CCS/USP)
9h45-10h15 Wanderley Messias da Costa (FFLCH e CCS/USP) e Hervé Théry (Credal/CNRS e Cátedra Pierre Monbeig/FFLCH/USP)
10h15-10h45 Raúl González Meyer (Academia de Humanismo Cristão, Chile)
10h45-11h Intervalo
11h-11h30 Paulo Roberto de Almeida (UniCEUB)
11h30-12h Claudio Jedlicki (CNRS, França)
12h-12h30 Debate
SESSÃO "ENERGIA E COMÉRCIO"
Moderador: Paulo Roberto de Almeida (UniCEUB)
14h-14h30 Aude Sztulman e Marta Menéndez (Universidade de Paris-Dauphine, França)
14h30-15h Sébastien Velut (Instituto de Pesquisa para o Desenvolvimento, Chile)
15h15h30 Claudio Egler (UFRJ)
15h30-15h45 Intervalo
16h-16h30 Philippe Barbet (Universidade de Paris 13) e Marta dos Reis Castilho (UFF)
16h30-17h Claudio Lara (Universidade de Artes e Ciências Sociais, Chile)
17h-17h30 Jean-Marc Siroën (Universidade de Paris-Dauphine) e Alexandrine Brami-Celentano (Instituto de Estudos Políticos de Paris)
17h30-18h Debate
Dia 24, quarta-feira
SESSÃO "ASPECTOS JURÍDICOS E POLÍTICOS"
Moderador: Gilberto Dupas (GACint/IRI/USP e IEEI)
9h-9h30 Fernando Dias Menezes de Almeida (Fadusp)
9h30-10h Ricardo Gamboa Valenzuela (Universidade do Chile)
10h-10h30 Deisy Ventura (Unisinos e Cepedisa/USP)
10h30-11h Intervalo
11h-11h30 Guy Mazet (CNRS, França)
11h30-12h Luiz Fernando Martins Castro (Associação dos Advogados de São Paulo)
12h-12h30 Debate
SESSÃO "SOCIEDADE CIVIL E RELAÇÕES INTERNACIONAIS"
Moderadores: Celso Lafer (Fapesp e Fadusp) e Manuel Antonio Garretón (Universidade do Chile)
14h-14h30 Cécile Blatix (Universidade de Paris 13)
14h30-15h Manuel Antonio Garretón (Universidade do Chile)
15h-15h30 Renée Fregosi (Universidade de Paris 3)
15h30-15h45 Intervalo
15h45-16h30 Gilberto Dupas (GACint/IRI/USP e IEEI)
16h30-17h Christian Girault (Credal/CNRS, França)
17h-17h30 Debate
Dia 25, quinta-feira
SESSÃO "PERSPECTIVAS DA INTEGRAÇÃO"
Moderador: Carlos Henrique Cardim (Ipri/Ministério das Relações Exteriores)
14h-14h30 André Roberto Martins (FFLCH/USP) e Hervé Théry (Credal/CNRS e Cátedra Pierre Monbeig/FFLCH/USP) [Síntese]
14h30-15h Eliézer Rizzo de Oliveira (Memorial de América Latina)
15h-15h30 Patrick Séchet (Ministério do Exterior, França) e Miriam Cué (Instituto de Pesquisa para o Desenvolvimento, França)
15h30-15h45 Intervalo
15h45-16h15 Carlos Henrique Cardim (Ipri/Ministério das Relações Exteriores)
16h15-16h45 Edgar Vieira Posada (Pontifícia Universidade Javeriana, Colômbia)
16h45-17h15 Roberto Pizarro (Universidade de Artes e Ciências, Chile)
17h15-17h30 Christian Girault (Cradal/CNRS, França) [Encerramento
sexta-feira, 19 de outubro de 2007
786) Relatorio sobre o Desenvolvimento Mundial 2008 do Banco Mundial
Banco Mundial, 2008 (neste link)
AMÉRICA LATINA: SUBSÍDIOS DOS PAÍSES
RICOS SÃO OBSTÁCULO PARA O DESENVOLVIMENTO AGRÍCOLA
O agronegócio e os biocombustíveis estão transformando o setor
WASHINGTON, DC, 19 de outubro de 2007 – Embora os subsídios dos países da OCDE representem um obstáculo para as exportações agrícolas da América Latina, o setor tem demonstrado grande sucesso no desenvolvimento de agronegócios e biocombustíveis, segundo o Relatório sobre o Desenvolvimento Mundial 2008 “Agricultura para o Desenvolvimento”, lançado hoje. Além disso, na última década a agricultura para o desenvolvimento teve pouco impacto na redução da pobreza na região.
Embora a agricultura represente uma pequena parcela do crescimento econômico da América Latina e Caribe – 7% entre 1993 e 2005 –, diversos subsetores com grandes vantagens comparativas tiveram crescimento espetacular – por exemplo, soja nos países do Cone Sul, biocombustíveis no Brasil, frutas e salmão no Chile, verduras na Guatemala e Peru, flores na Colômbia e Equador e bananas no Equador – e os serviços de agronegócios e alimentos têm grande representação nos PIBs nacionais.
Exportações tradicionais permanecem relevantes e respondem por 80% das exportações agrícolas da região, oferecendo novos mercados à medida que se livram crescentemente da dependência das commodities para ajustar-se a demandas de consumo diferenciadas, como por exemplo, café orgânico e Comércio Justo.
Exportações de alto valor têm se expandido rapidamente, com pequenos proprietários entrando em nichos de mercado, tais como a produção especializada de verduras e orgânicos na América Central.
A agricultura na América Latina e Caribe emprega 30% da população produtiva e gera 7% do crescimento do PIB.
Igualando as condições de competição
“Houve importantes resultados obtidos pelas reformas no comércio agrícola”, declarou Pamela Cox, Vice-Presidente do Banco Mundial para a América Latina e o Caribe. “Contudo, esses resultados são distribuídos de forma desigual entre as diversas commodities e países. É urgente que a Rodada de Doha de negociações comerciais leve à remoção das políticas mais distorcivas que prejudicam os países pobres”. Igualar as condições de competição no comércio agrícola internacional na América Latina e Caribe, diz Pamela Cox, é crítico pois a proteção e os subsídios permanecem em patamares muito altos nos países desenvolvidos.
Houve relativamente pouco progresso na reforma das políticas agrícolas dos países desenvolvidos. A proteção e os subsídios aos produtores nos países da OCDE diminuiu de 37% do valor bruto da renda agrícola em 1986 a 1988 para 30% em 2003 a 2005. Embora essa diminuição de 7 pontos percentuais seja um progresso, o volume do apoio cresceu de US$242 bilhões por ano para US$273 bilhões no mesmo período.
Os países latino americanos, como o Brasil, teriam os maiores ganhos em crescimento estimado de produção em uma potencial liberalização agrícola.
Pesquisa e desenvolvimento trazem retornos aos investimentos
Os retornos aos investimentos em pesquisa e desenvolvimento em agricultura são altos na América Latina e Caribe. Os altos ganhos frente ao custo de capital também sugerem que a pesquisa agrícola está em grande parte sub-financiada, segundo o novo relatório. Os países latino americanos e do caribe investiram mais em pesquisa e desenvolvimento agrícola do que todas as outras regiões excetuada a Ásia e os países da OCDE. O Brasil aumentou rapidamente os investimentos em pesquisa e desenvolvimento nas ultimas duas décadas e desenvolveu conhecimento de ponta no setor.
Biocombustíveis: Promessas e riscos para a América Latina e Caribe
Com os preços do petróleo próximos de seu recorde histórico e com poucos combustíveis alternativos para o transporte, o Brasil Peru e outros países da região estão apoiando ativamente a produção de biocombustíveis agrícolas líquidos – normalmente milho ou cana de açúcar para o etanol, e diversas oleaginosas para o biodiesel. Possíveis benefícios ambientais e sociais, inclusive a redução das mudanças climáticas, e a contribuição à segurança energética, são mencionados como as principais razões para o apoio do setor público à indústria de biocombustíveis, em rápido crescimento.
No debate mais amplo sobre os efeitos econômicos, ambientais e sociais dos biocombustíveis, será necessário avaliá-los cuidadosamente – segundo o relatório – antes de estender apoio público a programas de biocombustíveis em grande escala. Estratégias nacionais de biocombustíveis precisam estar fundamentadas sobre uma análise sólida dessas oportunidades e custos.
A agenda latino americana
“Somos responsáveis por tornar a agricultura mais compatível com o meio ambiente e fazer com que exista uma alocação mais eficiente de despesas na região”, disse Laura Tuck, Diretora do banco Mundial para Desenvolvimento Sustentável. “O desmatamento está intimamente ligado à agricultura na América Latina e Caribe. Já vimos os efeitos disso em outras regiões, como a Ásia, e em países como a China, e há possíveis lições para a América Latina”.
O relatório aponta que, em média, 54% dos subsídios vão para o setor privado. Assim, um movimento em direção ao investimento público em agricultura, ou uma abordagem equilibrada, é necessária nos países da América Latina e Caribe. Além disso, os países da região gastam aproximadamente 4% do PIB ao passo que na China esse número é de 8%, o que sugere que a região pode e deve usar melhor seus recursos para a agricultura.
O consumo doméstico é a maior fonte de demanda para a agricultura, absorvendo três quartos da produção e com 60% das vendas domésticas realizadas pelas redes de supermercados. Uma transformação da agricultura tradicional, de baixa produtividade, para uma agricultura moderna e comercial seria necessária para criar crescimento e empregos. Aumentar a competitividade dos pequenos proprietários de terras nos dinâmicos mercados domésticos de alimentos requer abordar especialmente as profundas desigualdades em acesso a mercados, serviços públicos e instituições de apoio.
Segundo o relatório, a maior parte dos paises da América Latina e Caribe são considerados urbanizados, contudo a América Central e o Paraguai se caracterizam como agrícolas. O México tem estados com características agrícolas, e o Brasil tem o atributo único na região de estados que são tanto urbanos quanto altamente dependentes em agricultura para o seu crescimento.
Nas regiões urbanizadas, a agricultura contribui com apenas 5% ao crescimento do PIB em média. Contudo, as áreas rurais ainda abrigam 45% dos pobres, e o agronegócio e serviços alimentícios respondem por até um terço do PIB. A meta geral seria fazer a conexão entre os pequenos proprietários e os modernos mercados de alimentos e oferecer empregos remunerados nas áreas rurais.
“As economias em transformação rápida devem ir além da revolução verde e enfocar a nova agricultura de alto valor – com a renda urbana em crescimento acelerado e demanda por produtos de alto valor na cidades se tornando o impulso do crescimento agrícola e da redução da pobreza”, disse Alain de Janvry, co-autor do relatório.
Mudança climática e agricultura
As mudanças climáticas terão grandes conseqüência na agricultura que afetarão os pobres de maneira desproporcional, diz o relatório. Um número maior de perdas agrícolas e pecuárias já impõe prejuízos econômicos e reduz a segurança alimentar. O custo de modificar a esquemas de irrigação, especialmente os que dependem do degelo glacial no Andes, poderia custar milhões ou mesmo bilhões de dólares.
O apoio do Banco Mundial à agricultura e desenvolvimento rural no ano fiscal 2007 chega a $1,8 bilhão, com um total de 42 projetos na região.
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O relatório e os materiais relacionados estarão disponíveis na imediatamente
após o embargo na seguinte página:: http://www.worldbank.org/wdr2008
quinta-feira, 18 de outubro de 2007
785) Rui Barbosa na Conferencia da Haia, 1907: exposição no RJ
Exposição na Casa Rui Barbosa, RJ
A mostra é uma realização da Fundação Casa de Rui Barbosa.
Ficará aberta até 16 de dezembro deste ano:
de terça a sexta-feira, de 12 às 18h, e nos sábados e domingos, de 14 às 18h.
Local: Rua São Clemente, 134, Botafogo, Rio.
Para dar ao leitor uma idéia mais completa da importância da II Conferência da Paz de Haia, apresentamos a seguir o texto sobre o assunto Leon Frejda Szklarowsky, jurista residente em Brasília, que o publicou na “Revista Jurídica Consulex, 258, de 15 de outubro:
“A paz não pode ser mantida à força. Somente pode ser atingida pelo entendimento” (Albert Einstein)
Pode-se não gostar da História, mas o ser humano não pode ignorá-la. A História retrata os momentos importantes, desastrosos ou heróicos da existência do homem. É a medida exata do que acontece e deve ser transcrito e rememorado para sempre.
Comemora-se neste ano o centenário da II Conferência de Paz, realizada em Haia, na Holanda, em 1907, por convocação da Rainha da Holanda e do Czar da Rússia, a fim de evitar (o impossível!) a eclosão de uma guerra de proporções mundiais.
Em 15 de junho, instala-se solenemente a assembléia.
Afonso Pena sucedia a Rodrigues Alves, na presidência da República, marcando seu governo, pela participação do Brasil, nessa Conferência.
O Barão do Rio Branco, ministro do Exterior, indicara Rui Barbosa para representar o Brasil, nesse Conclave.
O Brasil comparecia como expressão anã, ante os poderosos da época, mas a presença de Rui alçou-o ao primeiro plano, portando-se como Davi ante o gigante Golias.
Por sua significativa intervenção na defesa das nações exploradas e da absoluta igualdade jurídica dos Estados Soberanos, qualquer que fosse seu tamanho, recebeu o título de Águia de Haia, saindo o país engrandecido com a atuação deste advogado e notável tribuno.
Naquele ano, coincidentemente, Ernesto Teodoro Moneta, militante pacifista italiano, recebe o prêmio Nobel da Paz.
Num dos inúmeros congressos de que participou, pronunciou as seguintes palavras:
“Quiçá não tarde o dia em que todos os povos, esquecendo os antigos ódios, se unam sob a bandeira da fraternidade universal e, deixando as disputas que os envolve, cultivem as relações pacifistas, estreitando sólidos laços entre si”.
Em 1887, doze anos antes da realização da primeira conferência de paz, em Haia, funda a União Lombarda para a Paz e Arbitragem.
Juntamente, com o pacifista Moneta, o eminente professor francês, Louis Renault, catedrático de Direito Internacional, da Universidade de Paris, também recebeu o prêmio Nobel da Paz, por seus esforços em prol da solução dos conflitos, pacificamente.
Nomeado árbitro da Corte Permanente de Arbitragem, de Haia, foi um dos grandes nomes deste Pretório e emprestou sua inteligência e talento em favor da arbitragem internacional e da paz.
Teve participação exemplar nas conferências de 1899 e 1907, contribuindo decisivamente para o desenvolvimento do Direito Internacional.
O Brasil e outros países, do hemisfério sul, estiveram ausentes, na primeira conferência, realizada, em 1899, por não haverem sido convidados. Os latino-americanos sentiram-se, então, desprezados.
Entretanto, graças à intervenção dos EUA, os países latino-americanos tiveram sua presença garantida, em 1907, como afirmação da Doutrina Monroe de defesa da soberania e integridade dessas repúblicas.
A humanidade sempre se pautou pelas guerras, desde a pré-história. O século XIX europeu caracterizou-se pelas trincheiras e valas bélicas, que semearam, entre seus povos, o ódio e a destruição.
Entretanto, no final desse século, reinava ironicamente relativa paz.
Havia terminado a guerra entre a França e a Alemanha.
Aqui e acolá brotavam pequenas lutas, embora as tensões estivessem sempre presentes, e que desencadeariam a I Grande Guerra Mundial (1914-1918) e, em seguida, a II Guerra Mundial e as guerras regionais permanentes, com ameaças de destruição total do planeta, perdurando até o presente este horrendo e apocalíptico vaticínio.
Paradoxalmente, as grandes descobertas, o progresso das ciências, as ferrovias, a eletricidade (uma das mais importantes invenções, matriz de todas demais), a industrialização, em oposição à decadente agricultura, a economia nascente, a massificação, a migração do campo para as cidades, produziram grandes transformações nas sociedades.
Seria o despertar para um mundo novo, jamais imaginado, não fossem a insensatez e as destruições trazidas pelas guerras.
Despontava, na década de 1870, um novo país que se tornaria, em breve, o mais poderoso da Terra e o sucessor dos grandes impérios de então: os EUA.
Neste panorama, a I Conferência da Paz palmilhava a criação de um foro internacional – corte arbitral – com o objetivo de mediar os conflitos entre os Estados, evitando, destarte, que estes resolvessem as disputas por meio das armas.
Na II conferência cristaliza-se a idéia da criação de uma Corte Internacional de Justiça. A arbitragem surgia, então, como a melhor forma de solução pacífica dos conflitos internacionais.
Desgraçadamente, não foi o que ocorreu. As guerras continuaram modelando o mundo de nossos avós, com requintes cada vez mais sofisticados e perversos, e assim prossegue o homem, sem se preocupar com o futuro daqueles que deverão sucedê-lo.
O Século XX trouxe revolucionárias e novas esperanças de momentos de felicidade que ficaram apenas nas intenções.
Com o fim da guerra fria, a sociedade humana vive, hoje, paradoxalmente, ranços de um fundamentalismo de todas as correntes religiosas se alastrando, desastradamente, por toda a parte, o que é verdadeiramente aterrador.
É tão nefasto quanto o era a discriminação político-ideológica e racial de tempos não tão longínquos.
O que parecia sepultado, para todo o sempre, nas cinzas do passado, recrudesce com mais intensidade, atingindo as raias do absurdo e da insanidade.
Os homens prosseguem se digladiando em nome da fé e os fundamentalistas de todos os credos, religiões e ideologias se dizem donos do Universo, como se a humanidade lhes houvesse outorgado o mandato e este lhes pertencesse.
No patamar em que se encontra a humanidade, somente o congraçamento e a solidariedade poderão afastá-la da tragédia de uma hecatombe, porque o ser humano ainda não aprendeu que, antes da guerra (e jamais esta), devem os homens sentar-se à mesa de conversações.
Nunca depois, quando a destruição terá arrasado a civilização, pouco ou nada restando dela.
Os seres humanos podem perfeitamente viver em paz, se quiserem. Basta a vontade política, única capaz de remover fronteiras, etnias, barreiras religiosas e sólidas e antigas desavenças. Ainda há tempo.
Ainda há pessoas lúcidas. Algumas vociferam. Outras, porém, – a maioria – encontram energia para o diálogo e para a diplomacia da palavra, da vida, e não da morte!
A diplomacia, e não a guerra, deve resolver as crises entre nações e povos. Haverá sempre a fé, a alegria de viver, a esperança.
segunda-feira, 15 de outubro de 2007
784) Profusao embaixadorial, se ouso dizer...
C'est l'embarras du choix:
Poder Executivo - Decreto nº 6.235/2007
Dispõe sobre a criação da Embaixada do Brasil na República do Congo, com sede em Brazzaville.
Poder Executivo - Decreto nº 6.236/2007
Dispõe sobre a criação da Embaixada do Brasil na República Islâmica da Mauritânia, com sede em Nouakchott.
Poder Executivo - Decreto nº 6.237/2007
Dispõe sobre a criação da Embaixada do Brasil na República do Burkina Faso, com sede em Uagadugu.
Poder Executivo - Decreto nº 6.238/2007
Dispõe sobre a criação da Embaixada do Brasil na República do Mali, com sede em Bamako.
783) Vietnams na America do Sul?: é Chavez quem promete...
da Folha Online, 14/10/2007 - 20h55
O líder venezuelano, Hugo Chávez, ameaçou neste domingo transformar a Bolívia em um novo "Vietnã", se a oposição boliviana derrubar ou assassinar o presidente Evo Morales.
"Se a oligarquia boliviana, Deus não queira, derrubar Evo ou assassiná-lo, saibam vocês, oligarcas da Bolívia, que o governo da Venezuela e os venezuelanos não vão ficar de braços cruzados. Tenham muito cuidado, porque não verão o Vietnã das idéias, não será o Vietnã da Constituinte, será, e Deus não queira, o Vietnã das metralhadoras, o Vietnã da guerra", disse Chávez em tom enérgico.
O anúncio foi feito no programa "Alô, presidente", transmitido neste domingo da cidade cubana de Santa Clara para lembrar os 40 anos da morte do líder guerrilheiro Ernesto Che Guevara.
O presidente venezuelano, aliado de Cuba, Nicarágua e Bolívia, disse que "sabe das conspirações contra Evo Morales e das tentativas do Império (EUA) para derrubar Evo, porque Evo é dos que não se vendem".
Chávez destacou que seu aliado boliviano "não é bruto, é inteligente, tem coragem e valor". Segundo Chávez, a oposição boliviana, "valendo-se de artimanhas e terrorismo", está boicotando a Constituinte, que está por terminar "sem poder aprovar um artigo sequer".
O líder venezuelano revelou que conversou com seu colega do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, sobre a necessidade de se fazer algo "para evitar que na Bolívia ocorra o que aconteceu na Venezuela em 2002", em referência à tentativa de golpe que o tirou do poder durante 47 horas.
Já menos incisivo, Chávez lembrou que "estamos vendo a profecia de Che: um Vietnã, dois, três Vietnãs na América Latina. Equador, Venezuela, são povos rebelados. O que é a Bolívia hoje se não um Vietnã? Um povo que despertou, um líder à frente que está derrotando as forças do Império e os lacaios oligarcas, que arremetem contra Evo, Venezuela e Cuba".
Neste domingo, durante uma conversa "ao vivo" entre Chávez e o presidente cubano licenciado, Fidel Castro, os dois líderes lembraram que Che Guevara pensou em estabelecer uma guerrilha na Venezuela antes de seguir para a Bolívia, onde foi morto em 1967.
"Che tinha planos para ir à Venezuela, antes de ir à Bolívia", disse Chávez, antes de Castro responder que "depois da Revolução Cubana, na Venezuela estão se criando aceleradamente as condições para uma revolução".
"O mundo está repleto de Vietnãs contra o poder tirânico (os EUA), este Exército sobre o planeta", disse Castro, ao lembrar o sonho de Che de criar "um, dois, três, muitos Vietnãs" na América Latina.
sábado, 13 de outubro de 2007
782) Doris Lessing sobre o politicamente correto
Ou melhor, nunca tinha lido nada até hoje. O New York Times publica um artigo antigo dela sobre a "incorreção" do politicamente correto, que ela vê como um dos muitos resultados do comunismo e do modo comunista de pensar. Vou procurar ler um dos seus romances. Agora apreciem sua prosa saborosa...
Op-Ed Contributor
New York Times, October 13, 2007
On Thursday, the novelist Doris Lessing won the 2007 Nobel Prize in Literature. Moments after the announcement, the literary world embarked on a time-honored post-Nobel tradition: assessing — and sometimes sniffing at — the work of the prizewinner. One of the most pointed criticisms of Ms. Lessing came from Harold Bloom, the Yale professor and literary critic, who told The Associated Press, “Although Ms. Lessing at the beginning of her writing career had a few admirable qualities, I find her work for the past 15 years quite unreadable.” He went on to add that the prize is “pure political correctness.” Interestingly, Ms. Lessing had some strong thoughts about political correctness, thoughts she expressed in this adapted article, which appeared on the Op-Ed page on June 26, 1992.
Questions You Should Never Ask a Writer
By DORIS LESSING
New York Times, Op-Ed page on June 26, 1992
WHILE we have seen the apparent death of Communism, ways of thinking that were either born under Communism or strengthened by Communism still govern our lives. Not all of them are as immediately evident as a legacy of Communism as political correctness.
The first point: language. It is not a new thought that Communism debased language and, with language, thought. There is a Communist jargon recognizable after a single sentence. Few people in Europe have not joked in their time about “concrete steps,” “contradictions,” “the interpenetration of opposites,” and the rest.
The first time I saw that mind-deadening slogans had the power to take wing and fly far from their origins was in the 1950s when I read an article in The Times of London and saw them in use. “The demo last Saturday was irrefutable proof that the concrete situation...” Words confined to the left as corralled animals had passed into general use and, with them, ideas. One might read whole articles in the conservative and liberal press that were Marxist, but the writers did not know it. But there is an aspect of this heritage that is much harder to see.
Even five, six years ago, Izvestia, Pravda and a thousand other Communist papers were written in a language that seemed designed to fill up as much space as possible without actually saying anything. Because, of course, it was dangerous to take up positions that might have to be defended. Now all these newspapers have rediscovered the use of language. But the heritage of dead and empty language these days is to be found in academia, and particularly in some areas of sociology and psychology.
A young friend of mine from North Yemen saved up every bit of money he could to travel to Britain to study that branch of sociology that teaches how to spread Western expertise to benighted natives. I asked to see his study material and he showed me a thick tome, written so badly and in such ugly, empty jargon it was hard to follow. There were several hundred pages, and the ideas in it could easily have been put in 10 pages.
Yes, I know the obfuscations of academia did not begin with Communism — as Swift, for one, tells us — but the pedantries and verbosity of Communism had their roots in German academia. And now that has become a kind of mildew blighting the whole world.
It is one of the paradoxes of our time that ideas capable of transforming our societies, full of insights about how the human animal actually behaves and thinks, are often presented in unreadable language.
The second point is linked with the first. Powerful ideas affecting our behavior can be visible only in brief sentences, even a phrase — a catch phrase. All writers are asked this question by interviewers: “Do you think a writer should...?” “Ought writers to...?” The question always has to do with a political stance, and note that the assumption behind the words is that all writers should do the same thing, whatever it is. The phrases “Should a writer...?” “Ought writers to...?” have a long history that seems unknown to the people who so casually use them. Another is “commitment,” so much in vogue not long ago. Is so and so a committed writer?
A successor to “commitment” is “raising consciousness.” This is double-edged. The people whose consciousness is being raised may be given information they most desperately lack and need, may be given moral support they need. But the process nearly always means that the pupil gets only the propaganda the instructor approves of. “Raising consciousness,” like “commitment,” like “political correctness,” is a continuation of that old bully, the party line.
A very common way of thinking in literary criticism is not seen as a consequence of Communism, but it is. Every writer has the experience of being told that a novel, a story, is “about” something or other. I wrote a story, “The Fifth Child,” which was at once pigeonholed as being about the Palestinian problem, genetic research, feminism, anti-Semitism and so on.
A journalist from France walked into my living room and before she had even sat down said, “Of course ‘The Fifth Child’ is about AIDS.”
An effective conversation stopper, I assure you. But what is interesting is the habit of mind that has to analyze a literary work like this. If you say, “Had I wanted to write about AIDS or the Palestinian problem I would have written a pamphlet,” you tend to get baffled stares. That a work of the imagination has to be “really” about some problem is, again, an heir of Socialist Realism. To write a story for the sake of storytelling is frivolous, not to say reactionary.
The demand that stories must be “about” something is from Communist thinking and, further back, from religious thinking, with its desire for self-improvement books as simple-minded as the messages on samplers.
The phrase “political correctness” was born as Communism was collapsing. I do not think this was chance. I am not suggesting that the torch of Communism has been handed on to the political correctors. I am suggesting that habits of mind have been absorbed, often without knowing it.
There is obviously something very attractive about telling other people what to do: I am putting it in this nursery way rather than in more intellectual language because I see it as nursery behavior. Art — the arts generally — are always unpredictable, maverick, and tend to be, at their best, uncomfortable. Literature, in particular, has always inspired the House committees, the Zhdanovs, the fits of moralizing, but, at worst, persecution. It troubles me that political correctness does not seem to know what its exemplars and predecessors are; it troubles me more that it may know and does not care.
Does political correctness have a good side? Yes, it does, for it makes us re-examine attitudes, and that is always useful. The trouble is that, with all popular movements, the lunatic fringe so quickly ceases to be a fringe; the tail begins to wag the dog. For every woman or man who is quietly and sensibly using the idea to examine our assumptions, there are 20 rabble-rousers whose real motive is desire for power over others, no less rabble-rousers because they see themselves as anti-racists or feminists or whatever.
A professor friend describes how when students kept walking out of classes on genetics and boycotting visiting lecturers whose points of view did not coincide with their ideology, he invited them to his study for discussion and for viewing a video of the actual facts. Half a dozen youngsters in their uniform of jeans and T-shirts filed in, sat down, kept silent while he reasoned with them, kept their eyes down while he ran the video and then, as one person, marched out. A demonstration — they might very well have been shocked to hear — which was a mirror of Communist behavior, an acting out, a visual representation of the closed minds of young Communist activists.
Again and again in Britain we see in town councils or in school counselors or headmistresses or headmasters or teachers being hounded by groups and cabals of witch hunters, using the most dirty and often cruel tactics. They claim their victims are racist or in some way reactionary. Again and again an appeal to higher authorities has proved the campaign was unfair.
I am sure that millions of people, the rug of Communism pulled out from under them, are searching frantically, and perhaps not even knowing it, for another dogma.
quarta-feira, 10 de outubro de 2007
781) Depois do indice BigMac do The Economist, o indice iPod...
Brasil tem o iPod mais caro do mundo e Hong Kong o mais barato
Folha Online, 04/10/2007
O Brasil continua a ser o lugar mais caro do mundo para se comprar um iPod. Um dos maiores bancos australianos, o Commonwealth Bank, usou a mais recente versão do player de mídia da Apple --o Nano de quatro gigabytes-- como forma de comparar as moedas e o poder aquisitivo em 55 países.
Inspirada pelo índice Big Mac da revista "Economist", a pesquisa determina o preço do aparelho em dólares dos Estados Unidos. Segundo o estudo, os brasileiros são os consumidores que pagam mais caro pelo aparelho, desembolsando US$ 369,61.
Hong Kong oferece o preço mais baixo para o Nano, US$ 148,12, seguido por EUA (US$ 149), Japão (US$ 154,21), Taiwan (US$ 165,82) e Cingapura (US$167,31).
Confira a lista do iPod, baseada em preços de outubro:
1. Brasil - US$ 369,61
2. Bulgária - US$ 318,60
3. Argentina - US$ 317,45
4. Israel - US$ 300,80
5. Peru - US$ 294,08
6. Chile - US$ 294,06
7. Malta - US$ 293,83
8. Egito - US$ 269,10
9. Romênia - US$ 266,60
10. Uruguai - US$ 260,00
11. Turquia - US$ 256,12
12. Hungria - US$ 254,50
13. Azerbaijão - US$ 252,11
14. Sérvia - US$ 249,14
15. Croácia - US$ 245,41
16. Rep. Tcheca - US$ 242,54
17. Eslováquia - US$ 234,13
18. Estônia - US$ 226,67
19. África do Sul - US$ 226,60
20. Finlândia - US$ 225,82
21. França - US$ 225,82
22. Rússia - US$ 220,32
23. Noruega - US$ 220,20
24. Suécia - US$ 215,35
25. Bélgica - US$ 211,62
26. Áustria - US$ 211,62
27. Itália - US$ 211,62
28. Portugal - US$ 211,62
29. Irlanda - US$ 211,62
30. Alemanha - US$ 211,62
31. Holanda - US$ 211,62
32. Dinamarca - US$ 209,26
33. Reino Unido - US$ 201,92
34. México - US$ 201,87
35. Chipre - US$ 201,85
36. Luxemburgo - US$ 201,12
37. Polônia - US$ 200,52
38. Filipinas - US$ 198,39
39. Espanha - US$ 197,42
40. Grécia - US$ 196,51
41. Suíça - US$ 195,43
42. Índia - US$ 183,47
43. Malásia - US$ 181,82
44. Coréia do Sul - US$ 180,60
45. Nova Zelândia - US$ 180,58
46. China - US$ 179,63
47. Paquistão - US$ 179,48
48. Austrália - US$ 175,42
49. Tailândia - US$ 174,89
50. Canadá - US$ 169,68
51. Cingapura - US$ 167,31
52. Taiwan - US$ 165,82
53. Japão - US$ 154,21
54. EUA - US$ 149,00
55. Hong Kong - US$ 148,12
Com informações da agência Reuters
segunda-feira, 8 de outubro de 2007
780) E por falar em citação, esta vale para economistas...
"An irrational passion for dispassionate rationality will take the joy out of life."
The quote is often abbreviated, with the "will take the joy out of life" being left off and with the first part said to define an economist.
(From Richard McKenzie, message in Economic History Net, October 8, 2007)